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para as Forças
de Defesa e Segurança
Opções de programas para controle das DST/HIV/aids
nas Forças de Defesa e Segurança
Séries do UNAIDS:
Envolvendo as Forças de Defesa e Segurança no controle das DST/HIV/aids
Documento 1
Guia de Programação
para as Forças
de Defesa e Segurança
Opções de programas para controle das DST/HIV/aids
nas Forças de Defesa e Segurança
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Índice
Prefácio 5
1. Introdução 6
2. Componentes de um programa 11
9. Identificando o problema 39
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Agradecimentos
Este guia foi elaborado por Iain McLellan sob orientação do Escritório do UNAIDS
sobre Aids, Segurança e Resposta Humanitária. O UNAIDS gostaria de agradecer a
Michael Munywoki e a Lev Khodakevich pela orientação e apoio. Ampliam-se os
agradecimentos às seguintes pessoas no UNAIDS pela colaboração na publicação deste
guia: Ulf Kristoffersson, Andrea Verwohlt e Jelena Vladicic. O UNAIDS gostaria também
de agradecer aos programas de controle de HIV/Aids das Forças Armadas do Gana,
Mauritânia, Camboja e Zâmbia, bem como ao Serviço de Polícia do Gana pelas suas
contribuições e críticas durante o processo de elaboração do guia.
No Brasil, a adaptação do material foi realizada pelo consultor Luiz Fernando Marques,
com o apoio dos Ministérios da Defesa e da Saúde e do Escritório do UNAIDS no
Brasil.
UNAIDS no Brasil:
SCN, quadra 2, bloco A, módulo 602
Brasília - DF
70712-900
Fone: (61) 3038-9220
Fax: (61) 3038-9229
unaidsbrazil@undp.org.br
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Prefácio à Edição Brasileira
Prefácio
Sabemos pela experiência acumulada que a aids é mais do que uma questão de saúde: ela
passa a constituir-se em uma preocupação de segurança global, que já atinge proporções
epidêmicas. A aids pode devastar regiões inteiras, reverter décadas de desenvolvimento
nacional e até destruir as bases de uma nação: suas comunidades, economias ou instituições
políticas, e mesmo as próprias forças militares e policiais. Em muitos países, a aids já
afetou o pessoal das forças armadas em proporções maiores do que as alcançadas nas
populações civis. Onde isso ocorre, a aids debilita as estruturas de comando, bem como
compromete a prontidão e a capacidade militar de responder à ameaça e à instabilidade.
Os jovens recrutas são particularmente alvos de ação, tendo em vista o seu potencial
papel de futuros líderes, de tomadores de decisão e como membros das forças de
manutenção da paz dentro e fora de seus países. Os recrutas nas Forças Armadas
defrontam-se com a solidão e outros desafios por encontrarem-se longe das suas famílias
e contextos culturais. O comportamento dos jovens recrutas e a disponibilidade de
informação e de serviços apropriados podem determinar a qualidade de vida de milhões
de pessoas em seus respectivos países.
Ulf Kristoffersson
Diretor
Escritório do UNAIDS para Aids, Segurança e Resposta Humanitária
* Doenças sexualmente trasmissíveis.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
1. Introdução
1.1. Qual é o propósito deste guia?
Fornecer opções de programa
Este guia fornece um panorama de opções de programas para controle das DST/ HIV/
Aids, destinado aos planejadores de saúde das Forças Armadas. O guia enfatiza a
importância do planejamento estratégico, buscando que todos os esforços sejam orientados
e dirigidos por pesquisa que os embase. A ênfase é dada na discussão sobre a
vulnerabilidade às DST/HIV/aids e na adoção de práticas mais seguras. O guia aborda
diferentes públicos-alvo em seus contextos culturais. Assim, os leitores devem ajustar a
terminologia e a abordagem do programa, visando contemplar as necessidades específicas
das suas corporações.
A maior parte de seus integrantes está no grupo etário mais vulnerável à infecção pelo
HIV, os sexualmente ativos com menos de 25 anos de idade.
O serviço prestado pelas Forças Armadas pressupõe longos períodos longe do ambiente
familiar, resultando que, muitas vezes, o pessoal procure formas de se libertar da solidão,
do estresse e do aumento da tensão sexual.
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Introdução
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Em alguns países, por terem as taxas de infecção mais elevadas que as dos
civis (em outros países, mas não no Brasil)
Segundo o UNAIDS, as taxas de DST entre as Forças Armadas são de duas a cinco
vezes mais elevadas que as encontradas na população civil, e ainda mais elevadas em
tempo de conflito em alguns países. Os últimos dados do UNAIDS sugerem que, em
certas partes do mundo, a diferença pode ser ainda maior que essa. Um estudo francês
constatou que membros de suas Forças Armadas que operaram no estrangeiro eram
cinco vezes mais suscetíveis ao HIV e outras DST do que aqueles que permaneceram
no país. Em muitos países não industrializados, a aids é a principal causa de morte entre
membros das Forças Armadas.
A interação entre os membros das Forças Armadas e a comunidade local pode ter tanto
efeitos negativos como positivos. As relações entre os militares e as mulheres locais,
incluindo as profissionais do sexo, foram identificadas como um dos canais por meio
dos quais o HIV espalha-se nas comunidades circunvizinhas. Contudo, tanto os militares
quanto os civis, devidamente treinados, podem trabalhar como ativistas no aumento da
sensibilização ao HIV/aids entre as comunidades locais e as redes de profissionais do
sexo que, muitas vezes, aparecem próximo de quartéis e estabelecimentos similares.
Em todos os aspectos do programa de controle de HIV/ aids, incluindo a educação de
pares, a comunidade local, destacando as profissionais do sexo, deve estar envolvida.
Essa abordagem assegurará a sustentabilidade de qualquer atividade de abordagem
ao HIV/aids.
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Introdução
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Um problema crescente
As Forças Armadas de países com baixa prevalência do HIV/aids devem observar que
em alguns países que hoje apresentam cerca de um terço de seus membros infectados
pelo HIV também havia uma baixa prevalência há apenas 15 anos. Os países hoje menos
afetados pela epidemia ganhariam em aprender com a experiência dos mais severamente
afetados e propor ações imediatas para evitar uma espiral da epidemia.
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Componentes de um programa
2. Componentes de um
programa
2.1. Porque os serviços de DST são necessários?
As DST são indicadores precoces de vulnerabilidade ao HIV
Os mesmos fatores que tornam o pessoal das Forças Armadas vulneráveis à infecção
pelo HIV, como a separação dos parceiros regulares e conseqüente aumento da
possibilidade de sexo desprotegido, também aumentam as chances de contrair uma DST.
Um estudo revelou que 10% do pessoal da Marinha Americana contraíram uma DST
durante missões na América do Sul, África Ocidental e Mediterrâneo.
z Identificação dos principais agentes causadores das DST, por meio dos sintomas
clínicos que eles produzem;
z Tratamento de todas as causas importantes da síndrome;
z Oferecimento do tratamento a todas as parcerias sexuais do contato.
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notificação de uma DST em seu registro no serviço médico, o que poderia constituir-se em
uma desvantagem para os mesmos. As estratégias devem incluir a colaboração com as
farmácias próximas das instalações militares, no sentido de encorajar a referência para os
serviços públicos de DST. O estabelecimento e a promoção de serviços confidenciais nas
instalações militares também aumentam a procura por tratamento das DST.
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Componentes de um programa
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
O que é o ATV?
A escolha do teste
O ATV está centrado na comunicação e na escolha, permitindo que as pessoas possam
compreender o seu grau de risco, mesmo que possam rejeitar a idéia do teste por medo
da descoberta de estarem infectadas. No entanto, se elas forem educadas sobre os
benefícios precoces do teste, ou souberem que a maioria das pessoas são soronegativas,
mais pessoas submeter-se-ão ao teste. O pessoal também estará mais propenso ao teste
se as Forças Armadas não forem vistas como tendo políticas que discriminam aqueles
que são soropositivos. É importante assegurar que os serviços de ATV estejam disponíveis
para satisfazer a demanda criada.
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Componentes de um programa
A confidencialidade
Disponibilizar um ATV de qualidade – servico confidencial e anônimo, com aconselhador
experiente - aumenta o número de pessoas interessadas na testagem. Algumas instituições
militares permitem àquele que deseja o teste que se identifique por meio de um código
(teste anônimo), ou que possa ser transferido para os serviços de ATV de um serviço
público próximo. Uma outra forma de tornar os testes mais reservados é disponibilizá-los
em serviços mais gerais, como nas clínicas de DST.
Promoção do ATV
O ATV é mais eficaz quando os seus benefícios são bem promovidos. Um desses
benefícios é saber que a testagem acaba com a preocupação de ser HIV-positivo. Uma
pessoa envolvida em comportamentos que a expõe ao HIV e que se revela ser HIV-
negativo pode repensar esses comportamentos e passar a adotar práticas mais seguras.
Para aqueles revelados HIV-positivos, o ATV demonstrou sua eficácia em prolongar as
suas vidas com qualidade, quando a infecção é detectada precocemente. O ATV permite
que as pessoas vinculem-se a serviços e encoraja mudanças positivas no estilo de vida.
O conhecimento da condição de alguém em relação ao HIV permite planejar o futuro,
colocando as finanças em dia, preparando um testamento e protegendo a segurança da
família. Permite, ainda, que a pessoa reveja a sua vida e a aproveite de forma intensa o
aqui e o agora. A facilidade de acesso ao teste por meio, por exemplo, da abertura de
muitos locais para fazê-lo e a ampliação de horários dos serviços também aumentam a
sua procura. Os oficiais superiores podem demonstrar coragem e liderança voluntariando-
se para a testagem anti-HIV.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
pelo HIV/aids, bem como de seus familiares, sejam providos, incluindo a continuidade
dos cuidados à medida que eles regressem à vida civil.
No Brasil, desde 1996, o acesso aos anti-retrovirais e a todo o tratamento para o controle
da doença é universal e gratuito, garantido pelo Estado.
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Componentes de um programa
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
treinamentos organizados por outras instituições nacionais. Também poderia ser negociada
a assistência técnica para essa formação junto a doadores internacionais, às organizações
não governamentais (ONG) ou a outros projetos existentes.
A liderança de pares
No contexto das Forças Armadas, o termo “líder de par” pode ser considerado mais
apropriado do que “educador de par”. Liderar implica em dar exemplos positivos,
inspirando os outros a seguirem direções apropriadas. Os líderes de pares devem apoiar
seus colegas no sentido de se submeterem ao ATV e de adotar comportamentos mais
seguros em relação às DST/HIV. A liderança de pares é um tipo de educação não
formal que pode ser implantada a baixo custo, sendo bastante eficaz na passagem de
mensagens culturalmente sensíveis , bem como na atuação e no benefício de um grupo
específico.
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Componentes de um programa
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Lidando com as questões de gênero
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
4. Abuso de substâncias
psicoativas – as drogas
4.1. Qual é a ligação entre o abuso do álcool e o HIV?
O uso do álcool aumenta a vulnerabilidade às DST/HIV/aids
O abuso de álcool pode ter um impacto direto sobre a transmissão das DST e do HIV. O
consumo pode aumentar o desejo por relações sexuais com parcerias ocasionais e de
reduzir a atenção para a necessidade do uso do preservativo. O abuso do álcool pode
também aumentar a violência sexual em relação às esposas, às namoradas, às profissionais
do sexo ou às mulheres que os homens das Forças Armadas encontram no decurso do
seu trabalho.
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Abuso de substâncias psicoativas – as drogas
A redução da demanda
Provou-se que a disponibilidade de serviços médicos, educacionais e sociais às pessoas
comprometidas pelo uso prejudicial de substâncias psicoativas, bem como a promoção
de estilos de vida saudáveis, onde as drogas têm um papel limitado, reduz o uso injetável
de substâncias psicoativas.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
5. Estabelecendo um programa
para DST/HIV/aids
5.1. Quem elabora o programa?
Uma liderança experiente é necessária
Geralmente, ao pessoal médico é atribuída a tarefa de montar um programa ou serviço
específico de controle das DTS/HIV/aids. No entanto, não necessariamente, ao corpo
médico cabe a função de gerenciar tal programa. De fato, também podem ser bons
gestores de programas aquelas pessoas que já possuem boas habilidades em advocacia,
em gestão e na identificação e contratação de especialistas, mesmo que não sejam da
área médica. Em alguns casos, essa responsabilidade cabe ao nível mais elevado de
comando. Essa é uma tentativa de assegurar que o programa estenda-se, efetivamente
a outras estruturas, além do corpo médico. É também uma indicação da relevância e
prioridade dadas ao programa e ao desenvolvimento de uma resposta no campo de DST/
HIV/aids.
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
Língua
Gênero
Profissão
Voluntários
Aqueles que se voluntarizam para o treinamento não só o fazem bem, mas, geralmente,
tornam-se figuras-chave na promoção do programa.
Representação
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Números
Um dos principais desafios que deve ser enfrentado nas intervenções via educação de
pares é o de manter o interesse de seus participantes. A tendência é haver a motivação
após o treinamento, porém, gradualmente, ela ir se perdendo ao longo do tempo. Isso
é especialmente verdadeiro se não houver algum incentivo ou a falta de apoio, tal como
supervisões do processo e reciclagens de conteúdo. Algumas sugestões para a
motivação e compensação dos educadores:
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
Na fase inicial do programa, pouca atenção foi dada à obtenção de apoio dos
comandantes nos estados e regiões. Na segunda fase, empreendeu-se maior atenção
às ações de advocacia e, então, centenas de encontros de “sensibilização” foram
realizados com os comandantes. Isto provou ser de grande eficácia e surgiram novas
lideranças no programa. Elas foram determinates no processo, uma vez que os
comandantes nos estados e regiões detêm poder de fomentar o programa.
Um outro fator que contribuiu para o sucesso dos esforços de advocacia foi a forte
ocupação do comando com questões relacionadas ao bem-estar dos homens sob suas
ordens. Esta solidariedade pode ser considerada como parte da ética militar, uma vez
que todas as fileiras dependem umas das outras nessa batalha de vida e morte. Os
comandantes freqüentemente referiam-se aos seus homens como “família” e
demonstravam muita empatia pelos homens e suas famílias afetados pela epidemia.
Um general que se dedicou a ações de advocacia relatou que usou o poder de sua
patente para obter a atenção dos comandantes sob seu comando. Ele e sua equipe
dirigiram-se diretamente a comandantes sabidamente resistentes ao programa e
explanaram sobre os benefícios do mesmo. Os comandantes foram sensibilizados sobre
o HIV/aids, que suas questões constituíam um verdadeiro problema e que uma de suas
funções era a de proteger os soldados.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Direitos legais, éticos e humanos
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Criando e mudando políticas
Apoiar as famílias
A separação da família e do ambiente social de origem aumenta a possibilidade de
envolvimento de militares com parcerias sexuais ocasionais. Um núcleo familiar
desestabilizado contribui para a prática do sexo não seguro e, conseqüentemente para o
aumento das taxas de infecção pelo HIV. As Forças Armadas devem estabelecer políticas
visando preservar a união familiar entre as quais: aumentar a disponibilidade habitacional
e observar períodos regulamentares de licenças que permitam a visita à família, para o
pessoal em serviço em regiões onde a família não pode acompanhá-lo.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Criando e mudando políticas
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Identificando o problema
9. Identificando o problema
9.1. Por que proceder a uma análise nos dados
básicos?
Percepções necessárias à eficácia do programa
É importante conhecer os padrões comportamentais de risco usuais dos grupos-alvo e o
que influencia aqueles comportamentos para um planejamento eficaz. Alguns exemplos
de percepções que devem ser considerados:
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Ambiente favorável
Prevenção
Promoção do preservativo
Disponibilizar invólucros para portar preservativos para todo o pessoal (como os cartões
de orientação dos Ministério da Saúde/Defesa e do UNAIDS), bem como prover outros
,
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A gestão de um programa
Cuidados e Apoio
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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O planejamento estratégico na comunicação para
a mudança de comportamento
Resultados esperados
z Quando as pessoas com comportamento de risco dão-se conta dos benefícios da
proteção, elas sensibilizam-se a atitudes mais seguras. Por exemplo, se houver a
preocupação em estar infectado pelo HIV, aproveita-se a oportunidade para
encorajar a pessoa a submeter-se ao aconselhamento e à testagem voluntária,
bem como à discussão e à decisão sobre o não-engajamento em futuras situações
de risco, após o teste.
Intenção
z A pessoa decide que fazer a mudança vale a pena. Por exemplo, muitas pessoas
não se percebem, pessoalmente, em risco. Porém, em função das oportunidades
trazidas pela CMC, elas avaliam as suas condutas e dão-se conta de seus próprios
riscos. Essa consciência constitui um passo importante na tomada de decisão na
direção da mudança de comportamento.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Auto-Imagem
z A CMC pode criar um ambiente que torne aceitável e mesmo desejável a prática
de medidas de prevenção. Se a pessoa sentir-se bem em relação a práticas seguras,
é mais provável que haja a adesão a essas práticas comportamentais.
Habilidades
z A CMC pode ajudar o indivíduo a desenvolver habilidades que o tornem capaz de
práticas comportamentais positivas. Por exemplo, se a pessoa não usa camisinha
porque não sabe como, ou se o preservativo se rompe freqüentemente, há que se
adquirir a habilidade do uso correto do mesmo.
Auto-eficácia
z A adoção de novo comportamento pode aumentar a confiança. Por exemplo, a
CMC pode fazer com que a pessoa assuma o controle da sua saúde sexual, após
ter adquirido habilidades de negociação com suas parcerias ou com o uso correto
do preservativo.
Emoções
z A CMC pode despertar sentimentos em pessoas com práticas de risco, o que
pode levar a atitudes de reflexão. Por exemplo, tais pessoas podem não estar
motivadas a se proteger, mas podem ser bem sensíveis quanto à percepção de que
podem deixar seus filhos órfãos.
Normas sociais percebidas
z A CMC pode contribuir para a criação de um ambiente que dê às pessoas com
práticas de risco a impressão de que existe um momento ou um movimento social
no sentido da adoção de um determinado comportamento. Por exemplo, a pressão
dos colegas que já adotaram um comportamento seguro revela-se ser muito influente
no contexto de um programa de educação de pares.
Disponibilidade de serviços
z A consciência de que os serviços estão disponíveis, são acessíveis e de fácil
utilização aumenta as chances de que eles sejam utilizados. A CMC pode promover
os serviços, bem como ajudar para que os obstáculos para a sua utilização sejam
ultrapassados.
Conhecimento
z A CMC pode suprir as lacunas de conhecimento e ajudar a ultrapassar a
desinformação em aspectos relevantes. Por exemplo, se as pesquisas revelarem
que as pessoas com comportamento de risco não fazem a conexão entre as DST
e a infecção pelo HIV, a CMC pode esclarecer esse fato, bem como promover
prontamente o uso de serviços de confiança.
Coerência aos comportamentos
z A CMC é mais eficaz quando ela é consistente com os estilos de vida existentes.
Por exemplo, a proposta da abstinência sexual para os jovens soldados, não casados
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O planejamento estratégico na comunicação para
a mudança de comportamento
1. Não consciente
2. Consciente ou apreensivo
3. Consciente e capaz
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O planejamento estratégico na comunicação para
a mudança de comportamento
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Selecionando populações-alvo
As questões a seguir orientam a quem deva decidir sobre quem são suas populações-
alvo primárias:
Um rascunho de panfleto está sendo preparado para ser usado nas Forças Armadas de
um país da África Ocidental.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
z Militares homens de baixa patente, a serem designados para uma missão dentro
do país;
z Pessoal do exército não comissionado;
z Militares homens antes e depois de regressar de missões nas forças internacionais
de manutenção de paz;
z Homens alistados em outros serviços (força aérea e marinha);
z Esposas e namoradas regulares de militares das Forças Armadas;
z Profissionais do sexo e namoradas ocasionais, residindo próximo das bases e de
campos das Forças Armadas.
z Jovens vivendo nas instalações das Forças Armadas.
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Realizando uma avaliação formativa
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
alvo, bem como sua preferência por estilos e imagens na área de comunicação. Uma
estratégia de CMC eficaz exige conhecimento sobre:
Entrevistas em profundidade
Este estudo tem método semelhante ao das discussões em grupos focais, no sentido de
que é uma forma de pesquisa qualitativa e envolve representantes de uma dada população-
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Realizando uma avaliação formativa
Observação
Estar presente em locais em que existem comportamentos de alto risco, observando o
ambiente e as interações entre as pessoas, é uma forma simples e muito revelante de
pesquisa.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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A comunicação para a mudança de comportamento
em um programa de HIV/aids
Nível Um
Nível Dois
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Nível Três
Nível Quatro
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Elaboração de mensagens e de materiais educativos
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Enfoque moralista
Alguns planejadores de CMC preferem promover a abstinência e a fidelidade, ao invés
de lidar com questões com as quais se sentem desconfortáveis, como o uso do preservativo
e a prostituição. As mensagens com tom moralista são especialmente ineficazes junto às
pessoas mais jovens. A abstinência é um comportamento de difícil aceitação para aqueles
que são sexualmente ativos, ou quando não fizer parte dos valores culturais da população.
Apelo à razão
As mensagens que enfatizam a responsabilidade pessoal, bem como apresentam razões
e benefícios convincentes para a adoção do comportamento positivo, apresentam
melhores resultados do que dizer, apenas, que as pessoas devem mudar seus hábitos.
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Elaboração de mensagens e de materiais educativos
Problema:
Redução da sensibilidade:
Mensagens-chave:
Problema:
Atraso do orgasmo:
Mensagens chave:
z Mesmo se o orgasmo atrasar, isso não é necessariamente uma coisa ruim porque
pode fazer com que o prazer sexual dure mais.
Problema:
Desinformação, como a que diz que o HIV é capaz de passar através do preservativo:
Mensagens chave:
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Materiais impressos
Uma combinação de textos e imagens que podem ser distribuídos ou usados para apoiar
a comunicação interpessoal com indivíduos ou grupos:
z Flip charts;
z Livros ilustrados;
z Santinhos;
z Folhetos;
z Panfletos;
z Revistas em quadrinhos;
z Calendários;
z Boletins informativos.
z Rádio;
z Televisão;
z Jornais e revistas.
Exibições públicas
Textos e imagens colocados à apreciação do grande público, em serviços de saúde, em
estabelecimentos comerciais, banheiros públicos, na rua e em locais de aglomeração:
z Quadros e paredes;
z Cartazes;
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A Produção de materiais educativos e escolha de canais de comunicação
z Painéis;
z Murais;
z Vitrines
z Exibições.
Materiais áudio-visuais
As produções eletrônicas que podem circular resguardados os direitos autorais, e usadas
para abordagem em grupo ou para apoiar treinamentos e a comunicação interpessoal:
z Teatro tradicional;
z Eventos;
z Música;
z Poesia.
Comunicação interpessoal
É a interação entre um especialista e pessoas ou grupos, visando estimular a discussão
ou a troca de informação. Ela funciona melhor quando conta com a participação e o
apoio dos órgãos de comunicação social. Alguns exemplos:
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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A Produção de materiais educativos e escolha de canais de comunicação
de pessoas. Por exemplo: para veicular a informação sobre um novo serviço de tratamento
de DST, poderia haver a inserção no programa e ainda haver a distribução de um panfleto,
o que potencializaria a comunicação e o alcance da informação.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Exemplos de custo-eficácia
z A produção de um maior número de livros em preto e branco é mais eficiente do
que a produção de um pequeno número de livros coloridos em papel brilhante, já
que se fossem estes os produzidos só seria possível a impressão de um número
insuficiente em relação ao tamanho da população-alvo.
z Um adesivo promovendo o uso do preservativo colado em todos os banheiros da
guarnição militar poderá ser visto por muitas pessoas durante anos. Essa opção é
mais eficiente do que produzir calendários que podem acabar nos gabinetes dos
oficiais e, após um ano, serem retirados;
z Uma encenação dramática com mensagens educativas é produzida e cópias em
fitas de áudio são enviadas a todas as guarnições militares. Dessa forma barateiam-
se os custos em relação à produção de fitas de vídeo, e, assim, com os mesmos
recursos, mais pessoas podem receber a sua própria cópia para ouví-la
individualmente. Além disso, mais pessoas possuem gravadores de áudio do que
vídeo-cassetes.
z Os recursos do programa podem ser bem empregados na confecção de porta-
preservativos que compõem o “Cartão de Orientação sobre o HIV/Aids para as
Forças de Defesa e Segurança”. Materiais promocionais como chaveiros,
camisetas, bonés ou botões são bastante apreciados, porém têm uma limitada
capacidade de passar mensagens e promover mudanças efetivas de
comportamento.
z Os flip charts de apoio a treinamentos ou formação de educadores de pares devem
ser produzidos após a clara compreensão sobre a quem se destinam e como serão
usados.
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A pré-testagem de mensagens e materiais educativos
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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A pré-testagem de mensagens e materiais educativos
Duas sessões com quatro pessoas é melhor do que apenas uma, e três é melhor do que
duas. Uma indicação é continuar a testagem até que os mesmos comentários sejam
ouvidos repetidas vezes. Quanto mais sessões forem realizadas, mais claras serão as
percepções trazidas pela pré-testagem, mas, por outro lado, é uma perda de recursos e
de energia repetí-las demasiadas vezes. Como regra, se surgirem as mesmas reações
após diversas sessões, não haverá a necessidade de prosseguir. As limitações de tempo
e orçamento podem reduzir o número de sessões e de participantes. Dez participantes e
três sessões são considerados o mínimo ideal.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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A implementação de estratégias de comunicação para
a mudança de comportamento
18. A implementação de
estratégias de comunicação
para a mudança de
comportamento
18.1. Por que assegurar as ligações com os serviços?
Coordenar os parceiros
Já na fase de implementação do plano de CMC, todos os elementos de sua estratégia
entram em funcionamento. Todos os parceiros, incluindo os produtores, programadores
e os canais de comunicação da estratégia devem coordenar e ajustar os seus trabalhos,
uma vez que cada elemento é interdependente dos outros.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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O monitoramento e a avaliação
Qualitativo ou quantitativo
Para os programas em larga escala, a pesquisa de base quantitativa pode ser repetida
para demonstrar as alterações reportadas nas áreas do conhecimento, da atitude e do
comportamento. A mudança pode também ser avaliada por meio de pesquisa qualitativa,
aplicada no grupo-alvo da intervenção.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Parceria