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Lições de história
O caminho da ciência no longo século XIX
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação do copyright (Lei no 9.610/98).
1a edição — 2010
Coedição EdiPUCRS
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-225-0833-4
ISBN: 978-85-7430-999-6
1. Historiografia. 2. História — Séc. XIX. 3. Historiadores — Séc. XIX.
I. Malerba, Jurandir. II. Fundação Getulio Vargas.
CDD — 907.2
Macaulay, 1843.
Para traçar o perfil de Macaulay, utilizei um apanhado de ensaios biográficos: Canning (1882);
Stephen (1893); MacGregor (1901); Morison (1901); Pattison (2008); Stirling (1868); Strunk
Jr. (1895); The Dean of St. Paul’s (1862); Trevelyan (1876 e 1907); Watrous (1900).
Macaulay, 1957:721-724.
Gilley, 1999:746-747.
nas eleições de 1852, para que fosse reeleito para o parlamento, Macaulay
aceitou candidatar-se sob a condição de não fazer campanha e de não se
comprometer com nenhuma questão política. Foi eleito, apesar das con-
dições. Entretanto, devido à saúde ruim, mal permaneceu na Câmara nos
anos que se seguiram. O trabalho no parlamento evidentemente havia se
tornado pesado demais, e Macaulay deixou o cargo vago em 1856, sacrifi-
cando sua carreira política e até mesmo seu convívio social para se dedicar
à sua obra histórica. Apesar de ter sido agraciado com o título nobiliárqui-
co de barão de Rothley em 1857, raramente esteve presente na Câmara dos
Lordes, a instituição superior bretã.
Os escritos políticos de Macaulay, famosos pelo seu estilo brilhante
de prosa autoconfiante, às vezes dogmático, enfatizavam um modelo pro-
gressivo para a história britânica, em acordo com a articulação de uma
cultura provisional e da crença na liberdade de expressão. Os ensaios
que publicou, notadamente na Edinburgh Review, tornaram célebre um
homem de origem simples. Em 1855, a publicação do terceiro e quarto
volumes de sua History of England alcançou o mesmo sucesso dos volu-
mes anteriores. Nos Estados Unidos, suas vendas apenas não excederam
a Bíblia e alguns livros escolares. Posteriormente, a obra foi traduzida
para vários idiomas, como o alemão, o dinamarquês, o sueco, o italiano,
o francês, o holandês, o espanhol, o húngaro, o russo, o persa. O sucesso
foi imediato, os leitores se deixaram cativar-se pela obra histórica como
o faziam pela ficção, pois sua arte narrativa evocava a qualidade cênica e
dramática para os eventos históricos.
O estilo empírico, formal e impositivo de Macaulay era muito admi-
rado em sua época. A escrita era clara e impressiva, com uma narrativa
poderosa e rica em detalhes. Contudo, sua perspectiva mostra-se inega-
velmente influenciada por preconceitos protestantes e com a tendência do
exagero e da pomposidade. Além de sua forma de escrever a história ter
sido bastante criticada por historiadores posteriores, foi acusado de mani-
pular a narrativa para conformá-la a seus pontos de vista e, portanto, de
subestimar os fatos que contrariavam suas opiniões. Karl Marx se refere
Ward et al., 2000.
Gilley, 1983.
Sobre a estilística literária de Macaulay e sua historicidade, ver Gay (1990).
Marx, 1906.
Macaulay, 1828:361.
10
Ibid., p. 363. Ver Davies (1939).
11
Powell, 2007.
12
Macaulay, 1828:362.
13
Gilley, 1983.
14
Nixon, 2002; Clive, 1973.
15
Fitch, 1912.
16
Adrian, 1963.
Macaulay morreu em 1859, sem nunca ter se casado e sem filhos. Dei-
xou sua History of England incompleta, cujo último volume foi publicado
após sua morte, em 1861. Seu corpo foi enterrado em Abadia de West-
minster, na cripta dos poetas, sob o epitáfio “o seu corpo jaz em paz/ mas
o seu nome viverá para sempre”.17
Principais obras de Macaulay:
História18
17
Ruas, 1940:32.
18
Publicado originalmente na Edinburgh Review (n. 47, p. 331-367, 1828), em resenha ao livro
The romance of history England (London, 1828), do literário inglês Henry Neele (1798-1828).
Traduzido de Macaulay (1889). Tradução, edição e notas de Sérgio Campos Gonçalves.
19
Mantive os destaques em itálico do autor estritamente de acordo com a primeira versão do
texto, publicada na Edinburgh Review.
20
Proeminente orador e estadista ateniense (385-322 a.C.).
21
De acordo com o Dicionário Houaiss (Objetiva, 2001), é a ação ou o efeito de pronunciar as
consoantes /s/ e /z/ como interdentais.
22
Considerada por muitos a última peça escrita por William Shakespeare, provavelmente em
1610/1611. Embora sua primeira publicação tenha sido listada como comédia, muitos editores
modernos catalogam a peça como romance.
23
Tirano (c.540-478 a.C.) de Gela e Siracusa, colônias fundadas pelos gregos na Sicília.
24
Aristides, o Justo, general e estadista ateniense. Em 482 a.C., sofreu a pena do ostracismo,
provavelmente, por fazer oposição a Temístocles. No entanto, foi requisitado a voltar para aju-
dar a derrotar os persas nas batalhas de Salamina e Plateia. Em 478 a.C., colaborou com os alia-
dos do leste de Esparta para formar a Liga de Delos, que, aliada à cidade de Atenas, efetivamente
se tornou uma espécie de império ateniense.
25
Político e general-estrategista naval ateniense (525-460 a.C.) que liderou o Partido Democrá-
tico Ateniense. Sua principal medida foi criar uma frota naval capaz de rechaçar uma possível
invasão persa. A vitória sobre a frota persa de Xerxes I na batalha de Salamina lhe deu grande
fama. No entanto, em razão de seu caráter belicista, foi lançado no ostracismo por seus adver-
sários, que tentaram lhe imputar uma acusação de alta traição. Refugiou-se no reino persa antes
do julgamento e, ironicamente, foi aceito no reino que derrotou, pois os persas aceitavam os
homens experientes que pudessem ajudá-los na expansão de seu império.
26
Poetas ou cantadores de versos épicos e heroicos. O termo remete a uma tribo celta que viveu
onde hoje é a Irlanda.
27
Creso (?-546 a.C.), último rei da Lídia, morto em 546 a.C., famoso pela sua imensa riqueza.
28
Sólon (c.638-c.559 a.C.), legislador e estadista da antiga Atenas.
para ser ouvida. Não foi na circulação vagarosa de algumas cópias, as quais
apenas alguns ricos poderiam possuir, que o ambicioso autor procurou
assegurar sua recompensa. O interesse pela narrativa e a beleza do estilo
foram auxiliados pelo majestoso efeito da declamação, pelo esplendor do
espetáculo, pela forte influência da empatia. Um crítico que solicitasse au-
toridades no meio de tal cena deveria ser de uma natureza fria e cética; e
poucos críticos estavam lá. Como era o historiador, assim também eram os
ouvintes, inquisitivos, crédulos, facilmente movidos pelo temor religioso
ou pelo entusiasmo patriótico. Com igual prazer escutariam os romances
graciosos de seu próprio país. Eles agora ouviam falar da realização de
predições obscuras, da punição de crimes sobre os quais a justiça do Céu
parecia ter ignorado, de sonhos, presságios, avisos dos mortos, de prince-
sas para quem nobres pretendentes se afirmavam através de cada exercício
generoso de força e habilidade, de crianças estranhamente protegidas da
lança do assassino, para cumprir grandiosos destinos.
Como a narrativa aproximou-se da sua época, o interesse se tornou
ainda mais atraente. O cronista tinha agora que contar a história daquele
grande conflito do qual a Europa data sua supremacia intelectual e política,
uma história que, mesmo com a distância no tempo, é a mais incrível e a
mais emocionante dos anais da raça humana, uma história abundante de
tudo que é espantoso e admirável, com tudo que é patético e animado;
com caprichos gigantescos de fortunas infinitas e poder despótico, com
poderosos milagres de sabedoria, de virtude e de coragem. Qualquer coisa
que desse um forte tom de realidade à narrativa tão bem calculada para
inflamar paixões, e para lisonjear o orgulho nacional, certamente seria re-
cebida favoravelmente.
Entre o tempo em que se diz que Heródoto compôs sua história e o
final da Guerra do Peloponeso transcorreram aproximadamente 40 anos
— 40 anos coroados de grandes eventos políticos e militares. As circuns-
tâncias do período produziram um grande efeito na personalidade grega;
e em parte alguma esse efeito foi tão extraordinário como na ilustre demo-
cracia de Atenas. Um ateniense, de fato, mesmo no tempo de Heródoto,
dificilmente poderia ter escrito um livro tão romântico e eloquente como
aquele de Heródoto. Enquanto civilização avançada, os cidadãos daque-
la famosa república tornaram-se ainda menos visionários, e ainda menos
ingênuos. Ambicionaram saber, enquanto seus ancestrais contentavam-se
29
Dramaturgo ateniense (c.447-c.385 a.C.), considerado o maior representante da comédia
antiga.
30
Nessa peça (423 a.C.), Aristófanes compara Sócrates aos sofistas, mestres da retórica, e acusa
o filósofo grego de exercer uma influência nefasta sobre a sociedade.
31
“Argumento contra a pessoa”. Significa uma falácia ou erro de raciocínio que é identificado
quando alguém responde a algum argumento com uma crítica contra quem apresentou o argu-
mento, isto é, questiona a pessoa que argumenta ao invés do argumento.
32
Edmund Burke (1729-1797), filósofo e político anglo-irlandês famoso por sua oratória. Autor
de An inquiry into the origin of our ideas of the sublime and the beautiful (1757), defendeu a causa
dos colonos americanos no parlamento e também o sistema parlamentarista.
33
Trata-se do retrato de Charles James Fox (1749-1806), pintado pelo seu amigo próximo
Joshua Reynolds, em 1782. Político britânico, Fox foi um líder dos whigs na Câmara que se des-
tacou por sua campanha antiescravista, por defender a independência americana da Inglaterra
e por ser a favor dos preceitos da Revolução Francesa.
34
Sir Joshua Reynolds (1723-1792), um dos mais importantes e mais influentes pintores ingle-
ses do século XVIII. Especializado em retratos, foi um dos fundadores e primeiro presidente da
Royal Academy.
35
Em 1773, Reynolds pintou Count Ugolino and his children in the dungeon, inspirado na descri-
ção que Dante Alighieri fez de Ugolino della Gherardesca (c.1220-1289), comandante naval e
nobre italiano, no canto 33 de O inferno,
36
Cardinal Beaufort é o título do “retrato histórico” que Reynolds fez de Henry Beaufort (c.1375-
1447), clérigo medieval inglês e bispo de Winchester.
37
Samuel Johnson (1709-1784), lexicógrafo e escritor de destaque no cenário intelectual da
Inglaterra no século XVIII. Autor do Dictionary of the English language (1755) e da crítica literária
Lives of the most eminent English poets (1779-1781, 10v.), também escreveu em periódicos como
The Gentleman’s Magazine, The Universal Chronicle e The Rambler, além de narrativas de viagem,
como A journey to the Western Islands of Scotland (1775).
38
Considerado um dos melhores retratistas ingleses (1769-1830) de sua geração. Sucedeu Sir
Joshua Reynolds como pintor principal de George III, que lhe concedeu o título de Sir em
1815.
39
Habitantes da terra imaginária de Brobdingnag em As viagens de Gulliver (1726), de Jonathan
Swift (1667-1745).
40
Edward Hyde (1609-1674), primeiro conde de Clarendon, historiador e estadista inglês, con-
selheiro de Charles I e de Charles II, que lhe concedeu o título nobiliárquico. Escreveu History
of the rebellion and civil wars in England, publicada após sua morte em 1704.
41
Oliver Goldsmith (1728-1774), escritor de novelas, poesias, peças e ensaios. Inglês de origem
irlandesa, fez parte do Clube Literário fundado por Samuel Johnson e Joshua Reynolds.
42
Richard Lovelace (1618-c.1657), poeta e nobre cavaleiro inglês.
43
Jules Mazarin (1602-1661) foi cardeal, estadista e diplomata papal aos 26 anos de idade. En-
volvido no cenário político italiano, serviu como primeiro-ministro na França a partir de 1642,
quando sucedeu seu mentor, o cardeal Richelieu.
44
Armand Jean du Plessis de Richelieu (1585-1642), cardeal-duque de Richelieu, foi primei-
ro-ministro de Luís XIII, de 1628 até sua morte. Além de ter sido uma liderança francesa na
Europa, colaborou para a construção do absolutismo na França.
45
Xenofonte (c. 427-355 a.C.), soldado, mercenário e discípulo de Sócrates. Autor de Anábase,
Helênicas, A educação de Ciro (370 a.C.), Agesilau (360 a.C.) e de obras socráticas.
46
Geógrafo e historiador grego (c. 203-120 a.C.), famoso por sua obra Histórias, que tratava do
mundo Mediterrâneo entre o período de 220 a 146 a.C.
47
Lucius Flavius Arrianus Xenofonte, ou Arriano (c. 92-c. 175), historiador romano da língua
grega, comandante militar e filósofo. Nasceu em Nicomédia, capital da província da Bitínia,
onde hoje é o noroeste da Turquia. Embora fosse cidadão romano, Arriano falava e escrevia em
grego. Seu trabalho constitui um importante relato sobre Alexandre, o Grande.
48
Historiador romano (59 a.C.-17 d.C.) que escreveu a monumental história de Roma, em 142
volumes, desde sua fundação em 753 a.C.
49
Quintus Curtius Rufus ( ? -53 d.C.), historiador romano que escreveu durante o reinado do
imperador Cláudio. Autor de História de Alexandre Magno.
50
Plutarco de Queroneia (c. 46-120 d.C.), filósofo e biógrafo grego. Estudou na Academia de
Atenas, fundada por Platão.
51
Madeleine de Scudéry (1607-1701), também conhecida como Mademoiselle de Scudéry, foi
uma escritora e novelista francesa. Seu nome é encontrado grafado também como Scuderi.
52
Conforme a interpretação tradicional, essa expressão em latim foi usada no Institutio Ora-
toria, por Marcus Fabius Quintilianus (c.35-c.95), professor de retórica na Roma antiga, para
caracterizar o estilo da prosa de Tito Lívio. Assim, a expressão de Quintiliano faria referência à
“patavinidade”, isto é, à latinidade provinciana do modo de falar que é próprio dos moradores
de Patavium, como Tito Lívio. Muito provavelmente, é a esta interpretação que Macaulay se
referiu. Contudo, outra possibilidade de entendimento foi levantada por Steve Hays (1986:107-
116), para quem a melhor compreensão da frase de Quintiliano é a seguinte: que os escritos
de Tito Lívio são “nutritivos”, ou seja, são tão apropriados para os bons estudantes de retórica,
por fornecer um bom modelo, quanto o leite é bom para o desenvolvimento dos bebês. Hays
argumenta que a metáfora do leite, no contexto da educação, é encontrada em Quintiliano, em
vários escritores gregos do século primeiro e até na Bíblia.
53
Anormalidade, pessoa ou coisa deformada, monstruosa.
54
Gaius Julius Caesar (100-44 a.C.), general, estadista e ditador romano. Teve papel decisivo na
transformação da Roma republicana em império.
55
Caio Salústio Crispo (86-34 a.C), historiador romano e um dos grandes escritores e poetas
da literatura latina. Escreveu sobre a decadência do povo romano e descreveu dois grandes
momentos do fim da república romana, a conjuração de Catilina e a guerra de Jugurta. Salústio
fez de suas narrativas um pretexto para criticar os erros políticos cometidos por aqueles que
detiveram o poder em Roma, principalmente por Cícero, seu inimigo político e pessoal.
56
Lucius Sergius Catilina (? -109 a.C), político romano. Tentou ser nomeado cônsul, sem su-
cesso. Irritado e pressionado por dívidas, iniciou uma conspiração, a conjuração de Catilina,
na qual reuniu jovens nobres falidos. Sua tentativa de assassinar os dois cônsules falhou, e sua
pretensão ao consulado não obteve sucesso.
57
Publius Cornelius Tacitus (55-120), historiador romano, foi questor, pretor, cônsul e ora-
dor. Considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade, suas principais obras foram
os Anais, onde contou a história do império romano do século primeiro, desde a chegada do
imperador Tibério ao poder, até a morte de Nero, e Histórias, em que trata da morte de Nero
até a de Domiciano.
58
No original, “th’extravagancy/ and crazy ribaldry of fancy”; é uma citação de Hudibras (1663-
1678), poema narrativo em forma de sátira heroica escrito por Samuel Butler (1612-1680), no
qual faz escárnio do fanatismo, pedantismo, hipocrisia e arrogância da militância puritana. É
considerado o poema burlesco mais memorável da língua inglesa e a primeira sátira inglesa que
atacou ideias em vez de personalidades.
59
No capítulo 6 da mais famosa obra de Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), enquanto
dom Quixote repousava na cama, doente, depois de sofrer um espancamento, um padre e um
barbeiro vasculham sua biblioteca à procura das obras que teriam provocado a loucura do fidal-
go, leitor de romances de cavalaria.
60
Jean Froissart (c.1333-c.1405), cronista, poeta e cortesão francês. Seus escritos cobrem o
período entre 1322 e 1400, e descrevem as preparações e o progresso da primeira metade da
Guerra dos Cem Anos.
61
Niccolò Machiavelli (1469-1527), diplomata, historiador e teórico político florentino. Autor
do tratado O príncipe (1513), é reconhecido como o fundador da ciência política moderna.
62
Francesco Guicciardini (1483-1540), cronista e diplomata italiano. Amigo e crítico de Ma-
quiavel, é considerado o maior escritor político da Renascença italiana. Devido ao uso de do-
cumentos para a verificação em sua História da Itália (1514), é considerado o pai da história
moderna.
63
Lourenço de Medici (1449-1492), estadista florentino. Foi mecenas de Leonardo da Vin-
ci (1452-1519), do pintor e escultor Michelangelo (1475-1564) e do artista Sandro Boticelli
(1444-1510).
64
Papa Leão X (1475-1521), cujo nome original é Giovanni de Medici, foi o segundo filho de
Lourenço de Medici. Seu pontificado, um dos mais extravagantes da Renascença, durou de
1513 até sua morte.
65
Elizabeth I (1533-1603), filha de Henrique VIII e sua segunda esposa, Ana Bolena (c.1501-
1536), foi rainha da Inglaterra de 1558 a 1603.
66
Gaius Julius Caesar Octavianus (63 a.C.-14 d.C.), primeiro imperador romano.
67
Poeta épico grego do século 9 a.C., a quem se atribui a autoria da Ilíada e da Odisseia.
68
Principal cidade da Fenícia no segundo milênio antes da era cristã. Na Antiguidade, foi suces-
sivamente dominada por assírios, babilônios e persas. Por volta de 330 a.C., foi conquistada por
Alexandre, o Grande. Sob domínio romano, no século I a.C., desempenhou a função de importan-
te centro de fabricação de vidro e corantes. Durante as Cruzadas, mudou de mãos várias vezes até
cair sob domínio muçulmano em 1291. Depois de 1517, passou à tutela dos otomanos.
69
Segundo o Dicionário Houaiss, “na antiga Roma, conjunto formado por feixe de varas em torno
de um machado, que, carregado pelos lictores que acompanhavam os cônsules, representava o
direito que tinham os últimos de aplicar punições”.
70
Paulus Aemilius Veronensis (c. 1455-1529), historiador italiano.
71
Lucius Cornelius Sulla (c.138-78 a.C.), general e estadista romano.
72
Publius Vergilius Maro (70-19 a.C.), o maior dos poetas romanos. Seu poema épico Eneida (ini-
ciado em c. 29, mas inacabado) é considerado uma das obras-primas da literatura mundial.
73
Nicolas Boileau-Despréaux (1636-1711), poeta e crítico literário francês. Escreveu A arte
poética (1674), um tratado didático em verso que estabelece as regras da composição poética
na tradição clássica.
74
Titus Pomponius Atticus (c.110-32 a.C.), nobre da classe equestre, intelectual e negociante
romano. Nasceu e foi criado em Roma, mas se mudou para Atenas para se afastar da erupção
de violência causada pelo retorno de Sila e seu exército. Apaixonado pela cultura helênica, ele
próprio se apelidou de “Atticus”. Excelente estudante, fez de sua passagem pela Grécia (85-65
a.C.) um momento de imersão na filosofia e na literatura gregas, cultivando seus interesses
artísticos, antiquários, literários e filosóficos. Pompônio é recordado como grande amigo de
Cícero, que lhe dedicou um tratado sobre a amizade, De amicitia; a correspondência entre os
dois está preservada nos 16 volumes das Epistulae ad Atticum (Cartas a Ático). No ano 32, após
sofrer doente por meses, Pompônio acelerou sua própria morte ao se abster da alimentação.
Deixou uma brevíssima história de Roma, Annalis, além de uma narrativa em grego sobre o
consulado de Cícero.
aprimoramento. Cada parte dele foi iluminada com a luz refletida de suas
outras partes. A competição tem produzido atividade onde o monopólio
poderia ter produzido letargia. O número de experimentos em ciência
moral que o especulador tem a oportunidade de testemunhar aumentou
além de todas as expectativas. A sociedade e a natureza humana, em vez
de serem consideradas de um único ponto de vista, lhe são apresentadas
sob 10 mil aspectos diferentes.Observando as maneiras das nações em
volta, estudando sua literatura, comparando-a com aquela de seu próprio
país e das repúblicas antigas, ele pode corrigir aqueles erros nos quais os
homens mais finos incorrem quando raciocinam de uma única espécie
para um gênero. Aprende a distinguir o que é local do que é universal:
o que é transitório do que é eterno; a discriminar entre as exceções e as
regras; a identificar a ação das causas perturbadoras; a separar aqueles
princípios gerais que sempre são verdadeiros e aplicáveis em toda parte
das circunstâncias acidentais com as quais, em cada comunidade, eles se
misturam, e com as quais, em uma comunidade isolada, são confundidos
pela mente mais filosófica.
Daí que, por generalização, os escritores dos tempos modernos supe-
raram em muito aqueles da Antiguidade. Os historiadores de nosso próprio
país são inigualáveis em profundidade e precisão da razão; e, mesmo nas
obras de nossos meros compiladores, frequentemente encontramos espe-
culações além do alcance de Tucídides ou Tácito.
Mas, ao mesmo tempo, deve-se admitir que eles têm falhas caracterís-
ticas, tão ligadas a seus méritos característicos, e de tal magnitude, que bem
se poderia duvidar se, no todo, esse departamento da literatura ganhou ou
perdeu durante os últimos 22 séculos.
Os melhores historiadores dos últimos tempos se deixaram seduzir
pela verdade, não por sua imaginação, mas pela sua razão. Superaram em
muito seus predecessores na arte de deduzir princípios gerais de fatos.
Mas infelizmente têm incorrido no erro de distorcer os fatos para justi-
ficar princípios gerais. Chegam à teoria através da observação de certos
fenômenos; e distorcem ou reduzem os fenômenos restantes para satis-
fazer a teoria. Para tanto não é necessário que afirmem o que é absolu-
tamente falso; pois todas as questões morais e políticas são questões de
comparação e grau. Qualquer proposição que não envolva contradição de
75
O título de poeta laureado é concedido na Inglaterra pelo mérito da excelência poética. Foi
criado em 1616 e formalmente estabelecido desde 1668.
76
John Lingard (1771-1851), padre católico inglês, publicou The history of England, from the first
invasion by the Romans to the accession of Henry VIII (1819), em oito volumes.
77
George Brodie (1786?-1867), advogado e historiador escocês. Autor de A history of the British
Empire (1822) e A constitutional history of the British Empire (1866).
78
David Hume (1711-1776), economista, filósofo e historiador escocês. Autor de A treatise of
human nature (1739-1740), Treatise as an enquiry concerning human understanding (1758) e Dia-
logues concerning natural religion (1779). Sua History of England (1778) é considerada um marco
da historiografia inglesa.
79
William Mitford (1744-1827), descendente de uma antiga família do norte da Inglaterra,
autor de History of Greece (1784). Foi alvo de pesadas críticas de Macaulay (1824).
80
François-Marie Arouet Voltaire (1694-1778), filósofo, dramaturgo e literário francês, foi figu-
ra central do Iluminismo. Exilado na Inglaterra em 1726, retornou à França em 1728-1729.
81
Jean-François Marmontel (1723-1799), escritor, gramático, filósofo, romancista e historiador
francês, participou do movimento Enciclopedista.
82
James Boswell (1740-1795), advogado, renomado linguista, escritor escocês e biógrafo de
Samuel Johnson. Seu nome foi incorporado à língua inglesa (Boswell, Boswellian, Boswellism)
como sinônimo de observador e biógrafo devotado.
83
Robert Southey (1774-1843), poeta laureado e historiador inglês membro do “Lake Poets”.
Além de sua História do Brasil (1810), publicou diversas biografias, como The life of Nelson
(1813), sobre Horatio Nelson (1752-1805), almirante naval inglês que derrotou as tropas de
Napoleão e foi fatalmente ferido na batalha de Trafalgar.
84
Richard Watson (1781-1833), teólogo metodista inglês, uma das figuras mais importantes
do metodismo no século XIX. A passagem a que Macaulay se refere localiza-se no cap. 20 da
primeira parte de sua obra Theological institutes, publicada a partir de 1823.
85
Trata-se da guerra dos Estados Unidos pela sua independência do Reino Unido, entre 1775
e 1783.
86
George Augustus (1683-1760), nascido em Hanover, foi rei no Reino Unido a partir de
1727.
87
Ordem militar criada pelo rei inglês Edward III (1312-1377).
88
Ao se tornar príncipe regente com a abdicação de seu pai, o rei George III, em 1811, uma das
primeiras ações do futuro George IV foi tentar reformar o caminho para seu palácio, o Carlton
House, de acordo com sua admiração pelo planejamento urbano napoleônico de Paris. Planeja-
da pelo arquiteto John Nash (1752-1835) durante uma década, a Regent Street é um boulevard
localizado na área central de Londres.
89
Catedral anglicana do bispado de Londres que data do século XVII.
90
Hospedaria estabelecida em 1307, situada em Southwark, Londres, onde se reuniam aqueles
que peregrinavam ao Santuário de Thomas Beckett, na Catedral de Canterbury. É famosa por
sua descrição em Canterbury Tales (1387), coleção de histórias escrita pelo filósofo e diplomata
inglês Geoffrey Chaucer (1343-1400). Foi demolida em 1873.
91
Luxuosa casa de campo elisabetana construída sobre as ruínas de um convento destruído por um
incêndio em 1567 e projetada em estilo renascentista italiano por Robert Smythson (1535-1614).
92
As ruínas do castelo de Burleigh, na Escócia, com suas duas famosas torres, datam dos sécu-
los XV e XVI.