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OPACAS
Rio de Janeiro
Junho de 2017
METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA EM ESTRUTURAS
OPACAS
Examinada por:
iii
A Deus.
Ao meu avô Elias (in memoriam).
A meus pais, Marcos e Leolinda.
A minha irmã, Ana Maria.
A todos os meus familiares e amigos.
iv
AGRADECIMENTOS
v
“A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar!” (Gonçalves Dias)
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).
Junho/2017
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.).
June/2017
The objective of this work is to analyse the time lag and the damping level of the
heat wave through walls and roofs, which are build with materials used in brazilian
constructions, using computer simulation. The unidimensional and transient conduction
heat transfer equation was solved by Laplace transform and the response factor method
was implemented in a computational program. The program calculate the heat fluxes at
external and internal faces of the walls and roofs analysed and the time lag and damping
level of the heat wave were determined by the analysis of the history of heat fluxes. The
walls were tested for north, east, south and west orientations, while the roofs were tested
for three levels of absorptivity of the external face in the climates of Teresina and Rio de
Janeiro in the hottest month of the year for each city. The results obtained were compared
with the time lag calculated by the methodologies recommended by the standards ABNT
NBR 15220 and ISO 13786, showing the importance of a more detailed analysis of the
thermal characteristics of walls and roofs, as well as the influence of the orientation and
the absorptivity of the external face.
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... XI
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... XIV
LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................ XVI
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................... 1
1.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 1
1.2 MOTIVAÇÃO .................................................................................................... 7
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 9
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 9
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................... 11
2.1 MÉTODOS DE CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA PARA A
TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO EM ESTRUTURAS
OPACAS ................................................................................................................. 11
2.2 MÉTODO DOS FATORES DE RESPOSTA................................................... 13
2.3 MÉTODOS DE CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA MAIS UTILIZADOS . 17
2.3.1 Heat Balance Method (HBM) .................................................................... 18
2.3.2 Radiant Time Series Method (RTSM) ........................................................ 20
2.4 PROGRAMAS ATUAIS DE SIMULAÇÃO DE CÁLCULO DE CARGA
TÉRMICA ............................................................................................................... 22
2.5 ESTRATÉGIAS PARA DIMINUIR OS GANHOS DE CALOR ATRAVÉS DA
ENVOLTÓRIA ....................................................................................................... 22
CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DA EQUAÇÃO DA DIFUSÃO ..................................... 25
3.1 SOLUÇÃO POR TRANSFORMADA DE LAPLACE .................................... 25
3.2 TEMPERATURA SOL-AR .............................................................................. 33
3.3 MÉTODO DOS FATORES DE RESPOSTA................................................... 37
3.4 FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE CONDUÇÃO (CTF)........................ 46
3.5 BALANÇO DE ENERGIA NAS SUPERFÍCIES EXTERNA E INTERNA .. 50
CAPÍTULO 4 - NORMAS ABNT NBR 15220 E ISO 13786 .................................... 55
4.1 NORMA ABNT 15220 ..................................................................................... 55
4.2 NORMA ISO 13786 ......................................................................................... 58
CAPÍTULO 5 - MODELO SOLAR ............................................................................ 62
5.1 EQUAÇÃO DO TEMPO, HORA SOLAR E ÂNGULOS SOLARES ............ 62
5.2 RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE ................................................................. 64
ix
5.3 ORIENTAÇÃO DAS SUPERFÍCIES .............................................................. 65
5.4 IRRADIAÇÃO TOTAL.................................................................................... 66
5.5 PERFIL DE TEMPERATURA DE BULBO SECO DO AR EXTERNO ....... 67
CAPÍTULO 6 - RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................... 69
6.1 COMPORTAMENTO DA FUNÇÃO B(S)...................................................... 69
6.2 CÁLCULO DE RF E CTF ................................................................................ 76
6.2.1 Validação dos resultados de CTF ............................................................... 80
6.3 TEMPERATURA SOL-AR .............................................................................. 83
6.4 FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE PAREDES EXTERNAS E ATRASO
TÉRMICO ............................................................................................................... 85
6.4.1 Resultados obtidos pelo método dos fatores de resposta ............................ 87
6.4.2 Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 ................. 96
6.5 FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE COBERTURAS E ATRASO TÉRMICO
................................................................................................................................. 99
6.5.1 Resultados obtidos pelo método dos fatores de resposta .......................... 100
6.5.2 Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 ............... 104
6.6 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS PELO HBM E PELO RTSM ............ 106
6.7 SIMULAÇÃO DE UM AMBIENTE.............................................................. 108
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 112
APÊNDICE A – DEDUÇÃO DA EQUAÇÃO DE CÁLCULO DE ATRASO
TÉRMICO SEGUNDO A NORMA ABNT NBR 15220-2 ..................................... 118
x
LISTA DE FIGURAS
xi
Figura 6.7 - Fatores de resposta da parede com a) três camadas e b) cinco camadas .... 80
Figura 6.8 - Temperatura sol-ar de paredes no 21º dia do mês de outubro em Teresina ...
................................................................................................................................. 84
Figura 6.9 - Temperatura sol-ar de paredes no 21º dia do mês de fevereiro no Rio de
Janeiro ..................................................................................................................... 84
Figura 6.10 - Temperatura sol-ar de coberturas no 21º dia do mês de outubro em Teresina
................................................................................................................................. 85
Figura 6.11 - Temperatura sol-ar de coberturas no 21º dia do mês de fevereiro no Rio de
Janeiro ..................................................................................................................... 85
Figura 6.12 - Fluxo de calor na parede 1 em Teresina: a) face externa e b) face interna ...
................................................................................................................................. 87
Figura 6.13 - Fluxo de calor na parede 1 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna ...................................................................................................................... 88
Figura 6.14 - Fluxo de calor na parede 2 em Teresina: a) face externa e b) face interna ...
................................................................................................................................. 89
Figura 6.15 - Fluxo de calor na parede 2 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna ...................................................................................................................... 90
Figura 6.16 - Fluxo de calor na parede 3 em Teresina: a) face externa e b) face interna ...
................................................................................................................................. 91
Figura 6.17 - Fluxo de calor na parede 3 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna ...................................................................................................................... 91
Figura 6.18 - Fluxo de calor na parede 4 em Teresina: a) face externa e b) face interna ...
................................................................................................................................. 92
Figura 6.19 - Fluxo de calor na parede 4 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna ...................................................................................................................... 93
Figura 6.20 - Fluxo de calor na parede 5 em Teresina: a) face externa e b) face interna ...
................................................................................................................................. 94
Figura 6.21 - Fluxo de calor na parede 5 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna ...................................................................................................................... 94
Figura 6.22 - Fluxo de calor máximo na face interna das paredes em a) Teresina e b) Rio
de Janeiro ................................................................................................................ 95
Figura 6.23 - Atraso térmico das paredes em a) Teresina e b) Rio de Janeiro ............... 96
Figura 6.24 - Fluxo de calor na cobertura 1 em Teresina: a) face externa e b) face interna
............................................................................................................................... 100
xii
Figura 6.25 - Fluxo de calor na cobertura 1 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna .................................................................................................................... 100
Figura 6.26 - Fluxo de calor na cobertura 2 em Teresina: a) face externa e b) face interna
............................................................................................................................... 102
Figura 6.27 - Fluxo de calor na cobertura 2 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna .................................................................................................................... 102
Figura 6.28 - Fluxo de calor na cobertura 3 em Teresina: a) face externa e b) face interna
............................................................................................................................... 103
Figura 6.29 - Fluxo de calor na cobertura 3 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face
interna .................................................................................................................... 103
Figura 6.30 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação norte
............................................................................................................................... 106
Figura 6.31 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação leste
............................................................................................................................... 107
Figura 6.32 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação sul
............................................................................................................................... 107
Figura 6.33 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação oeste
............................................................................................................................... 108
Figura 6.34 - Ganho de calor total através de paredes e cobertura em Teresina para o
primeiro ambiente ................................................................................................. 109
Figura 6.35 - Ganho de calor total através de paredes e cobertura em Teresina para o
segundo ambiente .................................................................................................. 109
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Correlações para coeficientes convectivos para modelo MoWitt .............. 52
Tabela 4.1 - Resistência térmica de superfície interna (Rsi) e externa (Rse) ................. 57
Tabela 5.1 - Ângulos de azimute .................................................................................... 66
Tabela 5.2 - Frações de temperatura diárias ................................................................... 68
Tabela 6.1 - 10 primeiros polos para a parede homogênea de 10 cm de concreto ......... 72
Tabela 6.2 - 10 primeiros polos para a parede homogênea de 20 cm de concreto ......... 74
Tabela 6.3 - Propriedades das camadas de uma parede com três camadas .................... 74
Tabela 6.4 - 10 primeiros polos para a parede com três camadas .................................. 75
Tabela 6.5 - Propriedades das camadas de uma parede com cinco camadas ................. 77
Tabela 6.6 - Primeiros fatores de resposta da parede com três camadas ........................ 78
Tabela 6.7 - Primeiros fatores de resposta da parede com cinco camadas ..................... 79
Tabela 6.8 - CTF calculadas pelo programa FORTRAN para a parede com três camadas
................................................................................................................................. 81
Tabela 6.9 - CTF calculadas pelo programa PRF/RTF generator para a parede com três
camadas ................................................................................................................... 81
Tabela 6.10 - CTF calculadas pelo programa FORTRAN para a parede com cinco
camadas ................................................................................................................... 82
Tabela 6.11 - CTF calculadas pelo programa PRF/RTF generator para a parede com cinco
camadas ................................................................................................................... 82
Tabela 6.12 - Paredes analisadas .................................................................................... 86
Tabela 6.13 - Características dos materiais construtivos das paredes ............................ 86
Tabela 6.14 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 1 em Teresina ....... 88
Tabela 6.15 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 1 no Rio de Janeiro...
................................................................................................................................. 88
Tabela 6.16 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 2 em Teresina ....... 90
Tabela 6.17 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 2 no Rio de Janeiro...
................................................................................................................................. 90
Tabela 6.18 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 3 em Teresina ....... 91
Tabela 6.19 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 3 no Rio de Janeiro...
................................................................................................................................. 92
Tabela 6.20 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 4 em Teresina ....... 93
xiv
Tabela 6.21 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 4 no Rio de Janeiro...
................................................................................................................................. 93
Tabela 6.22 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 5 em Teresina ....... 95
Tabela 6.23 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 5 no Rio de Janeiro...
................................................................................................................................. 95
Tabela 6.24 - Características térmicas e dinâmicas da parede 1 .................................... 97
Tabela 6.25 - Características térmicas e dinâmicas da parede 2 .................................... 97
Tabela 6.26 - Características térmicas e dinâmicas da parede 3 .................................... 97
Tabela 6.27 - Características térmicas e dinâmicas da parede 4 .................................... 98
Tabela 6.28 - Características térmicas e dinâmicas da parede 5 .................................... 98
Tabela 6.29 - Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 (horas) .. 98
Tabela 6.30 - Coberturas analisadas ............................................................................... 99
Tabela 6.31 - Características dos materiais construtivos das coberturas ........................ 99
Tabela 6.32 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 1 em Teresina. 101
Tabela 6.33 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 1 no Rio de Janeiro
............................................................................................................................... 101
Tabela 6.34 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 2 em Teresina. 102
Tabela 6.35 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 2 no Rio de Janeiro
............................................................................................................................... 102
Tabela 6.36 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 3 em Teresina. 104
Tabela 6.37 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 3 no Rio de Janeiro
............................................................................................................................... 104
Tabela 6.38 - Características térmicas e dinâmicas da cobertura 1 .............................. 104
Tabela 6.39 - Características térmicas e dinâmicas da cobertura 2 .............................. 105
Tabela 6.40 - Características térmicas e dinâmicas da cobertura 3 .............................. 105
Tabela 6.41 - Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 (horas) 105
xv
LISTA DE SÍMBOLOS
xvi
N Número de camadas do elemento construtivo
Nmáx Máxima quantidade de CTF
od Ordem das CTF
q Fluxo de calor, W/m²
qabs Fluxo de calor devido à radiação total absorvida, W/m²
qcond Fluxo de calor devido à condução, W/m²
qconv Fluxo de calor devido à convecção, W/m²
qentra Fluxo de calor entrando na superfície de controle na face externa, W/m²
qir,in Fluxo de calor devido à radiação infravermelha com origem em outras
superfícies, inclusive o céu, W/m²
qir,o Fluxo de calor devido à radiação infravermelha emitida por uma superfície,
W/m²
qR Fluxo de calor devido à função rampa de temperatura, W/m²
qrad Fluxo de calor devido à radiação, W/m²
qsai Fluxo de calor saindo da superfície de controle na face interna, W/m²
qT Fluxo de calor devido à função triangular de temperatura, W/m²
qtotal Fluxo de calor total para a superfície externa, W/m²
r Resposta unitária (capítulo 2)
R Resistência térmica, (m²ήK)/W
Ra Resistência térmica de camada de ar, (m²ήK)/W (capítulo 4)
Rse Resistência térmica do filme de ar externo, (m²ήK)/W
Rsi Resistência térmica do filme de ar interno, (m²ήK)/W
Rt Resistência térmica total do elemento, (m²ήK)/W (capítulo 4)
RT Resistência térmica total do elemento, incluindo resistências dos filmes de ar,
(m²ήK)/W (capítulo 4)
s Variável complexa
t Variável de tempo, segundos
T Temperatura, K e período das variações térmicas (capítulo 4)
Tcéu Temperatura do céu, K
Tg Temperatura do solo, K
Ti Temperatura do ar no ambiente interno, K
To Temperatura de bulbo seco do ar externo, K
Tsa Temperatura sol-ar, K
xvii
Tse Temperatura da superfície externa, K
Tsi Temperatura da superfície interna, K
U Coeficiente global de transferência de calor, W/(m²ήK)
X RF referente à face externa do elemento construtivo, W/(m²ήK)
x Variável espacial, m
XX CTF referente ao fator X, W/(m²ήK)
Y RF referente à face oposta do elemento construtivo, W/(m²ήK)
Ytt Admissão térmica, W/(m²ήK)
Ytu Transmissão térmica periódica, W/(m²ήK)
YY CTF referente ao fator Y, W/(m²ήK)
Z RF referente à face interna do elemento construtivo, W/(m²ήK), e matriz de
transferência (capítulo 4)
ZZ CTF referente ao fator Z, W/(m²ήK)
Letras gregas
Subscritos
0 Face externa do elemento construtivo
xviii
aa Índice dos elementos da matriz de transmissão de ambiente a ambiente
ext Ambiente externo
int Ambiente interno
j Camada de material do elemento construtivo
L Face interna do elemento construtivo
ss Índice dos elementos da matriz de transmissão de superfície à superfície
Siglas
xix
Capítulo 1 - Introdução
1.1 APRESENTAÇÃO
1
utilizam aparelhos de ar condicionado, equipamento que consome em média 20% da
energia elétrica total consumida pela residência (LAMBERTS et al., 2014).
Das iniciativas existentes na área de eficiência energética em edificações, pode-se
citar a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Esta
certificação foi desenvolvida pela ONG U.S. Green Building Council e avalia as
edificações de forma a garantir a sustentabilidade das mesmas, avaliando, por exemplo,
consumo de água e energia, redução de resíduos e uso de materiais de baixo impacto
ambiental. A certificação pode ser concedida tanto a edificações novas quanto existentes.
No Brasil, duas iniciativas estão se destacando. A Etiqueta PBE Edifica faz parte
do Programa Brasileiro de Etiquetagem e avalia a eficiência da envoltória e dos sistemas
de iluminação e de condicionamento de ar de edificações. Já o Selo Procel Edificações
tem como objetivo identificar as edificações que possuem as melhores classificações de
eficiência energética, avaliando também envoltória e sistemas de iluminação e
condicionamento de ar.
Percebe-se pelos investimentos em eficiência energética e pelos programas de
etiquetagem, a importância dos sistemas de climatização de ar e da envoltória nas
iniciativas para diminuir o consumo de energia em edificações. A envoltória é formada
por todas as superfícies que servem como uma fronteira entre os ambientes externo e
interno, tais como paredes, coberturas e fenestrações (BRADSHAW, 2006).
A envoltória exerce um papel fundamental servindo como um mediador entre as
condições climáticas externas e as condições do ambiente interno, podendo ser
considerada como uma fronteira dinâmica, que atua como um mecanismo de controle da
quantidade de fluxo de calor que entra ou sai do ambiente (BRADSHAW, 2006).
As paredes e coberturas são as estruturas opacas da envoltória, ou seja, estruturas
que não transmitem radiação incidente ao contrário das fenestrações. A transferência de
calor por difusão através dessas estruturas é de grande importância para calcular os
ganhos de calor da edificação, pois as propriedades termofísicas dos materiais destas
estruturas determinam a quantidade de calor que é armazenada em seu interior,
influenciando a quantidade de calor que é transferida para o interior do ambiente
condicionado. Com relação às coberturas, a cor da superfície externa tem um papel
bastante importante para reduzir a quantidade de radiação absorvida pela superfície.
Vários trabalhos já avaliaram a importância de paredes e coberturas sobre o desempenho
térmico de edificações.
2
KOSSECKA e KOSNY (1998) analisaram o efeito da ordem das camadas de
concreto e isolamento para seis tipos de configuração de paredes. Concluíram que a
configuração das paredes afeta o desempenho térmico de edificações, e a otimização do
posicionamento das camadas de concreto e isolamento pode contribuir para reduzir em
até 11% o consumo de energia para manter o conforto térmico em residências que usam
paredes com grande inércia térmica nos Estados Unidos.
OZEL (2013) utilizou o método de diferenças finitas, com condições de contorno
periódicas, para determinar a melhor espessura de uma camada de isolamento para
paredes com diferentes orientações para reduzir os ganhos de calor.
AKBARI (1998), PARKER et al. (1998) e HILDEBRANDT et al. (1998)
avaliaram as vantagens de se utilizar coberturas em cores claras para diminuir os ganhos
de calor de edificações, proporcionando a redução do consumo de energia.
Para mostrar a importância dos ganhos de calor através de estruturas opacas,
observa-se a forma como eles são calculados nos dois métodos de cálculo de carga
térmica recomendados pela American Society of Heating, Refrigerating and Air-
Conditioning Engineers (ASHRAE), o Heat Balance Method (HBM) e o Radiant Time
Series Method (RTSM), respectivamente, na Figura 1.1 e na Figura 1.2.
De uma forma simples, a carga térmica de um ambiente é definida como a
quantidade de calor do ar que deve ser retirada, para o caso de resfriamento, ou
adicionada, para aquecimento, para manter condições de conforto térmico adequadas,
sendo resultado tanto de ganhos de calor por fontes internas, como iluminação, pessoas e
equipamentos, quanto de componentes do próprio sistema de ar condicionado, infiltrações
de ar e transferência de calor através da envoltória (ASHRAE, 2013).
Por outro lado, o ganho de calor instantâneo do ambiente consiste na taxa de
energia que é transferida para o ambiente mais a que é gerada em seu interior. Estes
ganhos apenas se tornam carga térmica quando são transferidos por convecção para o ar.
Logo, as trocas de calor por radiação que ocorrem para o interior do ambiente primeiro
aquecem as superfícies dentro do recinto, tais como piso, mobílias e paredes. Quando as
temperaturas dessas superfícies são maiores do que a temperatura do ar, ocorre a
transferência de calor por convecção para o ar, transformando esses ganhos em carga
térmica com certo atraso de tempo (MCQUISTON et al., 2005).
O princípio básico dos dois métodos consiste em um balanço de energia para cada
superfície contida no ambiente e um balanço de energia para o ar interno, o qual determina
a parcela dos ganhos de calor que de fato se torna carga térmica (ASHRAE, 2013).
3
A metodologia do HBM, Figura 1.1, foi apresentada por PEDERSEN et al.
(1997). Este método calcula a carga térmica de forma direta pela solução de quatro
processos: balanço de energia na superfície externa, condução de calor no interior da
parede, balanço de energia na superfície interna e balanço de energia para o ar interno.
Na Figura 1.1, os quadros com borda mais escura em destaque indicam os processos de
interesse no presente trabalho.
4
O RTSM, Figura 1.2, foi apresentado por SPITLER et al. (1997). Diferentemente
do HBM, este método utiliza condições de contorno periódicas, ou seja, as condições
climáticas e demais ganhos de calor são idênticas a cada período de 24 horas. As
condições externas são representadas pelo conceito de temperatura sol-ar, de forma que
as temperaturas das faces não precisam ser solucionadas a cada hora e o método tem a
vantagem de não precisar de cálculos iterativos (ASHRAE, 2013). Os quadros com borda
mais escura em destaque na Figura 1.2 indicam as etapas utilizadas no modelo do presente
trabalho.
5
Como os objetivos do presente trabalho tem por foco apenas a análise dos ganhos
de calor através de estruturas opacas, a análise dos ganhos de calor por radiação que
afetam o interior do ambiente não será considerada, podendo ser alvo de estudo em outras
pesquisas.
A forma como o HBM e o RTSM tratam o processo de condução de calor nas
estruturas opacas tem origem em um método conhecido da literatura como método dos
fatores de resposta (RFM). A formulação mais popular deste método foi apresentada por
MITALAS e STEPHENSON (1967) e STEPHENSON e MITALAS (1967), tendo como
base os conceitos de sobreposição de respostas de um sistema e de série temporal.
Por este método, considera-se a estrutura opaca como um sistema submetido a
dados de entrada representados pelas temperaturas nas faces externa e interna, com dados
de saída, ou resposta do sistema, representados pelos fluxos de calor nas faces. Desta
forma, para um sistema linear, uma sequência de variações na temperatura em diferentes
instantes de tempo resulta em uma sequência de fluxos de calor. Em um dado instante de
tempo, o fluxo total em cada face é resultado do somatório dos fluxos no dado instante
de tempo e nos instantes anteriores, caracterizando a sobreposição das respostas. Neste
método, a temperatura é definida por uma série de valores medidos a cada intervalo de
tempo (série temporal), assim como os fluxos. Os fatores de resposta (RF) do método são
os fluxos de calor resultantes de uma variação unitária de temperatura, de forma que a
partir desta resposta unitária do sistema é possível determinar os fluxos de calor para
qualquer função de entrada de temperatura através das equações (1.1) e (1.2), onde os
coeficientes X, Y e Z são as três séries de RF.
¥ ¥
q0 ( t ) = å X ( n ) T0 ( t - n ) - å Y ( n ) TL ( t - n ) (1.1)
n =0 n =0
¥ ¥
qL ( t ) = å Y ( n ) T0 ( t - n ) - å Z ( n ) TL ( t - n ) (1.2)
n =0 n =0
onde:
q0(t) é o fluxo de calor na face externa no instante de tempo t;
qL(t) é o fluxo de calor na face interna no instante de tempo t;
T0(t-n) é a temperatura na face externa nos instantes de tempo atual (t) e anteriores;
TL(t-n) é a temperatura na face interna nos instantes de tempo atual (t) e anteriores;
6
X é o fluxo de calor na face externa devido à temperatura unitária agindo nesta mesma
face;
Y é o fluxo de calor em uma face (externa ou interna) devido à temperatura unitária agindo
na face oposta (interna ou externa, respectivamente);
Z é o fluxo de calor na face interna devido à temperatura unitária agindo nesta mesma
face.
1.2 MOTIVAÇÃO
7
fluxo atinge a face interna e com certo atraso, conforme mostrado na Figura 1.3 (FROTA
e SCHIFFER, 2001). Quanto maior a inércia térmica, maior a quantidade de energia retida
na estrutura.
8
fatores de resposta, comparando os resultados com os métodos de cálculo do atraso
térmico segundo às normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786, mostrando o quanto as
metodologias das normas são simplificadas.
1.3 OBJETIVOS
9
RF e das CTF. Também são mostradas as equações de balanço de energia nas faces das
estruturas, características do método HBM.
O capítulo 4 apresenta as metodologias de cálculo do atraso térmico de estruturas
opacas conforme as normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786, e das demais grandezas
características do comportamento térmico e dinâmico das estruturas conforme a ISO
13786.
O capítulo 5 mostra as equações do modelo solar utilizado por ASHRAE (2013)
para calcular a temperatura sol-ar dos dias de interesse.
O capítulo 6 apresenta os resultados obtidos pelo programa desenvolvido e as
discussões a respeito destes em comparação com os resultados das normas.
O capítulo 7 apresenta as conclusões do trabalho e sugestões para trabalhos
futuros.
10
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
Figura 2.1 - Transferência de calor em parede externa. Adaptado de UNDERWOOD e YIK (2004)
11
A maioria dos métodos que calculam os ganhos de calor através de estruturas
opacas assumem que o fluxo de calor flui na direção perpendicular à superfície do
elemento, sendo unidimensional, como na Figura 2.1 (THRELKELD, 1998).
MCQUISTON et al. (2005) apontaram quatro categorias de métodos para modelar
o problema de condução de calor: métodos de parâmetros concentrados, métodos
numéricos, métodos de resposta à frequência e métodos de transformada Z.
Nos métodos de parâmetros concentrados, as estruturas opacas são representadas
como resistências e capacitâncias, segundo uma analogia com circuitos elétricos.
DAVIES (2004) mostra como uma parede pode ser discretizada em uma sucessão de
elementos puramente resistivos e capacitivos, e como esta discretização forma uma base
para a solução por métodos numéricos baseados em diferenças finitas. Segundo
MCQUISTON et al. (2005), métodos de parâmetros concentrados e numéricos tinham
um custo computacional muito elevado para serem usados em simulações de edificações,
mas com os computadores de hoje isto não é mais um problema. Uma vantagem destes
métodos é poder usar diferentes intervalos de tempo e propriedades termofísicas variáveis
dos materiais.
Contudo, como uma primeira desvantagem, os métodos numéricos fornecem
informações sobre todos os nós do domínio, mesmo quando o que mais interessa são
apenas as temperaturas e os fluxos de calor nas faces do elemento. Uma outra dificuldade
é o tratamento das múltiplas camadas. Caso seja escolhido tratar a estrutura composta
como um material com propriedades variáveis em degrau, a exatidão dos resultados
numéricos poderá ser comprometida. Por outro lado, tratando cada camada
individualmente a condição de continuidade de fluxo deve ser incluída como um requisito
adicional e um novo procedimento iterativo será agregado tornando a obtenção da solução
menos prática.
Os métodos de resposta à frequência requerem condições de contorno periódicas
representadas por funções senoidais (MCQUISTON et al., 2005). HITTLE (1981)
apresentou um método para determinar os ganhos de calor de um ambiente a partir do
método de resposta à frequência, representando a temperatura sol-ar por séries de funções
senos e cossenos. CLARKE (2001) apresentou um embasamento teórico e o
desenvolvimento deste método, indicando que ele constitui uma categoria dos métodos
de funções de resposta. O fato de utilizar apenas condições de contorno periódicas pode
ser considerado uma limitação do método.
12
A outra categoria de métodos de funções de resposta apontada por CLARKE
(2001) são os métodos com soluções no domínio do tempo, mais conhecidos como
método dos fatores de resposta (RFM). Devido à eficiência computacional e precisão nos
cálculos, este método se tornou bastante popular com o passar dos anos. STEPHENSON
e MITALAS (1967), MITALAS e STEPHENSON (1967) e MITALAS (1968)
apresentaram a formulação mais conhecida para obter os RF. Posteriormente,
STEPHENSON e MITALAS (1971) apresentaram uma nova forma de obtenção dos RF
a partir da solução da equação de transferência de calor por condução transiente aplicando
a transformada Z.
¶2T ( x, t ) 1 ¶T ( x, t )
= (2.1)
¶x 2
a ¶t
13
MITALAS (1967) utilizaram uma série temporal onde cada elemento da série era
representado por um pulso triangular centrado no respectivo instante de tempo, com base
igual a dois intervalos de tempo e altura igual à magnitude da função. Para uma função
de excitação contínua, representando, por exemplo, a temperatura da face externa de uma
parede, o somatório de todos os pulsos triangulares é equivalente a uma aproximação
trapezoidal e representa a função continuamente por segmentos de reta ligando os valores
de temperatura em cada instante de tempo, como na Figura 2.2.
Figura 2.2 - Representação de uma função por uma sequência de pulsos triangulares
Figura 2.3 - Função de excitação unitária e resposta unitária. Adaptado de STEPHENSON e MITALAS
(1967)
14
Uma vez que a série de RF é conhecida, a resposta final do sistema é determinada
pelo somatório da multiplicação dos RF pelo valor original do pulso de temperatura nos
instantes de tempo atual e anteriores (STEPHENSON e MITALAS, 1967).
O processo de determinação dos RF pela transformada de Laplace apresenta uma
particularidade na aplicação da transformada inversa. Conforme será mostrado no
capítulo seguinte, a transformada inversa pode ser obtida a partir do teorema dos resíduos,
o que traz a necessidade de um procedimento numérico para achar as raízes (polos) de
uma função não linear característica do problema. HITTLE e BISHOP (1983)
desenvolveram um procedimento numérico para calcular estas raízes, reduzindo a
necessidade de usar passos muito pequenos para localizá-las. Contudo, com os
computadores atuais, mesmo passos muito pequenos não são mais problema para a
localização dos polos.
Como pode ser observado pela Figura 2.3, as séries de RF têm infinitos termos. A
quantidade de fatores necessária para calcular adequadamente os fluxos de calor depende
das características dos materiais das estruturas opacas. Estruturas com maior inércia
térmica utilizam mais RF do que as com menor inércia térmica. As séries de CTF são
outras séries muitas vezes utilizadas como uma alternativa aos RF, por se tratarem de
séries finitas de termos.
HITTLE (1981) apresentou os procedimentos para calcular as quatro séries de
CTF que são obtidas a partir dos RF. Assim como os RF, as CTF possuem três séries que
contabilizam as influências das temperaturas nas faces sobre os fluxos de calor, além de
uma série de coeficientes que contabiliza os efeitos dos fluxos de calor em instantes de
tempo anteriores, como mostrado nas equações (2.2) e (2.3), onde XX, YY e ZZ são as
CTF de ordem od, Nmáx, a quantidade de CTF e Fn, a série para termos de fluxo de calor.
A inserção destes termos de fluxo de calor reduz a quantidade de termos de temperatura
utilizada.
Nmáx Nmáx od
q0 ( t ) = å XX od ( n ) T0 ( t - n ) - å YYod ( n ) TL (t - n ) + å Fn q0 (t - n ) (2.2)
n =0 n =0 n =1
Nmáx Nmáx od
qL ( t ) = å YYod ( n ) T0 ( t - n ) - å ZZod ( n ) TL (t - n ) + å Fn qL (t - n ) (2.3)
n =0 n =0 n =1
15
A partir de uma abordagem distinta, SEEM (1987) apresentou os procedimentos
de cálculo do método de espaço de estado para cálculo de CTF. O método tem o objetivo
de determinar as CTF a partir da solução de um conjunto de equações diferenciais de
primeira ordem, após discretização da estrutura opaca por método de diferenças finitas
ou por método de elementos finitos. Nesta metodologia não é necessário calcular
primeiramente os RF para obter as CTF. A discretização de uma parede homogênea, com
propriedades constantes e condução de calor unidimensional em um modelo com dois nós
foi mostrada como exemplo, sendo representada na Figura 2.4, onde C representa a
capacitância térmica, R, a resistência térmica da parede, Tar,ext e Tar,int, as temperaturas do
ar externo e interno, respectivamente e 1/hA, a resistência do filme de ar adjacente à
parede.
Figura 2.4 - Discretização de uma parede com dois nós. Adaptado de SEEM (1987)
16
resultados semelhantes pelos dois métodos são necessários cerca de 40 nós para o domínio
no método de espaço de estado, evidenciando a importância do número de nós na solução.
Para paredes selecionadas, o RFM necessitou de menor tempo computacional para
calcular os fluxos de calor através das paredes, utilizando intervalos de tempo de 5, 15 e
30 minutos.
17
2.3.1 Heat Balance Method (HBM)
A formulação atual do HBM foi apresentada por PEDERSEN et al. (1997), sendo
descritas todas as etapas de cálculo e as suposições adotadas. A suposição fundamental é
considerar o ar a uma temperatura uniforme em um determinado ambiente no interior da
edificação. Se cada cômodo da edificação tem um sistema próprio para controlar sua
temperatura, de forma que ela pode ser considerada uniforme em seu interior, considera-
se cada cômodo como uma zona térmica. Além disso, as superfícies no interior da zona
(paredes, piso, fenestrações) apresentam temperatura uniforme, irradiação uniforme em
comprimentos de onda longo e curto, irradiam difusamente e a condução de calor
transiente em seu interior é unidimensional.
O balanço de energia na face externa de uma estrutura opaca pode ser modelado
como na Figura 2.5. O componente de radiação solar de comprimento de onda curto inclui
a radiação solar direta e difusa absorvida pela superfície, e é influenciado, por exemplo,
pela região geográfica, os ângulos de orientação da superfície, as propriedades dos
materiais da estrutura e as condições climáticas. A radiação em comprimento de onda
longo é resultado das trocas de calor por radiação entre a superfície, o céu e o chão no
entorno da edificação (MCQUISTON et al., 2005).
As trocas de calor por radiação e por convecção na face externa podem ser
modeladas por uma temperatura equivalente, chamada temperatura sol-ar (PEDERSEN
et al., 1997). Esta é uma temperatura fictícia que representa a temperatura do ambiente
externo para o caso de ausência total de radiação solar, de tal forma que a face troca a
mesma quantidade de energia com o ar externo à temperatura sol-ar que é trocada na
situação real, em que há trocas de calor por radiação e convecção (THRELKELD, 1998).
18
O processo de condução de calor transiente é modelado pelas CTF, de tal forma
que se uma parede externa, como a da Figura 2.6, for considerada como um sistema linear,
as temperaturas nas faces interna e externa representam os dados de entrada do sistema e
os fluxos de calor nas faces, os dados de resposta ou saída do sistema (PEDERSEN et al.,
1997).
A partir da definição de uma zona térmica formada por quatro paredes, uma
cobertura, um piso e a massa térmica representada por todas as superfícies no interior da
zona, PEDERSEN et al. (1997) mostraram as equações obtidas a partir da solução do
problema de condução de calor juntamente com o balanço de energia nas faces. Estas
equações formam um sistema para determinar as temperaturas das faces, as quais são
resolvidas em cada instante de tempo. As equações das temperaturas das faces são
resolvidas simultaneamente para todas as estruturas opacas ao longo de 24 horas. No fim,
determina-se a carga térmica da zona.
19
testadas para diferentes configurações internas, com presença de mais ou menos massa
térmica. O HBM foi testado para dois modelos distintos e os resultados de carga térmica
obtidos pelas simulações apresentaram erros menores do que 15% com relação aos dados
medidos para todos os casos testados, e o HBM foi confirmado como um método
confiável.
O RTSM foi descrito por SPITLER et al. (1997) e é derivado do HBM. O método
consiste em uma série de 24 termos de uma série de RF periódicos (PRF) para contabilizar
os ganhos de calor por condução através de estruturas opacas, e outra série de 24 termos
(RTF) para converter ganhos de calor por radiação instantâneos em carga térmica. O
método foi desenvolvido com o objetivo de ser um método confiável, mas que não
necessita de cálculos iterativos como o HBM.
O RTSM não utiliza balanços de energia nas superfícies para contabilizar os
efeitos de radiação e convecção como o HBM. Ao invés disso, o efeito combinado dessas
trocas de calor é modelado pela temperatura sol-ar. Por ser derivado do HBM, as mesmas
suposições usadas para este método se aplicam ao RTSM, com a adição de mais três: as
variações das condições externas e internas são periódicas e a temperatura do ar interno
é constante; os coeficientes de transferência de calor dos ambientes externo e interno são
invariáveis com o tempo e incluem os efeitos das trocas de calor por convecção e
radiação; a radiação solar direta incidente é distribuída apenas no piso, enquanto as
radiações de comprimento de onda longo e curto no interior do ambiente são distribuídas
uniformemente em todas as superfícies do espaço (IU et al., 2003, MCQUISTON, 2005).
Os PRF podem ser determinados a partir dos RF, como apresentado por SPITLER
et al. (1997), e representados na Figura 2.7.
20
Figura 2.7 - PRF para uma parede. Retirado de IU et al. (2003)
21
coeficiente de transferência de calor por convecção interno é importante para a precisão
dos resultados.
22
reduzir os ganhos de calor e estruturas opacas com inércia térmica mais leve (FROTA e
SCHIFFER, 2001).
OZEL (2013) estudou a melhor espessura de uma camada de isolamento para
paredes com diferentes orientações. Em outro trabalho, OZEL (2014) avaliou o efeito da
localização de camadas de isolamento sobre os ganhos de calor em paredes orientadas
para o sul em edificações no clima da Turquia. As paredes com isolamento localizado
mais próximo da face externa apresentaram a maior queda de temperatura entre as faces
da parede e as menores variações de temperatura no interior da parede durante o verão e
o inverno.
FANG et al. (2014) investigaram os efeitos do isolamento de paredes externas
sobre o consumo de energia e as condições de conforto do ambiente interno, em uma
cidade de clima quente. Através de uma análise experimental de uma câmara construída
com isolamento térmico e uma câmara básica com um estilo de construção antigo, foi
possível verificar que o consumo de energia com sistemas de ar condicionado na câmara
isolada foi reduzido em cerca de 23% durante o período de verão.
Quando se trata da melhor orientação para paredes, devem-se levar em
consideração as condições climáticas locais e a maior ou menor necessidade de carga
térmica de resfriamento ou de aquecimento (BRADSHAW, 2006).
Confirmando a influência da orientação de paredes sobre os ganhos de calor,
KONTOLEON e EUMORFOPOULOU (2008) avaliaram o efeito da absortividade da
superfície externa de paredes com orientações norte, leste, sul e oeste sobre o atraso
térmico e o nível de amortecimento da onda de calor em seis configurações de paredes
com camadas de isolamento térmico, no clima da Grécia, durante o verão. No clima
mediterrâneo, foi verificado que paredes orientadas a leste apresentaram os maiores
atrasos térmicos, enquanto paredes orientadas a oeste apresentaram os menores atrasos
térmicos para os seis tipos de paredes analisados.
A cor da superfície externa de paredes e coberturas afeta significativamente a
quantidade de ganhos de calor para o ambiente interno. Uma vez que superfícies em cores
escuras absorvem mais radiação solar do que aquelas em cores claras, superfícies com
cores claras ou de alta refletividade são recomendadas para edificações em climas quentes
(BRADSHAW, 2006).
HILDEBRANDT et al. (1998) analisaram a redução do consumo de energia
proporcionado por coberturas com cores claras na superfície externa em três prédios não
residenciais no EUA. A menor absortividade das superfícies possibilitou a redução do
23
consumo de energia para resfriamento do ambiente. Contudo, no inverno, quando é
necessário aquecimento dos recintos, as coberturas claras aumentaram o consumo de
energia nesta época.
KONTOLEON e BIKAS (2007) avaliaram o efeito da absortividade da superfície
externa de paredes orientadas para o sul sobre o atraso térmico, o nível de amortecimento
e as variações de temperatura em seis configurações de paredes, sendo variadas as
posições das camadas de isolamento térmico. As simulações foram consideradas para o
clima mediterrâneo no verão. A utilização de cores claras nas paredes mostrou ser uma
estratégia adequada para o local, assim como o uso de duas camadas de isolamento.
24
Capítulo 3 - Análise da Equação da
Difusão
25
Os modelos para a difusão de calor através de paredes e coberturas são geralmente
aproximados em boa parte dos programas de simulação de carga térmica pelas seguintes
suposições (UNDERWOOD e YIK, 2004):
Para uma parede homogênea como a da Figura 3.1, com estas simplificações a
EDP de segunda ordem que descreve a transferência de calor por difusão é dada pela
equação de Fourier (3.1). Nesta equação, a = k / r c p é a difusividade térmica do
¶2T ( x, t ) 1 ¶T ( x, t )
= (3.1)
¶x2 a ¶t
¥
L éë f ( x, t ) ùû = F ( s ) = ò f ( x, t ) e- st dt (3.2)
0
26
é ¶f ( x, t ) ù
Lê ú = sF ( x, s ) - f ( x, t ) t =0 (3.3)
ë ¶ t û
Situação 1 Situação 2
Condição inicial: Condição inicial:
T ( x, t = 0 ) = 0 T ( x, t = 0 ) = 0
Condições de contorno: Condições de contorno:
T ( x = 0, t ) = T0 ( t ) T ( x = 0, t ) = 0
T ( x = L, t ) = 0 T ( x = L, t ) = TL ( t )
¶T ( x, t )
q ( x, t ) = - k (3.4)
¶x
¶2T ( x, s ) s
= T ( x, s ) - T ( x, t = 0 ) (3.5)
¶x 2
a
T ( 0, s ) = T0 ( s ) (3.6)
27
T ( L, s ) = 0 (3.7)
¶T ( x, s )
q ( x, s ) = - k (3.8)
¶x
¶ 2T ( x, s ) s
= T ( x, s ) (3.9)
¶x2 a
( )
T ( x, s ) = c1 exp x s / a + c2 exp - x s / a ( ) (3.10)
c1 = -
(
exp - L s / a ) T0 ( s ) (3.11)
( )
exp L s / a - exp - L s / a ( )
c2 = -
(
exp L s / a ) T (s) (3.12)
exp ( L s / a ) - exp ( - L s / a )
0
sinh ( ( L - x ) s / a )
T ( x, s ) = T (s) (3.13)
sinh ( L s / a )
0 0
q ( x, s )0 = k s / a
(
cosh ( L - x ) s / a ) T (s) (3.14)
(
sinh L s / a ) 0
28
Seguindo os mesmos procedimentos para a situação 2 de condições inicial e de
contorno, a temperatura e o fluxo de calor são dadas pelas equações (3.15) e (3.16), onde
o subscrito L indica que o perfil de temperatura e o de fluxo de calor são resultado da
função TL (s), aplicada na face x=L.
T ( x, s ) L =
(
sinh x s / a ) T (s) (3.15)
sinh ( L s /a )
L
cosh ( x s / a )
q ( x, s )L = - k s /a T (s) (3.16)
sinh ( L s / a )
L
Com as equações (3.14) e (3.16) é possível conhecer o fluxo de calor em cada face
da estrutura como resultado da aplicação das funções T0 (s) e TL (s), como apresentado
nas equações (3.17) a (3.20).
q ( 0, s )0 = k s / a
(
cosh L s / a ) T (s) (3.17)
sinh ( L s /a )
0
1
q ( L, s )0 = k s / a T0 ( s ) (3.18)
(
sinh L s / a )
1
q ( 0, s )L = -k s / a TL ( s ) (3.19)
(
sinh L s / a )
cosh ( L s /a )
q ( L, s ) L = - k s /a T (s) (3.20)
sinh ( L s /a )
L
Pela sobreposição das respostas, o somatório dos fluxos nas equações (3.17) e
(3.19) dá o fluxo total na face x=0, enquanto o somatório das equações (3.18) e (3.20) dá
o fluxo total na face x=L, conforme equações (3.21) e (3.22).
q ( 0, s ) = q ( 0, s )0 + q ( 0, s )L = Q ( 0, s )0 T0 ( s ) + Q ( 0, s )L TL ( s ) (3.21)
q ( L, s ) = q ( L, s )0 + q ( L, s )L = Q ( L, s )0 T0 ( s ) + Q ( L, s )L TL ( s ) (3.22)
29
Onde:
Q ( 0, s )0 = k s / a
(
cosh L s / a )
sinh ( L s /a )
1
Q ( 0, s )L = -k s / a
(
sinh L s / a )
1
Q ( L, s )0 = k s / a
(
sinh L s / a )
Q ( L, s ) L = - k s / a
(
cosh L s / a )
sinh ( L s /a )
ìï q ( 0, s ) ïü é Q ( 0, s )0 Q ( 0, s )L ù ïìT0 ( s ) ïü
í ý=ê úí ý (3.23)
ïîq ( L, s ) þï ëêQ ( L, s )0 Q ( L, s )L ûú îïTL ( s ) þï
Como a parede pode ser considerada um sistema, Figura 3.2, cujos dados de
entrada são as funções de temperatura T0 (s) e TL (s) e os dados de saída são os fluxos de
calor q (0,s) e q (L,s), a matriz de coeficientes na equação (3.23) corresponde às funções
de transferência do sistema, relacionando os dados de entrada e saída (UNDERWOOD e
YIK, 2004).
Figura 3.2 - Parede representada como um sistema com dados de entrada e saída
30
Manipulando as equações (3.21) e (3.22), e reescrevendo-as em forma matricial,
é possível relacionar temperatura e fluxo na face x=0 com temperatura e fluxo na face
x=L, conforme equação (3.24). A matriz na equação é chamada de matriz de transmissão
da parede, cujos elementos estão indicados abaixo, e cujo determinante é igual a um
(STEPHENSON e MITALAS, 1971), sendo válida para cada camada de material.
ìï T0 ( s ) üï é Aj ( s ) B j ( s ) ù ìï TL ( s ) üï
í ý=ê úí ý (3.24)
îïq ( 0, s )þï ëêC j ( s ) D j ( s )úû îïq ( L, s )þï
Onde:
j: corresponde ao material da camada
(
Aj ( s ) = cosh L j s / a j )
Bj ( s ) =
(
sinh L j s / a j )
kj s /a j
(
C j ( s ) = k j s / a j sinh L j s / a j )
(
D j ( s ) = cosh L j s / a j )
31
ìïT ( 2, s )üï é A3 ( s ) B3 ( s ) ù ìï TL ( s ) üï
í ý=ê úí ý (3.27)
ïî q ( 2, s ) ïþ ëC3 ( s ) D3 ( s )û ïîq ( L, s )ïþ
Figura 3.3 - Fluxo de calor (q) em uma parede com três camadas homogêneas de materiais diferentes
ìï T0 ( s ) üï é A1 ( s ) B1 ( s ) ù é A2 ( s ) B2 ( s ) ù é A3 ( s ) B3 ( s ) ù ìï TL ( s ) üï
í ý=ê úê úê úí ý (3.28)
ïîq ( 0, s ) ïþ ëC1 ( s ) D1 ( s )û ëC2 ( s ) D2 ( s )û ëC3 ( s ) D3 ( s )û ïîq ( L, s ) ïþ
ìï T0 ( s ) üï é Ass ( s ) Bss ( s ) ù ìï TL ( s ) üï
í ý=ê úí ý (3.29)
îïq ( 0, s )þï ëCss ( s ) Dss ( s )û îïq ( L, s )þï
Onde:
é Ass ( s ) Bss ( s ) ù é A1 ( s ) B1 ( s ) ù é A2 ( s ) B2 ( s ) ù é AN ( s ) BN ( s ) ù
ê ú=ê úê ú ... ê ú
ë Css ( s ) Dss ( s ) û ë C1 ( s ) D1 ( s ) ûë C 2 ( s ) D2 ( s ) û ëCN ( s ) DN ( s )û
32
A equação (3.29) pode ser rearranjada para relacionar de forma mais direta os
fluxos de calor com as temperaturas nas faces, equação (3.30).
é Dss ( s ) 1 ù
ê - ú
ìï q ( 0, s ) ïü ê Bss ( s ) Bss ( s ) ú ïìT0 ( s ) ïü
í ý= í ý (3.30)
ïîq ( L, s ) ïþ êê 1 Ass ( s ) ú ïîTL ( s ) ïþ
ú
-
êë Bss ( s ) Bss ( s ) úû
qabs (t ) = as ( ED (t ) + Ed (t ) + ER (t ) ) = as Et (t ) (3.31)
33
A radiação infravermelha emitida pela superfície externa (qir,o) é dada pela
equação (3.33), onde σ é a constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10-8 W/(m²K4)) e ε, a
emissividade da superfície.
m
qir ,in (t ) = å e ii Fse,iis Tii 4 (t ) (3.34)
ii =1
O somatório das equações (3.31), (3.32), (3.33) e (3.34) resulta no fluxo de calor
total para a superfície externa da estrutura opaca. Segundo THRELKELD (1998), é
possível fazer algumas simplificações antes de obter a expressão final para a temperatura
sol-ar.
Primeiro, as emissividades de todas as superfícies podem ser consideradas iguais
a um valor ε, sendo esta uma simplificação razoável para superfícies não metálicas, cujo
ε geralmente varia de 0,9 a 0,95. Segundo, as equações para a radiação infravermelha
podem ser linearizadas e é introduzido um coeficiente de transferência de calor por
radiação, hr. Por fim, pode-se considerar que as temperaturas de todas as superfícies ao
redor da superfície externa estão à temperatura de bulbo seco do ar externo, To. Contudo,
é preciso ressaltar que a temperatura do céu é geralmente menor do que To e a temperatura
das faces que estão recebendo radiação solar são maiores do que To. Para compensar esta
simplificação é introduzido um fator de correção εΔR. Assim, o fluxo de calor total (qtotal)
para a superfície externa é dado pela equação (3.35).
34
comprimento de onda longo incidente originária do céu e das superfícies ao redor, e a
radiação emitida por um corpo negro à temperatura To.
A definição de temperatura sol-ar permite escrever o fluxo de calor para uma
superfície pela equação (3.36). Igualando as equações (3.35) e (3.36), define-se a
temperatura sol-ar pela equação (3.37).
a s Et (t ) eDR
Tsa (t ) = To (t ) + - (3.37)
h h
Rj = Lj / k j (3.38)
C j = Lj r j cp j (3.39)
35
Aj ( s ) = cosh ( sR j C j ) (3.40)
Bj ( s ) =
R j sinh ( sR j C j ) (3.41)
sR j C j
Cj (s) =
sR j C j sinh ( sR j C j ) (3.42)
Rj
D j ( s ) = cosh ( sR j C j ) (3.43)
portanto, puramente resistivas (UNDERWOOD e YIK, 2004, HITTLE, 1981). Logo, para
uma camada resistiva, onde C j ® 0 , as equações (3.40) a (3.43) são reduzidas a:
Aj ( s ) = 1
B j ( s ) = lim
R j sinh ( sR j C j )=R =
1
j
C j ®0 sR j C j hj
Cj (s) = 0
Dj ( s ) = 1
36
Substituindo a equação (3.45) na equação (3.29) para uma parede com N camadas,
e substituindo (3.29) em (3.44), obtém-se a equação (3.46) para a parede, onde o subscrito
aa indica que a matriz representa as camadas a partir da camada do filme de ar do
ambiente externo até a camada do filme de ar do ambiente interno
Onde
Assim como a equação (3.29), a equação (3.46) pode ser reescrita resolvendo
diretamente para os fluxos de calor nas faces, equação (3.47), onde q (0,s)= qentra (s) e q
é Daa ( s ) 1 ù
ê - ú
ïì q ( 0, s ) ïü ê Baa ( s ) Baa ( s ) ú ïìTsa ( s ) ïü
í ý=ê í ý (3.47)
îïq ( L, s ) þï ê 1 Aaa ( s ) ú îï Ti ( s ) þï
- ú
êë Baa ( s ) Baa ( s ) úû
é D (s) 1 ù
ê - ú
ìï q0 ( s ) ïü ê B ( s ) B ( s ) ú ïìT0 ( s ) ïü
í ý= í ý (3.48)
ïîqL ( s ) ïþ êê 1 A ( s ) ú ïîTL ( s ) ïþ
ú
-
êë B ( s ) B ( s ) úû
37
Os fluxos de calor nas faces devido apenas à temperatura T0(t), com TL(t)=0, são
obtidos pelas transformadas inversas de Laplace nas equações (3.49) e (3.50), enquanto
os fluxos devido apenas a TL(t), com T0(t)=0, são obtidos pelas transformadas inversas
nas equações (3.51) e (3.52).
ïì D ( s ) ïü
q0 ( t ) = L-1 {q0 ( s )} = L-1 í T0 ( s ) ý (3.49)
ïî B ( s ) ïþ
ìï 1 üï
qL ( t ) = L-1 {qL ( s )} = L-1 í T0 ( s )ý (3.50)
ïî B ( s ) ïþ
ìï 1 üï
q0 ( t ) = L-1 {q0 ( s )} = L-1 í- TL ( s ) ý (3.51)
ïî B ( s ) ïþ
ìï A ( s ) üï
qL ( t ) = L-1 {qL ( s )} = L-1 í- TL ( s ) ý (3.52)
îï B ( s ) þï
Figura 3.4 - Construção de um pulso triangular unitário. Adaptado de UNDERWOOD e YIK (2004)
O pulso triangular unitário fT(t) é representado pela equação (3.53) pelo somatório
das três funções rampa fR(t).
38
f R ( t + Dt ) - 2 f R ( t ) + f R ( t - Dt )
fT ( t ) = (3.53)
Dt
Uma vez que a transformada de Laplace de uma função rampa é conhecida e igual
a 1/s2, esta função pode ser usada para representar as temperaturas T0 (s) e TL (s) e os
fluxos de calor qR(t) devido à função rampa podem ser obtidos pelas equações (3.49) a
(3.52). O fluxo de calor devido a um pulso triangular unitário qT(t), que corresponde a um
fator de resposta, é então obtido a partir de qR(t) pela equação (3.54).
qR ( t + Dt ) - 2qR ( t ) + qR ( t - Dt )
qT ( t ) = (3.54)
Dt
TL (s) iguais a 1/s2, não são facilmente obtidas a partir de tabelas de transformadas
inversas. Como as funções A(s), B(s) e D(s) são formadas por diversos termos de senos e
cossenos hiperbólicos, resultado da multiplicação de várias matrizes que representam as
camadas de materiais, é difícil determinar uma expressão única para cada função. Se a
parede for formada por apenas uma camada de material, então A(s) e D(s) são iguais e
apenas as equações (3.49) e (3.50) precisam ser solucionadas.
Da teoria de variáveis complexas, as transformadas inversas de Laplace podem
ser obtidas a partir do Teorema dos Resíduos (DERUSSO et al., 1967).
Segundo este teorema, a integral de uma função F(s) qualquer ao longo de um
òC F ( s ) ds = 2p j å resíduos (3.55)
39
1 a + jR
f ( t ) = L-1 éë F ( s ) ùû = F (s)e
2p j R®¥ òa - jR
st
lim ds (3.56)
1 é d n-1 st ù
ê n-1 ( s - s0 ) F ( s ) e ú
n
resíduo = (3.58)
( n - 1)! ë ds ûs=s 0
Para um polo de ordem n=1, quando F(s) puder ser escrita como
F ( s ) = P ( s ) / R ( s ) e P(s) e R(s) forem funções analíticas em s0, vale a equação (3.60).
Uma função é dita analítica em um ponto no plano complexo se, e apenas se, a função
tem um único valor e sua derivada é finita e única neste ponto, bem como nas redondezas
do ponto (DERUSSO et al., 1967).
é P ( s ) est ù
resíduo = ê ú (3.60)
ëê ( d / ds ) R ( s ) ûú s = s0
Usando a equação (3.57) nas equações (3.49), (3.50) e (3.52), têm-se as equações
(3.61) a (3.63), onde o segundo subscrito nos termos de q representa a face na qual a
função rampa de temperatura é aplicada. Como q0, L ( t ) = -qL,0 ( t ) , calcula-se apenas
D ( s ) est
q0,0 ( t ) = å resíduos de (3.61)
B ( s ) s2
est
qL ,0 ( t ) = å resíduos de (3.62)
B ( s ) s2
40
A ( s ) est
qL, L ( t ) = å resíduos de (3.63)
B ( s ) s2
Figura 3.5 - Comportamento da função B(s) para uma camada homogênea de 200mm de concreto
41
Resolvendo a equação (3.61), o resíduo no polo s=0 com ordem n=2 é obtido pela
equação (3.58) e é calculado pela equação (3.64)
é d æ D ( s ) est öù é D ( s ) D¢ ( s ) D ( s ) B ¢ ( s ) ù
resíduos =0 = ê ç ÷÷ ú = êt + - ú (3.64)
êë ds çè B ( s ) ú ê
ø û s =0 ë B ( s ) B ( s ) B2 ( s ) ûú
s =0
Os resíduos para cada polo βm da função B(s) com ordem n=1 são calculados pela
equação (3.65), onde m=1,2,3 ....
é ù
ê D ( s ) est ú é D ( s ) e bm t ù
resíduos = bm =ê ú =ê 2 ú (3.65)
ê
d 2
(
s B (s) ) ú êë bm B¢ ( s ) úû s = bm
ë ds û s = bm
¥
é D ( s ) D¢ ( s ) D ( s ) B ¢ ( s ) ù é D ( s ) e bmt ù
q0,0 ( t ) = êt + - ú +åê 2 ú (3.66)
ëê B ( s ) B ( s ) B2 ( s ) ûú
s =0 m =1 ê
ë b m B¢ ( s ) ûú
s=b m
Da mesma forma, os fluxos de calor qL,0(t) e qL,L(t) são calculados pelas equações
(3.67) e (3.68), respectivamente.
¥
é 1 1 B¢ ( s ) ù é e bmt ù
qL,0 ( t ) = êt + - 2 ú + åê 2 ú (3.67)
êë B ( s ) B ( s ) B ( s ) úû s =0 m=1 êë bm B¢ ( s ) úû s = bm
¥
é A ( s ) A¢ ( s ) A ( s ) B¢ ( s ) ù é A ( s ) e b mt ù
qL, L ( t ) = êt + - ú + å ê b 2 B¢ ( s ) ú (3.68)
êë B ( s ) B ( s ) B2 ( s ) úû
s =0 m =1 ê
ë m úû s = bm
Como os fluxos de calor calculados acima são resultantes de uma função rampa
de temperatura, é necessário calcular os fluxos de calor resultantes de um pulso triangular
unitário pela equação (3.54). Assim, as três séries de fatores de resposta são definidas
pelas equações (3.69) a (3.71).
42
q0,0 ( t + Dt ) - 2q0,0 ( t ) + q0,0 ( t - Dt )
X (t ) = (3.69)
Dt
qL ,0 ( t + Dt ) - 2qL ,0 ( t ) + qL,0 ( t - Dt )
Y (t ) = (3.70)
Dt
qL , L ( t + Dt ) - 2qL , L ( t ) + qL , L ( t - Dt )
Z (t ) = (3.71)
Dt
Pela Figura 3.4 mostrada anteriormente, nota-se que as funções rampa ocorrem
em diferentes instantes de tempo. No primeiro intervalo de tempo de aplicação da
temperatura, em t=0, apenas a primeira função rampa está presente. Para o próximo
tempo, t=Δt, dois intervalos de tempo se passaram, e as duas primeiras funções rampa
estão presentes. Após três intervalos de tempo, as três funções rampa compõem juntas um
pulso triangular unitário, o que é verificado para todos os instantes de tempo posteriores.
Logo, são determinados três tipos distintos de fatores para cada série X(t), Y(t) e Z(t).
Para a série X(t), têm-se as equações (3.72) a (3.74), respectivamente para t=0,
t=Δt e t=nΔt, onde n2.
q0,0 ( Dt )
¥
é D ( s ) D¢ ( s ) D ( s ) B ¢ ( s ) ù é D ( s ) ebmDt ù
X ( 0) = =ê + - ú + å ê Dt b 2 B¢ ( s ) ú (3.72)
Dt êë B ( s ) DtB ( s ) DtB2 ( s ) úû
s =0 m =1 ê
ë m úû s = bm
(
é D s enbm Dt 1 - e- bm Dt
) ù
2
¥
( ) (3.74)
= å êê ú
ú
m =1 Dt bm2 B¢ ( s )
êë úû s = b
m
Similarmente à série X(t), têm-se as equações (3.75) a (3.77) para a série Y(t) e
(3.78) a (3.80) para a série Z(t).
43
qL,0 ( Dt )
¥
é 1 1 B¢ ( s ) ù é ebmDt ù
Y ( 0) =
Dt
=ê
B ( s )
+
DtB ( s )
-
D 2
( )
ú + å ê
D b 2
¢ ( )
ú (3.75)
ëê tB s ûú s =0 m=1 ëê t m B s ûú s = bm
qL ,0 ( 2Dt ) - 2qL,0 ( Dt ) é 1 B¢ ( s ) ù
Y (1) = = ê- + ú +
Dt êë DtB ( s ) DtB ( s ) úû s =0
2
(3.76)
+å ê
¥
(
é e2 bm Dt - 2ebm Dt ) ùú
m =1 ê Dt bm2 B¢ ( s ) ú
ë û s = bm
(
é enbm Dt 1 - e- bm Dt
)
2ù
¥ (3.77)
= å êê ú
ú
m =1 Dt bm2 B¢ ( s )
êë úû s = b
m
qL, L ( Dt )
¥
é A ( s ) A¢ ( s ) A ( s ) B¢ ( s ) ù é A ( s ) ebmDt ù
Z ( 0) = =ê + - ú + å ê Dt b 2 B¢ ( s ) ú (3.78)
Dt ëê B ( s ) DtB ( s ) DtB2 ( s ) ûú
s =0 ê
m =1 ë m ûú s = b m
qL , L ( 2Dt ) - 2qL , L ( Dt ) é A¢ ( s ) A ( s ) B¢ ( s ) ù
Z (1) = = ê- + ú +
Dt êë DtB ( s ) DtB2 ( s ) úû
s =0
(3.79)
+å ê
¥
(
é A ( s ) e2 bm Dt - 2ebm Dt ) ùú
m =1 ê Dt bm2 B¢ ( s ) ú
ë û s = bm
qL , L ( ( n + 1) Dt ) - 2qL , L ( nDt ) + qL , L ( ( n - 1) Dt )
Z (n) = =
Dt
(
é A s enbm Dt 1 - e- bm Dt
) ù
2
¥
( ) (3.80)
= å êê ú
ú
m =1 Dt bm2 B¢ ( s )
êë úû s = b
m
As funções A(s), B(s) e D(s) são obtidas após a multiplicação das matrizes das
camadas da parede. Como estes coeficientes têm expressões com muitos termos, é difícil
obter uma expressão para ser derivada e obter A'(s), B'(s) e D'(s). Assim, estas derivadas
são obtidas pela regra da cadeia, efetuando as multiplicações conforme a equação (3.81)
sempre que necessário para cada um dos polos.
44
d é A ( s ) B ( s ) ù é A¢ ( s ) B¢ ( s ) ù
ê ú=ê ú=
ds ëC ( s ) D ( s ) û ëC ¢ ( s ) D¢ ( s ) û
é A¢ ( s ) B ¢ ( s ) ù é A ( s ) B ( s ) ù é A ( s ) B ( s ) ù
=ê úê 2
1 1 2 N N
ú ... ê ú+
êC1¢ ( s ) D1¢ ( s ) ú ëC2 ( s ) D2 ( s ) û ëCN ( s ) DN ( s ) û
ë û
(3.81)
é A1 ( s ) B1 ( s ) ù é A2¢ ( s ) B2¢ ( s ) ù é AN ( s ) BN ( s ) ù
+ê úê ú ... ê ú+
C
ë 1 ( s ) D1 ( s ) û ëC2 ( s ) D2 ( s ) úû ëCN ( s ) DN ( s ) û
ê ¢ ¢
é A1 ( s ) B1 ( s ) ù é A2 ( s ) B2 ( s ) ù é AN ¢ ( s ) BN ¢ ( s ) ù
+... + ê úê ú ... ê ú
C
ë 1 ( s ) D1 ( s ) C
ûë 2 ( s ) D2 ( s ) û ëCN ( s ) DN ( s ) úû
ê ¢ ¢
Uma vez calculada a resposta unitária do sistema, ou seja, séries de RF, calculam-
se os fluxos de calor nas faces da parede como resultado de um perfil de temperatura T(t)
qualquer. O fluxo de calor em cada instante de tempo é igual ao valor da temperatura T(t)
naquele instante multiplicado pelo respectivo fator de resposta, T(t)X(t), T(t)Y(t) ou
T(t)Z(t). Pelo princípio de sobreposição das respostas, o somatório dos fluxos de calor em
x=0 e x=L é dado pelas equações (3.82) e (3.83), respectivamente.
¥ ¥
q0 ( t ) = å X ( n ) T0 ( t - n ) - å Y ( n ) TL ( t - n ) (3.82)
n =0 n =0
¥ ¥
qL ( t ) = å Y ( n ) T0 ( t - n ) - å Z ( n ) TL ( t - n ) (3.83)
n =0 n =0
45
¥ ¥
q0 ( t ) = T0 å X ( n ) - TL å Y ( n ) = (T0 - TL )U (3.84)
n =0 n =0
¥ ¥
qL ( t ) = T0 å Y ( n ) - TL å Z ( n ) = (T0 - TL )U (3.85)
n =0 n =0
¥ ¥ ¥
As CTF são obtidas a partir dos RF e tem a vantagem de utilizar menos termos de
temperatura. As CTF são determinadas a partir da percepção de que os últimos termos
das séries X(t), Y(t) e Z(t) são formados apenas por funções exponenciais, como mostram
as equações (3.74), (3.77) e (3.80). A contribuição destes termos no valor final dos fatores
diminui à medida que mais termos são somados, pois os polos da função B(s) tornam-se
cada vez mais negativos (HITTLE, 1981).
Conforme procedimentos apresentados por HITTLE (1981), tomando X(n) como
exemplo, as CTF podem ser determinadas a partir da equação (3.74) reescrita a seguir.
¥
X ( n ) = å gm lmn (3.87)
m =1
Onde:
lm = ebmDt
(
é D s 1 - e - b m Dt
) ù
2
( )
gm = êê ú
ú
Dt b m 2 B ¢ ( s )
êë úû s = b
m
46
Para um valor n=n' muito grande, apenas a contribuição de λ1, referente ao
primeiro polo, é importante no cálculo de X(n). Para valores cada vez menores de n, as
contribuições de λ2, λ3, λ4 e assim sucessivamente, se tornam importantes para X(n). O
primeiro polo é a raiz de B( s ) = 0 que se encontra mais próxima de s=0, o segundo polo
referente a λ2 é a raiz seguinte mais negativa, e assim em diante (HITTLE, 1981).
Considerando o fluxo de calor na equação (3.88), resultado apenas da temperatura
T0(t) na face x=0, para n maior ou igual a um valor n', podem-se escrever os fluxos de
calor para os tempos t e t-1 nas equações (3.89) e (3.90) (HITTLE, 1981).
¥
q0 ( t ) = å X ( n - 1) T0 ( t - n + 1) (3.88)
n =1
q0 ( t ) = X ( 0 ) T0 ( t ) + X (1) T0 ( t - 1) + X ( 2 ) T0 ( t - 2 ) + ... +
(3.89)
+ X ( n¢ - 2 ) T0 ( t - n¢ + 2 ) + g1l1n¢-1T0 ( t - n¢ + 1) + g1l1n¢T0 ( t - n¢ ) + ...
q0 ( t - 1) = X ( 0 ) T0 ( t - 1) + X (1) T0 ( t - 2 ) + X ( 2 ) T0 ( t - 3) + ... +
(3.90)
+ X ( n¢ - 2 ) T0 ( t - n¢ + 1) + g1l1n¢-1T0 ( t - n¢ ) + g1l1n¢T0 ( t - n¢ - 1) + ...
( )
+ g1l1n¢ - l1 g1l1n¢-1 T0 ( t - n¢ ) +
+(g l1 1
n¢+1
- l1 g1l1n¢ ) T (t - n¢ - 1) + ...
0
XX1 ( 0 ) = X ( 0 ) (3.92)
47
Aplicando o mesmo procedimento aos fatores de resposta Y e Z, obtém-se as
outras séries de CTF nas equações (3.94) a (3.97).
YY1 ( 0) = Y ( 0) (3.94)
ZZ1 ( 0 ) = Z ( 0 ) (3.96)
Com as CTF, os fluxos de calor podem ser reescritos conforme equações (3.98) e
(3.99).
n¢-1 n¢-1
q0 ( t ) = å XX1 ( n ) T0 ( t - n ) - å YY1 ( n ) TL ( t - n ) + l1q0 ( t - 1) (3.98)
n =0 n =0
n¢-1 n¢-1
qL ( t ) = å YY1 ( n ) T0 ( t - n ) - å ZZ1 ( n ) TL ( t - n ) + l1qL ( t - 1) (3.99)
n =0 n =0
XX1 ( n ) = g2l2n . Assim, as CTF de ordem od maior ou igual a 2 são definidas pelas
equações (3.100) a (3.105).
XX od ( 0 ) = XX od -1 ( 0 ) (3.100)
48
YYod ( n ) = YYod -1 ( n ) - lod YYod -1 ( n - 1) para n ³ 1 (3.103)
Os fluxos de calor obtidos por CTF de qualquer ordem od são calculados pelas
equações (3.106) e (3.107), onde Nmáx é o valor máximo a partir do qual as CTF de ordem
Nmáx -1 Nmáx -1 od
q0 ( t ) = å XX od ( n ) T0 ( t - n ) - å YYod ( n ) TL ( t - n ) + å Fn q0 ( t - n ) (3.106)
n =0 n =0 n =1
Nmáx -1 Nmáx -1 od
qL ( t ) = å YYod ( n ) T0 ( t - n ) - å ZZod ( n ) TL ( t - n ) + å Fn qL ( t - n ) (3.107)
n =0 n =0 n =1
F3 = l1l2l3
od=4:
F1 = l1 + l2 + l3 + l4
49
F4 = -l1l2l3l4
Uma outra forma de determinar os fluxos de calor nas faces de uma parede é
através do balanço de energia em cada uma das faces. Esta metodologia não utiliza o
conceito de temperatura sol-ar para representar as trocas de calor por convecção e
radiação que ocorrem entre as faces e os ambientes externo e interno. No presente
trabalho, as temperaturas das faces e os fluxos de calor foram calculados simultaneamente
em cada instante de tempo, supondo que a temperatura do ambiente interno é uniforme e
igual a 24°C e apenas convecção para o ar interno foi considerada. As equações de
balanço de energia para cada face seguem a metodologia apresentada por MCQUISTON
et al. (2005).
O balanço de energia na superfície externa leva em conta os ganhos de calor
devido à radiação solar absorvida (qabs), às trocas de calor por convecção com o ar
ambiente (qconv,ext) e à radiação de comprimento de onda longo emitida por outras
superfícies (qrad,ext), além do fluxo de calor por condução avaliado na superfície externa
do elemento construtivo (qcond,ext). A equação de balanço de energia pode ser descrita pela
equação (3.109).
50
qcond ,ext ( t ) = qabs ( t ) + qconv,ext ( t ) + qrad ,ext (t ) (3.109)
O fluxo de calor por condução é calculado pela equação (3.106), onde T0(t) e TL(t)
são as temperaturas nas faces x=0 e x=L, respectivamente, e a matriz de transferência da
parede é formada apenas pela multiplicação das matrizes das camadas de material, sem
considerar as matrizes dos filmes de ar adjacentes às faces. A partir da equação (3.106),
escreve-se a equação (3.110) para qcond,ext(t), para uma ordem od qualquer de CTF, onde
Tse(t) e Tsi(t) representam as temperaturas nas faces x=0 e x=L, respectivamente, em cada
tempo t. Como pode ser escolhida qualquer ordem, as CTF serão representadas na
equação sem especificar o subscrito da ordem.
Nmáx -1
qcond ,ext ( t ) = XX ( 0 ) Tse ( t ) + å XX ( n ) Tse ( t - n ) - YY ( 0 ) Tsi ( t ) -
n =1
(3.110)
Nmáx -1 od
qabs ( t ) = as Et (t ) (3.111)
2 2
hc (t ) = éC ( DT )1/3 ù + é aV b ù (3.113)
ë t û ë oû
51
A constante referente à convecção natural (Ct) e as constantes a e b são obtidas da
Tabela 3.1. Na equação (3.113), ȟT é a diferença entre as temperaturas da superfície
externa e do ar externo em °C e Vo é a velocidade do vento em m/s. Segundo ASHRAE
(2013) para Teresina, Vo=2,0 m/s com direção de 150° a partir do norte e para Rio de
Janeiro, Vo=3,9 m/s com direção de 30° a partir do norte.
( )
qrad ,ext ( t ) = hr , g (t ) Tg (t ) - Tse ( t ) + hr ,céu (t ) (Tcéu (t ) - Tse ( t ) ) (3.114)
52
Os coeficientes hr,g e hr,céu são determinados pelas equações (3.115) e (3.116)
(MCQUISTON et al., 2005).
(
é Fs , g Tg4 (t ) - Tse4 ( t )
hr , g (t ) = es ê
) ùú (3.115)
ê Tg (t ) - Tse ( t ) ú
ë û
hr ,céu (t ) = es
é Fs ,céu Tcéu
ê
4
((t ) - Tse4 ( t ) ) ùú (3.116)
ê Tcéu (t ) - Tse ( t ) ú
ë û
Nmáx -1 Nmáx -1 od
Qext ( t ) = å XX ( n ) Tse ( t - n ) - å YY ( n ) Tsi ( t - n ) + å Fn qcond ,ext ( t - n ) (3.118)
n =1 n =1 n =1
53
condução nesta superfície é igual ao fluxo de calor por convecção que sai da mesma,
resultando na equação (3.119) para a temperatura Tsi(t).
Nmáx -1 Nmáx -1 od
Qint ( t ) = å YY ( n ) Tse ( t - n ) - å ZZ ( n ) Tsi ( t - n ) + å Fn qcond ,int ( t - n ) (3.120)
n =1 n =1 n =1
54
Capítulo 4 - Normas ABNT NBR 15220 e
ISO 13786
Neste capítulo, serão apresentadas as equações das normas ABNT NBR 15220 e
ISO 13786 para cálculo de atraso térmico e características térmicas de paredes e
coberturas.
r cp
j = 1,382e (4.1)
3, 6k
j = 0, 7284 Rt CT (4.2)
Rt = e / k (4.3)
CT = ercp (4.4)
55
Para um elemento heterogêneo formado por N camadas de materiais dispostas
paralelamente umas às outras, o atraso térmico é determinado pela equação (4.5). Caso a
variável B2 seja negativa, deve-se considerar um valor nulo.
j = 1,382 Rt B1 + B2 (4.5)
Onde:
B0
B1 = 0, 226
Rt
æ ( k r cp ) öæ R - Rext ö
B2 = 0, 205 ç ext ÷ ç Rext - t
ç ÷ 10 ø÷
øè
Rt
è
B0 = CT - CText
CText: capacitância térmica da camada externa do elemento;
ext: refere-se à última camada do elemento, próxima da face externa.
Nmáxc Nmáxa
Rt = å Ri + å Rar , j (4.6)
i =1 j =1
Aa + Ab + ... + An
Rt = (4.7)
Aa Ab A
+ + ... + n
Ra Rb Rn
56
Figura 4.1 - Elemento com camadas homogêneas e não homogêneas. Adaptado de ABNT NBR 15220-2
Define-se ainda a resistência térmica total RT, equação (4.8), que inclui além das
resistências das camadas, as resistências das camadas de ar adjacentes às superfícies
externa (Rse) e interna (Rsi), definidas na Tabela 4.1.
N
CT = å ei ri c pi (4.9)
i =1
57
Para um elemento com camadas homogêneas e não homogêneas, como o da
Figura 4.1, a capacitância térmica é definida pela equação (4.10), onde CTn são as
capacitâncias térmicas das n seções de materiais, calculadas pela equação (4.9).
Aa + Ab + ... + An
CT = (4.10)
Aa A A
+ b + ... + n
CTa CTb CTn
kT
d= (4.11)
pr c p
58
complexas da temperatura e do fluxo de calor na face oposta, sendo descrita pela equação
(4.12). A variável ߠ é a temperatura na face interna, representada por 1, ou externa,
representada por 2, do elemento, e q é o fluxo de calor.
æq ö æ Z Z öæ q ö
Z = ç 2 ÷ = ç 11 12 ÷ç 1 ÷ (4.12)
è q2 ø è Z21 Z22 øè q1 ø
e
x= (4.13)
d
A matriz Z para uma camada de ar, que é uma camada puramente resistiva, é
calculada pela equação (4.17), onde Ra é a resistência térmica da camada de ar que
representa a transferência de calor por convecção e radiação.
æ 1 - Ra ö
Za = ç ÷ (4.17)
è0 1 ø
59
æZ Z12 ö
Zel = ç 11 ÷ = Z N Z N -1...Z3Z2 Z1 (4.18)
è Z 21 Z 22 ø
Uma vez que a matriz que representa o elemento (ZT) é conhecida, é possível
determinar a admissão térmica Ytt. A grandeza Ytt representa a amplitude complexa do
fluxo de calor através da face t dividida pela amplitude complexa da temperatura
verificada no mesmo lado da face t, quando a temperatura na face oposta é mantida
constante. É definida por Ytt = qt / qt .
Para a face interna do elemento, calcula-se Y11 e para a face externa, Y22, conforme
equações (4.20) e (4.21). Define-se ainda o atraso térmico dessa grandeza pela equação
(4.22), onde o argumento é avaliado entre 0 e 2π.
Z11
Y11 = - (4.20)
Z12
Z 22
Y22 = - (4.21)
Z12
T
DtY = arg (Ytt ) (4.22)
2p
Define-se Y12 pela equação (4.23), e Y21 = Y12 . O atraso térmico dessa grandeza é
definido pela equação (4.24), onde o argumento é válido entre -2π e 0.
60
1
Y12 = - (4.23)
Z12
T
Dt f = arg (Y12 ) (4.24)
2p
Y12
f = (4.25)
U
1
k= Ytt - Ytu (4.26)
w
Ct = Akt (4.27)
A capacitância térmica por área pode ser determinada para a face interna pela
equação (4.28) e para a externa pela equação (4.29).
T Z11 - 1
k1 = (4.28)
2p Z12
T Z22 - 1
k2 = (4.29)
2p Z12
61
Capítulo 5 - Modelo Solar
O modelo solar recomendado por ASHRAE (2013) foi adotado para calcular a
radiação solar total incidente nas superfícies externas das estruturas, as temperaturas de
bulbo seco do ar e, posteriormente, as temperaturas sol-ar das cidades de Teresina e Rio
de Janeiro para as 24 horas do dia de interesse.
As temperaturas sol-ar de Teresina e Rio de Janeiro foram determinadas para o
21º dia dos meses mais quentes do ano nestas cidades, respectivamente, outubro e
fevereiro, conforme indicado por ASHRAE (2013).
O 21º dia do mês foi escolhido, pois ASHRAE (2013) apresenta os dados
utilizados no modelo solar para o 21º dia de todos os meses do ano, já que neste dia nos
meses de dezembro e junho ocorrem os solstícios de verão, e inverno e em março e
setembro acontecem os equinócios de outono e primavera no hemisfério sul.
A cidade de Teresina se localiza a 5,05° de latitude sul e 42,82° de longitude oeste,
enquanto o Rio de Janeiro se localiza a 22,9° de latitude sul e 43,17° de longitude oeste.
O fuso horário das cidades é igual a -3 horas com relação ao meridiano padrão e não foi
considerado horário de verão. O 21º dia do mês de outubro é o 294º dia do ano e o 21º
dia de fevereiro é o 52º dia.
ïì é
Eo = Esc í1 + 0, 033cos ê360°
( n - 3) ù ïü
úý (5.1)
îï ë 365 û þï
62
Como a velocidade da Terra varia ao longo do ano, a hora solar aparente (AST,
apparent solar time) varia quando comparada com a hora do dia padrão. Esta variação
entre as horas é chamada de equação do tempo (ET, equation of time), medida em minutos
e calculada pelas equações (5.2) e (5.3).
n -1
G = 360° (5.2)
365
A AST é calculada pela equação (5.5) em horas decimais, onde LST (local
standard time) é a hora local padrão em horas decimais, LSM (local standard meridian)
é a longitude do meridiano padrão local medida em graus a leste de Greenwich e LON
(longitude) é a longitude local, também em graus a leste de Greenwich. A longitude do
meridiano padrão local é calculada pela equação (5.4) a partir do fuso horário local (TZ,
time zone).
Quando é necessário adotar horário de verão, deve-se calcular LST pela equação
(5.6), em que DST (daylight saving time) é a hora local no horário de verão.
O ângulo de declinação solar (Ɂ) corresponde ao ângulo formado entre uma linha
imaginária que liga a Terra ao Sol e o plano equatorial. Como o ângulo equatorial da
Terra é deslocado 23,45° em relação ao plano orbital, o ângulo de declinação varia ao
longo do ano, influenciando as mudanças de estações do ano. Este ângulo é estimado pela
equação (5.7).
æ n + 284 ö
d = 23, 45sin ç 360° ÷ (5.7)
è 365 ø
63
O ângulo de hora (H) é definido como o deslocamento angular do sol para leste
ou oeste do meridiano local, em virtude da rotação da Terra. Este ângulo é definido em
graus pela equação (5.8), sendo zero ao meio dia local, positivo após o meio dia e negativo
antes do meio dia.
H = 15 ( AST - 12 ) (5.8)
O ângulo de altitude solar (β) é definido como o ângulo entre um plano horizontal
e uma linha imaginária que liga um ponto local ao sol, de acordo com a equação (5.9),
onde LAT é a latitude local definida em graus em relação ao hemisfério norte, sendo
negativa no hemisfério sul. Quando o sol está no horizonte, o ângulo de altitude é zero e,
quando está diretamente acima do local de interesse, corresponde a 90°. Valores negativos
de β correspondem ao período da noite.
cos f = ( cos H cos d sin LAT - sin d cos LAT ) / cos b (5.11)
(
ED = Eo exp -t b mab ) (5.12)
64
(
Ed = Eo exp -t d mad ) (5.13)
-1,6364 ù
m = 1/ ésin b + 0,50572 ( 6, 07995 + b ) (5.14)
ë û
Os coeficientes ɒb e ɒd são tabelados para cada 21º dia do mês para cada
localidade. Eles caracterizam as influências das condições locais, como altitude e
precipitações, sobre a radiação solar. Para Teresina, tb = 0, 415 e td = 2, 474 e para Rio
65
Tabela 5.1 - Ângulos de azimute
Orientação Norte Leste Sul Oeste Cobertura
Ângulo de azimute (ψ) 180° -90° 0° 90° 0°
g = f -y (5.17)
Por fim, o ângulo de incidência (Ʌ) é definido como o ângulo entre a normal à
superfície e a linha imaginária entre o sol e o ponto de interesse. Este ângulo de definido
pela equação (5.18).
A irradiação total incidente (Et) em uma superfície é formada pelo somatório dos
componentes de radiação direta (EtD), difusa (Etd) e refletida a partir do solo (EtR) ao redor
da superfície.
A radiação solar direta originária do disco solar é calculada pela equação (5.19),
sendo válida apenas quando o cosseno do ângulo de incidência for maior do que zero,
caso contrário EtD = 0 .
A radiação solar difusa pode ser estimada, para uma superfície vertical, a partir da
razão Y entre a radiação difusa incidente em uma superfície vertical e a radiação difusa
incidente em uma superfície horizontal, conforme equações (5.20) e (5.21).
Etd = Ed Y (5.20)
66
(
Y = máx 0, 45; 0,55 + 0, 437 cos q + 0,313cos 2 q ) (5.21)
1 - cos S
EtR = ( ED sin b + Ed ) r g (5.24)
2
A temperatura de bulbo seco do ar externo (TBS) para cada uma das 24 horas do
21º dia dos meses é calculada pela equação (5.25). A temperatura de pico do mês (Tpico)
foi escolhida para a condição de 0,4% de frequência, tabelada por ASHRAE (2013). Esta
condição define o valor da temperatura que ocorre ou é excedido durante três horas do
mês. Para a cidade de Teresina esta temperatura é igual a 39,5°C, no mês de outubro, e
para Rio de Janeiro é 35,2°C, no mês de fevereiro.
A faixa de temperatura média (TM) é definida como o valor médio da diferença
entre a temperatura de bulbo seco máxima e mínima diária para o respectivo mês. Para
Teresina, em outubro, este valor corresponde a 12,4°C e para Rio de Janeiro, em fevereiro,
corresponde a 6,3°C.
A fração (FR) da faixa de temperatura média para cada hora é obtida da Tabela
5.2. O valor da fração é determinado pela AST de cada hora do dia, efetuando as devidas
interpolações quando necessário.
67
Tabela 5.2 - Frações de temperatura diárias
Hora (h) Fração (FR) Hora (h) Fração (FR) Hora (h) Fração (FR)
1 0,88 9 0,55 17 0,14
2 0,92 10 0,38 18 0,24
3 0,95 11 0,23 19 0,39
4 0,98 12 0,13 20 0,50
5 1,00 13 0,05 21 0,59
6 0,98 14 0,00 22 0,68
7 0,91 15 0,00 23 0,75
8 0,74 16 0,06 24 0,82
Retirado de ASHRAE (2013)
68
Capítulo 6 - Resultados e Discussões
Os resultados apresentados neste capítulo foram obtidos pelo método dos fatores
de resposta, implementado em um programa escrito em FORTRAN. As simulações foram
realizadas em um computador com processador Intel Core i7 4510 2.60 GHz.
É apresentada uma análise da influência das características das camadas de
materiais das estruturas opacas sobre a localização dos polos da função B(s).
Uma vez calculados os polos e determinados os fatores de resposta, foi possível
obter as CTF necessárias para calcular os fluxos de calor pelo método HBM. Os
resultados obtidos pelo RFM e pelo balanço de energia nas faces das estruturas puderam
ser verificados com os resultados calculados pelos PRF usados no método RTSM,
implementado no aplicativo de cálculo desenvolvido por SPITLER (2009). Assim, foi
possível garantir a validade dos resultados obtidos pelo programa desenvolvido e, ao
mesmo tempo, comparar as metodologias de cálculo dos métodos HBM e RTSM.
As simulações realizadas pelo RFM no programa em FORTRAN e pelo aplicativo
desenvolvido por SPITLER (2009) utilizaram as informações de temperatura sol-ar do
21º dia do mês mais quente do ano das cidades de Teresina e Rio de Janeiro.
Através da análise dos gráficos dos fluxos de calor nas faces das estruturas opacas
selecionadas, foi possível determinar o atraso térmico destas estruturas e no fim, comparar
os resultados obtidos pela metodologia de fatores de resposta com os obtidos pelas
metodologias de cálculo das normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786. Assim, foi possível
determinar quais configurações de estruturas opacas proporcionam maior redução dos
ganhos de calor em edificações.
A função de transferência B(s) foi obtida após a multiplicação das matrizes que
representam cada uma das camadas de material da estrutura opaca, como foi apresentado
no capítulo 3. Cada matriz foi gerada pelo programa a partir dos dados de espessura,
condutividade térmica, densidade e calor específico do material de cada camada. Com
estes dados, a multiplicação das matrizes foi efetuada para diversos valores da variável
complexa s, sendo possível gerar o gráfico de B(s). Para exemplificar o comportamento
típico de uma função B(s), a Figura 6.1 mostra o gráfico desta função para uma parede
69
formada por uma camada homogênea de 10cm de concreto, com k = 1,75 W/(mήK), ρ =
2400 kg/m3 e cp = 1000 J/(kgήK) (ABNT NBR 15220-2)
70
Figura 6.2 - Polos de B(s) delimitados pelas raízes de A(s)
B (s) =
R sinh ( sRC ) =0 (6.1)
sRC
- m2p 2
bm = com m=1,2,3... (6.2)
RC
71
Os primeiros dez polos da parede de 10cm de concreto calculados pela equação
(6.2) e pelo método da bisseção são apresentados na Tabela 6.1.
Pela Tabela 6.1 percebe-se que o método da bisseção se mostrou bastante eficaz
para determinar os polos. Mesmo com um passo de procura pequeno, o programa levou
menos de um segundo para calcular os dez primeiros polos desta parede.
O comportamento da função B(s) e a localização dos polos é dependente das
características das camadas de materiais, representadas pela espessura (L), a
condutividade térmica (k), a densidade (ρ) e o calor específico (cp) do material da camada.
Estas propriedades definem a resistência térmica, R = L / k , e a capacitância térmica,
C = L r c p , de cada camada e foram analisadas para investigar as características de B(s).
72
a) b)
Figura 6.3 - Função B(s) para uma parede de a) 5cm de concreto e b) 20cm de concreto
73
Tabela 6.2 - 10 primeiros polos para a parede homogênea de 20 cm de concreto
Tabela 6.3 - Propriedades das camadas de uma parede com três camadas
Condutividade Calor
Espessura Densidade
Material Térmica Específico
(mm) ρ (kg/m3)
k (W/(mήK)) cp (J/(kgήK))
Argamassa externa 25 1,15 2000 1000
Tijolo 90 0,9 1300 920
Argamassa interna 25 1,15 2000 1000
Retirado de ABNT NBR 15220-2
A Figura 6.4 a) mostra que a função apresenta oscilações menos regulares do que
os exemplos apresentados anteriormente, com polos muito próximos uns dos outros perto
da origem. A Figura 6.4 b) mostra os dez primeiros polos da função e a Tabela 6.4 mostra
os valores calculados pelo método da bisseção. Uma vez que a matriz de transmissão da
parede é obtida após a multiplicação das matrizes das três camadas, a equação (6.2) obtida
analiticamente não é mais válida para calcular os polos, sendo necessário adotar um
procedimento numérico como o método da bisseção.
74
a) b)
Figura 6.4 - Trecho de B(s) a) para parede com três camadas e b) os dez primeiros polos da função
Para uma parede formada por argamassa externa, tijolo, lã de rocha, tijolo e
argamassa interna, cujas propriedades da lã de rocha são L = 40mm, k = 0,045 W/(mήK),
ρ = 200 kg/m3 e cp = 750 J/(kgήK), a Figura 6.5 mostra que a função B(s) apresenta
oscilações menos regulares do que os exemplos anteriores.
a) b)
Figura 6.5 - Função B(s) a) para uma parede com cinco camadas e b) primeiros polos da função
75
A Figura 6.5 b) mostra cerca de 20 polos da função. Alguns polos estão
localizados muito próximos uns dos outros, enquanto outros estão mais afastados. Em
comparação com a Figura 6.4 b), percebe-se a maior quantidade de polos na Figura 6.5
b) para o mesmo trecho de s e o comportamento bastante irregular da função. A diferença
76
Tabela 6.5 - Propriedades das camadas de uma parede com cinco camadas
Condutividade Calor
Espessura Densidade
Material Térmica Específico
L (mm) ρ (kg/m3)
k (W/(mήK)) cp (J/(kgήK))
Tijolo 101,6 0,89 1920 790
Camada de ar R = 0,15 W/(m2ήK)
a) b)
Figura 6.6 - Quantidade de polos das paredes com a) três camadas e b) cinco camadas
Os primeiros fatores de resposta de cada série para a parede com três camadas são
apresentados na Tabela 6.6. O somatório de cada série convergiu para o coeficiente global
de transferência de calor (U), que é a condição necessária a ser satisfeita para o caso de
77
regime permanente. O erro relativo adotado como critério de convergência dos
somatórios das séries foi de 10-8 , sendo necessários um total de 13 fatores de resposta
para caracterizar os fluxos de calor nas faces da parede. Como esta parede é simétrica, as
séries X e Z são iguais, como pode ser percebido pelos resultados na Tabela 6.6.
Percebe-se que o primeiro fator de resposta das séries X e Z são muito maiores do
que o primeiro da série Y. No caso da série X, que representa o fluxo de calor na face
externa devido à temperatura aplicada nesta face, a temperatura verificada no instante de
tempo de interesse deve ser multiplicada pelo fator X(0). Como este é o maior fator, esta
temperatura é a que tem a maior contribuição para o fluxo de calor na face. As
temperaturas em tempos anteriores têm influência menor sobre o fluxo de calor, como
pode ser percebido pelos fatores de resposta negativos e cada vez menores da série. A
série Z tem um comportamento similar, mas caracterizando o fluxo de calor na face
interna da parede.
A série Y, que representa o fluxo de calor em uma das faces como consequência
da temperatura verificada na face oposta, possui fatores menores do que as outras séries,
indicando menor parcela de contribuição sobre o fluxo de calor na face. Tomando como
exemplo o fluxo de calor na face interna da parede, devido às variações de temperatura
na face externa, em um instante de tempo t o fluxo de calor causado pela temperatura é
igual Y(0)ήT(t), e no instante t-1 é igual a Y(1)ήT(t-1). Sendo Y(1) maior do que Y(0), a
78
temperatura T(t-1) tem maior contribuição sobre o fluxo de calor na face no instante t,
mostrando que o fluxo de calor leva certo tempo para atingir a face oposta.
Para a parede com cinco camadas, os primeiros fatores de resposta das séries são
apresentados na Tabela 6.7. Percebe-se que o somatório dos fatores em cada série
converge para o coeficiente U. Contudo, para esta parede foram necessários 606 fatores
em cada série para atingir a convergência necessária com tolerância de 10-8 ,
evidenciando a influência das camadas sobre a quantidade de fatores que caracterizam a
parede.
Como mostra a Tabela 6.7, as séries X e Z não são iguais para esta parede, já que
a parede não é simétrica. Os fatores da série Y são muito menores do que os da parede
com três camadas. Isto significa que as variações de temperatura em uma das faces na
parede com cinco camadas têm menor influência no fluxo de calor da face oposta do que
no caso da parede anterior. Paredes como a parede de três camadas podem não ser
adequadas para determinadas condições climáticas locais extremas, pois permitem que
maior quantidade de calor seja transferida para o interior do ambiente, aumentando a
carga térmica, ao contrário da parede com cinco camadas, que proporciona maior
amortecimento do fluxo de calor através da parede. Os gráficos de fatores de resposta
podem ser visualizados na Figura 6.7.
79
a) b)
Figura 6.7 - Fatores de resposta da parede com a) três camadas e b) cinco camadas
Uma vez que os somatórios dos RF em cada série calculados pelo programa
desenvolvido convergiram para o coeficiente U das paredes apresentadas, considerou-se
que os resultados obtidos pelo programa são confiáveis. Como última verificação dos
resultados, foi realizada a comparação das CTF calculadas pelo programa e as CTF
calculadas pelo programa PRF/RTF generator de IU (2002).
Para determinar a ordem de CTF a ser utilizada para cada tipo de estrutura opaca,
o programa em FORTRAN calcula as CTF para o máximo de dez ordens e seleciona
aquela que requer menor quantidade de termos de temperatura. Para efetuar as
comparações com o programa de IU (2002) foi selecionada a ordem com o mesmo
número de termos de CTF determinados pelo PRF/RTF generator.
O programa desenvolvido por IU (2002) tem como objetivo principal calcular as
séries de PRF e de RTF, usados no método RTSM, mas também calcula as CTF. O
programa utiliza o método de estado de espaço para calcular as CTF e, portanto, os
resultados obtidos possuem algumas divergências com relação aos resultados do
programa desenvolvido neste trabalho, que utiliza o método de Laplace.
A Tabela 6.8 mostra as CTF de quarta ordem obtidas pelo programa FORTRAN
para a parede com três camadas, onde é possível perceber que o somatório de cada série
convergiu para o coeficiente de transferência de calor modificado mostrado na tabela. A
Tabela 6.9 mostra as CTF calculadas pelo programa PRF/RTF generator, assim como o
somatório de cada série.
80
Tabela 6.8 - CTF calculadas pelo programa FORTRAN para a parede com três camadas
Tabela 6.9 - CTF calculadas pelo programa PRF/RTF generator para a parede com três camadas
Observando os resultados das duas tabelas, é possível notar que os valores das
CTF calculadas pelos programas são um pouco diferentes, embora os coeficientes U
modificados obtidos pelos dois programas tenham resultados praticamente idênticos, com
erro menor do que 1% em relação aos resultados do programa PRF/RTF generator. Erros
numéricos dos métodos podem estar associados a diferenças nas CTF, mas sob condições
de regime permanente os somatórios dos termos de cada série devem convergir para o
mesmo valor independentemente do método utilizado (IU, 2002). IU (2002) apresentou
como fonte de erros comum ao RFM baseado na transformada de Laplace, o valor da
tolerância para determinar os polos da função B(s). Para o método de estado de espaço, o
número de nós utilizado na discretização da parede é uma das fontes de erros para a
precisão dos cálculos de CTF.
Para a parede com cinco camadas, a Tabela 6.10 mostra os resultados obtidos pelo
programa em FORTRAN e a Tabela 6.11, os resultados obtidos pelo PRF/RTF generator.
81
Tabela 6.10 - CTF calculadas pelo programa FORTRAN para a parede com cinco camadas
Tabela 6.11 - CTF calculadas pelo programa PRF/RTF generator para a parede com cinco camadas
CTF_X CTF_Y CTF_Z F
1 2,053371E+01 -2,604036E-08 4,304121E+00 1,914105E+00
2 -5,084699E+01 1,031130E-04 -1,201255E+01 -1,162609E+00
3 4,307098E+01 1,233625E-03 1,221514E+01 2,515256E-01
4 -1,446183E+01 2,079301E-03 -5,449113E+00 -1,271638E-02
5 1,770057E+00 7,408497E-04 9,926166E-01 1,793768E-04
6 -6,214083E-02 6,036918E-05 -4,657284E-02 -6,828118E-07
7 4,397173E-04 1,095553E-06 5,783286E-04 8,097987E-10
8 -1,141358E-06 4,210800E-09 -1,368729E-06 -1,359011E-13
9 1,048431E-09 3,212003E-12 7,850474E-10 -
Soma 4,218326E-03 4,218331E-03 4,218330E-03 -
O somatório dos termos em cada série de CTF nas tabelas anteriores convergiu
para o valor do coeficiente U modificado para CTF de oitava ordem. Contudo, percebe-
se que as diferenças entre os resultados dos dois programas são maiores para este
exemplo. Com relação ao somatório dos termos das séries, há um erro de
aproximadamente 4,7% com relação aos dados do PRF/RTF generator. Os erros podem
82
estar associados à tolerância para o cálculo dos polos no programa em FORTRAN e ao
número de nós no domínio no PRF/RTF generator.
O número de termos de CTF que caracterizam cada parede depende da massa da
parede. Paredes com muitas camadas e mais massa necessitam de mais termos de CTF
independentemente do método utilizado (IU, 2002). A parede com cinco camadas testada
precisou de nove termos de CTF, enquanto a parede com três camadas utilizou apenas
cinco termos de CTF.
A partir dos exemplos anteriores, nota-se a redução da quantidade de termos de
temperatura após a inclusão de termos de fluxo de calor em tempos anteriores. A parede
com três camadas utiliza treze termos de temperatura, enquanto só precisa de cinco termos
de temperatura se utilizadas as CTF com quatro termos de fluxo de calor. Para a parede
com cinco camadas, a redução de termos de temperatura é ainda mais evidente, já que são
necessários 606 termos de temperatura, enquanto apenas nove temperaturas são
necessárias se utilizadas as CTF de oitava ordem.
Portanto, os resultados aqui apresentados mostraram que os RF e as CTF
calculadas pelo programa desenvolvido estão de acordo com resultados obtidos da
literatura. Conclui-se que as CTF calculadas pelo programa em FORTRAN e,
consequentemente, os fatores de resposta do quais as CTF são derivadas, são confiáveis
para as simulações.
83
Figura 6.8 - Temperatura sol-ar de paredes no 21º dia do mês de outubro em Teresina
Figura 6.9 - Temperatura sol-ar de paredes no 21º dia do mês de fevereiro no Rio de Janeiro
84
calculadas pelo programa em FORTRAN estão de acordo com os resultados do aplicativo
de SPITLER (2009).
Figura 6.10 - Temperatura sol-ar de coberturas no 21º dia do mês de outubro em Teresina
Figura 6.11 - Temperatura sol-ar de coberturas no 21º dia do mês de fevereiro no Rio de Janeiro
85
calcular os fluxos de calor nas faces de paredes externas e determinar o respectivo atraso
térmico.
As paredes avaliadas neste trabalho estão especificadas na Tabela 6.12 e as
propriedades de cada uma das camadas, na Tabela 6.13.
86
Assim, a resistência e a capacitância térmica de um tijolo com seis furos de 3 x
3 cm, espessura de 9cm, comprimento de 24cm e altura de 14cm é igual a R = 0,1855
(m²∙K)/W e C = 57,96 kJ/(m²∙K).
O painel de PVC consiste em um material pré-fabricado formado por uma
mistura de argamassa, poliestireno expandido e PVC com espessura L = 65mm. Suas
propriedades termofísicas foram obtidas por medições sendo obtidos os seguintes
resultados: k = 0,344 W/(m∙K), cp = 1,073 kJ/(kg∙K) e ρ = 948 kg/m³ (BATISTA, 2001).
Em todas as simulações, a temperatura do ar no interior da edificação é constante
e igual a 24°C. As resistências das camadas de ar adjacentes às superfícies foram retiradas
da norma ABNT NBR 15220-2: Rse = 0,04 (m²∙K)/W para a resistência externa e Rsi =
0,13 (m²∙K)/W para a resistência interna.
A Figura 6.12 mostra os fluxos de calor nas faces externa e interna da parede 1
para as quatro orientações analisadas em Teresina, enquanto a Figura 6.13 mostra os
resultados para a cidade do Rio de Janeiro. Esta parede possui uma configuração simples
e pode ser encontrada em diversas construções brasileiras.
a) b)
Figura 6.12 - Fluxo de calor na parede 1 em Teresina: a) face externa e b) face interna
87
e os respectivos horários para calcular o atraso térmico da parede. Estes resultados estão
resumidos na Tabela 6.14 e na Tabela 6.15.
a) b)
Figura 6.13 - Fluxo de calor na parede 1 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
Tabela 6.15 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 1 no Rio de Janeiro
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 192,15 426,78 100,79 356,84
Pico interno (W/m2) 74,59 105,67 52,34 120,47
Atraso térmico (h) 5 5 6 3
Amortecimento (W/m2) 117,56 321,10 48,44 236,37
88
máximo fluxo da parede norte é maior do que da parede sul. Este comportamento foi
verificado para todas as paredes testadas.
O coeficiente U da parede 1, considerando as resistências das camadas de ar
adjacentes às faces externa e interna, é igual a 3,19 W/(m2∙K), sendo maior do que o limite
máximo de 2,20 W/(m2∙K) recomendado pela ABNT NBR 15220-3 para paredes na
cidade de Teresina. Com relação ao atraso térmico, a norma ABNT NBR 15220-3
recomenda valores maiores do que 6,5 horas. Apenas a parede sul possui atraso térmico
de acordo com o recomendado pela norma, levando a concluir que esta configuração de
camadas não é muito recomendada para esta cidade, especialmente nas paredes voltadas
para o oeste, que têm o menor atraso térmico e os maiores ganhos de calor na face interna.
O valor de U desta parede atende à recomendação da norma para o Rio de Janeiro
(U < 3,60 W/(m2∙K)), embora não atenda quanto ao atraso térmico (φ ≤ 4,3 horas), pois a
norma recomenda o uso de paredes refletoras. Como a absortividade da superfície externa
da parede não foi abordada no presente trabalho, serão levadas em consideração apenas
as recomendações para o clima de Teresina, onde devem-se utilizar paredes de grande
inércia térmica.
A Figura 6.14 mostra os resultados da parede 2 em Teresina e a Figura 6.15 no
Rio de Janeiro. É possível perceber que os fluxos de calor nesta parede possuem um
comportamento semelhante ao da parede 1, mas com valores pouco mais baixos. Um
resumo dos resultados obtidos é apresentado na Tabela 6.16 e na Tabela 6.17. Em média,
a redução do máximo fluxo de calor na face interna das paredes para as quatro orientações
tanto em Teresina quanto no Rio de Janeiro foi de aproximadamente 15%. Novamente, o
menor atraso térmico foi verificado na parede oeste.
a) b)
Figura 6.14 - Fluxo de calor na parede 2 em Teresina: a) face externa e b) face interna
89
a) b)
Figura 6.15 - Fluxo de calor na parede 2 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
Tabela 6.17 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 2 no Rio de Janeiro
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 146,96 381,37 75,76 273,84
Pico interno (W/m2) 62,89 91,18 43,04 104,95
Atraso térmico (h) 5 5 5 3
Atenuação (W/m2) 84,07 290,19 32,73 168,89
O valor de U desta parede é igual a 2,51 W/(m2∙K), sendo acima do limite 2,20
W/(m2∙K) recomendado pela norma brasileira. Novamente, apenas a parede sul em
Teresina tem atraso térmico de acordo com o recomendado pela norma.
Os resultados da parede 3 estão apresentados na Figura 6.16 e na Figura 6.17. Em
comparação com as duas paredes anteriores, percebe-se a grande redução do fluxo de
calor na face interna da parede. Um resumo dos resultados está apresentado na Tabela
6.18 e na Tabela 6.19.
90
Embora a utilização de tijolo furado na parede 2 tenha proporcionado a redução
dos fluxos de calor na face interna da parede, o uso de dupla camada de tijolo maciço com
uma camada de ar central proporcionou uma redução mais significativa.
a) b)
Figura 6.16 - Fluxo de calor na parede 3 em Teresina: a) face externa e b) face interna
a) b)
Figura 6.17 - Fluxo de calor na parede 3 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
91
Tabela 6.19 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 3 no Rio de Janeiro
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 177,18 413,06 86,80 333,56
Pico interno (W/m2) 31,26 41,06 24,48 45,93
Atraso térmico (h) 8 9 10 6
Atenuação (W/m2) 145,92 372,00 62,32 287,63
a) b)
Figura 6.18 - Fluxo de calor na parede 4 em Teresina: a) face externa e b) face interna
92
a) b)
Figura 6.19 - Fluxo de calor na parede 4 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
Tabela 6.21 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 4 no Rio de Janeiro
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 170,83 408,68 79,78 320,56
Pico interno (W/m2) 12,63 16,55 10,15 17,95
Atraso térmico (h) 10 11 11 8
Atenuação (W/m2) 158,20 392,12 69,63 302,61
Com relação à parede 1, formada por apenas uma camada de tijolo, a parede 4 em
Teresina proporcionou reduções de 82% nos fluxos de calor das paredes orientadas a norte
e sul, 84% para a parede a leste e 85% para a parede a oeste.
93
No Rio de Janeiro, a parede 4 proporcionou reduções de 83%, 84%, 81% e 85%
nos fluxos de calor da face interna das paredes orientadas a norte, leste, sul e oeste,
respectivamente. Os atrasos térmicos para as quatro orientações são maiores do que o que
foi verificado para as paredes anteriores tanto para Teresina quanto para Rio de Janeiro.
O valor de U = 0,77 W/(m2∙K) para esta parede está em conformidade com o
limite máximo de 2,20 W/(m2∙K). O atraso térmico também atende à recomendação de φ
≥ 6,5 horas para paredes com grande inércia térmica.
A parede 5 foi a configuração que apresentou os maiores fluxos de calor na face
interna das paredes, como pode ser visualizado na Figura 6.20 e na Figura 6.21. Na Tabela
6.22 e na Tabela 6.23, percebe-se que esta parede tem o menor atraso térmico dentre todas
analisadas. O valor de U = 2,79 W/(m2∙K) e o atraso térmico baixo mostram que essa
parede não é recomendada para estes climas segundo a norma brasileira.
a) b)
Figura 6.20 - Fluxo de calor na parede 5 em Teresina: a) face externa e b) face interna
a) b)
Figura 6.21 - Fluxo de calor na parede 5 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
94
Tabela 6.22 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 5 em Teresina
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 79,34 247,56 96,47 216,46
Pico interno (W/m2) 62,69 121,27 80,59 142,71
Atraso térmico (h) 3 3 4 2
Atenuação (W/m2) 16,65 126,29 15,88 73,75
Tabela 6.23 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da parede 5 no Rio de Janeiro
Parede norte Parede leste Parede sul Parede oeste
Pico externo (W/m2) 109,03 252,33 61,39 203,25
Pico interno (W/m2) 77,32 121,85 50,32 134,84
Atraso térmico (h) 3 3 3 2
Atenuação (W/m2) 31,71 130,48 11,08 68,41
A Figura 6.22 mostra o fluxo de calor máximo na face interna das cinco paredes
analisadas para todas as quatro orientações. É possível notar que a parede 4 é a que
proporciona os menores ganhos de calor para a edificação, mostrando a importância do
isolamento térmico das paredes. A parede 5 formada por PVC e concreto leve possui os
maiores ganhos de calor para as paredes com orientação leste e oeste. Para as orientações
norte e sul, os ganhos de calor mais elevados são verificados tanto para a parede 5 quanto
para a parede 1 composta por tijolo maciço.
a) b)
Figura 6.22 - Fluxo de calor máximo na face interna das paredes em a) Teresina e b) Rio de Janeiro
95
A Figura 6.23 mostra que os menores valores de atraso térmico de todas as paredes
são verificados nas paredes orientadas a oeste, enquanto o maior atraso térmico acontece
para paredes com orientação sul.
a) b)
Figura 6.23 - Atraso térmico das paredes em a) Teresina e b) Rio de Janeiro
6.4.2 Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786
O atraso térmico das cinco paredes foi calculado pela metodologia recomendada
pela norma ABNT NBR 15220, obtendo-se: 3,54 horas para a parede 1; 3,30 horas para
a parede 2; 7,41 horas para a parede 3; 12,53 horas para a parede 4 e 2,57 horas para a
parede 5. Percebe-se que os atrasos térmicos calculados pela norma são mais próximos
do atraso térmico das paredes com orientação oeste, como pode ser observado pela Figura
6.23. Para as outras orientações os resultados divergem bastante, com exceção da parede
4, cujo atraso térmico calculado pela norma brasileira é mais próximo do calculado
através do RFM para as orientações norte, leste e sul.
Os atrasos térmicos calculados pela análise dos gráficos de fluxo de calor através
das paredes mostraram que a orientação da parede é um fator de grande importância para
calcular o atraso térmico, e não apenas o material das camadas como é considerado pela
norma brasileira.
Com o objetivo de comparar os resultados de outra metodologia de cálculo, foram
calculados os atrasos térmicos das paredes utilizando a norma ISO 13786. Os cálculos
foram realizados para um período de 24 horas. As grandezas importantes para caracterizar
o comportamento térmico e dinâmico das paredes estão apresentadas da Tabela 6.24 até
96
a Tabela 6.28 para as cinco paredes escolhidas, seguindo a nomenclatura apresentada no
capítulo 4.
97
Tabela 6.27 - Características térmicas e dinâmicas da parede 4
Grandeza Valor Módulo (W/(m2ήK)) Atraso térmico (h)
Y11 4,8257+2,3152j 5,3524 1,7087
Y22 6,1874+6,3614j 8,8742 3,0530
Y12 -0,1837-0,1796j 0,2569 -9,0432
Ɉ1 76,9540 kJ/(m²∙K) - -
Ɉ2 125,5594 kJ/(m²∙K) - -
f 0,3345 - -
Tabela 6.29 - Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 (horas)
Norma Parede 1 Parede 2 Parede 3 Parede 4 Parede 5
ABNT NBR 15220 3,54 3,30 7,41 12,53 2,57
ISO 13786 3,73 3,09 7,60 9,04 1,37
Teresina 4-7 3-7 7-11 8-12 2-4
Rio de Janeiro 3-6 3-5 6-10 8-11 2-3
A Tabela 6.29 mostra que o atraso térmico das paredes calculado pelas normas
apresenta algumas diferenças entre si. Com relação à parede 4, a norma ISO 13786 é que
98
mais se aproxima do atraso térmico da parede oeste segundo o RFM, sendo a maior
diferença quanto ao resultado da norma ABNT NBR 15220. As duas normas podem ser
utilizadas como uma estimativa para o atraso térmico de paredes, mas os resultados
obtidos pelos RFM mostram a necessidade de avaliar a orientação das superfícies para
obter resultados mais precisos.
99
6.5.1 Resultados obtidos pelo método dos fatores de resposta
A Figura 6.24 e a Figura 6.25 mostram os resultados dos fluxos de calor nas faces
externa e interna da cobertura 1 para os três valores de absortividade da superfície externa.
Os picos de fluxo de calor nas faces externa e interna da cobertura, o atraso térmico e a
atenuação do fluxo de calor estão resumidos na Tabela 6.32 e na Tabela 6.33.
a) b)
Figura 6.24 - Fluxo de calor na cobertura 1 em Teresina: a) face externa e b) face interna
a) b)
Figura 6.25 - Fluxo de calor na cobertura 1 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
100
Tabela 6.32 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 1 em Teresina
αs=0,9 αs=0,4 αs=0,2
Pico externo (W/m2) 161,90 85,36 55,58
2
Pico interno (W/m ) 134,67 72,21 47,51
Atraso térmico (h) 2 3 2
Atenuação (W/m2) 27,23 13,14 8,07
Tabela 6.33 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 1 no Rio de Janeiro
αs=0,9 αs=0,4 αs=0,2
Pico externo (W/m2) 148,69 74,81 45,26
2
Pico interno (W/m ) 125,57 63,46 38,62
Atraso térmico (h) 2 2 2
Atenuação (W/m2) 23,12 11,34 6,63
A melhor estratégia para diminuir os fluxos de calor na face interna é utilizar cores
mais claras na superfície externa da cobertura, diminuindo a quantidade de radiação solar
absorvida. A cobertura com αs = 0,4 reduziu em 46% o valor máximo do fluxo de calor
na face interna, enquanto a cobertura com αs = 0,2 reduziu o fluxo de calor máximo em
65% com relação à cobertura com αs = 0,9. Com U = 2,15 W/(m2∙K) e atraso térmico
menor do que 3,3 horas, esta cobertura está de acordo com o recomendado pela norma
ABNT NBR 15220-3 para a cidade do Rio de Janeiro.
Os resultados obtidos para a cobertura 2 estão apresentados na Figura 6.26, Figura
6.27, Tabela 6.34 e Tabela 6.35. Percebe-se que o atraso térmico desta cobertura é bem
maior do que da cobertura 1, assim como o amortecimento do fluxo de calor. A cobertura
com αs = 0,4 reduziu o fluxo de calor máximo na face interna em 44%, enquanto a
cobertura com αs = 0,2 proporcionou uma redução de 61% no fluxo de calor interno em
comparação com a cobertura com αs = 0,9.
Com U = 1,74 W/(m2∙K) e atraso térmico maior do que 6,5 horas esta cobertura
está de acordo com os limites de U e atraso térmico recomendados pela norma ABNT
NBR 15220-3 para Teresina, uma vez que a norma recomenda estruturas com grande
atraso térmico.
101
a) b)
Figura 6.26 - Fluxo de calor na cobertura 2 em Teresina: a) face externa e b) face interna
a) b)
Figura 6.27 - Fluxo de calor na cobertura 2 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
Tabela 6.35 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 2 no Rio de Janeiro
αs=0,9 αs=0,4 αs=0,2
Pico externo (W/m2) 182,23 90,26 53,47
2
Pico interno (W/m ) 44,20 23,55 15,34
Atraso térmico (h) 9 9 10
Atenuação (W/m2) 138,03 66,71 38,14
102
Os resultados da cobertura 3 estão apresentados na Figura 6.28, Figura 6.29,
Tabela 6.36 e Tabela 6.37. Esta cobertura apresentou fluxos de calor máximo na face
interna muito próximos dos fluxos de calor da cobertura 2 para os três níveis de
absortividade. O atraso térmico é maior do que o da cobertura 1 e menor do que da
cobertura 2. A absortividade αs = 0,4 da superfície externa da cobertura resulta em uma
redução de 47% no máximo fluxo de calor interno, enquanto a cobertura com αs = 0,2
proporciona uma redução de 65% em relação à cobertura com αs = 0,9.
Os resultados apresentados são bastante similares para as duas cidades. A
cobertura 2 proporcionou os maiores amortecimentos do fluxo de calor, e devido ao maior
atraso térmico, os fluxos máximos ocorrem no período da noite. No caso das coberturas
1 e 3, os fluxos de calor à noite são quase nulos, sendo que a cobertura 3 proporcionou os
menores valores.
a) b)
Figura 6.28 - Fluxo de calor na cobertura 3 em Teresina: a) face externa e b) face interna
a) b)
Figura 6.29 - Fluxo de calor na cobertura 3 no Rio de Janeiro: a) face externa e b) face interna
103
Tabela 6.36 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 3 em Teresina
αs=0,9 αs=0,4 αs=0,2
Pico externo (W/m2) 91,35 48,16 30,88
2
Pico interno (W/m ) 45,71 24,44 15,95
Atraso térmico (h) 4 4 5
Atenuação (W/m2) 45,63 23,72 14,93
Tabela 6.37 - Fluxos de calor máximos e atraso térmico da cobertura 3 no Rio de Janeiro
αs=0,9 αs=0,4 αs=0,2
Pico externo (W/m2) 82,06 40,67 24,12
2
Pico interno (W/m ) 42,31 21,30 13,05
Atraso térmico (h) 4 4 5
Atenuação (W/m2) 39,76 19,38 11,07
6.5.2 Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786
104
Tabela 6.39 - Características térmicas e dinâmicas da cobertura 2
Grandeza Valor Módulo (W/(m2∙K)) Atraso térmico (h)
Y11 4,6289+0,8561j 4,7074 0,6985
Y22 3,3438+1,1988j 3,5522 1,3149
Y12 -0,1915-0,2258j 0,2961 -8,6875
κ1 67,9351 kJ/(m2∙K) - -
κ2 52,4130 kJ/(m2∙K) - -
f 0,1699 - -
A comparação dos atrasos térmicos calculados pelas normas ABNT NBR 15220
e ISO 13786, assim como o mínimo e máximo calculado pelo programa desenvolvido
estão apresentadas na Tabela 6.41. Assim como o que foi apresentado para as paredes,
observa-se que o atraso térmico calculado pelas normas tem algumas diferenças em
comparação ao que foi calculado pelo RFM. As maiores diferenças ocorreram para a
cobertura 1, cujo atraso térmico calculado pelo programa desenvolvido foi de 2 ou 3
horas, e para a cobertura 3, cujo atraso térmico calculado pelo programa foi de 4 ou 5
horas, dependendo da absortividade da superfície externa.
Tabela 6.41 - Atraso térmico pelas normas ABNT NBR 15220 e ISO 13786 (horas)
105
6.6 COMPARAÇÃO DE RESULTADOS PELO HBM E PELO RTSM
Figura 6.30 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação norte
Pela Figura 6.30, observa-se que há poucas diferenças entre as três metodologias
para a parede norte, mesmo desconsiderando as trocas de calor por radiação no ambiente
interno no método HBM. Para a parede leste na Figura 6.31, é possível notar que a
concordância dos resultados obtidos pelo RFM e pelo RTSM é bastante precisa. As
diferenças entre estes métodos e o HBM são maiores do que para a parede norte, mas
106
mesmo assim os resultados não interferem na determinação da hora do dia em que ocorre
o máximo fluxo de calor.
Para a parede sul na Figura 6.32, os fluxos de calor calculados pelo RFM e pelo
RTSM têm pequenas diferenças, possivelmente causadas por diferenças no cálculo da
radiação solar incidente na face externa, como foi observado para a temperatura sol-ar
desta parede. O método HBM previu resultados mais elevados do que os dois métodos.
Para a parede oeste na Figura 6.33, os fluxos de calor calculados pelo RFM e pelo
RTSM são praticamente iguais, enquanto o HBM previu resultados também mais
elevados.
Figura 6.31 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação leste
Figura 6.32 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação sul
107
Figura 6.33 - Fluxo de calor na face interna da parede 4 em Teresina com orientação oeste
A partir dos resultados obtidos anteriormente para cinco tipos de paredes e três
tipos de coberturas, foi possível simular um ambiente formado por duas configurações
distintas de paredes e coberturas, calculando o fluxo de calor total para o interior do
ambiente em cada hora.
O primeiro ambiente é formado por quatro paredes iguais à parede 2 orientadas a
norte, leste, sul e oeste e cobertura 1 com αs = 0,9. Estas configurações foram escolhidas,
pois permitem ganhos de calor elevados e são bastante comuns não construção civil
brasileira. O segundo ambiente é formado por quatro paredes iguais à parede 4 e cobertura
3 com a s = 0, 2 , sendo ambas escolhidas por proporcionarem os menores ganhos de
calor.
108
Comparando a Figura 6.34 e a Figura 6.35, é possível perceber a grande redução
dos ganhos de calor de um ambiente se forem utilizadas paredes e cobertura iguais ao
ambiente 2, cuja envoltória tem grande inércia térmica.
Figura 6.34 - Ganho de calor total através de paredes e cobertura em Teresina para o primeiro ambiente
Figura 6.35 - Ganho de calor total através de paredes e cobertura em Teresina para o segundo ambiente
109
Capítulo 7 – Conclusão e sugestões de
trabalhos futuros
110
edificação. Além disso, outro ponto de interesse é avaliar a contribuição dos ganhos e das
trocas de calor por radiação que ocorrem no interior do ambiente sobre a carga térmica,
uma vez que esses ganhos de calor se tornam carga térmica apenas com certo atraso.
111
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117
APÊNDICE A – DEDUÇÃO DA EQUAÇÃO DE CÁLCULO DE ATRASO
TÉRMICO SEGUNDO A NORMA ABNT NBR 15220-2
T ( x, t ) é æ w ö1/2 ù é æ wö
1/2 ù
= exp ê - x ç ÷ ú cos ê wt - x ç ÷ - b ú (A.1)
T0 êë è 2a ø úû êë è 2a ø úû
é 1ùé 1ù
æ w ö úê æ w ö2 ú
q ( x, t ) = -kT0 exp ê - x ç
2
-ç ×
ê è 2a ø ú ê è 2a ø÷ ú
÷
ëê ûú ëê ûú
(A.2)
é é 1ù é 1 ùù
æ w ö æ w ö
× êcos êwt - x ç
2 ú
2
ú - sin êwt - x ú
ê ê ÷ ç ÷
è 2 a ø ú ê è 2 a ø úú
êë êë úû êë úû úû
1
3p np x æ w ö 2
t= + + ç ÷ (A.3)
4w w w è 2a ø
118
x2
t = 9 + 1,382 (A.4)
a
rc p
t = 9 + 1,382 x (A.5)
3, 6k
tem x =0 = 9
rc p (A.6)
tem x =e = 9 + 1,382e
3, 6k
rc p
t = 1,382e (A.7)
3, 6k
119