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 Direito Comercial 

Texto de Apoio n.º 2


Pessoas colectivas, comerciantes e actos de comércio

PESSOAS COLECTIVAS

As pessoas jurídicas podem ser pessoas singulares e pessoas colectivas. As


pessoas singulares são as pessoas humanas. As pessoas colectivas são uma
criação do direito, à qual é reconhecida personalidade e capacidade jurídica.

As pessoas colectivas podem ser de vários tipos:

1 - Associações (artigos 167.º e seguintes do Código Civil) – Consistem numa


organização de pessoas reunidas com um objectivo comum, e sem ânimo de
lucro, ou seja, sem fim lucrativo.

EXEMPLO Associação Cultural e Recreativa da Freguesia de Maçãs

2 - Fundações (artigos 185.º e seguintes do Código Civil) – Consistem num


“património afecto por uma pessoa a um fim de interesse social”1. Há, assim,
um fundador, que afecta ou destina uma parte do seu património a um fim
determinado; esse fundador pode definir igualmente as normas de
funcionamento ou estatutos da fundação.

EXEMPLO Fundação Champalimaud

3 - Sociedades – O artigo 980.º do Código Civil define uma sociedade uma


união de duas ou mais duas ou mais pessoas que “se obrigam a contribuir
com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade
económica, que não seja de mera fruição, afim de repartirem os lucros
resultantes dessa actividade.”

Podemos inferir desta noção a existência de quatro características numa


sociedade:

1. elemento subjectivo, ou seja, as pessoas que fazem parte da


sociedade. Quanto a este elemento vemos que a lei exige que haja
uma pluralidade de sócios - “duas ou mais pessoas”;

2. elemento patrimonial, ou seja, a “obrigação de contribuir com bens ou


serviços”;

1
Pita, Manuel António, p. 80.

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3. elemento finalístico – consiste no fim do grupo de pessoas que


constituem a sociedade e que deverá ser, nos termos da lei, “o
exercício em comum de certa actividade económica, que não seja de
mera fruição”;

4. elemento teleológico, ou seja, o objectivo do grupo de pessoas – a


“repartição dos lucros resultantes dessa actividade”.

São estes dois últimos elementos que distinguem a sociedade de uma


associação ou de uma fundação.

Há diversos tipos de sociedades que temos que considerar.

Em primeiro lugar, as sociedades civis. São civis as sociedades que têm por
SOCIEDADES
objecto uma actividade económica de natureza civil, como sejam as que estão CIVIS
previstas nos parágrafos 1 e 2 do artigo 230.º e artigo 464.º, todos do Código
Comercial: as profissões liberais, a actividade agrícola, a actividade pecuária e
a actividade artesanal.

As sociedades civis podem constituir-se e organizar-se livremente nos termos


das regras definidas pelos artigos 980.º e seguintes do Código Civil. “Estas
sociedades não têm personalidade jurídica, não são pessoas jurídicas
independentes dos seus sócios”2.

EXEMPLOS - advogado;
- agricultor;
- oleiro;
- tecedeira.

No que diz respeito às sociedades comerciais, o artigo 1.º, n.º 2 do Código das SOCIEDADES
Sociedades Comerciais, estabelece dois critérios para se possa qualificar uma COMERCIAIS
sociedade como comercial:

1. um critério material, que se refere ao objecto da sociedade – será


comercial uma sociedade cujo objecto se traduza na prática de actos
de comércio;

2. um critério formal – para ser considerada comercial tem que adoptar


um tipo de sociedade previsto no Código das Sociedades Comerciais
(sociedade em nome colectivo, sociedade por quotas, sociedade
anónima, sociedade em comandita simples ou sociedade em
comandita por acções).

2
Pita, Manuel António, p. 85.

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É necessária a verificação do critério material e do critério formal numa


situação concreta, para que possamos qualificar uma sociedade como
comercial.

Isto porque pode ocorrer que uma sociedade tenha forma comercial, ou seja, SOCIEDADES
que tenha adoptado um dos tipos de sociedade previstos no Código das CIVIS SOB A
Sociedades Comerciais, mas que tenha objecto civil, ou seja, cuja actividade FORMA
COMERCIAL
não consista na prática de actos de comércio.
Neste caso estamos perante uma sociedade civil sob a forma comercial.

A estas sociedades aplica-se igualmente a lei comercial, nos termos do


disposto no artigo 1.º, n.º 4 do Código das Sociedades Comerciais: “As
sociedades que tenham exclusivamente por objecto a prática de actos não
comerciais podem adoptar um dos tipos referidos no nº 2, sendo-lhes, nesse
caso, aplicável a presente lei.”

COMERCIANTES

O artigo 13.º do Código Comercial define quem são considerados


comerciantes: COMERCIANTES

“ARTIGO 13.º - São comerciantes:


1.° As pessoas que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem
deste profissão;
2.° As sociedades comerciais.”

Pela leitura desta norma legal podemos concluir que as sociedades comerciais
são comerciantes, nos termos do disposto no n.º 2.

De acordo com o n.º 1, são comerciantes as pessoas singulares que pratiquem


actos de comércio no exercício habitual da sua profissão – são os chamados
comerciantes em nome individual.
Para as pessoas singulares poderem adquirir a designação de comerciantes
têm que obedecer a certos requisitos:

1 - ter personalidade jurídica;

2 - ter capacidade jurídica;

3 - intenção de lucro;

4 - exercer profissionalmente o comércio: isto significa que não poderá ser


considerado comerciante o sujeito que pratique ocasionalmente actos de
comércio, mas apenas aquele que pratique actos de comércio de forma
regular, sistemática e habitual.

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Tais actos de comércio têm que se inserir numa das actividades económicas
previstas no artigo 230.º do Código Comercial.

Nem todos os actos de comércio são aptos a conferir a qualidade de


comerciante:
- desde logo, não a conferem os actos subjectivamente comerciais, na
medida em que estes actos, para serem considerados comerciais,
pressupõem a comercialidade de quem os pratica (como veremos
infra);
- no mesmo sentido, os actos formalmente comerciais, ou seja,
aqueles que não permitem o exercício da profissão só por si, mas são
auxiliares do exercício do comércio (é o caso da conta corrente).
O exercício da actividade comercial só confere a qualificação de
comerciante à pessoas que a praticar de forma autónoma e pessoal; se
se inserir numa relação de subordinação, como por exemplo, no
âmbito de um contrato de trabalho, já não confere tal qualidade.
Neste exemplo, o patrão será considerado comerciante e o
funcionário não, mesmo que seja o gerente (este actua em nome e em
representação de outrem, pelo que não é comerciante).

Coloca-se a questão se saber se no n.º 1 deste artigo 13.º do Código


Comercial, apenas se incluem as pessoas singulares. Esta questão é
importante, na medida em que seria por meio dela que poderíamos classificar
outro tipo de pessoas colectivas, que não sociedades comerciais, como
comerciantes. É o caso das sociedades civis sob a forma comercial. Uma vez
que tais sociedades estão sujeitas a registo, nos termos do disposto no artigo
3.º do Código de Registo Comercial (“Estão sujeitos a registo os seguintes
factos relativos às sociedades comerciais e sociedades civis sob forma
comercial (…)”), poder-se-ia concluir que são comerciantes. Não obstante, o
nosso entendimento vai no sentido de que não são comerciantes, uma vez
que o regime das sociedades comerciais que lhes é aplicável, é-o apenas por
equiparação e não por características próprias.

As sociedades civis não são comerciantes – “não são empresas, não se


dedicam ao comércio como profissão, a sua ida ao mercado é para obter os
bens ou serviços de que necessitam para realizarem os seus fins – que não são
fins económicos lucrativos – e não para obter determinados bens destinados a
ser revendidos numa outra fase do ciclo económico ou a serem transformados
para revenda”3.

Também não são comerciantes, por força do artigo 14.º, n.º 1 do Código
Comercial, as associações e, por meio de interpretação extensiva, as
fundações:

3
Pita, Manuel António, p. 83.

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“ARTIGO 14.º - É proibida a profissão do comércio:


1º Às associações ou corporações que não tenham por objecto interesses
materiais;
2º Aos que por lei ou disposições especiais não possam comerciar.”

Não obstante, as associações e as fundações têm capacidade para praticar


actos de comércio, devendo a sua prática ser secundária à sua actividade
principal, acessória e ocasional. Quando assim não seja, há lugar à extinção da
associação ou da fundação, nos termos do disposto, respectivamente, nos
artigos 182.º e 192.º do Código Civil.
É isto que justifica a alteração que tem ocorrido ao nível de algumas pessoas
colectivas de direito civil, como seja o caso de algumas associações
desportivas transformadas em SAD, ou sociedades anónimas desportivas – a
estas sociedades já não servia o figurino limitado das associações.

ACTOS DE COMÉRCIO

Pelo que vimos anteriormente, o critério verdadeiramente diferenciador das


sociedades como comerciais é a prática de actos de comércio. Assim, de
modo a podermos definir claramente quais as sociedades que são comerciais,
temos que saber à partida o que são actos de comércio.

Num primeiro momento podemos distingui-los dos actos civis. Estes são os ACTOS CIVIS
actos jurídicos que se encontram previstos e regulados na lei civil e que são
praticados por não comerciantes. São actos que, pela sua natureza, não se
relacionam com o exercício do comércio.

EXEMPLOS - casamento;
- adopção;
- nascimento.

Quanto à qualificação dos actos como comerciais, temos de considerar, em 1ª


linha, o que estatui o artigo 2.º do Código Comercial:
ACTOS DE
COMÉRCIO
“Serão considerados actos de comércio todos aqueles que se acharem
especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos e
obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil,
se o contrário do próprio acto não resultar.”

Pela leitura da definição constante no artigo 2.º do Código Comercial, acima


transcrito, podemos desde logo concluir que existem vários tipos de actos de
comércio:

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1 - Os que se encontram especialmente regulados no Código Comercial –


“todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código”

2 - Todos os praticados por comerciantes, desde que não sejam


exclusivamente civis – “todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que
não forem de natureza exclusivamente civil”

Temos aqui plasmada a distinção entre actos de comércio objectivos e actos


de comércio subjectivos.

Os primeiros são aqueles que estão qualificados como tal no Código ACTOS DE
COMÉRCIO EM
Comercial, que se devem considerar objectivamente comerciais, por si só, SENTIDO
independentemente do sujeito que os pratica ou das condições subjacentes à OBJECTIVO
prática do acto.

EXEMPLOS - mandato comercial (artigo 231º);


- comissão (artigo 266º);
- conta corrente (artigo 344º);
- transporte (artigo 366º);
- empréstimo (artigo 394º);
- penhor mercantil (artigo 397º);
- depósito (artigo 403º);
- seguro (artigo 425º);
- compra e venda (artigo 463º):
- reporte (artigo 477º);
- troca (artigo 480º);
- aluguer (artigo 481º).

Também são considerados actos objectivos de comércio, os que se encontram


regulados por legislação comercial avulsa, ainda que não tenham assento no
Código Comercial.

EXEMPLOS - locação financeira, regulado pelo DL 149/95, de 24 de Junho


- factoring, regulado pelo DL 171/95, de 18 de Julho

No que diz respeito aos actos de comércio em sentido subjectivo, são actos
ACTOS DE
que poderão ser qualificados como comerciais ou como civis, dependendo da COMÉRCIO EM
qualidade do sujeito que os pratica. Há três requisitos para que se possa SENTIDO
qualificar um acto como subjectivamente comercial: SUBJECTIVO

- uma das partes do acto ou contrato seja comerciante;

- o acto não seja exclusivamente civil;

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- o objecto do acto ou do contrato se destine a uso na actividade comercial


do comerciante;

Assim, serão qualificados como comerciais os actos que sejam praticados por
comerciantes, no exercício do seu comércio.
Tomemos como exemplo a compra e venda, que é um acto que se encontra
regulado nos artigos 874.º e seguintes do Código Civil. Será um acto de
comércio se for praticada por um comerciante e desde que tenha conexão
com a sua actividade comercial. Será um acto civil se for praticado por não
comerciantes ou se for praticado por um comerciante, mas para uso pessoal.

EXEMPLOS - António, merceeiro, adquire um veículo automóvel para utilizar


nas entregas aos seus clientes – acto de comércio em sentido
subjectivo;
- Beatriz, comerciante no ramo da ourivesaria, adquire um
automóvel para as deslocações da sua família – não é um acto de
comércio em sentido subjectivo porque o bem não se destina a uso
na actividade profissional, apesar de ser praticado por um
comerciante;
- Carlota, professora de inglês, adquire um automóvel à sua colega
de trabalho Diana, para se deslocar para o seu local de trabalho –
não é um acto de comércio porque os envolvidos não são
comerciantes.

Uma outra classificação dos actos de comércio opõe os actos de comércio


puros ou bilaterais aos actos de comércio mistos ou unilaterais.

Os actos de comércio puros ou bilaterais são aqueles em que ambas as partes ACTOS DE
COMÉRCIO
são comerciantes. PUROS OU
BILATERAIS
EXEMPLO António, comerciante no ramo da restauração, compra
refrigerantes a Paço e Abreu – comércio de bebidas, Lda, para
revenda no seu estabelecimento comercial.

Os actos de comércio mistos ou unilaterais são aqueles em que apenas uma


ACTOS DE
das partes que intervém é comerciante. Assim, uma das partes é comerciante COMÉRCIO
e a outra é uma parte civil. MISTOS OU
UNILATERAIS
EXEMPLOS - Isabel, comerciante no ramo da ourivesaria, compra a Inês,
artesão, produtos para vender no seu estabelecimento comercial;
- Pedro e Andreia – Supermercados, Lda compram a Eduardo,
agricultor biológico, fruta para vender no seu estabelecimento
comercial.

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Quanto aos actos de comércio mistos ou unilaterais, levanta-se a questão de


saber qual o regime que lhes deve ser aplicado: a lei civil ou a lei comercial?

A resposta a esta questão encontra-se no artigo 99.º do Código Comercial:

“Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado
pelas disposições da lei comercial quanto a todos os contratantes, salvas as
que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é
mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial”.

Assim, não restam dúvidas de que se aplica a lei comercial a todo o acto e
relativamente a todos os contraentes, e todos ficam sujeitos à jurisdição
comercial.

Exceptuam-se as normas que apenas se destinam ao comerciante enquanto


tal – estas só se aplicam ao comerciante e não à outra parte.

EXEMPLOS - firma;
- escrituração mercantil;
- registo comercial;
- balanço e contas.

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