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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Houve no Brasil, a partir, sobretudo, do primeiro governo do Partido dos
Trabalhadores em 2002 uma lógica de universalização dos direitos básicos,
inaugurando toda uma nova forma de se pensar a assistência social por meio
de políticas públicas no país. No decorrer dessas transformações a educação
foi fortemente impactada por esses projetos, sobretudo a partir e 2005, quando
ganham corpo o Programa Universidade Para Todos (PROUNI) e o Fundo de
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) sem a necessidade de
um fiador.
1
Estudante do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas e membro
do Laboratório de Estudos de Segurança Pública/ICS-UFAL.
Alguns dados (MOREIRA, 2015) apresentam que a cifra investida para
tornar realidade a aplicação desses projetos chega a ser 15 vezes menor do o
que seria necessário para custear esse jovem dentro do Ensino Superior
Federal. Ao passo em que o processo se torna mais barato e o ingresso no
ensino superior algo mais ágil, é possível perceber o impacto de forma também
mais acelerada. Aqui aproveito para abrir um parêntesis acerca de outros
projetos muito importantes para a modificação do perfil universitário no Brasil e
que passaram a ser dialogados um pouco antes, no entorno dos anos 2000,
que são as políticas afirmativas.
Dito isso, não me pouparei de traçar um cunho tanto quanto político para a
concepção do texto, me valendo da flexibilidade estrutural que o formato
ensaístico me permite. O Brasil caminhou bem em direção da plenitude dos
direitos, nos mantemos um tanto quanto afastados desse objetivos, mas é
importante frisar que pela primeira vez na história do país se combateu a
pobreza a partir da ascensão das classes sociais menos favorecidas,
encurtando com isso a distância entre nós, meros mortais, dos semi-deuses
que comandam esse país desde os primórdios de sua história e que
representam 1% do total de cidadãos brasileiros, mas mesmo assim acumulam
75% de toda a riqueza nacional. Deixemos um pouco nosso cenário político e
econômico de lado e agora sim vamos nos dedicar em entender esses
programas de acesso ao ensino superior e a importância que os mesmos
tiveram na modificação da nossa realidade social
2. O Caso do PROUNI
Possuo uma simpatia particular pelo caso do PROUNI por acreditar que a
universalização dos serviços deve se dar sem a constituição de uma dívida
posterior, como por exemplo no caso do FIES. Me coloco às vezes a pensar
sobre essa afirmativa e me indago sobre as motivações para tal, principalmente
quando dialogamos com o texto de Claude Lessard e o autor alerta para um certo
paternalismo que existe em relação ao Estado. Devaneando um pouco sobre
isso, penso que no Brasil existe uma necessidade de sermos tratados pelo
Estado Nacional justamente na forma posta pelo autor a partir do momento em
que o mesmo tece uma dura crítica, apontando o fato de que é preciso que a
população possua uma autonomia em relação a isso, ponto que concordo em
número, gênero e grau.
Como vamos poder ver no gráfico trazido logo abaixo, houve uma
expansão absurda nas bolsas concedidas pelo PROUNI ao longo dos anos em
que o programa foi aplicado, sobretudo nas proximidades do ano de 2010, onde
houve um aumento expressivo no espaço de um ano. O dado é especialmente
interessante se levarmos em consideração que a evasão não acompanhou a
curva ascendente, dado que demonstra, de certa forma, que não é
necessariamente a facilidade no acesso que faz com que exista um maior
número de alunos desistentes ou que “usam o programa por usar”.
128.358
103.756
74.273
34.816
12.310
475 747 1.889 4.450
3. O Caso do FIES
Como já bem dito anteriormente, vejo o FIES como um programa paliativo e
que pode ser melhor explorado pelas famílias que possuem uma renda média,
diferentemente do propósito que vejo para o PROUNI, tendo em vista que o perfil
que deve ser, ao meu ver, trabalhado dentro da política do Universidade Para
Todos são justamente os cidadãos que possuem a renda extremamente baixa e
que passam pelo ensino público, que infelizmente, soa quase como um sinônimo
de desigualdade em relação aos alunos oriundos das escolas particulares.
Não estou criticando o fato de que o FIES não precisa de um fiador, muito
pelo contrário, acho que se trata de uma lógica muito bem empregada, fazendo
com que o governo assuma sua responsabilidade e tutele esse investimento. Até
porque se depender da boa vontade dos bancos privados em assumirem o
financiamento de cursos de graduação para jovens de baixa renda, é melhor
desistirmos da aplicação da política pública. O ponto que levanto aqui é
justamente o de que o Governo como um todo precisa ter clareza sobre a sua
realidade financeira, para que o projeto não seja um tiro no próprio pé.
559.963
377.821
154.257
80.961 76.171
60.092 49.770
33.319 32.741
PROUNI FIES
559.963
377.821
154.257
76.171
80.961 128.358
60.092 33.319 32.741
49.770 103.756
74.273
475 747 1.889 4.450 34.816
12.310
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Trago o gráfico acima para tentar elucidar como se deu a expansão das
políticas públicas que trabalhamos no ensaio, facilitando a observação com a
sobreposição dos dados, trazendo para o mesmo ambiente tanto os que se
referem aos contratos do FIES quanto as bolsas concedidas pelo PROUNI.
Como fica nítido nas curvas dos gráficos, os programas se mantiveram em plena
expansão durante a década passada, fato que reflete diretamente na quantidade
de jovens que possuíram acesso ao ensino superior e levando em consideração
que ambos os programas são constituídos com o objetivo de impactar as
populações de renda média e renda baixa, se faz possível afirmarmos que houve
uma democratização significativa do acesso ao ensino superior.
4. Avaliação de Políticas Públicas
Por fim, na sessão presente eu vou tentar me dispor a falar um pouco acerca
da problemática das avaliações de políticas públicas, passeando um pouco
sobre a necessidade de tais para a constituição de políticas que atendam as
lacunas que existem na sociedade brasileira e por fim, analisando como se
constituem os projetos e se existe uma adaptação delas para o atendimento de
realidades distintas.
O primeiro problema já se dá, ao meu ver, pelo fato de que tanto o FIES
quanto o PROUNI são políticas estabelecidas pelo governo federal e que não se
preocupam com o atendimento de regionalidades. Acredito que diferentemente
das políticas de segurança pública, os projetos educacionais não requerem uma
adaptação regional tão extensa, porém, não quebra com o fato de que as
necessidades e realidades da educação brasileira é distinta ao passar das
regiões.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Creio que as ideias que pretendia trazer foram trabalhadas ao decorrer do
texto, ficando devendo algumas referências relacionadas a dados mais
generalistas como os do IBGE, por exemplo, mas que por conta da dificuldade
no trabalho dos dados não consegui preparar de forma satisfatória, tendo em
vista que as ideias não iriam comungar com os dados que foram desenvolvidos,
me atendo então a apesentar o que a SEMESP nos traz nos seus relatórios do
Mapa do Ensino Superior.