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BRUNA MAZARIN
Registros
O livro Nossa Terra Nossa Gente, Pinhal História em Notícias, que traz
artigos publicados no jornal Diário de Campinas no período de 6 de
janeiro de 1886 a 26 de dezembro de 1889 —republicado em 1960
pelo historiador Ernesto Rizzoni— registra esse momento histórico.
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19/10/2018 Edição 855 - 16/4/2011 :: AC Online :: Caderno B
Homenagem
Uma pessoa que se fez muito presente em todo o processo abolicionista da cidade foi o tenente
José Ribeiro da Motta Paes, que recebeu o título de barão em 10 de março de 1888. Pouco
tempo depois da abolição da escravidão em todo país, o vereador Luiz Bernardes Staut levou à
Câmara Municipal a proposta de nomear a antiga rua da Independência com o nome do barão.
O livro Divino Espírito Santo e Nossa Senhora das Dores, a História de Pinhal, do historiador
Roberto Vasconcellos Martins, apresenta o discurso lido pelo vereador durante a sessão
ordinária da Câmara Municipal. Em seu discurso ele destacou a iniciativa do barão. “Foi o
primeiro que entre nós restituiu imediatamente a liberdade aos seus numerosos escravizados,
arrastando consigo a sua numerosa família e numerosos amigos e tudo fazendo para que
proclamasse no dia 16 de abril do corrente ano a libertação total no nosso município. Se ele
tanto fez e se a ele tanto devemos, é justo que promovemos a nossa gratidão dando à rua da
Independência o nome de rua Barão de Motta Paes”.
Depoimento
O texto de Ricardo Olivi ainda traz o depoimento de um escravo chamado Gabriel —que ficou
conhecido como Bié—, que narra a violência e o tratamento desumano que os escravos
recebiam. “Você não pode imaginar o que sofriam os pobres cativos nas fazendas de café”, diz
o escravo em um de seus relatos antes da abolição escravista. Mesmo após livre, Bié relata que
“o sol dos cativos é frio como a geada que branqueia as varges nas madrugadas de junho”,
explicando que mesmo livres jamais teriam de volta a paz e a tranquilidade em suas vidas.
“Nossa terra, a terra do sol, ficou lá longe, nossa família sumiu, tudo está morto e nosso coração
também está ‘defunto’”, dizia o escravo, já liberto, quanto à realidade dos negros que vieram ao
Brasil deixando em seu país seus familiares e suas raízes.
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