EDWIN GORDON Edwin Gordon nasceu nos Estados Unidos em 1927, e é um dos mais importantes investigadores contemporâneos no âmbito da Psicologia e Pedagogia da Música. É conhecido como pesquisador, professor, autor, editor e conferencista no ramo da educação musical. Gordon desenvolveu vários tipos de testes de aptidão musical e tem passado grande parte da sua vida profissional a desenvolver e ensinar a Teoria da Aprendizagem Musical. EDWIN GORDON Gordon pesquisa o desenvolvimento musical de crianças desde os primeiros meses de nascimento até à idade adulta, e as suas investigações focam-se na Teoria da Aprendizagem Musical, nos tipos e estágios de audiação, na aptidão musical, e no ritmo e movimento na música. EDWIN GORDON A música é apreendida da mesma forma que aprendemos a nossa língua nativa.
Primeiro ouvimos os outros falar;
Depois tentamos imitar os sons que ouvimos; Em seguida, começamos a pensar a língua. As palavras e as frases começam a fazer sentido à medida que ganhamos experiência com a nossa língua; Finalmente, começamos a improvisar. Somos capazes de criar as nossas próprias frases, organizando-as de uma forma lógica. Somos capazes de manter uma conversa. Ao fim de algum tempo a desenvolver a nossa capacidade de pensar e falar, aprendemos a ler e a escrever. EDWIN GORDON Os primeiros anos de vida são fundamentais para se estabelecerem boas bases para um desenvolvimento musical óptimo. Estudos indicam que bebés entre os cinco e os oito meses conseguem discriminar diferenças intervalares de menos de um semitom, enquanto que a maioria das crianças mais velhas, por volta dos dez anos de idade, só consegue discriminar diferenças de um semitom. Gordon frisa a importância das crianças receberem orientação musical informal e instrução musical formal de qualidade enquanto estão no estágio de desenvolvimento da aptidão musical – do nascimento aos 9/10 anos de idade. TEORIA DA APRENDIZAGEM MUSICAL A Teoria da Aprendizagem Musical de Gordon foi elaborada durante a década de 70 e está alicerçada no paradigma da aptidão ou talento musical. Não se trata de um método para ensinar música, mas sim de uma teoria para aferir como as pessoas (nomeadamente as crianças) aprendem música. Tenta perceber em que momento um indivíduo (criança ou adulto) está preparado para aprender determinada competência e qual a sequência de conteúdos adequada. TEORIA DA APRENDIZAGEM MUSICAL Gordon divide a Teoria da Aprendizagem Musical em dois momentos: O da orientação musical informal e o da instrução musical formal. A instrução musical formal inicia-se, especificamente, quando o aluno inicia o estudo sistemático de música, seja em escolas de música, em aulas particulares ou mesmo em escolas de ensino regular. No entanto, Gordon desenvolveu a teoria baseando-se na realidade norte-americana, onde as escolas de ensino regular, normalmente, oferecem o estudo sistemático de música. TEORIA DA APRENDIZAGEM MUSICAL A orientação musical informal refere-se à aprendizagem que ocorre desde o nascimento da criança até a idade de seis ou sete anos. O termo “informal” é utilizado pelo autor para justificar a aprendizagem não sistematizada, que pode ser realizada quer por um professor de música quer pelos próprios pais, familiares ou amigos. Apesar de haver intenção por parte do orientador, este não impõe informações e habilidades sobre a criança e nem espera por uma resposta específica. As crianças acabam por ficar expostas de todas as formas possíveis à música da sua própria cultura, e são encorajadas a absorver determinado tipo de música, e no decorrer deste processo absorvem também a própria cultura. TEORIA DA APRENDIZAGEM MUSICAL
Na instrução formal, o professor além de planear
as aulas também organiza os conteúdos em períodos de tempo pré-determinados. É necessária, neste caso, a cooperação por parte das crianças, envolvendo respostas especificas aos estímulos e acções do professor. O que distingue a orientação informal da instrução formal é que na orientação informal, os pais ou o professor não impõe informações e habilidades para as crianças. Não se procura uma resposta específica da criança, se bem que a criança é estimulada a responder de maneira livre. AUDIAÇÃO Os princípios da Teoria da Aprendizagem Musical orientam os professores para estabelecerem objectivos curriculares sequenciais, sendo o principal objectivo geral o de desenvolver a Audiação rítmica e tonal. Audiação é um termo criado por Edwin Gordon e é definido como sendo a habilidade de ouvir e compreender música, quando o som não está presente. Ou seja, momentos após ouvirmos o som, podemos audiar, dando significado ao que acabamos de ouvir, ou antecipando o que virá em seguida. AUDIAÇÃO Por outras palavras, a Audiação significa para a música o que pensar significa para a língua. É a capacidade de ouvirmos com compreensão sons que podem não estar fisicamente presentes. A audiação compreende pensar sobre o que se ouviu, sendo possível antecipar o que se vai ouvir, quando se trata de música familiar, ou predizendo o que vai acontecer, em caso de música inteiramente desconhecida. É uma resposta ativa, que envolve o pensar para a frente, e não o pensar para traz, como ocorre com a imitação. MÚSICA NA 1.ª INFÂNCIA Edwin Gordon, na sua Teoria da Aprendizagem, sistematizou os diversos Estádios pelos quais a criança passa. Organizou os estádios em três fases - a Aculturação, a Imitação e a Assimilação. Estas etapas estão dependentes uma da outra, ou seja, para a criança atingir satisfatoriamente a assimilação ela deve ter passado pela imitação, e esta, para ser proveitosa, dependerá da maneira como a criança passou pela aculturação. ACULTURAÇÃO Para a criança estar aculturada com a linguagem, ela deve ouvir os sons falados e inconscientemente formular teorias sobre como estes sons se organizam. Da mesma forma, na aculturação, as crianças desde pequenas são expostas à música da sua cultura, sendo capazes de basear os sons do seu balbucio musical (sons musicais que o bebé produz) e os seus movimentos, nos sons musicais que escutam no ambiente que as rodeia. O objetivo desta etapa é apenas a exposição à música e nunca a execução musical. IMITAÇÃO
Nesta fase a criança começa a imitar os sons
produzidos pelo adulto. Percebem as diferenças e semelhanças entre a sua produção (balbucio, canto e entoação) e a produção de outro indivíduo. Ou seja, percebem que até então comunicavam consigo mesmas, mas agora têm a necessidade de aprender a comunicar com os outros. ASSIMILAÇÃO Nesta fase a criança aprende a coordenar os seus movimentos com o canto e a respiração. A diferença básica entre imitação e assimilação é que, na imitação, a criança reproduz os padrões sem, necessariamente, dar-lhes significado. Pensam ao mesmo tempo que executam os padrões, e acabam por não assimilar a sua execução. Na assimilação, por sua vez, as crianças aprendem a “executar padrões com mais precisão, enquanto coordenam e assimilam a imitação destes padrões com a sua respiração e movimento”. CONCLUSÃO Os parametros da música que Edwin Gordon utiliza na sua Teoria da Aprendizagem Musical são os seguintes: Ouvir; Interpretar; Ler; Escrever e Criar. Estes parametros vão de encontro aos Estádios que preconiza para o denvolvimento da aptidão musical. A aculturação - a criança está exposta aos estímulos do seu meio ambiente; A imitação - a criança começa a imitar os estímulos que a rodeiam, sem no entanto fazer algum tipo de reflexão sobre eles. A assimilação - a criança começa a perceber os estímulos, a interiorizá-los, a antecipá-los para de seguida os realizar conscientemente.