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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Demetrius dos Santos Silva

ÉTICA, CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Americana
2018
Demetrius dos Santos Silva

ÉTICA, CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Trabalho apresentado como parte das exigências para


composição da média final da disciplina Ética do 5°
semestre do curso de Psicologia do Centro Universitário
Salesiano de São Paulo, Campus Maria Auxiliadora.
Orientadora: Professora Livia Morais Garcia Lima.

Americana
2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................1

1. ÉTICA...................................................................................................................................2

2. OS CASOS ANALISADOS: O COLÉGIO BANDEIRANTES..................................4


2.1. VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS SOBRE ALUNOS.....................4
2.2. SUICÍDIO DE ALUNOS.........................................................................................5
3. ADOLESCÊNCIA, MORAL E ÉTICA......................................................................5
4. SIGILO PROFISSIONAL NA ESCOLA...................................................................7
5. ADOLESCÊNCIA E SUICÍDIO................................................................................9
6. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR ..............................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................11
1

INTRODUÇÃO

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos


juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação
do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade,
seja de modo absoluto”. "Ethos” - ética, em grego - designa a morada humana. A
ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser
humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. Ético significa,
portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma
moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e
espiritualmente fecunda (VÁZQUEZ, 2002).
A conduta profissional do Psicólogo e do Educador, tem como base o respeito
das relações terapeuta-cliente e professor/aluno. Este, teve que passar pelos
diversos dispositivos que limitassem o poder das informações que os profissionais
detêm sobre seus clientes e alunos. Dentre as leis éticas que visam proteger os
direitos dos pacientes e educandos, o sigilo profissional propõe o respeito à sua
integridade moral e subjetiva.
Os casos de quebra de sigilo escolar e de suicídio de alunos adolescentes
têm gerado muitas discussões sobre o tratamento a ser dado a assunto tão delicado.
Com o advento da internet e a popularização das redes sociais, cada vez mais o
sigilo profissional torna-se um desafio gigantesco.
Os princípios éticos adotados no cuidado de crianças e de adolescentes nos
serviços de saúde mental e de educação escolar se referem especialmente à
privacidade, à confidencialidade, ao sigilo e à autonomia. Ao respeitar esses
preceitos os profissionais encorajam crianças, rapazes e moças a procurarem ajuda
quando necessário, além de protegê-los da humilhação e discriminação que podem
resultar da revelação de dados confidenciais e assim também prevenir suicídios
(TAQUETTE et al, 2005).
O presente trabalho quer discutir, à luz da Ética, as atitudes profissionais de
educadores e psicólogos escolares diante dos casos de vazamentos de informações
sigilosas de alunos do Colégio Bandeirantes em São Paulo e também dos recentes
casos de suicídio de dois alunos do mesmo colégio.
2

1. A ÉTICA

A ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e


comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo,
uma religião, uma certa tradição cultural etc. Há morais específicas, também, em
grupos sociais mais restritos: uma instituição, um partido político... Há, portanto,
muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno social
particular, que não tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que é
válido e de direito para todas as pessoas. Exceto quando atacada: justifica-se
dizendo-se universal, supostamente válida para todos. Mas, então, todas e
quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma de
julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de
ética (VÁZQUEZ, 2002).
A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente
teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação,
historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe
como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a
sociedade possa se tornar cada vez mais humana ( VÁZQUEZ, 2002). A ética pode e
deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma atitude diante da vida
cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos acríticos da moral vigente.
Mas a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas,
imutáveis. A ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para
entendermos como isso acontece na história da humanidade, basta lembrarmos
que, um dia, a escravidão foi considerada " natural". Entre a moral e a ética há uma
tensão permanente: a ação moral busca uma compreensão e uma justificação crítica
universal, e a ética, por sua vez, exerce uma permanente vigilância crítica sobre a
moral, para reforçá-la ou transformá-la (VÁZQUEZ, 2002).
Desde o início da civilização, a ética sempre se fez presente em todas as
sociedades. Evidente que não de forma racionalizada e estudada como
contemporaneamente. Ela era encontrada através dos princípios morais, conjunto de
regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que
orientam o comportamento humano dentro de uma coletividade (CANABRAVA,
2009).
3

Desde a Grécia, a ética sempre foi amplamente discutida por diversos


filósofos e estudiosos. Para Sócrates, a ética estava associada à ideia do bem e do
mal e ligada à virtude de forma racional. Para o responsável pela sistematização da
ética, Aristóteles, considerado o fundador desta “ciência”, a ética encontra-se
atrelada à virtude. Virtudes éticas são consideradas por Aristóteles como a equidade
do meio-justo, subjetivas, ligadas a escolha e responsabilidade. Sendo a justiça a
principal virtude ética. Em contrapartida, as virtudes intelectuais são as artes,
filosofia e sabedoria prática (RAMOS, 2012).
A Ética moderna tem seu apogeu reflexivo com Immanuel Kant, que utiliza
uma concepção de moralidade. O homem é livre e autônomo e goza do hiperativo
categórico, em que os seres humanos devem agir de acordo com seus princípios,
como se fossem aplicados a todos, tornando-se lei da natureza (CANABRAVA,
2009).
A ética como procedimento de reflexão, explicação e de discussão da relação
do humano com a ciência é primordial no âmbito da educação em ciência. O estudo
sobre a ética na ciência deve abranger todas as atividades que se relacionam a
aquisição de conhecimento, considerando a multidimensionalidade do sujeito,
representando que os esforços educacionais na ética não se resumem apenas no
desenvolvimento racional e cognitivo, mas também do seu social, ético moral,
emocional e outros. (BERTRAND; VALOIS, 1999)
De acordo com Bertrand e Valois (1999), essa multidimensionalidade do ser
humano possibilita levar em consideração as relações que podem aparecer entre os
indivíduos e o universo. Uma educação ética na ciência como recurso em acatar
essa dimensão dos seres humanos e sua complexidade em compreender o
universo, manifesta como estratégia de ensinamento o diálogo que leva a reflexão e
esclarecimento. Essa atitude dialógica não se limita apenas a linguagem, mas as
outras maneiras de se comunicar.
Segundo Marin (2004), a educação que se volta à emancipação é a que em
muitas situações desafia os valores morais vigentes, indagando sobre a verdadeira
origem do senso ético. Um sujeito moral identifica as regras e normas que
fortalecem os alicerces de poder, enquanto que o sujeito ético analisa de maneira
crítica esses alicerces, podendo até mesmo reinventá-los transformando a
moralidade. Para esse propósito sustenta-se tanto a estrutura do saber moral e
4

prático transposto por condutas educativas, quanto ao saber técnico científico


sustentado pelo conhecimento e comando de fenômenos educacionais.

2. OS CASOS ANALISADOS: O COLÉGIO BANDEIRANTES

O Colégio Bandeirantes é uma instituição de ensino particular da cidade


de São Paulo que atende alunos a partir do 6º ano do ensino fundamental até o fim
do ensino médio. O Bandeirantes foi inaugurado no dia 1 de março de 1934 como
Ginásio Bandeirantes. Sua sede está situada à Estela, 268. Em 1944 o educador e
engenheiro Antônio de Carvalho de Aguiar adquire a instituição e muda seu nome
para Colégio Bandeirantes. Ao longo de sua existência, cerca de 50 mil jovens já
passaram por seus bancos escolares.

2.1. VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS SOBRE ALUNOS1

Esse fato ocorreu em março de 2015 com crianças e adolescentes de classe


média alta, alunos e alunas do Colégio Bandeirantes de São Paulo, uma instituição
Particular e de renome na área educacional.
O pai de um estudante entrou em contato com o Colégio queixando-se do
vazamento de informações sigilosas e comentários “horrorosos” por parte de alguns
educadores, que estavam circulando em grupos de WhatsApp. O colégio constatou
que um aluno teve acesso às fichas e anotações feitas por vários professores sobre
particularidades e informações da vida pessoal vários alunos e alunas no período de
2007 a 2012. A escola não ficou sabendo como o aluno conseguiu essas
informações: se ele violou o sistema ou se por alguma falha técnica essas
informações ficaram disponíveis na web...
Os relatórios continham informações confidenciais sobre o desenvolvimento
acadêmico, perfil emocional e momento de vida dos estudantes. "Ele tem um
comportamento estranho, cara amarrada", diz um dos trechos sobre um aluno.
"Decaiu muito. Disse que só quer saber dos meninos e se apaixonou", aparece em
outro relato. Há ainda casos mais graves, com dados íntimos dos estudantes. "Ele é
inadequado em relação ao comportamento sexual. Fala coisas inadequadas para as

1
Baseado em <http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,relatorio-com-dados-sigilosos-de-
estudantes-de-colegio-tradicional-de-sp-vazam-na-internet,1653965>
5

meninas". "Entrou em depressão no início de 2007", diz outro texto. “Aluna perdeu a
mãe em junho de 2007. É filha adotiva e talvez não saiba disso”, dizia uma das
observações feitas por um professor. Entre os alunos circula a informação de que a
estudante chegou a chorar na sala de aula ao ficar sabendo do assunto.
O Colégio tomou as medidas cabíveis, suspenderam o aluno a priori por 8
dias, depois por 4, por constatar que houve falhas também do colégio. Medidas
jurídicas foram acionadas para retirarem os vídeos de circulação.

2.2. SUICÍDIO DE ALUNOS2

Colégio Bandeirantes também registrou dois casos de suicídio de alunos do


ensino médio em abril de 2018. Um no dia 10 e outro no dia 22. O intrigante é que
os dois casos do Bandeirantes têm perfis diferentes, um indica premeditação, já o
outro se enquadra como ato impulsivo. Tratam-se de estudantes diferentes do
ensino médio e que não eram amigos.
Ao ganhar as redes sociais, a notícia foi recebida com alarmismo e pipocaram
informações não confirmadas de situações envolvendo outras escolas da capital
paulista. Além disso, uma nota enviada pelo Colégio Bandeirantes aos pais dos
alunos mortos acabou vazando na internet, reforçando o descontrole dos fatos.
Na tentativa de buscar respostas para os suicídios, professores da instituição
constataram uma reclamação em comum entre os alunos: a de que não são
ouvidos. Ou mais, de que não podem sofrer por serem ricos.

3. ADOLESCÊNCIA, MORAL E ÉTICA.

O conceito adolescência pode ser descrito por diversas teorias, por exemplo,
como uma fase do desenvolvimento biológico iniciando-se com a puberdade até o
amadurecimento sexual ou reprodutivo; desenvolvimento psicológico observando-se
padrões cognitivo emocionais infantis até as características da fase adulta; período
de desvinculação social econômica para outra fase de relativa autonomia.
Adolescência refere-se a um período de transição e seus respectivos desafios do
desenvolvimento humano, mudanças fisiológicas, amadurecimento sexual,

2
Baseado em <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/suicidio-de-adolescentes-avanca-e-
casos-recentes-mobilizam-escolas-de-sp.shtml>
6

integração com grupos fora da família, estabelecimento de novos comportamentos e


a busca de uma nova identidade, agora individual. O indivíduo testando suas
habilidades sociais, capacidades e suas potencialidades para viver em grupos
sociais diferentes dos de origem, rumo a maturidade. (QUINTANA; ROSSI; VELHO,
2014)
Maturidade refere-se ao amadurecimento das estruturas psíquicas e
cognitivas através das relações da pessoa com meio social, gradativa e
ininterruptamente da infância e adolescência chegando a fase adulta, durante o
desenvolvimento. Para alcançar este estado porém é necessário o conhecimento de
que durante este andamento estes sujeitos simultaneamente passarão pelas
avaliações morais, éticas e sociais por meio do processo de aprendizagem social.
“Maturidade psíquica seria um estado ideal final no processo evolutivo humano, a
convergência e a integração de todos os aspectos em uma personalidade
estruturada e definida”. (QUINTANA; ROSSI; VELHO, 2014, p.79.)
Teorias do desenvolvimento fundamentadas e produzidas por pesquisadores
como o psicólogo americano Lawrence Kohlberg (1927-1987) com sua Teoria do
Desenvolvimento Moral baseado na justiça e nas competências morais em cada
idade, desde a infância, e Carol Gilligan, nascida em 1936, filósofa e psicóloga que
desenvolveu Teoria do juízo moral baseada na ética, virtudes e cuidados e incluiu na
sua pesquisa adolescentes do sexo feminino, acompanhando-os até a idade adulta;
estes autores demonstraram que existem estágios do desenvolvimento moral das
pessoas baseados em seus estudos sobre a infância e adolescência e que estes
estágios dependem da idade do indivíduo. (FORMIGA, 2012).
Se o processo de desenvolvimento for acompanhamento de adultos
interessados podem levar a um sujeito adolescente com bom entendimento,
avaliação e critérios dos conceitos morais, levando-os a realizarem boas opções e a
administrarem suas ações pessoais e as consequências destas. Possibilitar que os
adolescentes participarem das escolhas para sua vida de maneira autônoma e
independente, em todos os estágios do desenvolvimento, não seria somente ensinar
e dar exemplos, é também explicar e demonstrar consequências e resultados dos
comportamentos para que estes possam avaliar suas experiências também em
relação ao outro. A socialização moral e ética deveria abranger o papel dos valores
morais e das ações corretas dentro daquele grupo social, para que todos sejam
beneficiados coletivamente (FORMIGA, 2012).
7

Surgem os grupos de controle responsáveis por organizar os conceitos,


regras e padrões de conduta moral e ética e de comunicá-las aos outros indivíduos
deste grupo, são: família, instituições religiosas e escolas, por exemplo. Quando
estes agentes estão incongruentes estas instituições de controle podem ser
responsáveis pelo surgimento de um estado mental confuso e pelo sentimento
anormal de pertencimentos destes jovens e consequentemente do surgimento de
condutas desviantes. O adolescente não se sente mais integrado ao seu grupo
social, sentem-se abandonado por este mas também pode ocorrer que discorde das
normais sociais vigentes; existe a associação entre socialização e ética, sentimento
anômico, ou de não pertencimento e condutas sociais desviantes. Segundo
Formiga, “condutas desviantes referem-se a um conjunto de transgressões, somente
aceitas como tal, ao se considerar um determinado contexto sociocultural”, (Formiga,
2012), comportamentos em desacordo com os códigos, preceitos morais e éticos
que podem atingir a outras pessoas da comunidade, interferir no bem-estar destas e
cercear seus direitos transformando-se em condutas antissociais. (FORMIGA, 2012).

4. SIGILO PROFISSIONAL NA ESCOLA

Sigilo trata da manutenção de segredo para informação valiosa, cujo domínio


de divulgação deva ser fechado, ou seja, restrito a um cliente, a uma organização ou
a um grupo, sobre a qual o profissional responsável possui inteira responsabilidade,
uma vez que a ele é confiada a manipulação da informação; é tudo aquilo que deve
ser guardado em secreto. Seja ele sigilo natural ou sigilo profissional, sobre algo que
deve ser conservado oculto; Seja para o bem comum ou pessoal, no caso
aluno/paciente (MORAIS, 2011).
O sigilo natural vem a ser o fato de guardar informação que se conhece sem
estar no exercício de uma profissão, enquanto o sigilo profissional o se define em
guardar em secreto informações sobre assuntos pertinentes a prática profissional,
sendo que, em algumas situações, se torna imprescindível, pois através de uma
informação, o profissional pode arruinar um resultado que seria satisfatório e que se
levou muito tempo para ser concretizado, e a eventual quebra de sigilo tornaria
inviável qualquer progresso. Mas, a quebra de sigilo pode violar o bem-estar das
pessoas envolvidas e até colocar suas vidas em situação de risco (MORAIS, 2011).
8

O Sigilo profissional pode ser quebrado de diversas formas na exposição e


revelação do segredo:
- Revelação direta: situação em que o profissional se encarrega de revelar um
segredo pessoalmente;
- Revelação indireta: situação em que o profissional utiliza meios como conversas
em grupos para propagar o que deveria ficar em oculto (mantido em sigilo).
No Código de Ética do Profissional Pedagogo, Capítulo V, artigo 5º, assim
normatiza: “Guardar sigilo de tudo que tem conhecimento, como decorrência de sua
atividade profissional, que possa prejudicar o educando”. Em seu parágrafo único
trata se situações onde o sigilo possa ser violado: “será admissível a quebra de
sigilo quando se trata de caos que constitua perigo eminente: 1) Para a criança
regularmente matriculada na instituição de ensino onde trabalha; 2) Para familiares
ou responsáveis pela guarda do educando”.
A quebra de sigilo ocorrida no Colégio Bandeirantes pode acontecer em
qualquer outro segmento, mas é necessário todo o cuidado para se ter sigilo sobre a
vida pessoal dos alunos e alunas. Os professores muitas vezes necessitam
conhecer fatos que possam influenciar a vida escolar do estudante, seus problemas
psíquicos, físicos, familiares ou de qualquer origem que venha atrapalhar seu
desenvolvimento de aprendizagem escolar (MORAIS, 2011).
O sigilo sobre a ficha do aluno e a confidencialidade da mesma, deveriam
fazer parte do contrato de trabalho dos educandos (MORAIS, 2011), tomando
cuidado também para não agregar percepções subjetivas com dados importantes
dos alunos que não venham colaborar de nenhuma forma com o processo
pedagógico, rotulando com isso os jovens de uma forma pejorativa.
Não respeitar esses direitos, além de violar o Código de Ética Profissional,
pode constituir violação do ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE (LEI
Nº8.069/90), ART 17. ‘’O DIREITO AO RESPEITO CONSISTE NA
INVIOLABILIDADE DA INTEGRIDADE FÍSICA, PSIQUICA E MORAL DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE ABARANGENDO A PRESERVAÇÃO DA IMAGEM, DA
IDENTIDADE, DO ESPAÇO E OBJETOS PESSOAIS’’.

5. ADOLESCÊNCIA E SUICÍDIO
9

Baseando-se em questões morais, a proibição do suicídio constitui-se na


concepção de que a vida não pertence à pessoa, e o mesmo pode ser visto como
um homicídio gerido para dentro. De acordo com os que apoiam a autodeterminação
humana, o suicídio é um direito do sujeito. (GOLDIM et al, 2004)
Em determinadas épocas e sociedades o suicídio já foi considerado crime. Se
for comparado ao homicídio, incentivar uma pessoa a cometer o ato de suicídio é
considerado crime, mesmo se tratando de pacientes em estado de sofrimento. Sob o
ponto de vista social, para o sujeito e para a família, o suicídio representa estigma.
(ZANA; KOVACS, 2012)
O Código de Ética Profissional do Psicólogo (Conselho Federal de Psicologia,
2005-2006) estabelece que os psicólogos trabalhem essa questão baseando-se no
respeito, liberdade, integridade e igualdade do individuo. Devem contribuir para
extinguir a negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão e
intervir com responsabilidade social. Os artigos 6º, 9º e 10º se referem ao sigilo com
o intuito de proteger a pessoa que está sendo atendida, preservando as
informações. Quando houver a necessidade de quebrar sigilo, devem ser feitos os
esclarecimentos necessários, e o psicólogo pode decidir pela quebra desse sigilo
colocando a frente os princípios éticos, visando o menor prejuízo possível. (ZANA;
KOVACS, 2012)

6. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR

A relação entre a Psicologia e a Educação trouxe, para o contexto educativo,


um novo profissional: o psicólogo escolar. Contudo, definir o papel deste profissional
e estabelecer seu campo de atuação tornou-se uma tarefa complexa, apesar de
extremamente necessária, uma vez que possa existir posicionamentos diferentes
acerca do que é a Psicologia Escolar.
Para Barbosa (2001, apud MACHADO, 2010) compreende-se por Psicologia
Escolar um campo de atuação do psicólogo que possui o objetivo de contribuir para
aperfeiçoar, o período educativo, entendido como complexo processo de
transmissão cultural e espaço de desenvolvimento da subjetividade.
O psicólogo escolar deve, entre outras atribuições, investigar melhor o
processo de construção do conhecimento, enfocando os tipos trazidos pela criança
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ao iniciar sua aprendizagem formal na escola e o que ocorre durante o processo,


BRAMBILLA (1997).
A conduta do professor e o seu perfil pessoal interferem consideravelmente
para o desenvolvimento e o desempenho dos alunos (ANDREAZZI; JACARINI;
PRIGENZI, 1994). O psicólogo necessita, não apenas de conhecimentos
psicológicos relacionados ao desenvolvimento infantil e às influências ambientais
que o atingem, mas também voltados para a situação de aprendizagem e dos
aspectos psicopedagógicos envolvidos. A atuação orientada para o grupo de alunos,
não apenas para alunos com mais dificuldades, pode permitir que o professor
perceba as crianças em sua autonomia, transpondo os muros da escola para
conhecer sobre o aluno mais do que o currículo escolar determina e, dessa forma,
melhorar o seu desempenho, envolvendo-se em seus interesses e realidades
(Ribeiro do Valle, 2001).
Segundo Barbosa (2001, p. 79, apud MACHADO, 2010):

“O profissional psicólogo no contexto escolar tem a função de facilitar e


interagir com o aluno, proporcionando situações para que resultem através
de recursos lúdicos e na brincadeira em conjunto, dialogando sobre as
ações realizadas por esse sujeito, que constrói e aprende, indivíduo que
brinca de fazer histórias, que resolve dificuldades, formador de seu
processo de aprendizagem tanto afetiva como cognitiva.”

Portanto o psicólogo escolar possui a função de facilitar a interação com o


aluno mediando o conhecimento. Promovendo situações a fim de estabelecer
vínculos e atividades permeadas de ludicidade para trabalhar a autoestima do aluno
e o potencial afetivo/cognitivo, auxiliando e contribuindo em sua aprendizagem. Por
meio desses recursos lúdicos, o sujeito brinca de fazer histórias, criar estórias,
dramatizando e permitindo com que, muitas vezes, tenha a capacidade de resolver
suas dificuldades em aprender.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
11

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