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Faculdade Nacional de Direito – 2018.

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CIVIL II – OBRIGAÇÕES

INTRODUÇÃO
1. Opção metodológica
a. Descumprimento → para Alois von Brinz, o descumprimento de uma obrigação leva à
responsabilização. Segue a teoria dualista, que diz que a responsabilidade engloba o schuld (débito)
e do haftung (responsabilidade).
b. Responsabilidade → a responsabilidade civil é uma forma de obrigação, é a obrigação de dar a coisa
certa. Ex: buffet de casamento que não cumpre o contrato, gerando responsabilidade.
 Art. 389 CC → traz a responsabilização do devedor inadimplente.
 É uma via de mão dupla: enquanto que obrigação gera responsabilidade, a responsabilidade é uma
forma de obrigação.
 Crítica → Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves mostram uma mudança da responsabilidade de cunho
reparatório para preventivo, pois seria impossível voltar à situação inicial. Ao criticar a ideia de que
a responsabilidade é a reparação de uma obrigação, eles expandem seu conceito, mostrando que a
responsabilidade é a tutela do passado + futuro.

2. Importância
 Tartuce → diz que o direito das obrigações informa todo o resto do Código Civil. Ex: em direito de
família, há a obrigação do devedor de pensão alimentícia.
 Cristiano Chaves e Nelson R. → dizem que o objetivo principal da nossa sociedade é consumir.
Portanto, o direito das obrigações tem importância pois é a área que vai regulamentar esse
consumo.

3. Conceitos
a. Etimológico: a origem da palavra obrigação vem do latim ob + ligatium, que significa ligação/liame.
Na época do direito romano, o ponto modal das obrigações era a submissão do devedor ao credor.
Hoje essa concepção mudou, pois prevalece a busca pelo adimplemento como finalidade das
obrigações.
b. Jurídico
b.1) amplo: é a relação jurídica entre sujeito ativo e sujeito passivo (credor e devedor,
respectivamente).
b.2) restrito: é o dever, o débito.
c. Doutrinário
c.1) Gonçalves: obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir
do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação.
c.2) Cristiano Chaves: é a relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos entre credor e
devedor, cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva ou negativa, garantindo o cumprimento sob
pena de coerção judicial.

4. Evolução
 Direito Romano: valorização da relação de submissão do devedor ao credor. Quem virava
inadimplente poderia ser escravizado, mutilado ou até mesmo executado. A responsabilidade era
pessoal.
 Lei do Talião: imprimiu a questão da proporcionalidade (olho por olho, dente por dente).
 Código Justiniano (534 d.C.): começou-se a execução do patrimônio, ou seja, o viés pessoal da
responsabilidade foi lentamente sendo abandonado.
 Código Napoleônico (1804): pôs o fim, de fato, à penalização pessoal, que passa a ser patrimonial.
Ao fazer isso, Napoleão tinha a preocupação em fomentar a economia da época.

5. Posição: vem depois da parte geral e antes do resto do Código justamente para incidir em todas as
outras áreas, que bebem nas águas das obrigações.
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6. Função social: a finalidade das obrigações é atingir o adimplemento (pagamento). A obrigação é vista
como um processo: (1) nascimento; (2) desenvolvimento e (3) adimplemento.

7. Campo: o campo de atuação das obrigações é na esfera patrimonial.

8. Relações patrimoniais

a. Teoria monista: os dois ramos dizem respeito às relações econômicas do ser humano. Os direitos reais
e as obrigações são espécies de um todo maior chamado relações patrimoniais.
b. Teoria dualista: traz 6 características que diferenciam as duas áreas:
Direitos Reais Direitos Obrigacionais
Rol taxativo (art. 1225 CC)1 Rol exemplificativo (art. 425 CC)
Absolutos (oponíveis erga omnes), mas não ilimitados2 Relativos (inter partes - aos sujeitos da relação)3
Tem prerrogativa de sequela (pegar o bem de volta)4 Aqui há execução patrimonial5
Ocasionam preferência (num registro, por exemplo)6 Ocasionam privilégio7
Devem ter registro público (princípio da publicidade) A forma é livre
São perpétuos (propriedades passam para herdeiros, São transitórios (o objetivo é o adimplemento)
p.ex.)

c. Figuras híbridas: meio termo entre direitos reais e obrigacionais


 Obrigações propter rem/ambulatoriais: são obrigações próprias da coisa impostas ao titular de
direito real. A mera propriedade/titularidade da coisa faz com que essa obrigação exista porque
a lei determina. Ex: IPVA, IPTU, ITR, cotas condominiais. Se o proprietário abandona a coisa, ele
se desfaz da obrigação (renúncia/abandono liberatório).
o A obrigação não some com o perecimento da coisa. Ex: fogo num apartamento não tira a
obrigação do IPTU.
o Não existe nenhum acordo oponível ao Fisco em matéria de obrigações propter rem. A obrigação
vai sempre acompanhar a coisa/o titular da coisa. Porém, isso não impede o direito de regresso.

 Obrigações de ônus real: incorrem com a transmissão da propriedade de algo, mas com uma
condição/dever para tanto. Ela limita o uso da propriedade. Ex: vender/doar uma fazenda com a
condição de que o novo proprietário destine 50% da produção aos meus filhos.
 Enquanto que as obrigações propter rem não são limitadas ao valor da coisa, as de ônus real são.
Ex: a condição do exemplo acima não pode ultrapassar o valor da propriedade (fazenda).

 Obrigações de eficácia real: é aquela que, sem perder o caráter de direito pessoal, ganha
oponibilidade contra terceiros. É uma obrigação que atinge terceiros. Ex; contrato de locação →
se uma pessoa quer comprar um imóvel que é alugado, essa obrigação atinge o locatário, este deve
ser consultado.

Direitos Obrigacionais Direitos da Personalidade


Patrimoniais Existenciais *podem ter reflexos patrimoniais
Inter partes Erga omnes
Prescritíveis Imprescritíveis *exceto os reflexos patrimoniais
Transmissíveis (inter vivos ou causa mortis) Intransmissíveis *reflexos podem passar aos herdeiros
Disponíveis Indisponíveis (não absolutamente)

1
Crítica à taxatividade: doutrina→ não há um dispositivo que estanca a possibilidade de outros direitos reais. Ex: multipropriedade
2
Erga omnes: todos devem respeitar seu direito real
3
Inter partes: somente os sujeitos da obrigação estão obrigados
4
Sequela: direito de buscar a coisa onde quer que ela esteja. O bem da vida é a propriedade em si.
5
Execução patrimonial: é a única garantia que o credor tem em relação à obrigação. Ex: se o pintor não pintar, não posso obriga-lo
6
Preferência: diz respeito ao registro. Se eu comprar uma casa e João disser que tem a titularidade da casa, o 1º a registrar ganha.
7
Privilégio: em questão de crédito, se ele for constituído antes, não necessariamente ele será executado antes.
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Penhoráveis Impenhoráveis
Transacionáveis Intransacionáveis
Renunciáveis Irrenunciáveis
Cessíveis Incessíveis
Relativos Absolutos

CONCEITOS BÁSICOS
 Dever jurídico → é um comportamento que todo ser humano deve se submeter, sob pena de,
descumprindo, incorrer em sanção jurídica.
o Genérico (art. 1º C.C.): exemplo > respeitar a propriedade alheia
o Específico: tem como cerne a autonomia da vontade. Qualquer dever a que eu me obrigue. Ex:
obrigações.
 Estado de sujeição → consiste na situação na qual alguém tem que suportar, sem que nada possa
fazer, o poder jurídico de outrem. Ex: divórcio, servidão.
 Ônus jurídico → é a faculdade outorgada a alguém para a prática de determinada conduta que, acaso
não exercida, pode gerar ao titular dessa faculdade prejuízo de seu interesse próprio.

ESTRUTURA/ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1. Subjetivo (qualquer um pode ser. Fundamento: art. 1º C.C)
a. Ativo: credor
b. Passivo: devedor
 Obs: entes despersonalizados → não têm personalidade jurídica, mas o ordenamento atribui a elas
certas faculdades no interesse das suas finalidades. Não são pessoa jurídica nem física e podem
configurar tanto em sujeito ativo quanto passivo, dependendo de sua finalidade.
 Relação jurídica complexa → nas obrigações, a maioria das relações jurídicas são complexas, ou seja,
os polos ativo e passivo podem ser ocupados ora por um ora por outro (alternabilidade). Ex: pintor,
locação
 Transmissibilidade → obrigações podem transmitir-se; sujeitos ativo e passivo podem ser alterados
ao longo do processo (alterabilidade/mudança)
 Determinadas/áveis → a obrigação pode nascer com sujeitos determinados ou nascer com sujeitos
determináveis que deverão ser determinados até o momento do pagamento. Ex: pensão alimentícia
 Dúplice → o mesmo sujeito pode ter tanto papel ativo quanto passivo
 Plural → no mesmo polo (ativo ou passivo) podem estar presentes mais de uma pessoa. Ex: se eu
contratar uma empresa de pintores.
 Figuras secundárias → figuras garantidoras que constam no contrato. Ex: fiador no contrato de
locação.

2. Objetivo: é a prestação, que pode ser:


a. Positiva → dar; fazer
b. Negativas → não fazer
 Caráter patrimonial: a prestação não necessariamente tem que ser patrimonial. Ex: direito de
resposta e direito ao esquecimento > podem ter reflexos patrimoniais, mas a prestação em si não
é patrimonial
 Objeto direto: é imediato, a prestação em si. Ex: obrigação direta de comprar uma casa é “dar” a
casa.
 Objeto indireto: é mediato, é o bem da vida. Ex: a casa

 Art. 104 CC: características do objeto da obrigação.

3. Imaterial: é aquele que une os sujeitos em torno da prestação. Teorias:


a. Monista → existe apenas um vínculo entre sujeitos e objeto: o débito. Acredita na boa fé *ultrapassada
b. Dualista → seguida pelo nosso C.C. Prega que há dois vínculos que unem os sujeitos e a obrigação: (1)
débito/schuld; (2) responsabilidade/haftung
 O débito, se inadimplido, gera responsabilização. A responsabilização é uma forma de débito.
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 Obrigações sem responsabilidade/obrigações imperfeitas/naturais: a elas falta um dos elementos da
obrigação → imaterial (a responsabilidade). Ex: dívidas prescritas, dívidas de jogo.

o Características das dívidas de jogo


i. Inexigível: o art. 391 não alcança pois não pode haver cobrança
ii. Irrepetível: uma vez paga, não se pode pedir o dinheiro de volta
iii. Quitação: o credor deve dar um recibo daquele pagamento.
o Tipos de jogo
i. Ilícitos: aqueles que dependem unicamente da sorte ou azar do jogador. Ex: jogo do bicho,
jogos de dados. São contravenções penais de acordo com o Decreto Lei 3688/41.
ii. Tolerados: aqueles que dependem, em parte, da sorte ou azar do jogador e, em parte, de suas
habilidades. Ex: 21, pôquer. Não são contravenções penais, mas continuam sendo obrigações
naturais.
iii. Lícitos: o ordenamento jurídico entende que possuem capacidade de fomentar a economia.
Ex: loteria, mega-sena. Devem ter regulamentação legal para serem lícitos. São obrigações
civis perfeitas.

c. Eclética → Maria Helena Diniz: débito e responsabilidade devem ser elementos que unem o sujeito e
a obrigação. Porém, entende que a própria existência daquele débito já traz carregada a
responsabilidade pelo seu adimplemento. Débito responsabilização.

CAUSA → a causa NÃO é elemento da obrigação.


Causa Motivo
Razão juridica Razão pessoal
Externa Interno
Objetiva Subjetivo
Rígida/inalterável Flexível/alterável
Ex: contrato de compra e venda → causa: prestação da Motivo: agradar um parente
aquisição da casa

 C.C. Francês: é causalista (art. 1808)

FONTES: fonte é origem


1. Históricas (vem do direito romano)
a. Contrato: obrigação criada pela vontade de pelo menos duas partes
b. Quase-contrato: falta de pelo menos duas partes. São atos unilaterais. Ex: promessa de recompensa
c. Delito: qualquer ato ilícito doloso
d. Quase-delito: qualquer ato ilícito culposo

2. Modernas (advento do Estado)


a. Lei: força estatal coercitiva. Orlando Gomes critica a força da lei → ela não cria obrigação nenhuma. è o
descumprimento da lei que cria obrigação.
b. Contrato: é o negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa a criação, modificação ou extinção de
direitos e deveres com conteúdo patrimonial.
c. Atos ilícitos (arts. 186 e 187 C.C.): abuso de direito é um ato ilícito.
d. Atos unilaterais: são as declarações unilaterais de vontade. ex: promessa de recompensa
e. Títulos de crédito: são cártulas escritos e documentos que trazem em seu bojo, com caráter autônomo,
a existência de uma relação jurídica obrigacional. Ex: cheques, nota promissória, duplicata.
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3. Contemporâneas: são divergentes pois alguns autores dizem que analogia, princípios e costumes gerais
do direito (art. 4 da LINDB) são fontes do direito das obrigações e há quem critique pois diz que eles não
criam obrigação in abstrato, e sim em espécie.
o ADI: toda vez que algum dos legitimados pela C.F. entender que uma lei é contrária à mesma, ele pode
impugnar essa lei junto ao STF e a ADI é o mecanismo. A consequência é a mesma da súmula
vinculante (vincula).
o Por essas decisões não vincularem todo mundo, surge a discussão se seriam fontes das obrigações ou
não. Os poderes executivo e judiciário estão vinculados, mas não o legislativo. Ex: decisão do STF sobre
vaquejada e emenda 99/17.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (obrigações em espécies - parte especial do CC)


1. Em si mesmas
a. Civis: tem todos os elementos das obrigações (objeto, sujeito e vínculo material). São tidas como
perfeitas. O fundamento é o senso de justiça.
b. Naturais: falta aqui o elemento material (vínculo – responsabilidade). É obrigação imperfeita.
c. Morais: não tem nenhum elemento das obrigações (são obrigações imperfeitas). Além de serem
inexigíveis e irrepetíveis, não precisa ser dada a quitação pois o pagamento é mera liberalidade
(vontade). O fundamento do pagamento é apenas a consciência moral.

Obrigação perfeita Obrigações imperfeitas

CÍVEIS NATURAIS MORAIS


Possui todos os elementos Falta o vínculo material Não possui elementos
Exigível Inexigível Inexigível
Repetível Irrepetível Irrepetível
Quitação Quitação Mera liberalidade
Ex: contrato de compra e venda Ex: dívidas prescritas Ex: avô que, no leito de morte, diz
ao neto que quer dar parte da
herança ao enfermeiro

2. Quanto ao objeto/clássica:
Positivas: podem ser de dar (coisa certa ou incerta) ou fazer (fungível ou infungível).
o Dar: é uma obrigação positiva na qual o devedor se compromete a entregar/dar/restituir ao credor
objeto determinado ou indeterminado.
o Doutrina: dar coisa certa ou incerta é equivocado pois o art. 104 fala em objeto determinado ou
indeterminado.
o Dar = transferir propriedade// entregar = transferir posse/detenção // restituir = posse/detenção

2.1. Dar coisa certa


o Conceito: consiste em obrigação positiva na qual o devedor se compromete a dar (sentido amplo) ao
credor coisa certa e individualizada em gênero, qualidade e quantidade.
o Art. 233: princípio da gravitação universal.
*Revisão de bens
 Bem principal: tem existência autônoma, não precisa de nenhum outro para existir.
 Bem acessório: depende de outro bem para existir.
 Produtos: bens que advém da coisa, mas se esgotam, não se renovam. Ex: petróleo
 Pertenças: art. 93 - tratores, móveis de uma casa.
 Frutos: bens que são renováveis.
 Naturais: advém da natureza.
 Industriais: advém da produção humana.
 Civis: são os rendimentos do empréstimo daquele bem para outrem. Ex: aluguéis, juros
 Estado: (1) pendentes: não foram retirados da coisa; (2) percebidos: já retirados; (3) percipiendos:
deveriam ter sido retirados, mas não foram; (4) consumidos: não mais existem pois já foram
consumidos.
 Benfeitorias: art. 96
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 Necessárias: devem ser feitas pra evitar a deterioração da coisa. Ex: infiltração numa casa
 Úteis: não são necessárias, mas aumentam sua utilidade. Ex: casa com 2 banheiros; garagem
 Voluptuárias: buscam o aformoseamento daquele bem. Ex: fonte no jardim
~x~
o Dar x fazer (Tarturce): se a obrigação for referente a um quadro → se ele está pronto a obrigação é de
dar. Se não está pronto a obrigação é de fazer. Nas obrigações de dar as coisas estão prontas; nas de
fazer as coisas estão inacabadas.
o Princípio da exatidão (art. 313 CC): o credor não é obrigado a aceitar e nem precisa justificar. Mas se
aceitar, ocorre dação em pagamento (art. 356), que é dar uma coisa por outra.

o Forma
a. Tradição: bens móveis
b. Registro: bens imóveis

o Perda do bem (perda do objeto na relação obrigacional) *CAI MUITO EM PROVA


 Observações gerais:
a. res perit domino: a coisa parece para o dono. Por isso que a coisa deve estar na mão do devedor. Aquele que
é proprietário da coisa arca com os prejuízos de perder.
b. Perda: é um gênero das quais são espécie perecimento e deterioração. Perecimento é perda completa da
coisa (deixa de existir ou perde completamente a sua função. Ex: notebook que perdeu a placa mãe).
Deterioração é perda parcial da função do bem.
c. Mão do devedor: a perda do bem se dá antes da tradição e do registro. A coisa sempre está na mão do
devedor.
d. Culpa do devedor: todas as vezes que houver culpa do devedor, ele responde por perdas e danos.
 Perda é todo prejuízo que advém daquele fato, material ou moral. Quanto aos danos materiais, pode ser:
 Emergente: de fato o prejuízo causado. Ex: num acidente com um taxi, o dano emergente é o prejuízo
causado.
 Lucros cessantes: o que razoavelmente se deixou de lucrar. No exemplo acima, seria os lucros
perdidos devido ao impedimento de trabalhar.

1. Perecimento (art. 234 CC)


a. Sem culpa: extingue a obrigação e as partes devem voltar ao status inicial. Se foi pago alguma coisa, deve
haver devolução. Se eu paguei um devido valor por alguma coisa, este deverá ser devolvido.
b. Com culpa: restituição equivalente (a pessoa vai restituir o que foi entregue. Se nada foi entregue, nada é
restituído) + perdas e danos → Maria Helena Diniz.

2. Deterioração (art. 235 e 236)


a. Sem culpa: pode extinguir a obrigação como um todo ou pode aceitar a coisa e ter abatimento do preço.
b. Com culpa: abatimento do preço ou obter o equivalente, mais perdas e danos.

3. Melhoramentos e Acréscimos (art. 237) → caso haja um melhoramento numa casa, o devedor informa ao
credor que houve melhoramento e que imputara o acréscimo no preço. Se o credor não aceitar, o devedor
tem o direito de extinguir a obrigação.

 Frutos (art. 237 §único) → os frutos já colhidos pertencem ao devedor e os não colhidos pertencem ao
credor. Se o devedor colher frutos pendentes à destempo, ele deverá indenizar o credor.

o Obrigação de restituir (art. 238 a 241) → é a “volta” da obrigação de DAR.


 Direitos reais → quando se tem a propriedade da coisa, tem-se consequentemente, a sua posse. A posse da
coisa pode ser desdobrada. Em regra, uma pessoa que tem a propriedade tem a posse plena. Mas a pessoa
pode desdobrar a posse, ficar com a posse indireta e passar para terceiro a posse direta. Ex: num contrato
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de locação, o proprietário tem a propriedade e a posse indireta, enquanto que o locatário tem a posse
direta.
 Conceito: é uma obrigação positiva, na qual o devedor se obriga a restituir ao credor a posse direta da
coisa. A posse indireta nunca sai do proprietário. Quando o proprietário reúne as duas, ele possui posse
plena.
 Contratos em que há desdobramento da coisa → locação, empréstimo e depósito.
 OBS: até aqui, como restituir é uma obrigação de dar coisa certa, aplica-se tudo que foi falado antes. O que
não se aplica segue abaixo:
 Art. 238: se ocorrer a perda completa, tem-se o perecimento da coisa. Sem culpa, resolve-se a obrigação.
 Art. 239: com culpa, restitui-se o equivalente, mais perdas e danos
 Art. 240: aqui a coisa é do credor e o devedor está devolvendo. Se ela se deteriorar sem culpa do devedor
(ex: casa alugada é inundada por chuva), o credor vai recebê-la sem direito à indenização. Com culpa,
responderá pelo equivalente mais perdas e danos. Com relação a esta, vide o enunciado n. 15 da I
Jornada de Direito Civil, que considera que as disposições do Art. 236 do CC também são aplicáveis à
hipótese do Art. 240.
 Melhoramentos e acréscimos 2
a. Art. 241: se o devedor nada faz para a propriedade se valorizar (ou seja, sem culpa), o credor não
indeniza. Ex: obra de metrô.
b. Art. 242:
i. 1219 (boa-fé)
ii. 1220 (má-fé)
 Frutos 2 (art. 242 § único):
i. 1214 (boa-fé): quanto aos frutos pendentes, deve o credor indenizar o devedor pelos custos que ele
teve na produção daqueles frutos. Ex: casa com árvore no quintal cuja despesa para adubo era de 50
reais por semana. O credor deve me indenizar pois é ele quem vai colher esses frutos.
ii. 1216 (má-fé): os frutos que ainda vão ser colhidos ficam com o credor, mas se o devedor sabe que não
estão prontos e os colhe, age de má-fé.

o Obrigação de dar dinheiro/obrigação pecuniária


 Conceito: obrigação positiva na qual o devedor se compromete a entregar ao credor determinada quantia
em dinheiro.
 Art. 315: valor nominal, segundo o princípio do nominalismo, para Gonçalves, seria a obrigação em
dinheiro seria devida pelo valor fixado pelo poder público quando ele emitiu aquela nota. Problema: falta
da correção monetária (relativiza o princípio). Ex: 50 reais hoje, daqui 10 anos, é 50 + juros + correção
monetária.
 Art. 317: relativização do princípio do nominalismo > fato imprevisível (casos excepcionais)
 Art. 318: toda vez que fizermos um contrato no Brasil, o valor deve estar em real. Exceção: contratos
internacionais.

2.2. Dar coisa incerta


o Conceito (art. 243): é uma obrigação positiva na qual o devedor se compromete a entregar ao credor
coisa individualizada, apenas em gênero e quantidade. Falta: qualidade. Ex: me comprometo a entregar
15 sacas (quantidade) de café (gênero). Para a obrigação ser cumprida, o objeto deve ser individualizado
através da concentração.
o Art. 245: uma vez que há a concentração numa obrigação incerta, ela vira obrigação certa. Então tudo
visto antes vale para agora, apenas mudando a necessidade de haver concentração do objeto.
o Art. 246: antes da escolha, o gênero não perece. Se me comprometo a entregar 15 sacas de café e não
combinei qual café será, ainda que toda a plantação tenha morrido por uma chuva, eu não posso alegar
que não cumprirei a obrigação pelo perecimento da coisa. PL 6960/02: busca reformar o artigo falando
que, se perecer todo um gênero, aplicar-se-iam as mesmas regras da obrigação de dar coisa certa. Ex: se
determinada uva só pode ser plantada em determinado lugar por condições geográficas e acontece um
incêndio e toda a plantação se perde, há o perecimento da integralidade do gênero. Entender-se-ia
que já estaria especificado e se aplicaria tudo de dar coisa certa.

 Concentração (art. 244): alteração jurídica que transforma o incerto em certo. Em regra, é feita pelo
devedor, mas pode ser estipulada em contrário no contrato.
 Credor ou terceiro
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 Critério médio (segunda parte do art. 244): por exemplo, se há 3 sacas de café, uma ruim, outra boa
e uma mediana, eu NÃO posso dar a pior e nem ser OBRIGADO a dar a melhor.
2.3. Obrigação de fazer (arts. 247 ao 249) – art. 1º, III, C.F.
o Conceito: é uma obrigação positiva que impõe ao devedor uma conduta em relação ao credor. Ex:
casamento, namoro
o Obs: ter CUIDADO com essa obrigação pois ela impõe um comportamento que deve estar dentro dos
limites da dignidade da pessoa humana, da autonomia privada e da razoabilidade.
o Espécies
a. Fungíveis: são aquelas que podem ser executadas por qualquer pessoa. Ex: qualquer pessoa pode
pintar uma parede.
b. Infungíveis: somente o devedor, de maneira personalíssima, pode realizar aquela prestação. Ex:
pintura de pintor famoso.
o Descumprimento
a. Sem culpa do devedor (art. 248): resolve a obrigação. Ex: pintor que perdeu as mãos num acidente.
b. Com culpa (art. 248): deve-se analisar se ainda há interesse na realização daquela atividade.
 Sem interesse: perdas e danos. Deve-se analisar se ainda há interesse na realização daquela
atividade. Ex: buffet de casamento.
 Com interesse:
i. Fungível (art. 249): não sendo realizada pelo devedor, o credor pode mandar a obrigação ser
realizada por terceiro às custas daquele. Ex: três orçamentos (critério médio).
ii. Infungível: tutela específica seria a prestação em si, ou seja, o pintor fazer a pintura (art. 497). O
rol de medidas que o juiz pode tomar é aberto. Ex: pintor que virou judeu e não pode pintar a
capela.

Negativas
2.4. Obrigação de não fazer
o Conceito: é a única obrigação negativa do nosso ordenamento e configura-se pelo compromisso de
abstenção de uma conduta de modo que o devedor fica proibido de praticar determinado ato. Doutrina:
são abstenções juridicamente relevantes. Ex: senhor que foi proibido de construir torres com lanças para
impedir dirigíveis. ABUSO DE DIREITO!
o Espécies
a. Transeuntes/instantâneas: critério que verifica a reversibilidade daquela ação. Essas obrigações são
aquelas que são realizadas por um só ato e, por isso, não podem ser desfeitas. Ex: não revelar sigilo
industrial. Não há como “desrevelar”.
b. Permanentes: são aquelas abstenções que se protraem no tempo. Ex: torres com lanças podem ser
destruídas. De acordo com o art. 390, se ele agir, sua inadimplência conta a partir do dia que começou
a construir.
o Descumprimento (art. 390)
 Consequência:
a. Sem culpa (art. 250): extingue a obrigação. Ex: me comprometo a não construir um muro de 5m,
mas o poder público precisa fazer uma obra diz que devo fazer o muro.
b. Com culpa (art. 251): deve-se analisar a classificação acima.
 Transeunte: como não é reversível, não há nada a fazer senão perdas e danos.
 Permanente:
i. Sem interesse: somente perdas e danos. Ex: se o muro impedia sol na piscina do vizinho, mas
ele destruiu a piscina.
ii. Com interesse: desfazimento + perdas e danos. O desfazimento manda que o devedor desfaça e,
se ele não desfaz, o credor pode mandar terceiro desfazer e cobrar do devedor.

3. Obrigações alternativas (arts. 252 – 256 C.C.):


Quanto ao número de prestações do objeto
o Simples → aquela cujo objeto abrange apenas uma prestação. Ex: dar coisa certa, incerta.
o Composta (gênero) → aquela cujo objeto abrange duas ou mais prestações. Seu objeto é mais amplo. Ex:
me obrigo a entregar meu celular e/ou meu computador a Y. Espécies:
I. Cumulativa (conjuntiva): o devedor só se exonera se entregar todas as prestações que integram o
objeto daquela relação obrigacional. Ex: me obrigo a entregar meu celular e meu computador. É o
vocábulo “E”. Se o devedor não realiza todas as prestações, vira inadimplente parcialmente. Se não
realizar nenhuma, inadimplente totalmente.
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II. Alternativa: o devedor se exonera realizando apenas uma das prestações que integram o objeto
daquela relação. É caracterizada pelo vocábulo “OU”. Ex: me obrigo a entregar meu celular OU meu
computador pra uma pessoa daqui 1 semana.

 Razão/fundamento: preservar a relação obrigacional, que subsiste diante dos riscos à uma das
prestações. Ex: me obrigo a me entregar meu celular para o credor. Se sou furtado, a obrigação se extingue
(art. 234). Se me obrigo a entregar meu celular ou meu computador e furtam o celular, a relação
obrigacional não será resolvida. Ela subsiste ao risco de uma das prestações (art. 253).
 As prestações que integram o objeto das obrigações cumulativas e das alternativas podem ser de
quaisquer espécies, não necessariamente de dar coisa certa. Ex: me obrigo a entregar mil reais (obrigação
pecuniária – incerta) ou pintar a casa do meu credor (obrigação de fazer).
 Obrigação facultativa é uma obrigação simples em que as partes, no exercício da autonomia privada,
estipulam uma cláusula especial que permite ao devedor (tão somente ao devedor) exonerar-se realizando
uma prestação diversa. Ex: me obrigo a entregar meu celular com uma cláusula especial que me permite
entregar meu computador. Se eu não dei o celular, o credor deve pedir em juízo o CELULAR. Diante do
inadimplemento, o credor deve ir na prestação principal. O exercício da prestação facultativa submete-se
tão somente a vontade do devedor, somente ele pode decidir realizar uma prestação diversa daquela
pretendida. O credor não pode exigir o cumprimento forçado da prestação facultativa.

Obrigação alternativa Obrigação facultativa/faculdade alternativa


Tem previsão legal (252 a 256) É construção doutrinária
Espécie de obrigação composta É obrigação simples
Todas as prestações são exigidas (art. 253) Somente a prestação principal pode ser exigida

o Na hipótese de impossibilidade culposa da prestação principal na obrigação facultativa é possível ao


credor exigir a prestação facultativa? ex: me obrigo a entregar meu carro com uma clausula especial
estabelecendo que posso me exonerar entregando o relógio que recebi de herança do meu avô. Se eu
me embriago e dou perda total no meu carro, pode o credor exigir o cumprimento forçado da prestação
facultativa? Há divergência doutrinária:
 Corrente majoritária (Gustavo Tepedino, Nelson Rosenvald): não é possível pois a obrigação é simples
e o exercício da obrigação facultativa cabe tão somente ao devedor. A faculdade é uma situação jurídica
subjetiva cujo exercício depende somente de seu titular.
 Corrente minoritária (Caio Mário): se a impossibilidade de entrega da prestação principal se deu em
razão de fato imputável ao devedor, ele deve ser constrangido a entregar a prestação facultativa,
embora ele não pudesse a priori ser constrangido a exercer uma faculdade.

o Obrigação alternativa X de dar coisa incerta/genérica: esta é definida ao menos pela quantidade e
gênero. Um sujeito se obriga a entregar a outro uma determinada quantidade de exemplares de uma
coisa de um determinado gênero. Ex: me obrigo a entregar 10 cavalos a alguém. É necessária a
concentração (ato jurídico de escolha de quais exemplares da coisa serão entregues ao credor).
Na obrigação alternativa também há a concentração pois há mais de uma prestação e o devedor se
exonera realizando apenas uma. Ele precisa escolher qual será o crédito. A diferença é que na
obrigação de dar coisa incerta não há diferenciação entre as prestações (quaisquer cavalos, qualquer
tonelada de soja satisfaz o interesse do credor. Pode haver diferenças de qualidade, mas não são
ontológicas), mas na alternativa as prestações não são equivalentes (se me obrigo a entregar meu
celular ou meu computador, as prestações não são equivalentes).

Obrigação composta Obrigação simples

Criação Extinção

Concentração
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 Concentração: ato jurídico de escolha de qual prestação será realizada. Pressupõe o exercício do direito
de escolha (art. 252). As partes podem convencionar o contrário.
Efeito = concentração da obrigação. Impacto = entre a criação da obrigação e a concentração, tem-se
uma obrigação composta. Da concentração em diante, não há mais obrigação alternativa, ela se
transforma em simples. Toda obrigação alternativa esta fadada a virar uma obrigação simples através
da concentração.

 Direito de escolha (art. 252): possui três características fundamentais:


I. Indivisibilidade (art. 252 §1º): o titular do direito de escolha não pode escolher parte uma prestação,
parte outra. Ex: me comprometo a pagar como aluguel 1.500 reais ou 10g de ouro. Eu não posso
escolher pagar 750 reais e 5g de ouro. Não é possível compor as prestações. Só é possível se as PARTES
concordarem de modo a alterar essa disciplina legal.
II. Irrevogabilidade (art. 252 §2º): com a concentração, uma obrigação composta se transforma em
simples. Em razão da relevância do impacto do exercício do direito de escolha sobre a relação
obrigacional, não se admite o arrependimento no direito de escolha. Se a parte a quem cabe escolher é
o exército, não poderá voltar atrás. O direito de escolha se renova no tempo em casos de relações
jurídicas continuadas, mas isso não permite a revogabilidade. Ex: contrato de locação.
III. Transmissibilidade (§3º e 4º): ele pode ser transferido a terceiro/grupo de terceiros. Se transferido
a terceiro, se ele não puder ou não quiser exercê-lo, o juiz assina prazo para as partes tentarem acordo.
Sem acordo, o juiz supre com uma decisão. Se for outorgado a um grupo de terceiros, se não houver
unanimidade, o juiz abre prazo e, se não houver de novo, há suprimento judicial de vontade.
o Dever de manifestar uma vontade = obrigação infungível. Não pode ser obrigado a fazê-la. Se o sujeito
não faz, o juiz decide pelo suprimento judicial.

Impossibilidade de UMA das prestações


 Sem culpa do devedor → concentração automática (art. 253)
 Com culpa do devedor → a quem cabe o direito de escolha?
o escolha do devedor → concentração automática
o escolha do credor (art. 255, 1ª parte) Prestação subsistente

Equivalente + perdas e danos


(compensar o credor porque foi
impossibilitado da entrega de uma
das prestações)
Impossibilidade de TODAS as prestações
 Sem culpa → resolve e as partes voltam ao status quo inicial (art. 256). Mas há restituição ao credor. A
coisa perece para o proprietário.
 Com culpa
o escolha do devedor → equivalente da ÚLTIMA prestação a se impossibilitar + perdas e danos (art. 254)
 Caso ambas as prestações se impossibilitarem AO MESMO TEMPO, com culpa e escolha do devedor:
a lei não responde e sim a doutrina → o devedor estará obrigado ao pagamento do equivalente da
prestação que ELE escolher + perdas e danos.
o escolha do credor → equivalente da prestação que o credor escolher + perdas e danos (art. 255, 2ª
parte)

 Uma das prestações se impossibilita com culpa do devedor e a outra sem culpa → ex: me obrigo a entregar
meu celular ou meu computador. Ao sair da faculdade, furtam meu celular e, além disso, vendo o
computador para um terceiro. Nesse caso, como a primeira foi sem culpa, ocorreu concentração automática,
transformando a obrigação de alternativa para SIMPLES (dar coisa certa). A segunda, com culpa, devo pagar
o equivalente + perdas e danos (art. 234).
 Inverso: se me obrigo a dar meu celular ou meu computador e (1) vendo o computador; e (2) sou furtado e
levam meu celular → como a primeira foi com culpa, com direito de escolha do devedor, há concentração
automática, transformando a obrigação em simples. Como na segunda não houve culpa, aplica-se o art. 234,
1ª parte, ou seja, resolve a obrigação e as partes voltam ao status quo inicial.
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 Obrigação alternativa em que uma delas seja de dar coisa incerta → nessa hipótese haverá duas
concentrações. Ex: me obrigo a dar 5 cavalos ou de pintar a casa. A primeira concentração vai ser da
obrigação alternativa: qual das duas prestações será entregue? Se o titular do direito de escolha escolher
os 5 cavalos, temos obrigação de dar coisa incerta, logo devera ser concentrada de novo.

4. Obrigações com pluralidade de sujeitos:


 Conceito: são aquelas obrigações em que há mais de um credor, mais de um devedor ou mais de um credor
ec devedor.
 Regra (art. 257): em regra, quando temos obrigações com multiplicidade de sujeitos temos obrigações
divisíveis, ou seja, tantas obrigações quanto vínculos forem. Pega-se a obrigação e divide em quantos
forem os devedores e/ou credores. Ex: eu e João devemos 2 mil para Maria. Eu devo mil e ele também.
 Dois devedores e dois credores: a dívida é de 2 mil pra mim e João, mas cada um paga 500 pra cada credor
(devo mil total). *obs: eu que tenho a obrigação de pagar certo. Quem paga errado paga duas vezes!
 Exceções: indivisibilidade e solidariedade. Enquanto a indivisibilidade ocorre por uma indivisibilidade do
objeto, e a solidariedade ocorre entre os sujeitos, nada tem a ver com o objeto.

 Características (obrigações divisíveis)


a. Sempre responde por fração.
b. Se pago só pra um, a dívida não solve. Quem paga errado paga duas vezes.
c. Se um credor se recusar a receber, vai haver mora (atraso da obrigação). A obrigação tem seu
adimplemento atrasado.
d. A insolvência de um dos devedores não aumenta a fração do outro, não é remanejada.
e. Se ocorre a prescrição, suspensão ou interrupção da dívida pra um dos devedores, essa relação nada tem a
ver com o outro credor e devedor.

3.1. INDIVISIBILIDADE
 Conceito (art. 258):
 Interesse (art. 314): só há interesse quando há multiplicidade de sujeitos → princípio da indivisibilidade:
se acordamos numa obrigação X, não posso ser obrigada a entregar x/2 nem João pode exigir isso. Devo
entregar sempre o objeto todo. Se nada tiver estipulado no contrato, o pagamento se dá de uma vez só.
 Prestação x objeto: C.C. determina com base no objeto e não na prestação. Mas há casos em que um objeto
que seria indivisível, no caso concreto é uma prestação divisível. Ex: vaca pra leite x vaca pra carne. Vai
depender da finalidade.
 Art. 258 e 87: *obs. → a diminuição considerável do valor deve ser analisada no caso concreto. Ex: diamante.
 Art. 88: biblioteca em si, por exemplo, é um bem indivisível. No caso concreto, com estipulação da lei ou da
vontade, pode se tornar divisível (ex: para vender uma coleção de livros do Caio Mário).
 Espécies:
o Natural: a vaca, por exemplo. Depende da finalidade! Absolutamente indivisível
o Lei:
o Vontade: biblioteca Relativamente divisível

 Modalidade: qualquer modalidade. Posso ter uma obrigação divisível dentro de uma de fazer, de dar coisa
certa, etc.

 Pluralidade de devedores (art. 259): eu e João temos que entregar um cavalo para Maria. Se o objeto fosse
divisível, pagaríamos cada um sua parte. Se a obrigação for entregar cavalo para corrida, p. ex., um dos
devedores pode ser compelido a entregar o cavalo inteiro pois não tem como dividi-lo.
 Efeito: um dos devedores pode ser obrigado a entregar a totalidade da dívida/do objeto, da mesma forma
que um dos credores pode exigir a totalidade da dívida.
 *Obs.: o devedor não deve o objeto inteiro, deve METADE DO CAVALO. Entrega a totalidade apenas pela
natureza indivisível do objeto.
 *Perda (art. 263): a obrigação indivisível que perde o objeto vira divisível. O referido artigo fala em
perdas e danos, logo é a perda com culpa.
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 Art. 259 § único: se o devedor 1 é obrigado a entregar a totalidade da dívida, o devedor 2 deve pagar ao
devedor 1 sua quantia, pois este vira credor (sub-rogação art. 346, I). Limitação da sub-rogação (350).

 Pluralidade de credores (art. 260): o ideal é que os dois credores vão ao mesmo tempo pegar o objeto da
prestação (cavalo). Mas a lei permite que apenas um dos dois pegue o cavalo (art. 260, II).
 Efeitos: a doutrina entende que o devedor pode entregar a um credor, desde que o outro credor tenha
autorizado. Já a lei autoriza o devedor entrega a um, desde que este credor dê caução (garantia) ao outro
credor. Essa caução é do valor da parte que lhe cabe o total (art. 261).
 Art. 262 → remitir é perdoar. Ex: se eu devo entregar um cavalo a X e Y, cada um pagando 1500, e X perdoa
a dívida, a obrigação não acabou pois continuo obrigada a entregar o cavalo a Y. Mas se ele quiser esse
cavalo, devem pagar a integralidade da dívida, ou seja, 3 mil. O “descontado” seria INDENIZADO. A
obrigação com pluralidade de sujeitos vira uma obrigação simples nesse caso. No final das contas a
consequência é a mesma quanto ao valor: 3 mil pro cavalo.
 Perda (art. 263): a obrigação indivisível só o é por conta do objeto. Se este se perde, a obrigação passa a ser
divisível.
 § 1º: a obrigação virou divisível. Se todos tiveram culpa, respondem todos por equivalentes + perdas e
danos;
 § 2º: quem responde pelas perdas e danos é o culpado, mas quem responde pelos equivalentes são todos.
Doutrina entende que, no caso daquele que não teve culpa, a obrigação estaria resolvida pra ela. Mas os
defensores da lei dizem que a pessoa foi livre na escolha e, portanto, responde por quem deve.

Outras modalidades de obrigações


I. Quanto à responsabilidade/fim
 Meio: é aquela obrigação na qual o sujeito passivo (devedor) deve implementar todos os meios a sua
disposição em busca do resultado final.
 Resultado: é aquela na qual o sujeito passivo deve de fato alcançar o resultado pretendido. Ex: motorista,
empreiteiro.ç;
o Diferença: na de meio, se o resultado não for alcançado e ele usou todos os meios disponíveis, o devedor
está adimplente. Na de resultado, inadimplente.
o Obrigação do advogado → obrigação de meio (deve usar todos os meios disponíveis para o cliente obter
um resultado). Ex: cliente que perde a ação e o advogado perde o prazo de recurso e vira inadimplente.
o Obrigação de médico → em regra, possui obrigação de meio. Exceções:
 Cirurgia estética: se paga pelo resultado final pretendido.
 Caso de anestesia: o anestesista deve ficar durante toda a cirurgia ao lado do paciente.
 Exames patológicos: o médico tem obrigação de resultado sobre o exame, deve dar o resultado exato.
o STJ tem duas jurisprudências:
 Pessoa é atestada com Aids, muda toda sua vida para tratar, mas descobre mais tarde que não tinha a
doença. O médico foi obrigado a pagar danos morais.
 Pessoa que tinha doença e foi diagnosticada SEM doença: perda de uma chance! *Perda de uma chance
→ jurisprudência STJ show do milhão.
 Garantia: o sujeito passivo tem a obrigação de assegurar um risco, propiciar mais segurança ao credor
mesmo em hipóteses de fortuito ou força maior, dada a sua natureza. Ex: contratos de seguro.

II. Quanto ao momento


 Instantâneas: aquelas que ocorrem com um só ato. Ex: obrigação de não revelar segredo industrial;
obrigação de testemunhar.
 Diferidas: necessitam de mais de um ato para se concretizarem. Ex: vizinho que construiu torres com lanças
pra não passarem balões (não ocorre de uma vez só); obrigação de pintar uma casa.
 Continuadas: são aquelas que se renovam no tempo. Ex: contrato de seguro saúde, de locação.

III. Quanto a presença de elementos


 Acidentais:
 Puras e simples: não tem nada. Ex: obrigação de pintar parede.
 Condicionais: dizem respeito a um evento futuro e certo. Ex: obrigação de pintar uma parede quando fizer
sol.
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 Termo: marca-se uma data.
 Modais ou com encargo: estipulando uma obrigação para o credor. Ex: vou doar 100 reais se você usar
metade para comprar livros.

IV. Quanto à forma


 Líquida: são aquelas que já contêm todos os elementos que possibilitam o seu pagamento adequado. Há
autores que dizem que elas são as que têm valor certo e definido (mas não necessariamente).
 Ilíquida: são aquelas que ainda não possuem todos os elementos para o seu adimplemento. Ex: não sei
exatamente quanto de gasto será recompensado se eu sofrer um acidente (contrato de seguro de vida)
 *obs: se a questão der dados suficientes para se chegar ao valor final, é obrigação líquida.

V. Reciprocamente consideradas
 Principais: aquelas que não dependem de outras para existirem.
 Acessórias: aquelas cuja existência depende de outra. Ex: contrato de fiança dentro de contrato de locação.
Se a locação deixar de existir, a fiança também não existe.

VI. Em si mesmas
 Naturais: falta o vínculo/liame. Consequência: como não possuem responsabilidade, são inexigíveis. Mas se
forem pagas são irrepetíveis e merecem quitação.
 Morais: não tem nenhum elemento obrigacional. Se baseiam somente na consciência daquele indivíduo.
Como as naturais, são inexigíveis e irrepetíveis, mas não merecem quitação.
 Civis: são aquelas que possuem todos os elementos obrigacionais (objeto, sujeitos e liame).

Obrigações solidárias → tem o objetivo de facilitar o pagamento/recebimento.


 Ex: se devo 3 mil pra 3 credores, posso dar os 3 mil para um só e adimplir minha obrigação em vez de pagar
1 mil pra cada.
 Exemplo clássico: pensão alimentícia. A criança pode cobrar de um dos dois devedores a integralidade da
pensão. A criança pode escolher cobrar de um ou outro ou dos dois.

1. Conceito: art. 264


2. Características:
 Mais de um credor/devedor
 Unidade prestação: possibilidade de a dívida ser cobrada/paga na sua integralidade.
 Multiplicidade vínculos: o fato de a dívida ser cobrada de uma só pessoa ou ser paga a uma só pessoa não
desnatura a obrigação solidária.
 Corresponsabilidade: todos são obrigados a pagar a integralidade da dívida (dá o direito de cobrar aos outros
devedores) ou todos têm direito de receber a integralidade da dívida (deve-se dividir aos outros credores).

3. Natureza jurídica
 Representação ❌: a doutrina francesa dizia que elas seriam uma forma/contrato de representação. A
pessoa que paga a integralidade estaria REPRESENTANDO a outra. Na verdade, quem paga é devedor, não
representa ninguém.
 Garantia ✅: são garantias de crédito.

4. Solidárias x indivisíveis
 Semelhança → pagamento integral e possibilidade de cobrança da dívida toda. Todo o resto é diferente.
 Motivo do pagamento da integralidade → nas indivisíveis, o objeto não permite. Já nas solidárias é porque
deve tudo, se obrigou a tudo.
 Perda do objeto → perdas e danos continua nas solidárias (o fato do objeto se perder não faz diferença),
enquanto que não continua nas indivisíveis (vira divisível).
 As solidárias recaem sobre a relação entre as PESSOAS. Já as indivisíveis recaem sobre a natureza do objeto.
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5. Princípios
 Princípio da não presunção da solidariedade (art. 265): a solidariedade deve ser explícita, ou seja, expressa
na lei ou convencionada pelas partes.
 Princípio da pluralidade de modalidade (art. 266): se sou devedor e tenho 2 credores e minha dívida total é
de 2 mil, posso impor a um deles que, pra eu pagar a integralidade, ele deve ir a minha casa pintar uma
parede. O outro, se quiser me cobrar, pode sem fazer nada.

6. Espécies
a. ativa: aquela que tem mais de um credor
b. passiva: mais de um devedor
c. recíproca: mais de um credor e mais de um devedor
 *Obs: o C.C. só traz ativa e passiva. As recíprocas têm suas regras estipuladas pelas regras delas duas.

A. ATIVA:
1. Conceito: é aquela obrigação na qual há mais de um credor, sendo possível a qualquer um deles que exija a
integralidade da prestação.
o Ex: conta conjunta → dois ou mais titulares que podem colocar a quantidade de dinheiro que quiserem e
QUALQUER UM DELES PODE SACAR A INTEGRALIDADE DO VALOR QUE ESTÁ ALI.

2. Características
o Art. 267
o Art. 268 (princípio da prevenção) → se nenhum credor demandar ao devedor, este pode pagar a
integralidade da dívida a qualquer um de sua escolha. Se o credor X demandar o pagamento, a partir desta
data o devedor deve pagar a X somente! Esse princípio, trazido pelo processo civil, diz que o devedor deve
pagar para o credor que primeiro lhe provocar. A doutrina diz que o devedor deve a integralidade da dívida
para qualquer um dos credores, mas SÓ DEVE UMA VEZ. Se ele não for interpelado, o devedor paga como
achar melhor. Mas se for interpelado por um dos credores de forma legítima, ele só paga para aquele que
o provocou. É uma forma de proteção ao devedor.
 *obs: não ocorre prevenção a destempo → se um dos credores pede o pagamento de uma dívida a
destempo, essa cobrança é tida como inexistente. Quando chegar o dia do vencimento, o devedor
continua tendo o direito de pagar a quem ele quiser. Se ele pagar antes do vencimento, pagou errado
(paga duas vezes).

3. Disciplina legal
o Art. 270 (refração do crédito) → quando uma pessoa morre, seus bens vão para espólio (bem único
indivisível até a partilha). Com a partilha, o patrimônio é dividido entre os herdeiros (quinhão hereditário
– parte de cada um na herança). Refração do crédito é quando ocorre a morte e a separação em quinhões
numa obrigação solidária, onde divide-se o crédito entre aqueles herdeiros.
 Objetivo: não piorar a situação do devedor. O devedor, que devia para 2 credores, agora deve para 3
(herdeiros), mas os herdeiros credores só têm direito a cobrar o seu quinhão, e não a integralidade da
dívida (aqui só o cocredor pode).
 Exceções:
a. quando ocorre antes da partilha (espólio substitui o morto; bens são indivisíveis);
b. 1 herdeiro;
c. age em conjunto (sozinhos só podem cobrar seu quinhão, mas juntos podem cobrar a integralidade);
d. indivisibilidade (o objeto é indivisível, então não entrega o quinhão, mas o objeto inteiro)
o Art. 271 → subsiste pois o foco da solidariedade possui natureza subjetiva e não objetiva.
o Art. 273 → exceção quer dizer defesa, que pode ser pessoal (como coação) ou geral/comum (ex: objeto
ilícito, forma não prescrita). Qualquer questão que envolva obrigações pode ser levada a juízo, podendo
sempre o devedor alegar exceções gerais (que dizem respeito à dívida como um todo), já nas pessoais ele
só pode alegar quando for cobrado por aquele credor a quem aquela exceção diz respeito.
 Ex: eu, devedor, tenho uma dívida com um credor plenamente capaz e outro incapaz. Se eu for cobrada
pelo credor capaz, não posso alegar exceção pessoal pois não diz respeito a ele. Se o incapaz me cobra sem
representação/assistência, posso alegar exceção pessoal e o processo se extingue. Mas a dívida não acaba!
Pago a integralidade ao credor capaz e ele divide com o incapaz.
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o Art. 274 → no exemplo anterior, se cobrado pelo incapaz, acaba o processo, mas não a dívida. O julgamento
contrário não vai prejudicar o outro credor. Se for favorável, vai beneficiar o outro (se o credor capaz que
me cobra, favorece o credor incapaz). Apesar de beneficiar o credor incapaz, o devedor pode alegar
exceções pessoais contra ele, “pegando de volta” o que foi dado.

4. Extinção (art. 269): se pagar para um só credor a dívida se extingue até o montante do que foi pago. Mesmo
que haja exceção pessoal, se o devedor pagar tudo a dívida está extinta, mas há o direito de alegar exceção,
cobrando a pessoa de volta. Ex: se tenho uma dívida de 10 mil e pago 5 mil a um credor, o outro não pode me
cobrar 10 mil, só 5, pois a dívida está extinta até o montante que foi pago.

5. Direito de regresso (art. 272): um credor em relação ao outro. Se um credor perdoa a dívida ou recebe a
integralidade do pagamento, ele deve indenizar o cocredor com sua metade. Essa divisão pode ser relativa,
ou seja, dependendo do que o contrato estipular, pode não ser equânime.
o Obs: se a dívida é de 10 mil e recebo 5, devo dividir com o outro até o abatimento do montante final da
dívida.

B. PASSIVA:
1. Conceito: é aquela na qual há multiplicidade de devedores, cada um obrigado pela integralidade da dívida.

2. Características
o Aspecto externo: cada um dos devedores deve a integralidade da dívida.
o Aspecto interno: na relação de um devedor com o outro, cada um só deve ao outro a sua quota parte.

3. Direitos do credor quando há multiplicidade de devedores (art. 275): a cobrança da integralidade da dívida
é uma faculdade. Ele estipula como será a cobrança (se 2 devedores devem mil, o credor pode cobrar 200 de
um e 800 de outro, etc.) > não seria injusto?

4. Efeitos da morte
o Art. 276 → o herdeiro só é obrigado a pagar a sua quota parte correspondente ao seu quinhão hereditário.
o Art. 1792 → se João, que tinha uma dívida de 110, falece deixando um filho com herança de 100 reais, este
só paga 100.
 Exceção: indivisibilidade → se deixa um cavalo, o filho tem obrigação de dar o cavalo, por mais que valha
mais de 100 reais.
 Parte final/crítica: se os dois forem cobrados em conjunto, o fato de estarem reunidos não aumenta a
herança deles.

5. Relação dos codevedores e credor


o Art. 277→ se um devedor pagar parcialmente a dívida ou tem o perdão da dívida parcial, os outros
devedores só se beneficiam em relação a essa parte que foi perdoada. Ex: numa dívida de 10, se sou
perdoada de 5, os outros devedores só precisarão pagar 5. O fato de um dos devedores ter pago uma parte
da dívida só beneficia os outros devedores em relação a essa parte, que deixa de existir.
o Art. 278 → se o credor quiser combinar com um devedor a forma do pagamento e ele aceita, o outro não
precisa aceitar. Qualquer relação combinada entre credor e um dos devedores só vale pros demais se todos
concordarem.
o Art. 282 → renúncia a solidariedade. A obrigação existe, mas não é mais solidária.
 Renúncia absoluta: cada um passa a ser responsável por sua quota parte (pro rata), vira dívida divisível.
 Renúncia relativa: parte dos credores vão dever pro rata e parte solidariamente normal.
o Obs. Art. 284 → se, dentre 3 devedores, um é exonerado e o outro vira insolvente, o devedor que sobrou
não é obrigado a suportar a quota do insolvente sozinho. Ele paga, mas o devedor exonerado rateia com o
outro devedor o valor a este que pagou. O devedor exonerado volta pra ratear se houver insolvência.
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6. Impossibilidade de prestação
o Art. 279: todos pagam pelo equivalente. Mas só o culpado paga pelas perdas e danos.

7. Juros → rendimento/remuneração pela utilização do dinheiro alheio. Podem ser pagos quando há atraso de
pagamento (juros de mora), que provém do atraso do cumprimento de uma obrigação.
o Art. 280: perante o credor, todos eles podem pagar em relação a esses juros. Mas no direito de regresso,
eles pegam esses juros de volta daquele que deu causa ao atraso (diferente dos equivalentes).

8. Meios de defesa
o Art. 281: exceções pessoais só podem ser alegadas pra pessoa específica que diz respeito a exceção.
o *obs: se há uma coação verificada em juízo, esse devedor se exonera e o outro paga pela integralidade pois
a dívida continua com o mesmo valor.

9. Relação codevedores entre eles


o Art. 283: a regra é que, depois que um deles pagar, haja divisão da cota.
 Art. 285 (relativa): se a dívida só diz respeito a um devedor e este pagar, não há direito de regresso
contra os codevedores. Ex: pensão alimentícia onde só o pai devia pagar → não há direito de regresso
contra a mãe.
 Ex: juiz estipula que só o pai era obrigado a pagar, mas ele não paga. Na hora de cobrar a dívida, a
criança pode cobrar a integralidade de um ou de outro. Se ela cobrar da mãe, esta tem direito de
regresso pois ela não devia nada. Quem arca com o prejuízo é quem realmente tinha a dívida.
o Art. 284: se, numa dívida de 15 mil, há 3 devedores e um é exonerado, este só precisa pagar 5. Se um dos
outros dois for insolvente, o outro paga o total, mas divide com o que foi exonerado.

ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO
o Introdução: tríplice teoria → cumprimento; efeito de inexecução; tutela jurídica
o Liberação pelo adimplemento: em regra, o devedor se exonera pagando.
 A prestação, em regra, deve respeitar o tempo, lugar, modo e forma combinados.
 Tempo diferente: se não paga no tempo correto e ainda é interessante ao credor, indeniza-se ele
(abatimento do preço). Ex: pintura

PAGAMENTO: é a função social da obrigação.


1. Introdução: não é só em dinheiro. É o adimplemento de QUALQUER tipo de obrigação, segundo o Código.
a. Regra: a forma da extinção das obrigações é pelo pagamento. Todas as outras são exceções. Alguns
autores falam de solução das obrigações.
b. Significado: é o cumprimento das obrigações (art. 304). O pagamento deve ser voluntário e quem pode
pagar, de acordo com o artigo, é o devedor e o terceiro (juridicamente interessado ou não).
c. Princípios
 Boa-fé (objetiva): a subjetiva é o oposto da má-fé. A boa fé objetiva é uma orientação de conduta. Por
ser padrão de comportamento, traz deveres anexos (ex: direito anexo de informação). Se esses deveres
são descumpridos, há a violação positiva do contrato (art. 422).
 Pontualidade: a obrigação, pra ser adimplida, deve cumprir todos os requisitos (tempo, lugar, modo e
forma integral).

d. Modalidades
 Direto: é o cumprimento da prestação em si. Se me obrigo a entregar um cavalo, o cumprimento direto
é ir lá e entregar o cavalo. É o que ocorre em regra.
 Indireto: forma de se chegar ao adimplemento da obrigação sem que haja aquela prestação inicialmente
combinada. Ex: dação em pagamento → o credor não é obrigado aceitar bem diferente do acordado,
ainda que mais valioso, mas se o faz isso importa em dação em pagamento. Também há a novação
(esquecer aquela obrigação anterior e fazer uma nova).
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2. Natureza jurídica e requisitos
o A natureza é controvertida. Doutrinadores modernos e a corrente majoritária têm a tendência de tratar o
pagamento como um ato jurídico latu sensu (que engloba o stricto sensu e negócio jurídico).
o Doutrinadores clássicos (Caio Mário): a natureza jurídica do pagamento é de negócio jurídico.
o Requisitos para o pagamento ser considerado pagamento:
 Deve existir uma obrigação
 Deve haver a intenção de pagar. Essa intenção não precisa ser expressa, ela deve ser aferível no caso
concreto.
 Cumprimento da prestação *específico do pagamento direto.
 Deve haver um devedor e um credor.

3. Quem deve pagar


3.1. Parte interessada (em regra, o devedor)
o Art. 304 → a pessoa que está obrigada por qualquer motivo é quem tem o interesse jurídico. Ex: devedor
solidário, fiador, etc. A pessoa que tem interesse jurídico pode pagar como se devedora fosse e se sub-roga
no direito daquele credor (art. 349).
o O devedor é o principal interessado.
o Recusa do credor (art. 334): é consequência da recusa do credor de receber o pagamento feito pelo
devedor ou terceiro juridicamente interessado → consignação em pagamento. Posso ir a juízo depositar
aquele valor.
o Obrigação personalíssima ou proibição expressa no contrato (art. 247): quando o terceiro, ainda que
juridicamente interessado, não pode pagar.

3.2. Terceiro não interessado (doutrina: interesse moral, não jurídico)


o Art. 304, § único: esse 3º pode pagar, mas não tem direito de consignar em pagamento. Ou seja, ele só
pode pagar se o credor aceitar. Além disso, ele não tem direito a sub-rogação, mas sim de reembolso.
o Art. 305: 3º não interessado não tem direito a sub-rogação e sim reembolso. Se não reembolsa, há
enriquecimento sem causa.
o Opor justo motivo (art. 306): em regra, o 3º tem direito de reembolso, mas ele perde esse direito se ele
tinha meios de ilidir (meios legais de terminar) aquela dívida. Ex: prescrição, decadência... fica no prejuízo.

3.3. Transmissão da propriedade


o Art. 307: se a lei exigir requisitos excepcionais para a transmissão de propriedade, ela deve ser respeitada.
Ex: art. 1748, IV → tutor não pode alienar bem de tutelado.

4. A quem pagar
4.1. Credor: em regra
o Art. 308: é importante saber quem é o credor na data do pagamento, pois pode ter havido sucessão Inter
vivos ou causa mortis. Se não houver esse credor originário, paga-se aos herdeiros/legatários.
 Causa mortis: herdeiro (aquele que herda um montante que vai ser dividido pra ele - quinhão
hereditário) e legatário (aquele que recebe um bem já individualizado).
 Inter vivos: sub-rogado e cessionário (transferência das obrigações).
4.2. Representante
o Art. 308:
 Legal: advém da lei. Ex: pais
 Judicial: imposta pelo juiz. Ex: na falência, juiz determina a massa falida a um administrador judicial.
 Convencional: é acordada. Ex: por procuração.
o Doutrina: no caso da legal e judicial, o pagamento só pode ser feito ao representante. Ex: pais em relação aos
filhos. Visa coibir que o menor receba dinheiro. Na convencional pode ser feito a qualquer um dos dois, a
escolha cabe ao devedor.
o Representação tácita (art. 311): se analisa se, naquelas circunstâncias, a pessoa era legitimamente
representante. A doutrina diz que o devedor, pra pagar ao representante tácito, deve ter cautela, pois quem
paga errado paga 2x.
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4.3. Terceiro
o A regra é que, quem paga errado, paga duas vezes. Tal regra é afastada quando se estipula pela lei:
o Exceção (art. 308, 2ª parte): se credor ratifica; se devedor provar que houve proveito para o credor. Ex:
tenho dívida com João, que é casado com Maria, mas paguei pra ela. Posso provar se houve proveito, p. ex.,
se ela usou dinheiro pra comprar comida.
 Proveito direto: posso provar que o dinheiro foi convertido em favor do credor.
 Proveito indireto: não há como provar que houve proveito total daquele bem pelo credor. A doutrina diz
que pode haver uma invasão na liberdade de decisão daquele credor, logo não pode ser forma de extinção
da dívida e o credor pode receber de novo. Ex: Maria usou o dinheiro para comprar um computador.

4.4. Credor putativo: pessoa que aparenta ser credor, mas não é. Se eu continuar pagando, este pagamento será
válido se:
o Art. 309: devedor agir de boa-fé + existir motivo para a escusabilidade do erro

4.5. Incapaz
o Art. 310: em regra, se sabia da incapacidade, é inválido. Se não sabia, é válido. Analisa-se a boa fé e
escusabilidade do erro.

4.6. Credor com crédito penhorado


o Art. 312: se, p. ex., A deve 100 reais para B, que tinha dívida de 100 com C, como B tinha crédito de 100, C
penhora esse crédito. Se A sabia da penhora e pagou, pagou errado. A não pode pagar para B.

5. Objeto
o O objeto deve ser preexistente. O objeto do pagamento direto é a própria prestação originária combinada
pelas partes.
o Art. 313: dação em pagamento
o Art. 314: obrigações, em regra, devem ser pagas na sua integralidade, a não ser que as partes concordem
outra coisa.
o Art. 325: estão à cargo do devedor as custas em relação à entrega e à quitação da prestação. Mas se for
combinada outra coisa ou aumentado o custo por causa do credor, quem paga é este. O devedor continua
obrigado ao que ele originariamente combinou.

5.1. Pagamento pecuniário e princípio do nominalismo


o Dívida em dinheiro: aquela na qual a prestação é o próprio dinheiro. Ex: contrato de empréstimo.
o Dívida de valor: é aquela na qual a quantidade em dinheiro REPRESENTA a prestação, mas não é ela. É como
se fosse uma equivalência do valor do objeto pelo valor em dinheiro. Ex: dívida de valor de um cavalo que
vale 5 mil.
o Moeda de curso forçado: única admitida naquele território (real). *art. 326: essa moeda vale também pra
outras medidas. Ex: peso, medidas etc. No Brasil, só podemos assinar um contrato que vai ser pago em libras
se for convencionado.
o Princípio do nominalismo (art. 315): é o valor exatamente não leva em conta a correção monetária.

5.2. Cláusula da escala móvel: forma de tentar equalizar os custos de vida.


o A inflação é o índice oficial utilizado como forma de correção monetária, mas também há a taxa Selic.
o Art. 316: a taxa selic é uma taxa fixa. O 316 permite que essa taxa aumente ao longo dos meses, mas deve
respeitar a equalização dos custos de vida, não pode desequilibrar a obrigação.
o Art. 317 (teoria da imprevisão): se ocorrer um fato que torne a obrigação muito onerosa a uma parte, o juiz
pode decidir de forma a equilibrar essa relação.
o Art. 318: contratos internacionais podem se pactuados em moeda estrangeira.

6. Prova do pagamento
6.1. Quitação
o Conceito: é a prova escrita do pagamento não presumida, exceto por lei.
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o Art. 319 c/c 335, I (consignação em pagamento): a quitação é um direito do devedor. É tão importante pro
devedor que ele pode se recusar a pagar (319) ou consignar judicialmente aquele pagamento se o credor se
recusar a dar a quitação pro devedor (335, I).
o Requisitos (art. 320): valor e espécie; nome do devedor; tempo; lugar; assinatura.
 320 § único: na falta de requisitos, pode ser que no caso concreto as circunstâncias mostrem que houve
pagamento e quitação (princípios da boa fé, operabilidade)
 *Enunciado 19 CJF: a quitação pode ser eletrônica, não precisa haver cartularidade.

6.2. Presunção de pagamento: seria desnecessária a quitação. Em regra, é tida como relativa
a. Títulos de crédito: caracteriza-se principalmente pela cartularidade. É o título que garante o cumprimento
da obrigação. Ex: cheque caução (garantia). Entrega-se o título ao credor e, quando o título está nas mãos
do devedor, presume-se que a obrigação foi paga (art. 324 – relativização: § único).
 Art. 321: se o credor perde o título, o devedor tem direito de exigir que ele prove que não utilizou.
b. Art. 322: quando há dívidas que se protraem no tempo.
c. Art. 323: quando se quita dívida em dinheiro, presume-se (se tem recibo do pagamento da dívida) que os
juros que viriam com ela também foram pagos.

7. Lugar de pagamento
a. Quesível: devem ser pagas no domicílio do devedor.
b. Portável: devem ser pagas no domicílio do credor.
o Art. 327: no Brasil, em regra, são quesíveis. § único: doutrina entende que a notificação deve ser feita em
tempo hábil. Se o credor escolher o lugar do pagamento. Relativização: art. 329. Modificação: art. 330.
o Art. 328 (bens imóveis): prestações unicamente realizáveis no imóvel (ex: pintura). Pagamento de aluguel
pode ser feito em outro lugar que não no imóvel.

8. Tempo
o Puras: não tem condição nenhuma para seu pagamento.
i. Com termo: tem data pro vencimento. O devedor está em mora desde o primeiro minuto do dia seguinte ao
do vencimento (art. 397 – já começa a correr juros de mora). O devedor deve levar em consideração os
empecilhos técnicos (ex: pagar em banco até 16h). Hipóteses de antecipação do vencimento:
 Art. 333: a lei vê que o devedor está prestes a não conseguir quitar a dívida; a tendência é que o patrimônio
diminua. Possibilita ao credor a cobrança antecipada para que ele não vire credor de insolvente.
 Pagamento antecipado: só é possível com a anuência do credor. Quem paga a destempo paga errado. Já o
art. 52, § 2º CDC permite ao consumidor pagar antecipadamente e receber abatimento dos juros
ii. Sem termo: art. 331 traz o princípio da satisfação imediata (relativizado pelo art. 134 – o princípio deve se
adequar ao caso concreto). Art. 397 § único: sem termo, mora mediante interpelação judicial.
o Condicionais (art. 332): estipulam uma condição (suspensiva – a resolutiva termina com esse direito).
Devem ser cumpridas no dia que se aferiu a condição.

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