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Capítulo I
Além das técnicas
A afirmação de que não existem técnicas rogerianas, por paradoxal que seja, não deixa
de exprimir uma característica primordial desta prática terapêutica tal como Rogers a
concebe. Para ele o terapeuta deve se esforçar, tão plenamente quanto possível, em se
conduzir como pessoa — não como especialista. Seu papel consiste em pôr em prática
atitudes e concepções fundamentais relativas ao ser humano — não na aplicação de
conhecimentos e de habilidades especiais, reservados exclusivamente a seus contatos
terapêuticos.
Mas não basta possuir as atitudes requeridas. É necessário ainda saber expressá-las de
maneira eficiente. As condições da terapia, tais como são enunciadas no capítulo IX (A
6) do primeiro volume estipulam expressamente que, para que sejam eficientes, essas
atitudes devem ser comunicadas, numa certa medida, ao interessado. Certamente, a
atitude verdadeira nunca deixa de se expressar. Mas as melhores atitudes podem se
manifestar de modo inadequado, ambíguo e mesmo desajeitado; daí permanecerem,
com freqüência, aquém das exigências da situação.
O risco de manifestações ineficazes é ainda forte, uma vez que se tratam aqui de
atitudes pouco comuns: a empatia, a consideração positiva incondicional e a
autenticidade. A empatia ou, em linguagem usual, a capacidade de se tomar o ponto de
vista de outro, não é apanágio de todo o mundo. A prática desta atitude é
particularmente difícil quando se trata de pontos de vista, às vezes totalmente estranhos
ao seu próprio ou diretamente opostos à lógica e à realidade elementares, como ocorre
freqüentemente no contexto terapêutico. O homem e, em particular, o profissional,
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não está naturalmente inclinado a adotar uma tal espécie de atitude. Muitas vezes é só
depois de se convencer, pela experiência, da ineficiência de atitudes contrárias, que ele
se dispõe a tentar uma abordagem
empática.