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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 1ª UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL DA


COMARCA DE FORTALEZA-CE

XXXXXX, brasileiro, solteiro, contador, CPF nº XXX, RG nº XXXX,


endereço XXXXXX., vem, por seu advogado ao final assinado, apresentar AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS, em face de POP INTERNET LTDA., CNPJ Nº 03.809.228/0001-15,
endereço na Rua Lourenço Pinto, nº 299, 14 andar, Centro, Curitiba/PR, CEP 80.010-
160., e TELEFONICA BRASIL S.A., CNPJ nº 02.558.157/0001-62, endereço na AV.
Engenheiro Luiz Carlos Berrini, nº 1376, Bairro Cidade Monções, São Paulo/SP, CEP
04.571-936, pelos motivos a seguir expostos:
DOS FATOS

O requerente tomou conhecimento que seu nome estava negativado


junto aos órgãos de proteção ao crédito, referente a um suposto contrato de nº
0000899994730486, decorrente de serviços de Internet das empresas demandas,
conforme comprovante de negativação em anexo.

Ocorre que o autor não reconhece a dívida que ensejou a negativação de


seu nome, haja vista que o serviço de internet foi cancelado pela própria operadora
por indisponibilidade de prestação no novo endereço do autor, sendo certo que na
ocasião da extinção do contrato não haviam dívidas pendentes.

Embora no ano de 2017 não tenha havido a prestação de serviço por


parte das operadoras demandas, uma vez encerrado o vínculo no ano de 2016, o
autor teve seu nome negativado junto aos órgãos de proteção ao crédito.

A bem da verdade, já no início do segundo semestre deste ano, o


requerente já vinha sendo indevidamente cobrado por esses serviços por meio de
cartas e ligações telefônicas, conforme anexo, tento esclarecido, naquela ocasião, que
não reconhecia a dívida.

Na ocasião, seu nome chegou a ser negativado, porém o autor, mesmo


convicto que nada devia à empresa demandada, resolveu quitar os débitos
indevidamente cobrados, pois tinha extrema urgência em dar baixa na referida
negativação, uma vez que estava em processo de realização de financiamento
imobiliário, conforme anexo.

Em sendo negado o financiamento imobiliário por conta das negativações


indevidas, conforme anexo, o autor entendeu por bem, considerando os valores
envolvidos, sujeitar-se aos abusos das empresas demandadas e realizar o pagamento
das cobranças indevidas, nos valores de R$ 155,78 e R$ 263,00.

Pouco tempo depois a negativação nos órgãos de proteção ao crédito foi


retirada, o que permitiu momentaneamente ao autor seguir sua vida normalmente,
realizando as operações de crédito necessárias.

Todavia, pouco tempo depois, o autor tentou fazer novas operações de


crédito e foi mais uma vez surpreendido pela informação de que seu nome havia sido
novamente negativado pelas empresas demandadas, pelos mesmos débitos
indevidos.

Ao tomar conhecimento de mais uma negativação indevida, o autor


tentou mais uma vez esclarecer a situação, conforme protocolo de atendimento nº
04220177654188, todavia sem êxito.

Conforme anexo, houveram duas negativações, sem notificação, sem


nenhuma forma de contato e por um débito inexistente.

Os débitos que ensejaram as novas negativações são indevidos por dois


motivos: primeiro, o autor nãos as reconhece, uma vez que não houve qualquer
contraprestação das empresas demandas que justifiquem a cobrança dos referidos
valores. Segundo, mesmo não reconhecendo os referidos débitos, o autor já as pagou
uma vez, com o único fim de ver seu nome “limpo” o quanto antes, haja vista que as
negativações estavam impedindo o financiamento imobiliário pretendido, conforme
comprovante em anexo.

Na primeira vez em que houve a negativação indevida, o autor se viu


obrigado a quitar os valores indevidos em virtude do financiamento imobiliário e de
processos seletivos cuja concorrência dependia de uma certidão negativa de débitos
ou registros em órgãos de proteção ao lojista.

Ao solicitar instrumento para pagamento e imediata baixa das


negativações, os termos fixaram a nomenclatura de “negociação” como se autor de
fato estivesse em débito.

Em um dos contatos, foi dito que houve um erro por parte da operadora,
onde foi aberto um novo contrato sem autorização ou pedido, e os valores exigidos e
representados na negociação são oriundos deste contrato irregular.

Nesta segunda negativação, as empresas demandadas agem com


extremo abuso, haja vista que nada justifica as cobranças indevidas, uma vez que
todos os débitos indevidamente cobrados foram pagos pelo autor, que necessitava
com urgência ter seu nome desimpedido de restrições.

Não conseguindo solucionar o problema administrativamente, o autor


resolve enfim procurar o Poder Judiciário para por fim aos abusos cometidos pelas
empresas demandadas.
DOS DANOS MORAIS

Em decorrência das negativações indevidas, decorrentes de débitos não


contraídos pelo autor, houve a ocorrência de situação constrangedora, angustiante,
que abala sua imagem e consequentemente sua moral.

Ademais, há de se considerar ainda todo o desgaste e preocupação


decorrentes da impossibilidade de realizar qualquer operação de crédito.

Agravando mais ainda os abusos das demandadas, há de se destacar


que houve erro duplo, uma vez que na primeira vez em que ocorreram as
negativações indevidas, o autor quitou os débitos, mesmo convicto que nada devia,
mas como precisava urgentemente ter seu nome desimpedido de qualquer restrição,
entendeu por bem se sujeitar, à época, aos ilícitos das empresas demandadas.

A conduta das empresas rés causa danos à moral, à honra e ao bom


nome do requerente, que obviamente não pode ser obrigado a efetuar o pagamento
da dívida que não reconhece.

Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo


5º, inciso X:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;"

Também nessa linha, preconiza o Art. 927 do Código Civil:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.
É certo que até o presente momento o requerente permanece com seu
nome registrado no cadastro dos órgãos de proteção ao crédito, por conta de um
débito inexistente, e precisa que seja retirado para continuar sua vida normalmente.

Diante do narrado, fica claramente demonstrado que as empresas


requeridas, ao cometer imprudente ato, afrontou confessada e conscientemente o
texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenada à respectiva
indenização pelo dano moral sofrido pelo requerente.

À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a) ato


ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência; b) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c)
nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente,


sendo indiscutível o liame jurídico existente entre eles, pois se não fossem as
negativações indevidas efetuadas pelas rés, o autor não estaria sofrendo qualquer
abalo em sua moral.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados,


visto que, em razão de tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva das empresas
requeridas, o autor teve a sua moral afligida, foi exposto ao ridículo e sofreu
constrangimentos de ordem moral, o que inegavelmente consiste em meio vexatório.

DOS DANOS MATERIAIS

Conforme exposto alhures, após as primeiras negativações, descobertas


em meados do mês de agosto do presente ano, autor, por necessitar com urgência ter
seu nome desimpedido de restrições, sujeitou-se aos abusos das empresas
demandadas e pagou os débitos indevidos, mesmo convicto que nada devia.

Na ocasião, considerando os valores envolvidos, entendeu o autor que


era melhor se sujeitar ao referido abuso do que se envolver em uma ação judicial.
Todavia, diante das novas negativações, descobertas neste mês de
dezembro, o autor viu que os abusos não cessaram até que seja tomada uma medida
enérgica por parte do poder Judiciário.

Dessa forma, uma vez tendo de ingressas com a ação judicial para fazer
cessar os abusos das empresas demandas, é lícito ao autor buscar ainda o
ressarcimento dos valores indevidamente pagos, uma vez que o pagamento, mesmo
indevido, tinha o único intuito de “limpar” imediatamente o seu nome e evitar uma
demanda judicial.

Conforme comprovantes em anexo, o autor efetuou dois pagamentos,


nos valores de R$ 155,78 e R$ 263,00, totalizando R$ 418,78.

Aplica-se ao fato em espécie, a previsão legal contida no artigo 42,


parágrafo único do CDC, que assim reza:

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.

Desta forma, considerando o valor indevidamente pago de R$ 418,78,


requer-se a condenação das empresas demandadas para que restituam ao autor o
valor de R$ 837,56.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DAS RÉS

Considerando as características das partes, onde um lado é composto


por empresas de grande porte, com atuação em todo o território nacional, e o outro por
pessoa física claramente hipossuficiente em comparação com as demandadas, temos
que a relação jurídica estabelecida entre as partes deve ser albergada pelos princípios
que regem o código de defesa do consumidor, merecendo aplicação o regramento
contido no diploma legal especial com relação ao dever de indenizar.

Desnecessária, portanto, a comprovação de culpa das rés, por incidente


a responsabilidade objetiva, em virtude do disposto no art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor. Demonstrado o nexo causal entre o dano suportado, oriundo das
negativações indevidas, e a ocorrência dos danos afirmados, inequívoco o dever de
indenizar pela parte demandada.
Por fim, cumpre destacar que o arbitramento do valor da compensação
pecuniária pelos danos morais suportados pela parte autora deve ter como parâmetros
a repercussão do dano e a capacidade econômica do ofensor.

DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do


direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre pólos
processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro, o
fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo
primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a
inversão do ônus da prova justamente em face da hipossuficiência de uma das partes.

Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as


partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no.
8.078-90.

Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica


havida entre fornecedor (artigo 3º da LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou
serviço, sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando:

“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor,


sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se
de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o
consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na
relação de consumo (CDC 4º,I), tem de ser tratado de forma diferente,
a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da
relação de consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao
princípio constitucional da isonomia, na medida em que trata
desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela
própria Lei.” (Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery
Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed.1999, pág. 1805, nota
13).

Diante exposto, com fundamentos acima pautados, requer o autor a


inversão do ônus da prova, incumbindo ao réu a demonstração de todas as provas
referentes ao pedido desta peça.
DA TUTELA DE URGÊNCIA

Necessária a concessão da tutela de urgência para suspensão da


negativação, vez que o autor necessita ter seu nome sem restrição de crédito para
realizar as atividades básicas de seu dia a dia.

Privar o autor de toda e qualquer linha de crédito, de forma indevida, é


praticamente condená-lo a uma existência de grandes privações.

Dispõe o artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

(...)

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Para a concessão da tutela de urgência exige a Lei a fumaça do bom


direito, o perigo na demora e a reversibilidade dos efeitos da decisão.

A probabilidade do direito do autor resta claramente evidenciada nos


comprovantes de negativação, em anexo, nos quais se observa a indevida restrição
feita junto aos órgãos de proteção ao crédito (SERASA).

No caso, está presente ainda o periculum in mora, visto que a restrição


ao crédito constitui dano a direitos intrínsecos à pessoa do autor, que resta
impossibilitada de realizar qualquer operação de crédito, obtenção de empréstimo e
compras a prazo.

Ressalte-se que, no momento de crise por que passa a nossa economia


atualmente, uma restrição desta natureza gera impactos ainda mais danosos que o
usual, sendo certo que há a necessidade imediata da disponibilização de crédito ao
autor.
Outrossim, no caso em tela, há que se ressaltar os danos a imagem do
autor, que se prolongam no tempo a medida que seu nome permanece com restrições
junto aos órgãos de proteção ao crédito.

Por fim, as características do caso demonstram que os efeitos da


concessão da tutela são plenamente reversíveis, sem qualquer prejuízo às partes
requeridas, haja vista que a simples retirada temporário do nome do autor do SERASA
em nada afetará as empresas demandadas. Ademais, o efeito pode ser a qualquer
momento revertido com a mera reinclusão do nome do autor no SERASA.

Assim, requer o autor a concessão da tutela de urgência, para que seja


imediatamente retirado seu nome dos órgãos de restrição ao crédito.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) seja liminarmente concedida a tutela de urgência, para que as


empresas demandadas promovam a imediata retirada do nome da autora dos órgãos
de restrição ao crédito, referente ao débito objeto desta demanda, até posterior
deliberação deste Juízo;

b) a citação das empresas requeridas, na pessoa de seus representantes


legais, nos endereços declinados no preâmbulo desta para, querendo, no prazo da lei,
responderem aos termos da presente ação, sob pena de revelia e confissão;

c) a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078, de 11


de setembro de 1990;

d) a condenação das requeridas, nos termos do art. 42, Parágrafo único


do CDC, a restituir em dobro a quantia paga pelo requerente, no importe de R$
837,56;

e) ao final, sejam julgados totalmente procedentes os pedidos desta peça


vestibular para então declarar a inexistência dos débitos inscritos nos órgãos de
proteção ao crédito, decorrentes do suposto contrato nº 04220177654188, bem como
para condenar as empresas requeridas ao pagamento de indenização pelos danos
morais sofridos na importância de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

f) a produção de todas as provas necessárias à instrução do feito,


principalmente a juntada dos documentos que instruem a inicial;

Atribui-se a causa o valor de R$ 25.837,56.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Fortaleza, 17 de dezembro de 2017.

ADVOGADO

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