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Raquel QUIRINO
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação na Faculdade de
Educação/UFMG
FERNANDO FIDALGO
Orientador, Professor do Programa de Pós-graduação em Educação na Faculdade de
Educação/UFMG e Bolsista CNPq.
1. Introdução
No setor produtivo as profissões que exigem força e trabalhos pesados,
realizados em ambientes inóspitos, sujos e insalubres e em revezamento de turnos
geralmente são associadas à estereótipos masculinos os quais "requerem coragem e
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O enfoque dos estudos centrado no embate real entre homens e mulheres nas
relações de trabalho possibilitará compreender as diferenças de competências que se dão
através das relações sociais de produção e, o estudo pelo viés da análise das
competências da mulher, justifica-se devido à pouca visibilidade dada ao seu trabalho,
tanto em relação à atividade econômica exercida por ela, quanto pela importância da sua
contribuição para a esfera produtiva. Também cumpre destacar o perfil diferenciado das
atividades de trabalho do homem e da mulher, com vistas a assinalar em que medida as
diferenças se transformam em desigualdades. Se a referência é o setor produtivo regido
pela gestão da força de trabalho no modelo de competência, a proposta leva ao
aprofundamento das causas e das conseqüências da segregação ocupacional da mulher,
dos conflitos vivenciados por ela neste processo dialético de valorização e
desvalorização de saberes, dos níveis de exigência das empresas e das formas de
discriminação às quais é submetida em razão da condição feminina..
É do encontro entre estes eixos temáticos e dos problemas por eles suscitados
que nasceu a proposta deste projeto de estudos.
Em seu estudo da arte sobre a lógica de competências, Fidalgo (2003), relata que
apesar das reiteradas afirmações de diversos autores sobre as imprecisões conceituais da
noção de competências, há várias convergências entre eles, tais como: a competência
como capacidade de articulação e mobilização de saberes, conhecimentos, habilidades e
atitudes; a exaltação do sentido de eficácia das competências diante dos acontecimentos
e, finalmente, o movimento em direção ao processo de individualização e de competição
entre os/as trabalhadores/as.
Diante das mudanças técnicas, organizacionais e econômicas ocorridas nos
últimos anos, as empresas têm progressivamente substituído o modelo de "qualificação"
pelo de "competências". No entanto, muito mais que a definição do termo, para
Schwartz (1998) um dos maiores problemas advindos desta mudança é em relação aos
procedimentos de gestão e definição de modelos de avaliação dessas competências. Para
o autor, a determinação das competências para o trabalho e o processo de avaliação
dessas competências torna-se um paradoxo, pois, na medida em que é um exercício
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Considerações Finais
A partir do estudo teórico, esta pesquisa visa compreender as categorias
"relações sociais de sexos" e "competência" no contexto do setor produtivo. Na pesquisa
empírica, busca-se investigar o crescente interesse das empresas pela contratação de
mulheres para "profissões masculinas" e as competências requeridas destas mulheres
pelo capital, localizar mulheres que exercem tais profissões socialmente consideradas
masculinas, identificar e analisar as competências realmente desenvolvidas e utilizadas
por elas nas atividades de trabalho, onde e como foram desenvolvidas. Também a
análise dos conflitos vivenciados e as estratégias utilizadas pela mulher no processo de
confrontação e avaliação das competências prescritas com o desenvolvimento e
utilização de suas competências nas situações de trabalho serão de fundamental
importância para os resultados esperados.
Por fim, espera-se com este estudo, contribuir para ampliar e aprofundar a
compreensão sobre as relações sociais de sexos no mundo do trabalho, no contexto do
modelo de competência, e se a inserção da mulher em profissões masculinas
representam um avanço rumo à sua emancipação ou um aumento da precarização e dos
preconceitos as quais é submetida no mundo do trabalho pela sua condição feminina.
REFERÊNCIAS
SOUZA LOBO, E. A Classe operária tem dois sexos. São Paulo: Brasiliense, 1991.
ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
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Vinculado ao Grupo de Pesquisa Trabalho, Tecnologia e Educação. Apoio: Fapemig e CNPq.