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XXXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola

Bonito - MS, 30-7 a 2-8-2007

CARBONIZAÇÃO DA CASCA DE ARROZ (Oriza sativa)


PARA USO ENERGÉTICO

RUBEM CESAR RODRIGUES SOUZA1; EYDE CRISTIANNE SARAIVA DOS SANTOS2;


MARCIA RODRIGUES MORAIS3; OMAR SEYE4
1
Engenheiro Eletricista, Dr., Diretor do CDEAM/UFAM – Manaus-AM. E-mail: rubem_souza@yahoo.com.br
2
Engenheira Agrônoma, Dra, Pesquisadora, CDEAM/UFAM – Manaus-AM: eyde_cristianne@yahoo.com.br
3
Química, Pesquisadora, Doutoranda, CDEAM/UFAM – Manaus – AM
4
Físico, Dr, Pesquisador, CDEAM/UFAM – Manaus -AM.

Apresentado no
XXXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola
30 de julho a 02 de agosto de 2007 – Bonito – MS

RESUMO: O atendimento da demanda contínua de alimentos deve estar associado a medidas que
mitiguem possíveis impactos ambientais negativos ao mesmo, tempo que otimize a lucratividade da
atividade produtiva. Buscando contribuir com a problemática do destino adequado aos resíduos
produzidos por empresas que produzem e beneficiam arroz no Estado de Roraima, conduziu-se uma
pesquisa para avaliar o seu uso como insumo energético. Embora existam informações sobre a
composição da casca do arroz, o presente estudo visa complementar os dados disponíveis na literatura.
Portanto, o objetivo dessa pesquisa foi realizar a caracterização energética da casca de arroz in natura
e carbonizada. Para tal, foram realizados ensaios de composições químicas elementares, poder
calorífico superior, análise imediata, massa específica aparente a granel, massa específica real e
análises termogravimétricas (TG/DTA/DTG). Os resultados demonstram que a biomassa in natura
quando carbonizada aumenta seu poder calorífico (18,65%), reduz significativa seu teor de voláteis
(87%), e um aumento de 11,90% para 45,65% o teor de carbono fixo. As características físico-
químicas apresentadas pelas cascas de arroz in natura e carbonizada indicam a possibilidade da sua
utilização como fonte alternativa de energia; sendo recomendável, no caso do material carbonizado,
um estudo de compactação para verificar a viabilidade técnico-econômica.

PALAVRAS–CHAVE: carvão, biomassa, energia.

CARBONIZATION OF RICE (Oriza sativa) RIND OF ENERGY USE

ABSTRACT: Attending to the continuous demand food must be associated with actions that mitigate
possible negative impacts on the environment, while optimize the profitability of the productive
activity. Searching for contributing with the problematic related to the proper destination of the
residues produced by companies that produce and benefit rice in the State of Roraima, this research
was carried on to evaluate its use as energetic input. The present study aims to complement the
available data in literature. Therefore, the objective of this research was to investigate the energetic
characterization of the rice rind in natura and carbonized. To achieve this goal, elementary chemical
compositions, higher calorific power, immediate analysis, apparent specific mass in bulk, real specific
mass assays, and termogravimetrics analyses (TG/DTA/DTG) had been carried on. The results
demonstrate that carbonized in natura biomass has its calorific power increased (18.65%), its volatile
content is significantly reduced (87%), and the fixed carbon content is increase from 11,90% to
45,65%. The physicist-chemistries characteristics presented by the rice rinds in natura and carbonized
satte indicate the possibility of its use as alternative source of energy. In the case of the carbonized
material, it is recommendable a study on compression in order to verify the technical and economic
viability.

KEYWORDS: coal, biomass, energy.


XXXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola
Bonito - MS, 30-7 a 2-8-2007

INTRODUÇÃO
O consumo do arroz pela população mundial é um hábito inquestionável e dificilmente sofrerá
substituição. Em análise apresentada pelo International Rice Research Institute (IRRI, 1994) sobre
projeção de oferta e consumo do arroz para o ano de 2025, ficou demonstrada a necessidade de um
acréscimo de 200 milhões de toneladas aos 550 milhões atualmente produzidos para atender ao
consumo mundial. Segundo o IRRI, tal produção só será parcialmente obtida pelos países asiáticos,
maiores consumidores, tendo em vista as dificuldades de disponibilidade de terra, água e pela redução
do crescimento da produtividade. Do exposto, fica evidente a necessidade da expansão de área para a
produção do cereal e a região tropical do Brasil, tanto no ecossistema de terras altas quanto no de
várzeas irrigadas, se apresenta como uma das principais alternativas para fazer frente ao desafio de
suprir as necessidades mundiais.
Nesse contexto, surgem Estados com grandes possibilidades de expansão de área e produção, como é
o caso de Roraima, com suas imensas várzeas irrigáveis e clima propício para a exploração da
atividade durante todo o ano. O advento das Provárzeas em 1981/82 motivou o aproveitamento das
várzeas existentes em Roraima, cerca de 160.000 hectares em potencial. Esses ecossistemas,
principalmente localizados na região de lavrados (cerrados), apresentam topografia plana e facilidades
para a mecanização agrícola e irrigação. A opção de ocupação dessas várzeas foi com o cultivo do
arroz irrigado mecanizado, aproveitando a experiência com a cultura de agricultores imigrantes do sul
do país. As várzeas de Roraima são caracterizadas por serem saturadas e/ou submersas durante o
período chuvoso (abril a setembro) e secas durante o período de estiagem (outubro a março), quando
são utilizadas para o cultivo de arroz irrigado, embora a existência de várzeas altas, que não inundam
num período chuvoso, permite o cultivo durante o ano todo, com possibilidades de obtenção de até três
safras por ano.
De forma geral, a produção crescente de alimentos, deve estar relacionada ao destino adequado de
resíduos gerados no beneficiamento, de forma a não impactar negativamente o meio ambiente e, se
possível, gerar uma fonte de renda adicional.
Observando as atividades do setor primário no Estado de Roraima, sobressai a significativa produção
de arroz, abastecendo o mercado da região Norte do Brasil, sendo os resíduos gerados pela indústria
depositados no aterro da cidade, podendo ter um destino mais nobre, qual seja: a geração de energia.
Considerando que os resíduos vegetais são compostos de celulose, estes podem ser preparados de
forma relativamente fácil para obtenção de energia devido a pouca umidade e a facilidade de serem
pré-processados. Qualquer material para ser utilizado como energético precisa ser devidamente
caracterizado afim de definir a rota tecnológica mais apropriada. Assim, embora existam informações
sobre a composição da casca do arroz, o presente estudo visa complementar os dados disponíveis na
literatura. Portanto, o objetivo dessa pesquisa é apresentar a caracterização energética da casca de
arroz in natura e carbonizada, fornecendo subsídios para seu aproveitamento energético.

MATERIAL E MÉTODOS
As cascas de arroz pertencentes a um mesmo lote de amostras, o carvão obtido a partir da
carbonização das cascas de arroz in natura e os briquetes produzidos a partir da prensagem do carvão
vegetal com a fécula de mandioca, foram submetidos aos ensaios específicos para a determinação de
suas características físico-químicas. Os ensaios foram realizados em escala laboratorial, sendo
descritos a seguir. As composições químicas elementares das amostras em estudo foram
determinadas através de um equipamento de microanálise Perkin Elmer-Series II 2400 CHNS/O
Analyser. Foram realizadas no Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear e Análise Elementar,
do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. O poder calorífico
superior foi determinado através de uma bomba calorimétrica, a volume constante e sem escoamento
de combustível, de acordo com a norma NBR 8628, de outubro de 1984. A análise imediata das
cascas de arroz foi determinada de acordo com a norma NBR 8112, de outubro de 1986. A massa
específica aparente a granel e a massa específica real foram determinadas segundo a norma
NBR8112 de outubro de 1986. As análises termogravimétricas (TG/DTA/DTG) foram realizadas
em um termoanalisador Universal V 2.6 DTA Instruments, com taxa de aquecimento de 10oC/min, em
atmosfera de ar sintético.
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Bonito - MS, 30-7 a 2-8-2007

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A casca de arroz in natura foi carbonizada a uma temperatura máxima de 600oC, obedecendo o
gradiente de temperatura apresentado na Figura 1. O equipamento utilizado para realizar a
carbonização da biomassa, de propriedade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
(Figuras 2, 3, 4 a 5), é composto de uma retorta (um cadinho) feita em aço, contendo um sistema de
controle de pressão e eliminação de gases de decomposição da matéria orgânica, e um forno tipo
mufla circular, que faz o aquecimento da retorta.

600

500
Temperatura (°C)

400

300

200

100

0 20 40 60 80 100 120
Tempo (min)

Figura 1: Curva de queima utilizada para a carbonização da casca de arroz.


Fonte: Souza, et al, 2005.

Figura 2: Retorta Figura 3: Forno da retorta

Figura 4: Detalhe das resistências do forno da retorta. Figura 5: Alimentação da retorta com casca de arroz
in natura.
Fonte: Souza, et al, 2005.
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O rendimento gravimétrico da carbonização das cascas de arroz é apresentado na Tabela 1. Pode-se


avaliar que o processo de carbonização foi satisfatório, devido a uma diminuição de 87% do teor de
voláteis, e o aumento de 11,90% para 45,65% do teor de carbono fixo (Tabela 2).

Tabela 1: Rendimento gravimétrico da carbonização das cascas de arroz.


Carvão Líquido Pirolenhoso Água Gases Leves
(%) (%) (%) (%)
43,25 33,09 13,18 10,48
Fonte: Souza, et al, 2005.
De forma geral, o teor de voláteis da biomassa é muito alto e pode está na faixa de 65-83% (Lora et al,
1997), no caso da casca do arroz o teor mais baixo foi do material carbonizado (8,32%) enquanto que
o material in natura 64,26%, um pouco inferior ao registrado na literatura.
Tabela 2: Análise imediata e poder calorífico da casca de arroz in natura e carbonizada.
PCS
Umidade Cinzas* Voláteis* Carbono
Amostra * Média
(%) (%) (%) Fixo (%)
(MJ/kg)
Casca arroz in natura 10,61 23,84 64,26 11,90 12,92
Carvão casca arroz 4,66 46,04 8,32 45,65 15,33
Fonte: Souza, et al, 2005.
Nesse processo houve um acréscimo de 18,65% no poder calorífico superior, não sendo maior devido
ao elevado teor de cinzas presentes na casca do arroz e no carvão produzidos, o que compromete o
poder calorífico dessas biomassas e pode ser prejudicial ao equipamento caso a rota tecnológica seja a
de gaseificação.
A análise química elementar do briquete e da casca de arroz in natura (Tabela 3) informa a ausência
de nitrogênio e enxofre (não detectadas pelo equipamento), indicando que o processo de gaseificação
do briquete resultará em um gás livre de NOx e SOx, gases ácidos que podem produzir corrosão no
equipamento, bem como poluir a atmosfera.

Tabela 3: Análise elementar do briquete e das cascas de arroz in natura.


Elemento (% em peso)
Casca de arroz
H C N O S Cinzas
In natura 4,29 32,37 nd 43,28 nd 20,06
Carbonizada 2,45 51,02 nd 4,37 nd 42,16
Dados da literatura*para
4,3 40,96 0,40 35,98 0,02 18,34
amostra in natura
nd: Não determinado pelo equipamento (<0.002% em peso)
Fonte: Souza, et al, 2005; [*] Fonte: Cortez e Lora (1997).

A Termogravimetria Diferencial (DTG) e a Análise Térmica Diferencial (DTA) da casca de arroz in


natura e do carvão vegetal obtido por carbonização são apresentadas nas Figuras 6 e 7.
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1,0
0,9
Casca arroz carbonizada
0,8 Casca arroz in natura

DTG (% / C)
0,7

o
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,1
-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800
o
Temperatura ( C)

Figura 6: TG das cascas de arroz in natura.


Fonte: Elaboração própria.
A perda de massa ocorre por decomposição da matéria orgânica em múltiplos estágios. Pode-se
observar na Figura 6 que a perda de massa da amostra de casca de arroz in natura ocorre em quatro
estágios. O primeiro estágio inicia em temperatura ambiente e termina próximo de 110,0 oC , associado
à eliminação de água. O segundo estágio inicia em 186,2oC e termina em 363,0oC, estando associado à
decomposição dos extrativos e da celulose, constituintes da amostra. O terceiro estágio inicia em
364,0oC e termina em 396,8oC, associado à decomposição da hemicelulose. O quarto estágio inicia em
396,8oC e termina em 473,5oC estando associado à decomposição da lignina. Observa-se, na mesma
Figura, que a perda de massa da casca de arroz carbonizada ocorre apenas em dois estágios. O
primeiro, idêntico ao da amostra in natura, inicia-se em temperatura ambiente e termina próximo de
110oC , associado à eliminação de água. O segundo estágio em 241,7oC e termina em 537,0oC, estando
associado à decomposição da lignina.

Através da Análise Termogravimétrica Diferencial (Figura 7) pode-se verificar que 99% das cascas de
arroz in natura decompõem até 475oC, enquanto essa mesma porcentagem do carvão das cascas de
arroz decompõe até 521oC.

6
Casca arroz carbonizada
5 Casca arroz in natura

4
DTA ( C/mg)

3
o

2 exo
1

-1
0 100 200 300 400 500 600 700 800
o
Temperatura ( C)

Figura 7: DTA das cascas de arroz in natura e carbonizada.


Fonte: Souza, et al, 2005.
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A Análise Térmica Diferencial (Figura 7) confirma os dados apresentados pela curva de DTG, cujo
pico endotérmico em forma de banda com máximo em 50oC, se prolongando até 110oC, confirma a
saída de água contida na amostra. Os picos exotérmicos, em forma de bandas, com máximos em
323,0oC, 384,0oC e 424,7oC, confirmam a combustão dos extrativos, celulose, hemicelulose e lignina.
De modo similar, a curva de DTA para o carvão vegetal das cascas de arroz, apresenta o pico
endotérmico de saída de água e um pico exotérmico, em forma de uma banda intensa, na temperatura
de 452,7oC, ocasionado pela combustão da lignina.
Os valores experimentais das massas específicas, real e aparente a granel, das cascas de arroz in
natura são apresentados na Tabela 4, onde é possível observar os valores muito baixos, que podem
implicar em maiores custos de transporte e dificuldades no manejo do resíduo, caso não seja feita uma
compactação.

Tabela 4: Análise da massa específica real e aparente a granel das cascas de arroz.
Massa específica aparente a granel * 114,1 kg/m3
Massa específica real g/cm3
[*] Contendo 10,61% de umidade
Fonte: Souza, et al, 2005.
Ainda que o uso da casca do arroz seja uma realidade como insumo energético, a cinza resultante do
processo de combustão pode ter outros usos como abrasivo para moagem, aditivo para cimento,
aditivo para borracha, elemento filtrante e elemento clarificante (Carvalho e Vieira, 1999).

CONCLUSÕES
As características físico-químicas apresentadas pelas cascas de arroz in natura e carbonizada indicam
a possibilidade da sua utilização como fonte alternativa de energia; particularmente para o uso em
sistemas de gaseificação. No caso do material carbonizado recomenda-se um estudo de compactação
para verificar a viabilidade técnico-econômica da sua utilização energética.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro da empresa Boa Vista Energia S/A – BOVESA pelo
financiamento da pesquisa.

REFERÊNCIAS
SOUZA, R.C.R.; SEYE, O.; SANTOS, E.C.S.; MORAIS, M.R.; DINIZ, J.T.A. BARROS, A.O.;
BARROSO, L.N. Estudo do aproveitamento de biomassa para produção de eletricidade no Estado de
Roraima. Relatório final. CDEAM/UFAM, Manaus, 43p. ilust., 2005.
CARVALHO, J.L.V.; VIEIRA. N.R.A. Usos alternativos. Anais: In: A Cultura do arroz no Brasil.
EMBRAPA, 1999.
CORTEZ, L. A.; LORA, E.S. (Coord.) Tecnologias de conversão energética da biomassa. Manaus:
EDUA/EFEI, 1997.

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