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Título do Projeto:
Os Realismos da biotanatopolítica dos sistemas imperialistas europeu e americano em
Parque industrial (Patrícia Galvão) Revolução melancólica, Chão (Oswald de Andrade) e
PanAmerica (José Agrippino de Paula)
Introdução e justificativa:
Num período em que emergem literaturas pós-autônomas, conforme a argumentação de J.
Ludmer, em Aqui, América Latina (2013); tendo-se em vista a crise estrutural do capitalismo
contemporâneo, considerada a partir da década de 1960, por I. Mészáros, na obra Para além do
capital (2002), que reflete sobre a “quebra do encanto do capital permanente universal” e a “ordem
da reprodução sóciometabólica do capital”, progressivamente convergindo acerca de sucessivas e
inexoráveis crises do capitalismo internacional globalizado que, consoante a discussão enunciada
por G. Alves em A longa depressão do século 21 e a era da barbárie social (2017), afirma que o
capitalismo mundial reinventou-se na esteira da década de 1980, enquanto responsiva à grande
recessão de 1973-1975, logrando com a crise de 2008, uma Grande Recessão superior àquelas
d’outrora desencadeadas em 1987, 1996 e 2000, de forma a asseverar que o big crash financeiro
de 2008 engendrou uma larga depressão no século XXI. Assim, consideramos atualíssima e,
portanto, necessária, uma abordagem dialógica e dialética, entre a Literatura (a partir do
modernismo), a Política e o Direito, a fim de excogitarmos sobre a trans-histórica “tradição do
oprimido” (BENJAMIN, 1994) que decreta um estado de exceção permanente na civilização
burguesa (enfaticamente no Brasil) coetânea, mediante a obra do escritor checo F. Kafka.
Resultados e Discussão:
A partir das fabulações literárias da e na tríade kafkiana, construímos uma cartografia de indícios,
vestígios e sinais que remontam à tradição do oprimido, esta define um estado de exceção no
nosso país atual, de forma a excogitar a sua configuração e analisar de maneira jurídica, política,
social e econômica a Operação Lava Jato, inferindo sobre alguns "significantes mestres" (LACAN,
1992) que perpassam a nossa verve: a) a operação Lava Jato decorre de um estado de exceção
judicial ou estado de exceção do controle soberano no Brasil atual; b) essa operação não está,
deveras, a alhanar a corrupção do e no Estado brasileiro, nem a moralizar a política e a sociedade
civil nacional; c) ela se constitui num operativo formulado pelo ultraimperialismo norteamericano
contra o Estado brasileiro; d) os canhões da referida força tarefa (constituindo um Tribunal Penal
Internacional de exceção colonial) estão apontados contra o desenvolvimento econômico, a
autodeterminação e a soberania nacionais; e) como consequências da Operação Lava Jato,
obtemos o desmonte da economia produtiva e dos direitos humanos, sobretudo os sociais e
econômicos, das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros.
Metas futuras:
Averiguar melhor as seguintes relações entre: a) a obra O Processo (1997), o estado de exceção
judicial no país e a injusta condenação do ex-presidente Lula; b) O desaparecido ou Amerika
(2003), o american way of life e o ethos phático da lumpen classe média e do judiciário colonial
brasileiros; c) O veredito e na colônia penal (1998), a agência e o modus operandi do
ultraimperialismo norteamericano quanto à américa latina e ao Brasil, procurando compreender as
diversas táticas de “guerras híbridas” (KORYBKO, 2018) utilizadas, tais como lawfare, fraudes
eleitorais, pós-verdades, financiamentos ilegais de campanha, disparos em massa conjugando as
mídias de massas e as massas de mídias, enfim, a “indústria cultural do imperialismo” (ADORNO,
HORKHEIMER, 1985; IANNI, 1976), desde uma guerra fria cultural imbuída duma pauta enfática e
supostamente moral, com vistas a produzir um ”agenciamento coletivo de enunciação” (DELEUZE,
GUATTARI, 2002), a fim de construir uma hegemonia oligárquica, neoliberal, plutocrática e
subserviente ao capital corporativo transnacional, enfaticamente o financeiro e ao imperialismo
norteamericano.
Referências principais:
BENJAMIN, Walter. Magia, técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.
7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 257p (Obras escolhidas, v.1.).
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34,
2008. 658p.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. São Paulo: Vozes, 1972. 250p
KAFKA, Franz. O desaparecido ou Amerika. São Paulo: 34, 2003. 304p.
____________. O veredito e na colônia penal. São Paulo: Cia das Letras, 1998. 80p.
____________. O processo. São Paulo: Cia das Letras, 1997. 334p.
LUDMER, Josefina. Aqui América Latina: Uma especulação. Belo Horizonte: UFMG, 2013. 216p.
MÉSZÁROS, István. Para além do capital: Rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2012. 1096p.
SARTRE, Jean Paul. Questão de método. 4.ed. São Paulo: Difel, 1979. 146p.
SOARES, Luis Eustáquio. A Sociedade do Controle Integrado: Franz Kafka e Guimarães Rosa.
Vitória: EDUFES, 2014. 230p.