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Recensão Crítica
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Ecozine, International Film Festival 2016. Zaragoça, Espanha. Festiver, Festival de Cine Verde de
Barichara 2016. Barichara, Colombia. FICMA, Festival Internacional de Cine del Medio Ambiente 2016.
Barcelona, Espanha. Planeta.Doc, Festival Internacional de Cine Socioambiental 2016. Florianópolis,
Brasil. FICAMS, Festival Internacional de Cine de la Antártica sobre Ambiente y Sustentabilidad 2016.
Punta Arenas, Chile. Green Me Global Festival 2017. Berlim, Alemanha. Sembrando Cine 2017. Lima,
Peru. International Green Film Festival 2017. Irão.
2
https://www.rtp.pt/programa/tv/p34018
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Este documentário defende o movimento político, económico e social do decrescimento
e tem por objetivo a sua divulgação, conforme Luis Picazo se havia previamente proposto,
em declarações suas à Asociación Touda (2014, Agosto 14): "[d]ar a conocer este
movimiento de una forma clara, crítica y constructiva".
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Tradução do autor. No original em inglês: «Degrowth is a “missile concept” to open up a debate silenced
by the “sustainable development” consensus.»
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Explica como e porque nos encontramos na
situação atual de crise, devido à eminente
escassez energética, pelo esgotamento da
maior parte da matéria-prima energética que
usamos e aos limites ambientais e de
disponibilidade dos recursos naturais.
Aponta o movimento do decrescimento
como uma das soluções possíveis, tarefa que
Fonte da imagem: adaptado de Journal Le Phoque realiza através da participação de 14
entrevistadosi - professores, economistas, engenheiros, ecologistas políticos e filósofos
de França, Itália, Espanha, Reino Unido e Canadá - representativos do movimento do
decrescimento, cuja lista, ordenada por ordem de aparição no documentário, pode ser
consultada no final desta resenha.
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Argumenta-se no documentário que não obstante o capitalismo declarar que encontra
sempre resposta para os seus problemas, a
realidade demonstra que as soluções aplicadas,
como sejam a substituição do fator trabalho pelo
fator capital, a digitalização da economia (ou
economia do conhecimento) e o contributo da
economia financeira para a manutenção do
crescimento, bem como o desenvolvimento
sustentável, a eficácia dos processos de produção
Fonte da imagem: world wide web (ecoeficiência) e o progresso técnico e científico,
se revelam manifestamente insuficientes na resolução do problema dos limites.
A realidade, salienta o documentário, é que o crescimento, nos tempos mais recentes,
acontece apenas devido à intervenção do sistema financeiro que através do crédito coloca
mais dinheiro no bolso dos consumidores (16m 40s). E que, por exemplo, no que concerne
ao, no dizer de Serge Latouche, “lema mistificador” (15m 35s) do desenvolvimento
sustentável, este “não é mais do que uma operação cosmética, … de maquilhagem do
sistema atual [e] publicitária, para permitir manter o status quo do crescimento”, diz
Vincent Cheynet (16m 17s)4.
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No mesmo sentido ver Vizeu, Meneghetti & Seifert (2012).
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suportado pela globalização e financeirização da economia, e que condena o planeta, e
todos que nele habitam, à fatal destruição. Resulta do exposto no documentário que o
fenecimento do capitalismo é uma imperiosa necessidade.
Mas, não obstante comece a ser consensual que o crescimento é ambientalmente
insustentável, o movimento não colhe, mesmo entre os economistas ecologistas, total
apoio, como é, por exemplo, o caso de Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey,
que evidência a instabilidade social do decrescimento (Kallis, 2017:160).
Contudo, o movimento do decrescimento parece limitar-se a querer provocar a mudança
de paradigma e, na senda desse objetivo, apresenta possíveis alternativas.
No documentário preconiza-se a atuação em “três níveis ou formas de resistência” (42m
57s): “simplicidade voluntária, experiências de transição coletivas e ação politica”.
A ação política irá de encontro ao “programa quase eleitoral” que Latouche (2009: 96-
100) enuncia no seu “Pequeno tratado do decrescimento sereno”. As experiências
coletivas constituem-se em múltiplas formas da Economia Social moderna5 (terceiro
setor). A simplicidade voluntária é uma decisão individual e mais desafiante em termos
culturais e sociais: se as pessoas “realmente quiserem, é possível trocarem uma da
quantidade de bens por uma melhoria na qualidade da vida” (Samuelson, 1982: 5). A
questão que subsiste é se realmente o querem.
As mais recentes gerações parecem estar a despertar de forma consciente e pragmática
para esta imperiosa necessidade. Sinal disso é a rápida mobilização de movimentos
complementares como, por exemplo, o iniciado pela jovem adolescente e ativista Greta
Thunberg que compele ao protesto, a nível global, (Borunda, 2017; Lusa, 2017) milhares
de jovens sob a égide do “lema” verbalizado por Ban Ki-moon (2016): “não há planeta
B”.
“A economia, que é simultaneamente uma ciência e uma arte, ... invade o domínio de
outras ciências sociais ou de comportamento” (Samuelson, 1982: 15) e parece ser
absolutamente necessária uma teoria económica, que nos arriscamos a denominar de,
Economia Integral, no sentido em que tem que integrar e contemplar os meios
fundamentais, intermédios e finais, bem como as demais áreas do saber envolvidas (ver
figura 1. abaixo), para suprir de forma efetiva as necessidades da população terrena,
conducentes à sua sobrevivência e bem-estar.
5
Ver Ferreira (2014: 150).
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Figura.1 Espectro de meios fundamentais e fins últimos
(adaptado de Daly & Farley (2008: 80) e Cavalcanti (2017: 66))
Kuhn (1998: 131), quando disserta sobre a estrutura das revoluções científicas concluí
que “as novas teorias são chamadas para resolver as anomalias presentes entre uma
teoria existente e a natureza”. O neoliberalismo económico enferma de insanáveis
anomalias. Portanto, a economia terrena necessita de uma nova teoria.
O movimento do crescimento, como já dissemos, não tem por objetivo teorizar, e o
documentário também o não faz. Mas encaminha-nos para o forçoso fim do paradigma
vigente e para a necessidade de um novo “modelo económico e financeiro que assegure
estruturalmente a equidade social à escala global e nacional” com “uma interferência
mínima, controlável e sustentável no sistema terrestre e nos seus subsistemas” (Santos,
2012: 152), que passará obrigatoriamente por um que não inclua o perpétuo e
insustentável crescimento.
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Filmografia
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Mauro Bonaiuti (economista e autor da La grande transizione. Dal declino alla società di
decrescita, leciona Economia Ecológica no programa de Mestrado em Sustentabilidade
Socioambiental e Finanças Éticas da Universidade de Turim. É co-fundador da Associação Italiana
de Cultivos e um dos promotores da Rede Italiana de Economia Solidária);
Santiago Niño-Becerra (catedrático, desde 1994, de Estrutura Económica e professor do IQS -
Instituto Químico de Sarrià da Universidade Ramon Llull, em Barcelona);
Mariano Marzo Carpio (catedrático de Estratigrafía e professor de Recursos Energéticos e
Geologia do Petróleo, desde 1989, na Faculdade de Geología da Universidade de Barcelona);
Antonio Turiel Martinez (cientista e divulgador com formação em Física e Matemática e
doutorado em Física Teórica pela Universidade Autónoma de Madrid, é investigador sénior no
Instituto de Ciências Marinhas do CSIC. É mais conhecido como ativista digital e editor do blog
The Oil Crash);
Bob Thomson (formado em Engenharia Civil e mestre em Relações Internacionais é um defensor
do pós-crescimento e membro da Degrowth Canada);
Francisco Álvarez Molina (ex-Vicepresidente da Bolsa de Paris e assessor financeiro
independente, é doutorado em Engenharia de Computação e licenciado em Matemática (ambos
pela Sorbonne de Paris) e diplomado pelo Securities Investment Institute de Londres);
Pedro Prieto (vicepresidente da AEREN - Asociación Española para el Estudio de los Recursos
Energéticos);
Serge Latouche (professor emérito de economia na Universidade de Paris-Sud XI é um dos
principais teóricos e ideólogo do decrescimento);
Vincent Cheynet (fundador, em 1999, da associação e da revista Casseurs de pub, e depois, em
2003, da revista La Décroissance, uma publicação mensal de que é diretor e redator-chefe, onde
argumenta com humor sobre a necessidade de uma diminuição da produção material).
Carlos Taibo Arias (escritor, editor e professor de Ciência Política e de Gestão na Universidad
Autónoma de Madrid é um firme defensor do movimento antiglobalização, do movimento do
decrescimento, da democracia direta e do anarquismo);
Paul Aries (politólogo francês, editor de vários jornais e revistas, diretor da revista La vie est à
Nous ! / Le Sarkophage, é um dos principais intelectuais da corrente do decrescimento e da
ecologia política, ensina ciência política, mas também a história e sociologia da alimentação e é
um dos principais atores de grandes movimentos sociais dos últimos quinze anos);
Dalma Domeneghini (ex-marketeer e objetora do crescimento - Rete per la Decrescita
(www.decrescita.it));
Christian Laurut (ensaista dedicado à economía prospectiva e ao decrescimento é autor do livro
"Vivement la décroissance !");
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