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Desabafos de um contista
Ferréz faz parte do projeto 1Dasul que, criou uma marca de roupas
feitas totalmente no bairro em Capão Redondo. A 1Dasul articula
também uma biblioteca comunitária e distribui livros e revistas
gratuitamente em espaços públicos.
Dentre os autores citados, com certeza Ferréz é um dos que têm
atingido maior repercussão. Paulistano, com 31 anos Férrez é além de
escritor compositor de Rap. Diz o autor que começou a escrever aos sete
anos de idade, acumulando contos, versos, poesias e letras de música.
Antes de se dedicar exclusivamente à escrita, trabalhou como
balconista, vendedor de vassouras, auxiliar de serviços gerais e
arquivista. Seu primeiro livro, Fortaleza da Desilusão, foi lançado em
1997, com patrocínio da empresa onde trabalhava.
A notoriedade veio com o lançamento de Capão Pecado (2000) que
está na terceira edição, romance sobre o cotidiano violento do bairro do
Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive o escritor. Ferréz
atua ainda como cronista na revista Caros Amigos desde 2000.
Em 2003 publicou Manual Prático do Ódio que conserva sua prosa
ágil e seca. Mais conhecido por seus romances, Ninguém é Inocente em
São Paulo (2006) marca a estréia de Ferréz no gênero conto. São 19
contos distribuídos em pouco mais de 90 páginas. Isto se
considerarmos o primeiro intitulado “Bula” que substitui o prefácio. Em
“Bula” o autor fala sobre como surgem seus contos, de onde surgem
suas personagens, da turbulência de seu processo criativo, daqueles
contos que já foram publicados em algum espaço, além dos
agradecimentos.
Ao nos depararmos com os contos de Ninguém é inocente em São
Paulo, fica a impressão de estarmos lendo crônicas, tal o estilo curto e
direto de Ferréz. Como diz o autor seus contos saem — “de uma
paulada só”. A velocidade dos contos se assemelha muito ao ritmo
consternado da metrópole, espaço que Ferréz conhece e descreve muito
bem.