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desigualdade mundial (entre pessoas no mundo) – Milanovic (2002) ≠ desigualdade internacional (entre nações):
- desigualdade internacional não-ponderada (desconsidera o tamanho da população)
- desigualdade internacional ponderada (compara a renda media entre as nações medindo o tamanho das
populações)
[231]
Existe a desigualdade mundial, mas a desigualdade internacional explica maior parte do aumento da desigualdade.
Desigualdade de entre renda media dos países explica 88% da desigualdade mundial.
não ha consenso entre teóricos políticos se a pobreza e as desigualdades deveriam ser analisadas mediante a noção de
justiça. Deve?
[232]
RAWLS e WALTZER acham que não, porque ocorrem tanto entre países e dentro de jurisdições politicas separadas
É tempo de considerar a globalização nao apenas um problema econômico, mas também um problema
normativo ético.
[relacionar a questão da justiça global e do direito internacional econômico]
[Posiçao original global] Em The Law of Peoples , Rawls afirma que os princípios da justiça de uma sociedade
internacional bem ordenada seriam aqueles escolhidos em uma segunda rodada do dispositivo contratualista-hipotetico
que ele denominou “posição original”. Ou seja, depois da escolha do princípios domésticos.
[RAWLS é um liberal nacionalista!]
Nessa segunda rodada, sao POVOS, e nao INDIVIDUOS. Assim ele se afasta da noção de soberania estatal [a noção
de Soberania estatal é fundamental pro direito internacional, mas descolada da ética, moralmente não é atraente]
O individualismo ético pressupõe o bem-estar do individuo como fonte ultima da preocupação moral
[234]
Mas o individualismo ético nao é egoísmo racional que só age de acordo com os próprios interesses
Portanto, em nível internacional, “a modalidade de igualdade politica para a qual o Direito dos Povos está voltado é
uma igualdade entre povos , nao uma igualdade entre pessoas.
Implicações politicas: desigualdades entre indivíduos sao compatíveis com a igualdade internacional
os princípios que resultariam do contrato social internacional de Rawls seriam semelhantes àqueles da visão pluralista
convencional da sociedade internacional.
1. soberania e autodeterminação dos povos;
2. Pacta sunt servanda;
3. igualdade formal e capacidade para acordos;
4. nao-intervençao;
5. Autodefesa;
6. Direitos humanos;
7. restrições à conduta na guerra;
8. Solidariedade, ou dever de assitencia. [mero principio de coexistência, sem status moral de principio da
justiça]
[235]
Ou seja, embora nao fale em Estados, mas em POVOS, o conteúdo do Direito dos Povos de Rawls apresenta visão
semelhante ao direito internacional tradicional, organizado em torno da SOBERANIA ESTATAL, BANIMENTO DA
GUERRA, DIREITOS HUMANOS MINIMALISTAS
Ausente um principio igualitário de justiça distributiva análogo ao “principio da diferença”, tao importante no
caso domestico [ver definição no próprio texto, p. 235]
[236]
VITA aceita o enfoque de Rawls no caso domestico mas REJEITA seu enfoque no âmbito internacional.
Na mesma esteira de Vita: Beitz, Pogge, Barry, Shue, Richards.
Vita busca fortalecer visão alternativa da justiça internacional, em particular no que se refere à justificação de
obriaçoes distributivas mais extensas (que recaem tanto sobre os Estados e sociedades mais ricas como sobre as
instituições e os regimes internacionais).
Valor moral último reside no florescimento de vidas individuais, e nao no aprimoramento das
sociedades (ou de “povos”) per se. (Beitz)
Nas desigualdades econômicas de âmbito internacional, Rawls substitui o principio de justiça distributiva da
sua teoria da justiça, o “principio da diferença” por “dever de assitencia”, um dever “positivo
[237]
Porque Rawls rejeita a extensão do principi liberal-igualitario à sociedade internacional?
1. “porque uma sociedade hierárquica pode nao aceitar a validade deste principio nas suas próprias
instituições domesticas” (Um argumento conveniente para os poderosos e privilegiados). Reconhecer
seria impor este principio a outras sociedades e violar o dever de tolerância [238]
a. replica 1: o objeto de um principio de justiça distributiva internacional sao desigualdades
produzidas em medida significativ pela estrutura básica global. Justiça liberal cosmopolita
exigiria intervenções em sociedades “nao-liberais bem-ordenadas”? a discussão diz respeito
sobretudo à estrutura institucional global e como essa estrutura pode ser reformada em
uma direção liberal-igualitária. [239]
b. Replica 2: maior parte do ônus da implementação institucional de um principio de justiça
distributiva internacional nao vai recair sobre sociedades hierárquicas do mundo em
desenvolvimento, mas sobre sociedades liberais mais ricas. Ex. 1 Queda na ajuda para
desenvolvimento na OCDE; Ex. 2 reservas dos EUA a tratados que reconheçam deveres
intenacionais de justiça
2. [241] o argumento dos fatores internos: “os fatores responsáveis pela desigualdade e pela pobreza em
escala global sao essencialmente internos às ‘sociedades sobrecarregadas’, isto é, aquelas que estão
sujeitas a circunstancias socioeconômicas e culturais desfavoráveis . Se esse “nacionalismo explanatório”
(Pogge) estiver correto, nao ha fundamento moral e as “sociedades bem-ordenadas” teriam somente um
dever positivo de auxiliar as sociedades sobrecarregadas a superar os obstáculos que as impedem de
implementar uma estrutura básica bem-ordenada. No plano internacional, as obrigaçoes dos ricos para
com os pobres teriam de ser entendidas como obrigações de BENEVOLÊNCIA e de CARIDADE, e nao
obrigações de JUSTIÇA
a. [243] essa versão negligencia inteiramente os efeitos distributivos que os arranjos
internacionais podem ter, tanto em si mesmos como no que diz respeito aos tipos de
instituições e politicas domesticas que podem encorajar. [244] A argumentação que apela a
fatores internos só capta parte da verdade.
b. Rawls aplica a mesma logica que Nozick em Wilt Chamberlain (a desigualdade pode emergir
legitimamente de condições iguais). Da mesma forma que Nozick responsabiliza indivíduos e
suas escolhas pelas disparidades socioecocnomicas domesticas, Rawls responsabiliza povos pelas
disparidades socioeconômicas internacionais
i. Mas “povo” é uma coletividade, nao uma possoa capaz de escolher o que é melhor
para si, por tomar decisões e de ser responsável pelas escolhas tomadas. [245]
Governos e nao individualidades fictícias, tais como “povos tomam decisões. Para tal,
devemos exigir, no mínimo que os povos sejam democraticamente governados. Além
disso “sociedade hierárquica bem-ordenada” esta repleto de “irrealidade”
c. [246] também ha um problema intergeracional, levantado por Pogge. Da mesma forma que uma
criança nao é moralmente responsável pelas más escolhas dos seus antecessores, e, portanto
devem ter acesso a direitos básicos de qualidade, as gerações futuras da sociedade devem ter
direitos. Deve haver justiça distributiva. Ver a resposta do próprio Rawls a Nozick no caso Wilt
Chamberlain (“deve haver distribuição – da herança, da propriedade – pois somente o direito
contratual nao é capaz de preservar a justiça de ‘background’”)[247]. Somente se a estrutura
básica da sociedade for justa (ou seja, se for moldada de forma a mitigar as desigualdades de
perspectivas de vida que resultam de contingencias e consequências que nao podem ser previstas,
como classe social de origem, talentos naturais e boa ou má fortuna) poderemos considerar os
indivíduos responsáveis pelos efeitos distributivos de suas decisões e escolhas. [248] Para Vita
esta argumentação esta correta. Mas então por que nao se aplica no âmbito internacional? Pois
arranjos institucionais da sociedade internacional, como nacionalidade, por exemplo, podem ter
efeitos distributivos injustificados, sendo contingencia moralmente arbitraria (assim como a
família)
d. Ainda contra o argumento dos fatores internos, a tese principal do capitulo: “os regimes e as
instituições internacionais – a ‘estrutura básica’ da sociedade internacional – tem efeitos
distributivos que contribuem de forma significativa para os níveis de desigualdade e de
pobreza”. “Tal como no caso domestico, efeitos distributivos injustificados de instituições
sociais teriam de ser corrigidos como uma questão de justiça” [249] Proposiçao normativa
importantíssima: “se há algo como uma ordem social e política global, então aqueles que mais
se beneficiam de seus efeitos distributivos, e também tem uma capacidade maior de
influenciar a moldura institucional dessa ordem, se encontram sob o dever de torna-la mais
compatível com as exigências da justiça”
3. TERCEIRO ARGUMENTO DE RAWLS CONTRA A GLOBALIZAÇAO DE UM PRINCIPIO DE
JUSTIÇA SOCIAL. “Argumento da parcialidade nacional”, argumento típico de Walzer em Spheres of
Jutice, quando trata do papel das fronteiras políticas. “Para Walzer (e Rawls) um comunidade política tem
direito de fechar suas fronteiras e de adotar políticas restritivas de imigração, que se prestem a ‘defender a
liberdade e o bem-estar, a política e a cultura de um grupo de pessoas comprometidas uma com as outras e
com seu modo de vida comum”.
a. Argumento se ajusta muito bem ao seu foco em “povos” e ao comunitarismo no âmbito
internaciona
b. [250] Argumento da parcialidade nacional colide com o argumento liberal-cosmopolita de que
uma sociedade internacional justa deveria priorizar o bem-estar dos menos privilegiados em uma
escala global. Como conciliar uma perspectiva cosmopolita com demandas legitimas de
parcialidade nacional?
[251]
Justiça ≠ ajuda humanitária (qualquer ajuda aos pobres do benfeitor sem incorrer em perda do bem-estar do ultimo)
O que Rawsl denomina “dever de assitencia” = ajuda humanitária; ao passo que os liberais-igualitarios cosmopolitas
argumentam que as disparidades econômicas internacionais também envolvem uma questão de justiça.
Devemos nos preocupar apenas com a pobreza (extrema) ou tabem com a desigualdade de recursos e poder?
[252]
1972, fome em Bengala Oriental Peter Singer: argumentação moral em favor da ajuda humanitária: “se estiver a
nosso alcance a capacidade de evitar que algo de mal aconteça, sem que para isso tenhaos que sacrificar nada que seja
de importância moral comparável (ou, nada que tenha importância moral), é nosso dever moral fazê-lo”
Ex. 1: criança se afogando no lago. Ex. 2: milionário doa pra mitigar a fome
[253]
Ajuda humanitária para mitigação da fome nao deve ser vista como moralmente opcional por aqueles que tem
condições de ajudar (governos, empresas, indivíduos)
Exemplo de ajuda humanitária dos governos:
- ODA aos países em desenvolvimento - 1970, ONU; meta: 0,7 do PNB
- Objetivos de desenvolvimento do milênio
[254]
[255]
Principio de Singer se aplica independentemente de qualquer laço institucional entre os doadores e beneficiários , e
deve ser aplicado apenas em casos de pobreza ou indigência
A justiça nao é apenas sobre mitigar fome e pobreza (embora essa seja a obrigação moral mais imediata e
urgente): justiça é “sobretudo uma questão de corrigir as desigualdades injsutas de recursos e poder geradas
por arranjos institucionais”
Para David Miller, apenas os padrão de vida absoluto baixo em países pobres, e nao a desigualdade, deve ser foco da
critica moral no nível internacional
[256]
Ao desconectar pobreza e desigualdade, Miller sustenta que:
1. justiça no nível internacional exige apenas a garantia de algum patamar mínimo definido em termos absolutos
e especificado por um conjunto de direitos básicos mais ou menos restritos
2. a insjustiça, ou seja, as privações de direitos básicos nos países pobres, tem pouca ligação com as
desigualdades distributivas produzidas pelos arranjos internacionais. Essas privações se devem, acima de
tudo, aos malogros institicionais e de politicas publicas dos próprios países pobres.
Resultado de 1 e 2: nível baixo de responsabilidade pelas privações de direitos básicos sofridos pelos pobres é
atribuído à sociedade internacional e aos seus membros mais privilegiados
Aceitar 1 e 2 implica em reconhecer que apenas obrigações de humanidade fraca existem no nível internacional
[257]
A desigualdade é importante?
Porque se preocupar com a desigualdede internacional? Se abolirmos a pobreza, questões de justiça nao mais se
apresentaraiam? Nao é o que o autor pensa.
[258]
Jeffrey Sachs: “Com efeito, o esforço exigido dos ricos é tao insignificante que fazer menos do que isso equivale a
declarar descaradamente a uma grande parte do mundo: ‘Voces nao valem nada’. Portanto, nao devemos nos
surpreender se em anos posteriores os ricos colherem as tempestades dessa semeadura impiedosa”
4. “se estamos preocupados com a pobreza, então também devemos nos preocupar com a
desigualdade (razoes morais e nao-morais)
a. níveis elevados de desigualdade podem reduzir o passo do crescimento econômico (razão não-
moral) e enfraquecem consideravelmente o efeito da redução da pobreza do crescimento; [263]
Somente quando a desigualdade inicial de recursos é reativamente baixa, o crescimento
econômico pode realmente se constituir em “um jogo de soma positiva”. Ou seja, estes
argumentos (nao-morais) convencem ate aqueles cuja única preocupação é o crescimento
econômico, e nao a justiça social.
b. [264] Uns objetariam que isso deve ser tratado em politicas publicas e reformas institucionais
internas. Correto, mas estas razoes também justificam a distribuição internacional de recursos
i. Ex: Least Developed Countries (LDCs): um grupo de 49 paises que constitui o núcleo do
problema da marginalização da economia mundial
1. Pouca capacidade de investimento, altos encargos da divida
2. [265] alta dependência de recursos externos, como as remessas de dinheiro feits
por cidadãos emigrantes, ajuda internacional e fluxo de entrada de capital externo
para financiar praticamente todos os seus investimentos
ii. Paises em desenvolvimento.
1. Mesmo neles, nao esta claro ate que ponto as politicas e opções internas sao
as causas exclusivas de desigualdades socieoeconomicas .
2. Em um mundo em que há uma crescente mobilidade de capital, políticas e
reformas institucionais domesticas que objetivam garantir mais justiça
distributiva sao significamente restingidas por forças econômicas externas,
especialmente pelas expectativs de investidores estrangeiros
3. Do aldo da arrecadação fiscal: tendência de recuo de mecanismos de
tributação progressiva, mais impostos sobre valor agregado (regressivo).
FMI reconheceu: globalização restringirá cada vez mais as escolhas
governamentais de estrutura tributaria
4. Do lado do gasto social: austeridade fiscal; programas de ajustes (impostos
pelo FMI e Banco Mundial sob a estrutura ideológica do Consenso de
Washington) [266] provocaram redução na quantidade e qualidade da
educação e nos serviços de saúde, de nutrição e previdência social, educação
básica...
iii. Distribuiçao muito desigual dos ganhos com a globalização
1. Globalizaçao nao deve ser visto como processo econômico e tecnológico “fora
do controle humano”. Sao decisões e politicas que visavam provocar e
acelerar as tendências integracionistas da economia mundial
a. Colapso do sistema de Bretton Woods de taxas de cambio fixas,
quando Nixon decidiu acabar com a convertibilidade dólar-ouro em
1971
b. Subsequentes decisões e politicas de liberalização e
desregulamentação financeira internacional, implementadas nas
décadas seguintes
c. Resultado: aumento sem precedentes do comercio internacional +
fluxos financeiros internacionais + investimentos direitos
estrangeiros nos anos 1990, com seus benefícios econômicos tendo se
concentrado fortemente nos países da OCDE e, em menor medida,
em um punhado de países em desenvolvimento
[268]
gobalizacao orientada pelo mercado VARREU o consenso pos-guerra. Isso ocorreu de forma deliberada
foi uma decisão politica (tomada pelos lideres dos países do norte e das IIs) e nao as inovações tecnológicas ns
telecomunicações e na informática, que causou o aumento no fluxo de bens, serviços e capitais
A justiça social foi eliminada dos acordos e das instituições internacionais. VITA reconhece mudança no Banco
Mundial em 2001 [pesquisar mais mudanças]
[269]
Ausência de instituição global que regule o fluxo financeiro internacional. Colapso do sistema Bretton Woods +
abolicao dos controles de capital. Fluxos sao de curto prazo e investimentos sao altamente ESPECULATIVOS
IMPORTANTE: o fato de nao existir instituição formal regulamentando uma área de preocupação global nao
significa que essa ausência nao deva contar como um componente na “estrutura básica” da sociedade
internacional. Na verdade, constitui uma característica dos arranjos glonais vigentes a de que enormes fluxos
internacionais de capital permaneçam sem nenhuma regulamentação
[270]
a quem interessa o status quo?
Sistema financeiro norte-americano
Quem se prejudica?
Países em desenvolvimento, que frequentemente enfrentam ataques especulativos contra suas moedas e sao
pressionados em suas escolhas politicas e instituições domesticas, por fugas de capital reais ou potenciais.
“A globalização financeira impôs uma camisa-de-força aos governantes desse países, no sentido de que ha uma
forte pressão para que implementem somente políticas consideradas “amigáveis ao mercado”, isto é, políticas
que demonstram ter um forte compromisso com a estabilidade dos preços, níveis baixos de gasto e de déficit
públicos, baixa tributação direta, privatizações e desregulamentação das relações trabalhistas”
“Os regimes internacionais, quando existentes, podem também ter efeitos distributivos que contribuem para a
desigualdade internacional. Este é certamente o caso do GATT-OMC. Seria ingênuo avaliar esse regime (e
outros regimes internacionais) somente com base em objetivos como a promoção da eficiência econômica e a
cooperação interestatal mutuamente vantajosa – ainda que, e claro, essas funções “mais benignas” também
façam parte do quadro”
1. países desenvolvidos continuam impondo barreiras tarifarias e nao-tarifarias elevadas (como as
cotas de importação e os subsídios domésticos e de exportação concedidos a seus próprios
produtores) a produtos agrícolas, têxteis e outras manufaturas. [271] países em desenvolvimento
perdem bilhões em exportação. UNCTAD estimou treze vezes o valor em ODA. Por isso rodadas da
OMC emperram.
2. implementação internacional de direitos de propriedade [272]
Ex.: OMC. Sua jurisdição vai além de problemas de barreiras alfandegarias, envolvendo
tópicos como a proteção de direitos de propriedade intelectual
Com efeito, os tratados da OMC afetam praticamente todos os aspectos sobre como os
Estados organizam suas economias internamente
Ex.: a maioria dos países em desenvolvimento assinou o ACORDO SOBRE OS ASPECTOS
DS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL RELACIONADOS AO COMERCIO
(Trade-related aspects of Intellectual Property Rights).
i. Concentração das pesquisas e das patentes no norte
[273] “...o arranjo hoje vigente, que faz cumprir os direitos de propriedade intelectual sem
que exista nenhum mecanismo redistributivo para corrigir as desigualdades que disso
resultam, certamente vai ampliar ainda mais a distancia entre as perspectivas devida de
ricos e pobres no planeta”
Para os realistas da RI, nao deveríamos perder tempo com objetivos “impossíveis”, mas com as alternativas
“viáveis”. Essa visão, que Morgethau é o exemplo maior, nega a ética nas relações internacionais e confere
primazia ao interesse nacional. = argumento da parcialidade nacional
O que é “impossibilidade? [278] Para Goodin, é o que impõe custos a determinados atores políticos relevantes. Na
verdade, é relutância dos mais poderosos (ex. Membros do G8)
“o real papel da politica, nessas circunstancias é precisamente o de nao ser ‘realista’ e nao aceitar sem criticas a falta
de vontade das pessoas de fazer os sacrificiso que sao moralmente exigidos”
[279]
FUNDAMENTOS NORMATIVOS
A arbitrariedade da distribuição dos recursos naturais
Beitz em The political Theory and IR: em um enfoque rawsiano sobre justiça, existem duas bases teóricas distintas
para um principio da justiça internacional:
1. distribuição moralmente arbitraria dos recursos naturais
2. interdependência internacional
ambos representam vias distintas para justificar a redistribuição dos recursos no mundo
[280]
Beitz: distribuição dos recursos naturais deveria desempenhar o mesmo papel normativo da distribuição moralmente
arbitraria dos talentos naturais no caso domestico.
[281]
o que requer uma justificação moral no caso internacional nao é a distribuição de recursos naturais per se, mas uma
instituição internacional, a saber, a soberania estatal sobre os recursos naturais ( Declaracoes da AGONU – 1970,
1972, 1974 – estrutura básica da sociedade internacional)
“os cidadãos dos países ricos de hoje tem o dever moral de compensar as populações dos países pobres por
todos os danos impostos sobre eles por séculos de colonialismo, escravidão e comercio escravo e de
imperialismo”
Na NOEI esse argumento era recorrente
[288]
A iniquidade distributiva dos arranjos institucionais existentes
Beitz: argumento ea favor da jsutica distributiva internacional que apela para a interdependência global
Beitz: relações internacionais econômicas, politicas e culturais = sitema global de cooperação social
[289] duas premissas de Beitz
1. O mundo nao é constituído, conforme Rawls imagina, de sociedades domesticas auto-suficientes
2. O mundo deve ser visto como um sistema de cooperação social
[290]
Objecoes a Beitz: apesar da globalziacao e seus efeitos, o mundo nao pode ser visto como um sistema de
cooperação social
O que é um sistema de cooperação social no sentido de Rawls – “justiça de fundo”, institucional, estrutura basica
[291]
Primeira objecao: o mundo nao é um sistema de cooperação social
- Beitz. Mutialidade ou reciprocidade.
- Para Rawls, cabem princípios da justiça em “empreendimentos cooperativos que visam ao beneficio
mutuo”
- Gauthier e, principalmente, Barry:
- economia mundial nao pode ser vista como um “empreendimento cooperativo”
- a redistribuição economicoa decorrente de um principio da diferença global nao pode ser
apresentada como vantajosa aos países ricos
[293] - principio de diferença global nao pode ser MUTUAMENTE BENEFICO
- quem se beneficia do comercio sao as corporações, os acionistas e as elites. Nao [294] ha
beneficio mutuo. Nao ha um empreendimento cooperativo global. Portanto nao se pode exigir obrigações
cosmopolitas de justiça distributiva
Para defender um principio global de justiça distributiva: mostrar que “as mesmas razoes (rawlsianas)
que fazem com que a estrutura básica da sociedade seja o principal objeto de justiça no caso domestico
também se aplicam aos efeitos das instituições e praticas internacionais
SIM! A sociedade internacional pode ser um “empreendimento cooperativo para o beneficio mutuo”
So sera verdade se pensarmos um IDEAL de cooperação baseado em princípios de jsutica, e nao no
arranjo institucional vigente
[295]
Barry: “justiça como beneficio mutuo”: distribuição equitativa dos ganhos gerados pela cooperação .
proporcionalidade
- interesse proprio
[296]
[297]
“cooperação internacional nao pode se basear somente em nocoes de interesse próprio e beneficio mutuo”
[298]
- “justiça como imparcialidade”
- Barry contratualismo: “desejo de chegar a princípios que outros similarmente motivados nao poderiam
razoavelmente rejeitar” substitui o interesse próprio e o beneficio mútuos
“
[299]
- “Poderiamos dizer, no espirito do contratualismo de Barry, que a estrutura básica internacional precisa ser
justificada, por razoes que ninguém razoavelmente rejeitaria, a todos aqueles cujas oportunidades de vida sao
significativamente afetadas pelas consequências distributivas de tal estrutura – quer sejam ou nao capazes de
contribuir para a geração de ganhos de cooperação”
“Resumindo, a iniquidade distributiva existente faz com que uma preocupação com a justiça social
ganhe sentido no contexto internacional.
[300]
Comunitaristas: Walzer; David Miller também afirmam que o mundo como um todo nao pode ser visto como
um sistema de cooperação social ao qual deveres de jsutica se aplicam
Porque? Porque faltam valores compartilhados! E uma identidade compartilhada que pudessem encontrar
expressão em instituições globais devotadas a fomentar a jsutica socioeconômica
[302]
Como VITA responde a essas objecoes comunitaristas?
o Vita sustentou que “as praticas e os arranjos institucionais globais existentes realmente tem efeitos
distributivos que contribuem significativamente para a desigualdade de oportunidades de vida no
mundo”
o Vita admite que estamos destituídos de significados sociais que poderiam constituir o findamento
normativo de instituições globais comuns justas
o Mas o que fazer? Admitir que as IIs sao dados da natureza????
o Valores e identidades comuns, acordos sobre princípios nao precisam necessariamente preceder esforço
para instituir arranjos internacionais justos! Isso é uma condição excessivamente rigorosa.
[303]
- se olharmos para a historia dos estados na Europa, pode ser que instituições comuns tenham precedido
significados comuns.
Psiciologia moral”. 1) empatia; 2) incapacidade de empatia com aqueles que estão distantes de nos
[304]
RORTY:
ou seja, uma acao generosa, no que se refere a questões de desigualdade e pobreza, so é politicamente viável
entre aqueles que compartilham certos vínculos identitarios e psicológicos mais profundos.
[305]
“os NOSSOS pobres devem ter prioridade”??
[306]
Esttisticas sobre ajuda externa OCDE: nao ha disjunção entre ajudar os nossos pobres e os outros
[307]
KRUGMAN: cidadão norte-americando, o Scrooge do mundo ocidental
[308]
SHUE: podemos ter as duas coisas ao mesmo tempo! “sociedade internacional e sociedade internacional justa
podem ser construídas ao mesmo tempo, por meio das mesmas atividades ”
“Em vez de esperar que uma sociedade surja por si mesma, de alguma forma, antes de perguntar a seus
membros que pensem dobre o que faria com que ela se tornasse uma sociedade jsuta, é possível se tentar erigir
uma sociedade mediante um acrodo na teoria ou na pratica sobre instituições justas”
HURREL:
“aumento da “densidade” das IIs a partir do segundo pos-guerra ja conferem um lastro suficiente de realidade
à discussão normativa sobre a jsutica social em âmbito internacional”
“Está longe de ser óbvio que as instituições internacionais nao possam mover diferentes Estados e sociedades
em direção a entendimentos compartilhados sobre o significado dos bens sociais
[309]
WALZER: “Entendimentos compartilhados e institucionalmente expressos sobre o que constitui a justiça e a
injustiça ja nao estão confinados a comunidades nacionais”
HURREL: critica a ordem de Westphalia, que distribui de forma desigual muitas vantagens e desvantagens
(sobre segurança, jsutica econômica, quem produz normas)