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Maringá Verde ?

O desafio ambiental da gestão das cidades


Editora da Universidade Estadual de Maringá

Reitor: Prof. Dr. Angelo Priori


Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa Dra Alice Eiko Murakami
Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa Dra Maria Helena Ambrosio Dias
Coordenador Editorial: Profa Dra Ruth Izumi Setoguti

CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Antonio Belincanta, Prof. Dr. Benedito Prado Dias Filho, Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo, Prof.
Dr. Eduardo Augusto Tomanik, Prof. Dr. Edvard Elias de Souza Filho, Profa. Dra. Hilka Pelizza Vier
Machado, Prof. Dr. José Carlos de Sousa, Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza, Prof. Dr. Lupércio Antonio Pe-
reira, Prof. Dr. Neio Lucio Peres Gualda. Secretária: Maria José de Melo Vandresen.
Júlio César Garcia

Maringá Verde ?
O desafio ambiental da gestão das cidades

Maringá
2006
Divisão de Editoração Marcos Kazuyoshi Sassaka
Marcos Cipriano da Silva
Luciano Wilian da Silva
Livraria Eduem Paulo Bento da Silva
Solange Marly Oshima
Norberto Pereira da Silva
Revisão de Língua Portuguesa Annie Rose dos Santos
Fotos Bruna Moreschi
João Mário Góes
Aldemir de Moraes
Capa – arte final Marcos Kazuyoshi Sassaka
Luciano Wilian da Silva
Projeto gráfico e Editoração Marcos Kazuyoshi Sassaka
Marcos Cipriano da Silva
Normalização Biblioteca Central - UEM
Revisão Final Ruth Izumi Setoguti
Fonte Garamond; AvantGarde
Tiragem 500 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central – UEM, Maringá

Garcia, Júlio César


G216m Maringá verde? o desafio ambiental da gestão das cidades / Júlio
César Garcia. -- Maringá : Eduem, 2006.
374 p.:il., mapas, fotos color. ; tabs.

ISBN : 85-7628-014-0

1. Direito ambiental. 2. Gestão ambiental. 3. Competência ambien-


tal municipal. 4. Meio ambiente.

CDD 21.ed. 344.046098162


Copyright 2006 para Júlio César Garcia
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer
processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a
autorização, por escrito, do autor.
Todos os direitos reservados desta edição 2006 para Eduem.

Endereço para correspondência:


Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá
Av. Colombo, 5790 - Campus Universitário, 87020-900 - Maringá-Paraná-Brasil
Fone: (0XX44) 3261-4527/3261-4394 - Fax: (0XX44) 3261-4109
Site: www.eduem.uem.br - E-mail: eduem@uem.br
Dedico este livro

À minha família, em especial aos meus pais, Osmar e Lola, e à


minha companheira Leslie pelo incentivo, carinho e amor; e a todos
aqueles que acreditam que o mundo sempre poderá ser melhor
a cada gesto da evolução humana.

“Antes de começar o trabalho de modificar o mundo,


dê três voltas dentro de sua casa.”
Provérbio Chinês
A presente publicação contou com a parceria financeira da Prefeitura Municipal de
Maringá (2004), por meio da conversão de sanção administrativa ambiental em
material de educação ambiental, mediante a doação de alguns exemplares
para a Secretaria de Meio Ambiente de Maringá.
Agradecimentos

Ao sempre professor Paulo Roberto Pereira de Souza, meus sinceros agradecimen-


tos, não apenas pela orientação firme e segura demonstrada na elaboração deste estudo,
mas principalmente pela dedicação e paciência com que se dedica à causa ambiental e à
iniciação desta matéria pelos quatros cantos deste país. Este trabalho é a prova que seu
esforço não será em vão.
Ao amigo Marino Elígio Gonçalves, pela confiança e incrível capacidade de acreditar
e realizar grandes sonhos.
Ao amigo José Eudes Januário, pela oportunidade e respeito ao trabalho sério e im-
portante realizado pelo ambiente de Maringá.
Ao amigo Lorenso Cassaro, pela disposição e sincera colaboração no aprofundamen-
to deste estudo.
Ao Sr. José Carlos de Andrade, pela paciência, atenção e incrível disposição com que
sempre me atendeu e colaborou com o acesso ao arquivo da Câmara Municipal de Marin-
gá.
Ao Sr. Manuel Ilecir Heckert, pelo apoio e compreensão quando da consulta de da-
dos na Promotoria sob sua responsabilidade.
A todos os demais colaboradores que direta ou indiretamente permitiram a coleta de
tantas informações em diversos setores e órgãos de Maringá.
PÁGINA 8
EM BRANCO
Lista de tabelas

Tabela 1 - Censo demográfico de Maringá – população por zona e %. ....................................................... 27


Tabela 2 - Maringá: taxas de crescimento populacional e de urbanização. ................................................... 28
Tabela 3 - Clima em Maringá de acordo com as estações do ano.................................................................. 30
Tabela 4 - População estimada por zona até 2000 (em 1000 hab.). ............................................................... 30
Tabela 5 - Região de Maringá: oferta de produtos primários – 2002/2003.................................................. 32
Tabela 6 - Indicadores de saneamento de Maringá. ......................................................................................... 32
Tabela 7 - Indicadores da "saúde" de Maringá.................................................................................................. 33
Tabela 8 - Indicadores relacionados à energia elétrica em Maringá. .............................................................. 33
Tabela 9 - Indicadores de nível de consumo em Maringá. .............................................................................. 34
Tabela 10 - Outros indicadores de nível de consumo em Maringá. ................................................................. 34
Tabela 11 - Indicadores de segurança em Maringá. ............................................................................................ 34
Tabela 12 - Evolução do desmatamento no Estado do Paraná........................................................................ 41
Tabela 13 - Reflorestamento no Paraná (1979 a 1999). ..................................................................................... 43
Tabela 14 - Uso da terra no Paraná....................................................................................................................... 45
Tabela 15 - Uso da terra no município, na região de Maringá e no Estado do Paraná em
1996 (área em ha.). .............................................................................................................................. 47
Tabela 16 - Concessões reais de uso outorgadas pela Prefeitura de Maringá entre 1996 e
1998....................................................................................................................................................... 58
Tabela 17 - Relatório fiscal das propriedades localizadas em fundos de vales de Maringá. ......................... 62
Tabela 18 - Parâmetros para multas por danos à arborização pública............................................................. 93
Tabela 19 - Relação de Reservas Florestais e Parques de Maringá................................................................... 95
Tabela 20 - Quadro clínico dos sintomas decorrentes da intoxicação humana causada pelos
principais metais pesados.................................................................................................................106
Tabela 21 - Resultado da pesquisa do Plano de Manejo do Bosque II. ........................................................110
Tabela 22 - Resoluções do Conama sobre resíduos. ........................................................................................128
Tabela 23 - Responsabilidade pelos resíduos sólidos. ......................................................................................131
Tabela 24 - Caracterização dos resíduos sólidos gerados no município de Maringá. ..................................132
Tabela 25 - Arrecadações diária e mensal não recebidas devido à ineficiência da coleta sele-
tiva em Maringá.................................................................................................................................143
Tabela 26 - Composição do lixo de Maringá em quilos e porcentagem........................................................143
MARINGÁ VERDE?

Tabela 27 - Limites máximos ded) ZP4:


sons Horto
e ruídos Florestal; em Maringá. ....................................................152
permissíveis
e) ZP5:
Tabela 28 - Estimativa de distribuição da Parque
água no da Nascente
mundo. do Ribeirão Paiçandu;
............................................................................. 171
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Tabela 29 - Abastecimento de água em Maringá.
g) ZP7: Parque.............................................................................................
do Sabiá; 173
Tabela 30 - Sistema de abastecimento de água
h) ZP8: em Florestal
Parque Maringá............................................................................
Municipal das Perobas; 174
i) eZP9:
Tabela 31 - Poços semiartesianos Recanto
vazões Borba
em Maringá. Gato;
................................................................................. 175
ZP10: Parque
Tabela 32 - Sistema de esgoto dej) Maringá. Ecológico Municipal do Guaiapó;
........................................................................................................ 190
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Tabela 33 - Exigências da Licença Prévia do IAP para as ETE’s da Sanepar. .............................................192
Tabela 27 - Limites máximos del)sonsZP12: Parque
e ruídos do Cinqüentenário;
permissíveis em Maringá. ....................................................152
Tabela 34 - Tipos de irregularidades encontradas
m) ZP13: Parque nosdaimóveis
Rua Teodoro vistoriados pela Sanepar. ..........................194
Negri;
Tabela 28 - Estimativa de distribuição da água no mundo..............................................................................171
n) ZP14:
Tabela 35 - Médias mensais históricas Parque Alfredo
do Município de Maringá Werner (1980Nyffeler;
- 2000). .......................................205
Tabela 29 - Abastecimento de água em Maringá.
o) eZP15: Reservas .............................................................................................
do Córrego Borba Gato76; 173
Tabela 36 - Principais agrotóxicos seus efeitos. ............................................................................................. 218
p) ZP16:
Tabela 30 - Sistema de abastecimento Reserva
de água da Rua...........................................................................
em Maringá. Diogo M. Esteves; 174
Tabela 37 - Degradação e contaminação ambiental pelo uso de biocidas. ...................................................219
Tabela 31 - Poços semiartesianos q)eZP17:
vazões Reserva
em Maringá. do .................................................................................
Córrego Cleópatra; 175
Tabela 38 - Danos verificados nar)utilização
ZP18: de agrotóxicos
Reserva da Rua no Paraná.Deolinda
Pioneira ........................................................
T. Garcia; 220
Tabela 32 - Sistema de esgoto de Maringá. ........................................................................................................190
Tabela 39 - Consumo aparente de s) ZP19:
defensivosReservaagrícolas do no Córrego Moscados;.............................................221
Brasil 1975-1991.
Tabela 33 - Exigências da Licença Prévia do IAP para as ETE’s da Sanepar. .............................................192
Tabela 40 - Região de Maringá: oferta de produtos primários. ......................................................................222
Tabela 34 - Tipos de irregularidades encontradas nos imóveis vistoriados pela Sanepar. ..........................194
TabelaDestacam-se,
41 - Quantidadedentre elas,
de BHC na as seguintes
região de Maringá áreas: em toneladas. ..........................................................224
Tabelaa)35 Parque
- MédiasEcológico
mensais históricas do Município de Maringá (1980 - 2000).como ....................................... 205
Tabela 42 - Total de agrotóxicosMunicipal
comercializados do no Guaiapó:
Paraná, em reconhecido parque pela Lei
1000 t/ano............................................. 226
Tabela 36 Complementar
- Principais agrotóxicos
nº e seus
3.513/93, efeitos.
possui .............................................................................................
uma área de 16.204,48 m 2 , localizado na qua-218
Tabela 43 - Destinação das embalagens após uso do agrotóxico na cultura do algodoeiro no
Tabela 37 dra
- Paraná
Degradação
43-B- do eConjunto
Safra contaminação ambiental
Residencial
de 1991/1992. pelo uso de
Parigot de biocidas.
Souza, ...................................................
constituído de remanescen-
.......................................................................................................... 219
226
Tabela
Tabela 38 -- Danos
44 tes verificados
da vegetação
Indicadores na utilização
nativa.
do planejamentoA áreade não
agrotóxicos
urbano depossui no Paraná.
plano
Maringá. de........................................................
manejo e enfrenta problemas
...................................................................... 220
230
Tabela 45 estruturais
Tabela 39 -- Consumo para
aparente
Distribuição garantir sua
de defensivos
das ocupações sobrevivência.
agrícolas
do solo - Somente
no Brasil
em Maringá 1975-1991.
1996. no.............................................
ano de 2003 a área 240
........................................................... foi
221
Tabela 46 cercada
Tabela 40 -- Região pela Prefeitura
de Maringá:
Condomínios ruraisofertade Maringá,
de produtos
irregulares numa
primários.
de Maringá. tentativa de isolamento das principais
......................................................................
................................................................................. 222
248
Tabela 47 áreas
Tabela 41 verdes de
-- Quantidade doBHC
município.
Estabelecimentos de na região
ensino da de Maringá
rede em toneladas.
municipal de Maringá. ..........................................................
......................................................224
272
Tabelab)42
Tabela 48 Jardim
-- Total Botânico:
de
Rede de agrotóxicos
ensino com uma
comercializados
particular área deno
de Maringá. aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
Paraná, em 1000 t/ano.............................................
........................................................................................... 226
273
Tabela 43 duas
- antigas
Destinação lagoas
das de
embalagens tratamento
após uso da
do Sanepar
agrotóxico desativadas.
na cultura
Tabela 49 - Procedimentos investigatórios preliminares na 13ª Promotoria de Maringá. ..........................286 do Em seu
algodoeiro fundo,
no encon-
Paraná dois
- Safracórregos
de 1991/1992. ..........................................................................................................
mata ciliar preservada. 226
Tabela 50 tram-se
- Inquéritos civis referentes que ao praticamente
meio ambiente em nãoMaringá.
possuem ........................................................ Na
290
Tabela 44 Administração
- Indicadores do planejamento
Municipal do urbano de
ex-prefeito Maringá. Jairo ......................................................................
Gianoto, foi recebido um recurso 230
Tabela 51 - Ações Civis Públicas propostas em Maringá referentes ao meio ambiente. ...........................290
Tabela 45 financeiro
- Distribuição das ocupações do
especialmente solo em Maringá
direcionado para- a1996. ...........................................................
implementação de estruturas que 240
Tabela 52 - Pareceres ambientais emitidos pela Semma. ................................................................................. 292
Tabela 46 permitissem
- Condomíniosa rurais visitação irregulares
e a de Maringá.
recuperação .................................................................................
florestal do local. Entretanto, o máximo 248
Tabela 53 - Reuniões e resultados do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de
Tabela 47 que
- Maringá.
Estabelecimentos
se pode encontrar de ensino é uma da rede pista municipal
de caminhada de Maringá. mal......................................................
projetada; uma sede utiliza-
.............................................................................................................................................. 272
315
Tabela
Tabela 48 -- Rede
54 da por demuito
ensino
Orçamento particular
da tempo deServiços
pelo
Secretaria de Maringá. ...........................................................................................
Corpo Urbanos
de Bombeiros, e Meio Ambiente e que foi ocupada
- 2003. pela Polícia
.............................. 273
323
Tabela 49 Florestal
- Procedimentos
a partirinvestigatórios
de maio depreliminares
2003; e uma na 13ª Promotoria
imensa de Maringá. ..........................
área desmatada. Um projeto 286 de
Tabela 50 recuperação
- Inquéritos civis
foi referentes
viabilizadoao na
meio ambiente
última em Maringá.
gestão ........................................................
municipal, buscando tornar a área um 290
Tabela 51 ponto
- Açõesde lazer
Civis e visitação
Públicas para
propostas emaMaringá
comunidade carente
referentes queambiente.
ao meio vive a sua volta, mas290
........................... a-
Tabela 52 inda aguarda
- Pareceres recursosemitidos
ambientais financeiros.
pela Semma. .................................................................................292
Tabelac)53 Parque Florestal
- Reuniões e resultados Municipaldo Conselho das Perobas:
Municipallocalizadode Defesa nos do Meio lotesAmbiente
210-A ede211-A, 210
Maringá. ..............................................................................................................................................
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído 315
Tabela 54 de
- Orçamento da Secretaria
remanescentes de Serviços
da vegetação Urbanos
nativa queeapresentam
Meio Ambiente - 2003.representativas
espécies ..............................323
da
flora e da fauna da região. Essa __ 10reconhecida
área, __ como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__
__ 122 __
10 __
Lista de mapas

Mapa 1 – Localização de Maringá .......................................................................................................................... 29


Mapa 2 – Sistema de acesso rodoviário de Maringá. ........................................................................................... 31
Mapa 3 – Matas nativas do Estado do Paraná. ..................................................................................................... 40
Mapa 4 – Áreas verdes de Maringá. ....................................................................................................................... 52
Mapa 5 – Drenagem de Maringá. ........................................................................................................................... 81
Mapa 6 – Vegetação nativa, reservas florestais e parques de Maringá. ............................................................. 96
Mapa 7 – Hidrografia da região de Maringá. ......................................................................................................174
Mapa 8 – Mapa dos sítios arqueológicos da região de Maringá. ......................................................................211
Mapa 9 – Projeto urbanístico original de Maringá. ............................................................................................230
Mapa 10 – Zoneamento urbano de Maringá. .....................................................................................................237
Mapa 11 – Mapa do uso e ocupação do solo de Maringá. ................................................................................240
PÁGINA 12
EM BRANCO

__ 12 __
Sumário

Agradecimentos ........................................................................................................ 7
Lista de tabelas ......................................................................................................... 9
Lista de mapas ......................................................................................................... 11
Prefácio .................................................................................................................... 15

Introdução ................................................................................................ 17

Capítulo I Breve relato do Município de Maringá ................................. 23


1 Formação histórica de Maringá ............................................................................................................ 25
2 Noções gerais do município ................................................................................................................. 29

Capítulo II Dos principais problemas ambientais de Maringá ............. 37


1 Desmatamento........................................................................................................................................ 39
1.1 Reserva Legal .................................................................................................................................. 45
1.2 Área de preservação permanente – Fundos de Vales ............................................................... 48
1.3 Erosão .............................................................................................................................................. 76
2 Áreas verdes de Maringá ....................................................................................................................... 83
2.1 Arborização pública ....................................................................................................................... 84
2.2 Unidades de conservação de Maringá ......................................................................................... 93
2.2.1 Parque do Ingá ................................................................................................................... 99
2.2.2 Parque Florestal dos Pioneiros - Bosque II .................................................................106
2.2.3 Horto Florestal .................................................................................................................113
2.2.4 Bosque das Grevíleas ......................................................................................................117
2.2.5 Outras Áreas Verdes .......................................................................................................119
3 Lixo urbano ...........................................................................................................................................125
4 Poluição sonora ....................................................................................................................................147
5 Poluição visual urbana .........................................................................................................................157
6 Poluição do ar .......................................................................................................................................165
7 Qualidade da água ................................................................................................................................171
8 Sistema de coleta e tratamento de esgotos ......................................................................................189
MARINGÁ VERDE?

d) ZP4: Horto Florestal;


9 Drenagem urbana ................................................................................................................................. 203
10 Patrimônios históricos, e) ZP5:
artísticosParque da Nascente
e culturais do Ribeirão Paiçandu;
................................................................................. 209
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
11 Agrotóxicos ......................................................................................................................................... 217
g) ZP7: Parque do Sabiá;
12 Planejamento urbano .........................................................................................................................229
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
13 Condomínios rurais irregulares ........................................................................................................243
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
14 Licenciamento ambiental j) ZP10:..................................................................................................................
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó; 255
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Capítulo III Da efetividade l) ZP12:do ParqueDireito Ambiental em Maringá ...........263
do Cinqüentenário;
9 Drenagem urbana ................................................................................................................................. 203
1 Da efetividade do Direito
10 Patrimônios históricos, ZP13:
m) artísticos
Ambiental Parque da Rua Teodoro Negri;
................................................................................................
e culturais .................................................................................
265
209
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
2 Educação ambiental ............................................................................................................................. 269
11 Agrotóxicos ......................................................................................................................................... 217
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
2.1 Escolas públicas............................................................................................................................ 271
12 Planejamento urbano .........................................................................................................................229
2.2 Escolas particulares ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
p) ...................................................................................................................... 273
13 Condomínios rurais irregulares q) ZP17: ........................................................................................................
Reserva do Córrego Cleópatra; 243
2.3 Instituições de Ensino Superior ................................................................................................. 275
14 Licenciamento ambiental r) ZP18:..................................................................................................................
Reserva da ...................................................................................
Rua Pioneira Deolinda T. Garcia; 255
3 Atuação dos órgãos ambientais em Maringá 279
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
3.1 Ministério Público ........................................................................................................................279
Capítulo3.2III Da efetividade
Secretaria Municipal do Meio do Ambiente
Direito..................................................................................
Ambiental em Maringá ...........263 291
Destacam-se,
1 Da dentre
efetividade do elas,
Direito as seguintes
Ambiental áreas:
................................................................................................
3.3 IAP – Instituto Ambiental do Paraná .......................................................................................294 265
a) Parque
2 Educação Ecológico
3.4 SUDERHSAambiental Municipal do Estadual Guaiapó: reconhecido como parque pela 269
.............................................................................................................................
– Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Lei
Ambiental
2.1 Escolas ............................................................................................................................................
públicas............................................................................................................................
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2 297
271
3.5 Ibama
2.2 Escolas–particulares
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ....298
dra 43-B do Conjunto......................................................................................................................
Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen- 273
3.6 Instituições
2.3 Polícia Florestal do Estado
de Ensino Superiordo Paraná ......................................................................................275
................................................................................................. 299
tes da vegetação
34 Organizações
Atuação dos órgãos
nativa.
não governamentais A área Maringá não possui plano de manejo e enfrenta problemas
ambientais em.................................................................................................... 303
...................................................................................279
estruturais
5 Legislação para
ambiental
3.1 Ministério garantir
Público sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área 307
de........................................................................................................................
Maringá ....................................................................................................... foi
279
cercada pela
3.2 Secretaria
6 Conselho Prefeitura
Municipal
Municipal de
do Meio
de Defesa Maringá,
do Ambiente
Meio Ambiente numa tentativa de isolamento das principais
..................................................................................
– Comdema ...............................................291 315
7 áreas
3.3 IAPverdes
Previsão do município.
– Instituto
orçamentária Ambiental
e Fundo do Paraná .......................................................................................
Municipal do Meio Ambiente ...................................................294 323
3.4 SUDERHSA
b)8 Jardim Botânico:
Empresariado –com
e política Superintendência
uma área
industrial de de Estadual de Recursos Hídricos
aproximadamente
Maringá 9 mil me2Saneamento, nela localizam-se
............................................................................... 327
Ambiental
8.1 Empresário............................................................................................................................................
padrãode ....................................................................................................................... 297
329
duas
3.5
antigas
Ibama –
lagoas
Instituto
tratamento
Brasileiro do Meio
da Sanepar
Ambiente e
desativadas.
dos Recursos
Em
Naturais
seu fundo,
Renováveis
encon-
.... 298
8.2 Certificados de Qualidade em Gerenciamento Ambiental ISO 14000 ................................331
tram-se
3.6 Políciadois córregos
Florestal do Estadoque praticamente não possuem mata ciliar preservada. 299
do Paraná ...................................................................................... Na
4 Administração
Organizações nãoMunicipal governamentais do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
.................................................................................................... 303
Capítulo IV Das perspectivas futuras ...................................................335
5 financeiro especialmente
Legislação ambiental de Maringá direcionado para a implementação de estruturas que
....................................................................................................... 307
6 permitissem
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente –
a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo Comdema ............................................... 315
Capítulo
7 que
V
Previsão
Das soluções
orçamentária e Fundo
propostasMunicipal
....................................................... 339
se pode encontrar é uma pista dedocaminhada Meio Ambiente mal ...................................................
projetada; uma sede utiliza- 323
8 da
Empresariado
por e política industrial de Maringá ...............................................................................
muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia 327
Conclusão ...............................................................................................
8.1 Empresário padrão.......................................................................................................................345 329
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
8.2 Certificados de Qualidade em Gerenciamento Ambiental ISO 14000 ................................331
recuperação
Referências foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área349
............................................................................................. um
ponto
Capítulo IV de Das lazer e visitação para
perspectivas a comunidade
futuras carente que vive a sua volta, mas
................................................... 335 a-
Anexo ......................................................................................................
inda aguarda recursos financeiros. 357
c)Anexo
Parque
Capítulo VI Das Florestal Municipal
soluções
Legislação Ambiental das Perobas:
propostas
de Maringá localizado nos lotes 210-A e 211-A, 339
....................................................... 210
.......................................................................................... 359
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
Conclusão ...............................................................................................
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas345 da
__ 14 __
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
Referências
mentar.............................................................................................
nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano349 de
manejo.
Anexo ......................................................................................................357
Anexo I Legislação Ambiental de Maringá ..........................................................................................359
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__
__ 122 __
14 __
Prefácio

Não há solução global, sem ação local. Esta frase vem sendo repetida há décadas por
muitos dos que tentam construir um mundo melhor por meio da defesa do meio ambiente
e dos recursos naturais.
Uma coisa é certa e definitiva: ninguém mora na ONU, ninguém mora na UNIÃO,
ninguém mora no ESTADO. Sim, todos moramos no MUNICÍPIO, que é o lugar onde
as coisas acontecem e, é o lugar do encontro do cidadão com a cidade.
Se conseguirmos a conscientização ambiental dos habitantes da cidade e um consen-
so em torno da importância da preservação do meio ambiente, teremos a certeza de que
conseguiremos garantir qualidade de vida e o mundo será melhor.
Tenho a honra de poder prefaciar esta obra que trata de uma forma profunda e téc-
nica dos problemas das cidades. O estudo de caso feito pelo talentoso autor Júlio César
Garcia, sem dúvida servirá de guia para administradores públicos não apenas da cidade de
Maringá, mas de qualquer cidade do País, pois identifica os problemas, os avalia e propõe
soluções.
O autor é portador de um vasto conhecimento em Direito Ambiental, fruto de seus
estudos no Programa de Mestrado em Direito, da Universidade Estadual de Maringá, e de
estágio que realizou na Polônia estudando a aplicação do Direito Ambiental na União
Européia, aliado à sua experiência como Diretor na Secretaria Municipal do Meio Ambien-
te do Município de Maringá e, de sua atuação na advocacia sentindo todos os lados do
conflito entre a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento da atividade econômica.
Como ensina o consagrado autor português LUIS FILIPE COLAÇO ANTUNES, o
homem tutela o meio ambiente não em decorrência e por exigência do sujeito, mas em
razão de uma revolta do objeto. Com efeito, a natureza tem soado todos seus sinais de
alerta mostrando ao mundo a necessidade de usar os recursos naturais com respeito e
cerimônia atendendo às demandas das gerações atuais, sem comprometer o futuro das
MARINGÁ VERDE?

d) ZP4: Horto Florestal;


gerações vindouras. A reação da natureza diante das constantes agressões sofridas, por si
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
só justifica a criação do Direito
f) ZP6: Ambiental
Bosque das e oGrevíleas;
estabelecimento de limites para o cresci-
mento. g) ZP7: Parque do Sabiá;
Tenho a certeza de queh)esta ZP8: Parque
obra Florestal Municipal
irá contribuir em muitodas Perobas;
para a gestão das cidades, o
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
que resultará em melhoria da qualidade de vida, bem-estar e respeito à dignidade humana.
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Júlio César Garcia é um exemplo
k) ZP11: de dedicação.
Parque Desde seus
Florestal Municipal das tempos como estudante
Palmeiras;
de Direito, nunca mediu esforçosl) ZP12: para seu
Parquediantecrescimento pessoal
do Cinqüentenário; tendo ao mesmo tempo
gerações vindouras. A reação da natureza das constantes agressões sofridas, por si
ideal e desprendimento param)pensar ZP13:no Parque da Rua
coletivo, ter Teodoro
em mente Negri;
o interesse público e, assu-
só justifica a criação do Direito Ambiental
ZP14: e o estabelecimento de limites para o cresci-
mir de forma intransigente, n)a defesa Parque Alfredo
dos valores Werner Nyffeler;
supremos da sociedade. Júlio é daquelas
mento. o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
raras pessoas que conseguem reunir virtudes como determinação, perseverança, amizade,
Tenho a certeza de quep)esta obraReserva
ZP16: irá contribuir em muito
da Rua Diogo para a gestão das cidades, o
M. Esteves;
gratidão, lealdade a um raro q) talento
ZP17:no trato da
Reserva do ciência
Córregodo Direito e na aplicação prática da
Cleópatra;
que resultará em melhoria da qualidade de vida, bem-estar e respeito à dignidade humana.
Justiça. r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira
Júlio César Garcia é um exemplo de dedicação. DesdeDeolinda
seus temposT. Garcia;
como estudante
s) ZP19: Reserva
Trabalhos com este dignificam não apenasdo Córrego
o Autor,Moscados;
mas, sobretudo, elevam a Aca-
de Direito, nunca mediu esforços para seu crescimento pessoal tendo ao mesmo tempo
demia, mostrando a importância de nossas universidades sendo a evidência clara de que
ideal Destacam-se,
e desprendimentodentrepara
elas,pensar no coletivo,
as seguintes áreas: ter em mente o interesse público e, assu-
instituições como a Universidade Estadual de Maringá não são apenas importantes: são
mir de forma intransigente, a defesa dos
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: valores supremos da sociedade.
reconhecido Júlio é daquelas
como parque pela Lei
indispensáveis.
raras pessoas
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizadoamizade,
que conseguem reunir virtudes como determinação, perseverança,
2 na qua-
Parabéns à Universidade Estadual de Maringá, parabéns ao Direito Ambiental, para-
gratidão, dra
lealdade
43-B adoumConjunto
raro talento no trato Parigot
Residencial da ciência
de do Direito
Souza, e na aplicação
constituído prática da
de remanescen-
béns ao advogado e professor Júlio César Garcia.
Justiça. tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Trabalhos compara
estruturais este garantir
dignificam sua não apenas o Autor,
sobrevivência. Somente mas,nosobretudo,
ano de 2003elevam a Aca-
a área foi
demia, mostrando
cercada pelaa importância
Prefeitura dedeMaringá,
nossas universidades
numa tentativa sendo a evidênciadas
de isolamento clara de que
principais
Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira de Souza
instituições como
áreas a Universidade
verdes do município.Estadual de Maringá não são apenas importantes: são
indispensáveis.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
Parabéns à Universidade
duas antigas lagoas deEstadual
tratamento de Maringá,
da Sanepar parabéns ao Direito
desativadas. Em seu Ambiental, para-
fundo, encon-
béns ao advogado e professor
tram-se dois córregosJúlio
que César Garcia. não possuem mata ciliar preservada. Na
praticamente
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação Prof. Dr.florestal
Paulo Roberto Pereira
do local. de Souza o máximo
Entretanto,
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa __ 16reconhecida
área, __ como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__
__ 122 __
16 __
Foto 1 – Parque do Ingá.

Introdução
MARINGÁ VERDE?

PÁGINA 18
EM BRANCO

__ 18 __
Introdução

Os problemas ambientais do Município de Maringá não são novidade para a comu-


nidade acadêmica, bem como também não são de desconhecimento da sociedade marin-
gaense. Apesar disto, muito pouco tem sido feito em termos de ações concretas e efetivas
visando à implementação de soluções.
Na área jurídica, o problema é ainda maior, pois apesar da existência de profissionais
atuantes, sejam particulares, sejam da área pública, e ainda, apesar da existência de algumas
organizações não-governamentais, essas ações são, em sua maioria, isoladas, não tendo o
alcance mínimo necessário para a resolução de problemas de tamanho vulto. Isto sem
contar a escassez de pesquisas jurídicas enfocando o meio ambiente, especialmente enfo-
cando o município de Maringá.
Este estudo, resultante de uma pesquisa de mais de quatro anos, busca justamente
quebrar a omissão acadêmica no âmbito jurídico, contribuindo para a indicação de parâ-
metros e rumos de atuação para a sociedade de Maringá e, principalmente, para os agentes
públicos locais, no que se refere à gestão ambiental municipal. É com este intuito que
procuramos tornar de conhecimento público os resultados desta pesquisa, bem como
apresentar as propostas de solução para os problemas identificados.
A presente pesquisa foi realizada e estruturada com base em pesquisa bibliográfica
especializada e pesquisas de campo para a obtenção do título de bacharel em Direito pela
Universidade Estadual de Maringá. Foram analisados textos legais de todas as esferas rela-
tivas ao município de Maringá, como a Constituição Federal, a Constituição do Estado do
Paraná, as leis federais e estaduais, bem como a fundamental análise da legislação ambien-
tal local.
Em virtude da grande preocupação existente em torno da temática ambiental, na atu-
alidade, em parte devida ao processo de degradação já instalado com grande potencial
destruidor, em parte devida à descoberta, pelos juristas, economistas, sociólogos, dentre
outros profissionais da área de humanas, de que o estudo e as soluções para os impactos
causados ao meio ambiente têm uma vertente fundamental em seu campo de atuação, a
evolução do Direito Ambiental apresenta-se em estágio promissor em nosso país. Com a
Constituição Federal de 1988, os municípios foram fortalecidos na Federação Brasileira,
tendo sido elevados à condição de partícipes, regidos por leis orgânicas próprias.
Podemos afirmar que o controle local realizado pelo município ainda é a melhor so-
lução para a proteção efetiva do meio ambiente. Isto porque esse partícipe da federação
encontra-se mais próximo da realidade socioambiental de sua população do que a União e ou
MARINGÁ VERDE?

os Estados. Se mantiver sua ação na tutela do meio ambiente fortemente embasada no


princípio da prevenção, o Município consagrará a máxima de que “não há solução global
sem uma ação local”.
Utilizando-se dos princípios e das normas gerais do Direito Ambiental e das compe-
tências atribuídas pela Constituição Federal aos municípios, este estudo visa identificar os
principais problemas ambientais enfrentados pelo Município de Maringá, bem como aufe-
rir o grau de efetividade do Direito Ambiental nesse município. Isto porque presumimos
que a Universidade deva fomentar as pesquisas e as soluções para os casos relativos ao seu
país, ao seu Estado, e particularmente ao Município em que se encontra.
Por isso, objetivando preencher uma lacuna nas pesquisas jurídicas, este estudo surge
da necessidade de ações efetivas concernentes à tutela do meio ambiente no Município de
Maringá. Para tanto, trabalhamos na realização de um estudo meticuloso da realidade
atual, visando-se a aplicação de técnicas e soluções jurídico-legais para a reformulação dos
paradigmas de gestão ambiental hoje empregados, tendo como norte o princípio do de-
senvolvimento sustentável.
O primeiro capítulo traz uma abordagem inicial e histórica do Município de Maringá,
situando o leitor junto às características, peculiaridades e circunstâncias locais. No segundo
capítulo, enfocamos os principais problemas ambientais. Analisamos ao todo quatorze
tópicos, cada um identificando um problema específico do município de Maringá, de a-
cordo com os dados oficiais disponíveis, com as pesquisas previamente elaboradas na
Universidade Estadual de Maringá e em outros centros de pesquisa, além de constatações
in locu, decorrentes de pesquisas de campo.
No capítulo terceiro, após a realização do diagnóstico ambiental prévio e, partindo-se
do pressuposto de que a cidade de Maringá não possui uma gestão ecológica pautada em
uma política ambiental coerente, abordaremos a efetividade do Direito Ambiental em
Maringá. Em outras palavras, estaremos buscando identificar os meios pelos quais o Esta-
do, com seus organismos e receitas oficiais, e a sociedade, organizada ou não, contribuem
para que todo o conjunto de normas e padrões técnico-científicos preliminarmente estu-
dados não sejam devidamente cumpridos em Maringá.
Afinal, se existe um sistema nacional, estadual e municipal de gestão ambiental, e i-
númeras normas técnicas apontando os caminhos a serem seguidos visando à preservação
do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, deve haver algo de errado aconte-
cendo nesse sistema que permita a configuração da situação atual. Quando se identifica a
necessidade de buscar a tutela jurisdicional para o cumprimento de um dever ambiental, é
sinal que a função preventiva e administrativa do Direito Ambiental falhou em sua aplica-
ção. Por isso, os meios judiciais também se tornam instrumentos da efetividade desse
Direito, ainda que, na maior parte das vezes, a posteriori e de forma corretiva.
O objetivo principal deste livro é a identificação das falhas estruturais no Município
de Maringá que não permitem que o meio ambiente seja preservado, desrespeitando-se os
dispositivos constitucionais e, mais do que isso, a qualidade de vida da população marin-
gaense. Serão apresentadas algumas perspectivas futuras para a cidade de Maringá, consi-

__ 20 __
INTRODUÇÃO

derando-se a perpetuação das condutas e das omissões atualmente existentes no campo da


gestão e preservação ambiental.
Serão abordadas também propostas de solução para alguns dos problemas identifica-
dos, como forma de contribuição para a sociedade maringaense. Neste sentido, serão
analisadas questões de fundamental importância para a obtenção das mudanças necessárias
em Maringá, especialmente quanto à educação ambiental e à participação popular como
sociedade organizada, e analisar-se-ão os deveres do Poder Público diante de seu poder de
polícia e dos comandos legais que o obrigam a bem gerir os recursos naturais.
É importante informar ao leitor que, para a elaboração deste livro, um grande esfor-
ço foi empreendido, visando garantir a atualização dos dados existentes; apesar disto,
muitas informações podem estar defasadas pela sua própria natureza dinâmica. Por isto,
recomenda-se especial atenção quanto às datas apresentadas.
Merece destaque o fato de que este autor, ao final da elaboração do estudo, cujos re-
sultados são ora apresentados, pôde contar com a rara oportunidade de aplicar os concei-
tos e as propostas teóricas ao ser convidado a compor a assessoria e, posteriormente, a
diretoria de meio ambiente da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente de Marin-
gá, a partir de 2001. Buscou-se manter imparcialidade na avaliação dos fatos, primando
pela narrativa de tudo o que foi constatado durante os cinco anos em que foram realizadas
as coletas de informações; o que foi facilitado pela independência técnica e política manti-
da nesse período.

__ 21 __
MARINGÁ VERDE?

PÁGINA 22
PÁGINA EM BRANCO

__ 22 __
Capítulo
I
Breve relato do Município de Maringá
Foto 2 – Maringá em 1932.
MARINGÁ VERDE?

PÁGINA 24
EM BRANCO

__ 24 __
1 Formação histórica de Maringá

Com o intuito de desbravar novas terras para o plantio de café, fazendeiros paulistas
e mineiros deram início, em princípios do século, à colonização do Norte do Paraná, na
região hoje denominada Norte Velho.

Foto 3 – Colonizadores (1947).


Fonte: Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura do Município de Maringá.

Conhecido o potencial das novas terras, principalmente visando ao plantio de café, a


empresa colonizadora britânica Paraná Plantations Company, através de sua subsidiária, a
Companhia de Terras Norte do Paraná, adquiriu do Governo do Estado e de diversos
posseiros uma gleba de 515.000 alqueires, que constituíram o Norte Novo. Em 1929, com
o arrendamento da estrada de ferro no trecho Ourinhos-Cambará, a empresa britânica
estendeu essa rede em direção a suas terras, atingindo o rio Tibagi.
Em decorrência da deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a Inglaterra
passou a vender seus investimentos estrangeiros. Um grupo de brasileiros adquiriu dos
ingleses a Companhia de Terras, que passou a ser denominada Companhia Melhoramen-
tos Norte do Paraná, somando, sob esta nova estrutura, mais 30.000 alqueires das terras
existentes, região que passou a ser chamada de Norte Novíssimo.
MARINGÁ VERDE?

Três princípios nortearam a colonização:


1o) a construção de um eixo rodoviário de penetração, com a dupla finalidade de faci-
litar o acesso às novas áreas e permitir o escoamento rápido e seguro à produção
da região;
2o) assentamento de núcleos básicos de colonização na rota desse eixo rodoferroviá-
rio, estabelecidos, progressivamente, a uma distância de cem quilômetros uns dos
outros, que definiram, em ordem, Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama, ci-
dades planejadas para se tornarem grandes centros prestadores de serviços. Entre
esses núcleos urbanos principais, fundou-se, de quinze em quinze quilômetros,
pequenos patrimônios, cidades bem menores com a finalidade de servir como
centro de abastecimento da população rural;
3 ) divisão da zona rural em áreas, em média, não superior a 14 alqueires, ajustadas à
o

produtividade do solo e à cultura cafeeira, demarcadas de modo a dotá-las de par-


te de baixadas, servidas por cursos d’água (locação da casa do colono) e de parte
do espigão, menos sujeito a geadas, e limitadas por estrada de rodagem (destinada
principalmente à cultura cafeeira). 1
A exemplo das demais cidades fundadas pela Companhia Melhoramentos Norte do
Paraná, Maringá foi traçada obedecendo a um plano urbanístico previamente estabelecido.
Praças, ruas e avenidas foram demarcadas, considerando ao máximo as características
topográficas do sítio escolhido e revelando preocupação lúcida no que se refere à proteção
de áreas verdes e vegetação nativa.

Foto 4 – Vista aérea de Maringá.


Fonte: Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura do Município de Maringá (1954).

1 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Secretaria de Planejamento. Perfil da cidade de Maringá. Maringá, 1996, passim.

__ 26 __
CAPÍTULO I BREVE RELATO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

Com esses traços, caracteristicamente contemporâneos, nasceu Maringá, a 10 de


maio de 1947, como distrito de Mandaguari. Nessa época, a cidade era chamada de “Cida-
de Fantasma”. Segundo explica o pioneiro Jorge Estrada, essa denominação era conse-
qüência de uma cláusula existente nos contratos da Companhia, que só vendia lotes de
terras no perímetro urbano com a obrigação do adquirente construir em determinado
prazo. Assim, quase à força, as casas foram surgindo, a maior parte de madeira; fechadas
por falta de moradores (Estrada, 1962).
Maringá foi elevada a Município pela Lei no 790, de 14 de fevereiro de 1951, com os
distritos de Iguatemi, Floriano e Ivatuba. A 9 de março de 1954, foi instalada a Comarca
de Maringá. No dia 6 de julho desse mesmo ano, o pioneiro Sr. Jorge F. Duque Estrada,
conforme relatos de seu livro, enviou uma carta aberta ao Tribunal, em que se pode ter
uma breve idéia de como era Maringá naqueles primórdios. Em síntese, percebe-se como a
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná havia enriquecido vertiginosamente às custas
dos novos empreendedores, pois as terras que haviam sido compradas pelo preço de oito
cruzeiros por hectare foram vendidas até por 500.000,00 cruzeiros.
Projetada pelo urbanista Jorge Macedo Vieira para abrigar uma população de 200.000
habitantes em um prazo de cinqüenta anos, Maringá superou essa expectativa, conforme
se observa na tabela abaixo.

Tabela 1 - Censo demográfico de Maringá – população por zona e %


População rural População urbana População
Ano % (a/c) % (b/c)
(a) (b) total (c)
1950 31.318 81,16 7.270 18,84 38.588
1960 56.539 54,30 47.592 45,70 104.131
1970 21.274 17,53 100.100 82,47 121.374
1980 7.550 4,49 160.689 95,51 168.239
1991 6.198 2,58 233.937 97,42 240.135
1995* 5.729 2,17 257.336 97,83 263.065
2000** 4.675 1,62 283.978 98,38 288.653
Fonte: IBGE (1991); *Estimativa – Ipardes (1995); **IBGE (2003).

Seu crescimento vertiginoso foi conseqüência do surto cafeeiro que criou, nessa re-
gião do Estado, uma das economias mais robustas do país, cumprindo, assim, os princí-
pios de sua criação, tornando-se pólo de desenvolvimento sociopolítico-econômico, em
favor de melhor distribuição espacial das atividades econômicas e de população.
Com o crescente aumento da produção e o rápido enriquecimento de muitos pionei-
ros, levas de emigrantes afluíram para a região, estabelecendo-se, em sua maioria, na zona
rural, motivados pela larga absorção de mão-de-obra da cultura cafeeira. Impulsionada
pela dinâmica da expansão cafeeira e pelas condições locacionais favoráveis, a cidade expe-
rimentou um crescimento rápido, comprovado pelos levantamentos censitários. De acor-
do com o IBGE (1991), durante a década de 50, Maringá manteve uma taxa de crescimen-
to anual média de 10,44%. Nas décadas posteriores, as taxas foram menores, mas sempre
positivas, conforme a tabela 2.

__ 27 __
MARINGÁ VERDE?

De acordo com o censo de 2000, realizado pelo IBGE, a taxa anual de crescimento
da população de Maringá é de 1,86%, quando havia uma média de 4,10 habitantes por
domicílio.

Tabela 2 - Maringá: taxas de crescimento populacional e de urbanização


Anos População Taxa anual de crescimento em % Taxa de urbanização em %
1950 38.86 - 18.8
1960 94.45 9.36 46.8
1970 123.11 2.55 82.6
1980 168.24 3.31 95.5
1991 240.14 3.29 97.4
1996 267.94 2.22 97.4
2000 288.65 1.93 98.4
Fonte: IBGE ( 2000).

Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos de atividades, a mão-de-


obra rural sofreu, aos poucos, um processo de substituição pelos serviços mecânicos. Esse
processo gradativamente acentuou o êxodo rural, contribuindo para o adensamento da
população urbana2.
É fácil constatar que a urbanização acelerada e sem controle é uma das principais
causas para todos os problemas ambientais aqui identificados.

2 MARINGA. Prefeitura Municipal de Maringá. Secretária de Planejamento. Perfil da Cidade de Maringá. Maringá,
1996.

__ 28 __
2 Noções gerais do município

Maringá situa-se geograficamente no Noroeste do Paraná, a 430 km de Curitiba, ca-


pital, limitada ao norte por Ângulo e Mandaguaçu, ao sul por Floresta, Ivatuba e Marialva,
a oeste por Mandaguaçu e Paiçandu, e a Nordeste por Iguaraçu e Astorga. É a sede da
Microrregião 9, integrando a Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense
(Amusep). O Município situa-se em zona de altitude compreendida entre as cotas 500 e
600 metros em relação ao nível do mar. É cortado pelo Trópico de Capricórnio, tendo
latitude de 23º 25' S e longitude de 51º 57' W.

Mapa 1 – Localização de Maringá.


Fonte: Codem (2005).3

O clima predominante da região é o do tipo subtropical; a temperatura média do mês


mais frio é inferior a 18ºC, e a temperatura média anual superior a 20ºC, com verões chu-
vosos e invernos secos, como demonstra a tabela a seguir.

3 Disponível em: <http://www.codem.org.br/investe>. Acesso em: 21 mar. 2005.


MARINGÁ VERDE?

Tabela 3 – Clima em Maringá de acordo com as estações do ano


Temperatura Umidade relativa Vento Precipitação
Estação
média (ºC) (%) predominante (mm)
Primavera 22,8 64,7 NE/E 156,0
Verão 24,3 72,2 NE 186,1
Outono 20,9 68,0 NE 133,2
Inverno 18,8 64,2 NE/E 77,9
Fonte: Maringá (1996).

No contexto estadual, Maringá ocupa o 3º lugar em termos de população total, e a-


presenta uma densidade demográfica de 566,40 habitantes/km². A taxa de crescimento
populacional do município ao ano apresentado entre 1991 e 1996 foi de 2,22%, superada
apenas pelas cidades da Região Metropolitana de Curitiba, Foz do Iguaçu, Arapongas,
Cascavel e Curitiba, respectivamente. Entre 1996 e 1998, a taxa foi de 2,5%.
Em dados mais atualizados e com a previsão para o ano de 2000, a tabela 4 mostra
que a tendência do êxodo rural ainda não terminou, apesar de que seu crescimento não é
mais tão alto.
A infra-estrutura da cidade, em relação à energia elétrica e telefonia, é bem atendida,
demonstrando o desenvolvimento alcançado em setores estratégicos para o crescimento
econômico.

Tabela 4 – População estimada por zona até 2000 (em 1000 hab.)
Data Urbana Rural População total
1997 269 5,4 274
1998 275 5,3 281
1999 282 5,1 287
2000 288 5,0 293
2001 294 4,9 299
2002 301 4,8 306

Fonte: Ipardes (2000).

As principais vias rodoviárias de acesso às demais regiões do Estado e do País são:


a) BR 376 - Corta o Estado de sudeste ao noroeste, fazendo conexão de Maringá ao
centro-oeste do Brasil, através do Mato Grosso do Sul, e, por outro lado, de Ma-
ringá ao Porto de Paranaguá e ao litoral da Região Sul;
b) BR 376 e PR 444 - Conecta Maringá à BR 369, em direção a São Paulo e ao Porto
de Santos;
c) PR 317 - Faz a ligação de Maringá ao interior paulista em direção norte. Ao sul,
conecta Maringá à BR 369 e, a partir daí, aos países do Mercosul.

__ 30 __
CAPÍTULO I BREVE RELATO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

Essa situação é melhor visualizada no mapa a seguir, fornecido pela Prefeitura Mu-
nicipal de Maringá.

Mapa 2 – Sistema de acesso rodoviário de Maringá.


Fonte: Maringá (2003).4

Outro fator bastante atrativo de Maringá e que tem sido muito explorado pelos em-
presários e órgãos públicos do município refere-se a sua qualidade de vida. Ainda hoje se
tem o hábito de medir o índice de qualidade de vida de uma localidade em virtude, princi-
palmente, de seus fatores socioeconômicos. Deve-se salientar que o meio ambiente é res-
ponsável pela maior parte dos elementos que conferem ou não qualidade de vida a uma
região, pois a saúde da população, tanto física quanto mental, está diretamente relacionada
à água, aos alimentos e ao ar que consomem, além dos aspectos psicológicos favoráveis,
advindos do contato humano com a natureza.
Neste sentido, Maringá foi considerada pela Revista Veja como uma das dez melho-
res cidades para se viver no país; pelo jornal O Estado de São Paulo como 4o maior con-
sumo per capita do Brasil e pela Revista Exame como a 18a melhor opção entre as cidades
do Brasil para negócios.5 Maringá polariza uma região de dois milhões de habitantes, pos-
sui região metropolitana e apresenta excelente desenho e padrão de habitabilidade, amplos
bosques naturais para preservação ambiental e lazer e suas ruas e praças com um alto índi-
ce de arborização, garantindo uma área verde estimada de 25,62 m2 por habitante. Essas
qualidades foram reafirmadas em nova reportagem da Revista Veja, em 19 de maio de
1999, em que, comparando as cinco melhores cidades do interior brasileiro, previamente

4 SISTEMA de acesso rodoviário de Maringá. Disponível em: <http://www.maringa.pr.gov.br>. Acesso em: 13


maio 2003.
5 MARKETING da qualidade. Revista da Associação Comercial e Industrial de Maringá – Acim, Maringá, ano 35, n. 392,
1998.

__ 31 __
MARINGÁ VERDE?

selecionadas, concluiu que “Maringá teve o melhor desempenho, reunindo pujança e qua-
lidade de vida.”6
A região de influência de Maringá participa com aproximadamente 16% da formação
do PIB paranaense, o que corresponderia a US$ 7,65 bilhões em 1998, de acordo com o
IPEA. Apesar da grande disponibilidade de matérias-primas, das condições infra-
estruturais que oferece e de seu posicionamento estratégico, a região é, ainda, menos in-
dustrializada do que o Estado, permanecendo sua economia fortemente baseada nas ativi-
dades agropecuárias. A composição do PIB regional, segundo o CODEM (1998), é de,
aproximadamente, 29% para o setor agropecuário, 33% para o setor de serviços, 9% para
o comércio e de 29% para a indústria. 7

Tabela 5 - Região de Maringá: oferta de produtos primários – 2002/2003


Produto Unidade Região Paraná % região
Milho Ton. 2.108.308 13.328.054 15.82
Soja Ton. 2.850.171 10.979.172 25.96
Mandioca Ton. 1.131.520 2.420.690 46.74
Café Ton. 27.828 118.322 23.52
Cana-de-açúcar Ton. 17.323.976 30.693.068 56.44
Algodão Ton. 39.706 69.105 57.5
Trigo Ton. 453.734 2.704.119 16.78
Fonte: Deral – Seab/PR (2005).8

Inúmeros indicadores demonstram que a cidade de Maringá possui um desenvolvi-


mento acima da média das demais cidades paranaenses com características similares as
suas. Vejam-se, nas tabelas 6, 7, e 8, alguns deles.

Tabela 6 - Indicadores de saneamento de Maringá


Indicador Nível
Domicílios com água encanada 100,00%
Domicílios com coleta de lixo 100,00%
Lixo per capita dia 1,04 Kg/dia
Consumo per capita de água 152 l/dia
Nível de fluoretação de água 100,00%
Índice de qualidade de água distribuída 100,00%
Proporção de tratamento de esgoto coletado 100,00%
Média de residentes por unidade familiar 3,41
Taxa de cobertura populacional com coleta de esgoto 70,00%
Fontes: IBGE (2000); Sanepar Maringá.

6 DALLAS no Paraná. Revista Veja, v. 32. n. 20, p. 128, maio 1999.


7 CODEM, 2005.
8 Ibid.

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CAPÍTULO I BREVE RELATO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

Tabela 7 - Indicadores da "saúde" de Maringá


Indicador Nível
Coeficiente de mortalidade infantil = número de óbitos de menores de 1 ano
14,28
por 1.000 nascidos vivos
Coeficiente de mortalidade geral = óbitos por 1.000 habitantes 5,36
Cobertura vacinal básica 98,7
Leitos hospitalares por 1.000 habitantes 4,33
Rede municipal de saúde (unidades básicas):
NIS I 1
NIS II 22
NIS III 2
Centro de Referência 6
Quantidade de médicos por grupo de 10.000 habitantes 26,5
Quantidade de dentistas por grupo de 10.000 habitantes 23,3
9
Fonte: Maringá (2005).

Tabela 8 - Indicadores relacionados à energia elétrica em Maringá


Indicador Nível
Domicílios com ligação de energia elétrica 100,00%
Consumo per capita mensal de energia residencial 179,1 kwh/mês/consumidor
Rede compacta de distribuição de energia 100,00%
Fonte: Copel – Companhia Paranaense de Energia.10

Com relação ao índice de desenvolvimento humano11, o último relatório do ano de


2000 apresenta Maringá como a 67ª em nível nacional e a 6ª em nível estadual. No item
educação, que compõe o IDH-M, o de Maringá é um dos maiores do Paraná.12

9 CODEM, 2005.
10 Ibid.
11 O conceito de Desenvolvimento Humano é a base do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), publicado
anualmente, e também do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ele parte do pressuposto de que para afe-
rir o avanço de uma população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras caracte-
rísticas sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana.
Esse enfoque é apresentado desde 1990 nos RDHs, que propõem uma agenda sobre temas relevantes ligados ao
desenvolvimento humano e reúnem tabelas estatísticas e informações sobre o assunto. A cargo do PNUD, o rela-
tório foi idealizado pelo economista paquistanês Mahbud ul Haq (1934-1998). Atualmente, é publicado em deze-
nas de idiomas e em mais de cem países. (ONU, 2005. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/idh>. Acesso
em: 15 abr. 2005.
Este índice é bastante amplo, sendo utilizado principalmente para grandes regiões, na maioria dos casos para
países. Por isso, foi construído um novo índice mais compatível com a realidade dos municípios, o chamado Índi-
ce Municipal de Desenvolvimento Humano – IDH-M, construído com os mesmos dados do IDH. A diferença
está no foco, voltado para regiões menores e por isso retratando melhor a realidade dos municípios.
12 CODEM, op. cit.

__ 33 __
MARINGÁ VERDE?

Tabela 9 - Indicadores de nível de consumo em Maringá


Domicílios com
Linha Telefônica 75,37%
Forno de Microondas 38,85%
Geladeira ou freezer 98,33%
Máquina de Lavar Roupas 60,54%
Aparelho de ar condicionado 9,28%
Rádio 93,41%
Televisão 95,57%
Videocassete 48,46%
Micro-computador 20,06%
Veículo 57,08%
Fonte: IBGE (2000).

Tabela 10 - Outros indicadores de nível de consumo em Maringá


Indicador Nível
Quantidade de pessoas por veículo 2,13
Veículos por grupo de 10 pessoas 4,69
Quantidade de pessoas por telefone fixo 2,1
Telefone fixo por grupo de 10 pessoas 4,75
Média da densidade de moradores por cômodo 0,6
Média da densidade de moradores por dormitório 1,57
13
Fonte: IBGE (2000); Detran/PR.

A segurança pública é zelada por um contingente de 436 policiais do 4.º Batalhão da


Polícia Militar, equipados com uma frota de 92 veículos, incluídas 32 motocicletas.

Tabela 11 - Indicadores de segurança em Maringá


Indicador Nível
Criminalidade: homicídios por grupo de 100.000 habitantes 4
Policiais militares por grupo de mil habitantes 1,5
Bombeiros por grupo de mil habitantes 0,7
Fonte: Polícia Militar.14

O índice de policiais por grupo de mil habitantes é menor do que o recomendado pe-
la ONU (2/1000). No entanto, o índice de 1,5 considera somente os policiais militares,
não levando em conta os bombeiros, policiais civis, polícia federal, os vigilantes do patri-
mônio público municipal, e os vigilantes municipais do trânsito urbano.

13 CODEM, 2005.
14 Ibid.

__ 34 __
CAPÍTULO I BREVE RELATO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

Recentemente, a impressa nacional destacou a segurança pública de Maringá, consi-


derando-a como uma das cidades mais seguras do país, a partir de estatísticas como aque-
las apontadas na tabela 11 e especialmente pela participação da comunidade na gestão
pública. Seja como conseqüência negativa do marketing realizado, seja pela falência do
sistema de segurança existente, fato é que o ano de 2005 pode ser considerado como um
dos mais violentos da história da cidade, com inúmeros assassinatos e um crescimento
visível de assaltos, arrombamentos, seqüestros-relâmpagos, dentre outros atos de violên-
cia.
De acordo com o “Mapa da Pobreza do Paraná”, elaborado pela Secretaria de Estado
da Criança e Assuntos da Família15, Maringá e Curitiba são as únicas cidades do Estado
que apresentam simultaneamente as melhores condições sociais, de domicílio e de sanea-
mento básico, em seus territórios urbano e rural. Ocorre, no entanto, que Curitiba não
possui área rural. Dessa maneira, Maringá é a única cidade do Estado que concilia, ao
mesmo tempo, as melhores condições, tanto na zona urbana quanto na zona rural.
O Município de Maringá destaca-se, no Estado do Paraná, em todo o país, pelo alto
nível de qualidade de vida que apresenta a sua população. Entretanto, todo esse “desen-
volvimento” tem seu custo. Talvez um de seus piores efeitos, além de atrair pobreza e
marginalização juntamente com o progresso (a exemplo da publicidade realizada em Curi-
tiba), seja a capacidade de desviar a atenção da população para problemas efetivos que
ocorrem em Maringá.
Assim é que os inúmeros problemas ambientais existentes no Município quase sem-
pre têm sua divulgação prejudicada ou mitigada pela imagem de exemplo ambiental, na qual
boa parte de seus munícipes acredita fielmente. Invés de enfrentar os problemas de forma
conjunta e solidária, há uma forte tendência para se alimentar essa imagem e continuar a
postergar atitudes mais concretas quanto à preservação e restauração dos inúmeros pro-
cessos de degradação ambiental instalados no município.
Por meio de uma análise mais acurada e técnica, encontram-se inúmeros problemas
no município de Maringá, que prejudicam sensivelmente a qualidade de vida de seus habi-
tantes. Sejam problemas diretamente poluidores do meio ambiente e imediatamente per-
cebidos, sejam problemas indiretos, que demorarão alguns anos para serem notados, a
cidade possui focos de degradação ambiental e de comprometimento da saúde de sua
população.
Como um dos principais objetivos deste livro, passa-se a enumerar os principais pro-
blemas ambientais encontrados em Maringá, em correspondência com a legislação ambi-
ental das três esferas: federal, estadual e municipal, bem como as ações ou omissões en-

15 MARINGA. Prefeitura Municipal de Maringá. Secretária de Planejamento. Perfil da Cidade de Maringá. Maringá,
1996.

__ 35 __
MARINGÁ VERDE?

contradas na forma pela qual se procede à gestão pública dos recursos naturais do municí-
pio.
Para tanto, foram levados em consideração: a importância de determinados recursos
naturais para a manutenção do equilíbrio de ecossistemas e do clima da região; atividades
ou serviços de particulares e do Poder Público que afetam, de alguma forma, o meio am-
biente; e, principalmente, aqueles problemas que são considerados focos centrais da gera-
ção de outros problemas, devido à interação existente entre o homem e os recursos natu-
rais e, destes, em relação a si próprios.

__ 36 __
Capítulo
II
Dos principais problemas ambientais
de Maringá
Foto 5 - Fundo de vale
Mandacaru.
MARINGÁ VERDE?

PÁGINA 38 – EM BRANCO

__ 38 __
1 Desmatamento

A vegetação é o reflexo da interação de um conjunto de fatores naturais, entre os


quais altitude, latitude, clima e formação pedológica.

Foto 6 – Mata nativa da região de Maringá no início da colonização (1939).


Fonte: Patrimônio histórico, Secretaria de Cultura do Município de Maringá.

As abundantes precipitações pluviais em regime de alternâncias climáticas, durante o


quaternário recente, permitiram o surgimento da vegetação de matas, sobrepujando a dos
campos, mediante os vales dos rios, propiciando ao Paraná, até há poucos anos atrás, uma
das mais ricas áreas de mata do Brasil.

A intervenção do homem, pelas constantes queimadas, impediu o avanço das matas


sobre os campos. Por outro lado, a prática das roçadas e das sucessivas queimadas das
matas, inversamente, contribuiu para o surgimento de matas secundárias, capoeiras e ma-
tas rasteiras.
MARINGÁ VERDE?

Foto 7 – Início da colonização (1939).


Fonte: Patrimônio histórico, Secretaria de Cultura do Município de Maringá.

Atualmente, raros são os locais onde ainda podem ser encontradas manchas de vege-
tação arbórea primitiva. A rigor, na região não existem mais matas virgens, como é possí-
vel observar no mapa a seguir.

Mapa 3 – Matas nativas do Estado do Paraná.


Fonte: Atlas da Mata Atlântica (2005).16

Em função do tipo de solo (Latossolo Roxo Distrófico) que predomina na região de


Maringá, estimulante econômico da agricultura, a cobertura florestal é mais significativa na

16 Disponível em: <http://www.sosmataatlantica.org.br>. Acesso em: 18 jul. 2005.

__ 40 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

área urbana, representada pelos núcleos de reservas florestais com matas naturais e pela
grande quantidade de árvores nos canteiros centrais e laterais de ruas, avenidas e praças.
Conforme se visualiza na tabela 12, o processo de desmatamento no Estado do Pa-
raná foi extremamente acentuado a partir de 1940, quando a maior parte das cidades do
interior começou a se desenvolver, inclusive Maringá.

Tabela 12 – Evolução do desmatamento no Estado do Paraná


Ano Porcentagem % de vegetação nativa
1930 64.12
1937 58.65
1950 39.67
1965 23.90
1980 11.00
1990 5.20
2000 2.50
Fonte: Garcia (1996).17

Em decorrência direta do desmatamento, um estudo realizado pelo Prosolo-PR, em


1982, constatou que o noroeste do Estado do Paraná sofreu entre os anos de 1965 e 1980
um aumento considerável da velocidade dos ventos. Assim, a velocidade regular, que era
de 20-30 km/hora, passou para 80-120 km/hora, em média18. Esse simples dado pode ser
capaz de gerar inúmeros outros problemas em todo o ecossistema da região, pois semen-
tes e pólens terão sua destinação final alterada pela força dos ventos, capaz de levar gran-
des quantidades de lixo e poluições atmosféricas para regiões distantes.
O desmatamento acarreta a erosão das margens dos rios e a conseqüente poluição
das águas por sedimentos, aumentando sua turbidez, matando a vida dos rios e encarecen-
do, quando não inviabilizando, o tratamento da água.
Marisa Tornero avalia a redução das florestas da região e do processo de mecaniza-
ção da agricultura no Paraná, especialmente nas unidades do território de Maringá, em que
o solo não se apresenta agriculturável.

a escassez da vegetação nativa verificada nessas unidades, bem


como a substituição da mata ciliar, já restrita, pela lavoura, que
chega na maior parte até às margens dos cursos d’água, pode pro-
vocar o assoreamento por sedimentos, transportados pela enxur-
rada, oriundos das áreas agrícolas que sofreram processo de ero-
são. Junto com esses sedimentos, são transportados também al-

17 Apud TORNERO, Marisa Trovarelli. Análise ambiental através de sistema de informações geográficas (SIG), como subsídio ao
planejamento no Município de Maringá – PR. 2000. Tese (Doutorado)-Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Botucatu, São Paulo, 2000.
18 MONTOYA, Luciano J.; MASCHIO, Lucila M. de A.; RODIGHERI, Honorino R. Impactos da atividade agríco-
la nos recursos naturais e sua valoração no estado do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONO-
MIA E SOCIOLOGIA RURAL, 31., 1993, Curitiba. Anais ...Curitiba: [s.n.], 1993. p. 685.

__ 41 __
MARINGÁ VERDE?

guns nutrientes do solo como nitrogênio e fósforo, além de agro-


tóxicos (principalmente herbicidas), estes como conseqüência do
manejo inadequado de pulverizadores e descarte de vasilhames.
Aliado a esses fatores tem-se o alto índice de fraturamento obser-
vado nestas unidades, que vem acelerar problemas do uso e ocu-
pação do solo, contribuindo principalmente na contaminação de
aqüíferos subterrâneos devido a infiltrações por defensivos agrí-
colas, chorume de lixões, etc.19

Não é difícil perceber todas as conseqüências negativas que a região de Maringá sofre
pelo desmatamento de sua região rural (além dos problemas referentes aos fundos de vale
na área urbana). Apesar da existência de vários programas estaduais oficiais de recuperação
das matas e das reservas legais, ainda não é possível observar resultados concretos desses
trabalhos.

Foto 8 - Fundo de Vale Mandacaru.


Fonte: Autor ( 2000).

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), informa que o volume de madeira retirada


das florestas paranaenses em 2000 foi de 22.858.221 m3, sendo que, deste total, 22.212.562
m3, ou seja 97,17% vieram de Florestas Plantadas (reflorestamentos). Do total de 645.659
m3 de madeiras provenientes de florestas nativas, 297.542 m3, ou seja, quase a metade
(34,81%), corresponde à madeira de Bracatinga (Mimosa scabrella), cujas florestas são tradi-
cionalmente manejadas. Houve um significativo decréscimo no consumo legal de madeiras
de florestas nativas com relação aos dados dos anos anteriores. Porém, as autuações feitas
pelo IAP revelam que houve um grande volume de consumo clandestino de madeira nati-

19 TORNERO, 2000, f. 145.

__ 42 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

va, principalmente vinda de desmatamentos em assentamentos rurais e invasões de ter-


ra.20
Os números acima foram gerados computando-se 7.601 autorizações de corte de flo-
restas plantadas e mais de 2.049 autorizações de corte de florestas nativas, nas suas diver-
sas modalidades (Informação de Corte, Informação de Desbaste, Plano de Manejo, Des-
capoeiramento, Aproveitamento de Material Lenhoso, Manejo de Bracatinga, entre ou-
tras), durante o ano 2000.

Tabela 13 – Reflorestamento no Paraná (1979 a 1999)


Espécies Espécies Arborização Sementes de
Ano Total
exóticas nativas urbana bracatinga (kg)
1979 2.272.700 1.786.000 4.058.700 0 0
1980 4.388.700 3.448.300 7.837.000 0 0
1981 8.289.100 6.512.900 14.802.000 0 0
1982 10.507.053 7.004.702 17.511.755 0 0
1983 8.903.950 5.935.967 14.839.917 0 0
1984 8.281.444 6.775.728 15.057.172 0 0
1985 8.655.300 10.578.700 19.234.000 0 0
1986 7.303.707 7.017.289 14.320.996 0 0
*1987 3.850.000 3.150.000 7.000.000 0 1.400
**1988 14.780.000 10.720.000 25.500.000 0 2.650
1989 22.900.000 16.600.000 39.500.000 0 4.450
1990 14.646.000 9.061.800 23.707.800 0 1.500
1991 8.602.683 5.933.171 14.535.854 0 1.554
1992 9.124.032 8.473.180 17.597.212 0 1.346
1993 9.354.389 8.179.158 17.533.547 0 1.252
1994 7.850.151 6.971.897 14.822.048 0 398
1995 6.639.187 6.602.770 13.241.957 0 123
1996 6.523.365 6.386.617 12.909.982 0 62
***1997 11.850.914 4.992.795 16.843.709 235.939 0
1998 21.540.463 7.575.760 29.116.223 585.736 0
1999 24.673.383 10.858.107 35.531.490 730.506 0
2000 23.541.225 10.014.618 34.139.074 583.231 0
Total 244.477.746 164.579.459 409.640.436 2.135.412 14.735
* Início do PDFI/** Inicio do PARANÁ RURAL/*** Início PRODEFLOR e FLORESTAS MUNICIPAIS.
Obs: Não estão incluídos os dados da Iniciativa Privada através do SERFLOR. Apenas os dados relativos aos pro-
gramas de fomento do Governo do Estado do Paraná.
Fonte: IAP, 2001.

Para fins de comparação, no ano de 1999, o volume de madeira retirada das florestas
paranaenses foi de 22.152.324,35 m3, sendo que, deste total, 20.998.309,85 m3, ou seja,
94,24% vieram de Florestas Plantadas (reflorestamentos). Do total de 1.154.014,50 m3 de
madeira proveniente de florestas nativas, 472.726,90 m3, ou seja, quase a metade (40,96%)

20 INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Consumo de madeira no estado do Paraná. Disponível em:


<http://sema.pr.gov.br/iap>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 43 __
MARINGÁ VERDE?

corresponde à madeira de Bracatinga (Mimosa scabrella), cujas florestas são tradicionalmente


manejadas.21
Os números acima foram gerados computando-se 8.200 autorizações de corte de flo-
restas plantadas e mais de 2.530 autorizações de corte de florestas nativas, nas suas diver-
sas modalidades (Informação de Corte, Informação de Desbaste, Plano de Manejo, Des-
capoeiramento, Aproveitamento de Material Lenhoso, Manejo de Bracatinga, entre ou-
tras), durante o ano de 1999, pelo IAP.
Apesar da validade desses dados, deve-se ter em conta que eles provêm da destinação
de mudas florestais pelos programas oficiais de fomento florestal. Isto quer dizer que, não
havendo fiscalização ostensivamente, como é possível se constatar da análise da infra-
estrutura do IAP e do Ibama no Paraná, em especial na região de Maringá, nada garante
que essas mudas tenham sido plantadas e, mesmo que tenham, que ainda estejam vivas ou
intactas.
Além disto, deve-se considerar que a maior causa do desmatamento desenfreado no
Estado do Paraná é proveniente dos cortes clandestinos e irregulares, que não constam
nos processos de autorização florestal do IAP, conforme informação oficial referente ao
número de autuações por cortes irregulares realizados nos últimos anos.
Quanto às matas nativas remanescentes no Estado do Paraná, mesmo que sejam bas-
tante raras, as existentes devem, por essas mesmas razões, ser consideradas como áreas de
preservação permanente e inseridas no Sistema Estadual de Unidades de Conservação.
Apenas uma pequena parcela das matas existente no Paraná está legalmente protegida.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil dispõe, atualmente, de um
quadro de unidades de conservação (UC) bastante restrito. Apenas 2,61% do território
nacional são constituídos de unidades de proteção integral (de uso indireto) e 5,52% de
unidades de uso sustentável (de uso direto). A soma dessas categorias totaliza 8,13% do
território nacional, valor superestimado, devido ao fato de que muitas áreas de proteção
ambiental (APAs) incluem, na sua extensão, uma ou mais unidades de conservação (UC),
de uso indireto. Dois problemas destacam-se nessa realidade: o total de área protegida por
bioma é insuficiente para a conservação da biodiversidade (mínimo de 10% de proteção
integral por bioma, conforme as conclusões do "IV Congresso Internacional de Áreas
Protegidas", Caracas 1992); e as áreas já criadas ainda não atingiram plenamente os objeti-
vos que motivaram sua criação.22
O Estado do Paraná possui 63 unidades de conservação de domínio estadual, 9 de
domínio federal, 103 de domínio municipal e 151 de domínio privado (RPPNs), classifica-
das, de acordo com seus objetivos específicos, em diferentes categorias de manejo, entre

21 INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, 2003.


22 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2003. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/apconser.html>.

__ 44 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

elas Parques, Estações Ecológicas, Florestas Estaduais, Áreas de Proteção Ambiental e


Reservas Biológicas, entre outras.23
A tabela 14 demonstra que é possível estabelecerem-se comparações entre as diversas
formas de ocupação da terra no Paraná.

Tabela 14 – Uso da terra no Paraná


Classe de uso da terra Área (ha.) Percentual (%)
Florestas Nativas Primárias 1.712.814 8,6
Reflorestamento 620.489 3,1
Vegetação Secundária 5.069.238 25,4
Agricultura 7.368.209 37,0
Pecuária 4.548.655 22,8
Urbanizações 379.900 1,9
Outras Áreas 233.065 1,2
TOTAL 19.932.370 100
Fonte: IAP (1994). (Carta Temática do Uso da Terra no Estado do Paraná, IAP, 1994, tomando por base imagens do
satélite Landsat-5, na escala 1:250.000).

A importância das florestas é inegável e ainda hoje não foi totalmente estimada. Além
de manter as populações nativas e servir de habitat a milhões de espécies de plantas e ani-
mais, as florestas tropicais fornecem produtos como madeiras, frutas, vegetais, condimen-
tos, castanhas e medicamentos, e as espécies tropicais podem suprir os engenheiros gené-
ticos de informações de que necessitam para criar novos produtos para a indústria, medi-
cina e outros usos comerciais.24

1.1 Reserva Legal

O Código Florestal, a Lei no 4.477, editada em 1965, prevê, em seu artigo 16, pará-
grafo primeiro, que em cada propriedade localizada nas regiões Leste Meridional, Sul e
Centro-Oeste, as derrubadas de florestas nativas, primitivas ou regeneradas só serão per-
mitidas, desde que seja respeitado o limite mínimo de 20% da área de cada propriedade,
com cobertura arbórea localizada.
No Estado do Paraná, o Decreto no 387/99 instituiu o SISLEG,25 que é o sistema de
manutenção, recuperação e proteção da reserva legal e das áreas de preservação permanen-
te do Estado.

23 CURITIBA. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Instituto Ambiental do Paraná. Unidades de conservação existentes
no Estado do Paraná. 2003. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/sema/a_unconserv_pr.shtml>.
24 COURSON, Walter H. (Ed.). Manual global de ecologia: o que você pode fazer a respeito da crise do meio ambiente.
São Paulo: Augustus, 1993. p. 117.
25 Verificar as disposições do Decreto Estadual nº 3.320 de 12 de julho de 2004.

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MARINGÁ VERDE?

De acordo com o artigo 6o do referido decreto estadual, cabe à autoridade florestal


do Estado, determinada pelo art. 72 da Lei no 11.054 de 11 de janeiro de 1995, o gerenci-
amento do Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal.
Portanto, ao Município de Maringá cabe apenas a fiscalização suplementar, devendo as
infrações serem informadas ao órgão estadual para as devidas providências.
O prazo máximo para a recuperação das áreas de reserva florestal legal fixado por es-
te Decreto é de vinte anos, a ser cumprido pelo proprietário de forma escalonada, con-
forme o artigo 7o.
Essa regulamentação procurou se adequar ao previsto na chamada Lei Agrícola, Lei
nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, especialmente o artigo 99, o qual estabelece a obriga-
ção do proprietário rural de recompor, em sua propriedade, a Reserva Florestal Legal, em
um prazo de trinta anos, ou seja, pelo menos 1/30 a cada ano. Importante ressaltar que a
Lei Agrícola não criou um direito para o proprietário de recuperar a reserva legal em trinta
anos, mas apenas estabeleceu a obrigação adicional de efetuar o plantio de, no mínimo,
1/30 avos, por ano. Logo, o Promotor de Justiça no Estado do Paraná, Edson Luiz Pe-
ters, conclui:

[...] a qualquer momento o proprietário rural pode sofrer uma au-


tuação fiscal, ou uma ação do Ministério Público ou da autoridade
administrativa para recompor a reserva legal de uma só vez, basta
que exista real necessidade e conveniência na medida, não po-
dendo o dono da terra dizer ou alegar que tem trinta anos para
reflorestar, pois tal argumento não procede.26

No artigo 8o, o Decreto no 387/99 dispõe que qualquer área, para ser considerada e
aceita pela autoridade florestal no Estado do Paraná como reserva florestal legal, deverá
atender simultaneamente aos critérios abaixo discriminados:
a) estar localizada no Estado do Paraná;
b) estar inserida no mesmo Bioma;
c) estar inserida na mesma Bacia Hidrográfica;
d) pertencer à mesma região definida pela autoridade florestal do Estado.
Atendidos esses critérios, poderão ser utilizadas as seguintes alternativas para a ma-
nutenção e a recuperação das áreas de reserva florestal legal (art. 9o):
a) estar localizada no próprio imóvel;
b) estar localizada em outro imóvel do mesmo proprietário;
c) estar localizada em imóvel de terceiros;
d) estar localizada em outro imóvel, sob a modalidade de reserva florestal legal cole-
tiva pública;
e) estar localizada em outro imóvel, sob a modalidade de reserva florestal legal cole-
tiva privada.

26 PETERS, Edson Luiz. Reserva florestal legal: a obrigação de reflorestar. Revista do Centro de Apoio Operacional às
Promotorias de Justiça de Proteção do Meio Ambiente do Estado do Paraná. Disponível em:
<http://www.mp.pr.gov.br/institucional/publica/meioambi/obrirefl.html>.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Essa previsão legal se adequa aos mesmos critérios previstos no art. 44 do Código
Florestal, conforme alterações inseridas pela Medida Provisória nº 1956-52/2000.
Apesar da iniciativa adotada pelo governo estadual, o que se percebe na prática é que
a inexistência de uma política ambiental nacional, conjugada com as ações estaduais e
municipais, gera uma completa falta de efetividade das leis ambientais, notadamente o
Código Florestal, que já previa a reserva legal em 1965. Basta verificar que hoje menos de
17% do território do Estado do Paraná conta com mata nativa.
Em Maringá, a situação não é diferente. Como se constata na tabela 15, o município
possui apenas 1/3 de matas e florestas em comparação com os números do Estado.

Tabela 15 - Uso da terra no município, na região de Maringá e no


Estado do Paraná em 1996 (área em ha.)
Produtivas
Matas e Terras inapro-
Área total % Lavoura % Pastagem % % não utiliza- % %
flores veitadas
das
Maringá 33.214 100,0 23.932 72,05 6.153 18,53 1.612 4,85 216 0,65 1.301 3,92
Região 130.204 100,0 80.974 62,19 38.737 29,75 5.536 4,25 542 0,42 4.415 3,39
Estado 15946.632 100,0 5490.781 34,43 6677.312 41,87 2794.713 17,53 258.872 1,62 724.954 4,55
Fonte: IBGE (1995/1996).

Por essas razões, o legislador de Maringá buscou criar um mecanismo que garantisse
o registro das reservas legais, por meio do artigo 15 da Lei nº 334/99, que dispõe sobre o
parcelamento do solo urbano:

Art. 15 - Não será admitido o parcelamento do solo para fins ur-


banos na Zona Agrícola do Município.
[...]
§3° O parcelamento da Zona Agrícola deverá atender aos seguin-
tes requisitos:
I – será registrada uma reserva florestal legal dentro do próprio
imóvel, preferentemente em uma única área, previamente apro-
vada pelo Instituto Ambiental do Paraná – IAP; [...]

De acordo com o IAP, não há uma base de dados que informe a porcentagem da re-
serva legal devidamente recuperada e conservada no Estado do Paraná, e, da mesma for-
ma, na região de Maringá. Espera-se que essa base de dados esteja funcionando em alguns
anos.
Um outro indicador do nível de proteção florestal é a existência de RPPNs, ou Re-
servas Particulares do Patrimônio Natural na região. De acordo com o Decreto Federal nº
1.922/96, entende-se por RPPN:

Art. 1º - Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN é área


de domínio privado a ser especialmente protegida, por iniciativa
de seu proprietário, mediante reconhecimento do Poder Público,

__ 47 __
MARINGÁ VERDE?

por ser considerada de relevante importância pela sua biodiversi-


dade, ou pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda por suas caracte-
rísticas ambientais que justifiquem ações de recuperação.

A Lei nº 9.985/2000 criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natu-


reza. As RPPNs foram contempladas e, nessa lei, tem-se que:

Art. 21 - A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área


privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar
a diversidade biológica.
§ 1º O gravame de que trata este artigo constará de termo de
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará
a existência de interesse público, e será averbado à margem da
inscrição no Registro Público de Imóveis.
§ 2º Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio
Natural, conforme se dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica;
II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacio-
nais;
III - (VETADO)
§ 3º Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e o-
portuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário
de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de
um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.

Os dados do IAP informam que, até maio de 2003 existiam, na área de abrangência
do escritório regional de Maringá, quatro RPPNs, sendo uma na Fazenda Perobal, no
Município de Itambé, uma na Fazenda da Barra, no Município de Lobato, uma na fazenda
Santa Juliana e uma na fazenda Boa Vista, ambas no Município de Santa Fé. Entretanto, o
município de Maringá não possui nenhuma RPPN cadastrada junto ao IAP.
Esse fato demonstra que a área rural de Maringá, desde a sua colonização, nunca es-
teve dentro de uma política de preservação florestal. Os proprietários apresentam uma
forte resistência para aderirem a campanhas de reflorestamento e conversão de florestas.

1.2 Área de preservação permanente – Fundos de Vales

Pode-se definir mata ciliar como sendo aquela vegetação existente nas margens dos
cursos d’água e lagos naturais. Essa vegetação desempenha importantes funções ecológicas
e hidrológicas em uma bacia hidrográfica, tais como:
a) proteção definitiva contra o assoreamento dos rios, córregos e lagos, protegendo
os solos marginais da erosão;
b) regularização dos regimes hídricos através dos lençóis freáticos;
c) manutenção da qualidade da água, através da proteção contra o carregamento de
agrotóxicos usados na agricultura lindeira;

__ 48 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) proteção das nascentes;


e) fornecimento de alimentos aos animais silvestres, em especial aos peixes.
Apesar da sua importância, as matas ciliares encontram-se extremamente degradadas
pelo desmatamento indiscriminado. Em muitos casos, são totalmente ausentes, contribu-
indo significativamente para o futuro comprometimento dos recursos hídricos de superfí-
cie.
Essas matas localizam-se nas áreas lindeiras ou adjacentes aos cursos d’água e reser-
vatórios, em locais úmidos e até sujeitos a inundações periódicas, como em áreas mais
altas, dependendo do relevo das bacias.

Foto 9 – Fundo de Vale Mandacaru.


Fonte: Autor (2000).

Por fundos de vale, entende-se aquelas áreas que circundam os córregos e as nascen-
tes que perpassam as regiões urbanas e rurais, onde estão incluídas as matas ciliares. O
Código Florestal, Lei no 4.771 de 15 de setembro de 1965, determinou, em seu artigo 2o,
que, ao longo dos rios ou de qualquer curso de água, a mata existente é considerada de
preservação permanente, ou seja, deve ser preservada em sua forma nativa.

__ 49 __
MARINGÁ VERDE?

Art. 2° - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efei-


to desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural si-
tuadas:
a. ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu ní-
vel mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será (redação
dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989):
1. - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10
(dez) metros de largura (redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989);
2. - de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de
10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura (redação dada pela Lei
nº 7.803 de 18.7.1989);
3. - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50
(cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura (redação dada pela
Lei nº 7.803 de 18.7.1989);
4. - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham
de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura (número
acrescentado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº
7.803 de 18.7.1989);
5. - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham
largura superior a 600 (seiscentos) metros (número acrescentado
pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989);
b. ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou
artificiais;
c. nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos
d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura (redação dada pela
Lei nº 7.803 de 18.7.1989);
d. no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e. nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°,
equivalente a 100% na linha de maior declive;
f. nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues;
g. nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de
ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em
projeções horizontais (redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989);
h. em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qual-
quer que seja a vegetação (redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989);
i. nas áreas metropolitanas definidas em lei. (Alínea acrescenta-
da pela Lei nº 6.535, de 15.6.1978);
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as
compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei munici-

__ 50 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

pal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em to-


do o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respecti-
vos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princí-
pios e limites a que se refere este artigo (parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

Em muitos casos, a área de preservação permanente protegida pela lei irá coincidir
integralmente com a área denominada fundo de vale. Entretanto, no caso específico de
Maringá, em virtude da previsão legal da área de fundo de vale com no mínimo 60 metros,
encontra-se uma situação atípica, que trouxe grandes benefícios para a criação de uma
política ambiental para a preservação das matas ciliares, ao mesmo tempo em que gerou
grandes confusões decorrentes da incompetência administrativa a que esta cidade foi for-
çada a passar durante décadas, desde a sua criação, no tocante à gestão ambiental integra-
da.
Note-se que a atual redação do artigo 2º do Código Florestal é de 1989, já que o Có-
digo de 1965 estabelecia uma área de preservação permanente de apenas 5 metros, inde-
pendentemente da largura do curso d’água. Além disto, na Lei no 6.766/79, que dispôs
sobre o parcelamento do solo urbano,27 foi definida, apenas para os loteamentos (áreas
urbanas), uma nova área considerada como non aedificandi.28 de apenas 15 metros.

Art. 4o - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos se-


guintes requisitos:
[...]
III – ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de
domínio público das rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória
a reserva de uma faixa non aedificandi de 15 (quinze) metros de
cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica.

Houve grande discussão sobre a natureza dessa área non aedificandi, parecendo que es-
ta não possuía a natureza de área de preservação permanente, conforme objetivou o Códi-
go Florestal, pois não permitir a edificação não significa realizar o plantio ou a manuten-
ção de florestas.
De qualquer maneira, a Lei no 7.803/1989 determinou a atual redação porque uma
lei posterior de mesmo nível hierárquico revoga tacitamente as demais leis anteriores que
estejam em conflito.

27 Após o Decreto-Lei no 58/1937 e o Decreto-Lei no 271/1967, a Lei no 6.766/1979 foi o meio encontrado pelo
Governo Federal para estabelecer as regras gerais para ocupação de lotes urbanos no país. Após esta iniciativa, a-
penas em 1988 a Constituição Federal previu o estabelecimento de diretrizes gerais a serem fixadas em lei sobre a
política de desenvolvimento urbano. Neste sentido, a Lei n o 6.766/79 foi recepcionada pela Constituição Federal.
28 Local onde não é permitida qualquer construção ou edificação.

__ 51 __
MARINGÁ VERDE?

Mapa 4 – Áreas verdes de Maringá.

Maringá conta com 62 córregos e ribeirões cortando o território do Município, tanto


na área urbana quanto na rural. Destes, 20 estão na área urbana de Maringá, sendo que 19
deles, possuem suas nascentes dentro da cidade.
A situação dos córregos de Maringá é a mesma: completa inexistência da mata ciliar,
com plantio de áreas descontínuas e isoladas, normalmente sem espécies nativas.
Em meio à discussão federal a respeito das áreas de preservação permanente, o mu-
nicípio de Maringá nasceu, e dentro de seus primeiros projetos, algumas características
foram determinantes para o futuro das matas ciliares que acompanhavam os córregos da
cidade.
Uma das primeiras leis que definiram a ocupação de Maringá foi o Código de Postu-
ras, Lei no 34/1959, que possui a maior parte dos artigos em vigor até hoje. Embora con-
sista em um verdadeiro manual para os habitantes da cidade29, essa lei não trouxe nenhu-
ma previsão específica sobre os fundos de vale. A lei apenas delimitou, em seu artigo 2o, as
diversas zonas do município, incluindo a “Zona Bosque I” e a “Zona Bosque II”, e a
proibição de construções nas chamadas “Zonas Verdes”, que tinham a finalidade de man-
ter o aspecto paisagístico da cidade (artigo 7o). E de forma mais direta, o artigo 876 deter-
minou que “É proibido o corte ou derrubada de matas protetoras de mananciais ou que
defenderem o solo da invasão de qualquer curso d´água”. Note-se que a proteção era do
solo, contra as “águas invasoras”, e não do curso de água, e protegia somente a bacia de
captação para consumo da cidade, e não as demais cabeceiras e rios.

29 Deve-se notar que naquela época ainda não tínhamos a obrigatoriedade do Plano Diretor para municípios com
mais de vinte mil habitantes (Art. 182, §1o, Constituição Federal).

__ 52 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Foto 10 – Fundo de vale sem mata ciliar: Córrego Merlo em Maringá.


Foto: Autor (2000).

Independentemente do fato de não ser obrigatório àquela época, Maringá teve seu
primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento instituído pela Lei no 621, de 10.12.1968,
realizado pela Comissão de Desenvolvimento dos Municípios, seguindo as recomendações
do 1o Congresso Nacional dos Municípios, realizado em 1948, em Petrópolis, Rio de Ja-
neiro.
Além de criar alguns órgãos municipais para assessorar os Poderes Executivo e Le-
gislativo na condução do planejamento urbano da cidade30, a Lei no 621/68 tinha como
objetivos a resolução de problemas derivados da monocultura, dos efeitos da polarização
existentes em Maringá, que provocavam crescimento rápido, problemas sociais e insufici-
ência de equipamentos urbanos, além da idéia de gerar desenvolvimento urbano, o que,
naquela época, estava totalmente vinculado ao desenvolvimento industrial, “custe o que
custar”.

30 Foram criados os seguintes órgãos: o Escritório Técnico de Planejamento de Maringá – Eteplam; e o Grupo
Executivo para a Industrialização de Maringá – Geimar.

__ 53 __
MARINGÁ VERDE?

As questões ambientais não eram consideradas prioridades em Maringá na véspera da


década de 70, quando o mundo passou a discutir e a compreender o fenômeno da degra-
dação ambiental e das nocivas conseqüências para a humanidade. O primeiro Plano Dire-
tor de Desenvolvimento de Maringá não teve prescrições específicas sobre os fundos de
vales, mas deixou margem para que estes fossem degradados, caso o Poder Público, atra-
vés de seus órgãos assessores, assim autorizasse. Daí começa a surgir parte das explicações
para o aterro indiscriminado que se viu nessa cidade de nascentes e margens de córregos
com entulhos e tubulações. Esse foi e ainda é o paradigma predominante de várias lotea-
doras estabelecidas em Maringá.
A Lei nº 621/68 foi pioneira ao utilizar o termo fundo de vale no município, em seu ar-
tigo 14:

Art. 14 - Para a garantia do escoamento das águas da superfície,


deverá ser reservada uma faixa mínima, não edificável, de fundo
de vale ou talvegues. Essa faixa de reserva será proporcional à ba-
cia hidrográfica contribuinte, conforme a tabela que se segue:

Área da bacia hidrográfica – ha. Faixa não edificável - m


Até 50 4
50 – 100 6
100 a 200 12
200 a 500 14
500 a 1000 17
1000 a 2000 23
2000 a 10000 27
10.000 a 25.000 60
25.000 a 100.000 70

Apesar da inovação do emprego do termo, essa lei já desrespeitava as medidas míni-


mas impostas pelo Código Florestal, e desconsiderava, para o cálculo da área não-
edificável, a crescente impermeabilização das vias e lotes, baseando-se em condições hi-
drológicas ideais. Realizando um verdadeiro diagnóstico dos problemas e prioridades do
município, esse plano identificou, naquela época, muitas obras fundamentais que ainda
estavam para serem planejadas, das quais algumas delas só tiveram sua execução terminada
no ano de 2001. As principais obras eram relativas à melhoria do sistema viário, com o
alargamento de várias avenidas, dentre as quais destacam-se a Colombo e a Morangueira.
Ainda pensava-se na construção da Prefeitura Municipal, da Câmara Municipal e do Fó-
rum.
O que esse documento mostra é que, embora as obras indispensáveis que estavam
por serem executadas, já em 1980, os Fundos de Vale do Município de Maringá eram
considerados, de alguma forma, prioritários para a Gestão Municipal. O documento revela
que a 20.ª prioridade do governo municipal era a recuperação dos Fundos de Vale do

__ 54 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Município, que custaria o equivalente exigido pelo projeto de localização e construção do


prédio da Câmara Municipal.
Ainda nesse primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento de Maringá, houve a previ-
são das chamadas vias paisagísticas, que contornavam o Parque do Ingá e o Bosque II e
seguiam ao longo dos córregos Moscados e Cleópatra, buscando seguir a largura das áreas
de mata. Mais à frente, as medidas foram diminuindo, não se estabelecendo, assim, um
padrão que pudesse proteger essas áreas. Somente anos depois o conceito de via paisagís-
tica passou a ser corretamente empregado, com a devida previsão legal.
O responsável por esse imenso avanço na elaboração do primeiro plano de diretrizes
viárias de Maringá, após a planta inicial de Macedo Vieira, foi o arquiteto Nildo Ribeiro da
Rocha, com base em um levantamento aerofotogramétrico de 1970. Foi mediante seu
estudo, finalizado em 1979, que as vias paisagísticas passariam a ter a distância mínima de
60 metros dos respectivos córregos, e Maringá pôde contar com corredores de matas em
potencial, idéia que somente nos tempos atuais passou a ser considerada como estratégia
de preservação ambiental no mundo todo, com os denominados corredores da biodiversidade.
A lei que primeiramente previu as vias paisagísticas surgiu quatro depois, a Lei no
1.735/1984:

Art. 19 – São consideradas fundos de vale, aquelas localizadas ao


longo dos cursos d´água, medidas a partir do seu eixo médio,
tendo como divisa uma via paisagística.
§1o A distância do eixo médio do curso d´água até a via paisagís-
tica, deverá ter a dimensão média de 60,00 m (sessenta metros),
atendendo ao traçado urbanístico do Município.

Uma das principais críticas à redação deste artigo está na definição de uma distância
“média” do córrego, o que permitiu que em algumas vias essa distância tenha sido inferior
aos 60 metros, além de ser medida a partir do “eixo médio” do curso de água, e não de seu
leito maior, conforme legislação atual.
Como estratégia adotada pela Administração Pública para a preservação das áreas de
fundos de vale, o artigo 22 da Lei nº 1.735/84, previa a obrigatoriedade de essas áreas
serem transferidas para o domínio público, em atendimento à Lei Federal no 6.766/79.

Art. 22 – As áreas destinadas ao Sistema de Circulação, à imple-


mentação de equipamentos urbanos e comunitários, bem como
de espaços livres de uso comum, serão proporcionais à densidade
de ocupação prevista para a gleba.
[...]
§3o As áreas de fundo de vale serão obrigatoriamente transferidas
ao Município, no ato do registro do loteamento junto à circuns-
crição imobiliária competente, incluídas nas áreas destinadas a
equipamentos urbanos, atendendo às disposições da Lei Federal
no 6.766/79.

__ 55 __
MARINGÁ VERDE?

[...]
§5º Serão computados, para efeito de cálculo das área definidas
no parágrafo segundo deste artigo, 25% das áreas de fundo de va-
le.

No mesmo pacote de leis de 1984, as áreas de fundo de vales foram previstas como
pertencendo à Zona de Setores Especiais, pela Lei nº 1.736/84, de zoneamento de uso e
ocupação do solo. A própria lei, contudo, não trouxe nenhuma definição sobre o seu uso,
deixando isto a cargo da regulamentação pelo Poder Executivo, mediante decreto. Essa lei
foi publicada em abril de 1984, e cerca de seis meses depois, em 8 de outubro de 1984, foi
editada a Lei no 1.800, que pode ser considerada como um marco negativo na condução
das áreas de fundo de vale de Maringá para a degradação.

Art. 1º - As áreas de terras que foram definidas como fundo de


vale no ‘caput’ do artigo 19, da Lei no 1.735/84, serão disciplina-
das nos artigos desta Lei.
Parágrafo único – Estas disposições serão igualmente aplicáveis
àquelas áreas de fundo de vale oriundas de parcelamento de solos,
anteriores a aprovação da mencionada Lei nº 1.735/84.
Art. 2º - A área não edificável de 15,00 metros da margem do
curso de água, que foi estabelecida pelo artigo 4º, inciso III, da
Lei Federal no 6.766/79, deverá ser reflorestada com espécies na-
tivas desta região.
Parágrafo único – As áreas de fundo de vale previstas por este ar-
tigo não poderão receber nenhuma outra destinação, salvo a im-
plantação de melhorias que importem obras de infra-estrutura ur-
bana (incluído pela Lei no 2.335/88).
Art. 3º - Fica autorizada a edificação de residências, centros de la-
zer e estabelecimentos comerciais, nas áreas lindeiras às ruas pai-
sagísticas, numa profundidade de 1/3 (um terço) do imóvel ou,
no máximo, 20 (vinte) metros (inclusão dos estabelecimentos
comerciais através da Lei nº 2.001/86).
Art. 4º - As áreas de terras intermediárias àquelas definidas nos
artigos 2º e 3º desta Lei, poderão ser utilizadas para fins de lazer e
hortifruticultura.
Art. 5º - Na aprovação de novos loteamentos, fica facultado ao
loteador ou loteadora o aproveitamento das áreas de fundo de va-
le de acordo com os artigos desta Lei, ou como já foi estabelecido
na Lei nº 1.735/84.
Art. 6º - O Poder Executivo, por força desta Lei, fica autorizado
a conceder em comodato, a terceiros interessados (após a recicla-
gem procedida pela Fundação de Desenvolvimento Social de Ma-
ringá), as áreas de fundo de vale de propriedade do Município,
para exploração de hortifruticulturas, sem prejuízo das disposi-
ções contidas nos artigos 2º, 3º e 4º desta Lei.

__ 56 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Parágrafo Primeiro – Este comodato não será concedido por pra-


zo superior a cinco anos.
Parágrafo Segundo – Fica a critério do Poder Executivo a pror-
rogação ou não da concessão.
Parágrafo Terceiro – No caso de prorrogações sucessivas, deverá
ser observado o limite de cinco anos, para cada uma delas.
Art. 7º - O Município poderá revogar unilateralmente a conces-
são, desde que o imóvel concedido não esteja sendo utilizado pa-
ra os fins previstos nesta Lei, sem que caiba qualquer indenização
à concessionária, pelos serviços ou obras nele realizados.
Art. 8º - Findo o prazo da concessão e não havendo o interesse
da Municipalidade em sua prorrogação, o imóvel reverterá à pos-
se do Município, com todas as benfeitorias que lhe foram adicio-
nadas, livres de quaisquer ônus.
Art. 9o - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 10 - Revogam-se as disposições em contrário.

Essa lei implementou uma estratégia que se provou historicamente errônea, de entre-
gar a tutela das áreas de fundo de vale públicas para particulares, constituídos em associa-
ções que receberam concessões dessas áreas.
Conforme esclarece o diagnóstico da proposta do Plano Diretor de Maringá de 2003:

Pelo fato da Cidade estar localizada sobre o divisor de águas prin-


cipal da Região, os cursos d’água que nascem na zona urbana são
de volume e dimensões reduzidos, o que, de um lado, limita a o-
ferta de água para abastecimento da população e, de outro, impõe
a necessidade de se adotar critérios rigorosos quanto às descargas
de águas pluviais e de águas servidas nesses corpos receptores pa-
ra evitar, respectivamente, a detonação de processos erosivos nas
suas cabeceiras e margens e a poluição de seus caudais. Muitos
cursos d’água que atravessam a área urbana possuem leitos encai-
xados em vales profundos, formando ravinas provocadas por
processos erosivos, cuja ocorrência foi desencadeada pelo uso i-
nadequado do solo, onde o desmatamento desenfreado eliminou
boa parte das matas ciliares necessárias à prevenção e ao controle
da erosão.31

Os objetivos almejados por essas associações, de construir e implementar chácaras de


lazer, com hortas, campos de futebol e até mesmo piscinas, em nada contribuíram para a
manutenção das áreas de preservação permanente. O que se constata é que a utilização da
parte de cima dos fundos de vale, a partir da via paisagística, sempre comprometeu a inte-
gridade dos atributos que exigiram a preservação constitucional da parte de baixo, ou seja,
da mata ciliar. Isto porque, na maior parte dos casos, em virtude da declividade natural do
terreno, foram necessários serviços de aterro, de movimentação de terra, e de algumas
obras de engenharia, como, por exemplo, as galerias pluviais e a rede de esgoto. Para pio-
rar a situação, em muitos casos a utilização acabou invadindo a área de preservação per-

31 MARINGÁ, 2003, p. 185.

__ 57 __
MARINGÁ VERDE?

manente, demonstrando que as concessões das áreas de fundos de vale em Maringá para
particulares, foi, sem dúvida alguma, um dos maiores erros da política ambiental que inge-
nuamente se tentou implementar nessa cidade.

Tabela 16 - Concessões reais de uso outorgadas pela Prefeitura de


Maringá entre 1996 e 1998
Protocolo 02-01 nº 163/98; objeto da concessão: Dt. 01, Qd. 65, do
Parque Avenida, com 14.037,86 km2; Fundo de vale no Pq. Das Gre-
Abrigo Deus, Cristo e Caridade víleas – 1a, 2a e 3a partes, com 35.752,72 m2; escritura pública em
28/03/1995, 1º Tabelionato de Maringá. Situação atual: ao
1o Tabelionato para reversão da área do Pq. das Grevíleas.
Protocolo 02-01 no 149/98; objeto da concessão: área não edificável,
com 13.597,93 m2, fundo de vale jardim Tabaetê, Gleba Ribeirão
Associação Comunitária do
Sarandi. Escritura pública em 14/09/90, 1º Tabelionato de Maringá.
Jardim Tabaetê
Situação atual: notificada em 25/04/01, sem resposta até o presente
momento.
Protocolo 02-01 no 153/98.; objeto da concessão: chácara de terras
85/45-13, com 9.686,00 m2, do Estilo Chácara Residencial; escritura
APP – Sindicato dos professo-
pública em 30/03/1992, 3o Tabelionato de Maringá. Situação atual:
res das redes públicas estadual
notificada em 30/05/2001 e em xx/02/2003, devendo apresentar
e municipal do Paraná
projeto de recuperação da área e assumir compromisso junto a
Semma.
Protocolo 02-01 nº 140/98; objeto da concessão: Lt. 8/A-2/1, com
Associação para assistência,
2.872,00 m2, da Gleba Ribeirão Morangueiro. Escritura pública em
proteção e recuperação de
23/08/1988, 1o Tabelionato de Maringá. Situação atual: notificada
alcoólatras de Maringá.
em 02/05/2001, mas não compareceu até o momento.
Protocolo 02-01 nº 145/98; objeto da concessão: equipamento urba-
Associação Atlética Cidade no nº 1, com 1.385,08 m2, do Jardim Universo. Escritura Pública em
Canção 28/08/97, 3° Tabelionato de Maringá. Situação atual: notificação
enviada em 25/04/2001, mas sem resposta até o momento.
Protocolo 02-01 n° 03/2000; objeto da concessão: Qd. 271, com
Associação Benificiente e Cul-
8.601,06 m2, do Jardim Pinheiros II. Escritura pública em
tural dos Aposentados e Pen-
24/10/1994, Tabelionato Grassano. Situação Atual: notificação em
sionistas de Maringá
30/05/2001, mas sem resposta até o momento.
Protocolo 02-01 n° 159/98; objeto da concessão: Dt. 26, Qd. 125,
Associação Comunitária dos
com 1.088.87 m2, do Jardim Liberdade – 2ª parte. Escritura pública
Jardim Liberdade e América,
em 20/10/95, 3° Tabelionato de Maringá. Situação atual: notificação
Zona 36 de Maringá
em 25/04/2001, mas sem resposta até o momento.
Protocolo 02-01 n° 20/01; objeto da concessão: Dt. 16, Qd. 97, com
Associação Comunitária do
360,00 m2, do Parque Residencial Patrícia. Escritura pública em
Parque Residencial Patrícia e
16/01/2001, 3° Tabelionato de Maringá. Situação atual: notificação
Jardim Dourado
em 30/04/2001, sem resposta até o momento.
Protocolo 02-01 n° 156/98; objeto da concessão: Dt. 21, Qd. 20,
com 257,56 m2, da Vila Esperança – 2ª parte. Escritura pública em
Associação Cultural Assisten-
30/12/1996, 3º Tabelionato de Maringá. Situação atual: o represen-
cial Recreativa dos Aposenta-
tante legal requereu prazo de dois anos para finalização das obras em
dos da Vila Esperança – AVE
data de 10/12/1998, mas até o presente momento não cumpriu o
que foi estabelecido.
Associação Cultural Beneficen- Protocolo 02-01 n° 15/01; objeto da concessão: Qd. 107, com
te Nossa Senhora de Sião 10.112,59 m2, do Jardim Imperial. Escritura pública em 03/06/96, 3°

__ 58 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabelionato de Maringá. Situação atual: notificação em 02/05/2001,


mas sem resposta até o momento.
Protocolo 03-01 n° 30181/99; objeto da concessão: equipamento
Associação dos Esportistas do urbano n° 1, da Qd. 273, com 7.850,00 m2, do Jardim Oásis. Escritu-
Jardim Alvorada de Maringá ra pública em 21/06/96, 3° Tabelionato de Maringá. Situação atual:
notificação em 25/04/2001, mas sem resposta até o momento.
Protocolo 02-01 nº 105/00. Objeto da concessão: Qd. 272, com
Associação dos Funcionários 468,00 m2, do Jd. Oásis; Escritura pública em 01/12/92, lavrada no
da Claspar – AFC 1º Tabelionato local; Situação atual: Está sendo revertida para o Mu-
nicípio. Documentação no 1º Tabelionato.
Protocolo 02-01 nº 17/01. Objeto da concessão: Área não edificável,
fundo de vale, com 3.949,43 m2, do Parque Residencial Aeroporto –
Associação dos Funcionários
3ª parte. Escritura pública em 14/04/97, lavrada no 2º Tabelionato
do Hospital Paraná
local; Situação atual: Notificação enviada em 27/08/2001, mas até o
presente momento o representante legal não compareceu.
Protocolo 02-01 nº 181/98. Objeto da concessão: Área não edificá-
vel, com 12.871,80 m2, destacada do Lt. 37-8/38, do Jd. Monte Car-
Associação dos Funcionários
lo; Escritura pública em 26/11/96, lavrada no 1º Tabelionato local;
da 9ª SDP de Maringá
Situação atual: Notificação enviada em 25/04/2001, mas até o pre-
sente momento o representante legal não compareceu.
Protocolo 02-01 nº 21/01. Objeto da concessão: Lt. 277-C/2/4 re-
manescente, com 2.500,00 m2, da Gleba Ribeirão Sarandy; Escritura
Associação Maringaense dos
pública em 24/09/26, lavrada no 2º Tabelionato local; Situação atual:
Autistas
Concedido o prazo de 2 anos para a entidade edificar sua sede, a
partir da data de 08/10/2001
Protocolo 02-01 nº 176/98. Objeto da concessão: Qd. 271, com
11.307,00 m2, do Jardim Oásis; Escritura pública em 27/07/93, la-
Associação Maringaense de
vrada no 1º Tabelionato local; Situação atual: Notificação enviada
Imprensa
em 02/05/2001, mas até o presente momento o representante legal
não compareceu
Protocolo 02-01 nº 148/00. Objeto da concessão: Lt. 92/C-67,
92/C-68 e 93/1-A-A à J/1, com 600,00 m2, da Gl. Ribeirão Moran-
Associação dos Moradores e gueiro; Situação atual: Em 20/08/2001, deferido o prazo de 2 anos
Amigos da Vila Morangueira para a entidade concluir suas obras. Foi solicitado à entidade a apre-
sentação de cronograma de obras dentro de 15 dias, mas até o pre-
sente momento o representante legal não compareceu.
Protocolo 02-01 nº 16/2001; Objeto da concessão: Lt. 269/270 e
271/272/272-A/1-A, com 11.800,00 m2, da Gl. Ribeirão Sarandi;
Associação dos Moradores do Escritura pública em 14/10/97, lavrada no Cartório Facci; Situação
Conjunto Habitacional Requião atual: Em 14/05/2001, foi deferido prazo de 30 dias para a entidade
apresentar um parecer a respeito das obras sobre o imóvel, mas até o
presente momento o representante legal não compareceu.
Protocolo 02-01 nº 144/98. Objeto da concessão: Qd. 199-A, com
3.052,75 m2, do Jd. Universo; Escritura pública em 22/06/95, lavrada
Casa Assistencial Maria Dolores no 1º Tabelionato local; Situação atual: Notificação enviada em
25/04/2001, mas até o presente momento o representante legal não
compareceu
Protocolo 02-01 nº 175/98. Objeto da concessão: Lt. 1/7-A-1, com
4.542,37 m2, da Gl. Pinguim; Escritura pública em 13/03/97, lavrada
Casa de Oração Arca da Nova
no Cartório Facci; Situação atual: Notificação enviada em
Aliança
30/04/2001, mas até o presente momento o representante legal não
compareceu.
Federação Diocesana da Con- Protocolo 02-01 nº 134/00. Objeto da concessão: Dt. 01, Qd. 424,
gregações Marianas de Maringá com 5.414,97 m2, do Loteamento Batel; Escritura pública em

__ 59 __
MARINGÁ VERDE?

30/04/98, lavrada no Tabelionato Grassano; Situação atual: Em


04/06/2001, o representante legal se prontificou a apresentar cro-
nograma de obras, mas até o presente momento não cumpriu o de-
terminado
Protocolo 02-01 nº 161/98. Objeto da concessão: Lt. 269/270 e
271/272/272-A/1-K, com 5.535,95 m2, da Gleba Ribeirão Sarandi;
Igreja de Nosso Senhor Jesus
Escritura pública em 16/05/97, lavrada no 2º Tabelionato local; Situ-
Cristo Reformada
ação atual: Em 15/05/2001, o representante legal apresentou crono-
grama de obras, a ser cumprido até o mês de fevereiro de 2002
Protocolo 02/01 nº 111/00. Objeto da concessão: Dt. 05, da Qd. 05,
com 300,00 m2, do Jd. Tropical; Escritura pública em 07/12/93,
Paróquia Evangélica Luterana
lavrada no Cartório Facci; Situação atual: Notificação enviada em
de Maringá
25/04/2001, mas até o presente momento o representante legal não
compareceu.
Protocolo 02-01 nº 25/01. Objeto da concessão: Dt. 01/02, da Qd.
75, com 15.950,47 m2, do Parque Residencial Cidade Nova; Escritura
Rede Feminina de Combate ao pública em 22/08/97, lavrada no 1º Tabelionato local; Situação atu-
Câncer al:Em 19/06/2001, o representante legal apresentou planta baixa e
solicitou prorrogação de prazo, mas até o presente momento não
apresentou cronograma de obras
Protocolo 02-01 nº 164/98. Objeto da concessão; Lt. 245-P, com
Sindicato das Empresas de 17.909,40 m2, da Gl. Patrimônio Maringá; Escritura pública em
Transportes de Cargas de Ma- 31/10/96, lavrada no Cartório Fratti; Notificação enviada em
ringá 30/04/2001, mas até o presente momento o representante legal não
compareceu.
Fonte: Procuradoria Geral do Município. Situação das concessões reais de uso outorgadas pelo município de Maringá
a terceiros, pendentes até agosto de 2002.32

Além do exposto, a Lei Orgânica de Maringá de 1990, deixa clara a necessidade de


aprovação pela Câmara Municipal, das concessões de direto real de uso, em seu artigo 12:

Art. 12 - Cabe à Câmara, com a sanção do Prefeito, dispor sobre


todas as matérias de competência do Município, em especial:
[...]
VII - autorizar a concessão de serviços públicos, a concessão de
direito real de uso e a concessão administrativa de uso de bens
municipais; [...]

No artigo 83, estabelece as condições que deverão ser atendidas para que a concessão
possa ser autorizada:

Art. 83 - O Município, preferentemente à venda ou doação de


seus bens imóveis, outorgará concessão de direito real de uso,
mediante prévia autorização legislativa e concorrência pública.
§ 1º - A concorrência pública poderá ser dispensada por lei,
quando o uso se destinar a concessionária de serviço público, a

32 VILLALOBOS, Jorge U. G. Maringá: fundos de vale, política, legislação e situação ambiental. In: MORO, Dalton
A. (Org.). Maringá espaço e tempo: ensaio de geografia urbana. Maringá: Programa de Pós Graduação em Geografia –
UEM, 2003.

__ 60 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

entidades assistenciais, ou quando houver relevante interesse pú-


blico, devidamente justificado.
§ 2º - É vedada a alienação, concessão ou permissão de uso das
faixas de terras de trinta (30) metros ao longo das águas correntes
e dormentes.
(§ 2º - Aditado pela Emenda nº 28).

A respeito dessas condições, deve-se atentar para o fato de que qualquer cidadão po-
deria facilmente criar uma “associação” legalmente registrada, e sob o falso manto do
assistencialismo, obter, junto aos colegas da Administração Pública, a concessão de uma
área sem concorrência pública, que acaba se tornando propriedade privada, em nada bene-
ficiando o interesse coletivo.
Além disto, existe uma falsa interpretação dos concessionários das áreas de fundos de
vale de que as áreas de 30 metros, a contar do córrego, fazem parte da concessão. Con-
forme o parágrafo 2.º, do artigo 83 da Lei Orgânica, é vedada a concessão dessas faixas. Se
por um lado essa vedação é positiva ao manter sob o domínio público essas áreas, por
outro lado, desobrigam os concessionários a efetuar o plantio, a recuperação ou a manu-
tenção dessas áreas, salvo previsão expressa no Termo de Cessão.
Ainda assim, não é o ato da doação ou cessão dos terrenos que retira do Governo
Municipal o dever de recuperar os fundos de vale, ainda que tal cláusula esteja prevista,
pois o poder de polícia da Administração Pública não é uma faculdade, mas uma obriga-
ção, conforme previsto no caput do artigo 225 da Constituição Federal. As doações apenas
agravaram a situação da Secretaria do Meio Ambiente, que terá que lutar não apenas para a
recuperação das áreas, mas também para evitar que se instalem construções nas mesmas
pelos concessionários.
Ao interesse coletivo referente aos fundos de vale de Maringá, e mesmo de sua Lei
Orgânica, publicada em 1990, que prevê a repressão do “uso do solo nas áreas considera-
das de preservação permanente, nos termos da lei federal” (art. 173, §1o, X), o que se per-
cebe nesse município é a banalização da gestão pública do meio ambiente, ao se conceder
o direito de particulares degradarem o meio ambiente que, a rigor, é um direito difuso per-
tencente a todos aqueles que moram em Maringá, e que de alguma forma desfrutam de sua
qualidade de vida.
Para se ter uma idéia dos problemas acarretados pelas concessões de terrenos em
fundos de vale pela Prefeitura de Maringá, basta enumerar algumas das associações que
obtiveram terrenos nessas áreas e construíram suas sedes, campos de futebol e piscinas
próximos às margens dos córregos, de acordo com o levantamento preliminar da Secreta-
ria Municipal do Meio Ambiente, organizado na tabela.

__ 61 __
MARINGÁ VERDE?

Tabela 17 – Relatório fiscal das propriedades localizadas em


fundos de vales de Maringá
Distância da
Nº Associação Córrego Obra
margem*
residência 2 metros
1 Funcionários das Casas Moreira Morangueiro salão de festas 10 metros
campo de futebol 1 metro
ginásio de esportes 15 metros
residência 23 metros
Fundação Assistencial dos Servido- quadra de tênis 10 metros
2 res do Ministério da Fazenda – Morangueiro
Assefaz vestiário 16,5 metros
quadra de areia 7 metros
campo de futebol 4,5 metros
Oficiais de Justiça do Interior do abrigo misto 14 metros
3 Morangueiro
Paraná campo de futebol 13 metros
4 Sargentos e Subtenentes Morangueiro campo de futebol 13 metros
lanchonete 3 metros
Cabos e soldados do 4o Batalhão de quadra de futebol 3 metros
5 Morangueiro
Maringá campo de futebol 8 metros
estacionamento 2 metros
Moradores do Jardim Bertioga e
6 Pingüim várzea aterrada 0 metros
Parque Residencial Aeroporto
7 Aliança Farmacêutica Pingüim campo de futebol 5 metros
Sindicato dos trabalhadores em salão de festa 40 metros**
8 estabelecimento e serviços de saúde Pingüim residência 32 metros**
de Maringá e região aterro 15 metros**
Sindicato dos condutores de veícu- vestiário 6 metros**
9 los rodoviários e trabalhadores em Pingüim campo de futebol 15 metros
empresas de transporte de Maringá fossa séptica 3 metros**
10 Igreja Evangélica do Povo Corregozinho fundação de templo 20 metros
Igreja Evangélica Avivamento
11 Osório campo de futebol 5 metros
Bíblico
Funcionários da empresa Cidade vestiários 12 metros
12 Moscado
Canção e Cidade Verde campo de futebol 2 metros
residência 18 metros
13 Josefa Teodoro da Conceição Morangueiro
residência 24 metros
residência 10 metros
14 Jaime Aguilar Junior Morangueiro
piscina 10 metros
15 Ailton Martins dos Santos Morangueiro residência 20 metros
16 Dirceu de Oliveira Morangueiro residência 20 metros
Mauro Antônio Verozeni Gonçal-
17 Moscado piscina 14 metros
ves
chiqueiro 15 metros
18 Prefeitura Municipal de Maringá*** Mandacaru residência 18 metros
residência 25 metros
*Aproximada. ** Distância de nascentes de água (50 metros de preservação legal).
***Ocupada ilegalmente pelo Sr. Jair Ferreira desde 21/02/1997.
Fonte: Maringá (2000).

__ 62 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A Lei Orgânica também prevê, em seu 2.º capítulo, referente à Política Urbana, no
artigo 123, que “em todo lote urbano, qualquer que seja a sua destinação, será reservada
uma área equivalente a dez por cento (10%) de sua superfície, insuscetível de impermeabi-
lização, para infiltração das águas pluviais.” Apesar de ser considerada uma previsão passí-
vel de ser regulada por lei complementar, esse artigo demonstra que no início da década de
90 o problema da impermeabilização já demonstrava toda a sua gravidade. Em seu capítu-
lo 6.º, sobre o meio ambiente, a Lei Orgânica segue o texto original da Constituição Fede-
ral, regulando algumas questões pertinentes a sua competência local.
Após a Constituição Federal de 1988, o primeiro Plano Diretor de Maringá foi elabo-
rado pela Metroplan – Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Metropolitano
da Região de Maringá – Marialva - Sarandi e Paiçandu, e aprovado pela Câmara Municipal
em 1991. Durante toda a década, foram necessárias várias correções, que ainda hoje exi-
gem novos estudos para sua perfeita adequação às necessidades ambientais do município.
Da análise desse Plano Diretor, constata-se que entre a sua elaboração e a sua im-
plementação pela legislação subseqüente, há uma imensa diferença. Pode-se afirmar que os
estudos e diagnósticos apresentados à Câmara de Vereadores não foram considerados na
elaboração da legislação, que resultou pobre e, em alguns casos, capaz de manter erros
grosseiros, como a manutenção da Lei nº 1.800/84, ou ainda de inúmeros artigos ultrapas-
sados do Código de Posturas de 1959.
As principais conclusões do estudo de 1991 foram as seguintes:

Além do problema da erosão, o processo de degradação do solo


vem sendo acelerado pela diminuição da cobertura florestal e das
matas ciliares, com redução da camada fértil e acúmulo de materi-
al no leito dos rios.
[...] Além disso, está ocorrendo uma densificação de áreas ambi-
entalmente desfavoráveis, é o que acontece na região do Jardim
Novo Horizonte, que está entre dois fundos de vale (Ribeirões
Cleópatra e Moscados) e a região norte da cidade, nas proximida-
des do ribeirão Morangueira, que não possui sistema eficiente de
escoamento de efluentes.
Há também ocupação de mananciais de abastecimento tanto por
conjuntos habitacionais ao norte da cidade (Conjunto Parigot de
Souza, Liberdade , Itatiaia e Carina) quanto por regiões dos mu-
nicípios de Sarandi e Marialva.
[...] Nessas condições, a ocupação urbana acarreta o comprome-
timento dos fundos de vale, [...] Além disso, o baixo índice de flo-
restamento ciliar e alto grau de impermeabilização comprometem
a qualidade dos córregos, alterando suas caixas com o processo
acelerado de erosão e assoreamento.
[...]
2.1.4 Fundos de Vale
Diretrizes

__ 63 __
MARINGÁ VERDE?

- Executar medidas para regularização, recuperação e preservação


dos fundos de vale do Município;
Controlar o uso e ocupação das áreas com alta declividade ou de
alto risco potencial para a urbanização.
Ações
- Fazer o levantamento da situação dos fundos de vale no Muni-
cípio e demarcar seus limites;
- Incluir no novo Plano de Arruamento Básico a demarcação atu-
alizada dos fundos de vale da cidade;
- Delimitar os fundos de vale em situação precária e proceder o
plantio de matas ciliares;
- Criar parques e áreas verdes públicas e privadas nas faixas e
fundo de vale ainda não comprometidas com a urbanização.33

Com relação aos fundos de vale, destaca-se o artigo 10, da Lei Complementar nº
03/91, que estabeleceu o zoneamento de uso e ocupação do solo urbano.

Art. 10 - As Zonas de Proteção Ambiental destinam-se a contri-


buir para a manutenção do equilíbrio ecológico e paisagístico da
ocupação urbana.
Parágrafo 1º - As Zonas de Proteção Ambiental são as seguintes:
I – Zona de Proteção Ambiental 1 – Constituída por faixas de
largura mínima de 30,00 m (trinta metros) de cada lado das nas-
centes e cursos d´água, para recomposição e manutenção das ma-
tas ciliares.
[...]

Observe-se que mesmo para as nascentes, que devem ter área de 50 metros de mata,
de acordo com o Código Florestal, a lei local estabeleceu a faixa de apenas 30 metros,
sendo, sob esse aspecto, inconstitucional.
Da mesma forma, a lei não obedece aos parâmetros estabelecidos pelo Código Flo-
restal no tocante à metragem de área de preservação permanente relativa à largura do cór-
rego. Embora Maringá não possua córregos com largura superior a 10 metros, durante o
verão é muito comum a formação de áreas alagadiças que efetivamente aumentam o ta-
manho do córrego, em parte por contribuição de olhos d´água e do afloramento natural
do lençol freático, chegando, em alguns locais, a larguras superiores a 50 metros. Portanto,
essa característica natural dos córregos do município deveriam estar protegidas pela legis-
lação.
As primeiras modificações sofridas por essa série de leis ocorreram na revisão de
1994, na qual pequenas mudanças foram inseridas em diversos trechos das leis respecti-
vas. Ainda assim, tanto a Lei nº 1.800/84 quanto o Código de Posturas restaram inaltera-
dos, e os erros grosseiros analisados no parágrafo anterior também foram mantidos.

33 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Plano Diretor de Maringá. Maringá, 1991. Síntese de diagnóstico e diretrizes;
exemplar não paginado do Arquivo da Câmara de Vereadores.

__ 64 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A Lei no 44/94 estabeleceu o parcelamento do solo urbano, revogando expressamen-


te várias leis, das quais destaca-se a Lei nº 1.735/84, mas manteve a definição das vias
paisagísticas e das áreas que devem ser preservadas, com os mesmos de 1991.
Já a Lei nº 46/94, que tratou do uso e da ocupação do solo, conseguiu manter a
mesma incongruência geral dessa série de leis, ao colocar a Zona Residencial 5 sobreposta
nas Zonas de Proteção Ambiental 1, ou seja, nos fundos de vale. Logo, nas áreas de fun-
dos de vale localizadas junto à Zona Residencial 5, a lei previu a sua destinação para “chá-
caras de lazer” (Art. 6o, V). A ocupação de áreas de preservação permanente e de seu entor-
no, ganhou novo fôlego.
Em um momento de rara inspiração, o legislador maringaense tentou minimizar al-
guns erros passados com a publicação da Lei Complementar nº 193/97. Apesar de algu-
mas incongruências e erros desnecessários, essa lei estabeleceu um cronograma e prazo
para a recuperação das áreas de fundos de vale do município, no tocante aos 30 e 50 me-
tros referentes às áreas de preservação permanente (margem dos córregos e nascentes,
respectivamente):

Art. 1o – Ficam definidas como de preservação ambiental, em to-


do o Município de Maringá, as áreas compreendidas num raio de
50 (cinquenta) metros em torno das nascentes e numa distância
de 30 (trinta) metros a partir dos leitos dos córregos, em cada
uma de suas margens, ao longo de seu percurso até as divisas do
Município.
Art. 2° - Fica estabelecida a obrigatoriedade de recuperação e/ou
preservação das matas ciliares nas áreas definidas no artigo 1°.
§1° As matas nativas existentes serão preservadas e as áreas des-
matadas serão objeto de recomposição vegetal de acordo com o
definido nesta Lei, ficando proibidas construções ou práticas a-
grícolas em tais áreas.
§2° A recomposição vegetal far-se-á preferentemente com varie-
dades nativas da região.
§3° Áreas já desmatadas poderão ser transformadas em áreas de
lazer coletivo, mediante projeto técnico aprovado pela Prefeitura
Municipal que leve em conta o impacto ambiental.

Os artigos 1° e 2° nada inovaram; repetiram uma obrigação existente no Código


Florestal brasileiro.
Na seqüência, a lei estabelece o plantio de variedades “preferentemente” nativas,
sendo que a lei federal exige que estas sejam nativas. Essa é a primeira inconstitucionalida-
de. No parágrafo 3º do artigo 2º, cria a exceção à regra ao permitir a criação de “áreas de
lazer coletivo, mediante projeto técnico aprovado pela Prefeitura Municipal que leve em
conta o impacto ambiental” (art. 2o, §3o), nas áreas já desmatadas. Ou seja, sabendo-se que
a quase totalidade dos 70 km de fundos de vale do município está desmatada, esse disposi-
tivo veio simplesmente permitir a transformação dos fundos de vale de Maringá, previstos
como áreas de preservação ambiental por essa própria lei, em áreas de lazer, sem qualquer
conotação preservacionista, uma vez que quando se fala em “levar em conta o impacto

__ 65 __
MARINGÁ VERDE?

ambiental”, já se está ignorando o fato de que as áreas já estão seriamente impactadas e,


que por força de lei federal, devem ser recuperadas e mantidas “intactas” de qualquer
interferência alheia às suas características naturais. Por outro lado, levando-se em conside-
ração que, àquela época, a política pública oficial para os fundos de vale era o da permis-
são da ocupação quase que indiscriminada, a necessidade de algum tipo de estudo prévio
de impacto ambiental pode ser considerado um avanço. Naturalmente, essa previsão ficou
restrita à lei, não havendo qualquer registro de estudo do impacto ambiental para as ocu-
pações de fundos de vale posteriores à mesma.
Aparentemente, o legislador tentou, com essa lei, resolver os problemas dos fundos
de vale com base na situação atual, de degradação e de ocupação dos locais. Assim, com a
criação de áreas de lazer, estar-se-ia unindo as duas necessidades coletivas, quais sejam: o
aproveitamento econômico e social das áreas, bem como a preservação ambiental das
mesmas. Essa estratégia é muito questionável e merecedora de maiores discussões, até
mesmo porque nunca foi efetivamente implementada.
A segunda inovação dessa lei foi a previsão de um prazo para o cumprimento do dis-
posto no caput do artigo 2o, ou seja, quanto à obrigatoriedade da recuperação e/ou preser-
vação das matas ciliares nas áreas definidas no artigo 1o. A lei previu prazos para a semea-
dura e formação das mudas necessárias para o plantio em consonância com os prazos para
a sua realização. Assim, até o ano de 2000, os 70 km de fundos de vale de Maringá estari-
am recuperados.

Art. 5o – No que tange ao perímetro urbano de Maringá, a execu-


ção da presente Lei se dará até o final do ano 2.000, divido em e-
tapas, como segue:
I – ano de 1997: semeadura e formação de 35% (trinta e cinco
por cento) das mudas necessárias e plantio de 35% (trinta e cinco
por cento) da área prevista;
II – ano de 1998: formação de mais 35% (trinta e cinco por cen-
to) das mudas necessárias e plantio de mais 35% (trinta e cinco
por cento) da área prevista;
III – ano de 1999: formação dos restantes 30% (trinta por cento)
das mudas necessárias e plantio de mais 35% (trinta e cinco por
cento) da área prevista;
IV – ano 2.000: plantio dos restantes 30% (trinta por cento) da
área.
Parágrafo único – A Prefeitura Municipal definirá, por ato pró-
prio, as áreas correspondentes a cada uma das etapas da execu-
ção.

Apesar de arrojado, o projeto não teve êxito por falta de verbas, equipamentos e pes-
soal para a sua execução. Em um momento raro, até mesmo a Universidade Estadual de
Maringá esteve participando com acadêmicos e professores do curso de Agronomia, mas
os problemas citados inviabilizaram a conclusão do projeto. Pode-se acrescentar às causas
do insucesso dessa lei a constante falta de coordenação entre o Legislativo e o Executivo.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Prova disto é que a Câmara de Vereadores apenas cria novas leis, como se dessa forma
todos os problemas regulados fossem resolvidos.
O ponto-chave para o fracasso do cronograma de plantio foi trazido pelo artigo 3°,
que estabeleceu:

Art. 3o – Caberá à Prefeitura Municipal, através de seus órgãos


competentes, montar os projetos técnicos necessários ao cum-
primento desta Lei, bem como formar, fornecer e colocar in loco
as mudas para recomposição da vegetação ciliar, podendo, para
tanto, firmar convênios com outros órgãos do Poder Público.

Com esse artigo, a responsabilidade dos proprietários das áreas ribeirinhas foi quase
que integralmente transferida para o Poder Público. Além de não ser sua atribuição ou
responsabilidade, a Prefeitura de Maringá não tem e jamais teria estrutura suficiente para
levar a cabo um desafio como o de elaborar projetos para mais de 70 km de fundos de
vale. Se a Prefeitura mal pode dar conta das áreas sob sua propriedade, muito menos
poderá lidar com todos os fundos de vale.
Para atender ao disposto na Lei nº 193/97, a Secretaria da Agricultura e de Abaste-
cimento do município implantou um projeto de recuperação das matas ciliares. Nesse
projeto, o Município de Maringá foi dividido em quatro módulos, seguindo o critério
divisor de água, para que o trabalho e os resultados surgissem de maneira ordenada, facili-
tando, em todos os sentidos, uma melhor coordenação e um completo replantio das matas
ciliares, desde a nascente até a saída do ribeirão do território do município de Maringá.
Cada módulo representa uma das quatro fases do projeto, que teve início em 1997
(fase I), com término previsto para 2000 (fase IV). As etapas de implantação foram esco-
lhidas de acordo com as necessidades urgentes nas respectivas áreas de restabelecimento
das matas ciliares, em função da sua degradação maior, como também da utilização do
solo, da água e dos produtos por ela produzidos.
As mudas necessárias para o projeto seriam produzidas pelos detentos da Penitenciá-
ria Estadual de Maringá, já que o próprio viveiro municipal não tem capacidade técnica e
operacional para o fornecimento das mudas. Foi oferecida ocupação para 14 detentos,
com uma produção regular de 102.500 mudas por ano, que deveria alcançar o número de
200.000 com a implementação do projeto “Matas Ciliares”.
O primeiro córrego escolhido foi o Ribeirão Bandeirantes, tanto pela proximidade,
como também pelo fato de a Prefeitura possuir, junto a ele, áreas de sua propriedade, que
serviriam como exemplo para ser seguindo pelos demais.
O projeto previu ainda um trabalho de conscientização da população, especialmente
dos proprietários das áreas dos fundos de vales. Apesar da menção, nunca houve um deta-
lhamento ou explicação de como esse trabalho seria realizado.
Segundo dados do projeto, Maringá conta, precisamente, com 78.650 metros, fora o Rio
Pirapó, de divisas de água com vários municípios, de tal sorte que se faz necessária uma

__ 67 __
MARINGÁ VERDE?

política de atuação mútua no programa de reflorestamento das matas ciliares nos ribeirões
que fazem divisas com os municípios vizinhos.
Estudos e visitas realizados na fase de implementação do projeto de recuperação das
matas ciliares constataram que restava ainda um percentual de 33% de área ciliar ainda
preservada, existindo propriedades que possuíam a totalidade da área exigida pela lei. En-
tretanto, a maior parte das propriedades não possuíam e não possuem mais do que capim
em formação natural.
Na versão oficial da explicação sobre a falha do projeto de recuperação de matas cili-
ares, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, à época, alegou inúmeras dificuldades,
tais como: pouca disponibilidade de veículos, pouca aceitação do produtor rural para plan-
tar as mudas e promover a recomposição, enfim, dificuldades com a própria metodologia,
devido à falta de infra-estrutura etc. Neste sentido, a Secretaria da Agricultura solicitou à
Promotoria do Meio Ambiente auxílio na coerção dos proprietários para participarem do
programa, isto em 21 de maio de 1998. Isto nunca ocorreu.
Em 8 de julho de 1998, a Secretaria da Agricultura continuou alegando dificuldades
de obter a aceitação dos produtores, muitos deles argumentando que “o vizinho não faz”;
que plantaram uma vez, mas “alguém passou e colocou fogo”; que acabarão “perdendo a
área de plantio” (apesar da lei) etc. Nessa época, a Secretaria esperava resposta do Minis-
tério do Meio Ambiente para a liberação de recursos para a continuidade do projeto.
Em nova comunicação oficial, em 5 de abril de 1999, a Secretaria da Agricultura e
Abastecimento de Maringá ressaltou que, até aquela data, não havia recebido uma resposta
favorável do Ministério do Meio Ambiente para o projeto, e continuava-se a implementa-
ção parcial do mesmo por um convênio com o IAP.
Em 11 de janeiro de 2000, a Secretaria da Agricultura do Município informou que o
projeto Matas Ciliares não se encontrava mais em atividade, devido ao não-repasse das
verbas pelo governo estadual e federal. Referiu-se a um convênio com o IAP, denominado
Florestas Municipais, que produziu, orientou o plantio e distribuiu a produtores rurais e
proprietários de lotes, em fundo de vales, 104.805 mudas de espécies nativas gratuitamen-
te. Desta forma, a Secretaria assinala, em seu ofício no 007/2000, que “acredita estar con-
tribuindo com a reconstituição das matas ciliares no município de Maringá [...]”. O repasse
desse número de mudas nunca foi comprovado pela Prefeitura de Maringá e acredita-se
que não existam documentos que possam fazê-lo.
Alguns pontos merecem análise mais acurada com relação ao projeto implementado
pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento de Maringá para a recuperação das matas
ciliares do município. Em primeiro lugar, o Poder Público, por gerir dinheiro público,
deve realizar um planejamento adequado e técnico para as atividades que dependam de
recursos financeiros. Ora, no momento da elaboração do projeto Matas Ciliares, foram
previstos alguns gastos para a sua execução. Se esse dinheiro não foi devidamente dotado
no orçamento do município, nem obtido por outros meios legais, significa que houve uma
séria falha de execução do projeto. Se essa quantidade de recursos não era suficiente para a

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

completa execução do projeto, a ponto de o Governo Municipal ter pedido ajuda ao Mi-
nistério do Meio Ambiente, isto significa que houve falha de planejamento e o fato é ina-
ceitável.
Para agravar ainda mais o problema, o programa falhou completamente no processo
de conscientização dos proprietários, pois estes não aceitaram a sua implementação. Deve-
se criar um programa específico para esse tópico, com material especializado, tais como
cartilhas e acompanhamento direto de profissionais e técnicos que expliquem a importân-
cia dessas matas ciliares para todo o município.
Caso a falta de cooperação dos proprietários comece a aproximar-se mais da teimosia
e falta de civilidade, deve-se partir para os demais meios que o Poder Público dispõe para
alcançar seus fins. Assim, diante da faculdade estabelecida pelo poder de polícia, a Prefei-
tura Municipal tem o direito e dever de multar os proprietários e criar sanções gradativas
para o descumprimento dos atos previstos para a recuperação das matas ciliares. Os pró-
prios recursos advindos dessas sanções serviriam para a contribuição financeira do projeto.
Concomitantemente, o Ministério Público, por intermédio do Promotor de Meio
Ambiente, também deve atuar junto aos proprietários, seja pelas audiências públicas, seja
pelos Termos de Ajustamento de Conduta. O que não pode ocorrer é a falta de ação dos
órgãos competentes. Foi para isto que a Lei de Crimes Ambientes previu como crime a
conduta omissiva da autoridade pública (art. 68, da Lei nº 9.605/98).
É inadmissível que a Secretaria da Agricultura tenha alegado que o projeto teve que
ser interrompido por falta de recursos. Esse fato apenas enfraquece o Poder Público dian-
te dos proprietários renitentes, além de demonstrar a falta de vontade política para a recu-
peração efetiva das matas ciliares do município. Além do mais, asseverar que a simples
doação de mudas já é suficiente para a “contribuição da recuperação das matas ciliares”
em Maringá soa mais como um abuso e subestimação da inteligência dos contribuintes e
ambientalistas de Maringá.
Nesse caso, a Promotoria do Meio Ambiente acompanhou o processo mediante um
inquérito civil criado para essa finalidade mas nenhuma providência foi tomada àquela
época.
O Promotor de Meio Ambiente, que assumiu o cargo no final do ano 2000, passou a
convocar os proprietários das áreas situadas junto aos córregos do município, de forma
coordenada com a Secretaria do Meio Ambiente, para assinarem um Termo de Ajusta-
mento de Conduta, em que se comprometem a efetuar o isolamento da área em 30 dias, e
o replantio em 90 dias, de acordo com projeto técnico a ser aprovado pela Semma. Desta
vez, mesmo sem a Prefeitura de Maringá ter disponibilizado mudas ou o projeto, apenas
com a indicação das diretrizes gerais ocorreu maior mobilização dos proprietários, pois
além da notificação administrativa da Semma, da orientação para a elaboração do projeto
de recuperação e da ameaça de multa, também estão sendo acionados pela Promotoria de
Justiça, visando ao cumprimento das exigências legais.
Nem tudo foi perdido na experiência da Lei nº 193/97. Em seu artigo 8o, essa lei im-
plementou alguns incentivos fiscais para a consecução do projeto de recuperação dos

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MARINGÁ VERDE?

fundos de vale que merecem ser revistos e inseridos no programa municipal. Nesse artigo,
“os proprietários das áreas urbanas compreendidas nesta Lei, gozarão de desconto de 50%
no pagamento do IPTU incidente sobre os respectivos imóveis, nos quais se situam tais
áreas, no exercício fiscal seguinte ao da execução do plantio”. Foi criado um mecanismo
de incentivo à execução do projeto. E para os anos subseqüentes ao da recuperação efeti-
va da mata, a lei previu, no parágrafo único desse artigo (parágrafo inserido pela Lei nº
275/99), o desconto proporcional do IPTU referente à área de preservação recuperada,
conforme vistoria realizada pela Prefeitura de Maringá.
No artigo 9o, o que se vê é o incentivo fiscal às avessas, à medida que o tributo é uti-
lizado como meio de penalização àqueles que não cumprirem a obrigação prevista pela lei:

Art. 9o – Os proprietários que deixarem de executar o plantio de


acordo com o plano a ser fixado pela Prefeitura, nos termos do
art. 5, sofrerão multa de 50% (cinquenta por cento) sobre o IPTU
estabelecido para os referidos imóveis, onde se situam as áreas
previstas, até a fiel e plena execução do plantio.

Ressalta-se que não é o tributo que sofre a majoração de seu valor em virtude da não-
observação da lei. A negligência do proprietário não é considerada como fato gerador da
cobrança de determinado valor de IPTU, pois isto estaria ferindo os princípios tributários
vigentes no ordenamento legal, tais como da “anterioridade e da irretroatividade”. Tomou-
se o IPTU como base de referência para a quantificação do valor da multa. Assim, a lei
apenas criou nova modalidade de multa que deveria ter sido aplicada pela Prefeitura, por
sua Secretaria do Meio Ambiente e/ou da Fazenda.
Uma nova revisão da legislação ambiental e das diretrizes do Plano Diretor de Ma-
ringá foi realizada em 1999, pela própria Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habita-
ção – SEDUH. Entretanto, novamente esse plano não foi observado pela Câmara Muni-
cipal, que nem mesmo teve acesso ao documento. Foram enviadas apenas as Leis Com-
plementares 331, 332, 333, 334, 335 e 336. De uma forma geral, essas leis mantêm os
mesmos defeitos e problemas da legislação anterior.
A Lei Complementar n° 331/99, sobre o uso e ocupação do solo, manteve, em seu
artigo 27, a mesma discrepância de 1994, ao prever regras diferentes para os fundos de
vale existentes na Zona Residencial Cinco – ZR5:

Art. 27 - Nos lotes da Zona Residencial Cinco - ZR5 - deverão


ser obedecidas as seguintes condições:
I - não serão permitidas edificações na faixa correspondente a
uma largura mínima de 30,00m (trinta metros) de cada lado das
nascentes e cursos d’água, sendo obrigatória a recomposição e
manutenção da mata ciliar;
II - da área restante do lote, 30% (trinta por cento), situados junto
à faixa referida no inciso anterior, poderão ser utilizados para área
de lazer, sem cobertura e com 50% (cinqüenta por cento), no mí-
nimo, de permeabilidade, podendo os 70% (setenta por cento)

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

restantes receber edificação, desde que com uma taxa de ocupa-


ção máxima de 50% (cinqüenta por cento) e obedecidas as exi-
gências contidas no Anexo II desta Lei.

Nesse caso, são pertinentes as críticas realizadas anteriormente, com a agravante de


que essa disposição se choca com a função dada aos fundos de vale pelo artigo 2° da Lei
Complementar n° 334/99, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano:

Art. 4° - Para efeito de aplicação da presente Lei, são adotada as


seguintes definições:
[...]
área de fundo de vale: área do loteamento destinada à proteção
das nascentes e dos cursos d´água;

Observa-se que a lei não faz distinção da área de fundo de vale, que possui em média
60 metros, e a área de preservação permanente, que em geral, se constitui de 30 metros
contados a partir do leito maior do córrego. Existe uma contradição entre a função legal
do fundo de vale e a possibilidade de essa área ser ocupada por construções que não pos-
suam qualquer relação com os atributos que justifiquem a sua preservação.
Finalmente, a Lei nº 334/94 dispõe sobre a infra-estrutura mínima necessária para
que os loteamentos possam ser aprovados em Maringá:

Art. 16 - Nos loteamentos e condomínios horizontais para fins


urbanos serão obrigatórios os seguintes serviços e obras de infra-
estrutura:
I - demarcação das quadras, lotes, vias de circulação e demais á-
reas, através de marcos que deverão ser mantidos pelo parcelador
em perfeitas condições até 1 (um) ano após a aprovação do lote-
amento;
II - rede de drenagem de águas pluviais, de acordo com as nor-
mas do órgão municipal competente;
III - rede de abastecimento de água potável, de acordo com as
normas da respectiva concessionária;
IV - rede de coleta de águas servidas, de acordo com as normas
da respectiva concessionária, ou certidão desta, dispensando ex-
pressamente a execução da mesma, quando do impedimento téc-
nico;
V - rede compacta de distribuição de energia elétrica e de ilumi-
nação pública, de acordo com as normas da respectiva concessio-
nária;
VI - pavimentação asfáltica das pistas de rolamento das vias de
circulação e de acesso, incluindo a construção de guias e sarjetas,
de acordo com as normas do órgão municipal competente e o es-
tabelecido na Lei do Sistema Viário Básico do Município;
VII - pavimentação de passeios, segundo o modelo contido na
Lei do Sistema Viário Básico do Município;

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MARINGÁ VERDE?

VIII - arborização dos passeios e canteiros, com a densidade mí-


nima de uma árvore por lote, de acordo com especificação da
Prefeitura Municipal;
IX - recobrimento vegetal de cortes e taludes do terreno e prote-
ção de encostas, quando necessário, e implantação e/ou reconsti-
tuição da mata ciliar.
Parágrafo único. Quando não for possível interligar as galerias de
águas pluviais do loteamento à rede existente, será obrigatória a
execução de emissário até o curso d’água mais próximo, com dis-
sipador de energia na sua extremidade, conforme projeto aprova-
do pelo órgão competente da Prefeitura Municipal.

Nesse artigo, enfatiza-se o último inciso, quanto à obrigação do loteador de implantar


ou reconstituir a mata ciliar. Isto porque somente após essa lei, essa obrigação passou a
fazer parte da responsabilidade do loteador, que sempre se beneficiou do silêncio do mu-
nicípio, em constante inobservância do velho Código Florestal. Destacam-se, ainda, o
inciso II e o parágrafo único, quanto à rede de drenagem das águas pluviais, às galerias
pluviais e aos respectivos dissipadores de energia, visando evitar o sério problema da ero-
são.
A mais recente alteração legislativa sobre os fundos de vale de Maringá ocorreu por
meio da Lei Complementar nº 528, de 28 de abril de 2004. Após o impacto das notifica-
ções (verdadeiras advertências) realizadas pela Semma e pelo Ministério Público, vários
proprietários, notadamente os de maior poder aquisitivo e concessionários de chácaras
públicas, pressionaram a Câmara Municipal para que não fossem obrigados a custear a
elaboração do projeto de recuperação da área de preservação permanente, nem a compra
de mudas para o plantio.
Essa lei, portanto, veio atender a esse reclame (questionável quanto ao número de
demandantes, não de beneficiários), ao determinar, em seu artigo 1º, ser de atribuição da
municipalidade, “através de seus órgãos competentes, montar os ‘projetos técnicos’ que se
fizerem necessários, conforme relacionado no artigo subseqüente, bem como formar,
fornecer e colocar in loco as mudas para recomposição da vegetação ciliar, podendo, para
tanto, firmar convênios com outros órgãos do Poder Público”, nos processos de recupe-
ração de áreas de preservação permanente situadas nos perímetros urbanos de Maringá.
Cumpre destacar alguns aspectos dessa inovação legal em Maringá. Em primeiro lu-
gar, o benefício dessa lei se aplica apenas aos lotes urbanos em Maringá, não estando con-
templados os lotes rurais. Em segundo lugar, a Câmara Municipal, mais uma vez, passou
por cima das políticas e estratégias públicas de recuperação dos fundos de vale em Marin-
gá, tendo como referência simplesmente a indisposição dos proprietários em cumprir com
suas obrigações. Infelizmente, a defesa de interesses individualistas ainda ecoa com fre-
qüência na Câmara Municipal de Maringá.34

34 Ver quadro na página 229.

__ 72 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Antes de atribuir mais uma obrigação ao Poder Executivo, particularmente com o


aumento dos gastos públicos, a questão que deve ser respondida é: há recursos financeiros
para essa atividade? A resposta negativa já é conhecida, assim como a desestrutura do
viveiro municipal para produzir as mudas. Além disto, a história recente do município
demonstra que essa prática paternalista não gera resultados. A simples falta de mudas não
é o problema real para a falta de conservação das áreas de fundo de vale em Maringá.
Conforme analisado no projeto criado pela Lei nº 193/97, a disponibilização de mudas
não é suficiente para gerar uma mudança de comportamento arraigado na cultura dos
proprietários maringaenses.
Além de irresponsável sob o ponto de vista fiscal, a Lei nº 528/2004 também erra na
estratégia de recuperação dos fundos de vale. Ela resolve um problema imediato, qual seja,
a da elaboração dos projetos e da existência de mudas. O problema é, vencidas essas eta-
pas, o que garantirá que os proprietários continuarão a cuidar das áreas?
É notório o fato de que as pessoas somente dão valor aquilo que lhes custou algum
sacrifício, pois este é lembrado sempre que se vê diante do cumprimento de sua obrigação.
Portanto, apesar da faculdade prevista no Código Florestal em seu artigo 1835, a postura
paternalista proposta pela Câmara Municipal não se apresenta como alternativa adequada
para a solução de um problema tão complexo, e mais, apenas demonstra claramente a
ausência de uma política ambiental para a proteção ambiental, em sentido amplo, especifi-
camente para os fundos de vale.
A conclusão a que se chega é que, mesmo diante da previsão da Lei nº 528/2004, o
Poder Executivo, assim como o Ministério Público e as associações civis de proteção do
meio ambiente, possuem legitimidade para exigir que o proprietário recupere a área de
preservação permanente sob sua responsabilidade de forma exclusiva e direta, sem que
seja cabível uma ação de regresso contra o município. A obrigação de manter a área de
preservação permanente é da própria propriedade (propter rem) e não de seu proprietário.
Considerando-se o fato de que a Prefeitura de Maringá não consegue zelar pela inte-
gridade ambiental das áreas de preservação permanente que estão sob sua responsabilida-
de (áreas públicas), também não terá condições de atender a todas as propriedades urbanas
em que se localizem áreas de preservação permanente. A criação de um programa de auxí-
lio ao reflorestamento das áreas de preservação permanente é uma idéia notável. Porém,
na situação financeira pela qual passa o Município de Maringá e os demais órgãos públi-
cos, no máximo poderia ser tolerado um projeto que contemplasse os proprietários ou
posseiros reconhecidamente pobres, mediante critérios objetivos e um cadastramento
acompanhado pela Fundação de Assistência Social de Maringá.
A Administração de Maringá, da gestão de 2001 a 2004, conseguiu dar um salto qua-
litativo das intervenções nos fundos de vale admirável. Através de um convênio firmado
com a UEM, alguns professores passaram a prestar assessoria técnica para os órgãos da

35 Art. 18: Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de preser-
vação permanente, o Poder Público Federal poderá fazê-lo sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário. Lei
nº 4.771/65.

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MARINGÁ VERDE?

Prefeitura, com a formação da Comissão de Assessoramento para a Recuperação dos


Fundos de Vale (CARFV).36 Como resultados, o Município de Maringá teve, pela primeira
vez, mapeados os seus córregos, com indicação objetiva de suas condições, das áreas de
maior risco ou conflito, das áreas construídas, e dos respectivos proprietários. Esse traba-
lhou culminou na indicação e efetivação de várias mudanças nos procedimentos adminis-
trativos para aprovação de novos loteamentos (com a exigência do laudo geo-ambiental), e
para construções em áreas de fundos de vale. Uma nova política de gestão dessas áreas
passou a ser discutida com a sociedade, e lentamente tem sido implementada pela Admi-
nistração. Como exemplo, podem-se citar os plantios e isolamentos efetuados nas áreas
da Prefeitura de Maringá, a atuação conjunta com outros órgãos, particularmente o Minis-
tério Público, a elaboração de uma proposta de lei inovadora quanto a proibição de ocu-
pação dos fundos de vale, com a criação de áreas de preservação permanente com 60
metros para os córregos do município, e a edição de um livro contendo algumas leis ambi-
entais federais, e outro com a legislação municipal que deverão funcionar como instru-
mentos da cidadania.
Nos documentos oficiais, a preocupação quanto aos fundos de vale voltou à tona na
proposta de Plano Diretor apresentada à Prefeitura Municipal de Maringá, em dezembro
de 2002, conforme texto transcrito a seguir:

A urbanização dos 70,0 km de fundos de vales contidos na malha


urbana, que na legislação atual são protegidos através dos disposi-
tivos previstos nas zonas ZR5, é motivo de preocupação por par-
te da Municipalidade, tendo-se formado o consenso de que esta-
rão melhor preservados se em mãos do Poder Público, mesmo
sabendo-se que atualmente este não dispõe de recursos para tan-
to. Mesmo assim, é preferível que estas áreas façam parte do pa-
trimônio público, motivo pelo qual nos novos loteamentos esses
espaços, que atualmente não têm sido mais aceitos pela Adminis-
tração Municipal para compor as áreas destinadas a equipamentos
comunitários, deverão doravante ser transferidas para o Municí-
pio, mantida a condição de que correspondam a apenas 25% das
áreas não pertencentes a fundos de vales. De qualquer modo, o
estado de conservação das matas ciliares em torno das cabeceiras
e ao longo dos vales dos cursos d’água é bastante precário, sendo
necessária uma política firme por parte da Administração Munici-
pal visando a preservação das matas existentes e a sua recomposi-
ção, onde já tiverem desaparecido.37

36 Infelizmente, por motivos de ordem política esta iniciativa não teve continuidade com a nova gestão municipal
iniciada em 2005. Além do esvaziamento da CARFV, ainda se aguarda apresentação de um modelo de gestão dos
fundos de vale. Como medida alternativa, alguns membros da CARFV passaram a assessorar tecnicamente as a-
ções de Ministério Público em Maringá.
37 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Proposta do plano diretor de Maringá. Maringá, 2003. Fruto do contrato de presta-
ção de serviços n° 85/02, firmado em 3 de maio de 2002 entre a Prefeitura do Município de Maringá e a empresa
Drawfast Arquitetura e Consultoria Ltda., de acordo com o edital da licitação n° 665/2002 - Carta Convite n°
081/2002 – SEDUH.

__ 74 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Pode-se afirmar que a atual situação dos fundos de vale de Maringá, decorrente de
um processo histórico de agressões e falta de políticas públicas adequadas, não será resol-
vida enquanto os interessados e envolvidos não passarem a atuar em conjunto. Isto só será
possível com uma política ambiental municipal efetiva que divida as tarefas e analise cada
caso de ocupação e recuperação em particular. Para os infratores, as penalidades da lei;
para os desapropriados injustamente, as indenizações legais.
Dentre os problemas, uma das conseqüências da ocupação das áreas de fundos de
vale, e mesmo dos loteamentos implementados na cidade, além dos problemas de sanea-
mento básico, diz respeito à erosão causada pela ausência de mata ciliar. As encostas dos
córregos cedem com a força das águas das chuvas, levando não apenas terra, como tam-
bém o pouco de vegetação que ainda restou e todo o lixo e entulhos depositados as suas
margens. Como decorrência, o processo de assoreamento dos córregos é aumentado.
Normalmente, esses córregos são sensíveis às mudanças de qualquer de seus elementos,
pois suas águas correm sem muita força, e suas profundidades são naturalmente pequenas,
o que é drasticamente alterado em virtude dos processos já mencionados de erosão e asso-
reamento.
Esse problema foi apontado pela proposta do Plano Diretor de Maringá de 2003:

Ainda quanto à preservação ambiental, outro aspecto de grande impor-


tância e que também constitui um dos elementos característicos da paisa-
gem de Maringá são os fundos de vales que cortam a sua malha urbana.
Esses locais constituem o ponto mais frágil do território, porque é onde
se dá a construção do relevo a partir da ação das águas superficiais e sub-
terrâneas que constitui a chamada erosão “natural” do terreno. Quando é
alterado o regime de escoamento das águas pluviais, por impermeabiliza-
ção do solo derivada de desmatamento e/ou urbanização, tal processo
acelera-se, desencadeando fenômenos erosivos de grandes proporções
dificilmente controláveis. Por isso, as nascentes e os vales dos cursos
d’água constituem os elementos da paisagem onde a gestão do território
deve ser mais rigorosa, uma vez que prevenir processos erosivos é muito
mais barato do que remediar. Para tanto, deve-se estabelecer uma política
clara em que a adoção de um plano de drenagem pluvial para toda a ma-
lha urbana seja acompanhada do estabelecimento de medidas para a pre-
servação das matas ciliares existentes e sua recuperação onde houverem
desaparecido, as quais devem ser secundadas pela montagem, ao nível da
Administração Municipal, de uma estrutura específica para monitorar a
sua implementação.38

38 MARINGÁ, 2003, p. 32.

__ 75 __
MARINGÁ VERDE?

Foto 11 – Erosão provocada no Córrego Bety em Maringá.


Fonte: Autor (2000).

Como regra geral, as chuvas em Maringá costumam cair em um grande volume úni-
co, por um pequeno período de tempo. Desta forma, a quantidade de água que corre pelos
córregos, em especial com o fenômeno urbano da impermeabilização, acaba sendo imen-
samente desproporcional ao volume normalmente corrente pelos leitos dos córregos.

1.3 Erosão

O levantamento geológico, em campo e estudos de fotointerpretação geológica da


região do município de Maringá, indica que este pertence à área de abrangência dos basal-
tos da formação Serra Geral, pertencente ao grupo São Bento, originados por derrames de
lavas básicas a sub-básicas ocorridos nos períodos Jurássico-Cretáceo da era Mesozóica.39
Para poder conhecer o processo erosivo e suas conseqüências com a devida técnica e
profundidade, faz-se necessário um levantamento prévio detalhado da composição e ca-
racterísticas do solo em análise.
A unidade de Maringá consiste em lavas basálticas toleíticas, de coloração cinza e ne-
gra, amigdaloidal no topo dos derrames e com grande desenvolvimento de juntas verticais
e horizontais. Essa formação é resultado de um intenso vulcanismo de fissuras, iniciado
no período cretáceo. Suas maiores espessuras ocorrem no centro da bacia sedimentar do
Paraná (entre Apucarana/PR e Presidente Epitácio/SP), ultrapassando 1000 metros.40

39 MARINGÁ, 2000.
40 INSTITUTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA AMBIENTAL. Estudo para avaliação dos níveis de poluição das águas de
superfície e de subsolo provocada por agentes contaminantes. Maringá, 1998. p. 6. Relatório.

__ 76 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Em linhas gerais, o padrão de fraturamento, devido à contração da lava durante o


resfriamento, segue o modelo clássico, isto é, disjunção colunar no meio do derrame asso-
ciado à disjunção horizontal, próximo à base e o topo. Além dessas zonas de fraturamento
vertical e horizontal, evidenciam-se também as zonas vesiculares, que se caracterizam pela
presença de vazios em forma esférica ou semi-esférica. O padrão de fraturamento domi-
nante na realidade é o vertical, muitas com larguras que variam de 2 a 5 cm, podendo, em
muitos casos, ultrapassar essa dimensão.41
A erosão é um processo que ocorre naturalmente, porém de forma lenta. Consiste,
nas palavras de José Afonso da Silva, no “desprendimento e arraste dos elementos consti-
tuintes do solo para as planícies, vales, para o leito dos rios e até para o mar, em conse-
qüência da ação de agentes.”42 Todavia, as atividades humanas aumentaram a velocidade
desse processo em várias vezes, dependendo do tipo de solo e da atividade empreendida,
tendo destruído bilhões de hectares na Terra.
A erosão causa o empobrecimento e o desgaste do solo, resultando em prejuízo, frustrações
de safra, destruição do solo, desertificações, êxodo rural, marginalização dos pequenos produtores
etc. Ela é caracterizada por três fases: 1) destruição ou degradação do solo: é a remoção das ca-
madas do solo através da destruição pelas voçorocas; 2) o transporte: ocorre com a descida das
águas que carregam as partes do solo; 3) a deposição: que normalmente ocorre das margens e
fundos de rios e de açudes até o seu aterramento parcial ou total.

Foto 12 – Erosão no Parque do Ingá.


Fonte: Autor (2000).

41 Ibid.
42 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1995.

__ 77 __
MARINGÁ VERDE?

Os principais impactos ambientais causados pela erosão são: perdas de solo, perda de
fertilidade natural, perda da umidade do solo, erosão laminar e formação de voçorocas.
Segundo Bragagnolo e Parchen (1995), no Paraná, a perda de fertilidade dos solos provo-
cada pela erosão faz com que os agricultores aumentem o consumo de fertilizantes na
ordem de 4,4% ao ano, para manterem os mesmos níveis de produtividade alcançados 20
anos atrás.43
Pesquisas recentes demonstram que entre 15 a 20 toneladas de solo, por hectare são
perdidas por ano em áreas intensivamente mecanizadas. Já os dados fornecidos por uma
pesquisa publicada em 1984, com base em levantamentos realizados pela Superintendência
de Recursos Hídricos do Meio Ambiente (Surehma), hoje integrada ao IAP, revelam que
se alcançou a marca de 12,8 milhões de toneladas de sedimentos transportados anualmen-
te pelo Rio Paraná.
Estudos do CNPFlorestas/Embrapa, indicam que:

a valoração monetária da erosão do solo, é quantificada em equi-


valente de perda de macronutrientes e respectivos valores comer-
ciais. Considerando-se uma estimativa de perda de solo de 20
t/há/ano, que representa US$ 40,5 por ha/ano o que equivale a
1/3 da receita bruta proporcionado pelo plantio de um hectare de
soja. Isto a nível de Estado equivale a US$ 242 milhões/ano (Sor-
renson & Montoya, 1989). A somatória deste valor e de perdas de
produção de soja, pela erosão profunda e operações de plantio
(freqüentes em função de condições climáticas), representa per-
das econômicas equivalentes a US$ 290 milhões/ano.44

O Governo do Estado do Paraná começou a agir por meio de programas oficiais que
visam ao combate da erosão no Estado. O mais importante programa de manejo e con-
servação dos solos do Paraná, o “Paraná Rural”, adota três linhas básicas de ação, com o
objetivo de controlar a erosão hídrica, invertendo o quadro de degradação do solo e da
água, e melhorando os padrões de produção agropecuária:
a) aumento da cobertura vegetal do solo, visando reduzir a energia do impacto da
chuva contra a superfície;
b) aumento da infiltração de água no perfil do solo, visando reduzir o escorrimento
superficial; e
c) controle do escorrimento superficial, evitando os danos da erosão por transporte,
regulando o regime hídrico na bacia e evitando a sedimentação dos mananciais.
É importante ressaltar que qualquer intervenção para conter o fenômeno erosivo de-
ve considerar as peculiaridades regionais e as características individuais das propriedades e
dos agricultores, incluindo o manejo do uso das terras e uma análise econômica social das
práticas e dos procedimentos a serem recomendados.

43 Apud TORNERO, 2000, p. 145.


44 MONTOYA, 1993. p. 685.

__ 78 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

As práticas conservacionistas devem ser orientadas no sentido de recuperação do so-


lo agrícola. Contudo, o planejamento deve contemplar a recuperação da paisagem como
um todo, compreendendo quaisquer recursos naturais renováveis, que tenham sofrido
processo de degradação.
Ainda de acordo com o CNPFlorestas/Embrapa, as alterações do solo na região no-
roeste do Estado do Paraná, incluindo Maringá, entre 1965 e 1980, reduziram a atividade
microbiológica do solo de intensa para quase inexistente e a profundidade do horizonte
agrícola de 60 cm para 20 cm ou menos. 45
Com a compactação do solo, a infiltração da água foi alterada, havendo o escoamen-
to da água da chuva em área de capoeira da ordem de 6% a 20%. Em áreas sem camadas
de folhas, o escoamento atinge mais de 50% da água da chuva. Como conseqüência desse
processo, no noroeste do Paraná, entre 1965 e 1980, o lençol freático sofreu um rebaixa-
mento de um máximo de 20 cm para um mínimo de 2.000 cm de profundidade.46
No mesmo período de estudo, a fertilidade natural do solo da região noroeste do Pa-
raná teve sua classificação modificada de “boa” para “baixíssima”. E em decorrência do
carregamento de solo para os cursos de água, o DNEE constatou, em 1982, que as águas
do Rio Pirapó haviam sido poluídas por 782.195 t/ano de sedimentos, aumentando os
efeitos degradantes da fauna e flora da bacia.
Marisa Tornero, preconiza:

segundo Mondardo (1978), na região noroeste do Estado do Pa-


raná, onde predominam os solos originários do Arenito Caiuá, la-
vouras ou pastagens são erodidas tão drasticamente, a ponto de
muitas áreas ficarem abandonadas para o cultivo e para o pasto-
reio do gado. [...] em áreas com pasto, as voçorocas surgem pró-
ximo aos bebedouros naturais para o gado, nos pontos mais bai-
xos das microbacias. O gado, ao procurar a água, se desloca dos
diversos pontos do pasto para um ponto único, criando trilhas no
sentido do declive, os quais canalizam a enxurrada, formando
grandes voçorocas próximas aos bebedouros.47

Conclui-se que Maringá paga um alto preço pelo sistema predatório de recursos natu-
rais adotado em sua colonização. O desmatamento desenfreado da região, que lhe garante
hoje pouco mais de 2% de matas nativas, contribuiu para o aumento do processo erosivo
nas margens dos rios da bacia do Pirapó (inclusive os fundos de vale na região urbana da
cidade), que se mantêm, cultivadas até o leito do rio.
Se forem agregados os gastos com o tratamento da água, serão computados prejuízos
para a economia popular. Mas a maior vítima de todo esse processo é o próprio meio
ambiente, havendo a diminuição da qualidade de vida em toda a região.
No início dos anos 90, quando da elaboração do Plano Diretor de Maringá, já eram
noticiados os problemas relacionados à erosão no município:

45 Ibid., p. 687 et seq.


46 MONTOYA, loc. cit.
47 TORNERO, 2000, p. 147.

__ 79 __
MARINGÁ VERDE?

5.0 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO


5.1 Meio Ambiente Natural
Maringá não apresenta, sob o ponto de vista do meio ambiente
natural, grandes restrições à expansão urbana. A topografia plana
é dominante na região, sendo que os problemas acontecem nas
áreas de fundos de vale, com declividade mais acentuada.
Essas áreas, devido à tipologia do solo, apresentam facilidade pa-
ra o desenvolvimento de processo erosivo no solo e assoreamen-
to, sendo necessário resguardar e controlar sua ocupação.
Na verdade, a erosão aparece hoje, como um dos principais pro-
blemas ambientais na região. Ela pode ser analisada sob três as-
pectos, considerando o local em que se desenvolve:
Meio Rural: Erosão característica das lavouras mecanizadas, nas
quais o cultivo em curvas de nível nem sempre é executado ade-
quadamente. O traçados das estradas rurais muitas vezes não está
adaptado à topografia, favorecendo o aparecimento de erosões.
Além disso, verifica-se o desrespeito às faixas de preservação
permanente dos cursos de água, com desmatamento quase total
das matas ciliares.
Meio de Transição Rural-Urbano: Nessas áreas as características
erosivas são uma resultante da integração do meio rural com as
periferias urbanas. A expansão das área construída sobre um
meio ainda não adaptado; a localização no rural de equipamentos
para a zona urbana (aterro sanitário, lagoas de depuração, etc.); o
lançamento nos cursos de água sem dissipadores de energia, de
efluentes produzidos no meio urbano têm contribuído para a
formação de focos de erosão no Município.
Meio Urbano Consolidado: Mesmo sendo de intensidade menor
que os anteriores, os efeitos erosivos dentro desta região são a-
larmantes, na medida em que ajudam a degradar o ambiente ame-
açado continuamente pelas transformações próprias da expansão
urbana. O aumento da área impermeabilizada e do escoamento
superficial; a incapacidade de drenagem do sistema de galerias
pluviais; a utilização de emissários sem dissipadores de energia e a
concentração de população em áreas com forte declividade são as
principais causas das erosões em Maringá.
[...]
2.1.3. Drenagem de Águas Pluviais e Erosão
Diretrizes
- Melhorar as condições sanitárias dos cursos de água e fundos
de vale;
- Controlar as áreas potenciais de erosão e recuperar aquelas já
comprometidas pelos processos erosivos do Município;
- reverter o processo de assoreamento dos córregos e ribeirões
do Município, através de um controle mais efetivo do uso e ocu-
pação do solo nas suas margens.

__ 80 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Ações
- Implementar o projeto de drenagem de águas pluviais no Par-
que no Ingá, Bosque II e Horto Florestal como forma de comba-
te à erosão;
- Fiscalizar o cumprimento do artigo 124 da Lei Orgânica que
exige a manutenção de 10% de todo o lote urbano como área
permeável;
- Realizar projetos para ocupação dos fundos de vales degrada-
dos como áreas de lazer, mantendo sua permeabilidade;
- Realizar a dragagem dos córregos assoreados e a recuperação
dos leitos;
- Fazer levantamentos dos focos de erosão do Município, de-
terminando prioridades de intervenção.48
Talvez esses dados soem alarmantes para os dias de hoje, apesar de toda a degrada-
ção já instalada, mas quando se faz previsão dos fatos que decorrerão da situação atual,
percebe-se que os menores investimentos em preservação ambiental, acarretarão muitos
gastos aos governos futuros.
Em Maringá, os principais processos erosivos estão localizados na área urbana. Em
sua maior parte, as voçorocas e canais erosivos decorrem de galerias pluviais que não fo-
ram totalmente concluídas e que terminam muito antes do ponto ideal para o seu lança-
mento. Associado ao fato de inexistirem dissipadores de energia que auxiliam na redução
da velocidade das águas e, portanto, na sua capacidade destrutiva, as obras inacabadas
servem como verdadeiros instrumentos para que a força das águas destruam a paisagem e
levem consigo as riquezas do solo.

Mapa 5 – Drenagem de Maringá.


Fonte: Maringá (2003).

48 MARINGÁ, 1991.

__ 81 __
MARINGÁ VERDE?

Outro problema relacionado às galerias pluviais inacabadas está relacionado à im-


permeabilização do solo em altos índices, que provocam o corrimento superficial de um
volume de água muito superior ao suportado pelo terreno em condições e circunstâncias
naturais.

__ 82 __
2 Áreas verdes de Maringá

Os espaços livres de construção desempenham funções importantes em uma cidade.


Pode-se considerar três principais serventias: ecológica, estética e social. As contribuições
ecológicas ocorrem à medida que os elementos naturais que compõem esses espaços mi-
nimizam os impactos decorrentes do processo de urbanização e industrialização.
Neste sentido, ressalta-se o papel da vegetação, que exerce influência positiva para a
melhoria do clima urbano, na purificação e refrigeração do ar, no abrigo à fauna e no favo-
recimento de novos habitats para maior variedade de espécies de animais, na manutenção
das propriedades de permeabilidade e fertilidade do solo, no amortecimento de ruídos,
entre outros.
A função estética se pauta principalmente no papel de integração entre os espaços
construídos e os destinados à circulação, e também na diversificação dos elementos que
compõem a paisagem urbana. E a função social está diretamente relacionada à oferta de
espaços para lazer da população. Destes, os espaços livres de uso público (praças, parques
e cemitérios) merecem especial atenção, uma vez que possibilitam o acesso sem restrições
a qualquer pessoa. A garantia do uso e da conservação dessas áreas é dever tanto do poder
público como da coletividade.
Elementos climáticos, como a intensidade de radiação solar, a temperatura, a umida-
de relativa do ar, a precipitação e a circulação do ar, entre outros, são afetados pelas condi-
ções de artificialidade do meio urbano, tais como as características de sua superfície, o
suprimento extra de energia, a ausência de vegetação, a poluição do ar e as características
dos materiais das edificações.
Nas palavras de Miguel Milano,

as árvores e outros vegetais, interceptando, absorvendo, refletin-


do e transmitindo radiação solar, captando e transpirando água e
interferindo com a velocidade e direção dos ventos, podem ser
extremamente eficientes na melhora do micro clima urbano e, em
conseqüência, atuar positivamente para o conforto humano, uma
vez que a ação dos elementos climáticos, isolados ou em intera-
ção, é grandemente responsável pela sensação de conforto ou
desconforto do homem.
As árvores no ambiente urbano, em função de suas características
morfológicas, fisiológicas e genéticas, tem considerável potencial
MARINGÁ VERDE?

de remoção de partículas e absorção de gases e poluentes da at-


mosfera.49

Os benefícios advindos de uma arborização de ruas bem planejadas são muito am-
plos. Neste sentido, Leide Takahashi explica que:

Segundo trabalhos citados por Cavalheiro (1987), as ruas arbori-


zadas têm 1/4 menos poeira que ruas sem árvores; uma faixa de
árvores de 6 metros de largura reduz 50% o ruído; as árvores di-
minuem a temperatura em até 6 a 8 oC, além de reduzir a veloci-
dade do vento; melhoram o aspecto paisagístico ajudando na ori-
entação visual da cidade e das ruas, retiram parte das emissões ga-
sosas e sólidas e melhoram o bem estar dos moradores e motoris-
tas em geral.50

Maringá sob esse aspecto, é considerada uma cidade privilegiada, pois apresenta um
dos maiores índices de arborização por habitante do país, e destaca-se por seu aspecto de
“cidade verde”. Entretanto, um olhar mais minucioso revela que a arborização pública da
cidade e as suas unidades de conservação estão enfrentando sérios problemas ambientais
relacionados à falta de planejamento adequado e a uma gestão administrativa praticamente
inexistente.

2.1 Arborização pública

Foi apenas em 1988 que Miguel Milano elaborou um estudo sobre as condições da
arborização de Maringá, de tal forma que conseguiu um levantamento preciso sobre a
quantidade e a qualidade das árvores da cidade. Naquela época, o índice era de 26
m2/hab., e muitas árvores estavam seriamente comprometidas com doenças e maus-tratos,
decorrentes principalmente de podas mal-elaboradas. 51 Apesar de alguns avanços, esse
estudo continua sendo o mais atualizado da espécie a servir a comunidade de Maringá e a
Administração Pública.
Conforme aponta Zuleide de Paula em seu estudo sobre a consciência ecológica em
Maringá, apenas a partir da década de 80, na gestão do prefeito Said Felício Ferreira, a
Administração Municipal passou a se interessar pela paisagem urbana e o urbanismo. Para
esta autora, a consciência ecológica só atinge uma comunidade a partir do momento em
que esta assume para si um interesse pela causa, a que denominou imaginário ecológico, refe-
rindo-se à relação estabelecida entre o maringaense e a árvore.52

49 MILANO, Miguel Serediuk. Avaliação quali-quantitativa e manejo da arborização urbana: exemplo de Maringá – PR. Curi-
tiba: [s.n.], 1988. p. 5.
50 TAKAHASHI, Leide Yassuco. Considerações práticas da poda em árvores de rua na cidade de Maringá – PR. Maringá:
Prefeitura Municipal de Maringá. Secretaria de Serviços Públicos, 1988. p. 1.
51 MILANO, op. cit., passim.
52 PAULA, Zuleide Casagrande de. Verde que te quero ver-te. In: DIAS, Reginaldo Benedito; GONÇALVES, José
Henrique. (Org.). Maringá e o Norte do Paraná: estudos de história regional. Maringá: Eduem, 1999. p. 411.

__ 84 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A grande consolidação dessa identificação popular aconteceu em virtude das propos-


tas de podas para as árvores de Maringá, em 1985, pois durante décadas a cidade sofreu
com apagões ocasionados pelos atritos dos fios elétricos com as árvores nas calçadas das
ruas. Conforme relata Zuleide de Paula,

[...]em final de outubro de 1985, teve início a poda das árvores


das ruas, depois de uma série de black-outs, visando impedir que
um novo viesse a ocorrer. Essa poda despertou a atenção dos
moradores, pois passou a ser feita exatamente onde ficavam os
fios, no meio das copas das árvores, mudando assim a paisagem
da rua. Árvores ficavam com uma abertura em suas copas para
que os fios não fossem tocados por seus galhos nem mesmo em
dias de ventania, o que ocorria geralmente quando chovia, provo-
cando os black-outs.
Um grupo de moradores, no entanto, vê na árvore o símbolo da
preservação ambiental da ‘cidade idílica’. Esse reconhecimento
evidencia-se a partir do momento em que reage à poda com ma-
nifestações.
O jornal O Diário do Norte do Paraná publicou, de 27 de no-
vembro a 19 de dezembro de 1985, 10 reportagens nas quais des-
tacava a reação de ‘populares’ à poda das árvores. [...] A narrativa
do jornal possibilitava perceber como a identidade da população
parecia ir ao encontro do imaginário da ‘Cidade Verde’.
A população, nesse sentido, aceitou a imagem de que a cidade
prima pela preservação ambiental porque essa imagem foi tam-
bém gestada pela coletividade e é de interesse comum a todos. Há
um imaginário, portanto, atuando nesse espaço, pois preservação
ambiental não significa somente preservação de árvores paisagís-
ticas como aquelas que ornamentam as ruas da cidade de Marin-
gá.53

Atualmente, o sistema de poda de Maringá é amplamente divulgado pelo Poder Pú-


blico, devido as suas características modernas, que não apenas preservam as árvores, mas
também impedem danos à fiação elétrica.
A rede compacta protegida é um sistema de distribuição de energia elétrica aéreo,
composto de três condutores cobertos por uma camada de polietileno reticulado (XLPE),
sustentados por um cabo mensageiro de aço, através de espaçadores de material isolante
plástico (polímero), espaçados cerca de 8 metros uns dos outros ao longo da rede elétrica.
Ao contrário da rede aérea convencional constituída de cabos nus, na qual os cabos
são dispostos lado a lado, horizontalmente, os da rede compacta distribuem-se em forma
de um triângulo e, por serem protegidos, podem ser colocados mais próximos uns dos
outros. Desta forma, reduzem substancialmente a área de poda das árvores efetivamente
necessária, possibilitando recomposição das copas danificadas pelas podas em “V“ que
mutilavam a arborização situada sob as redes convencionais.

53 Ibid.

__ 85 __
MARINGÁ VERDE?

Nas fotos a seguir, realizadas pela Prefeitura Municipal de Maringá, é possível perce-
ber a diferença entre os dois sistemas de poda.

Foto 13 - Podas de árvores antes da implantação da Rede Compacta.


Fonte: Maringá (2003).

Foto 14 – Podas após implementação da Rede Compacta.


Fonte: Maringá (2003).

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Foto 15 – Podas após implementação da Rede Compacta.


Fonte: Maringá (2003).

De acordo com a reportagem do jornal O Diário do Norte do Paraná publicada em 1994


(p. 7), “no Brasil, a primeira rede compacta foi construída em Minas Gerais pela Cemig,
com base na experiência americana”. A partir desse modelo, a Copel firmou uma parceria
inédita no Brasil com a Prefeitura de Maringá, a partir de 1993, de forma que os custos do
projeto foram divididos ao meio, e um percurso inicial de 300 quilômetros foi executado
como teste da tecnologia e da viabilidade técnico-financeira de implementação da rede
compacta em todo o município. O início das obras ocorreu em março de 1994.
Apesar dos avanços, algumas podas realizadas por empresas terceirizadas, continuam
sendo drásticas, mesmo existindo a rede compacta. Como a contratação é feita por servi-
ço, há uma tendência em se acelerar a execução das podas para que o rendimento final seja
maior, o que coloca a qualidade dos cortes em segundo plano. Em alguns casos, a própria
árvore se encarrega de se recuperar. Entretanto, não são raros os casos de árvores seria-
mente danificadas ou com sua estrutura prejudicada pelas podas realizadas pela Copel ou
pelas empreiteiras contratadas. Em alguns casos, a Secretaria do Meio Ambiente (Semma)
tem embargado ou multado os responsáveis, mas dado o volume de problemas e ao nú-
mero irrisório de fiscais, muitas árvores permanecem sendo mutiladas desnecessariamente.
Desde 1988, nenhum levantamento foi feito na cidade; hoje somente é possível reali-
zar uma estimativa da quantidade de verde existente por habitante. De acordo com os
técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, estima-se que existam mais 90,000
árvores em Maringá, sem contar aquelas das praças e das matas nativas localizadas nos
parques do município, contabilizando o equivalente a 25,94 m2 de área verde por habitan-
te.54

54 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Histórico do município. Disponível em: <http://www.maringa.pr.gov.br >.


Acesso em: 15 out. 2004.

__ 87 __
MARINGÁ VERDE?

Com essa quantidade de árvores, Maringá estaria com 40m2/hab., distribuídos pelas
ruas da cidade. Sob esse aspecto, muitas cidades que anunciam índices maiores de arbori-
zação urbana consideram as árvores localizadas em áreas privadas e, mesmo as áreas pú-
blicas, estão localizadas, em sua maior parte, fora do alcance da população. Com isto, o
mérito das referidas áreas verdes é bastante minimizado.

Foto 16 – Arborização pública .


Fonte: Maringá (2003).

O Município de Maringá destaca-se porque suas árvores estão dispostas em pratica-


mente toda a sua área urbana, preenchendo suas ruas, e suas duas maiores reservas flores-
tais, o Parque do Ingá e o Bosque II, localizam-se no centro da cidade, garantido pleno
contato com a população.
Conforme dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente55, em Maringá é permi-
tido somente o plantio de 15% de cada espécie nos novos loteamentos da cidade, e mes-
mo na reposição das ruas. Esse fato se dá por motivos de ordem técnica, uma vez que a
concentração de espécies pode gerar o aumento de determinados fungos, comprometendo
a saúde respiratória da população. Veja-se que mesmo tomando-se esses cuidados Maringá
apresenta um alto índice de alergias e infecções respiratórias, havendo uma forte suspeita
de que exista a presença de fungos em suas árvores, além das propriedades alérgicas de
algumas espécies. Mas esses dados ainda carecem de maiores estudos para sua comprova-
ção.
Visando manter um padrão de arborização para o município e ao mesmo tempo evi-
tar problemas típicos decorrentes da escolha inadequada de espécies para os passeios (co-
mo danos à residências, quebra de calçadas, infiltrações, danos à rede de água, esgoto ou
telefone, dentre outros), os novos loteamentos devem apresentar um projeto de arboriza-

55 Entrevista com um dos técnicos responsáveis pela arborização pública de Maringá (2000).

__ 88 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ção para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente antes de serem aprovados pela Prefei-
tura do Município. Dentre as exigências, destacam-se as seguintes:
a) as árvores deverão ter, depois de plantadas, altura mínima dos primeiros galhos
(altura de bifurcação) de 1,80 metros.
b) a freqüência máxima de árvores por espécie não deverá ultrapassar 30%, salvo
impossibilidade devido a condições específicas da estrutura urbana.
c) as árvores do mesmo lado da via pública deverão ser da mesma espécie (grupo
homogêneo), podendo ou não diferir da espécie a ser plantada do outro lado; dar
preferência a espécies de pequeno e médio porte nas faces com menor exposição
aos raios solares, e por espécies de médio e grande porte nas faces com maior ex-
posição aos raios solares.
d) plantar, de preferência, uma área por data (lote), desde que siga os espaçamentos
e demais normas recomendadas; etc.56
Não são raros os casos de projetos indeferidos pela Semma por apresentarem irregu-
lares ou se apresentam fora dos padrões estabelecidos. Muitas vezes busca-se justificativa
na falta de mudas em viveiros da região e mesmo no Viveiro Municipal para atender às
exigências. Outras vezes a responsabilidade pela inadequação é inteiramente do loteador,
desinteressado da importância que o projeto de arborização possui para a qualidade de
vida dos futuros moradores, para a manutenção da paisagem do município e das vantagens
de um bom planejamento urbano.
Não é de se estranhar que, em certos casos, exista uma natural diminuição da exigên-
cia dos padrões referidos pela Semma, baixando a qualidade da implementação do projeto
de arborização dos novos loteamentos sob a alegação de não ser possível encontrar as
mudas com as qualidades mínimas necessárias para uma boa execução.
A real falta de estrutura do Viveiro Municipal impede não apenas os projetos de ar-
borização adequados, mas também que a Prefeitura comercialize as mudas e obtenha re-
cursos para a manutenção do próprio viveiro e para a elaboração de novos projetos.
O Viveiro Municipal conta, em média, com 10 funcionários, e nem todos se encon-
tram em plenas condições físicas e de saúde para desempenhar suas funções. Até recen-
temente, a cidade mantinha dois viveiros simultâneos, que foram reunidos em único vivei-
ro localizado em uma área de proteção ambiental municipal (ZP 15 – Nascente do Córre-
go Paiçandú). Apesar de a manutenção de um viveiro não ser completamente incompatível
com a conservação da área, ainda assim são necessários cuidados especiais para o uso
sustentável da área, de acordo com estudos que direcionam o zoneamento da área e as
ações permitidas para cada zona específica, compondo um Plano de Manejo, que deverá ir
além do atual projeto de instalação da área, ainda inacabado.
Com relação às podas de árvores, o Código de Posturas de Maringá, Lei nº 34/59 es-
tabelece que:

Art. 507 – É atribuição exclusiva da Prefeitura, podar, cortar, der-


rubar ou sacrificar as árvores de arborização pública.

56 MARINGÁ, 2000.

__ 89 __
MARINGÁ VERDE?

§1º Quando se tornar absolutamente imprescindível, a juízo do


Prefeito, ouvido previamente o Departamento competente, pode-
rá ser pedida pelos interessados a remoção ou o sacrifício de ár-
vores mediante a indenização de mil cruzeiros (1.000,00) a cinco
mil cruzeiros (5.000,00) por árvore, conforme o que for, para ca-
da caso, arbitrado pelo Prefeito.
º2º A fim de não ser desfigurada a arborização do logradouro, tais
remoções importarão no imediato plantio da mesma ou novas ár-
vores, em ponto cujo afastamento seja o menor possível da antiga
posição.

Quando a árvore se localiza em área pública, apenas a Prefeitura de Maringá está au-
torizada a executar o serviço de poda, cabendo multa para aqueles que desrespeitarem a
lei. Apesar disto, a Prefeitura não tem conseguido dar conta dos pedidos de poda feitos
pela população. A principal causa está na defasagem pela qual a Semma passou nos últi-
mos tempos. Em aproximadamente vinte anos não houve qualquer aumento de pessoal ou
de equipamentos no setor, a despeito do crescimento da arborização urbana.

Foto 17 – Podas de árvores. Foto 17 – Podas de árvores.


Fonte: Maringá (2003).

Os casos de remoção de árvores em área pública também estão sob a responsabilida-


de da Semma. Os critérios adotados para autorização da remoção de árvores em logradou-
ros públicos referem-se às situações irrecuperáveis, e são os seguintes:
a) a árvore encontra-se praticamente morta;
b) existe um grande risco de queda da árvore, ameaçando os transeuntes;
c) trata-se de espécies inadequadas, que causam dano às obras e aos calçamentos.
Esses critérios fundamentam-se na Lei nº 3.774/95, que dispõe sobre a erradicação
de árvores nos passeios públicos de Maringá. Essa lei detalhou os procedimentos que

__ 90 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

devem ser seguidos pela Administração Pública para o exercício de sua competência gesto-
ra, prevista desde 1959 pelo Código de Posturas.
Destacam-se o primeiro e o antepenúltimo artigo da Lei nº 3.774/95:

Art. 1º - As árvores situadas nos passeios públicos deverão ser er-


radicadas, na forma desta lei, quando sua condição geral indicar
estado irrecuperável ou colocar em risco o patrimônio do muní-
cipe.
Parágrafo único – Somente será determinada por técnico da Se-
cretaria do Meio Ambiente a condição fito-sanitária da árvore in-
dicando o estado irrecuperável do vegetal.
Art. 4º - Caberá a Secretaria do Meio Ambiente, no prazo de 30
(trinta) dias, proceder à substituição das árvores erradicadas, de-
vendo ser replantadas em ponto adequado do respectivo passeio
público

Foto 18 – Plantio de árvores.


Fonte: Maringá (2004).

Quando a árvore se situa em um terreno particular, a Prefeitura perde a competência


sobre a mesma, sendo que o órgão florestal estadual, ou seja, o IAP é o responsável pela
autorização da remoção pelo próprio proprietário. Em virtude da estrutura desse órgão, as
autorizações de corte são baseadas na declaração do proprietário, que assume a responsa-
bilidade pelas informações prestadas, além de pagar uma taxa. Nos casos mais complexos,
uma vistoria prévia é realizada e, em qualquer dos casos, as espécies protegidas por lei não
têm o corte autorizado.
Hoje, muitas são as árvores públicas antigas que estão morrendo ou adoecendo e que
necessitam urgentemente de substituição. Entretanto, constata-se que as árvores que são
retiradas dos logradouros públicos por diversos motivos, na maioria dos casos, não são

__ 91 __
MARINGÁ VERDE?

replantadas, nem pela Prefeitura, nem pelo particular que pediu a remoção. Tanto a remo-
ção quanto o plantio de árvores deveriam estar sendo pautados em um estudo mais crite-
rioso que apontasse a real situação da arborização do município e permitisse ações ade-
quadas para a recomposição e manutenção das qualidades associadas ao município de
Maringá. Alia-se a este o fato de que os novos loteamentos não atendem às exigências dos
projetos aprovados, e normalmente, as lojas do centro da cidade, que não possuem árvo-
res na calçada da frente, não fazem o replantio nem ajudam a cuidar das mudas contra o
vandalismo.
Em entrevista, Aníbal Bianchini, responsável, juntamente com Teixeira Mendes, pela
arborização da cidade de Maringá desde a sua criação, demonstrou-se preocupado com o
futuro do município. Segundo entende o pioneiro, o planejamento realizado pela Compa-
nhia Melhoramentos Norte do Paraná não vem sendo respeitado e seguido pela Prefeitu-
ra.57
O projeto inicial da arborização de Maringá tinha como principal meta a garantia de
flores durante o ano inteiro. Foi assim que as espécies plantadas foram selecionadas, pre-
senteando a população com um show natural de cores e vida. Entretanto, com as novas
espécies sendo introduzidas, não há uma continuidade nesse plano, de tal sorte que em um
futuro não tão longínquo, a arborização de Maringá poderá sofrer sérios prejuízos estéti-
cos e ecológicos.
Algumas críticas existem para as espécies originalmente inseridas em Maringá. Os
principais argumentos dizem respeito aos problemas de incompatibilidade com a fiação
elétrica, com as calçadas e, principalmente, com o manejo das árvores escolhidas. Isto
porque, no seu início, a cidade de Maringá ainda não contava com uma população tão
grande.
Para piorar a situação, algumas espécies passaram a ser preferencialmente plantadas,
de tal sorte que hoje mais da metade das árvores existentes nos logradouros públicos de
Maringá são da espécie Sibipiruna, que além de ser prejudicial para as calçadas, também está
mais acessível ao ataque de doenças contagiosas e pragas advindas do grande número de
árvores de uma mesma espécie. Na Zona Central de Maringá, percebe-se o grande pro-
blema gerado pela escolha de árvores de grande porte que disputam, e normalmente per-
dem a luta, por espaço, tanto com a fiação elétrica quanto com as redes subterrâneas e as
fachadas comerciais.
Essas conclusões não significam que o plano inicial de arborização da cidade seja
completamente reprovado e elegido como grande vilão dos problemas encontrados
em Maringá. Mas que hoje a realidade é diferente daquela dos primórdios de Maringá.
Naquela época, era fundamental a inserção de espécies que garantissem sombra para aque-
les que se aventuravam no grande clarão aberto pelos loteadores. Hoje, uma nova fase
deve ser inaugurada, com base em critérios técnicos que garantam tanto a necessidade de
áreas verdes como a execução e manutenção de obras de interesse social. Não se deve

57 Informação verbal transmitida pelo Sr. Aníbal Bianchini, em entrevista pessoal e exclusiva, em 30/10/2000.

__ 92 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

perder de vista o fato de que as árvores, principalmente na "Cidade Verde", chegaram


antes do concreto e sobre ele devem prevalecer.
Com a preocupação de impor uma melhor conduta à população e evitar possíveis
abusos e danos às árvores, o município instituiu, pela Lei Municipal no 995/73 (alterada
pela Lei nº 2.585/89), a cobrança de multas para danos causados à arborização de ruas e
pela Lei no 1.081/75, a obrigatoriedade da implantação de arborização nos loteamentos da
zona urbana. Como na maior parte dos casos de denúncias de danos à arborização pública
de Maringá não é possível comprovar a sua autoria, a aplicação de multas tem sido dificul-
tada e vários são os casos de impunidade.

Tabela 18 - Parâmetros para multas por danos à arborização pública


Multas em UFM
Espécie Danos/cap. (cm) Morte/Cap. (cm)
(nome comum) Até 31 a 61 a 91 a Acima Até 31 a 61 a 91 a Acima
30 60 90 130 de 131 30 60 90 130 de 131
Figueira
Palmeira 50 60 70 80 100 100 200 400 800 1000
Tamarém
Alecrim
Canelinha
Flamboyant
Ipê-amarelo
Ipê-branco 40 50 60 70 80 80 180 350 500 700
Ipê-roxo
Pau-ferro
Quaresmeira
Tipuana
Erpatódea
Jacarandá
Ligustro
30 35 40 50 60 60 150 250 400 500
Magnólia
Sibipiruna
Outras
* cap= circunferência a altura do peito (1,30 m)
Fonte: Anexo da Lei nº 2.585/89.

2.2 Unidades de conservação de Maringá

Além da manutenção da arborização das vias públicas, a Semma também é responsá-


vel pelos parques municipais. As três principais Reservas Florestais urbanas de Maringá
são: Parque do Ingá (473.300,00 m2), Bosque II (594.400,00 m2) e o Horto Florestal
(368.300,00 m2), sendo que os dois primeiros pertencem à Prefeitura do Município e o
último à Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.

__ 93 __
MARINGÁ VERDE?

Foi essa Companhia que, ao elaborar o projeto da cidade de Maringá (urbanista Jorge
Macedo Vieira), conservou essas áreas intocadas pela exploração e pelo avanço da cidade.
O objetivo do estabelecimento dos parques do Ingá e Bosque II, projetados em forma de
pulmões, foi de mostrar às gerações futuras o tipo de vegetação da região, com o desejo de
que jamais sofressem com problemas de poluição.58

Foto 19 – Vista aérea de Maringá.


Fonte: Maringá (2003).59

O Horto Florestal e o Parque do Ingá são abertos ao público como área de recrea-
ção, e o Bosque II é fechado para visitação pública.
Dentre as diversas áreas verdes existentes no município, resssaltam-se o Parque Mu-
nicipal Borba Gato, que possui remanescente de vegetação nativa em uma área de 7.650,00
m2; o Parque Florestal Municipal da Gurucaia, com uma área de 192.000,00 m2, remanes-
cente de Floresta Estacional semidecidual; e o Bosque das Grevíleas, com uma área de
44.000,00 m2, constituído somente de uma espécie em toda sua área, a grevílea, refloresta-
da pelo homem.
No setor norte da cidade, carente de área de lazer, foi implantado, em 1988, o Parque
Alfredo Werner Niffeler, resultante da recuperação de um terreno acidentado, com pro-
cesso progressivo de erosão e degradação (eram realizados aterros de lixo). O parque pos-
sui uma área total de 104.967,82 m2, com uma lagoa artificial formada pelo represamento
do Ribeirão Morangueiro e contando com um amplo espaço para atividades esportivas e
recreativas, proporcionando à população excelente espaço para lazer.
Mais recentemente, a Lei no 3.513/93 permitiu a criação de três novos parques flo-
restais em Maringá. O primeiro foi o Parque Florestal Municipal das Perobas, localizado
na Gleba Ribeirão Pinguim, com uma área de 263.438,74 m2, constituída de remanescentes
de vegetação nativa, que se enquadra na região fitogeográfica denominada floresta estacio-
nal semidecidual, apresentando no conjunto florestal espécies representativas da flora e da
fauna regional.

58 Projeto Memória.
59 Disponível em: <http://www.maringa.pr.gov.br>. Acesso em: 12 jun. 2003.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Também foi criado o Parque Florestal Municipal das Palmeiras, localizado no Jardim
Vitória, com uma área de 61.134,48 m2. Esse parque apresenta florestas com espécies de
grande valor da flora regional e faz parte do remanescente de vegetação nativa que se
enquadra na região fitogeográfica denominada floresta estacional semidecidual.
E, por fim, o Parque Municipal do Guaiapó, com área de 16.205,48 m2, que é consti-
tuída de remanescente de vegetação nativa, que se enquadra na região fitogeográfica de-
nominada floresta estacional semidecidual. Apresenta espécies de grande valor da flora
regional.
O último parque criado em Maringá ocorreu em 1998, pelo Decreto no 204/98, nas-
cendo o Parque do Sabiá, com uma área de 88.165,41m2, na região do Contorno Sul. Con-
vém ressaltar a existência de um Parque Estadual no município, o Parque Gralha Azul,
situado no Conjunto Ney Braga.
Conforme se constata da relação apresentada na tabela 19, as unidades de conserva-
ção de Maringá se resumem a parques municipais, muitos dos quais não possuem lei pró-
pria que estabeleçam oficialmente sua criação e, conseqüentemente, proteção.

Tabela 19 - Relação de Reservas Florestais e Parques de Maringá


Zona
ORD. Reservas Florestais /Parques Localização Bairro Área (m2) Lei no
Fiscal
1 Fundos de Vale ***
2 Parque do Ingá 2e3 Av. São Paulo / Av. Laguna Zona 2 e 3 473.300,00 870/71
3 Bosque 2 4 Av. Itororó / Av. Nóbrega Zona 4 594.400,00 1.649/83
4 Horto Florestal 40 Av. Luiz Teixeira Mendes Zona 40 368.300,00
Pq. da Nascente do Rio Pai- Av. das Torres / Av. P. Victorio
5 45 Zona 45 60.000,00
çandu Marcon
Pq. Av. Pio XII (Reservas
6 5 Av. Brasil / Av. Pio XII Zona 5 34.972,92
C/Grevíleas)
R. Ver. Ayres A. de Andrade /
7 Parques da Rua 38.016 34 Zona 34 126.000,00
Anel Viário
PR 317 Saída para Campo Dec.
8 Pq. Florestal Mun. das Perobas 47 Zona 47 263.438,74
Mourão 504/94
9 Recanto Borba gato 44 Anel Viário / R. Primavera Zona 44 76.540,37 3513/93
Pq. Ecológico Mun. do Gua- Av. D. Sophia Rasgulaeff / R. Cj. G. Parigot
10 36 16.205,48 3513/93
yapo Itapuã de Souza
Av. São Judas Tadeu / R. Flam-
11 Pq. Florestal Mun. das Palmeiras 30 Jardim Vitória 61.134,48 3513/93
boyant
R. Palmital / Av. São Judas
12 Parque da Rua Palmital 29 Zona 29 114.000,00
Tadeu
R.P. Teodoro Negri / R. Ade-
13 Parque da Rua Teodoro Negri 19 Zona 19 49.000,00
mir Favoreto
Vila Moran-
14 Parque Alfredo Nyffeler 23 R. Bogotá 104.967,82 0162/88
gueira
Gleba Patr.
15 Córrego Borba Gato 40 R. dos Anturios
Maringá
Recanto dos
16 R. Diogo Martins Esteves 20 Av. 22 de Maio
Magnatas
R. Pioneira Maria de Freitas /
17 Córrego Cleópatra 20-17 Vila Emília
Maringá
Jardim Mon-
18 R. Pioneiro Deolinda T. Garcia 43 R. Pioneira Deolinda T. Garcia
treal
19 Córrego Moscados 27-28 Av. 27.000 Vila Marumby
Dec.
20 Parque do Sabiá - R. Prof. Sincler Sambati, no 544 Contorno Sul 88.165,41
204/98
*** Áreas de proteção de nascente (50 m), cursos d’água e matas ciliares (fundo de vale – 30 m cada lado).
Fonte: Seplan (1994).

__ 95 __
MARINGÁ VERDE?

No mapa 6, é possível visualizar a distribuição dos parques em Maringá.

Mapa 6 – Vegetação nativa, reservas florestais e parques de Maringá.


Mapa obtido através do Sistema de informações Geográficas – SGI/INPE
Base Cartográfica e Fonte: Carta Topográfica do IBGE na escala 1:50.000 e imagem do satélite Landsat-5.
Organizador: Marisa Trovarelli Tornero
Fonte: Tornero (2000).

Na análise do mapa, observa-se a degradação dos fundos de vale e das unidades de


conservação de Maringá. A carência de vegetação nativa na região justifica a conservação
desses fragmentos de matas, onde é possível encontrar espécies de flora e de fauna, prin-
cipalmente de pássaros mais resistentes às modificações autotróficas e adaptados às dispo-
nibilidades dos recursos locais.
A legislação federal relativa às unidades de conservação evoluiu nos últimos anos, a-
vançando de uma situação desorganizada para a criação de um Sistema Nacional de Uni-
dades de Conservação da Natureza (SNUC).
Antes dessa consolidação, o Conselho Nacional do Meio Ambiente editou a Resolu-
ção no 11, de 03.12.97, que declarou como unidades de conservação os locais de relevância
para a preservação ambiental, criadas por atos do Poder Público, considerando como tais:

__ 96 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Estações Ecológicas; Reservas Ecológicas; Áreas de Proteção Ambiental; Parques Nacio-


nais, Estaduais e Municipais; Reservas Biológicas; Florestas Nacionais, Estaduais e Muni-
cipais; Monumentos Naturais; Jardins Botânicos; Jardins Zoológicos; e Áreas de Relevante
Interesse Ecológico.
Em um período ainda mais remoto, o artigo 5o do Código Florestal já prescrevia que
“o Poder Público criará: a)parques nacionais, estaduais e municipais e reservas biológicas,
com a finalidade de resguardar atributos da natureza, conciliando a proteção integral da
flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recrea-
tivos e científicos”.
Hoje, com a Lei nº 9.985/2000, que estabeleceu o SNUC, as formas de proteção de
áreas verdes ultrapassam a simples criação de parques, com uma diversidade de unidades
de conservação maior.
De acordo com o artigo 2o, I, que traz alguns conceitos importantes para a interpre-
tação da lei, há uma definição legal para o que seja considerada uma unidade de conserva-
ção.

Art. 2º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:


I – unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos am-
bientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características na-
turais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de pro-
teção.

A partir do 3º capítulo, a Lei no 9.985/2000 começa a definir as diversas formas de


unidades de conservação possíveis, destacando dois grupos principais:

Art. 7º - As unidades de conservação integrantes do SNUC divi-


dem-se em dois grupos, com características específicas:
I - Unidades de Proteção Integral;
II - Unidades de Uso Sustentável.
§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é pre-
servar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.
§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compa-
tibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de par-
cela dos seus recursos naturais.
Art. 8º - O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto
pelas seguintes categorias de unidade de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.
[...]
Art. 14 - Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável
as seguintes categorias de unidade de conservação:

__ 97 __
MARINGÁ VERDE?

I - Área de Proteção Ambiental;


II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
III - Floresta Nacional;
IV - Reserva Extrativista;
V- Reserva de Fauna;
VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Importa aprofundar a definição da categoria parque, tendo em vista ser a principal


categoria do município de Maringá na modalidade de Parques Municipais.
A principal característica de um parque é a de que deve ser aberto à visitação pública,
ainda que de forma controlada; a sua finalidade é a conjugação da preservação com o a-
proveitamento público.
A legislação mais antiga relacionada aos parques brasileiros remonta à década de 70.
O Decreto Federal no 84.017, de 21/09/79, que regulamentou os parques nacionais brasi-
leiros previstos pelo Código Florestal, dispõe em seu artigo 1o que:

Art 1º - Este Regulamento estabelece as normas que definem e


caracterizam os Parques Nacionais.
§ 1º Para os efeitos deste Regulamento, consideram-se Parques
Nacionais, as áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de
atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanen-
te, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade
no seu todo.
§ 2º Os Parques Nacionais destinam-se a fins científicos, cultu-
rais: educativos e recreativos e, criados e administrados pelo Go-
verno Federal, constituem bens da União destinados ao uso co-
mum do povo, cabendo às autoridades, motivadas pelas razões de
sua criação, preservá-los e mantê-los intocáveis.
§ 3º O objetivo principal dos Parques Nacionais reside na preser-
vação dos; ecossistemas naturais englobados contra quaisquer al-
terações que os desvirtuem.

A Lei nº 9.985/2000 trouxe algumas novidades constantes a partir do artigo 11, es-
pecificamente quanto à disposição da criação de parques municipais pelos órgãos locais,
adequando-se às novas configurações federais dadas pela Constituição Federal de 1988.

Art. 11 - O Parque Nacional tem como objetivo básico a preser-


vação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e
beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e
o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação am-
biental, de recreação em contato com a natureza e de turismo e-
cológico.
§ 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo
que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapro-
priadas, de acordo com o que dispõe a lei.

__ 98 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

§ 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabe-


lecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas
pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas
em regulamento.
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade e está sujeita às condi-
ções e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previs-
tas em regulamento.
§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual
e Parque Natural Municipal.

Uma das categorias de unidade de conservação de grande sucesso conservacionista


que por estar desvinculada da esfera pública, apresenta maiores chances de sucesso é a
RPPN. Embora haja facilidade para a implementação de projetos ligados a ONGs, não há
no Estado do Paraná e, por conseqüência, no Município de Maringá, um programa de
incentivo ou de divulgação para a criação dessas unidades de conservação.

2.2.1 Parque do Ingá

O Parque do Ingá localiza-se na região central do perímetro urbano de Maringá, a-


presentando uma superfície de 474.300 m2, e dispondo de trilhas para caminhadas, um
lago, um pequeno zoológico e outras infra-estruturas.
De propriedade da Prefeitura Municipal desde 1986, registrado sob o no 2.796, a área
foi declarada de preservação permanente em 1990 pelo artigo 174 da Lei Orgânica.
O Parque do Ingá deve obedecer ao Código Florestal e ao Regulamento dos Parques
Nacionais Brasileiros (Decreto no 84.017, de 21/09/1979). No entanto, ao mesmo tempo
em que o Parque do Ingá é, tecnicamente, uma unidade de conservação, também é uma
típica área verde urbana de recreação e uso intensivo. Essa condição de área verde urbana
deve à inserção do parque na região central da cidade e ao fato de oferecer serviços recrea-
tivos típicos desses espaços, como caminhos para passeio em contato com a natureza e
paisagem agradável, playground, lago com pedalinhos e zoológico, entre outras atrações.
O Parque Municipal do Ingá, apesar de não ser legal e formalmente reconhecido nes-
sa categoria, tem sido tanto uma unidade de conservação quanto uma área urbana de fun-
ções recreativas intensivas, gerando discussões e críticas de especialistas mundiais que
visitam a área. A categoria de manejo na qual se enquadra, Parque Municipal, facilita que
tal processo se instale, uma vez que constitui um tipo de unidade de conservação que tem
por objetivo conciliar os usos científicos, educativos e recreativos com a preservação per-
manente do ambiente natural. Aliado a isto, a Administração Pública sempre buscou tor-
nar a área em verdadeiro ponto de recreação para a população, notadamente a mais caren-
te, deixando para um plano secundário as questões ambientais e de ordem técnica, que são
de fundamental importância para o planejamento adequado da conservação da fauna e da
flora da região.

__ 99 __
MARINGÁ VERDE?

Assim como o Bosque II, o Parque do Ingá foi criado a partir do projeto urbanístico
de Jorge Macedo Vieira, que obedeceu à legislação de proteção a mananciais em vigor em
1943. Em 1969, com a ocupação acelerada do solo urbano e a conseqüente demanda por
áreas de lazer, entendeu-se que era o momento de incorporar a área verde do parque ao
cotidiano da população, implementando a recreação e viabilizando a conservação da área.
O parque passou, então, a ser urbanizado, sendo inaugurado e aberto à visitação pública
em 10/10/1971.
Conhecido inicialmente como Bosque I ou Bosque Dr. Etelvino Bueno de Oliveira, a
Lei Municipal no 880/71 o denominou oficialmente Parque do Ingá, em função da abun-
dância do gênero Ingá. Posteriormente, foi declarado pela Câmara Municipal como Área de
Preservação Permanente, confirmado em 1990, pela Lei Orgânica do Município, no artigo
174, de 17/04/90. Essa declaração, em consonância com a faculdade prevista no artigo 3o
do Código Florestal de 1965, altera os objetivos de proteção do parque, criando a obriga-
ção de isolar completamente a área e não permitir qualquer uso direto de seus atributos.
Uma emenda à Lei Orgânica deve ser suficiente para corrigir o problema e enquadrar
oficialmente o Parque do Ingá na categoria que há décadas o mesmo vem sendo reconhe-
cido.
Segundo revela a história do Parque do Ingá, relatada em seu plano de manejo elabo-
rado pela Prefeitura do Município em 199460, anteriormente existia uma clareira no interi-
or da área que hoje compreende o parque. Ali nascia uma pequena fonte de água, forman-
do um lago denominado “lago das lavadeiras”, em função de sua utilização pelas senhoras
para a lavagem de roupas. Além disso, o barro que ali se formava era utilizado pelas olarias
da cidade.

Foto 20 – Vista área do Parque do Ingá.


Fonte: Maringá (2003).61

60 Plano de manejo é o documento que, resultante do processo de planejamento, contém informações, orientações e
detalhamento das ações necessárias para se alcançar os objetivos da unidade de conservação, conforme sua cate-
goria de manejo (Milano, 1988).
61 Disponível em: <http:// www.maringa.pr.gov.br>. Acesso em: 20 maio 2003.

__ 100 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Essa área sofreu inúmeros incêndios; na década de 60, o incêndio foi de tal propor-
ção que devastou grande parte da vegetação. Para sua recuperação, foi efetuado o replan-
tio de espécies típicas da região, fornecidas pelo Horto Florestal da Companhia de Melho-
ramentos Norte do Paraná.
No Parque do Ingá está localizada a nascente do Córrego Moscados, pertencente a
microbacia do Ribeirão Pingüim, Bacia hidrográfica do Rio Ivaí. No ano de 1970, o córre-
go foi represado, estabelecendo-se, a partir de então, um grande lago na parte central do
Parque.
Ao longo dos anos, o lago foi recebendo água das nascentes e suportando o assore-
amento gradativo provocado pelos resíduos despejados pela ação das chuvas e também
pelas galerias de águas pluviais que despejam diretamente no parque.
Em relação ao solo, constatou-se a predominância de Latossolo roxo eutrófico, a
chamada “terra roxa”. De acordo com as características do solo encontrado no Parque do
Ingá, conclui-se que é muito resistente à erosão. No entanto, a ocorrência do fenômeno
erosivo depende da topografia e do uso e manejo empregados na área.62
Além disto, também são encontradas regiões no Parque do Ingá em que o solo, em
virtude de características peculiares, apresenta menor resistência à erosão. Assim, é possí-
vel identificar não apenas processos erosivos no Parque, como também as chamadas vo-
çorocas.
A instalação do processo de voçorocas na área do Parque do Ingá tem origem nos
seguintes fatores, conforme dados da Secretaria do Meio Ambiente de Maringá: a área
apresentar-se como bacia de captação natural das águas de cabeceira; existe a retirada par-
cial da cobertura vegetal local e das áreas adjacentes; e há ausência de planejamento para o
escoamento das águas pluviais urbanas das áreas de contribuição.
A urbanização das áreas de contribuição, com a conseqüente impermeabilização que
chega a índices próximos de 90%, bem como a utilização do parque para fins recreativos,
induziram a um aumento do escorrimento superficial e, em um futuro próximo pode até
comprometer a manutenção do parque. Além disso, o enriquecimento dos recursos da
flora e da fauna, bem como sua conservação, dependem diretamente da estabilização do
processo erosivo na área.
Algumas áreas, principalmente nas proximidades dos limites do Parque com as ruas
Barroso e Itapura, apresentam-se bastante degradadas em termos de cobertura vegetal,
sendo dominados por cipós ou por taquaras, que impedem a regeneração da vegetação
arbórea. Parte dos cipós é retirada em alguns períodos do ano, mas até o momento não
houve uma ação definitiva baseada em procedimentos técnicos e científicos. De modo
geral, essas condições estão circunscritas a pequenas manchas, cujo controle ainda é possí-
vel.

62 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Plano de Manejo do Parque do Ingá. Maringá, 1994. p. 11.

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MARINGÁ VERDE?

A fauna do parque é composta por mamíferos, aves, répteis e peixes. Como conclui o
plano de manejo do Parque do Ingá, a composição mastofaunística da região de abrangên-
cia do parque era de uma riqueza considerável antes da intensificação da exploração ma-
deireira e expansão das fronteiras agrícola e urbana. Hoje já não são mais encontrados
mamíferos representativos da composição primitiva do parque.
Na estrutura atual do Parque do Ingá, encontram-se as seguintes obras:
a) Jardim Japonês e Gruta Nossa Senhora Aparecida: o jardim foi construído em
1978, quando da visita do então príncipe japonês Akihito e da princesa Michikito
a Maringá. Já a gruta foi construída para receber a imagem de Nossa Senhora A-
parecida e, como a água que sai costumava ser consumida pelos visitantes, passou
a ser isolada já que não é apropriada para o consumo humano;
b) Zoológico: localizado a leste do lago, foi construído em 1971, para poucos ani-
mais. Entretanto, recebendo os animais apreendidos na região pelo Ibama ou I-
AP, ou recebendo-os da população que não mais deseja tê-los em casa, o número
destes aumentou sem que a estrutura disponível fosse ampliada. Como resultado,
inúmeras manifestações ocorreram, solicitando providências, no sentido de cons-
truir recintos adequados a cada espécie animal. A partir de então, o Poder Público
investiu na construção de dois recintos para os macacos-pregos e dois para os fe-
linos. Entretanto, estes mesmos recintos encontram-se completamente fora dos
padrões mínimos exigidos pelo Ibama e pela legislação específica, parecendo mui-
to mais canis do que locais apropriados para vidas selvagens de características tão
peculiares. Não há previsão para viabilizar um projeto de readequação de todos
os recintos existentes, em descumprimento do art. 225, §1º, inciso VI da Consti-
tuição Federal;
c) Lanchonete e Ancoradouro de pedalinhos: foram construídos em 1984, e contam
ao seu redor com sanitários públicos e uma grande churrasqueira, que anterior-
mente era cedida para festas. Entretanto, como esta gerava muitos problemas,
deixou de funcionar e hoje serve apenas como área coberta para alguns grupos de
visitantes. Mas sua estrutura não oferece muita segurança, devendo ser reformada
urgentemente;
A lanchonete funcionava muito próxima ao lago e, por esse motivo, necessitou ser
desativada em 2003. Os pedalinhos, por gerarem conflito com as aves que ocupam o
mesmo espaço, deveriam ser interditados, além de não possuírem segurança comprovada.
Essa medida deve apresentar forte resistência da comunidade, assim como o fechamento
da entrada alternativa do Parque em 2002. Entretanto, com a realização de campanhas
públicas de educação ambiental e inserção de outras atividades ecologicamente mais com-
patíveis com a natureza da unidade de conservação, o apoio popular pode ser conquistado.
d) Pista de “Cooper”: é bastante utilizada pelos residentes do entorno do parque,
que correm ou caminham diariamente;
e) Playground: sempre tendo sido muito utilizado pelas crianças, necessitou de ade-
quações e reformas e acabou sendo desinstalado. Hoje, há a proposta de ser cons-

__ 102 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

truído um pequeno centro rústico de educação ambiental nesta área, servindo


também de cobertura para as pessoas que visitam o zoológico em dias de chuva;
f) Cancha de bocha: foi construída em 1975 e localizava-se a cem metros da lan-
chonete. Como foi construída em madeira e encontrava-se em péssimo estado de
conservação, inclusive oferecendo perigo às pessoas que a freqüentavam, acabou
sendo desativada;
g) Abrigo e Locomotiva: localizado na entrada do parque, o abrigo foi construído
em 1984, para proteger a primeira locomotiva, Tender no 608, que chegou a Ma-
ringá em 31/01/1954. De acordo com o Projeto Memória (1985), ela foi doada
pela Rede Ferroviária Federal, em 26/01/1973, em homenagem à brava gente fer-
roviária, que abriu os caminhos férreos do norte do Paraná;
h) Instalações especiais: dentre estas se encontra a Adeam (Associação de Defesa e
Educação Ambiental de Maringá), com concessão de vinte anos, e a Administra-
ção do Parque. Ainda há um pequeno ambulatório para os animais do parque que
se encontra em péssimas condições de conservação, e um refeitório onde são
preparadas as refeições dos animais do zoológico. Essas áreas, pertencentes ao
zoológico, devem fazer parte do projeto de recuperação do mesmo;
O Parque do Ingá passou por vários problemas, dos quais alguns foram resolvidos,
enquanto outros ainda aguardam solução. Em 1994, foi criado um plano de manejo do
parque pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, visando um levantamento da área.
De uma maneira geral, identificou-se como a verdadeira raiz dos problemas do par-
que, a existência de galerias pluviais que lhe despejavam as águas diretamente. Em conse-
qüência, surgiram processos erosivos e as voçorocas, desestabilizando a área e tornando-a
restritiva a determinados usos.
Visando controlar esses problemas, foi realizada a construção de uma galeria em tun-
nel Liner Ø 2,20 m, a uma profundidade de 8 m, até as proximidades do portão 3, na
avenida Anchieta e, a partir deste, uma caneleta a céu aberto, que resolveu parte dos pro-
blemas. Entretanto, a outra metade ainda espera solução. Por isso pode-se concluir que
esses problemas foram apenas remediados e postergados. Um novo projeto de adequação
dos canais de erosão foi preparado no ano de 2003, e deve ser executado de acordo com o
Plano de Controle Ambiental que o acompanha. O alto custo das obras continua sendo o
maior empecilho para sua execução.
Ainda em 1994, foram constatadas inúmeras ligações clandestinas, de tal forma que
eram despejados resíduos domésticos naquelas galerias, além de resíduos sólidos trazidos
naturalmente pela força das chuvas. E ainda, em virtude do aumento da visitação pública,
sem a mesma equivalência em termos de equipamentos, sanitários e vigilância, constata-
ram-se também maiores danos à vegetação, ao solo e aos equipamentos disponíveis. As
ligações de esgoto efetuadas irregularmente na rede de galerias pluviais ainda permanecem,
só que não são mais clandestinas. Apesar de não ser possível identificar os responsáveis

__ 103 __
MARINGÁ VERDE?

por esses atos, o simples isolamento ou vedação das conexões já seria suficiente para con-
tornar o problema.
Para atender aos principais objetivos do Parque do Ingá, seu plano de manejo criou
um novo zoneamento para utilização da área, que ficou assim estabelecido63:
a) Zona Primitiva: compreende as áreas naturais pouco alteradas no contexto geral
e que objetivam manter os remanescentes florestais para a evolução natural e
proporcionar facilidades para pesquisa científica;
b) Zona de Uso Extensivo: são áreas naturais alteradas, que se caracterizam pela
limitada circulação e desenvolvimento de atividades. De forma geral, são áreas
que objetivam manter o ambiente natural, oferecendo facilidades de acesso públi-
co para fins educativos e recreativos;
c) Zona de Uso Intensivo: constituída basicamente por áreas alteradas, onde se
concentra grande parte das atividades e serviços, caracteriza-se pelo intenso uso e
tem como objetivo geral promover a recreação e educação ao ar livre, de modo
que o uso intensivo seja harmônico com o meio. Compreende o portal de entra-
da, o Centro de Educação Ambiental, o Zoológico, o Centro de Animação, o Jar-
dim Japonês e Gruta Nossa Senhora Aparecida, e Playground Ecológico, Mirante,
antigo Posto da Polícia Florestal, Serviços de apoio, e as já referidas Zonas de
Uso Especial;
e) Zona de Recuperação: embora de caráter temporário, pois após sua recupera-
ção será incorporada às outras zonas de caráter permanente, compreende áreas
que têm como objetivo geral deter a degradação dos recursos ambientais naturais
e promover a recuperação do ambiente local.

Foto 21 – Vista aérea do Parque do Ingá.


Fonte: Maringá (2003).

63 MARINGÁ, 1994, p. 33.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

É inquestionável a importância do Parque do Ingá para o lazer da população.


Com relação à visitação pública, estima-se que, em 1988, a freqüência média mensal
foi de 51.156 visitantes; em 1989, aumentou para 92.642 pessoas, passando, em 1990,
para 97.777 pessoas e, em 1993, para uma freqüência média mensal de 135.000 pesso-
as. Segundo a diretoria do parque, estima-se que atualmente a visitação anual seja
superior a um milhão de pessoas, das quais cerca de 78% são residentes em Maringá, o
que o elege como a área recreativa de maior importância no município e uma das
principais em todo o Estado.

Estudantes de vários colégios da cidade utilizam o parque como área de lazer e de es-
tudos.

O uso intensivo da área, sem maiores cuidados e controle efetivo dos impactos gera-
dos pela visitação, está interferindo na qualidade ambiental do parque. Neste sentido, já
foram realizadas algumas pesquisas que visaram identificar o estado ambiental do parque.
Em agosto de 1996, foi concluída a tese de mestrado em química, elaborada por Sérgio
Renato Vaz, para o Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada do Departamento
de Química do Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Maringá, sob o
título: “Estudo de aspectos químicos e físico-químicos do lago do Parque do Ingá”. Suas
conclusões, levando-se em conta as medidas químicas e físico-químicas realizadas no lago
do Parque do Ingá (temperatura, oxigênio dissolvido, DVO5d, teor de chumbo, cobre,
mercúrio, zinco e pH, concentrações de macronutrientes, índice pluviométrico, médias de
metais pesados, etc.) foram no sentido de que as águas do lago apresentam diversas classi-
ficações, de acordo com o parâmetro estudado, e em conformidade com a Resolução no
20/86 do Conama (esta resolução foi alterada pela Resolução
no 357/2005).

Tendo em vista os dados apresentados, e uma visão global das condições encontra-
das conclui-se que o lago do Parque do Ingá não acusou poluição. Os dados demonstram
a existência de metais pesados, tanto no corpo límnico do lago como nos sedimentos,
sendo que nestes foram observadas maiores concentrações.

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MARINGÁ VERDE?

Tabela 20 – Quadro clínico dos sintomas decorrentes da intoxicação


humana causada pelos principais metais pesados
Ambiente/veículo
Componentes Químicos Sinais e sintomas de intoxicação
contaminado
Água Hiperqueratose palmoplantar, hiperpigmentação
Arsênico e hipocromia da pele, gengivite e estomatite,
Ar câncer de pele e de pulmão, neuropatia periférica.
Alimentos Síndrome gastrointestinal aguda (vômitos, diar-
Cádmio réia e cólicas), osteomalacia, osteoporose, altera-
Água ções das funções renais.
Vapores de cádmio Inflamação crônica das vias respiratórias, enfer-
Ar midades pulmonares, obstrução crônica, insufici-
Óxido de cádmio ência renal, osteomalacia, câncer de próstata.
Ulceração e perfuração do septo nasal, rinite,
Cronatos de Ca, ZN, e Ki cromo
Ar brocospasmo, pneumonia, câncer brônquico,
hexavalente
dermatites, úlceras de pele.
Óxido de manganês Pneumonias, bronquites, Psicomotores Neurológicos
Água
Ferromanganês Anorexia, astenia Disartria, insônia, Hipossexua-
Ar
Óxido de Mn lidade Adinamia, Hipertonia muscular
Metilmercúrio Neurotóxicos Teratogênicos, Parestesias Encefalopa-
Alimentos
Metil ou tia, Ataxia Retardo mental, Disartria Convul-
(pescados e cereais) sões, surdez, Cegueira Paralisia cerebral
Etilmercúrio
Psíqiuicos: insônia, irritabilidade, excitabilidade,
dor de cabeça, Neurológicos: tremores, fadiga,
Outros componentes Hg Ar
Outros: fadiga, dermatite, distúrbios de compor-
tamento.
Água, ar, solo e alimentos Alterações no sistema nervoso, causando delírios,
Compostos de chumbo (produtos agrícolas e paralisia e debilidade mecânica. O envenenamen-
pescado) to por chumbo é conhecido como saturnismo.
Fonte: Cunha e Guerra (2000, p. 63).

Os metais pesados chegam ao fundo do lago, onde se depositam no lodo. Este, por
sua vez, é consumido pelos peixes que apresentaram altíssimos índices de metais pesados.
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia e Ciência Ambiental da UEM, sob
a coordenação dos professores Issa C. Jabur e Airton Delfino de Andrade, indicou que a
origem desses metais pesados, pode ser resultante de duas variáveis: a) via águas pluviais
por escorrimento superficial; e b) via lençol freático, sendo este o meio mais provável.
Dados mais recentes divulgados pelo Grupo de Pesquisas sobre Meio Ambiente
(GEMMA) da UEM comprovam a contaminação do lago do parque e reforçam a necessi-
dade de ações concretas para que as prováveis fontes de contaminação sejam eliminadas.

2.2.2 Parque Florestal dos Pioneiros - Bosque II

O Bosque II possui uma área de 59 hectares, privilegiada em termos de acesso, pois


se localiza no anel central do perímetro urbano e limita-se com as zonas 2, 4 e 5.

__ 106 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Declarado pela Lei Municipal no 1.556/82 como Área de Preservação Permanente e,


ratificado em 1990 pelo artigo 174 da Lei Orgânica do Município, o Bosque pertence ao
município e pode ser identificado através da inscrição do loteamento Gleba Maringá, na
transcrição originária no 58/37.
Supõe-se, em função das condições atuais, que a vegetação original da área do Bos-
que II foi quase que totalmente eliminada pela transformação para fins agrícolas, ocasião
em que foram mantidos alguns indivíduos da floresta original, ou por serem mal formados
ou para fins de sombreamento para o gado, ou ambos. Após o abandono da área, esta
passou a ser progressivamente ocupada pela regeneração da vegetação nativa, chegando
até a fase atual.64

Foto 22 – Vista aérea do Bosque II.


Fonte: Maringá (2003).

Em 1968, a Câmara Municipal, mediante a Lei nº 636/68, autorizou o Poder Execu-


tivo a implantar no Bosque II, um Jardim Zoobotânico, que chegou a ser projetado, mas
não executado.
No ano de 1976, o parque sofreu dois desmates significativos. O primeiro na ala nor-
te, para a construção de uma pista de motocross, inaugurada em 18/04/76, e o segundo na
ala sul, para a construção da via perimetral sul Juscelino Kubitschek, inaugurada em
26/06/76, cuja extensão é de 8km.
Por sugestão do então Chefe do Gabinete, Antônio Tortato, em 1982, a área do
Bosque II foi declarada pela Câmara Municipal como Área de Preservação Permanente,
pela Lei nº 1.556/82 e, um ano depois, denominada “Parque Florestal dos Pioneiros”, pela
Lei nº 649/83. Em 1984, sem qualquer observação aos princípios I e VII da Política Na-
cional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81, art. 2o) e aos interesses coletivos, a mesma
Câmara revogou a Lei nº 1.556/82 e autorizou o Poder Executivo Municipal a proceder à

64 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Plano de manejo do parque florestal dos pioneiros, bosque II. Maringá, 1993. p. 4.

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MARINGÁ VERDE?

recuperação ambiental e urbanização, permitindo a construção de um complexo arquite-


tônico denominado Centro Cultural.
Nessa área estava prevista a implantação de um sistema de galerias de águas pluviais
no interior e contorno externo do Bosque; a construção de dissipadores de energia; o
plantio de árvores, a construção de um teatro, um museu, um salão de convenções, uma
biblioteca municipal, além da concessão para a construção de um hotel cinco estrelas por
um prazo de 20 anos, renováveis a juízo da administração.
Não há como negar o abuso cometido pelo Legislativo do Município de Maringá
com esse ato. Em primeiro lugar, porque não é possível a revogação de uma lei que cria
uma área de proteção permanente sem uma justificativa plausível, essencialmente funda-
mentada. Depois, por assumir que tal ato decorre da intenção de desmatar toda a área para
a construção de obras com finalidades completamente diversas das previstas pelo Decreto
Federal no 84.017, de 21/09/79, que regulamenta os Parques Nacionais Brasileiros e que
era a única base legal sobre a matéria existente naquela época.
Inúmeras manifestações contrárias à construção desse complexo foram iniciadas por
vários segmentos da sociedade maringaense, destacando o prejuízo ambiental que a obra
acarretaria e sua impossibilidade legal, uma vez que a área havia sido declarada de preser-
vação permanente, assegurada, portanto, pelo artigo 2o da Lei Federal nº 4.771/65.
A única utilização que o Bosque II teve durante sua história foi quando da existência
da pista de motocross, desativada rapidamente em função da degradação que provocou no
período. Hoje, a antiga pista recupera-se gradativamente, uma vez que não houve outras
alterações drásticas, exceto em alguns trechos. Durante alguns anos, a Prefeitura autorizou
alguns produtores a instalar, no interior do Bosque, caixas de abelha para a produção de
mel. Porém, em razão da incompatibilidade de funções, as caixas foram retiradas.
Por muito tempo, o Bosque permaneceu precariamente cercado, o que possibilitou o
estabelecimento de vários pontos de entrada e, por conseqüência, o despejo de grande
quantidade de lixo. Ainda hoje é possível constatar o desrespeito com a área pelo lixo que
pode ser encontrado em seu interior e entorno.

Foto 23 – Lixo jogado no Bosque II em Maringá.


Fonte: Autor (2000).

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

O Córrego Cleópatra, inserido no Bosque II, pertence à microbacia do Ribeirão Pin-


güim, Bacia Hidrográfica do Ivaí, e tem sofrido com o assoreamento provocado pelo des-
pejo de resíduos em suas águas. Alguns pontos apresentam uma profundidade inferior a
0,50 metros e, apesar da situação crítica, as nascentes garantem sua sobrevivência.
Outro problema que acomete o Bosque II é a erosão. Tanto a declividade do terreno
quanto a impermeabilidade do solo ao redor da área já seriam suficientes para provocar a
sua erosão; mas, ocorre mais uma agravante: a existência de um sistema de captação de
água das galerias pluviais, que é canalizada para despejar um grande volume diretamente
no Bosque.
Após o despejo e em função da declividade, a água corre livremente, seguindo seu
curso e resultando em voçorocas que variam em profundidade e largura. Algumas canali-
zações são interrompidas antes do limite da área e colocam em risco a segurança dos tran-
seuntes.
As voçorocas nas regiões sudeste e sudoeste do Bosque apresentam de 1 a 1,5 m de
profundidade, tornando-se praticamente laminares conforme penetram na mata. Apesar
de pouco profundas, transportam grande quantidade de lixo ao interior da área.
Na região norte, as voçorocas apresentam maiores proporções, observando-se pro-
fundidades que variam de 0,5 a 3 m e largura de 1 a 5 m. As marcas da antiga pista de
motocross transformaram-se, formando novas voçorocas que conduzem ao córrego. O pon-
to crítico da erosão ocorre na face noroeste, onde se destaca uma voçoroca com profun-
didade superior a 18 m e largura de aproximadamente 15 m.

Foto 24 – Erosão existente no Bosque II, próxima a entrada da Usina do Conhecimento.


Fonte: Autor (2000). Esta área, atualmente, encontra-se coberta por vegetação rasteira.

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MARINGÁ VERDE?

Conforme observado pelo levantamento de campo realizado na elaboração do plano


de manejo do Bosque II, quase que a totalidade de sua área é constituída por uma forma-
ção vegetal secundária, advinda da intervenção do homem sobre a floresta original.
A fauna do Bosque II é aquela que o ambiente, pelas suas limitações de área e locali-
zação, tem capacidade de sustentar. Pelo fato de ser uma área isolada, o efeito de borda65 é
uma das principais forças a selecionar as espécies. Seu tamanho e sua atual estrutura e
composição florística constituem outro fator seletivo de espécies.
O ambiente pode se tornar apropriado para aquelas espécies adaptadas para viver nas
bordas de formações vegetais, notadamente pássaros, pequenos roedores e as aves preda-
doras.
Considerando-se as observações na área e as informações obtidas com moradores
próximos ao Bosque II, por força da elaboração do seu plano de manejo, constata-se com
freqüência as seguintes espécies: gambá da orelha branca, ouriço cacheiro, preá, cutia, tatu,
macaco-prego, lagartos-teiú, e uma variada avifauna. O sagüi, introduzido na área, também
é facilmente observado.
Em 1993, a Prefeitura elaborou o Plano de Manejo do Bosque II, buscando promo-
ver sua recuperação ecológica e viabilizar sua utilização ordenada e compatível com os
objetivos legais e filosóficos da área como unidade de conservação.
Nesse plano de manejo, foi realizada uma pesquisa com a população que reside ao
redor do Bosque e a que visita freqüentemente o Parque do Ingá, em um total de 1.566
pessoas, “a fim de obter subsídios básicos acerca das necessidades dos visitantes potenciais
e integrar as atividades passíveis de serem desenvolvidas na área, sem que isto comprome-
ta sua qualidade natural”66.
Na tabela 21, é possível identificar o que mais atrai o interesse da população segundo
a pesquisa mencionada.

Tabela 21 – Resultado da pesquisa do Plano de Manejo do Bosque II


Porcentagem da
Resultados obtidos
população
Número de pessoas que conheciam o bosque. 52,2%
Não conheciam o bosque, mas gostariam de fazê-lo. 90%
Residiam em bairros da periferia de Maringá. 61,1%
Residiam nos bairros que circundam o bosque. 31%
Pessoas sem instrução escolar. 5,4%
Pessoas que cursavam ou concluíram o 1o e 2o graus. 82,5%
Pessoas que cursaram ou cursavam o nível superior. 12,1%
O parque deveria ser mantido como está. 9,5%
O parque deveria ser urbanizado como o Parque do Ingá. 20%
Deveria ser área de lazer com usos limitados. 50%
Falta a reestruturação do parque, interna e externa. 20%
Disposição em pagar (U$ 0,30) para visitar o bosque. 85,4%
Fonte: Autor.

65 É uma área de transição entre ambientes diversos; neste caso, o ambiente urbano e a floresta. Se estende da área
limite até dezenas de metros, provocando alterações na flora e fauna, em virtude dos seguintes efeitos: luminosi-
dade, compactação do solo, variação de temperatura, etc.
66 MARINGÁ, 1993. p. 14.

__ 110 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Conclui-se que a população tem interesse na estruturação do Bosque II, dispondo-se


a sair dos bairros das periferias para ter uma área de lazer bem equipada, aliado ao fato de
que a própria visitação pré-ordenada poderia gerar receita suficiente para sua manutenção.
Quando se trata de gerenciamento das receitas obtidas com a visitação pública, apli-
cam-se os mesmos apontamentos realizados para o Parque do Ingá, no sentido de que
deveria ser constituído um sistema de gerenciamento autônomo dos Parques, para que
problemas financeiros não prejudicassem a conservação e o aproveitamento das áreas
verdes de Maringá.
Também em função dos resultados da pesquisa mencionada, optou-se, no Plano de
Manejo do Bosque II, pela realização de várias obras nesse parque.
Em primeiro lugar, a área do Bosque passou por um processo de zoneamento, visan-
do estabelecer os usos de cada parte do parque. Por isso foi necessário um levantamento
minucioso de seu estado, desde os problemas erosivos até às espécies de fauna e flora
existentes em seu interior. Assim, ficaram estabelecidas as seguintes zonas com as respec-
tivas características:67
a) Zona Primitiva: compreende as áreas naturais que contêm espécies da flora e
fauna ou fenômenos naturais de elevado valor científico, onde a alteração tenha
sido pequena. Tem por objetivo geral de manejo, possibilitar atividades de pes-
quisa científica, educação ambiental e formas primitivas de recreação. Compreen-
de 2,17% da área do parque.
Suas normas de uso são as seguintes: o público não terá acesso à área, exceto para
fins de pesquisa científica; os estudos não poderão alterar o ecossistema, e dependerão de
prévia autorização do Conselho Técnico-Científico da área; deverão ser eliminados todos
os vestígios da interferência humana na área.
b) Zona de Uso Extensivo: é constituída basicamente por áreas naturais que sofre-
ram algumas alterações e caracteriza-se pelo uso limitado. Esta zona objetiva
manter a qualidade natural do meio ambiente, permitindo o acesso e o estabele-
cimento de algumas facilidades aos visitantes, para fins educativos e recreativos.
Compreende 1,84% da área do parque.
Nessa área, as normas de uso possíveis são as seguintes: o acesso de veículos só será
permitido a serviço; as trilhas propostas deverão provocar menor impacto sobre o meio;
não serão permitidas atividades conflitantes com os objetivos da unidade de conservação;
em dias chuvosos ou de ventania, as trilhas devem ser interditadas, a título de segurança; e
os procedimentos de proteção e fiscalização deverão ser intensificados, de acordo com o
número de visitantes.
c) Zona de Uso Intensivo: é constituída por áreas naturais ou alteradas pelo ho-
mem, onde o ambiente é mantido o mais próximo possível do natural. Destina-se
ao uso público mais intenso e contém, em geral, centro de visitantes, museus e
outras facilidades e serviços. Compreende 1,54% da área total do parque.

67 MARINGÁ, 1993, p. 16.

__ 111 __
MARINGÁ VERDE?

Quanto às normas de uso da área, será obrigatório o funcionamento do centro de vi-


sitação quando o parque estiver aberto à visitação; serão permitidas apenas atividades
condizentes com o ambiente natural, tais como a observação e interpretação da natureza,
passeios e fotografia, entre outros; deverão ser construídas instalações básicas como lixei-
ras, sanitários e bebedouros; a fiscalização e a manutenção deverão ser contínuas; não será
permitida a utilização de equipamentos sonoros; deverá haver um sistema de comunicação
visual através de painéis e placas informativas.
d) Zona de Recuperação: possui caráter provisório e, uma vez recuperada, a área
deverá ser incorporada às outras zonas de caráter permanente. Caracteriza-se por
apresentar degradações resultantes da interferência humana combinada aos pro-
cessos naturais. Compreende 94,45% da área total do Bosque.
As principais normas de uso e manejo da área são: impedir a entrada de águas pluvi-
ais, despejos industriais e esgotos, oriundos da região externa do bosque; facilitar a regene-
ração natural de espécies vegetais; restabelecer a diversidade natural da flora e da fauna;
recuperar o solo erodido ou pelo menos estabilizar o processo; e proibir o acesso do pú-
blico nessas áreas.
Nessas normas previstas pelo zoneamento, serão construídas as seguintes obras que
visam permitir o uso adequado do Bosque:
a) um centro de visitação, com infra-estrutura básica e um mirante com visão geral
do parque;
b) trilha de interpretação, com quatro painéis ilustrativos;
c) um mirante da maior voçoroca da área, coberta com vegetação;
d) uma ponte pênsil sobre o Córrego Cleópatra;
e) uma praça e quiosques, para manifestações e lazer;
f) uma passarela que inicia-se no final da trilha de interpretação e termina num deck,
em forma circular, no meio do lago;
g) uma pista para caminhadas, em todo o entorno do parque.
De todas as obras enumeradas, atualmente já é possível visualizar algumas obras con-
cluídas. A avenida marginal ao parque já está pronta, e permite o fluxo de veículos por
suas pistas duplas. Essa obra foi financiada pelo programa do governo estadual “Paranaci-
dade”, que capta recursos através do Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID).
Outras obras de maior importância ambiental são as galerias pluviais internas do
Bosque II. Além das galerias tubulares comuns, foram construídas duas galerias celulares,
que possuem maior capacidade de drenagem de águas pluviais. De uma forma geral, as
galerias pluviais existentes não foram totalmente concluídas, sendo que o caminho restante
até o córrego passou a ser seriamente erodido pela força das águas.
As águas pluviais que se encaminham das avenidas Cerro Azul, Paraná e Itororó ain-
da são despejadas dentro do bosque, causando erosões e voçorocas.
Além dessas modificações, foram ainda concluídas a pista de passeio e a ciclovia no
entorno do Bosque. Nota-se que todas essas obras visaram apenas o aspecto estético da
área, por localizar-se praticamente na zona central da cidade, ignorando o verdadeiro
“câncer” que assola o seu interior e que constitui problemas gravíssimos da estrutura de
drenagem do Parque dos Pioneiros.
Outro erro criminoso da Administração passada, do ex-prefeito cassado Jairo Giano-
to, foi a doação, com o aval da Câmara Municipal, para o Governo do Estado, de uma
área referente à Usina do Conhecimento, no ano de 2000. Trata-se de uma construção

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

cravada dentro da mata, junto à avenida Itororó, em que era desenvolvido um programa
da última Administração do Estado do Paraná, voltado para pequenos cursos e treinamen-
tos, tais como: computação, violão, artesanatos etc.
Não é necessária muita elaboração discursiva para apontar a inconstitucionalidade da
doação, por tratar-se de área declarada de preservação permanente, e portanto, sobre a
qual não poderia ser realizada qualquer edificação. Ainda assim, as obras realizadas foram
completamente contrárias ao estabelecido no plano de manejo do Bosque II, elaborado
em 1993.
Com o objetivo de tentar legalizar a referida doação, foi alterada a lei de uso e ocupa-
ção do solo de n° 46/94, em especial quanto ao artigo 7°, parágrafo 2º, que previa a proi-
bição de edificações nas Zonas de Preservação Permanente 1 e 3, que diziam respeito
exatamente ao Bosque II, pela Lei n° 331/99.
A total implementação do Plano de Manejo do Bosque II não tem previsão para ser
iniciada, dependendo de recursos financeiros do governo estadual ou federal. Percebe-se
que não existiu uma manifestação popular no município que cobre a abertura do parque
para visitas na pauta das discussões das prioridades da Administração Pública.68

2.2.3 Horto Florestal

Situado ao lado do perímetro urbano de Maringá e abrangendo uma área de 37 hecta-


res, o Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes apresenta uma cobertura florestal consti-
tuída dos mais expressivos representantes das matas nativas, como: peroba, cedro, pau
d’alho, figueira branca, marfim, amoreira, guaritá, gurucaia, alecrim, espeteiro, algodoeiro,
entre outros.

Foto 25 – Horto Florestal.


Fonte: Maringá (2004).

68 Para maiores informações sobre o Bosque II, em especial quantos aos impactos ambientais existentes na área,
ZAMUNER, L. D. Erosão urbana em Maringá-Pr: o caso do Parque Florestal dos Pioneiros – Bosque II. 2001. 212 f.
Dissertação (Mestrado em Análise Ambiental e Regional)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2001.

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MARINGÁ VERDE?

Constituído pelos lotes de terras de no 335, 356, 357, 358, 359 e 360, da Gleba Patri-
mônio Maringá, na Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes, conforme a matrícula de no 25.038,
o Horto Florestal foi declarado como Reserva Florestal Municipal por força da edição do
Decreto no 203, de 5 de abril de 1994.
A área escolhida pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná foi mantida por
duas razões principais: preservar essências exuberantes da mata nativa da região, e por
possuir no seu interior as nascentes que dão origem ao córrego Borba Gato.
A idéia de criação do Horto não foi apenas a de preservar um belo pedaço de mata
junto à cidade, conforme relata o livro sobre a colonização e o desenvolvimento do norte
do Paraná, editado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.; o objetivo foi além,
pois a diretoria da CMNP desejava que esse empreendimento fosse o núcleo inicial de um
futuro instituto científico e que fizesse escola através de seu trabalho na arborização e
ajardinamento das vias públicas e áreas particulares.69
Para desenvolver esse plano, Luiz Teixeira Mendes, auxiliado por Aníbal Bianchini,
foi buscar nos viveiros do Serviço Florestal de São Paulo, do Instituto Agronômico de
Campinas e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz”, o vasto material botâni-
co adequado, enriquecendo, a flora dessa região.70
Assim, o Horto Florestal firmou-se como viveiro, atendendo a mais de um milhão de
pedidos de mudas. Com a saída da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná da cidade
de Maringá e a mudança da política de investimentos da nova diretoria, o viveiro do Horto
foi simplesmente desativado, contrariando, assim, os principais objetivos da empresa que
o criou.

Foto 26 – Lago do Horto Florestal.


Fonte: Maringá (2004).

69 COMPANHIA MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ. Colonização e desenvolvimento do norte do Paraná,


depoimentos sobre a maior obra do gênero realizada por uma empresa privada. 24 de setembro de 1975. 295 p. Publicação
comemorativa do cinquentenário da CMNP.
70 Ibid.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Não existe um plano de manejo da área, apesar da imensa visitação pública que a u-
nidade recebia todos os fins de semana. Ademais, atualmente, o Horto Florestal é objeto
de uma ação judicial envolvendo a CMNP e a Prefeitura Municipal de Maringá.
Em 1999, a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná ingressou em juízo com
uma ação de indenização por desapropriação indireta, sob o no 164/99, na 1a vara cível da
comarca de Maringá.
Alega a CMNP que a partir da declaração da área como reserva florestal municipal,
em 1994, houve a perda da posse efetiva da área e do seu valor econômico, sem ter-se
seguido o processo de desapropriação e a justa indenização.
O IAP, declarado como autoridade florestal do Estado do Paraná, conforme a lei es-
tadual nº 11.054/95, julgou a referida área como de “interesse ecológico”, conforme a
declaração expedida para fins de isenção de imposto territorial rural (ITR).
De fato, o Supremo Tribunal Federal, no acórdão do recurso extraordinário
no 5.731/1973-PR, da 1a turma, publicado em 15 de maio de 1973, sendo seu relator o
Ministro Alioma Baleeiro, assinalou que a “desapropriação indireta é uma criação pretori-
ana, isto é, da jurisprudência, à base da reivindicação convertida em indenizatória de esbu-
lho”, acrescentando ainda que “funda-se, em última análise, na prática de ato ilícito dos
prepostos da autoridade, que deveria ter promovido a expropriação com imissão de posse
e, entretanto, não o fez, ordenando a violência ou fraude contra o particular”.
Há outras decisões citadas pela autora da ação de desapropriação indireta do Horto
Florestal neste sentido, incluindo-se as seguintes:

Não é negado ao Poder Público o direito de instituir parques na-


cionais contanto que o faça respeitando o sagrado direito de pro-
priedade, assegurado pela Constituição Federal.
(STJ, Resp. 5.989-PR, 13.03.91)
Processual Civil – Desapropriação indireta – Criação de reserva
florestal – restrição de uso da propriedade particular – indeniza-
ção – juros compensatórios.
(STJ, Resp. 43.875-SP, 1a turma, DJ 22.08.94)

Em sua defesa, a Procuradoria da Prefeitura Municipal de Maringá alegou duas pre-


liminares, quais sejam: a) a inexistência de causa de pedir remota, uma vez que a área já era
preservada pela própria Companhia Melhoramentos Norte do Paraná; e b) a denunciação
da lide do Governo do Estado do Paraná, em virtude do reconhecimento do estado de
que a área é unidade de conservação contemplada, inclusive com o ICMS Ecológico insti-
tuído pela Lei Complementar no 59/91.
Quanto à defesa de mérito, a Prefeitura Municipal de Maringá alegou que tentara
uma permuta da área do Horto pela área do aeroporto municipal Gastão Vidigal, assim
que este estivesse desativado, pela Lei no 4.011/95, mas as negociações não progrediram.
Houve a concessão de uso da área do Horto, entre 29 de dezembro de 1994 até 31 de
dezembro de 1996, para a Prefeitura Municipal de Maringá, de acordo com artigo 7o do
Decreto Lei nº 271/67. Todavia, a cessão foi rescindida em agosto de 1996, pois a Com-
panhia Melhoramentos Norte do Paraná não quis fazer a referida permuta pela área do

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MARINGÁ VERDE?

aeroporto velho, e a obra de drenagem necessária para o Horto seria, e ainda é, muito
onerosa para a Prefeitura, que não teve interesse em iniciar as obras, já que não permane-
ceria com a área.
Em 20 de julho de 1999, a CMNP sofreu uma autuação ambiental da Semma
no 5.104/99, para que construísse um passeio público. Esse foi o principal argumento
utilizado pela CMNP na ação para provar a desapropriação indireta. Ao mesmo tempo, a
Prefeitura utilizou esse mesmo fato para argumentar o seu poder de polícia sobre as ativi-
dades particulares de interesse coletivo.
Dentre os argumentos utilizados na defesa pela Prefeitura Municipal de Maringá, o
que mais se destaca é o de que a área foi criada com objetivos de preservação ambiental
pela própria autora da ação. Isto quer dizer que o município, assim como o Estado, apenas
reconheceram a importância ambiental da área para toda a coletividade.
Discussões jurídicas à parte, o resultado é uma imensa briga existente para saber
quem ficará obrigado a gerir essa unidade, como se esse fosse o único problema a ser
enfrentado. Isto apenas demonstra o descaso incompreensível da CMNP com uma área
criada por ela mesma, para fins de preservação, e da própria Administração Pública, que
não quer se ver obrigada a “desapropriar” mais uma área de preservação em seu território,
pois, como se pode perceber, as já existentes estão abandonadas.
Além de não aceitar a denunciação da lide, ou seja, a co-responsabilização do Institu-
to Ambiental do IAP, o juiz da causa deferiu o pedido de produção de provas da Compa-
nhia Melhoramentos Norte do Paraná, com o objetivo de verificar a situação do imóvel, as
restrições ambientais à propriedade e o valor venal da mesma. A partir de um método
comparativo com outros imóveis no mesmo contexto (tamanho e localização), o perito
Alinor Rodrigues Jr. (engenheiro civil) estimou o valor do Horto Florestal em
R$ 11.310.000,00 (onze milhões, trezentos e dez mil reais) (1999).
Ao manifestar-se sobre o valor da vegetação existente no Horto Florestal, o mesmo
perito informa tratar-se de um “patrimônio inestimável, já que representa mata nativa de
um Estado que possui menos de 5% de matas remanescentes da cobertura original...”.71
Apenas em área de preservação permanente, o Horto Florestal possui 30.330,00 m2.
O parecer do Ministério Público, aponta que não existe interesse de agir da autora,
pois não houve desapropriação nem qualquer indicativo desse interesse por parte do mu-
nicípio, além de não haver depreciação econômica da propriedade.72
Concomitantemente, o Ministério Público de proteção do meio ambiente de Maringá
ingressou com uma ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao ambiente
natural contra a Prefeitura de Maringá e a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. O
Ministério Público pediu e obteve a liminar obrigando as rés ao: a) isolamento da área por
meio de cercas; b) solução para a poluição lançada nas galerias pluviais que correm para
dentro do Horto Florestal; c) construção de dissipadores de energia para conter a força
das águas e evitar processos erosivos no interior da área; e a aplicação de multa diária no
valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) em caso de descumprimento.

71 Autos de nº 164/99, 1ª Vara Cível da Comarca de Maringá, p. 253.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

No pedido principal da ação civil pública, o Ministério Público pediu: a) a elaboração


de um projeto de manejo para a área; b) o isolamento das áreas de preservação permanen-
te; c) a recuperação das áreas de preservação permanente; d) a construção de galerias plu-
viais adequadas para a área de drenagem do entorno; e) a limpeza dos resíduos existentes
no interior do Horto Florestal; f) a retirada dos esgotos clandestinos ligados à rede de
galerias pluviais que desembocam no interior da área; g) a educação ambiental da popula-
ção quanto à importância de preservação da área. Estes pedidos principais ainda não fo-
ram julgados definitivamente, mas com certeza serão deferidos pelo juiz competente.
Quanto à ação proposta pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, o juiz da
causa sentenciou no sentido de que não houve desapossamento da área, de forma que a
declaração de sua importância ecológica pelo Município de Maringá ocorreu apenas para a
concessão de descontos de IPTU para a autora.73
Atualmente, a área encontra-se fechada para visitação pública, e a empresa insiste em
justificar sua omissão pelo prejuízo econômico que estaria sofrendo. O meio ambiente em
Maringá continua pagando um alto preço pela demora em serem apresentadas respostas
aos seus principais problemas ambientais.

2.2.4 Bosque das Grevíleas

O Bosque das Grevíleas localiza-se na Avenida Brasil com Pio XII, em frente à praça
Dom Manuel da Silveira, com uma área aproximada de 34.972,92 ha.

Foto 27 – Entrada do Bosque das Grevíleas.


Fonte: Maringá (2003).74

72 Autos de nº 164/99, 1ª Vara Cível da Comarca de Maringá, p. 360.


73 Autos de nº 164/99, 1ª Vara Cível da Comarca de Maringá, p. 386.
74 Disponível em: <http:// www.maringa.pr.gov.br> . Acesso em: 23 maio 2003.

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MARINGÁ VERDE?

Conforme relato de Aníbal Banchini, a área ocupada pelo bosque seria destinada pela
CMNP ao loteamento, para ser vendida aos interessados que chegavam em Maringá na-
quela época.75
Enquanto isto não ocorria, Bianchini, então responsável pela arborização de Maringá,
de acordo com a parceria existente entre a CMNP e a Prefeitura, resolveu plantar grevíleas
robustas, naturais de Queensland, Austrália, naquela área então ocupada por mato.
Posteriormente, a CMNP resolveu utilizar parte da área como equipamento comuni-
tário, ou seja, uma praça. Assim, a área ocupada hoje pelo “contorno” foi doada à Sanepar,
para a construção de um reservatório, e o restante ainda deveria ser vendido pela CMNP.
Ocorre que as grevíleas cresceram, e a população não aceitou a proposta de venda
daquela área para fins de loteamento, de forma que começou uma verdadeira campanha
popular para que se impedisse o desmatamento da área. A mobilização teve sucesso, de tal
sorte que toda aquela área foi destinada a ser uma praça.

Foto 28 – Bosque das Grevíleas.


Fonte: Maringá (2004).

75 Informações verbais fornecidas pelo Sr. Aníbal Bianchini em entrevista pessoal e exclusiva em 30/10/2000.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Então, houve uma proposta de compra da área pela primeira rede de televisão que se
instalava em Maringá e via naquele local um dos pontos mais altos da cidade, perfeito para
a localização de suas antenas. Em sua gestão, o prefeito Silvio Barros autorizou a instala-
ção das antenas, de tal forma que a CMNP ingressou com uma ação de interdito proibitório,
impedindo a continuação do empreendimento.
Finalmente, houve um acordo com a Prefeitura e a área foi doada para o patrimônio
municipal, sendo considerada um bosque municipal. Na gestão do prefeito Sahid Maluf,
foram colocadas cercas em volta do Bosque, e posteriormente, feita a construção de uma
pista de pedestres em seu entorno, com a plantação de flores em todo o seu percurso, sob
a responsabilidade de Aníbal Bianchini.
Hoje o Bosque é utilizado pela população do bairro em que se localiza para caminha-
das e visitas nos fins de semana. Por ser composto exclusivamente por uma espécie exóti-
ca, apresenta uma beleza diferenciada, não necessitando de maiores cuidados da Adminis-
tração Pública, salvo a manutenção dos gramados, iluminação e jardins.
A área ainda não foi classificada de acordo com a Lei nº 9.985/2000, não contendo,
também, um plano de manejo. Trata-se, por enquanto, de uma área de mata exótica insta-
lada dentro da área urbana, com características de uma praça.

2.2.5 Outras Áreas Verdes

Talvez pelo fato de a Lei no 9.985/2000, que sistematizou o Sistema Nacional de U-


nidades de Conservação da Natureza (SNUC), ser recente, ou ainda, por nunca ter existido
no município de Maringá uma política efetiva de criação e gerenciamento de unidades de
conservação (as ações da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná resumiram-
se apenas na criação de áreas, que foram na seqüência desprovidas de gerenciamento e
“abandonadas”), a maior parte das áreas verdes de Maringá não possui classificação legal
oficial, apresentando, também, problemas sérios de conservação.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente dificilmente realiza vistorias nas áreas ver-
des. Mesmo quando se encontram cercadas, muitas vezes as áreas são utilizadas por mar-
ginais e desocupados para esconderem objetos decorrentes de roubos, além do uso de
drogas.
A própria população utiliza essas áreas como depósitos clandestinos de entulhos e li-
xo, com uma impercebível repressão da Prefeitura Municipal. Mesmo recebendo fundos
decorrentes do ICMS Ecológico, o município não faz o repasse de praticamente nada para
a aplicação nas áreas verdes, de modo que não há qualquer programa de manejo tampouco
há uma política clara de gerenciamento.

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MARINGÁ VERDE?

Foto 29 – Entulhos jogado no Parque do Cinqüentenário em Maringá.


Fonte: Autor (2000).

As áreas verdes servem para refúgio de algumas espécies de pássaros e pequenos a-


nimais, quando estes conseguem se adaptar ao pequeno espaço e escassez de alimentos.
De fato, a maior parte desses parques reduz-se a pequenas áreas, do tamanho, às vezes, de
uma quadra.
Esses dados passam a ser ainda mais preocupantes, quando contrastados com a reali-
dade da vegetação de grande porte identificada no município de Maringá com a ajuda do
Satélite Landsat 7 – EMT+. De acordo com levantamentos apresentados pela Comissão
de Assessoramento para Recuperação de Fundos de Vale da Prefeitura de Maringá
(CARFV) utilizando uma imagem de 25 de agosto de 2000, o município conta com o
insignificante valor de 2,39% de matas de grande porte em todo o seu território.
Desde 1991, quando da elaboração do Plano Diretor de Maringá, já foi constatada
uma série de diretrizes e ações relativas às áreas verdes do município, quais sejam:

2.1.5 Vegetação e Áreas de Preservação Ambiental


Diretrizes
- Incentivar o reflorestamento e/ou manutenção das reservas
de vegetação nativa existentes no Município;
- Proteger, recuperar e incrementar a arborização urbana;
- Garantir a preservação das condições ambientais dos ecossis-
temas naturais existentes no município;
- Expandir as áreas de preservação para a região norte, recupe-
rando o padrão de cidade-jardim do plano urbanístico original;
- Formalizar a legislação que regulamente a proteção dos recur-
sos naturais.

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CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Ações
- Demarcar as áreas de vegetação nativa ainda existentes no
Município e utilizar o projeto de utilização racional;
- Elaborar um Plano de Arborização Metropolitana, com cria-
ção de um viveiro comum aos municípios do Consórcio;
- Atualizar os planos de arborização urbana em conjunto com
condições de eletrificação (mudas, localização de vias, interferên-
cia em obras civis);
- Incluir no Código de Posturas e Obras regulamentação quan-
to ao plantio de árvores em vias urbanas;
- Fazer levantamento sobre as condições ambientais do Horto
Florestal e avaliar a viabilidade de transformá-lo em parque Mu-
nicipal;
- Aproveitar glebas vazias, transformando-as em áreas verdes
de preservação e viveiros de árvores frutíferas;
- Transformar a área vazia próxima à lagoa da Sanepar em área
verde de preservação;
- Encaminhar ao Legislativo Municipal projeto de lei para pre-
servação das áreas verdes na zona rural, com fiscalização efetiva;
- Aumentar as áreas de grama nas vias públicas;
- Criar Parque Regional Ribeirão Paiçandu, onde existe atual-
mente uma represa;
- Criar Parque Regional do Ribeirão Pingüim, a partir de sua
nascente num total de 8.000 m de comprimento e 60m de largura;
[...].

A Lei Complementar no 331/99, que “dispõe sobre o Uso e Ocupação do Solo no


Município de Maringá e dá outras providências”, e que compõe o Plano Diretor do Muni-
cípio, dispõe sobre as áreas verdes locais consideradas como Zonas de Proteção Ambien-
tal. Essas zonas não possuem os mesmos rigores de uma área de preservação permanente
ou mesmo da maior parte das unidades de conservação integrantes do SNUC, entretanto,
são titulares de tratamento especial previsto na própria legislação municipal.

Art. 7° - Para efeito desta Lei, a área do Município fica subdividi-


da nas seguintes zonas:
[...]
VI - Zonas de Proteção Ambiental - ZP, destinadas a contribuir
para a manutenção do equilíbrio ecológico e paisagístico no terri-
tório do Município, admitidas apenas edificações que se destinem
estritamente ao apoio às funções dos parques e reservas florestais,
dividem-se em:
[...]
b) ZP2: Parque do Ingá;
c) ZP3: Bosque II;

__ 121 __
MARINGÁ VERDE?

d) ZP4: Horto Florestal;


e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;

Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:


a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) Parque do Sabiá: com uma área de 88.165, 41 m2, também constituída de rema-
nescentes da vegetação nativa da região, não possui qualquer sistema de gerenci-
amento e ainda espera um plano de manejo e de medidas básicas para a garantia
de sua conservação.
e) Parque Gralha Azul: trata-se de uma área com pouca vegetação exótica, pela qual
passa um córrego. Nas margens ao invés da devida mata ciliar preservada, encon-
tram-se campos de futebol e poucos equipamentos de lazer. A área não é cercada
e além de não possuir reconhecimento legal como unidade de conservação, tam-
bém não possui plano de manejo.
f) Parque do Cinqüentenário: a área está sendo objeto de um acordo inédito da Pre-
feitura Municipal de Maringá com a UEM que se compromete a gerir e manter a
área, com projetos educativos e de pesquisa. Um plano de manejo deverá ser ela-
borado e servir de diretriz básica para a estruturação da área e a sua classificação
como unidade de conservação integrante do SMUC, já que até o momento a área
continua sem isolamento e sem plano de manejo. Este projeto está encontrando
resistência na atual gestão.
g) Parque Florestal Municipal das Palmeiras: localizado na quadra 85-A do Jardim
Vitória, com área de 61.134,48 m2, e reconhecido como parque pela Lei Com-
plementar nº 3.513/93 e pelo Decreto nº 504/94, também não possui plano de
manejo.
h) Recanto Borba Gato: localizado na área verde com 76.540,48 m2, do Conjunto
Residencial Inocente Vilanova Junior, foi declarado como parque municipal pelo
Decreto nº 504/94, e não possui plano de manejo, apesar de estar cercado e pos-
suir pequenas infra-estruturas.
Antes de passar para a elaboração dos planos de manejo de cada uma das diversas á-
reas verdes espalhadas pelo perímetro urbano de Maringá, a Administração Pública, em
parceria com a comunidade, através do Comdema, deveria elaborar as diretrizes do
SMUC, com base no Sistema Nacional e nas características naturais e vocações de turismo
e lazer dessas áreas.

__ 123 __
MARINGÁ VERDE?

PÁGINA 124 – EM BRANCO

__ 124 __
3 Lixo urbano

A partir do momento em que o homem deixou de ser nômade e passou a fixar-se em


determinado território, seus hábitos sofreram algumas alterações, criando novas situações
em relação aos resíduos sólidos. Principalmente após a Revolução Industrial, o problema
dos resíduos tornou-se público, à medida que sua produção passou a ser em massa.
Lixo pode ser definido como tudo o que sobra do processo produtivo humano, seja
orgânico ou não, proveniente de indústrias ou residências, excetuando-se aquele que com-
põe o esgoto municipal.
Para a compreensão do problema e busca de uma solução efetiva, deve-se conhecer
suas origens e como se forma. Também chamado de resíduo sólido urbano, o lixo nunca
foi tão produzido quanto hoje e passa a ser quase uma obrigação pensar nele.
No mundo todo são mais de seis bilhões de pessoas vivendo e produzindo todo o ti-
po de resíduo. A grande maioria não se preocupa para onde o mesmo vai ou o que será
feito com ele. Plásticos, papéis, papelão, vidro, restos de comida, latas, metais, madeira,
panos velhos e uma infinidade de materiais se acumula sem um destino certo.
Na natureza, sempre existiu a reciclagem. Nas florestas, folhas, galhos, troncos e a-
nimais mortos se decompõem pela ação de microorganismos e acabam se transformando
em solo e nutrientes para outras plantas e animais. Esse ciclo vital é contínuo em perma-
nente transformação.
O homem acabou inventando uma série de novos materiais difíceis de apodrecer ou
degradar, retornando para a natureza intactos. Esses materiais se acumulam, contaminan-
do e destruindo o solo, o subsolo, a água e o ar, acarretando problemas sanitários.
Hoje, faltam locais para a deposição adequada desses materiais. Devido a esses fato-
res, tem-se falado muito na reciclagem como uma forma de reaproveitar esses resíduos,
economizando matéria-prima, energia, transporte e gerando empregos.
Sabe-se atualmente que todos os métodos de gerenciamento do lixo causam algum
impacto ambiental. A descarga do lixo em depósitos pode causar a poluição das águas
subterrâneas, quando a chuva faz a lixiviação dos materiais de lixo, liberando as substân-
cias perigosas. E quando o lixo orgânico se decompõe, o metano se acumula, criando
riscos de explosão.
Quando o lixo é incinerado, os gases liberados podem conter dioxinas, além de ou-
tros poluentes atmosféricos perigosos. As cinzas resultantes da incineração geralmente são
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

descarregadas em depósitos, onde Horto


d) ZP4: metaisFlorestal;
pesados e outras substâncias tóxicas podem
penetrar nas águas subterrâneas. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
A reciclagem do lixo pode também
f) ZP6: Bosque causar a poluição do ar e da água, se os produtos
das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
químicos usados no reprocessamento dos materiais não forem manejados de forma apro-
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
priada. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Com o uso adequado de tecnologias,
j) ZP10: ParqueaEcológico
poluição causada
Municipalpelo
do lixo pode ser reduzida a
Guaiapó;
níveis suportáveis. Eliminark)o ZP11: perigoParque
com aFlorestal
descargaMunicipal
do lixo édas Palmeiras;Porém, velhas
impossível.
instalações de descarga devem l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
ser melhoradas ou substituídas por novos equipamentos.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Essa é, sem dúvida, uma tarefa dispendiosa,
n) ZP14: mas é Werner
Parque Alfredo um dosNyffeler;
preços a serem pagos para a
manutenção do desenvolvimento o) ZP15:sócio-econômico
Reservas do Córregoem harmonia
Borba Gatocom76; a qualidade de vida

e a preservação da natureza. p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;


q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
A legislação brasileira ainda não está sistematizada para a regulamentação integral dos
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
problemas gerados pelos resíduos s) ZP19:sólidos,
Reservada domesma
Córregoforma como ainda não há uma sis-
Moscados;
tematização dos níveis de poluição nas mais diversas atividades e em relação aos diversos
Destacam-se,
recursos naturais. dentre elas, as seguintes áreas:
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
De acordo com o art. 12 da Lei Federal nº 2.312, de 3.9.1954, que dispôs sobre nor-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
mas gerais de defesa e proteção da saúde, “a coleta, o transporte e o destino final do lixo
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
deverão processar-se em condições que não tragam inconvenientes à saúde e ao bem-estar
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
público, nos termos da regulamentação a ser baixada”.
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Nesse aspecto, o 053, de 01 de março de 1979, edita-
cercada pelasobressai-se
Prefeitura de a Portaria
Maringá,Federal
numa ntentativa de isolamento das principais
da pelo Ministro de Estado do
áreas verdes do município. Interior, em decorrência de uma proposta feita pelo Secre-
tário b)
do Jardim
Meio Ambiente.
Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2para
De suas 14 disposições, destacam-se quatro a análise
, nela deste
localizam-se
trabalho.duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
No tram-se
artigo 1°, ficou
dois estabelecido
córregos que os projetos
que praticamente não de “tratamento
possuem e disposição
mata ciliar preservada.de resí-
Na
duos sólidos, bem como a fiscalização de sua implantação, operação e
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso manutenção, ficam
sujeitos àfinanceiro
aprovaçãoespecialmente
do órgão estadual de controle
direcionado paradaa poluição e de preservação
implementação de estruturas ambien-
que
tal.”; no caso de Maringá, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
No que
artigo 3°, ficou
se pode estabelecido
encontrar que “os
é uma pista resíduos sólidos
de caminhada de natureza
mal projetada; uma tóxica, bem
sede utiliza-
como osda que contêm substâncias inflamáveis, corrosivas, explosivas,
por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia radioativas e outras
consideradas prejudiciais,
Florestal deverão
a partir de maio de sofrer
2003;tratamento ou acondicionamento
e uma imensa área desmatada. Um adequado,
projeto node
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
próprio local de produção, e nas condições estabelecidas pelo órgão estadual de controle tornar a área um
ponto
da poluição e dedepreservação
lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
ambiental”.
inda aguarda recursos financeiros.
O artigo 4°, estabelece que “os lixos ou resíduos sólidos não devem ser lançados em
c) Parquelagos
cursos d’água, Florestal Municipal
e lagoas, salvo na dashipótese
Perobas:delocalizado
necessidadenosdelotes 210-A
aterro e 211-A,
de lagoas 210
artifici-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2
ais, autorizado pelo órgão estadual”.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
E, por
florafim,
e daaquele
faunaque
da pode
região.serEssa
considerado um dos artigos
área, reconhecida mais importantes
como parque para as
pela Lei Comple-
análises do presente
mentar estudo, o também
nº 3.513/93, artigo 10,seestabelece
encontra que:
abandonada e não possui um plano de
manejo.
Art. 10 - Os resíduos sólidos ou semi-sólidos de qualquer nature-
za não devem ser colocados ou incinerados a céu aberto, toleran-
76 Ver comentário da nota de rodapédo-se
nº 96. apenas:

122 __
__ 126
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

a) a acumulação temporária de resíduos de qualquer natureza,


em locais previamente aprovados, desde que isso não ofereça ris-
cos à saúde pública e ao meio ambiente, a critério das autoridades
de controle da poluição e de preservação ambiental ou de saúde
pública;
b) a incineração de resíduos sólidos ou semi-sólidos de qualquer
natureza, a céu aberto, em situações de emergência sanitária.

Maringá contrariou por várias décadas esse dispositivo, ao manter um depósito a céu
aberto, sem qualquer preocupação sanitária ou ambiental.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 30, cabe aos municí-
pios total autonomia para organizar os serviços públicos de interesse local. Portanto, ape-
sar da competência constitucional para legislar em matéria de defesa e proteção da saúde
(art. 24, XII), são os municípios que possuem a obrigação de executar as diretrizes federais
e estaduais. E seguindo a mesma regra, da competência municipal para legislar em matéria
ambiental, também em matéria de resíduos sólidos pode o legislador municipal atuar,
desde que observadas as disposições estaduais e federais já existentes e, logicamente, nos
limites do seu interesse local.
Atualmente há um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que deverá esta-
belecer a Política Nacional de Resíduos Sólidos nos próximos anos. Trata-se do Projeto de
Lei nº 203, de 1991 (Projeto de Lei do Senado nº 354, de 1989, não origem) que “dispõe
sobre o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final dos
resíduos de serviços de saúde”, com mais 57 proposições apensadas.
O projeto foi aprovado e enviado à Câmara dos Deputados, onde foi constituída
Comissão Especial para analisá-lo em conjunto com outras proposições apensadas. Nessa
Comissão, aguarda parecer. Esse projeto aborda um dos problemas ambientais mais ur-
gentes da atualidade, o crescimento exponencial da geração de resíduos. A Comissão Es-
pecial vem, desde 2001, promovendo uma discussão na sociedade brasileira, especialmente
com a realização de inúmeros debates e audiências públicas, tendo recebido e agregado
muitas contribuições de especialistas e instituições ligadas à questão dos resíduos sólidos.
O resultado desse trabalho encontra-se na proposta de criação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, cujo relatório, já em sua segunda versão, foi apresentado à Comissão.77
Enquanto isto, o Conama tem editado uma série de resoluções que visam regulamen-
tar algumas questões relacionadas aos resíduos.

77 Carta de Fábio José Feldmann ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 22 de maio de 2002, a respeito da
participação do Brasil na RIO + 10, Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Jo-
hannesburgo, África do Sul.

__ 127 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 22
d) -Resoluções do Conama sobre resíduos
ZP4: Horto Florestal;
Resolução nº e) ZP5: ParqueEmentada Nascente do Ribeirão Paiçandu; Artigos
e Ano f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
01/86 g) ZP7:
Dispõe sobre Parque doambiental
licenciamento Sabiá; e estudo prévio de Art. 2º, X
impacto h)
ambiental, exigidoFlorestal
ZP8: Parque para aterros sanitários.
Municipal das Perobas;
05/93 i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Dispõe sobre os resíduos de saúde. Íntegra.
09/93 j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
Dispõe sobre destino final dos óleos lubrificantes. do Guaiapó;
Íntegra.
k) ZP11:
Dispõe sobre Parque Florestal
licenciamento Municipal
ambiental: atividadesdasouPalmeiras;
em-
237/97 l) ZP12: Parque do Cinqüentenário; Anexo I
preendimentos sujeitos ao licenciamento
23/96 m) ZP13:
Classificação Parquee dá
dos resíduos da outras
Rua Teodoro Negri;
providências. Íntegra.
257/99
n) ZP14: Parque Alfredo Werner
Destino final de pilhas e baterias usadas.
Nyffeler; Íntegra.
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
273/2000 Dispõe sobre o licenciamento de postos de gasolina Art. 5º, I, h
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Estabelece as coresReserva
q) ZP17: padrõesdopara a coleta
Córrego seletiva e dá
Cleópatra;
275/2001 Íntegra.
outras providências.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Dispõe sobre o tratamento
s) ZP19: Reserva do e aCórrego
destinação final dos resí-
Moscados;
283/2001 Íntegra.
duos dos serviços de saúde.
Destacam-se, Estabelece
dentre elas, diretrizes,
as seguintescritérios
áreas:e procedimentos para a Íntegra.
307/2002
gestão dos resíduos da construção civil.
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final2
Complementar
308/2002
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de Íntegra.
dra 43-B dopequeno
Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
porte.
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Dispõe
estruturais para sobre osua
garantir Inventário Nacional de
sobrevivência. Resíduosno
Somente Sólidos
ano de 2003 a área foi
313/2002 Íntegra.
Industriais.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funciona-
316/2002
b) Jardim Botânico: 9 mil m2 ,Íntegra.
mento com uma área
de sistemas de aproximadamente
de tratamento térmico de resíduos. nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se doisDispõe
córregos
sobreque praticamente
o tratamento não possuem
e disposição mata ciliar preservada. Na
final dos resíduos
358/2005 Íntegra.
Administração Municipal
dos serviços do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
de saúde.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissemDispõe
362/2005
a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
sobre o Rerrefino de óleo lubrificante Íntegra.
o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da (2005).
Fonte: Autor por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Da recuperação foi viabilizadolegais
análise dos instrumentos na última gestão municipal,
e urbanísticos de Maringá,buscando
algumastornar a área um
conclusões re-
ferentes ponto de lazerdoe visitação
ao problema lixo urbano parasão
a comunidade
importantes.carente que vive
No Código a sua volta,
de Posturas, demas a-
1959,
inda aguarda recursos financeiros.
não há previsão expressa sobre o assunto, pois não está claro o destino que se deve dar
c) Parque
aos resíduos Florestal
sólidos Municipal
coletados das Perobas:
no município. Para localizado
se ter uma nos lotes
idéia, 210-A815
o artigo e 211-A,
dispõe 210
que
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74
“a esses resíduos será dado o destino que a prefeitura achar mais conveniente”. Além m 2 , constituído
disso, emdevários
remanescentes da vegetação
artigos o código nativa
especifica que apresentam
a utilização espécies representativas
de incineradores para os resíduos, da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
técnica hoje em desuso para pequenas e localizadas economias e que não refletem a reali-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
dade encontrada no município.
manejo.
Há de se ter em conta, porém, que esse Código de Posturas foi publicado em 1959,
quando o município de Maringá possuía apenas 12 anos e contava com uma população
urbana de 47.592
76 Ver comentário habitantes.
da nota de rodapé nºOu
96. seja, a destinação do lixo, àquela época, não era conside-

122 __
__ 128
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

rada exatamente um problema. As principais previsões desse código já foram revogadas


pelas leis mais recentes.
O Plano Diretor, de 1990, destaca-se à medida que estabelece as diretrizes e ações,
que se encontram na Parte III, Estratégia de Ação, com relação ao Saneamento Básico,
que acabou regulado, de forma mais expressiva na Lei Municipal no 3.051/91.
Também como decorrência dos estudos realizados no início da década de 90, duas
novas leis foram editadas. A mais importante, do ponto de vista jurídico, foi a Lei Orgâni-
ca. Entretanto, as suas disposições referentes à gestão do lixo são insuficientes, apesar de
satisfazerem suas atribuições diretivas.
Essa lei preconiza, em seu art. 175, II, a disposição dos resíduos sólidos urbanos de
forma a preservar o equilíbrio do meio ambiente e das condições de saúde e a controlar os
vetores, e em seu art. 179, que os serviços de destinação final dos resíduos deverão ser
executados sem qualquer prejuízo para a saúde humana e o meio ambiente.
Alguns fatores continuam a contribuir para a manutenção da atual situação em Ma-
ringá, sem serem previstos. Por exemplo, a responsabilidade dos geradores de resíduos de
saúde em dar destinação ao lixo produzido, ou então a instituição da incineração como
solução para esse tipo de lixo, sem que exista uma lei específica que regule a questão. Além
disto, hoje os processos mais modernos, como as microondas, atuam de forma mais efici-
ente na esterilização do lixo contaminado, sem ter as conseqüências negativas ou os efeitos
colaterais da incineração.

Art. 175 - O saneamento básico é dever do Município, implican-


do, o seu direito, a garantia inalienável de:
[...]
II - coleta e disposição dos esgotos sanitários, dos resíduos sóli-
dos e drenagem das águas pluviais, de forma a preservar o equilí-
brio do meio ambiente e eliminar as ações danosas à saúde;
[...]
Art. 179 - Os serviços de coleta, transporte, tratamento e destino
final de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, qualquer que seja o
processo tecnológico adotado, deverão ser executados sem qual-
quer prejuízo para a saúde humana e o meio ambiente.
§ 1º - O lixo laboratorial, clínico e hospitalar será removido em
viatura especial e por pessoal especializado, para incineração.
§ 2º - Os aterros sanitários desativados serão destinados a parques
ou áreas verdes.
(Artigo 179 - Redação dada pela Emenda nº 28).
Art. 180 - Para a coleta de lixo ou resíduos, o Município poderá
exigir da fonte geradora, nos termos da lei:
I - prévia seleção;
II - prévio tratamento, quando considerados perigosos para a sa-
úde e o meio ambiente. (grifo nosso) (Lei Orgânica de Maringá).

Nesse mesmo período, o município de Maringá ganhou um novo Código Sanitário


(Lei no 20.799/90), que estabelece expressamente, em seus artigos 6º e 7º, competir ao
município as medidas de saneamento:

__ 129 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Art. 6º -Horto
d) ZP4: As medidas
Florestal;de saneamento constituem obrigação do
Município, bem
e) ZP5: Parque da como das entidades
Nascente públicas
do Ribeirão e particulares e das
Paiçandu;
pessoas físicas.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Art. 7º - Parque
g) ZP7: A Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, no que lhe
do Sabiá;
couber, adotará providências
h) ZP8: Parque Florestal Municipal para adas
solução dos problemas bási-
Perobas;
cos de saneamento.
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Por sua vez, o Decretok)Municipal no 614/92,
ZP11: Parque Florestalque regulamentou
Municipal o Código Sanitário,
das Palmeiras;
estabelece, em 36 artigos, asl) regras
ZP12: eParque
condutas necessárias para o correto acomodamento,
do Cinqüentenário;
transporte a armazenamentom) doZP13:
lixo. Parque da Rua Teodoro Negri;
No artigo 48, o Decreto ZP14: oParque
n) regula Alfredo Werner
acondicionamento doNyffeler;
lixo hospitalar, e dispõe que:
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato ;76

p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;


Art. 48 –Reserva
q) ZP17: Todo resíduo sólidoCleópatra;
do Córrego ou semi - sólido infectante a ser
transportado deverá ser acondicionado
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda emT.saco plástico de cor
Garcia;
branca
s) ZP19:leitosa
Reserva e impermeável (usa-se o saco de lixo tipo II, indi-
do Córrego Moscados;
cado pela NBB 9191 da ABNT, ou mesma que a substituir) de-
Destacam-se, dentre elas, vendo conter uma
as seguintes cruz vermelha e a inscrição LIXO HOSPITA-
áreas:
LAR, deverá ser utilizada
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido dupla embalagemcomopara resíduos
parque pela alta-
Lei
mente infectados, de acordo com os critérios2 adotados pela auto-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado
ridade sanitária, devendo ir para a lixeira - interna com tampa e na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
pedal.
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Outra previsãopara
estruturais importante
garantir dosuaDecreto nº 614/92
sobrevivência. está nonoartigo
Somente ano 58, que dispõe
de 2003 a área que
foi
“as pessoas encarregadas
cercada da coleta
pela Prefeitura de de lixo deverão
Maringá, numa estar protegidas
tentativa com botas
de isolamento dasimpermeá-
principais
veis de borracha,
áreas verdesluvas,
doavental, gorro e máscara”.
município.
EsseJardim
b) artigoBotânico:
foi descumprido
com umapor áreamuito tempo pela Prefeitura,
de aproximadamente 9 mil mpois os funcionários
2 , nela localizam-se
responsáveis
duas pela coleta
antigas raramente
lagoas eram vistos
de tratamento utilizando
da Sanepar os equipamentos
desativadas. citados,encon-
Em seu fundo, indis-
pensáveistram-se
para a segurança
dois córregosna realização do serviço.
que praticamente nãoEm 2002, novos
possuem equipamentos
mata ciliar preservada.foram
Na
adquiridos, e uma avaliação
Administração constante
Municipal do tem procurado
ex-prefeito Jairoevitar maiores
Gianoto, foi riscos
recebidoparauma seguran-
recurso
financeiroApesar
ça dos servidores. especialmente direcionado
de não alcançar para aideal,
um padrão implementação
o sistema atualde estruturas
representa queum
permitissem
grande avanço para asagarantias
visitaçãodose a trabalhadores
recuperação florestal
do setor.do local. Entretanto, o máximo
Porque
fim,sedispõe
pode encontrar
o artigo 82é sobre
uma pista de caminhada mal
a responsabilidade projetada;
do cidadão, uma sede
morador do utiliza-
muni-
cípio de da por muito
Maringá, e notempo
artigo pelo Corpoo de
83 proíbe Bombeiros,
depósito de lixoe em
que terrenos
foi ocupada pelatendo
baldios, Políciaa
seguinte Florestal
redação: a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Art. 82 para
ponto de lazer e visitação - Todo Morador serácarente
a comunidade responsável.
que vive a sua volta, mas a-
I – Pela
inda aguarda recursos financeiros. limpeza, manutenção e vedação das caixas de gordura e
esgoto:
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
II – Pela limpeza de seu quintal, deixando-o livre da presença de
e 210-G da Gleba Ribeirão
entulhos Pingüim,
quaisquer com área total de 263.438,74 m2, constituído
existentes.
de remanescentes da IIIvegetação nativa que apresentam
– Pelo acondicionamento espécies
de seu lixo representativas
em recipientes providosda
do tempo.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, Art. 83 - É se
também expressamente proibido oedepósito
encontra abandonada não possui de lixo
um emplanoterre-
de
nos baldios ou não.
manejo.
Um ano após o Código Sanitário, a Lei Complementar nº 3.051/91, estabeleceu a po-
lítica de destinação
76 Ver comentário da notafinal do nº
de rodapé lixo
96. de Maringá, priorizando a proteção ambiental com o a-

122 __
__ 130
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

companhamento da evolução urbana. Previu ainda a implantação do projeto de aterro


sanitário regional e a implantação do programa de reciclagem de lixo nos bairros e separa-
ção de papéis nas repartições públicas e escolas. Essa medida tinha a finalidade de diminu-
ir o volume de resíduos lançados no lixão.
Posteriormente, o Código Municipal de Limpeza Urbana, Lei n° 256/98, trouxe al-
gumas novidades relacionadas ao assunto. A lei destaca, em seu art. 6o, a coleta seletiva e a
obrigatoriedade de aproveitamento de resíduos ou materiais com valores energéticos ou
utilidades. Estabelece ainda que aqueles materiais que não se prestem à reciclagem ou ao
tratamento serão acondicionados para evitar impactos ambientais, e dispostos em locais
indicados pelos Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano, de Saneamento Básico e
de Proteção Ambiental.
Já no artigo 7o, além de reforçar a disposição dos resíduos baseados nos instrumentos
citados no parágrafo anterior, destaca que a mesma só poderá ser feita por métodos indi-
cados conjuntamente pelos órgãos municipais responsáveis pela Limpeza Urbana, Meio
Ambiente, Saúde e Serviço Social.
Existem vários tipos de resíduos e cada um está diretamente ligado a um responsável
por sua gestão, que normalmente são o Poder Público, e o próprio gerador, de acordo
com o ordenamento jurídico. Na tabela a seguir, as responsabilidades ficam melhor visua-
lizadas:

Tabela 23 - Responsabilidade pelos resíduos sólidos


Tipos de resíduos Responsabilidade
Domiciliar Prefeitura Municipal
Comercial Prefeitura Municipal
Público Prefeitura Municipal
Serviços de Saúde Gerador
Industrial Gerador
Portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários Gerador
Agrícola Gerador
Entulho Gerador
Fonte: Consoni e Peres (1995).78

Assim, é possível identificar vários fatores determinantes tanto na produção quanto


na composição dos resíduos públicos. Dentre eles, pode-se citar a arborização das vias
públicas, pois dependendo da quantidade e do tipo de árvores existentes em uma rua, tem-
se, principalmente nos meses de outono, maior quantidade de folhas a serem removidas.
Outros aspectos importantes são os hábitos e a cultura da população, que determina-
rão, por exemplo, o movimento de pedestres, a intensidade do trânsito de veículos e os
tipos de comércio existentes.

78 Apud ANGELIS NETO, Generoso de. As deficiências nos instrumentos de gestão e os impactos ambientais causados por
resíduo sólido urbanos: o caso de Maringá/PR. 1999. Tese (Doutorado)-Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1999. p. 93.

__ 131 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Na tabela 24 é possíveld)verificar a composição


ZP4: Horto Florestal; média dos resíduos sólidos urbanos de
Maringá, incluindo a varrição, o resíduo
e) ZP5: séptico
Parque e o resíduo
da Nascente da construção
do Ribeirão civil.
Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Tabela 24 - Caracterização g) ZP7: Parque dosólidos
dos resíduos Sabiá; gerados no município de Maringá
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
RSU (conv.) Varrição Resíduo Séptico RCD
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
295,60 t/dia 92,80j)t/dia 5,3 t/dia Municipal do Guaiapó;
ZP10: Parque Ecológico 423,74 t/dia
k) ZP11: Parque Florestal
Total de Municipal
RSU Gerado das Palmeiras;
817,44 t/dia
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Fonte: Maringá (2003).79
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
O sistema de gestão doo)lixo divide-se,
ZP15: Reservas normalmente, em três
do Córrego Borba Gatoetapas:
76; coleta, transpor-
te e destino final. p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Em Maringá, o sistemaq)deZP17: coletaReserva do Córrego
de resíduos sólidosCleópatra;
é dividido na prática em dois se-
r) ZP18: Reserva da
tores: norte e sul, tendo como elemento delimitador a Avenida Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Colombo, e atende apro-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
ximadamente 98% dos domicílios urbanos do município.
A freqüência de
Destacam-se, coleta,
dentre naasmaior
elas, parteáreas:
seguintes da cidade, ocorre em dois grupos, com dias al-
ternados, ou seja,Ecológico
a) Parque três vezesMunicipal
por semana, do eGuaiapó:
na zona central, que é como
reconhecido diária, parque
distribuída pelaentre
Lei
períodosComplementar
noturno e diurno. nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
2
Essedraprocedimento
43-B do Conjunto é resultante da disponibilidade
Residencial da frota
Parigot de Souza, (12 caminhões
constituído fixos, sen-
de remanescen-
do que 2tes foram adquiridos apenas na última Administração 80), remanejada para executar
da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
os serviços de limpeza
estruturais paraurbana.
garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
A produção
cercada pela média diária dederesíduos
Prefeitura Maringá, sólidos
numadomiciliares
tentativa deé isolamento
de aproximadamente
das principais300
toneladasáreas(dados de dezembro
verdes do município. de 2002), o que equivale a um índice per capita de um 1
kg/dia,b) considerado
Jardim Botânico: alto secomcomparado
uma áreacom a média do estado9 mil
de aproximadamente do Paraná,
m , nelaque
2 é de 0,30
localizam-se
kg/hab/dia.duas81 antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
O resíduo
tram-se de doissaúde tem que
córregos coleta diferenciadanão
praticamente e representa
possuem matauma ciliar
produção diária em
preservada. Na
torno deAdministração
3 toneladas, sendo que esses
Municipal resíduos sempre
do ex-prefeito foram depositados
Jairo Gianoto, foi recebido no umlixãorecurso
a céu
aberto, afinanceiro
10 km do centro de Maringá.
especialmente Detalhe interessante:
direcionado os caminhões
para a implementação de que recolhem
estruturas queo
lixo hospitalar,
permitissempor muito tempo,e aforam
a visitação os mesmos
recuperação que do
florestal recolhiam o lixo comum.
local. Entretanto, o máximoEles
apenas passavam
que se pode porencontrar
uma lavagem é umanapista
central que se encontrava
de caminhada na Ruauma
mal projetada; Carneiro Leão,
sede utiliza-
prosseguindo
da por as muito
coletastempo
regulares.
pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Hoje, há a manutenção
Florestal a partir de maiode umdeúnico
2003;caminhão
e uma imensapara oárea
serviço, e a Administração
desmatada. Um projeto de
Maringá recuperação
está encaminhando a transferência
foi viabilizado na últimadagestão
gerência do resíduo
municipal, de saúde
buscando paraa os
tornar áreagera-
um
dores, deponto
acordo decom
lazeraelegislação
visitação pertinente,
para a comunidade carente
em especial que vive (Lei
a municipal a suanºvolta, mas O
258/98). a-
município indade aguarda
Maringárecursos financeiros.
possui cerca de 1.000 clínicas, hospitais e farmácias, dentre outros
c) Parque
geradores Florestal
desse tipo Municipal
de resíduo. Comdas Perobas:
algumas localizadojános
tecnologias lotes 210-A
disponíveis, e 211-A,
é possível 210
esteri-
e 210-Gdedasaúde
lizar o resíduo Glebae Ribeirão
torná-lo Pingüim, com área
inerte, passível de total de 263.438,74 mem, constituído
ser acondicionado
2
um aterro
de
sanitário comum.remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
79 Pesquisamanejo.
realizada pela Eng.ª Sonia M. Molina Sapata em 2002.
80 Cada caminhão possui uma capacidade média de oito toneladas, fazendo em média de duas a três viagens por dia,
segundo dados da Prefeitura Municipal de Maringá, Diretoria de Serviços Urbanos, 2003.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.
81 Pesquisa realizada pela Eng.ª Sonia M. Molina Sapata em 2002.

122 __
__ 132
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

O serviço de varrição do município atendia a aproximadamente 5.400 km lineares men-


sais (meios-fios/sarjetas) em dezembro de 2000, chegando a quantidade de 26,2 ton/dia
de detritos. Atualmente, o volume médio recolhido diariamente de detritos provenientes
da varrição, capina e limpeza de feiras-livres alcança de 90 a 100 m3. Para a execução des-
ses serviços dispõe-se, em média, de 200 funcionários e são utilizados 4 caminhões bascu-
lantes, 3 tratores e aproximadamente 55 carrinhos (Prefeitura Municipal de Maringá,
2003).82
Na última administração, o setor de varrição passou a contar com duas varredeiras.
Uma tem capacidade para 1,5 m3, enchendo normalmente com 20 minutos de trabalho,
tem capacidade para 4 m3.
Com relação à freqüência, na zona central o serviço é executado diariamente; nas á-
reas próximas ao centro, uma vez por semana; e nas áreas mais afastadas e periféricas, uma
vez por mês. O material recolhido com o trabalho da varrição, em especial as folhas e
demais resíduos orgânicos, é distribuído aos proprietários de chácaras da região que fazem
requerimento por escrito junto ao setor.
O serviço de roçada é executado pela prefeitura, sendo que a programação é feita por
bairros. Um ciclo completo em lotes vazios da cidade leva de 4 a 6 meses. O setor dispõe
de 4 tratores e 15 roçadeiras costais e aproximadamente 32 funcionários para executar o
serviço.
A roçada dos canteiros centrais da cidade é realizada por equipes que acompanham o
pessoal da varrição, enquanto que a roçada chamada bruta, ou seja, a realizada em terrenos
baldios, é feita por outras equipes. A legislação local prevê a cobrança desse serviço do
proprietário que não realizar a manutenção de seu terreno limpo após notificado pela
Prefeitura, e normalmente os valores são muito mais altos do que os existentes no merca-
do, servindo como sanção para os infratores.
Quanto ao transporte do lixo, um ponto interessante diz respeito ao itinerário ou ro-
teiro que os veículos deverão percorrer, pois se deve procurar um meio eficiente para
realizar o planejamento dos roteiros de coleta e transporte dos resíduos urbanos de uma
cidade, visando-se à minimização das distâncias.
Em Maringá, todo o lixo coletado sempre foi transportado, antes de ir para o lixão,
para a central de pesagem, que, curiosamente, ficava próxima ao centro 3km em área resi-
dencial. Mesmo os caminhões que transportavam os resíduos dos distritos administrativos
(Iguatemi e Floriano) passavam por essa central.
Somente na última Administração Pública esse problema foi enfrentado. Hoje, a cen-
tral de pesagem fica no setor sul, a caminho do lixão.
Na coleta do lixo de Maringá, são observados impactos gerados pelo acondiciona-
mento irregular do lixo e por falhas na freqüência de sua coleta. Esta última gera os se-
guintes impactos identificados: acúmulos de resíduos em logradouros públicos; espalha-

82 Cada caminhão possui uma capacidade média de oito toneladas, fazendo em média de duas a três viagens por dia,
segundo dados da Prefeitura Municipal de Maringá, Diretoria de Serviços Urbanos, 2003.

__ 133 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

mento de resíduos; proliferação d) ZP4:de insetos e animais indesejáveis; poluição visual; e polui-
Horto Florestal;
ção olfativa. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Em virtude do acondicionamento
f) ZP6: Bosque irregular, os seguintes impactos ambientais podem
das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
ser identificados durante a coleta: acidentes com materiais perfuro-cortantes; poluição
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
visual; poluição olfativa; proliferação de insetos e animais indesejáveis; o espalhamento de
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
resíduos; e a poluição sonora, que ocorre
j) ZP10: Parqueno momento
Ecológico da coletadopelos
Municipal caminhões da Pre-
Guaiapó;
feitura de Maringá. k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Hoje, praticamente todos l) ZP12: Parque residenciais
os edifícios do Cinqüentenário;
da cidade contam com containeres
de lixo, construídos de latão.m)Como ZP13:oParque
sistemadadeRua Teodoro
coleta Negri;
é bruto, com movimentos bruscos
para o posicionamento dos n) ZP14: Parque
containeres juntoAlfredo Werner coletor,
ao caminhão Nyffeler;os ruídos causados são
de alta intensidade, desrespeitando o) ZP15: osReservas do Córrego
limites legais Borba Gato
estabelecidos
76;
pela legislação municipal.
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Durante a fase do transporte do lixo observam-se dois problemas fundamentais: uti-
lização de veículos impróprios q) ZP17:
para oReserva
transportedo Córrego Cleópatra;
de resíduos sólidos e a escolha inadequa-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
da dos itinerários de coleta.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Devido à utilização de veículos impróprios para o transporte de resíduos sólidos, ve-
rificam-se os seguintes impactos ambientais em Maringá: poluição olfativa; poluição sono-
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
ra; poluição visual; vazamento de líquidos e perda de materiais coletados. E pela escolha
a) Parque
inadequada Ecológicoidentificam-se
do itinerário Municipal do osGuaiapó: seguintesreconhecido como parque
impactos ambientais: pela Lei
transtornos
Complementar nº 3.513/93, possui uma
viários; congestionamentos; poluição olfativa; e poluição sonora. área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-

dra 43-B
Apesar do Conjunto
dos problemas Residencial
expostos, nada Parigot
se compara de Souza, constituído
à questão do destinode remanescen-
final do lixo
tes daSabe-se
em Maringá. vegetação que,nativa. A áreatécnicas
por razões não possui plano os
e lógicas, de resíduos
manejo ecoletados
enfrenta problemas
devem ser
destinadosestruturais
a um local para garantir sua
conveniente, emsobrevivência.
que não causem Somente
impactos noaoanomeiode ambiente.
2003 a área foi
cercada
Existem pela Prefeitura
maneiras diferentes dede Maringá,
se procedernumaàtentativa
destinação de final
isolamento
desses das principais
resíduos que,
dependendoáreasdaverdes
técnicadoutilizada,
município. causarão maiores ou menores impactos. De acordo com
a Pesquisa Nacional
b) Jardim de Saneamento
Botânico: com uma área Básico de de 1989, a disposição
aproximadamente final
9 mil m2de resíduos
, nela sólidos
localizam-se
nos municípios brasileiros,
duas antigas lagoassededivide em (IBGE,
tratamento 1991): desativadas. Em seu fundo, encon-
da Sanepar
. tram-se
76% em dois lixões;córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
. Administração
13% em aterrosMunicipalcontrolados; do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
. financeiro
10% em aterros sanitários;
especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
. permitissem
1% passa poratratamentos
visitação e a(compostagem, reciclagem
recuperação florestal ou incineração).
do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal
Entre as principais formas de disposição final do lixo existentes atualmente, projetada; uma sede utiliza-
desta-
cam-se asdaseguintes:
por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Lixão - É uma
a) recuperação forma inadequada
foi viabilizado na última degestão
disposição final de
municipal, resíduostornar
buscando sólidos, queum
a área se
caracteriza pela sua simples descarga sobre o solo, sem medida
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a- de proteção ao
meioaguarda
inda ambiente ou à saúde
recursos pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu a-
financeiros.
berto. Os
c) Parque resíduos
Florestal assim lançados
Municipal das Perobas: acarretam problemas
localizado à saúde
nos lotes 210-Apública,
e 211-A, como
210
proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído e ratos,
2 entre ou-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativassu-
tros), geração de maus odores e, principalmente, poluição do solo e das águas da
perficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- preta, mal cheiroso e de
elevado potencial poluidor, produzido pela decomposição da matéria orgânica
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.
manejo.
b) Aterro controlado - É uma técnica de disposição de resíduos no solo, sem causar
danos ou riscos diretos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impac-
tos ambientais.
76 Ver comentário Estenºmétodo
da nota de rodapé 96. utiliza princípios de engenharia para confinar resí-

122 __
__ 134
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

duos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de


cada jornada de trabalho.
c) Aterro sanitário - É uma técnica utilizada para disposição de resíduos sólidos no
solo - particularmente lixo domiciliar que, fundamentado em critérios de enge-
nharia e normas operacionais específicas, permite a confinação segura em termos
de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública; ou, é a forma de
disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de confinamento em
camadas cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas opera-
cionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à seguran-
ça, minimizando os impactos ambientais.
d) Tratamento - São ações que visam reduzir a quantidade e periculosidade dos re-
síduos a serem aterrados. As vantagens do tratamento são de ordem ambiental e
econômica. No caso de benefícios econômicos, a redução de custos com a dispo-
sição final é a vantagem que mais se sobressai. Entre as formas de tratamento
mais utilizadas destacam-se a compostagem (adubo), reciclagem, incineração e a
utilização de microondas.
Em Maringá, todos os resíduos sólidos coletados diariamente eram encaminhados ao
lixão, depositados a céu aberto, sem qualquer separação entre o lixo domiciliar, hospitalar
e industrial.
Apesar de estar localizado na mesma área há mais de 25 anos83, o lixão continuou
sem solução por parte do Poder Público. Em 13 de outubro de 1992, foi aberto inquérito
civil pela Promotoria do Meio Ambiente, pela Portaria de no 01/92. Esse processo admi-
nistrativo é constituído de mais de dois volumes.

Foto 30 – Lixão de Maringá no ano de 2000.


Fonte: Autor (2000).

83 A área em que ainda se encontra o lixão foi declarada de utilidade pública pelo Decreto no 02, em 05 de janeiro de
1974, pelo então prefeito Walter Souza Guimarães.

__ 135 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Da análise desse inquérito civilHorto


d) ZP4: pode-se, de forma sucinta, contar a história da gestão
Florestal;
e) ZP5:
do lixão de Maringá, na última Parque
década, da Nascente doa Ribeirão
identificando-se Paiçandu;
participação de cada agente pú-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
blico competente nas diversas esferas
g) ZP7: do poder,
Parque seja como Prefeito, Secretário, Promotor
do Sabiá;
ou apenas cidadão. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
De forma geral, a própria Prefeitura Municipal de Maringá assume no processo que o
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
depósito de lixo a céu abertok)encontrava-se
ZP11: Parque irregular e merecendo
Florestal Municipal das aPalmeiras;
sua atenção. Em 05 de
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
outubro de 1990, a Surehma84 divulgou um relatório sobre o “Levantamento da Situação
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
do Município de Maringá, referente à disposição
n) ZP14: Parque Alfredofinal dos Nyffeler;
Werner resíduos sólidos urbanos”. De
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato 76;
acordo com esse relatório, na área total utilizada de 144.000 m2, o lixo era exposto ao
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
tempo, com a presença de catadores, animais,doaves
q) ZP17: Reserva e geração
Córrego de chorume com a contami-
Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
nação dos recursos hídricos. Concluiu-se pela criação de uma comissão específica para o
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
estudo e apresentação de uma proposta real e exeqüível para o Município.
Destacam-se,
A Comissão foi dentre elas,
criada as seguintes
e, como áreas: imediata, em 07 de janeiro de 1991, pelo
decorrência
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Decreto no 005, a Prefeitura de Maringá decretou de utilidade pública 2os lotes de terras no
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
177, 177-B, 177-C,do178,
dra 43-B 179, 180,
Conjunto 180-A, 181,
Residencial 181-A,
Parigot 181-B,constituído
de Souza, e 181-C, todos da Gleba
de remanescen-
Ribeirão tes
Maringá, com o nativa.
da vegetação total deA2.528.880,90 m2 destinados
área não possui à implantação
plano de manejo e enfrentade problemas
um aterro
sanitário.estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
O projeto e a execução desse seriam feitos pelo então Metroplan, Consórcio Inter-
áreas verdes do município.
municipal para oBotânico:
b) Jardim Desenvolvimento
com uma Metropolitano, dos municípios
área de aproximadamente 9 mil de
m2 Maringá, Marialva,
, nela localizam-se
Sarandi eduas
Paiçandu,
antigase lagoas
atenderia
de atratamento
todos essesdamunicípios.
Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se
Devido dois córregos
à magnitude queepraticamente
da obra, em virtude denão possuem
previsão legal,mata ciliar preservada.
a necessidade do EstudoNa
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido
de Impacto Ambiental não foi questionada, e ficando a cargo do Metroplan. Note-se que um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
até hoje se aguarda esse estudo.
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
Ao que
mesmo tempo,
se pode a Surehma
encontrar é umatambém
pista deficou obrigada
caminhada mala projetada;
elaborar um umalaudo
sedesobre
utiliza-a
nova área,daque
portambém
muito tempo
atrasou.pelo Corpoficou
Quando de Bombeiros, e que foi
pronto, o parecer foicontrário
ocupada àpela Polícia
instalação,
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada.
alegando que não havia disponibilidade de áreas para destinação dos resíduos não- Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
reciclados, e a área escolhida estava muito próxima dos loteamentos já instalados.
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Eminda
05 de agostorecursos
aguarda de 1992,financeiros.
o IAP autuou a Prefeitura Municipal de Maringá, por dis-
posição
c) inadequada de resíduos
Parque Florestal sólidos
Municipal das urbanos
Perobas:elocalizado
de saúde, nos
comlotes
uma 210-A
multa de 100 URR,
e 211-A, 210
de acordoe 210-G da Gleba
com o art. Ribeirão do
10 e seguintes Pingüim,
Decreto com área total de 263.438,74 m , constituído
nº 857/79. 2

de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da


flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.
84 Hoje a SUREHMA – Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, transformou-se na SEMA –
Secretaria Estadual de Meio Ambiente, dividindo suas atribuições através do IAP – Instituto Ambiental do Para-
76 Ver
ná comentário da nota–de
e da SUDERHSA rodapé nº 96. de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.
Superintendência

122 __
__ 136
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Foto 31 – Lixão com os catadores cercados por urubus.


Foto: Autor (2000).

A Prefeitura recorreu da aplicação da multa, alegando ilegitimidade do IAP para im-


putá-la, além de ter sido a autuação demasiada genérica; mas a multa foi mantida e ainda
não foi paga.
Assim, em 1993, a Prefeitura declarou de utilidade pública, para fins de desapropria-
ção, pelo Decreto no 451/93, área de terras necessárias à localização de um aterro sanitá-
rio. Esse decreto diz respeito aos lotes da Gleba Ribeirão Pingüim, com área de 302.500
m2, com um relatório contendo as seguintes diretrizes:
1) recuperação e transformação do atual lixão em Parque Ecológico ou viveiro da
Prefeitura;
2) seleção e estudo da nova área para implantação do novo aterro sanitário;
3) reciclagem e compostagem dos resíduos sólidos urbanos, antecedido por coleta
seletiva domiciliar.
Intencionava-se retirar do local do lixão o material inorgânico que pudesse ser reci-
clado, e a implantação de um serviço de vigilância para o impedimento da entrada de lixo
clandestino no local. Estariam assim sanados os problemas tão aclamados pela imprensa.
Em novembro de 1993, o IAP elaborou novo relatório, solicitando da Prefeitura:
a) o licenciamento ambiental da área adquirida e vistoria do IAP;
b) propostas de recuperação do atual depósito; e
c) uma proposta de funcionamento e treinamento da usina de reciclagem e compos-
tagem do lixo urbano.
Com base em um projeto prévio, o IAP concedeu a licença prévia à área e à usina
sob o no 3181/94, já que o EIA/Rima estava intencionalmente dispensado. Esperava-se o
licenciamento de instalação, de acordo com os projetos apresentados. Apesar disto, conti-
nuavam as reclamações, quanto aos problemas gerados pelo lixão.
Ainda em 1994, o IAP concedeu a licença de instalação do novo aterro e da usina,
sob o no 372/94. Concomitantemente, realizava-se uma pesquisa, chefiada pelo Instituto

__ 137 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

de Tecnologia do Paraná, sobre


d) ZP4:a “Viabilização
Horto Florestal;Técnica e Econômica dos Resíduos Sóli-
dos Urbanos do Município de Maringá”.
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Entretanto, um acidente de percurso
f) ZP6: Bosque dassuspendeu a execução do projeto. Talvez, ou
Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
justamente por não ter sido elaborado um Estudo de Impacto Ambiental, conforme pre-
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
visto e exigido pelas normasi) ambientais
ZP9: Recanto federais, Gato; não foi realizado o teste de sonda-
Borba também
gem, que consiste em se emitir ondasParque
j) ZP10: de rádio sob o Municipal
Ecológico solo para do
conhecer
Guaiapó; e especificar sua
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
composição. Desta forma, quando da instalação do novo aterro, constatou-se que, na
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
verdade, a área situa-se sobrem)uma
ZP13:grande
Parquerocha, o que
da Rua inviabilizou
Teodoro Negri; a construção do aterro,
do tratamento do chorume en)dos demais
ZP14: resíduos
Parque Alfredosólidos.
Werner Nyffeler;
o) ZP15:doReservas
Quanto ao acompanhamento caso pelado Promotoria,
Córrego Borba 76;
Gatoalguns
houve problemas que
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
também ajudaram na manutençãoq) ZP17:daReserva
situaçãodocalamitosa do lixão de Maringá até os dias
Córrego Cleópatra;
atuais. Houve lapsos de tempo em que não ocorreram quaisquer
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda atosT. procedimentais
Garcia; no
s) ZP19: Reserva do Córrego
sentido de apurar os fatos e pressionar o Poder Público. Moscados;

Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:


a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por
Foto 32 – Lagoa muito tempo
de estabilização pelo Corpo
do chorume deMaringá.
do lixão de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal
Fonte: Autor (2000). a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Emponto
27 dedeabril de e1995,
lazer houve
visitação a colagem
para de umacarente
a comunidade reportagem no Processo
que vive Adminis-
a sua volta, mas a-
trativo referido, n o 01/92, sobre a troca que estava sendo feita pela Prefeitura do Municí-
inda aguarda recursos financeiros.
pio dec) Maringá, do lixo separado
Parque Florestal Municipal nos
dasbairros carentes
Perobas: por litros
localizado de leite.
nos lotes Posteriormente,
210-A e 211-A, 210
em tornoe de doisdaanos,
210-G Gleba ocorreu
Ribeirãonovamente
Pingüim, um compedido de fornecimento
área total de 263.438,74 dem ,informações
2 constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies
sobre o andamento do projeto do novo aterro. Em janeiro de 1998, o Consórcio Intermu- representativas da
nicipal deflora e da fauna da região.
Desenvolvimento Essa área,
da Região reconhecida
Metropolitana decomo parque
Maringá pela Lei Comple-
(CIDERMMA), que
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não
substituiu o antigo Metroplan, requisitou à Promotoria uma cópia do projeto do Aterropossui um plano de
manejo.
Sanitário e, em 23 de abril de 1998, informou que em 30 dias apresentaria para os prefeitos
consorciados (Paiçandu, Sarandi, Marialva e Maringá) o projeto referido do Aterro Sanitá-
rio Regional.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

122 __
__ 138
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Segundo informações da Gerência Administrativa do Cidermma, em 2001, que já o-


cupava o cargo em janeiro de 1998, o projeto havia sido solicitado pelo corpo técnico
desse Consórcio por sua intenção de analisar o problema e prover-lhe solução. Tratava-se
apenas de uma iniciativa para obter uma autorização do Conselho Diretivo do Cidermma,
composto pelos prefeitos consorciados, para iniciar um planejamento do novo aterro.
Entretanto, em virtude dos gastos e custos elevados da obra, e da preocupação das
gestões municipais de diminuir os problemas da área da saúde – especificamente a questão
da inexistência de consultas especializadas e da grande fila de espera existente – todos os
esforços do corpo técnico do Cidermma foram direcionados para essa área. Note-se que
ainda hoje os dois problemas, do lixo e da saúde, permanecem como focos centrais da
preocupação das prefeituras consorciadas e, curiosamente, nenhum deles foi resolvido.
O levantamento dos procedimentos necessários para a instalação e operação de um
novo aterro em Maringá foi realizado junto ao Comec, órgão que gerencia as questões
metropolitanas de Curitiba, e apontaram não apenas os altos custos, mas também a neces-
sidade de uma revisão na legislação tributária dos municípios envolvidos no sentido de se
adequarem a uma linha de crédito que permitisse a execução do projeto.
Ainda em 27 de fevereiro de 1998, o Jornal ‘O Diário de Maringá’ noticiou a intenção
da Prefeitura de instalar um incinerador no município, mas que, não havia recursos que
possibilitassem tal obra.85
Intimado a prestar esclarecimentos sobre a situação do lixo, o IAP informou, em 08
de abril de 1998, que apesar de existir uma área licenciada, com o projeto aprovado pelo
IAP, o lixo continuava a ser depositado no lixão. Até aquela data, não havia sido protoco-
lado o pedido de licenciamento acompanhado do EIA/Rima, pela Prefeitura.
Em 04 de julho de 1998, o Jornal ‘O Diário de Maringá’ noticiou que o Governo do
Estado do Paraná estava iniciando um projeto para acabar com os lixões a céu aberto,
prevendo a construção de 179 aterros sanitários no interior do Estado, até o final de 1999.
Parte dos R$ 52 milhões necessários seriam obtidos com um convênio com a Caixa Eco-
nômica Federal. Em momento algum, qualquer centavo desse recurso chegou ao municí-
pio de Maringá.
Em 30 de novembro de 1999, houve nova notificação do IAP no Processo Adminis-
trativo 01/92 na então Promotoria de Defesa do Consumidor, Garantias Constitucionais e
Meio Ambiente, para que fizesse uma nova vistoria no lixão. Apesar de ter sido dado um
prazo de 15 dias para sua elaboração (humanamente impossível para um órgão desapare-
lhado – 7 fiscais para atendimento de 29 municípios), nada foi feito no processo até o dia
02 de fevereiro de 2000, quando os autos da esfera ambiental, foram enviados para a nova
Promotoria Ambiental de Maringá, a 13a da Comarca de Maringá.
Somente em 10 de abril de 2000, ou seja, mais de 2 meses após o recebimento do
processo, o novo promotor realizou nova intimação ao IAP para a realização da vistoria,
concedendo um novo prazo de apenas 10 dias para sua entrega.

85 FALTAM recursos para montar incinerador. O Diário de Maringá, Maringá, 27 fev. 1998. Geral.

__ 139 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Em 27 de outubro de d) 2000,ZP4:o Horto


promotor em exercício finalmente ingressou em juízo
Florestal;
contra a Prefeitura. Nos pedidos e) ZP5: formulados, destaca-sedoo Ribeirão
Parque da Nascente da concessão de medida liminar
Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
objetivando que não mais seja acumulado no lixão qualquer espécie de lixo, sob pena de
g) ZP7: Parque do Sabiá;
multa diária para a Prefeitura h) Municipal
ZP8: Parque de Florestal
Maringá.Municipal
Essa liminar foi deferida pelo juiz Sá
das Perobas;
Ravagnani, da 2ª Vara Cíveli) de Maringá, que
ZP9: Recanto Borba Gato;fixou a multa diária em R$ 5.000,00 (cinco
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do
mil reais), e um prazo de 6 meses para a transferência do lixão, além de exigir em 10 dias a Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
retirada das crianças que trabalhavam
l) ZP12: Parqueno local.
do Cinqüentenário;
Em sua fundamentação, o Promotor
m) ZP13: Parque fixou a demanda
da Rua Teodoroem três fatos: o local utilizado
Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner
para a acumulação de lixo considerado como inadequado para a destinação que lhe foiNyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
dada, pelo não-cumprimento da exigência legal da elaboração do Relatório de Impacto
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Ambiental nos termos da legislação q) ZP17: pertinente,
Reserva do eCórregopor haver a Prefeitura Municipal de Ma-
Cleópatra;
ringá, em virtude dessa atuação, r) ZP18: Reserva
causado da Rua Pioneira
a degradação ambientalDeolinda T. Garcia;
do local.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Os demais pedidos, relativos ao mérito da ação, resumem-se a:
a) proibição da
Destacam-se, utilização
dentre elas, asdoseguintes
atual local para a acumulação do lixo de Maringá;
áreas:
b) recomposição
a) Parque Ecológico da área degradada,
Municipal do com recuperação
Guaiapó: reconhecidointegralcomo
do ambiente
parque pelaafetado,
Lei
para que readquira qualitativamente as condições
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na anteriores 2ao processo dequa-
de-
gradação;
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
c) tes
condenação
da vegetação do Município
nativa. A àárea obrigação
não possuide destinar
plano de outro locale para
manejo o aterro
enfrenta sanitá-
problemas
rio, que deverá ser implantado dentro das normas técnicas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi do IAP, com elabora-
ção do Estudo
cercada e Relatório
pela Prefeitura de de Impactonuma
Maringá, Ambiental;
tentativa de isolamento das principais
d) que seja dada destinação
áreas verdes do município. específica para o lixo hospitalar, especialmente dentro
das normas técnicas da legislação
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamentepertinente; e 9 mil m2 , nela localizam-se
e) duas
que aantigas
Prefeitura
lagoassejadecondenada
tratamento a obrigação
da Sanepardedesativadas.
fazer, para Em que efetive,
seu fundo,na área do
encon-
Município de Maringá, um programa ou modelo de
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na gestão ambientalmente ade-
quado aos resíduos
Administração urbanos,
Municipal do aproveitando
ex-prefeito Jairo e dando melhor
Gianoto, foiqualidade
recebido eum condições
recurso
de vida a toda população que vive do lixo, com implementação
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que de reciclagem,
instruindo a população
permitissem a visitação para separar o lixo
e a recuperação orgânico
florestal do dos
local.recicláveis,
Entretanto, com apoio à
o máximo
coleta
que se seletiva e erradicação
pode encontrar é umadopistatrabalho infantil. mal projetada; uma sede utiliza-
de caminhada
Apesar da consistência dos pedidos
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, formulados, pode-see que concluir que o tempo
foi ocupada con-
pela Polícia
cedido não seria, ea de
Florestal fatodenão
partir foi,de
maio suficiente
2003; e uma para imensa
que todas áreaasdesmatada.
mudanças técnicas,
Um projeto finan-
de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal,
ceiras, políticas e culturais fossem implementadas. Por isso, a então recém-empossada buscando tornar a área um
ponto de Maringá
Administração lazer e visitação
teve quepara a comunidade
colocar a solução dessa carente que vive
herança comoa sua volta,prioritá-
ponto mas a-
inda aguarda
rio de suas ações. recursos financeiros.
c) Parque
Após FlorestaldaMunicipal
a proposição Ação Civil dasPública
Perobas: localizado
exigindo nos lotes 210-A
a recuperação da área,e a211-A, 210
Prefeitura
Municipale 210-G da encaminhar
Gleba Ribeirão Pingüim, com área total dedo 263.438,74 m , constituído
2
tratou de ações logo a partir do início mandato. Prova-se, assim,
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam
que os mecanismos judiciais, tão negligenciados pelas promotorias públicas, ainda são espécies representativas da
flora e da
fortes e eficazes fauna da região.
instrumentos para oEssa área, reconhecida
cumprimento como parque
de obrigações de fazerpela Lei Comple-
ou não fazer no
mentar
campo ambiental. nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.
Algumas pesquisas foram realizadas em outras cidades brasileiras, tendo-se apresen-
tado ao município um técnico propondo a recuperação do lixão, mediante um procedi-
mento
76 bastantedasimples
Ver comentário nota de erodapé
baratonºpara
96. os cofres públicos.

122 __
__ 140
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Nenhum estudo ambiental foi realizado ou apresentado para a Prefeitura, mas ainda
assim as intervenções foram realizadas. Como resultado, apenas uma primeira fase de
terraplanagem e acomodação inicial dos platôs de lixo foi realizada. O processo que, inici-
almente, duraria cerca de 6 meses, começou a se prolongar muito além do combinado,
gerando uma série de questionamentos quanto aos procedimentos adotados (já que não
existiu um projeto escrito com o detalhamento das intervenções) e, principalmente, quan-
to à segurança da recuperação da área.
A partir daí, iniciou-se uma nova fase que culminou em uma proposta para o Plano
de Gestão dos Resíduos Sólidos de Maringá, finalizado em 2001. Algumas medidas impor-
tantes podem ser indicadas:
a) Os resíduos de saúde passaram a ser coletados pelo mesmo caminhão e a ser a-
comodados em valas próprias no lixão. Apesar disto, o caminhão utilizado realiza
a compactação do material, permitindo o extravasamento de materiais líquidos
com alto risco de contaminação nas vias públicas do município. E as valas utiliza-
das no lixão para este tipo de resíduo não são sépticas e servem apenas para indi-
car com melhor precisão os pontos de contaminação hospitalar na área.
b) Toda a área do lixão foi cercada e as obras de drenagem das águas pluviais já en-
contram-se parcialmente iniciadas.
c) Existe maior controle sobre os resíduos autorizados para despejo na área bem
como controle total das pessoas com acesso à área.
Ao mesmo tempo, o Promotor do Meio Ambiente apresentou uma proposta nos au-
tos da ação civil pública, para que o município utilizasse os estudos já realizados pela Se-
cretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos como instrumento para recuperação da
área, após apreciado pelo IAP. Essa proposta foi acatada pelo município, mas não prospe-
rou.
Nos dois primeiros anos da última gestão do Governo Municipal (2001/2002), muita
negociação ocorreu entre a Prefeitura de Maringá e os catadores e atravessadores que
trabalhavam no lixão. Inicialmente, 2 cooperativas foram formadas (a Copermaringá e a
Cocarema), mas muitos trabalhadores insistiam em permanecer no lixão, alegando que
conseguiam melhor remuneração, além do fato de que os atravessadores (indivíduos que
compram os materiais dos catadores e revendem para pequenas empresas) agiam inserindo
novos trabalhadores para serem explorados.
Em 28 de março de 2003, o lixão, que já havia sido estrategicamente cercado, foi fe-
chado para o acesso de qualquer pessoa não autorizada. Este foi um importante passo
para a correta recuperação da área, sendo noticiado pela reportagem do jornal ‘O Diário
do Norte do Paraná’ no dia seguinte:
A Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, com apoio
da Polícia Militar, fecharam ontem o acesso ao lixão de Maringá,
impedindo a circulação de catadores e atravessadores dentro da
área. Apenas um catador ainda permanecia no local, mas deixou o
lixão sem problemas. Logo cedo, foram derrubados cerca de 30
barracos usados pelos catadores. A desocupação foi tranqüila e a

__ 141 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

partir
d) ZP4: deHorto
segunda-feira,
Florestal;eles passarão a trabalhar na usina de reci-
clagem do município.
e) ZP5: Parque da Nascente A maioria aceitouPaiçandu;
do Ribeirão a mudança, mas ainda
não sabem se conseguirão
f) ZP6: Bosque das Grevíleas; a mesma remuneração. Os barracos
foram derrubados para
g) ZP7: Parque do Sabiá; cumprir uma decisão judicial de reintegra-
ção de posse, assinada na quinta-feira,
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas; segundo o secretário de
Serviços Urbanos e Meio
i) ZP9: Recanto Borba Gato; Ambiente, Eudes Januário, a partir de
amanhã
j) ZP10: haverá
Parqueum controleMunicipal
Ecológico rígido na do
entrada do lixão e está pro-
Guaiapó;
ibido o acesso de pessoas e veículos que
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;não estejam carregando
lixo. ‘Além do pessoal da prefeitura,
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário; a Polícia Militar estará nos
ajudando na fiscalização’, informou.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Conforme se depreende o) da reportagem,
ZP15: Reservas os do últimos
Córregocatadores
Borba Gato do76lixão
; formaram uma
nova cooperativa que foi alocada p) ZP16:naReserva
Usina da deRua Separação
Diogo M.deEsteves;
Lixo 86 que estava há anos
desativada. No começo, alguns q) ZP17: Reserva
problemas do Córrego aCleópatra;
atrapalharam separação dos resíduos, mas, aos
r) ZP18: Reserva da Rua
poucos, o procedimento passou a ser bem executado pelos trabalhadores,Pioneira Deolinda T. Garcia;que aprenderam
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
a usar equipamentos de segurança, como luvas e máscaras.
Na seqüência,dentre
Destacam-se, foi identificada uma nova
elas, as seguintes área com grande potencial para a instalação
áreas:
de uma) novo aterro sanitário. Os lotes
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: são os 32-A, 32-B e 32-C, da
reconhecido comoGleba Ribeirão
parque pela Pin-
Lei
güim, a mesma
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na além
em que se localiza o lixão. Esses lotes apresentam várias
2 vantagens: qua-
da morfologia
dra 43-B do doterreno,
Conjunto que Residencial
permitirá um excelente
Parigot aproveitamento
de Souza, constituído para o aterro, a
de remanescen-
estruturates
da dagestão e do transporte do lixo estão instalados em consonância
vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas com essa área.
Isto significa que nenhuma
estruturais mudança
para garantir sua radical no itinerário
sobrevivência. Somentedos nocaminhões
ano de e2003 nas aprincipais
área foi
estruturascercada
(como pela
terraPrefeitura
para cobertura, vias de numa
de Maringá, acessotentativa
e balança)deserá necessária.
isolamento das principais
Após a conclusão
áreas verdes do do Estudo de Impacto Ambiental para a confirmação da escolha
município.
da área
b) eJardim
o encaminhamento
Botânico: comdouma processo
área dedeaproximadamente
licenciamento ambiental,
9 mil m2incluindo a audiên-
, nela localizam-se
cia pública,
duas o município
antigas lagoasde Maringá poderá da
de tratamento operar
Saneparo seudesativadas.
primeiro aterroEm seu sanitário.
fundo,Aencon-
partir
do momentotram-sequedois córregos
o lixo deixar de queserpraticamente
levado para dentronão possuem
do antigo mata ciliar
lixão, preservada.
este Na
estará defini-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi
tivamente preparado para ser recuperado. É tecnicamente inviável a efetiva recuperação da recebido um recurso
financeiro
área enquanto mais especialmente
de 300 toneladas direcionado para a implementação
de lixo continuarem a ser diariamente de estruturas
despejadasque no
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local.
local. A recuperação do lixão deverá ser objeto de um Termo de Ajustamento de Conduta Entretanto, o máximo
junto ao que se podePúblico
Ministério encontrar é uma pistapelo
e monitorado de IAP.
caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da com
Junto por muito tempodepelo
a instalação Corpoaterro
um novo de Bombeiros, e queo foi
sanitário, segue ocupada
projeto pela Polícia
da Coleta Seleti-
va em Maringá. A cada ano, novos bairros são inseridos no programa. Hoje, o projeto
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um municípiode
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
possui apenas quatro veículos mal conservados para fazer a coleta. Com o incentivo das
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
cooperativas, espera-se que o sistema já existente de coleta informal comece a promover a
inda aguarda recursos financeiros.
inserção social dos trabalhadores. Os primeiros exemplos foram obtidos com os catadores
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
do lixão. A seqüência do programa prevê a regulamentação dos catadores2 de rua, que
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído
atuam a pé, com carrinhos improvisados
de remanescentes da vegetação nativa ou com quetração animal. espécies representativas da
apresentam
Paraflora
se ter uma
e da idéiadadaquilo
fauna região.que
Essao área,
município de Maringá
reconhecida comoperde
parqueempela
lixo Lei
semComple-
reapro-
veitamento, veja-se a tabela a seguir.
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

86 Esta usina localiza-se na saída para Astorga e permaneceu desativada desde a sua aquisição há mais de dez anos. A
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.
outra usina também comprada com dinheiro público nunca foi entregue ao Município de Maringá.

122 __
__ 142
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 25 - Arrecadações diária e mensal não recebidas devido à ineficiência da


coleta seletiva em Maringá
Perdas Diárias
Massa extrapolada(*) Custo (**) Perda Mensal (****)
Componentes (***)
Quilos diários – dez/98 (R$/t) (R$)
(R$)
1) Papel 37.569 10,00 – 30,00 752,00 22.560,00
2) Papelão 25.658 30,00 – 117,00 1.886,00 56.580,00
3) Plástico duro 9.763 50,00 – 275,00 1.587,00 47.610,00
4) Plástico mole 17.091 60,00 – 225,00 2.436,00 73.080,00
5) Alumínio 1.218 400,00 – 620,00 621,00 18.630,00
6) Vidro 9.077 11,00 – 55,00 300,00 9.000,00
TOTAL 7.852,00 227.460,00
Fonte: Angelis Neto (1999).
(*) Tabela da massa extrapolada; (**) variação do custo, função da distância entre a fonte poluidora e a fonte produ-
tora e a usina de reciclagem; (***) obtido através do custo médio; (****) considerando o mês com 30 dias

Sabendo-se que o Brasil deixa de ganhar algo próximo de U$ 4,6 bilhões todos os anos por
não reciclar o lixo87, vê-se que Maringá também participa do mesmo processo de desperdício,
perdendo aproximadamente R$ 2.729.520,00 (dois milhões, setecentos e vinte e nove mil, qui-
nhentos e vinte reais) por ano.
Na tabela 26 é possível verificar números mais atualizados da composição do lixo de
Maringá.

Tabela 26 -Composição do lixo de Maringá em quilos e porcentagem


Total Geral Líquido (%)
Fralda 5.518,11 2,52%
Isopor 1.159,24 0,53%
Metais ferrosos 2.870,60 1,31%
Papel 7.439,31 3,40%
Papelão 6.242,38 2,85%
Plástico Duro 7.867,15 3,59%
Plástico Mole 11.479,13 5,24%
Tecido 2.471,28 1,13%
Tetra Pak 2.177,91 0,99%
Vidro 4.245,79 1,94%
Resíduo Orgânico 142.573,33 65,13%
Alumínio 785,39 0,36%
Rejeito 24.060,05 10,99%
Total 218.889,65 100,00%

Fonte: Maringá (2003).88

Até maio de 2003, 103 bairros de Maringá eram atendidos pela Coleta Seletiva, que
consegue coletar cerca de 4 toneladas de recicláveis por dia.

87 Programa Vidagua, de Bauru/SP. Disponível em: <http://home.techno.com.br/vidagua/Projetos/lixo.html>.


Acesso em: 23 maio 2003.
88 Pesquisa realizada pela Eng.ª Sonia M. Molina Sapata em 2002.

__ 143 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

De acordo com Generoso d) ZP4:de Horto


AngelisFlorestal;
Neto, a questão do lixo em Maringá percorre
seis problemas fundamentais nos instrumentos
e) ZP5: de gestão,
Parque da Nascente a saber:
do Ribeirão fatores econômicos,
Paiçandu;
fatores educacionais, falta de conhecimento
f) ZP6: Bosque dasgeral dos problemas, carência de recursos
Grevíleas;
humanos especializados, falhas g) ZP7: Parque doe Sabiá;
na legislação falhas na fiscalização.89
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
De nada adiantará o investimento em apenas um desses aspectos, pois a interligação
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
existente entre eles fará comj) ZP10:
que qualquer um que seja
Parque Ecológico ignorado
Municipal do possa
Guaiapó; prejudicar todo o
conjunto. Por isto, programas e ações
k) ZP11: integradas
Parque sãoMunicipal
Florestal os principais objetivos a serem per-
das Palmeiras;
seguidos por todos os envolvidos l) ZP12: comParque
o lixodoemCinqüentenário;
Maringá.
Prova dessa lógica pode m)serZP13: Parque na
constatada da Rua Teodoro
reviravolta daNegri;
gestão do lixo em Maringá a
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
partir da metade do ano deo)2004. Em pleno período de eleições
ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato municipais,
76; o lixão, que
estava há meses desocupado, voltouReserva
p) ZP16: a ser invadido por catadores,
da Rua Diogo M. Esteves; em flagrante descum-
primento da decisão judicial.q) ApósZP17:vários
Reserva do Córrego
impasses Cleópatra; entre a Prefeitura e os
na negociação
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
invasores, restou claro o fato de que a gestão anterior desistiu de prosseguir na ação de
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
desocupação, deixando a cargo da nova administração eleita a tarefa de resolver o proble-
ma. Isto ocorreu, naturalmente,
Destacam-se, dentre elas, asem virtudeáreas:
seguintes das acusações recíprocas: de um lado contra a
anterior gestão, que não teria tido competência
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: para resolver o problema,
reconhecido como parquee de outro
pelalado
Lei
Complementar
contra a nova nº 3.513/93,
administração, que se viu possui uma aárea
desafiada de 16.204,48
demonstrar comomresolver
2 , localizado na qua-
o problema.
dra 43-B
Deixando de do
ladoConjunto
os problemasResidencial Parigot
políticos, o fatodeé Souza,
que atéconstituído de remanescen-
o início do segundo semes-
tes odalixão
tre de 2005 vegetação nativa.continuava
de Maringá A área nãoabrigando
possui plano de manejo
catadores de lixo.e enfrenta
Para piorarproblemas
a situa-
estruturais
ção da nova para garantir
Administração, no dia sua18sobrevivência.
de março de 2005 Somente
o Juiznodeano de 2003
Direito Airtona área foi
Vargas
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
da Silva emitiu a sentença final no processo de ação civil pública iniciado pelo Ministério das principais
Público. áreas verdes do município.
b) Jardim
Apesar de aBotânico:
Prefeituracomter uma área de
recorrido, aproximadamente
visivelmente 9 milmais
para ganhar m2 , prazo
nela localizam-se
para iniciar
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
as medidas a que está obrigada, a sentença da 2ª Vara Cível de Maringá estabeleceu várias
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
obrigações e prazos para o início da solução dos problemas do lixão de Maringá, quais
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
sejam:
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
a) condenar o réu na obrigação de não fazer consistente em se abster de utilizar para
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
fins de depósito de lixo o terreno conhecido como “lixão” localizado na estrada
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
São José, Gleba Pinguim, nos lotes 31A-1 e 31B, confirmando assim os efeitos da
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
liminar concedida às fs. 450 a 457;
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
b) condenar o réu na obrigação de fazer consistente em promover a recomposição
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
da área em questão, com recuperação integral da superfície do ambiente afetado,
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
adotando
inda aguarda as medidas
recursos necessárias
financeiros.para que os resíduos sólidos ali existentes sejam
totalmente recobertos
c) Parque Florestal Municipal e quedassejaPerobas:
controlada a emissão
localizado nosde derivados
lotes 210-A elíquidos
211-A, para
210
que não atinjam cursos d’água;
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2
c) condenar o réu nadaobrigação
de remanescentes vegetaçãodenativa
fazer que
consistente em destinar
apresentam espécies outro local parada
representativas o
aterro sanitário, a ser implantado dentro das normas técnicas do
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- IAP, com elabo-
ração
mentardenºEstudo e Relatório
3.513/93, tambémdeseImpacto
encontraAmbiental;
abandonada e não possui um plano de
d) condenar
manejo. o réu na obrigação de fazer consistente em destinar de forma específica
o lixo hospitalar dentro das normas técnicas da legislação pertinente;

76
89 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.
ANGELIS NETO, 1999.

122 __
__ 144
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

e) condenar o réu na obrigação de fazer consistente em promover a realização de


programa de gestão ambientalmente adequado aos resíduos urbanos, proporcio-
nando condições de trabalho para a população que vive do lixo com a implemen-
tação de reciclagem que abranja toda a coleta de lixo do Município;
Para tanto a sentença fixa os seguintes prazos para cumprimento das obrigações:
a) quatro meses para o integral cumprimento dos itens a, b e c, a contar das datas de-
limitadas na liminar de fs. 450 a 457;
b) três meses para o efetivo início do cumprimento do item d, a contar do trânsito
em julgado da presente;
c) seis meses para efetivo início do cumprimento do item remanescente, a contar do
trânsito em julgado da presente.
O juiz ainda fixou multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por mês de descumprimen-
to pela Prefeitura.
É possível extrair lições dessa situação. Em primeiro lugar, independente da ideologia
partidária, a questão ambiental necessita de vontade política e de competência administra-
tiva. É fundamental a união para que ações concretas de proteção, preservação e recupera-
ção ambiental sejam empreendidas. Assim como as demais gestões, a Prefeitura de Marin-
gá enfrenta sérias dificuldades para resolver os principais problemas ambientais do muni-
cípio.
Outra lição clara é a de que o sistema judiciário, apesar de lento, ainda é um recanto
de esperança para a busca de uma cidade com maior qualidade ambiental. A efetividade
dessa sentença sobre o lixão de Maringá ainda não pode ser testada. Mas a sua existência já
é um começo e um exemplo para a continuidade da luta ambiental.

__ 145 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

PÁGINA 146 – EM BRANCO

__ 146 __
4 Poluição sonora

A poluição sonora é um dos grandes problemas que surgiu nas sociedades urbanas
contemporâneas, especialmente após a Revolução Industrial, em que as máquinas se tor-
navam cada vez mais potentes e, por sinal, mais barulhentas.
O desenvolvimento tecnológico permitiu aparelhos eletrônicos cada vez menores,
mas de grande potência acústica. O simples aumento populacional, apresentou problemas,
porque um número muito grande de pessoas geram ruídos. Como exemplo, cita-se o trân-
sito e sua poluição sonora, principalmente nas vias mais movimentadas.
De acordo com o especialista em ruídos do Tecpar, Geraldo Cavalcante90, em entre-
vista para o Jornal ‘O Diário do Norte do Paraná’, o ruído não faz mal apenas à audição,
mas afeta todo o organismo. Sons altos provocam descargas de adrenalina no sangue,
levando a pessoa a ter enxaquecas e dores corporais.
Esse fato é explicável porque o corpo humano é composto basicamente de água em
sua estrutura. E, na água, o som se propaga com uma intensidade três vezes maior do que
no ar. O corpo acaba absorvendo a energia sonora, e os efeitos disso são bastante prejudi-
ciais à saúde, levando as pessoas, ao estresse.
O especialista em Medicina Legal, Veloso França, comenta:

o som acima de 85 decibéis pode produzir lesões auditivas e per-


turbações psíquicas. [...] Um ruído acima de 85 decibéis, conside-
rado tecnicamente aceito pela nossa legislação, ainda não é consi-
derado como fator de exposição, caso o indivíduo esteja correta-
mente protegido. Assim, ele estará exposto ao risco de perda au-
ditiva quando o ruído estiver acima de 85 decibéis, durante um
tempo médio de 40 horas semanais e sem nenhuma forma ade-
quada de proteção. Além da perda auditiva permanente, o ruído
intenso pode produzir outros efeitos, como os zumbidos, o re-
crutamento, a perda da discriminação da fala e a otalgia.91

90 O DIÁRIO DO NORTE DO PARANA, Maringá, 28 nov. 1997. Geral, p. 8.


91 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 89.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Conforme Paulo Affonso d) ZP4:


Leme Machado,
Horto ao citar um estudo publicado pela Orga-
Florestal;
nização Mundial de Saúde, os e) ZP5: Parque
principais da Nascente
efeitos do ruído dosão:
Ribeirão
perdaPaiçandu;
da audição; dor; insô-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
nia.92
g) ZP7: Parque do Sabiá;
A norma brasileira queh)regulamenta
ZP8: ParqueoFlorestal
ruído prevê limites
Municipal dasdePerobas;
barulho para cada área
da cidade, de acordo com a Resolução nº 1/90
i) ZP9: Recanto Borba Gato;do Conama, que prevê que:
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
I –ZP11:
k) Parque
a emissão deFlorestal
ruídos, emMunicipal das Palmeiras;
decorrência de quaisquer atividades
l) ZP12: Parque
industriais, do Cinqüentenário;
comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de pro-
m) ZP13:política,
paganda Parque da Rua Teodoro
obedecerá, Negri; da saúde, do sossego
no interesse
n) ZP14:os
público, Parque Alfredo
padrões, Werner
critérios Nyffeler;estabelecidos nesta Re-
e diretrizes
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
solução;
p) –ZP16:
II Reserva da àRua
são prejudiciais Diogo
saúde e aoM. Esteves;
sossego público, para os fins do
q) ZP17:
item Reserva
anterior, do Córrego
os ruídos Cleópatra;
superiores aos considerados aceitáveis pe-
r) ZP18:
la norma Reserva
NBR 10151, da Rua Pioneirade
Avaliação Deolinda
Ruídos emT. Garcia;
Áreas Habitadas –
s) ZP19:ao
visando Reserva
confortodo Córrego Moscados;
da comunidade – da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
A
a) norma
ParqueNBR 10.152 Municipal
Ecológico da ABNT, do postula que nas
Guaiapó: áreas residenciais,
reconhecido como parqueas emissões so-
pela Lei
noras sãoComplementar
limitadas entrenº35-45 3.513/93,
dB(A)possui uma área dea16.204,48
(nos dormitórios) 40-50 dB(A) m , localizado
2 na qua-
na sala de estar. Já
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
o limite para um centro comercial é de 65 Db (A). Para se ter uma idéia do que isso signi- de remanescen-
fica, bastateslembrar
da vegetação
que, emnativa. A áreanormal,
um diálogo não possuiduasplano
pessoasde manejo
emitem eruídos
enfrenta problemasa
equivalentes
estruturais
65 decibéis. para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Na Resolução nº 02/90, o Conama criou o Programa Nacional chamadoprincipais
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das silêncio,
áreas verdes do município.
que busca uma coordenação entre as diversas esferas do Poder Público2 para o controle da
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
poluição sonora definida em resolução anterior. Apesar da coordenação geral do Ibama,
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
esse programa
tram-sedepende do envolvimento
dois córregos e da participação
que praticamente não possuem dos mata
Estados
ciliare dos municípios
preservada. Na
em programas de educação ambiental e de fiscalização.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
Parafinanceiro
o combate à poluição em
especialmente todas as suas
direcionado paraformas, especialmente
a implementação de quanto aos que
estruturas dis-
túrbios sonoros provocados
permitissem a visitaçãono ambiente urbano,florestal
e a recuperação a legislação municipal
do local. de Maringá
Entretanto, o máximo dis-
põe de uma que série de penalidades
se pode encontrar é visando
uma pista coibir a conduta daqueles
de caminhada que causarem
mal projetada; uma sedeincômo-
utiliza-
da por muito
dos à coletividade, sejatempo pelo Corpo
aplicando multas, de Bombeiros,
emitindo e que foideocupada
notificações embargo, pela Polícia
cassando
alvarás deFlorestal
licença ae partir de maio
até mesmo de 2003; ae interdição
decretando uma imensa área
total dodesmatada.
estabelecimentoUm projeto
causador de
recuperação foi viabilizado na última gestão
de poluição sonora, conforme se depreende do art. 21 da Lei nº 218/97.municipal, buscando tornar a área um
ponto
Aliás, essade
leilazer e visitação
é a grande para a comunidade
reguladora do controle ecarente que vive adas
da fiscalização suaatividades
volta, masque a-
inda aguarda recursos financeiros.
gerem poluição sonora em Maringá. No artigo 1o, prevê que “é proibido perturbar o sos-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
sego e o bem-estar público com ruídos, vibrações, sons excessivos ou incômodos de qual-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
quer natureza, produzidos por qualquer forma, que contrariem os níveis máximos de in-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
tensidadeflora
fixados
e dapor
faunaestadalei”. Portanto,
região. independentemente
Essa área, reconhecida como da natureza
parque pela e daLei
fonte gera-
Comple-
dora do mentar
ruído, onºresponsável deve tomar
3.513/93, também as medidas
se encontra necessáriase para
abandonada impedirum
não possui a continui-
plano de
dade do incômodo.
manejo.

92 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2000.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.
p. 596.

__ 122
148 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

E, de forma bastante clara, define no parágrafo 2º do artigo 1o, em seu inciso II, que
poluição sonora é “toda emissão de som que, direta ou indiretamente, seja ofensiva ao
sossego público ou a produzir efeitos psicológicos e/ou fisiológicos negativos em seres
humanos e animais”.
A lei de poluição sonora do município expressa que as medições dos níveis de ruído
na cidade deverão obedecer às recomendações da NBR 10.151 e/ou NBR 10.152 da
ABNT, ou às que lhes sucederem (art. 2o). Essa medições são efetuadas pela Secretaria do
Meio Ambiente de Maringá.
Para os efeitos do zoneamento sonoro da cidade, a Lei no 218/97, regulamentada pe-
lo Decreto no 383/99, dispõe que são consideradas zonas de silêncio as seguintes localidades:
escolas, creches, bibliotecas públicas, hospitais, ambulatórios, casas de saúde ou similares,
com leitos para internamento. Isto independentemente da efetiva zona de uso, sendo que
deve ser observada a faixa de 200 metros de distância entorno do prédio, com silêncio
excepcional.
Mesmo possuindo uma definição legal, as zonas de silêncio não possuem regulamen-
tação em Maringá, o que prejudica o seu controle por parte da Secretaria de Meio Ambien-
te.
O artigo 3º estabelece que “a emissão de sons e ruídos em decorrência de quaisquer
atividades industriais, comerciais, de prestação de serviços, inclusive de propaganda, bem
como sociais e recreativas, obedecerá aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta
lei.”
E o artigo 5º prevê a necessidade autorização prévia da Semma, “mediante licença
ambiental”, para que as “atividades potencialmente causadoras de poluição sonora, defini-
das em lei” possam obter “alvarás de construção e localização”.
Não obstante a obrigação de respeitar as normas federais e constitucionais, os artigos
seguintes, 10º e 11º, trouxeram uma série de exceções:

Art. 10 – Não se compreendem nas proibições dos artigos anteri-


ores ruídos e sons produzidos por:
I – vozes ou aparelhos usados na propaganda eleitoral ou mani-
festações trabalhistas, para os quais será estabelecido regulamento
próprio, considerando as legislações especificas;
II – sinos de igrejas ou templos religiosos, desde que sirvam ex-
clusivamente para indicar as horas ou anunciar a realização de a-
tos ou cultos religiosos;
III – fanfarras ou bandas de música em procissão, cortejos ou
desfiles cívicos;
IV – sirenas ou aparelhos de sinalização sonora utilizados por
ambulâncias, carros de bombeiros ou viaturas policiais, quando
em serviço de socorro e policiamento;
V – explosivos utilizados no arrebentamento de pedreiras, rocas
ou nas demolições, desde que detonados no período diurno e
previamente licenciados pela Semma;

__ 149 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
VI – apresentações
Horto Florestal;
musicais em geral, devidamente autorizadas,
emZP5:
e) convenções,
Parque dafeiras
Nascente
e exposições,
do Ribeirão desde
Paiçandu;
que, no período diur-
no,ZP6:
f) não ultrapassem
Bosque das Grevíleas;
os limites de 65 dB (A) e, no período notur-
no,ZP7:
g) os limites
Parquededo50Sabiá;
dB(A).
Art.ZP8:
h) 11 –Parque
As manifestações
Florestal Municipal
tradicionais,
das Perobas;
decorrentes do Carnaval
i) ZP9:comemorações
e das Recanto Borbaalusivas
Gato; às Festas Juninas e ao Ano Novo,
ZP10:
serão
j) excepcionalmente
Parque Ecológico toleradas.
Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parquecometida
No artigo 10 há uma irregularidade do Cinqüentenário;
pelo legislador municipal que, ao arre-
m) ZP13:
pio da Constituição Federal e da legislação federal, Teodoro
Parque da Rua Negri; no projeto de lei com-
criou exceções
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
plementar n 244/98, que acrescentou o inciso VII ao artigo 10o, do seguinte
o teor:
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Art. 10 – Reserva
q) ZP17: Não se compreendem nas proibições dos artigos anteri-
do Córrego Cleópatra;
ores ruídos e sons produzidos por:
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda [...] T. Garcia;
VII – atos
s) ZP19: ou cultos
Reserva religiosos,
do Córrego desde que, na forma do regula-
Moscados;
mento, não extrapolem os níveis determinados por esta Lei nas
Destacam-se, dentre elas, zonas de silêncioáreas:
as seguintes e no horário das 23:00 às 06: 30 horas, e, nas
demais zonas e horários, não excedam em 50% os limites fixados.
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar
A legislação federalnºestabelece
3.513/93,que possui uma área
os ruídos que de 16.204,48
podem m2, localizado
ser emitidos na qua-
em via pública,
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
sob pena de serem considerados poluição sonora, devem alcançar no máximo 65 dB (A). de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Desta forma, sabendo-se que a competência legislativa municipal é apenas supletiva, prin-
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cipalmente em se tratando de meio ambiente, nenhuma norma municipal pode modificar
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
os parâmetros estipulados
áreas verdes por normas federais, de forma a diminuir suas restrições. Ao
do município.
contrário, pode o legislador
b) Jardim Botânico: com municipal
uma áreaaumentar ainda mais os9 rigores
de aproximadamente mil m2 ,das
nelaleis federais e
localizam-se
estaduais,duas
de acordo
antigascom o seu
lagoas de interesse
tratamento local
da (art.
Sanepar30, Idesativadas.
e II da CF). Em seu fundo, encon-
Assim, é incontestavelmente inconstitucional
tram-se dois córregos que praticamente não possuem esse inciso
mata acrescentado
ciliar preservada. à LeiNa
no 218/87 de Maringá, que
Administração veio beneficiar
Municipal apenas Jairo
do ex-prefeito as igrejas e os templos,
Gianoto, notadamente
foi recebido um recurso os
que causam financeiro
poluiçãoespecialmente
sonora na cidade.direcionado para a opinou
Neste sentido implementação de estruturas
a 13 Promotoria
a de Marin-que
permitissem
gá, ao analisar os autos a visitação e a recuperação
do inquérito administrativo florestal do local.
no 22/99, Entretanto,duas
que investigou o máximo
igrejas
acusadasque se pode encontrar
de manterem elevadosé índices
uma pistade de caminhada
emissões mal projetada;
sonoras uma sede
em seus cultos. utiliza-
O próprio
advogadodadepor uma muito tempo fundamentou
das igrejas pelo Corpo desuaBombeiros,
defesa no einciso
que foi VIIocupada
do art. 10 pela
da Polícia
Lei nº
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
218/97, mas foi devidamente alertado da inconstitucionalidade de tal norma pelo parecer
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
do auxiliar da Promotoria.
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Além disto, mesmo o inciso II, também transcrito, deve ser considerado inconstitu-
inda aguarda recursos financeiros.
cional,c) uma vez que
Parque se põeMunicipal
Florestal contra o princípio
das Perobas:da igualdade,
localizadoprevisto
nos lotespelo210-A da Consti-
art. 5eo211-A, 210
tuição Federal. Isto porque seria totalmente incoerente proibir a toda
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído a coletividade
2 causar
incômodo depor emissão sonora
remanescentes e, ao mesmo
da vegetação nativatempo, permitir essa
que apresentam atividade
espécies às igrejas, em
representativas da
virtude de flora
umae da fauna secular,
tradição da região.masEssa
nemárea,
por reconhecida
isso isenta de como
poluiçãoparque pela Lei
sonora. Comple-
Sabe-se que
o poder de mentar
som de nº 3.513/93, também
um sino alcança se encontra
várias centenas abandonada
de metros, eeincomoda
não possui um plano de
principalmente
as pessoas manejo.
que habitam os arredores das igrejas e dos templos. Percebe-se em Maringá que
a maior parte das igrejas não tem utilizado seus sinos, e a simples previsão na legislação
local
76Ver não lhe autorizaria
comentário fazê-lo.
da nota de rodapé nº 96.

__ 122
150 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Nota-se que a intenção de privilegiar o lobby das igrejas maringaenses, em especial as


que, pela natureza do culto, são extremamente ruidosas, está presente de forma acentuada
na Lei nº 218/97. Prova disto, é o artigo 18, parágrafos 2º e 3º, que criaram mais uma
exceção de benefício exclusivo das igrejas:

Art. 18 – Aos estabelecimentos, instalações ou espaços que esti-


verem em perfeito estado funcionamento legal antes da publica-
ção desta lei, será concedido prazo improrrogável de cento e oi-
tenta (180) dias para se adequarem aos seus termos.
[...]
§2º - O tratamento acústico fica dispensado para templos de
qualquer culto, salvo o disposto no §3º deste artigo.
§3º - Quando, mediante denúncia formal, a Municipalidade cons-
tatar, na forma regulamentar, reiterada infringência das disposi-
ções desta lei, poderá exigir que os templos façam tratamento a-
cústico.

Não basta que a irregularidade seja constatada pela Semma. A lei exige que seja apre-
sentada uma denúncia formal que comprove reiterado desrespeito à lei. A pergunta que se
faz é: pode uma lei complementar municipal desconsiderar o Poder de Polícia da Adminis-
tração Pública, previsto inclusive em lei federal (Código Tributário Nacional), e criar um
tratamento especial para partes iguais, em situações idênticas, sem ferir o princípio consti-
tucional da igualdade?
A resposta a essa pergunta esclarece também a inconstitucionalidade desse artigo.
Tanto que a previsão geral da lei deve ser observada por qualquer empreendimento que
queira se instalar no município de Maringá. O artigo 14, da Lei nº 218/97, estabelece que
os estabelecimentos que utilizam fonte sonora com transmissão ao vivo e/ou qualquer
outro sistema de amplificação, disponham de tratamento acústico que limite a passagem
de som para o exterior.

Art. 14 – Os estabelecimentos, instalações ou espaços, inclusive


aqueles destinados ao lazer, cultura, hospedagem e alimentação, e
institucionais de toda espécie, serão obrigados a dispor de trata-
mento acústico que limite a passagem de som para o exterior, ca-
so suas atividades utilizarem fonte sonora com transmissão ao vi-
vo e/ou qualquer sistema de amplificação, a fim de se adequar a
esta legislação, ressalvado o disposto no artigo 18.

O que se percebe, tanto pelo número de reclamações que chegam na Semma, quanto
pelos inquéritos civis existentes na 13a Promotoria de Maringá, é que ainda existem muitos
locais que não estão adequados a essas exigências. Apenas por meio da reclamação dos
interessados é que medidas têm sido tomadas pelo Poder Público. Isto demonstra o pro-
blema da inexistência de uma fiscalização ostensiva no município para a prevenção de
danos ambientais e à saúde da população, conforme prevê o artigo 19 da lei em análise.

__ 151 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A Lei nº 218/97 inovou ZP4:


d) ao exigir
HortoumFlorestal;
Alvará de Licença especial para a execução das
atividades sonoras previstase)noZP5: Parque
artigo 14. OdaqueNascente do Ribeirão
tem ocorrido Paiçandu; de Alvará de
é a solicitação
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Licença para uma atividade principal, por exemplo, bar e lanchonete, sem a indicação de
g) ZP7: Parque do Sabiá;
atividade sonora. Entretanto, h) seja
ZP8:por má-fé
Parque do proprietário,
Florestal Municipal visando esquivar-se da obri-
das Perobas;
gação legal de realizar o tratamento acústico,
i) ZP9: Recanto Borba Gato;ou por estratégia de apelo e marketing ao
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
público, acaba-se instalando um aparelho de som, um videokê e, quando a fiscalização da
Prefeitura finalmente começa k) ZP11: Parquenão
a trabalhar, Florestal
é raroMunicipal das Palmeiras; já esteja com
que o estabelecimento
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
bandas tocando ao vivo.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
As principais penalidades previstas
n) ZP14: pelaAlfredo
Parque Lei nº 218/97
Werner de Maringá são as seguintes:
Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
Art. 21 – Reserva
p) ZP16: A pessoadafísica
Rua ou jurídica
Diogo que infringir qualquer dispo-
M. Esteves;
sitivo
q) ZP17: desta lei, seus
Reserva regulamentos
do Córrego e demais normas dela decor-
Cleópatra;
rentes,
r) ZP18:fica sujeitada
Reserva às Rua
seguintes
Pioneirapenalidades,
Deolinda aplicadas
T. Garcia;sucessiva ou
cumulativamente,
s) ZP19: Reserva do independentemente
Córrego Moscados;da obrigação de cessar a
transgressão e de outras sanções da União ou do Estado, cíveis
Destacam-se, dentre elas, ou penais:
as seguintes áreas:
I
a) Parque Ecológico Municipal – notificaçãodo por escrito; reconhecido como parque pela Lei
Guaiapó:
II – multa simples ou diária;
Complementar nº 3.513/93,
III – embargo possui uma ou
da obra áreaapreensão
de 16.204,48 m2, localizado na qua-
da fonte;
dra 43-B do Conjunto IV –Residencial Parigot
interdição parcial oude Souza,
total constituído deouremanescen-
do estabelecimento atividade;
tes da vegetação nativa. A área não
V – cassação possui
imediata doplano
Alvaráde demanejo
Licença;e enfrenta problemas
VI – perda
estruturais para garantir ou restrição deSomente
sua sobrevivência. incentivosnoe ano
benefícios fiscais
de 2003 conce-
a área foi
didos pelo Município.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
Para a aplicação das penalidades, devem ser observadas as circunstâncias agravantes
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
ou atenuantes previstas pelos artigos 26º e 27º da Lei nº 218/97.
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
A parte principal da Lei nº 218/97 é a tabela I, do anexo I, que prevê os limites de
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
sons e ruídos permissíveis em Maringá, de acordo com as respectivas zonas de uso estabe-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
lecidas pelo Plano Diretor da cidade e o horário da atividade, seja ele diurno ou noturno,
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
conforme se vê a seguir.
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Tabela 27 - Limites máximos de sons e ruídos permissíveis em Maringá
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Zonas de Uso Diurno Noturno
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Zona Especial – ZE
Zonas derecuperação foi viabilizado
Proteção Ambiental – ZPA na última gestão municipal, buscando tornar a área um
55 dB(A) 45 dB(A)
ponto de -lazer
Zonas Residenciais ZR e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Eixos Residenciais – ER
inda aguarda recursos financeiros.
Zonac)Central – ZCFlorestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
Parque
Eixos de Comércio e Serviços – ECS
Terminalede210-G da Gleba
– TT Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído
60 dB(A) 50
2 dB(A)
Transportes
deAbastecimento
Central de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
– CA
flora e1da
Zona Industrial fauna
– Zl – 1 da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
Av. Colombo,
mentarAnel
nºViário Prefeitotambém
3.513/93, Sincler Sambatti
se encontra abandonada 65 dB(A)e não possui55um plano de
dB(A)
(Contorno Sul) e vias de acesso.
manejo.
Zona de Comércio Atacadista – ZCA
Demais Zonas Industriais 70 dB(A) 60 dB(A)
76Fonte: Lei nº 218,da
Ver comentário denota
1997.deAnexo
rodapéI,nº
tabela
96. I.

__ 122
152 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Um dos problemas enfrentados pelos empresários da noite é a inexistência de um


horário intermediário entre a noite e o dia em Maringá. O artigo 1º, §3º estabelece que
para o horário das 20 às 7 horas, será considerado período noturno para fins de aplicação
dessa lei, e dos limites do Anexo I.
Percebe-se que, no caso do Terminal de Transportes, invés de se exigir da empresa
concessionária a adequação de seus veículos às exigências legais que evitam danos à saúde
da população e ao meio ambiente, optou-se por um enquadramento no zoneamento mais
leve, que, aliás, mereceria um estudo mais aprofundado para a constatação de sua adequa-
ção. E, quanto à Av. Colombo e ao Contorno Sul, também ocorre o mesmo problema, de
difícil solução, pois ambas as vias possuem grande movimentação, e que não poderiam ser
modificadas, pois prejudicariam o sistema viário da cidade.
O projeto piloto para a ocupação do Município de Maringá, prevê o crescimento da
cidade no sentido sul, deixando a Avenida Colombo com sua função original de contorno
para os veículos em trânsito e os mais pesados. Quando da instalação da UEM, o então
prefeito quis dar o máximo de visualização para o “seu” empreendimento. Com isto, a
universidade acabou por atrair um forte crescimento para os seus arredores, de tal sorte
que, hoje, é uma das áreas mais densamente povoadas da cidade. Além dos riscos de atro-
pelamento, o ruído provocado pelo trânsito é um dos maiores prejuízos herdados.
Nesse último caso, o fato denuncia um problema maior referente às empresas auto-
motivas, que deveriam estar sendo cobradas, quanto às novas tecnologias acessíveis a toda
a população de redução da emissão sonora dos motores e escapamentos dos veículos, a
exemplo do que ocorre com a poluição do ar pela queima do combustível. Esse problema,
que não alcança apenas os moradores das localidades próximas à Avenida Colombo e ao
Contorno Sul de Maringá, mas sim a todo o país, ainda deverá ser muito discutido e inco-
modará muito a população antes de ter algum tipo de ação solucionadora.
A Lei nº 218/97 previu a necessidade de uma regulamentação específica para esta
questão que até o momento não foi providenciada:

Art. 4º – A emissão de som ou ruídos produzidos por veículos


automotores, aeroplanos e aeródromos, e os produzidos no inte-
rior dos ambientes de trabalho, obedecerão às normas expedidas,
respectivamente, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente –
Conama, e pelos órgãos competentes do Ministério da Aeronáu-
tica e Ministério do Trabalho.
Parágrafo único – No tocante à emissão de ruídos por veículos
automotores, o Município estabelecerá, através de regulamenta-
ção específica, os critérios de controle, considerando o interesse
local.

A Resolução no 8/93 do Conama, prevê que os prazos para a adequação dos veículos
do ciclo Otto aos limites de emissão sonora terminaram em 1997, e dos veículos do ciclo
Diesel, a partir de 1o de janeiro de 1998, 100% dos veículos fabricados no Brasil deveriam
estar adequados.

__ 153 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A Tabela 1ª, da Resolução d) ZP4: Hortodo


no 8/93 Florestal;
Conama, estabelece que os veículos de carga
e) ZP5:
ou de tração com peso bruto total acima Parquededa3.500
Nascente do Ribeirão
Kg, podem emitir,Paiçandu;
no máximo, seja qual
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
for seu ciclo, até 84 dB(A). Seria interessante que o CONTRAN emitisse relatórios de
g) ZP7: Parque do Sabiá;
conhecimento público a respeito h) ZP8:dessas
Parquenormas
Florestalpara saber qual
Municipal a sua efetividade até o
das Perobas;
momento. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
O trânsito também gera j) ZP10:
algunsParque Ecológico
impactos Municipal
relacionados do Guaiapó;
à escolha e permissão inade-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
quadas para a instalação de empreendimentos de grande movimentação. Não muito recen-
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
temente, tornou-se pacífico,m) junto
ZP13:aosParque
órgãosda municipais
Rua Teodoro incumbidos
Negri; do licenciamento das
construções, a obrigação, para os empreendedores
n) ZP14: Parque Alfredode shoppings,
Werner supermercados e similares,
Nyffeler;
ZP15:
da disponibilidade de estacionamentos para os freqüentadoresGato
o) Reservas do Córrego Borba ;
de 76seus espaços. Desta
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
forma, o Poder Público já estava se precavendo de grandes problemas futuros de trânsito,
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
poluição atmosférica e sonora, pela concentração
r) ZP18: Reserva da Rua dePioneira
veículosDeolinda
em um determinado
T. Garcia; local.
A previsão do Estudo de Impacto
s) ZP19: de Vizinhança
Reserva do Córrego(EIV), pelo Estatuto da Cidade (Lei
Moscados;
n° 10.257/2001), a partir do artigo 36, chegou após a consolidação de vários problemas e
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
erros de localização de empreendimentos geradores de impacto, por natureza. Deverá ser
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
regulamentado pela legislação municipal (art. 36), e deverá incluir as seguintes questões:
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
Art. 37 - O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos
tes da vegetação nativa. A área
positivos não possui
e negativos do plano de manejo eouenfrenta
empreendimento atividadeproblemas
quanto à
estruturais para garantir sua de
qualidade sobrevivência.
vida da populaçãoSomente no ano
residente de 2003
na área e suasa proximi-
área foi
cercada pela Prefeitura dades,deincluindo
Maringá,a análise, no mínimo,
numa tentativa de das seguintesdas
isolamento questões”:
principais
I – adensamento populacional;
áreas verdes do município.
II – equipamentos urbanos e comunitários; 2
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
III – uso e ocupação do solo;
duas antigas lagoas IV de –tratamento
valorizaçãoda Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
imobiliária:
tram-se dois córregos V – que praticamente
geração de tráfego não possuempor
e demanda mata ciliar preservada.
transporte público; Na
Administração Municipal VI – ventilação e iluminação;
do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente VII – paisagem
direcionado urbana
parae apatrimônio nacionaldee cultural.
implementação estruturas que
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integran-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
tes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão com-
que se pode encontrar é uma
petente do pista
Poder dePúblico
caminhada mal projetada;
municipal, uma sede
por qualquer utiliza-
interessado
da por muito tempo pelo
(grifo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
nosso).
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação
A Lei Complementar foi viabilizado
n° 335/99 na traz,
última emgestão municipal,
seu artigo 125, abuscando
previsão tornar a área um
do Relatório de
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que
Impacto de Vizinhança. Conforme se constata em sua redação, os casos previstos são vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
restritos a construções de grande porte.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
Art. 125 - Para a execução de obra ou atividade potencialmente
de remanescentes da vegetação
geradora nativa que apresentam
de modificações importantesespécies
no espaço representativas
urbano, poderá da
flora e da fauna da ser região. Essa
exigido área, reconhecida
o Relatório de Impacto como parque pela
de Vizinhança Lei -,Comple-
- RIV ao qual
mentar nº 3.513/93, se também
dará publicidade, nos seguintes
se encontra abandonada casos:
e não possui um plano de
manejo. I - edificações residenciais com área computável superior a
20.000,00m2 (vinte mil metros quadrados);
II - edificações não residenciais com área superior a 5.000,00m2
76 Ver comentário da nota de rodapé(cinco
nº 96.
mil metros quadrados);

__ 122
154 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

III - conjuntos de habitações populares com 100 (cem) ou mais


unidades habitacionais;
IV - edificações em caráter especial.
§ 1.º O Relatório de Impacto de Vizinhança deverá conter todas
as possíveis implicações do projeto sobre a estrutura ambiental
no entorno do empreendimento.
§ 2.º De posse do Relatório de Impacto de Vizinhança, o Poder
Público, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Pla-
nejamento e Habitação - SEDU - e da Secretaria de Serviços Ur-
banos e Meio Ambiente - Semma -, procederá à avaliação do
mesmo e estabelecerá as exigências que se fizerem necessárias pa-
ra minorar ou eliminar impactos negativos do projeto sobre o en-
torno ou a cidade (grifo nosso).

Como o Estatuto da Cidade foi editado um ano após a lei municipal, a previsão da lei
federal que exige sua regulamentação por lei municipal ainda subsiste no caso de Maringá.
Ao mesmo tempo, a Lei nº 335/99 não foi revogada, devendo apenas ser adequada aos
interesses garantidos pela lei federal.
Uma sugestão é a de serem inseridos novos incisos específicos que contemplem as
demais atividades causadoras de impactos ambientais, a despeito de não terem as dimen-
sões previstas nos demais incisos existentes. Ou então, pode-se aproveitar o caráter gené-
rico do inciso IV, para regulamentá-lo, pelo de Decreto do Executivo, determinando quais
edificações possuem o “caráter especial”, e acrescentar as determinações da lei federal.
A inclusão do EIV na legislação brasileira demonstra que o princípio da função social
da propriedade está lentamente saindo do rol das garantias constitucionais intocáveis (Art.
182, Constituição Federal) para o cotidiano da população. Não basta mais para o municí-
pio que um alto investimento seja realizado em seu território; é imprescindível que a quali-
dade de vida seja mantida e a responsabilidade pelos impactos diretos ou indiretos do
empreendimento deve ser de seus proprietários, de acordo com o princípio do poluidor-
pagador, do Direito Ambiental Internacional.
De qualquer forma, deve-se registrar que os problemas de poluição sonora têm sido
os mais combatidos pela Semma em Maringá, até mesmo porque os equipamentos neces-
sários são, basicamente, os únicos que a secretaria possui.
Percebe-se que as reclamações feitas pela população têm sido atendidas dentro da
possibilidade costumeira dos serviços públicos em geral, e os infratores normalmente
multados e notificados para a sua adequação.
Apesar disso, ainda falta maior coordenação da Semma com a polícia militar, para
que as denúncias sejam apuradas em conjunto pois com a facilidade e mobilidade dos
veículos da polícia, esta poderia auxiliar o combate a esse tipo de poluição.
Um primeiro e importante passo nesse sentido ocorreu no ano de 2002, quando uma
força tarefa, composta de várias secretarias municipais e da Polícia Militar, passou a atuar em
casos de poluição sonora. Com base em uma experiência de sucesso ocorrida em Curitiba,
essa força tarefa, deverá iniciar uma nova fase na atuação integrada dos órgãos públicos
para o combate da poluição sonora.

__ 155 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ZP4: Horto Florestal;


Esta parceria encontrad)fundamentação legal na Lei de Contravenções Penais, que
prevê a poluição sonora como e) ZP5: Parque daesta
tal, devendo Nascente
últimadoser Ribeirão
punidaPaiçandu;
de acordo com os se-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
guintes artigos:
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
Art.
i) ZP9:42 -Recanto
Perturbar alguém,
Borba Gato;o trabalho ou sossego alheios:
Ij) –ZP10:
com gritaria
Parque ou algazarra;
Ecológico [...]
Municipal do Guaiapó;
III - abusando de instrumentos
k) ZP11: Parque Florestal Municipal sonoros
das ou sinais acústicos; [...]
Palmeiras;
Pena - prisão simples, de
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário; 15 dias a 3 meses, ou multa.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
E conforme ensina Luiz Regis Parque
n) ZP14: Prado, Alfredo
“difere Werner
a contravenção
Nyffeler; do art. 42 da prevista
no art. 65 da LCP, porque esta o) ZP15:
últimaReservas
perturbadososs
Córrego
ego deBorbapessoaGato 76;
determinada, ao passo
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
que aquela afeta a tranqüilidade da coletividade”. Isto quer dizer que uma fonte de
93
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
poluição sonora que esteja r)causando
ZP18: Reserva incômododa Ruaa Pioneira
uma única pessoaT.ou
Deolinda residência, será
Garcia;
tipificada no artigo 42. Enquanto
s) ZP19: que Reservaa poluição
do Córregode uma casa de shows, por exemplo,
Moscados;
que gere incômodo a um número indeterminado de pessoas, tipificará a conduta do
artigoDestacam-se,
65. dentre elas, as seguintes áreas:
a) Parque
A Lei Ecológico
de Crimes Municipal
Ambientais, Lei n°do 9.605/98
Guaiapó:não reconhecido
trouxe qualquercomo disposição
parque pela Lei
acerca
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48
da poluição sonora, e por isto, a questão permaneceu regulada pela lei de Contravenções m 2, localizado na qua-

dra 43-B dodeConjunto


Penais, considerada Residencial
menor potencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
lesivo.
Sobtes da vegetação
outro enfoque, onativa.
Código A área não possui
de Trânsito plano de
Brasileiro (Leimanejo e enfrenta
nº 9.503/97) problemas
determina pu-
estruturais para garantir sua sobrevivência.
nições para os veículos que causem transtornos ao sossego público. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
Art. 228 - Usar no veículo equipamento com som em volume ou
b) Jardim Botânico: com freqüência
uma área quede não sejam autorizados9pelo
aproximadamente mil Contran:
m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas Infração
de tratamento- grave;da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Penalidade - multa;
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente
Art. 229direcionado para a implementação
- Usar indevidamente no veículo aparelhode estruturas
de alarmeque ou
permitissem a visitação e a recuperação
que produza florestal
sons e ruído do local. Entretanto,
que perturbem o máximo
o sossego público, em
que se pode encontrardesacordo
é uma com pistanormas fixadas pelo
de caminhada mal Contran:
projetada; uma sede utiliza-
Infração - média;
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Florestal a partir deMedida
maio de 2003; e uma- remoção
administrativa imensa área desmatada. Um projeto de
do veículo.
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto
Tanto de lazer
na esfera e visitação
penal quanto na para a comunidade
administrativa carente que
encontra-se vive a suabrasileira
a legislação volta, maspara a-
punir os inda aguarda
infratores, recursos financeiros.
diminuindo uma das grandes causas geradoras de estresse e doenças na
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
atualidade.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

93
76 Ver
PRADO,
comentário
Luiz da notaCrimes
Regis. contranºo ambiente.
de rodapé 96. São Paulo: R. dos Tribunais, 1998. p. 174.

__ 122
156 __
5 Poluição visual urbana

A poluição visual urbana caracteriza-se por ser uma alteração das características da
arquitetura, da urbanização e da aparência de uma cidade, de forma a gerar incômodo
visual à população. Normalmente é gerada por outdoors e anúncios publicitários, de várias
formas, colocados em pontos estratégicos das vias públicas, sem qualquer cuidado com a
estética urbana, e ainda por ações de vândalos que picham muros, prédios e patrimônios
culturais ou históricos.
Muitas vezes as fachadas do comércio local da cidade tomam feições diversas das u-
suais. Apesar disso, não é possível encontrar qualquer referência ao tema na Constituição
Federal, ou mesmo na Constituição do Estado do Paraná.
A principal razão para a ausência de legislação que regulamente, no âmbito federal ou
estadual, se deve ao fato de que a poluição visual alcança primordialmente os interesses
locais do município, estando afeita a sua competência legislativa, de acordo com o art. 30,
I da Constituição Federal. E, ainda, segundo o inciso VIII do art. 30, compete ao municí-
pio “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento
e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.
É pela lei municipal que o problema da poluição visual deve ser enfrentado, cabendo
aos municípios exercerem essa faculdade constitucional conforme sua realidade. Apesar do
conhecimento técnico acerca da Arquitetura e do Urbanismo, a questão da poluição visual
é amplamente subjetiva, variando de uma comunidade para outra.
Neste sentido, o legislador de Maringá editou a Lei no 4.780/99, que dispõe sobre a
ordenação dos elementos presentes na paisagem do município, em especial sobre os anún-
cios visuais. No artigo 1o, essa lei define seus objetivos e diretrizes e, especialmente no
inciso V, prescreve a necessidade de “estabelecer o equilíbrio dos diversos agentes atuan-
tes na cidade, inclusive através do incentivo à cooperação de entidades particulares, na
promoção da melhoria da paisagem do Município”; e no inciso X, a necessidade de “levar
em conta os problemas relativos à ecologia urbana, preservando o equilíbrio ambiental”.
No artigo 4º, estão estabelecidas as medidas que deverão ser tomadas pelo município,
visando alcançar os objetivos instituídos por esta lei, assim como estabelecer formas per-
manentes de proteção à paisagem:

Art. 4º - O Município, visando alcançar os objetivos ora instituí-


dos, estabelecerá formas permanentes de proteção à paisagem,
consubstanciadas, dentre outras, nas seguintes medidas:
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Id)–ZP4:
tratamento
Horto dasFlorestal;
áreas marginais dos rios, dos lagos e das repre-
sas,ZP5:
e) de forma
Parque a preservar
da Nascente o equilíbrio
do Ribeirãoambiental
Paiçandu; e a segurança viá-
ria;ZP6: Bosque das Grevíleas;
f)
II ZP7:
g) – tratamento
Parque do dasSabiá;
áreas da iniciativa privada e da comunidade
h) ZP8:
local, visando
Parqueà Florestal
conservaçãoMunicipal
das áreas
das Perobas;
públicas, tais como par-
i) ZP9:
ques, praças,
Recantojardins
Borba e outros,
Gato; ressalvado sempre, o interesse cole-
ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
tivo;
j)
IIIZP11:
k) – estabelecimento
Parque Florestalde projeto
Municipalparadas
as Palmeiras;
áreas livres, com padrões
deZP12:
l) qualidade
Parque ambiental
do Cinqüentenário;
que aproveitem plenamente o seu poten-
cial ZP13:
m) paisagístico,
Parqueno da tocante
Rua Teodoroa relevo,
Negri;solo, drenagem ou vegeta-
n)
ção,ZP14:
e queParque
atendam Alfredo
às necessidades
Werner Nyffeler;
da população local;
IVZP15:
o) – intensificação
Reservas do e preservação
Córrego Borba Gato76;
da arborização dos logradouros
p) ZP16: Reserva
públicos, segundoda Rua Diogo
critérios M. Esteves;
estabelecidos pelo órgão competente.
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: sobre
Quanto aos incisos específicos Reserva da Rua Pioneira
a arborização e osDeolinda
fundos de T. vale
Garcia;
de Maringá, já
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
abordados anteriormente, percebe-se que os mesmos também integram uma política mu-
nicipal de paisagismo,
Destacam-se, trazida
dentre elas,pela Lei Complementar
as seguintes áreas: nº 4.780/99.
A
a) partir
Parquedo Ecológico
artigo 10, esta lei regulamentou
Municipal do Guaiapó: a colocação
reconhecidode anúncios
como parquena paisagem do
pela Lei
Município de Maringá, seja
Complementar em imóveispossui
nº 3.513/93, particulares
uma área ou deem16.204,48
prédios públicos.
m , localizado na qua-
2

Ficou
draexpressamente
43-B do Conjunto proibida a colocação
Residencial de anúncios
Parigot de Souza,nos logradouros
constituído públicos, se-
de remanescen-
jam quaistes da vegetação
forem nativa. A área
as suas finalidades, formasnãoou possui plano de(art.
composições manejo
11). e enfrenta problemas
estruturais
O artigo 25º dizpara garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
o seguinte:
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
Art. 25 - Nos logradouros públicos, os anúncios permitidos, con-
b) Jardim Botânico: com forme uma o disposto no artigo 11 desta 9Lei,
área de aproximadamente mildeverão
m2 , nela atender aos se-
localizam-se
duas antigas lagoas guintes requisitos:
de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal I – as placas indicativas Jairo
do ex-prefeito da cooperação
Gianoto, com o Poder Público
foi recebido Mu-
um recurso
nicipal deverão ser relativas às entidades que efetivamente pres-
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
tam os serviços de cooperação, obedecidos o modelo e a técnica
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
de instalação constantes do regulamento desta Lei;
que se pode encontrar II - éasuma pista
faixas de caminhada
serão permitidas mal projetada;
a título precário, uma sede utiliza-
unicamente na
da por muito tempo pelo Corpo
promoção de Bombeiros,
de propaganda e que assistencial,
de caráter foi ocupadacívico,pela Polícia
educa-
Florestal a partir decional,maio científico,
de 2003; eturístico
uma imensa área desmatada.
ou eleitoral, devendo, ainda,Um projeto
atender de
às
seguintesna
recuperação foi viabilizado condições:
última gestão municipal, buscando tornar a área um
a) em para
ponto de lazer e visitação nenhuma hipótese poderão
a comunidade carente queser vive
instaladas
a sua sobre o leito
volta, mas a-
carroçável das vias ou ser afixadas em árvores;
inda aguarda recursos financeiros.
b) durante o período em que estiverem expostas, deverão ser
c) Parque Florestal Municipal
mantidas das Perobas: condições
em perfeitas localizadodenos lotes 210-A
afixação e 211-A, 210
e conservação;
e 210-G da Gleba Ribeirão
c) após Pingüim,
a realização com
do área total
evento, dedata
cuja 263.438,74
ou períodom , deverá
2 constituído
obri-
de remanescentes da gatoriamente
vegetação nativaconstarque dasapresentam
faixas, estasespécies
deverão representativas
ser retiradas, pelo
da
responsável, no prazo máximo de 48 horas
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- [...].
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
Conforme se pode constatar ao circular pela cidade, muitos anúncios, apesar da lei,
manejo.
ainda são colocados nos logradouros públicos sem qualquer fiscalização pelo Poder Públi-
co. Um dos maiores problemas de Maringá está na pintura de muros residenciais e comer-
ciais, em especial
76 Ver comentário nasdeépocas
da nota rodapé nºde96.eleição, enfocando anúncios de empresas e candidatos: um

__ 122
158 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

fato que é amparado pela legislação eleitoral, mas nos limites impostos pelo interesse local
previsto na legislação municipal. Entretanto, por questões de conveniência e política, nem
sempre esta lei é observada e fiscalizada.
Muitas fachadas comerciais também ultrapassam as medidas autorizadas pela lei, oca-
sionando sérios danos à arborização das vias de Maringá. Não são raros os casos em que o
comerciante retira ou elimina, de alguma forma, a árvore que estaria “atrapalhando” a
visualização de seu estabelecimento.
O artigo 12 prevê doze situações exemplificativas em que fica proibida a colocação
ou exibição de anúncios.
No artigo 13, a lei exige a observação de algumas normas gerais relativas aos anún-
cios, que vão desde a segurança para o público até o zelo com as normas relativas à sinali-
zação de trânsito. No artigo 20, a lei estabelece ainda que os anúncios não poderão, por
qualquer forma, “prejudicar a aeração, a insolação e a iluminação do imóvel edificado onde
estiverem afixados ou dos imóveis vizinhos.”
Para controlar as formas e o tamanho dos anúncios, em regras previstas em vários de
seus artigos, a Lei inovou no artigo 14 ao prever uma fórmula para o cálculo da altura do
anúncio.
Nos artigos 15 e 16, há uma classificação dos anúncios, de acordo com suas caracte-
rísticas principais:

Art. 15 - Os anúncios, quanto à mensagem que veiculam, ficam


assim classificados:
I – anúncio indicativo é o anúncio que contém a identificação da
atividade exercida no local onde está afixado, ou mensagens rela-
tivas a produtos comercializados ou a serviços prestados no pró-
prio local;
II – anúncio publicitário é o anúncio instalado em local diverso
daquele onde a atividade é exercida e que não contém mensagens
relativas a produtos comercializados ou a serviços prestados no
local onde está afixado.
Parágrafo único. Serão sempre considerados publicitários os se-
guintes anúncios:
a) os instalados na cobertura das edificações;
b) os constituídos de quadros apropriados destinados à afixação
de mensagens trocadas periodicamente.
Art. 16 - Para os efeitos das normas administrativas constantes
desta Lei, o anúncio pode ser ainda considerado:
I – complexo, quando, para licenciamento, requeria prévia verifi-
cação de suas condições de segurança ou, quando instalado em
locais sujeitos a controle especial, requeira prévia verificação de
seus aspectos visuais;
II - transitório, quando é exposto pelo prazo máximo de 60 (ses-
senta) dias, com área de até 2,00m2, contendo inscrições do tipo
‘vende-se’, ‘aluga-se’, ‘brevemente aqui’, bem como quando desti-
nado a veicular mensagens sobre liquidações, ofertas especiais ou
similares.

__ 159 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4: Horto
Parágrafo único.Florestal;
Consideram-se complexos os anúncios:
a) ZP5:
e) que tenham
Parque daáreaNascente
total de do
exposição
Ribeirãosuperior
Paiçandu;a 10m2;
b) ZP6:
f) com Bosque
área totaldas exposição superior a 5m2, de altura (H2) su-
deGrevíleas;
perior
g) ZP7:a 4m;
Parque do Sabiá;
c) ZP8:
h) com Parque
área total de exposição
Florestal Municipalsuperior a 5m2 e movimentos
das Perobas;
ZP9: Recanto Borba Gato;
mecânicos;
i)
d)ZP10:
j) com Parque
área total de exposição
Ecológico superior
Municipal a 5m2 e instalados em
do Guaiapó;
k) ZP11:perpendicular
posição Parque Florestal ou oblíqua
Municipalà fachada ou à testada do lote;
das Palmeiras;
e) ZP12:
l) com voltagem
Parque doigual ou superior a 220 volts;
Cinqüentenário;
f) ZP13:
m) instalados em da
Parque áreaRua
de Teodoro
sítio significativo;
Negri;
g) ZP14:
n) instalados emAlfredo
Parque cobertura sem edificação;
Werner Nyffeler;
h) ZP15:
o) que, pela sua forma,
Reservas alteremBorba
do Córrego Gato76; a fachada;
ou componham
p) ZP16:
i) Reserva
permitidos nosdalogradouros
Rua Diogo M. Esteves;com exceção dos pre-
públicos,
q) ZP17:
vistos no Reserva
artigo 25;do Córrego Cleópatra;
r)j) ZP18: Reservaapresentar
que possam da Rua Pioneira Deolinda
problemas afetosT. àGarcia;
segurança da po-
s) ZP19:ou
pulação Reserva do Córrego
à estética da cidade.Moscados;

Destacam-se,
Dentre tantas dentre
outras elas,
regulamentações,
as seguintes áreas:
destaca-se na Lei nº 4.780/99, a criação da o-
brigatoriedade
a) ParquedoEcológico
licenciamento Municipal
préviodo paraGuaiapó:
a instalaçãoreconhecido
ou inserção como
de qualquer
parque pela
anúncio
Lei
em Maringá, Complementar
estabelecendonº 3.513/93,
para tanto, possui
um uma
procedimento
área de 16.204,48
de registro,
m2, localizado
tanto da empresa
na qua-
que trabalha neste do
dra 43-B ramo, como de
Conjunto cada anúncio
Residencial instalado
Parigot (artigo
de Souza, 26 e seguintes).
constituído de remanescen-
94

Paratesefetivar
da vegetação nativa. aAlei
essa medida, área não possuino
estabeleceu, plano
artigode 35,
manejoque e“oenfrenta problemas
licenciamento do
estruturais
anúncio implica, para garantir sua
obrigatoriamente, no sobrevivência.
seu registro no Somente
Cadastro no ano de 2003
de Anúncios a áreaa ser
(Cadan), foi
criado por cercada pelaExecutivo”.
Decreto Prefeitura de Maringá,cada
Portanto, numa tentativa
anúncio de isolamento
deverá ser cadastrado das de
principais
acordo
áreas verdes do município.
com as normas regulamentares, até hoje não editadas pelo Poder Executivo. Cada anúncio
sujeitob)aoJardim Botânico:obrigatório
licenciamento com uma área devede seraproximadamente
identificado no local 9 milonde
m2 ,fornela localizam-se
instalado, pela
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
inscrição do seu número de licença e registro perante o Cadan (art. 37).
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Para que a empresa possa registrar qualquer anúncio, deverá ela própria estar regis-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
trada junto à Secretaria de Meio Ambiente de Maringá, conforme dispõem os artigos 38 e
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
39:
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Art. 38. Fica criado, na Secretaria de Serviços Urbanos e Meio
da por muito tempo pelo Corpo
Ambiente, de Bombeiros,
o Cadastro de Empresas e que Instaladoras
foi ocupadade pela Polícia
Anúncios
Florestal a partir dePublicitários
maio de 2003; e uma imensa
Complexos, para osáreafins desmatada.
previstos noUm projetoúni-
parágrafo de
co do artigo
recuperação foi viabilizado 31.95 gestão municipal, buscando tornar a área um
na última
ponto de lazer e visitaçãoArt. 39 para
- As pessoas jurídicascarente
a comunidade interessadas no cadastramento
que vive a sua volta, mas refe-
a-
rido no artigo anterior deverão instruir seu pedido com os seguin-
inda aguarda recursos financeiros.
tes documentos:
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
94 “Art. 27 de- Ficam
remanescentes da vegetação
excluídos da exigência prevista nativa
no caputque apresentam
do artigo espécies
anterior, estando representativas
sujeitos da
apenas à comunica-
ção e àflora
autorização do órgão competente, os seguintes anúncios:
e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
I – os anúncios transitórios;
II – as mentar nº 3.513/93,
faixas, quando colocadas nostambém sepúblicos;
logradouros encontra abandonada e não possui um plano de
III - osmanejo.
anúncios veiculados em cavaletes, relativos a empreendimentos imobiliários [...].”
95 “Art. 31. [...]
Parágrafo único. Somente poderão requerer licença para instalação de anúncios publicitários complexos as pessoas
jurídicas que exploram esta atividade econômica, desde que devidamente cadastradas perante a Prefeitura, na for-
76 Ver
macomentário da nota
estipulada neta de rodapé nº 96.
Lei.”

__ 122
160 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

I – cartão de inscrição no Cadastro de Contribuintes Mobiliários


(CCM);
II – guia de pagamento do serviço de cadastramento;
III – prova do recolhimento dos tributos municipais devidos até
o mês anterior ao pedido de cadastramento.

Infelizmente, essa é uma lei que ainda não foi regulamentada pelo Poder Executivo,
tendo em muito ultrapassado o período de 60 dias previsto pelo artigo 67. Apesar disto, a
obrigação do cumprimento de suas disposições está em vigor, caracterizando omissão das
autoridades competentes e dos anunciantes. Esse problema, que não ocorre apenas com
essa lei, decorre, especialmente em Maringá, de uma grande falta de coordenação entre os
poderes Legislativo e Executivo. Este último, normalmente estando muito atarefado com
as questões cotidianas, não quer se comprometer com nenhum outro problema. Já o Po-
der Legislativo acredita que pode mostrar trabalho para a população apenas com a edição
de leis. Assim, cria normas das mais diversas naturezas, e ainda que consultem previamen-
te96 o órgão que será o responsável por sua aplicação, nem sempre leva em consideração
as impossibilidades reais apontadas, seja de estrutura ou seja de viabilidade técnica.
Mesmo sabendo-se que muitas vezes a criação de uma lei é a única saída para forçar
o Executivo a tomar determinadas medidas, deve-se sempre ter em conta a necessidade de
uma coordenação entre os poderes, visando não apenas à formalização de ações, mas, sim,
a sua efetividade.
A competência da Secretaria de Meio Ambiente de Maringá para realizar os cadas-
tramentos está contida no artigo 52 da Lei nº 4.780/99, que estabelece: “I – aprovar, licen-
ciar e cadastrar os anúncios em geral; II – cadastrar as empresas instaladoras de anúncios
publicitários complexos; III – efetuar vistorias em geral, levantamentos e avaliações” etc.
Percebe-se, assim, que, mesmo não havendo a regulamentação do Cadan pelo Prefei-
to Municipal, a Semma já se encontra obrigada a proceder ao licenciamento e ao registro,
além das demais obrigações decorrentes dessa lei.
Apesar de tantos problemas, a fiscalização da Semma tem evitado que muitos anún-
cios irregulares sejam colocados na paisagem de Maringá. Dificilmente se encontram faixas
de anúncios pelas vias, e não raros são os casos de pessoas responsabilizadas e mesmo
multadas por descumprimento da legislação em vigor, em especial quanto ao respeito à
localização dos anúncios, independentemente da existência de registro ou licença, que
configurariam outra infração autônoma.

96 Esta medida nem sempre é observada pela Câmara Municipal, não sendo raros os casos em que projetos de lei,
notadamente os de caráter ambiental, são aprovados sem nenhuma consulta prévia a Secretaria de Meio Ambiente
do Município ou ao Comdema. Como exemplo recente, tem-se a Lei Complementar n° 447 de 17.12.2002, de au-
toria do então vereador Edmar Arruda, que alterou a atribuição de Zona de Proteção Ambiental do Parque Borba
Gato, sem consulta ao Poder Executivo e muito menos à população, conforme exigido pelo Estatuto da Cidade
(art. 40, §4°, I, II e III). Apesar de ter sido preparado um laudo sobre as condições de degradação ambiental da á-
rea, que justificaria o seu loteamento, questiona-se se a melhor postura de uma Câmara de Vereadores preocupada
com a qualidade de vida de Maringá não seria a de propor a recuperação ambiental da área. Mantido o mesmo po-
sicionamento da Câmara de Vereadores, não será impossível imaginarmos que a continuar a degradação do Parque
do Ingá, o mesmo se sujeite a ser loteado num futuro não tão distante.

__ 161 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
Com relação às penalidades Horto Florestal;
administrativas previstas pela Lei nº 4.780/99, destaca-se
o artigo 45: e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Art.
h) ZP8: 45 -Parque
Consideram-se infrações das
Florestal Municipal passíveis
Perobas;de punição prevista
nesta Lei:
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Ij) –ZP10:
exibirParque
o anúncio:
Ecológico Municipal do Guaiapó;
a) ZP11:
k) sem aParque
necessária licençaMunicipal
Florestal ou autorização;
das Palmeiras;
b)ZP12:
l) em desacordo
Parque docom o tipo licenciado (indicativo ou publicitá-
Cinqüentenário;
rio)ZP13:
m) ou com as dimensões
Parque e características
da Rua Teodoro Negri; aprovadas;
c) ZP14:
n) fora do prazoAlfredo
Parque constante na licença;
Werner Nyffeler;
II -ZP15:
o) manter Reservas
o anúnciodo em
Córrego Borba de
mau estado Gato 76;
conservação;
p) ZP16:
III – manter Reserva da Rua
o anúncio emDiogo M. Esteves;
condições precárias de segurança;
q) ZP17:
IV – não Reserva
atender do Córrego Cleópatra;
a intimação do órgão competente quanto à re-
r) ZP18:doReserva
moção anúncio;da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Vs) ZP19:
– colocarReserva do Córrego
ou exibir anúncios Moscados;
nos locais e modalidades proibi-
dos, conforme disposto no artigo 12 desta Lei;
Destacam-se, dentre elas,
VI as seguintesqualquer
– praticar áreas: outra violação às normas previstas nesta
Lei e no seu regulamento.
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Com base na disposição genérica do inciso VI do artigo transcrito anteriormente e
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
dos valores
tes monetários
da vegetaçãofixados
nativa.peloA áreaartigo
não46, inciso
possui I (multa
plano de 50 ae 1000
de manejo Ufir´s),
enfrenta o De-
problemas
creto n° estruturais
1.358/2002, que disciplina as infrações ambientais administrativas
para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi em Maringá,
dispõe nocercada
artigo 62:
pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com Art.uma 62. Deixar
área deoaproximadamente
proprietário ou responsável
9 mil m2 por anúncios
, nela sujei-
localizam-se
tos ao licenciamento obrigatório, de obter a devida licença e/ou
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
registro do anúncio no Cadastro de Anúncios (Cadan).
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) por
Administração Municipal
anúncio.do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente
Parágrafo direcionado
único. Incorreparanasa mesmas
implementação
penas quem: de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
I – deixar de identificar o anúncio no local de sua instalação, o máximoatra-
que se pode encontrarvés do é uma pista dede
seu número caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
licença e registro;
da por muito tempo II –peloexibir anúncio
Corpo de em desacordoe com
Bombeiros, que ofoitipo licenciado
ocupada pela(indicati-
Polícia
vo ou publicitário) ou com as dimensões
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto e características aprova-
de
das;
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
III – exibir o anúncio fora do prazo constante da licença; tornar a área um
ponto de lazer e visitação
IV – manter para ao comunidade
anúncio em mau carente quedevive
estado a sua volta, mas a-
conservação;
inda aguarda recursosV –financeiros.
manter o anúncio em condições precárias de segurança;
VI – nãodas
c) Parque Florestal Municipal atender a intimação
Perobas: localizadodo órgão competente
nos lotes 210-A e quanto
211-A,à210 re-
moção do anúncio;
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2
VII – colocar ou exibir anúncios nos locais e modalidades proibi-
de remanescentes da dosvegetação
por lei; nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da VIII
região. Essa área,
– praticar reconhecida
qualquer como
outra violão às parque
normas pela Lei Comple-
previstas na legis-
mentar nº 3.513/93, laçãotambém se encontra abandonada e não possui um plano de
pertinente.
manejo.
É fundamental que se reconheça que a multa não é um ato de discricionariedade da
Administração
76
Pública. A Lei nº 6.938/81 previu expressamente a responsabilidade civil
Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
162 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

objetiva por danos ao meio ambiente, e a Lei nº 9.605/98 estabeleceu os critérios gerais a
serem seguidos pela Administração Pública na imposição de sanções administrativas.
Como assevera Hely Lopes Meirelles, “o poder de polícia age através de ‘ordens e
proibições’, mas, e sobretudo, por meio de ‘normas limitadoras e sancionadoras’, ou pela
ordem de polícia, pelo consentimento de polícia, pela fiscalização de polícia e pela sanção
de polícia”.97
Sabendo-se da obrigação do Poder Público, decorrente diretamente de seu poder de
polícia, que se consubstancia em um verdadeiro dever de policiar as atividades privadas e,
mesmo públicas, e de estabelecer sanções contra aqueles que transgredirem as normas
legais vigentes, não há como um órgão público, de competência municipal, eximir-se do
dever de impor tal sanção ao infrator que, objetivamente, tenha causado dano ao meio
ambiente.

97 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16. ed. atual. pela Constituição de 1988. São Paulo: R. dos
Tribunais, 1991. p. 122. O conceito do poder de polícia está previsto no art. 78, do Código Tributário Nacional.

__ 163 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

PÁGINA 164 – EM BRANCO

__ 164 __
6 Poluição do ar

A degradação do ar traz inúmeros problemas ao meio ambiente e à saúde humana.


Decorrentes principalmente dos veículos automotores e das atividades industriais, as for-
mas de poluição do ar merecem grande atenção por parte do Poder Público, justamente
porque, ao lado da água, o ar é o elemento natural mais imprescindível para a manutenção
da vida na Terra. Não sendo inválido relembrar que, hoje, não se busca tão somente a
manutenção da vida; mas atua-se no sentindo de garantir a vida com qualidade para o
meio ambiente e o ser humano.
A Resolução nº 3/90 do Conama estabeleceu os padrões de qualidade do ar a serem
atendidos em todo o país. Entende-se por padrões de qualidade do ar, segundo o artigo
primeiro dessa resolução:

Art. 1º - São padrões de qualidade do ar as concentrações de po-


luentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a
segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar da-
nos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.
Parágrafo Único - Entende-se como poluente atmosférico qual-
quer forma de matéria ou energia com intensidade e em quanti-
dade, concentração, tempo ou características em desacordo com
os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:
I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
II - inconveniente ao bem-estar público;
III - danoso aos materiais, à fauna e flora.
IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às a-
tividades normais da comunidade.

Em Maringá, um dos grandes problemas relacionados à poluição atmosférica diz res-


peito ao mau cheiro e a fumaça que incomodam moradores de diversas áreas da cidade.
Normalmente, esses impactos ambientais são causados por empresas que, de alguma for-
ma, possuem em seu processo produtivo uma fase de dispersão de gases na atmosfera. Na
maior parte dos casos, esses gases não apresentam componentes perigosos ou de maior
gravidade para a saúde pública. Entretanto, o uso continuado de chaminés para o lança-
mento de fumaça acaba gerando um grande incômodo, além de gerar alguns casos de
alergia e doenças respiratórias. Além disto, certa quantidade de fuligem também acompa-
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

nha a fumaça, gerando um d) ZP4: Horto


transtorno Florestal;
a mais para os moradores das regiões mais próxi-
mas. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Outro problema de maior gravidade
g) ZP7: Parque édooSabiá;
lançamento de gases que possuem compo-
nentes perigosos ou contaminantes. Até pouco
h) ZP8: Parque Florestal tempo, as empresas
Municipal instaladas em Maringá
das Perobas;
raramente eram cobradas, pela i) ZP9: RecantoMunicipal
Secretaria Borba Gato; de Meio Ambiente, quanto à necessi-
dade de possuírem a licença j) ZP10: Parque
ambiental Ecológico
junto ao órgão Municipal
estadualdocompetente
Guaiapó; (IAP), e na
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
grande maioria dos casos não apresentavam projetos de tratamento para o monitoramento
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
do órgão ambiental local. m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Por isto, não é difícil concluir
n) ZP14:que o passivo
Parque Alfredoambiental das empresas que lançam ga-
Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego
ses em Maringá é muito alto, apesar de ser impraticável o seu cálculo Borba Gato76;para fins de repara-
ção ou indenização. p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Outro problema relacionado à emissão de poluentes no ar está no mau cheiro ocasi-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
onado por algumas atividades produtivas
s) ZP19: Reservalocalizadas
do Córrego emMoscados;
áreas próximas às zonas residen-
ciais.
Destacam-se,
Um caso típico dentre
desseelas,
tipoasdeseguintes
poluiçãoáreas:
ocorreu com os moradores da zona sul da ci-
dade,a)emParque
especial,Ecológico Municipal
os dos bairros JardimdoNovo Guaiapó: reconhecido
Horizonte e Tabaetê, como
os daparque
Zona pela
02, 04 Leie
Central. Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Na dra 43-Ba conclusão
época, do Conjunto do Residencial
IAP foi de que Parigot de Souza,
a única soluçãoconstituído
para resolverde remanescen-
o problema
tes da vegetação
seria a desativação nativa. Aemitentes
das empresas área não de possui
gasesplano de manejo
na região. 98 e enfrentaseproblemas
As empresas defendi-
am, segundoestruturais para garantir
a reportagem, com sua sobrevivência.
a legislação Somente
municipal, pois no ano deoperando
estariam 2003 a áreana áreafoi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
antes de a mesma ter sido transformada em residencial. Entretanto, a matéria já é pacífica das principais
quanto àáreas verdes do
legitimidade domunicípio.
Poder Público para realizar o zoneamento da cidade, de acordo
com b) sua Jardim Botânico:
competência com uma área
constitucional paradepromover
aproximadamente
o adequado9 mil m2 , nela localizam-se
ordenamento territorial,
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas.
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano Em seu fundo, encon-
tram-se
(art. 30, VIII, dois córregos
Constituição que praticamente
Federal). Sendo assim,não possuem
nenhuma mata ciliar
empresa preservada.
ou indústria podeNa se
embasar Administração
no instituto doMunicipal do ex-prefeito
direito adquirido (art. 5°, Jairo
XXXVI, Gianoto, foi recebido
Constituição um recurso
Federal). Para se
financeiro
negar a mudar especialmente
de local por este ter direcionado para a implementação
se tornado inapropriado de estruturas
para sua atividade. Afinal, nãoque
há direitopermitissem
adquirido dea poluir.
visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode
A questão de serencontrar
devida ou é uma
não pista de caminhada
indenização maldo
por parte projetada; uma sede
Poder Público utiliza-
para uma
empresa da ou por muitoobrigada
indústria tempo pelo Corpodedelocal
a mudar Bombeiros,
por novoe zoneamento
que foi ocupada pela Polícia
municipal, passa
para umaFlorestal a partir
outra fase de maio De
de discussão. de 2003;
acordoe umacom imensa área desmatada.
Paulo Affonso Um projeto
Leme Machado, de
caberá
indenizaçãorecuperação foi viabilizado
apenas quando a empresa na última
estiver gestão
cumprindomunicipal, buscando
a legislação tornar ae área
ambiental tiverum se
instaladoponto
no localde com
lazeraeaprovação
visitação para a comunidade
do Poder Público. carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal Temos que dasconstatar
Perobas:selocalizado
as indústrias
nosestavam ou nãoe obedecendo
lotes 210-A 211-A, 210
às normas de emissão e demais exigências
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído das autoridades
2 com-
petentes. No caso em que a indústria estivesse cumprindo exata-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
mente as normas legais e regulamentares, nenhuma sanção se lhe
flora e da fauna da poderiaregião. Essa
impor.área,
Daí,reconhecida como parque
portanto, inexistindo pela Lei
situação Comple-
ilegal e não
mentar nº 3.513/93, também
tendo havidose encontra abandonada
vício na concessão da elicença,
não possui um plano
não seria caso de
manejo. qualquer anulação. Entendendo, contudo, o Poder Público que
não mais conviria a presença da indústria, questiona-se sobre a

98
76 Ver
ÚNICA
comentário
solução
da énota
a destivação
de rodapédas
nºempresas.
96. O Diário de Maringá, Maringá, 12 maio 1999. p. 3.

__ 122
166 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

possibilidade de o Poder Público revogar o ato administrativo


que consentiu na instalação, na zona referida: parece-nos possível
a revogação, desde que o Poder Público desaproprie a indústria.
Raciocinando sobre o mesmo fato analisado, suponha-se que o
Poder Público não pretenda nem a mudança nem o fechamento
da indústria, mas edite novas normas para seu funcionamento e a
indústria não se adapte às novas exigências. Nesse caso, a indús-
tria passa a agir ilicitamente e passível, portanto, de sanções. Daí,
terá o Poder Público a possibilidade não de revogar, mas de anu-
lar o ato administrativo anterior. Assim agindo, o Poder Público
não terá que pagar qualquer indenização. Os administrativistas
pátrios não divergem no sentido de afirmar que nada existe a res-
sarcir diante da anulação.99

A maior parte dos incômodos gerados pela emissão de gases pode ser evitada medi-
ante processos de controle e monitoramento, que se tornarão mais caros ou inviáveis, à
medida que for maior o volume emitido e a sua composição conter elementos mais noci-
vos.
Outro caso mais recente ocorreu na Zona 06, onde uma empresa produtora de ração
e derivados foi autorizada, em 1996, pela Prefeitura de Maringá, a se instalar em um imó-
vel situado a menos de 20 m de uma área residencial, densamente povoada. Naquela épo-
ca, a área ainda era considerada industrial. Apesar disto, o erro dos administradores públi-
cos se configura, à medida que os estudos que justificaram a sua alteração para área de
serviços especiais já tinham sido elaborados. Ou seja, o conflito subseqüente já era previsí-
vel, ainda mais com a experiência de outra empresa similar, que causara sérios transtornos
para a população.
Esse caso está sendo acompanhado pela Promotoria de Meio Ambiente e pela Secre-
taria de Meio Ambiente de Maringá. A empresa assumiu o compromisso de adotar medi-
das de controle ambiental. Após 2 anos e 4 relatórios, alguns problemas foram minimiza-
dos. Entretanto, a comunidade voltou a se mobilizar, no início de 2003, para exigir provi-
dências das autoridades competentes, alegando que os principais problemas (o mau cheiro,
o pó, o trânsito de veículos pesados até tarde e a poluição sonora do funcionamento da
empresa) restavam sem solução. Essa discussão ainda prossegue, mas deixa um alerta para
as autoridades responsáveis pelo planejamento de Maringá quanto às conseqüências decor-
rentes de decisões mal tomadas.
Vários outros problemas localizados são constatados no município, o que demonstra
a falta de uma política eficiente para a localização de empresas potencialmente poluidoras,
segundo o zoneamento ambiental elaborado pelo Plano Diretor de Maringá.
Outro problema que poderia ser citado em Maringá diz respeito à poluição causada
pelos veículos automotores que circulam pela cidade. Sabendo-se que Maringá tem uma
frota aproximada de um veículo para cada 4 habitantes100, pode-se ter uma idéia de sua
gravidade. Entretanto, não há registro de nenhum estudo sobre a qualidade do ar atmosfé-

99 MACHADO, 2000, p. 262

__ 167 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

rico respirado pela população d) ZP4: Horto Florestal;


em Maringá. Nem o centro Meteorológico da UEM, nem
mesmo a Secretaria Municipal e) ZP5: de Parque
Maringá, da Nascente
possuem do Ribeirão Paiçandu;
equipamentos para a medição da
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
qualidade do ar. g) ZP7: Parque do Sabiá;
348, de
A Portaria Normativa nh)o ZP8: 14 deFlorestal
Parque março de 1990, dodas
Municipal Ibama, em seu ponto no 7,
Perobas;
ZP9: Recanto
e da Resolução nº 3/90 do i)Conama, em seu Borba
artigoGato;
4º, afirma que “o monitoramento de
qualidade do ar é atribuiçãoj)dosZP10: Parque Ecológico
Estados”. Todavia, no Municipal
Estadodo doGuaiapó;
Paraná nenhuma ação
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
concreta existiu até o momentol) ZP12:neste sentido,
Parque em especial quanto ao município de Marin-
do Cinqüentenário;
gá, que sempre esteve alheiom) à regulamentação
ZP13: Parque da Rua da poluição
Teodoro atmosférica.
Negri;
Somente recentementen)a ZP14: Assembléia
ParqueLegislativa
Alfredo Wernerdo Estado do Paraná aprovou a Lei
Nyffeler;
o) ZP15:
nº 13.806/2002, que estabelece os parâmetros de qualquer emissão76;gasosa no Estado e
Reservas do Córrego Borba Gato
ZP16: Reserva
regulamenta outras questõesp)pertinentes. da Rua Diogo
Destacam-se M. Esteves;
os seguintes artigos:
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Art. 2º - Fica
s) ZP19: estabelecido
Reserva do Córrego como princípio que os empreendimen-
Moscados;
tos e atividades potencialmente poluidoras do ar devem adotar
prioritariamente
Destacam-se, dentre elas, o uso de tecnologias, insumos e fontes de ener-
as seguintes áreas:
gia que evitem a geração de poluentes atmosféricos e, na impos-
a) Parque Ecológico sibilidade
Municipalprática
do Guaiapó: reconhecido
desta condição, minimizem como as parque
emissõespela Lei
quando
Complementar nº 3.513/93,
comparadas possui
com as uma área de 16.204,48
decorrentes de processos m2,convencionais.
localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Art. Residencial
3º - Fica proibido
Parigot o lançamento ou a liberação
de Souza, constituído de para a atmos-
remanescen-
fera de qualquer tipo e forma de matéria ou
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas energia que possa o-
casionar a poluição atmosférica, conforme definida nos termos
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
desta lei.
cercada pela Prefeitura
Art. 4º de Fica
Maringá,
proibidanuma tentativa
a queima de aberto
a céu isolamento das principais
de resíduos sólidos,
áreas verdes do município.
líquidos ou de outros materiais combustíveis, exceto mediante au-
b) Jardim Botânico: com torização
uma áreaprévia
de de órgão estadual de9meio
aproximadamente mil mambiente, ou em situ-
2 , nela localizam-se

duas antigas lagoas ações de emergência


de tratamento sanitária
da Sanepar assim definidas
desativadas. Em seu pelafundo,
Secretaria
encon-de
Estado da Saúde ou pela Secretaria de Estado da Agricultura.
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Art. 5º - Fica proibida a instalação e a utilização de incineradores
Administração Municipal do ex-prefeito
de qualquer Jairo Gianoto,
tipo em edificações foi recebido
domiciliares ou prediais.um recurso
financeiro especialmente
[...] direcionado para a implementação de estruturas que
Art. 31
permitissem a visitação e a- Com a finalidade
recuperação de prevenir
florestal do local.a deterioração
Entretanto,significativa
o máximo
que se pode encontrarda qualidade
é uma pistado dear, caminhada
as áreas do mal território estadual,
projetada; umaobedecerão
sede utiliza-a
seguinte classificação quanto a seus usos pretendidos:
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
I – Classe I – áreas de preservação, parques e Unidades de Con-
Florestal a partir deservação,
maio deexcetuadas
2003; e uma imensa
nestas áreadedesmatada.
as áreas Um projeto
Proteção Ambiental, de
onde
recuperação foi viabilizado
deverá ser na mantida
última gestão municipal,
a qualidade do arbuscando
em nível tornar
o maisa próximo
área um
possívelpara
ponto de lazer e visitação do verificado
a comunidade sem a carente
intervenção
que antropogênica.
vive a sua volta, mas a-
II – Classe
inda aguarda recursos financeiros. 2 – Áreas de Proteção Ambiental e outras áreas que
não se enquadram nas classe 1 e 3, onde o nível de deterioração
c) Parque Florestal Municipal
da qualidade das do
Perobas:
ar seja localizado
limitado pelo nospadrão
lotes 210-A e 211-A,
secundário 210
de quali-
e 210-G da Gleba Ribeirão
dade. Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2

de remanescentes da IIIvegetação
– Classe 3nativa
– áreasque apresentam
urbanas espécies
das regiões representativas
metropolitanas da
de Curi-
tiba, Londrina, Maringá, de municípios com
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- população acima de
50.000 habitantes ou com áreas definidas
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de como industriais, onde
o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo pa-
manejo. drão primário de qualidade.

100Ver
76 Detran-PR
comentário
(2000).
da nota
Disponível
de rodapé
em:nº<www.detranpr.gov.br>.
96. Acesso em: 20 out. 2003.

__ 122
168 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

E como conseqüência dessa movimentação estadual para o controle da qualidade do


ar, o escritório regional do IAP de Maringá deverá ser o único do interior do Estado a
receber um equipamento importado que permitirá o início de um sistema de monitora-
mento local.
No Município de Maringá, pode-se encontrar uma única previsão legal, visando à
preservação da qualidade do ar, no Decreto Municipal no 614/92, artigo 68, que dispõe
que “é proibida a queima de lixo ao ar livre, seja sobre o solo, asfalto ou disposto em qual-
quer recipiente”. Essa proibição não tem tido a fiscalização adequada do Poder Público,
como decorrência direta de sua desestruturação administrativa e fiscalizadora.
Pela omissão do Governo do Estado, o município acaba atuando supletivamente e de
forma insuficiente. No momento em que a ação criminosa é denunciada, nem sempre
existem elementos suficientes para a identificação do autor da queimada. Quando a fiscali-
zação consegue chegar até o local, o responsável já desapareceu, restando apenas os resul-
tados maléficos para a saúde pública e para o meio ambiente.
No entanto, essa previsão legal é insignificante para uma cidade que apresenta inú-
meras causas e fontes de poluição. Isto é muito preocupante, pois além dos veículos mo-
torizados, existem outros problemas correlatos, também sem estudos, como as conse-
qüências das indústrias existentes no município, principalmente aquelas que trabalham no
processamento de grãos e que geram, como resíduos, farelos e poeira, causadores de sérios
problemas para o meio ambiente e para a população. Portanto, faz-se necessária uma lei
municipal que possa regulamentar o padrão de qualidade do ar local e quais os instrumen-
tos e ações que devem ser promovidas para garantir a qualidade de vida presente e futura.
Merece ênfase o recente avanço na legislação municipal com o Decreto nº
1358/2002, que disciplinou as infrações administrativas ambientais em Maringá e que
trouxe dois artigos sobre a matéria:

Art. 44 - Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autoriza-


ção do órgão competente ou em desacordo com a obtida:
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração.
Art. 45 - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais, a destruição significativa da
flora, dos recursos hídricos e ou dos solos:
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta
milhões de reais), ou multa diária.
§1º Incorre nas meãs multas, quem:
[...]
II – causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda
que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause
danos diretos à saúde da população;
[...]
V – lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabele-
cidas em leis ou regulamentos.

__ 169 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
Os médicos têm apontado umHorto
grande número de processos alérgicos na população
Florestal;
de Maringá. Esse fato pode e)serZP5: Parque da
constatado porNascente do Ribeirão
profissionais da áreaPaiçandu;
de saúde, em especial
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
os médicos pneumologistas, que identificam vários problemas respiratórios na população
g) ZP7: Parque do Sabiá;
maringaense. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
Esse é, atualmente, o principal problema
i) ZP9: Recanto referente
Borba Gato; à qualidade do ar em Maringá: a
j) ZP10: Parque Ecológico Municipaldas
falta de estudos científicos que indiquem as conseqüências do atividades
Guaiapó; realizadas na
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
cidade. A importância de indicadores ambientais para o controle da qualidade do meio
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
ambiente é inquestionável.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;

Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:


a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
170 __
7 Qualidade da água

A quantidade de água existente no Planeta Terra é de 1,6 bilhões de Km3, sendo que
1.320.000.000 Km3 é de água salgada, 29.000.000 Km3 de água doce congelada nas geleiras
e calotas, 8.600.000 Km3 de água doce nos continentes, e sob eles 13.000 Km3 na forma
de vapor de água na atmosfera (Tabela 28).

Tabela 28 - Estimativa de distribuição da água no mundo


Porcentagem Volume em trilhões de
Divisão da água no mundo
do total toneladas (1.000 Km3)
Água atmosférica 0,001% 13
Água superficial
Água salgada dos oceanos 97,2% 1.320.000
Água salgada em lagos e maré internos 0,008% 104
Água doce de lagos 0,009% 125
Água doce de rios 0,0001% 1,25
Água doce de geleiras e banquisas 2,15% 29.000
Água presente na biomassa 0,004% 50
Água subterrânea
Água de aqüíferos livres 0,005% 67
Água de aqüíferos até uma profundidade de 800
0,31% 4.200
metros
Água de aqüíferos de uma profundidade de 800 a
0,31% 4.200
4.000 metros
Fonte: Bouwer (1978).

O problema da escassez de água no mundo tem fortes laços com a questão social,
mostrando-se bastante diferente entre as nações ricas e as pobres. De acordo com a Uni-
cef, somente metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corres-
ponde a 73% do consumo de água; 21% vai para a indústria e 6% destina-se ao consumo
doméstico.
Esses dados tomam suas devidas proporções quando observa-se que de toda a quan-
tidade e água existente no mundo, apenas 0,00378% está disponível para consumo huma-
no. E ainda, quando constata-se que 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população
mundial) não contam com abastecimento de água potável; 1 bilhão e 800 milhões de pes-
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

soas (43% da população mundial) d) ZP4: Horto


não contam com serviços adequados de saneamento
Florestal;
básico, e 10 milhões morreme)todos ZP5: os Parque
anosda Nascente
por doençasdotransmitidas
Ribeirão Paiçandu;
pela água.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Para o ser humano, a água é o elemento fundamental na manutenção da vida, visto
g) ZP7: Parque do Sabiá;
que cerca de 70% do corpoh)humano é formado
ZP8: Parque porMunicipal
Florestal água. Emdas condições
Perobas; normais, um ser
humano perde grande quantidade de água todos
i) ZP9: Recanto Borba Gato; os dias, que precisa ser reposta. Quando
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
isto não ocorre, o corpo humano começa a apresentar sintomas que variam conforme a do Guaiapó;
quantidade perdida. Assim,k)quando ZP11: Parque
se perde Florestal Municipal
um litro de água,das Palmeiras;
há a sensação de sede.
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Quando se perde 2 litros de água, há sede, cansaço e fadiga. Quando se perde 3 ou mais
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
litros de água, há a formaçãon)deZP14: um processo de desidratação
Parque Alfredo e risco de morte.
Werner Nyffeler;
Mas a água é um poderoso o) ZP15:instrumento
Reservas do transmissor
Córrego Borba Gato76; em especial cólera,
de doenças,
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
febre tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar, amebíase ou desinteria amebiana,
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
hepatite infecciosa, e poliomelite.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
De forma indireta, a água podeReserva
s) ZP19: transmitir esquistossomose,
do Córrego Moscados; fluorose, malária, febre
amarela, bócio, dengue, tracoma, leptospirose, perturbações gastro-intestinais de etiologia
escura,Destacam-se,
e infecções dosdentre elas,ouvidos,
olhos, as seguintes áreas: e nariz.
gargantas
a) Parque
Desta forma, Ecológico Municipal
a contaminação do Guaiapó:
da água, reconhecido
ou dos recursos como
hídricos, deveparque pela
ser vista Lei
como
Complementar
outro processo nº 3.513/93,
de degradação possui
que atinge uma áreaqualquer
fatalmente de 16.204,48 m2, localizado
ecossistema, na qua-
pois desequili-
bra um de draseus
43-Bfatores
do Conjunto
essenciais,Residencial
ao lado do Parigot de Souza,
ar e do constituído
solo. Assim como de poderemanescen-
funcionar
como o tes da vegetação
líquido da vida, anativa.
água podeA áreasenão possui
tornar um plano de manejo
instrumento e enfrenta
gerador problemas
de doenças e de
mortes. estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercadahidrográfico
O sistema pela Prefeitura de Maringá,
da área de Maringá numa tentativa
pertence de isolamento
à Bacia das principais
do Prata, onde o rio Pa-
áreas verdes
raná é a principal do município.
artéria. Alguns de seus principais tributários, Paranapanema, Ivaí, Piquirí,
b) Jardim Botânico:
constituem bacias secundárias, com onde
uma área de aproximadamente
se localizam 9 mil m2 , nela
as áreas geoeconômicas localizam-se
do Norte, Noro-
duas antigas lagoas
este, Oeste e Sudoeste Paranaense. de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se
A cidade dedois córregos
Maringá que praticamente
é dividida por um espigão não nopossuem
sentidomata
lesteciliar
oestepreservada.
(E-W). A dre- Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
nagem se processa através de bacias hidrográficas do Rio Pirapó, ao Norte, e Rio Ivaí, ao
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
sul. Deságuam no Rio Ivaí os córregos: Borba Gato, Nhanguaçu, Burigui, Cleópatra, Mos-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
cados e Merlo,
que se epode
aindaencontrar
os Ribeirõesé umaPingüim,
pista deBandeirantes
caminhada mal do Sul, Paiçandu
projetada; umae osede
Floriano.
utiliza-
Os dacórregos Mandaguaçu, Osório, Isalto, Miosótis, Nazareth,
por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia Ibipitanga e Ribeirão
Maringá Florestal
deságuamano Rio de
partir Pirapó,
maio oude seja,
2003;nae Bacia do rio Paranapanema.
uma imensa área desmatada. Um projeto de
O que se verificafoicom
recuperação freqüência
viabilizado é que muitos
na última leitos de cursos
gestão municipal, de água
buscando sãoa encaixa-
tornar área um
dos nos vales, formando ravinas provocadas pela erosão. Esta é decorrência
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas do uso inade-
a-
quado dos indasolos agricultáveis,
aguarda onde o desmatamento desenfreado não respeitou as matas
recursos financeiros.
c) necessárias
ciliares, Parque Florestal
para aMunicipal
prevençãodas e oPerobas:
controle localizado
da erosão. nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G
Devido da Gleba da
à localização Ribeirão
cidade,Pingüim,
sobre um com área total
espigão, de 263.438,74
todos m2, constituído
os cursos d’água que nas-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies
cem na zona urbana são de volume e dimensões reduzidas. Portanto, as descargas de águas representativas da
pluviais eflora e da fauna
efluentes da região.
de águas servidasEssadevemárea,atender
reconhecida
critérioscomo parquepara
rigorosos, pela evitar
Lei Comple-
a deto-
nação do processo erosivo nas cabeceiras e margens dos cursos d’água (ver tópico 1.3). de
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano
Na manejo.
última década, o abastecimento de água do Município de Maringá conseguiu al-
cançar praticamente a totalidade da população, com a manutenção de um superávit que se
mantém até osdadias
notade
de hoje nº 96.0,24 m /s, conforme demonstra a tabela a seguir.
rodapécom
76 Ver comentário 3

__ 172
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 29 - Abastecimento de água em Maringá

Itens em m3/s Itens em %


Ano
Oferta Demanda Pop. Pop. Nº
Consumo atual Superávit
real total atendível Atendida Habitantes
1990 0,68 0,39 0,52 0,16 100,0 98,66 244.296
1991 0,68 0,40 0,55 0,13 100,0 98,92 252.339
1992 0,79 0,38 0,54 0,25 100,0 98,98 261.740
1993 0,76 0,37 0,52 0,24 100,0 99,02 269.299
1994 0,82 0,41 0,43 0,39 100,0 99,79 277.534
1995 0,79 0,58 0,42 0,37 100,0 99,86 290.791
1996 0,97 0,45 0,67 0,30 100,0 98,33 260.909
1997 1,18 0,47 0,70 0,48 100,0 99,88 272.693
1998 1,18 0,46 0,70 0,48 100,0 96,89 274.169
1999 0,94 0,47 0,51 0,30 100,0 98,34 355.000
2000 0,94 0,51 0,51 0,02 100,0 97,17 352.000
2001 0,94 0,51 0,51 0,01 100,0 99,45 376.000
2002 0,75 0,51 0,51 0,24 100,0 99,88 301.250
Fonte: Sanepar (2003).

Conforme os dados da Sanepar, em 2003 houve uma oferta real de 970 l/s, e um
consumo de 779 l/s reais de água tratada, com o atendimento de aproximadamente
301.988 habitantes, de um total estimado de 303 mil habitantes em Maringá. Esses núme-
ros correspondem a cerca de 99,78% da população. Com as obras de ampliação em fase
de finalização, o superávit será ainda maior, permitindo um funcionamento regular da
estação até o ano de 2010.
O manancial utilizado para o abastecimento de Maringá é o Rio Pirapó, que nasce
entre os municípios de Apucarana e Arapongas, e banha Mandaguari, Sabáudia, Astorga,
Marialva e Maringá. Seu afluente mais importante é o Rio Bandeirantes do Norte, que
nasce em Arapongas e tem uma extensão de 196 km.
A atividade econômica principal da bacia do Pirapó é a agropecuária. As culturas
mais importantes são a soja, o trigo e a cana-de-açúcar, havendo ainda pastagens. A bacia é
relativamente industrializada, com predominância das agroindústrias: 5 destilarias de álco-
ol, 2 de óleos comestíveis, 8 laticínios, 4 frigoríficos, 5 curtumes, 2 fecularias e 4 alimentí-
cias. Essas indústrias também utilizam as águas da bacia em seus processos industriais.

__ 173 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4: Horto Florestal;


e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;

Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:


a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Mapa 7 –dra 43-B do
Hidrografia Conjunto
da região Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
de Maringá.
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Fonte: Cassaro (1999).

estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Os cercada pela afastados
bairros mais Prefeituraede Maringá, numa desfavoráveis
topograficamente tentativa de isolamento
à adução são dasabastecidos
principais
áreas verdes do município.
por sistema de poços artesianos, que totalizam uma vazão de 0,187 m23/seg. São sistemas
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
alternativos, mantidos pela Sanepar, conforme relacionado na tabela abaixo, dotados de
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
reservatórios
tram-seelevados com grande
dois córregos quecapacidade.
praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro
Tabela especialmente
30 - Sistema direcionado para adeimplementação
de abastecimento água em Maringá de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que seExtensão
pode encontrar é uma pista Número de ligaçõesmal projetada; uma
de caminhada sede utiliza-
Consumo - m3
Ano da por muito média men-
linear (M) tempo pelo Corpo
Residen- Comer-de Bombeiros,
Indus- eP.que foiTotal
ocupada pela Polícia
sal/anual
Florestal a partir de cial cial e uma
maio de 2003; trial
imensaPúblico
área desmatada. Um projeto de
1995 1.319.575foi viabilizado
recuperação 52.705 na 6.284 399 municipal,
última gestão 637 buscando
60.025 tornar1.232.779
a área um
1996 1.364.475 54.513 6.563 489 696 62.261
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a- 1.257.521
1997 inda aguarda
1.463.559recursos financeiros.
57.322 6.902 490 729 65.443 1.259.868
1998c) Parque Florestal Municipal
1.466.625 60.147 das Perobas:497
7.125 localizado891nos lotes 210-A e1.283.198
68.660 211-A, 210
1999 e 210-G da Gleba Ribeirão
1.467.874 62.953 Pingüim,
7.258 com469 área total754
de 263.438,74
71.434 m ,1.457.203
2 constituído
2000 de remanescentes
1.537.412 da vegetação
64.653 nativa que
7.468 460apresentam
778 espécies
73.359representativas
1.268.891 da
2001 flora 1.587.586
e da fauna da 66.540
região. Essa área, reconhecida
7.766 456 como
805 parque
75.567 pela Lei Comple-
1.292.336
2002 mentar nº 3.513/93,69.348
1.611.718 também 7.992
se encontra 536abandonada
804 e não possui um
78.680 plano de
1.343.655
2003 manejo. 1.612.073 70.325 8.082 528 810 79.745 1.379.109
Fonte: Sanepar (2003). Dados até março de 2003.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 174
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Conforme se constata, os poços artesianos estão sendo desativados, em virtude das


obras de ampliação da capacidade de tratamento de água da Sanepar, que pode atender
aquelas comunidades antes servidas pelos poços desativados. Ao mesmo tempo, a Sanepar
informa que não existe previsão para a desativação de todos os poços, pois parte deles
ainda se revela de grande utilidade para o sistema de abastecimento de água da cidade,
tanto que 2 novos deverão ser construídos nos próximos anos, para os Bairros João de
Barro e Higienópolis.

Tabela 31 - Poços semiartesianos e vazões em Maringá

No Poços Vazão (m3/h)

1 Jardim Alvorada DESATIVADO


2 Jardim Itatiaia DESATIVADO
3 Jardim Higienópolis 185.0
4 Jardim Maravilha DESATIVADO
5 João de Barro I 130.0
6 João de Barro II 130.0
7 Jardim Itaparica DESATIVADO
8 Sanege III / Aeroporto DESATIVADO
9 Ney Braga / Sanege DESATIVADO
10 Jardim Oásis 40.0
11 Jardim Itaparica 54.0
12 Maringá ETE Sul Uso da Sanepar
13 Ney Braga 65.0
14 Conjunto Ney Braga DESATIVADO
15 Aeroporto 40.0
16 Poços do pátio da Sanepar 40.0
17 Jardim Oásis DESATIVADO
18 Maringá ETE Norte Uso da Sanepar
19 Maringá Captação Uso da Sanepar
20 Maringá Captação Uso da Sanepar
TOTAL 684.0
Fonte: Sanepar (2003).

Um dado interessante quanto à perfuração da maior parte dos poços de abastecimen-


to público da Sanepar em Maringá é o de que nunca houve licenciamento ambiental do
IAP para a execução dessas obras. A concessionária possui apenas a outorga prévia da
SUDERHSA e a autorização do proprietário da área em que se localiza o poço. Para pio-
rar a situação, do total de 27 poços sob responsabilidade da Sanepar em 2003, 14 se locali-
zam em área de preservação permanente. A conclusão é que o lençol freático de Maringá
está sendo utilizado sem o devido controle das autoridades competentes e, em alguns

__ 175 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

casos, com sua conivência.d)SeZP4: for Horto


levadoFlorestal;
em consideração o grande número de poços
e) ZP5: Parque
artesianos particulares não registrados, da Nascente
é possível do Ribeirão
vislumbrar Paiçandu;
a gravidade do problema.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
A partir de um processo administrativo instaurado pela Semma em 2002 e que cul-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
minou em uma autuação deh) mais ZP8: de R$ 400.000,00
Parque (quatrocentos
Florestal Municipal mil reais), a Sanepar
das Perobas;
passou a regularizar cada umi) dos poços, atendendo
ZP9: Recanto Borba Gato; às peculiaridades de cada um junto ao
IAP. j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque
O volume total de armazenamento emFlorestal Municipal dasdaPalmeiras;
vários reservatórios cidade é de 30.235 m3
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
e 750 m3 nos distritos de Floriano e Iguatemi, sendo que no pátio da Estação de Trata-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
mento de Água, na Avenidan)Pedro ZP14:Taques,
Parque existem
Alfredo 2Werner
reservatórios
Nyffeler;enterrados, que corres-
pondem a 65,32% do totalo)deZP15: abastecimento
Reservas dodaCórrego
cidade Borba
e um Gato
elevado
76; com 600 m3, que

abastece as mediações da Sanepar. p) ZP16: O Reserva da Rua


primeiro Diogo M.possui
reservatório Esteves;2 câmaras internas de
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
concreto (para evitar rachaduras e vazamentos) e tem a capacidade de 7.400 m3 de água, e
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
o outro reservatório (também com duas câmaras internas), 12.000 m3 litros.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Além desses reservatórios, ainda existem outros vinte e cinco, que recebem a água
tratada da Estação Central
Destacam-se, peloassistema
dentre elas, de bombas
seguintes áreas: ou pela atuação da força da gravidade.
Apesar de a cidade estar suficientemente
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: atendida atualmente,como
reconhecido em 2002 foi construí-
parque pela Lei
do um novo reservatório no bairro Cidade Alta, e o existente no
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado Borba 2 Gato foi elevado,
na qua-
melhorando o atendimento
dra 43-B do Conjunto da região. Foi previsto
Residencial Parigotpara o ano de
de Souza, 2004 o início
constituído da constru-
de remanescen-
ção de mais umvegetação
tes da reservatório nesseAbairro,
nativa. área nãovisando
possuicobrir
planodemandas
de manejofuturas.
e enfrenta problemas
Quanto ao tratamento
estruturais da água,
para garantir suaa sobrevivência.
Sanepar alcançou uma condição
Somente no ano bastante
de 2003 cômoda,
a área foià
medida que conseguiu
cercada atender ade98%
pela Prefeitura da população
Maringá, de Maringá,
numa tentativa a partir das
de isolamento de 1994. Em
principais
áreas verdes
2003, a Sanepar do município.
informou que o índice de 99,78% foi alcançado. Desta forma, a empresa
b) Jardim Botânico:
consegue manter-se em constante com umaatualização,
área de aproximadamente
no sentido de 9aprimorar
mil m2 , nela localizam-se
e qualificar cada
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
vez mais seu processo de tratamento de água.
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
A ampliação da Estação de Tratamento foi concluída em novembro do ano 2000, e a
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
capacidade de tratamento,
financeiro que eradirecionado
especialmente de 650 l/s, para
passou para 1.440 l/s. Alguns
a implementação problemas
de estruturas que
ainda permanecem,
permitissemdentre os quais
a visitação os efluentes florestal
e a recuperação residuaisdo dolocal.
processo de tratamento
Entretanto, o máximo da
água queque ainda
se são
pode encontrariné natura,
despejados no Córrego
uma pista Morangueira.
de caminhada Segundouma
mal projetada; a empresa, está
sede utiliza-
previsto daumpor muito tempo
investimento pelo Corpo
na ordem de umde Bombeiros,
milhão de reaisepara
que afoi ocupada de
construção pelaumaPolícia
Es-
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada.
tação de Tratamento do Lodo resultante do processo de tratamento da água, cujo projeto Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última
está pronto e tinha sua execução prevista para 2005. gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Em 30 de março de 1999, a Sanepar assumiu o compromisso junto ao IAP de “im-
inda aguarda recursos financeiros.
plantar o sistema de controle de poluição ambiental, visando o tratamento e a disposição
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
final de resíduos gerados (lodo e efluentes) na ETA (Estação de Tratamento de Água),
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
localizada no município de Maringá; e atender aos limites de lançamento exigidos através
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
da Resolução nº 20/86 do Conama”. O prazo para a execução das obras era até janeiro de
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
2002. Entretanto, esse termo teve a vigência expressa de 3 anos, sendo que já era prevista
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
a sua prorrogação, que veio a se concretizar em 25 de março de 2002, colocando o mês de
manejo.
janeiro de 2005 como prazo final para a conclusão das obras. Importante ressaltar que,
quando da prorrogação dos prazos e cronogramas, nenhuma obra tinha sido iniciada ou
efetivamente
76 Ver comentárioprojetada.
da nota de rodapé nº 96.

__ 176
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Outro grave problema enfrentado pela Sanepar e pela população de Maringá diz res-
peito à contaminação do Rio Pirapó, principalmente por matéria orgânica (coliformes
fecais) e inorgânica, não-degradável, como óleos, graxas e metais pesados.
Como a contaminação da água do Pirapó ocorria de forma intensa próximo ao local
de captação da Sanepar, esta teve que ser levada para um ponto mais acima do rio, em
cerca de 300 m, em 1997, justamente para fugir da junção do Rio Pirapó com o Rio Sa-
randi. Esse rio é o principal afluente contaminador das águas do Pirapó. Isto porque existe
na região do município de Sarandi muitas ligações clandestinas de esgoto, além do lança-
mento de efluentes de indústrias e postos de combustível diretamente no rio (ver foto 33).
No estudo que levou em conta dados sobre a bacia do Rio Pirapó, no período de
1963 e 1998, apresentado pelo pesquisador Lorenso Cassaro101, pode-se perceber que o
Rio Pirapó, atualmente possuindo suas águas como da classe 2, pela classificação do Co-
nama102, está passando por um processo de grande transformação e degradação.

Foto 33 - Ponto de captação da água da Sanepar.


Fonte: Cassaro (2001). Indicações feitas pelo autor.

Em suas conclusões, Lorenso Cassaro afirma que em função dos dados de turbidez
do Rio Pirapó versus a pluviometria da região, é possível se observar a presença de grandes
depósitos de solo fértil, ao longo da bacia, decorrente da falta de matas ciliares na região e
o mau uso do solo na área rural, comprometendo a rede hídrica. Em tom de preocupação,
conclui que, “diante da avaliação constante das características de qualidade da água in-
natura do Rio Pirapó, constata-se que sua degradação está se acentuando rapidamente,
podendo em breve tornar-se inviável a sua utilização para o abastecimento público.”103

101 CASSARO, Lorenso. Estudo da degradação ambiental da bacia de captação de água de abastecimento da cidade de Maringá: Rio
Pirapó. Maringá: Departamento de Engenharia Química, Universidade Estadual de Maringá, 1999.
102 Resolução no 20, do Conama, alterada pela Resolução nº 357/2005.
103 CASSARO, 1999, p. 60.

__ 177 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Por enquanto, os índices d) ZP4:


de pH, cor,Florestal;
Horto turbidez, matéria orgânica e sólidos ainda não
estão interferindo de formae)permanente ZP5: Parqueno daprocesso
Nascente de do tratamento
Ribeirão Paiçandu;
de água de abasteci-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
mento. Mas, ainda assim, quando ocorrem chuvas fortes e os valores dos parâmetros
g) ZP7: Parque do Sabiá;
mencionados extrapolam osh)limites que impossibilitam
ZP8: Parque o tratamento,
Florestal Municipal das Perobas; ocorre a sua parali-
sação, e em conseqüência, i)háZP9: grandes prejuízos
Recanto Borba Gato;para a população e para a economia e
saúde do município. j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
A água é captada através k) ZP11: Parque Florestal
de moto-bombas Municipal
de 1500 KVA,das Palmeiras;
montadas em um canal de
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
derivação lateral junto ao rio com capacidade para 1.440 l/s e bombeadas através de uma
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
tubulação de 800 mm até n) umZP14:
pré-sedimentador,
Parque Alfredo construído na área de captação, com
Werner Nyffeler;
objetivo de diminuir a quantidade o) ZP15:de materialdosólido
Reservas Córrego presente na água
Borba Gato 76; in-natura, quando
então será recalcada atravésp)deZP16: Reserva
conjuntos dedamoto-bombas
Rua Diogo M.até Esteves;
a Estação de Tratamento
de Água – ETA, já no perímetro q) ZP17: Reserva
urbano, comdoum Córrego
desnível Cleópatra;
que ultrapassa a 160m.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
A Estação de Tratamento da Sanepar possui um processo que visa melhorar a quali-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
dade da água, enfocando três aspectos principais:
a) higiênico: através
Destacam-se, da remoção
dentre elas, ou redução
as seguintes áreas: de substâncias que prejudicam a saúde
do consumidor (bactérias, vírus, protozoários,
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido substâncias comominerais
parque e orgânicas
pela Lei
em excesso, substâncias tóxicas ou nocivas).
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2

b) dra
estético:
43-Bpela remoção ou
do Conjunto redução das
Residencial características
Parigot de Souza,físicas que tornam
constituído a água re-
de remanescen-
pulsiva ao consumidor (cor, turbidez, odor e sabor).
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
c) econômico:
estruturais para através remoção
garantir sua ou redução de substâncias
sobrevivência. Somente noque anoimpedem
de 2003a autilização
área foi
da água para
cercada pela fins industriais
Prefeitura (dureza, agentes
de Maringá, corrosivos,
numa tentativa ferro, manganês,
de isolamento etc.)
das principais
No áreas
Brasil, "todadoágua
verdes destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de
município.
potabilidade
b) Jardim e Botânico:
está sujeitacom à uma
vigilância
área dedaaproximadamente
qualidade da água" 9 mil(Portaria
m2 , nelanº 1.469 de
localizam-se
19.1.2000, do antigas
duas Ministrolagoas
da Saúde).
de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
O tram-se
processodois de tratamento água in naturanão
córregos quedapraticamente oupossuem
água brutamatacaptada em mananciais
ciliar preservada. Na
superficiais (rios, lagos etc.),
Administração é conhecido
Municipal como tratamento
do ex-prefeito convencional,
Jairo Gianoto, foi recebido composto pelas
um recurso
seguintesfinanceiro
etapas: pré-cloração;
especialmente coagulação/floculação;
direcionado para adecantação;
implementação filtração; desinfecção;
de estruturas quee
correção permitissem
do pH. a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
Apósqueesse processo,
se pode resta éa uma
encontrar necessidade
pista dedo controle mal
caminhada da qualidade
projetada;dauma água. Isto
sede por-
utiliza-
que, em daseuportrajeto desde a ETA até o consumidor, a água deverá,
muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Políciapara a preservação da
saúde daFlorestal
população, a partir de maio
conservar de 2003; e dentro
as qualidades uma imensa área desmatada.
dos padrões regulamentadosUm projeto
por ór-de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
gãos controladores da potabilidade (O.M.S e Ministério da Saúde). Afinal, existe possibi- tornar a área um
lidade deponto
a águadenão lazer
se eenquadrar
visitação nos
paralimites
a comunidade carente exigidos,
de potabilidade que vive poisa suaavolta, masdis-
rede de a-
inda aguarda recursos financeiros.
tribuição poderá estar sujeita a reparos, remanejamentos e infiltrações de substâncias es-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
tranhas que viriam a ocasionar focos de contaminação e prejuízo a saúde do consumidor.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
São coletadas amostras de água em vários pontos da cidade para análises Físico-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Química, Bacteriológicas, Hidrobiológicas, Metais Pesados e Pesticidas. Em Maringá, essas
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
análises são realizadas pelos laboratórios da Sanepar.
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
Nas análises físico-químicas, são consideradas as condições físicas e químicas da á-
manejo.
gua, tais como: aspectos, odor, sabor, pH, cor, turbidez, alcalinidade, dureza, fenol etc. As
análises bacteriológicas têm a finalidade de verificar se existem microorganismos (bacté-
rias)
76 Vernocivos
comentárioà da
saúde.
nota deJárodapé
as análises
nº 96. hidrobiológicas têm a finalidade de verificar se existem:

__ 178
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Fitoplancton, Zooplancton, algas etc. Na análise de metais pesados ou análises espectofo-


tométricas, visa-se verificar a possível ocorrência de metais pesados nocivos à saúde, tais
como: mercúrio, chumbo, cromo etc. E, por fim, as análises de pesticidas têm a finalidade
de identificar e qualificar pesticidas presentes na água, como: Aldrim, Endrim, DDD,
Lindano, etc.
Como se percebe, há preocupação com relação à qualidade da água pela Sanepar. En-
tretanto, este, que poderia ser um motivo de alívio para a população pode ter justamente o
efeito contrário. Isto porque se há tamanha preocupação com a medição da água em suas
várias fases de tratamento e transporte, é porque o perigo de contaminação existe, e não é
pequeno.
Em visita à Estação de Tratamento de Maringá, é possível constatar que a qualidade
da água é controlada com exames laboratoriais realizados de hora em hora. Não obstante,
mesmo havendo sistemas de segurança na sede da Estação, que devem paralisar a distri-
buição em caso de algum problema grave, não há publicidade do fato para o público em
geral.
Visando corrigir esse problema, foi criada em Maringá, pela Lei no 4476, de 27 de a-
gosto de 1997, a obrigatoriedade da análise físico-química semanal da água servida à popu-
lação, para verificação de sua potabilidade e, principalmente, em seu artigo 3o, a previsão
de que “os laudos técnicos das análises serão divulgados imediatamente ao público, através
dos meios de comunicação, pelo Poder Executivo”.
Todavia, esse dispositivo é totalmente inobservado em Maringá. Nem mesmo a Sa-
nepar afirmou ter conhecimento de sua existência, quando da visita deste autor à Estação
de Tratamento de Água, no ano de 2000.
Apesar disto, os laudos das análises da água são repassados semanalmente para a Se-
cretaria de Vigilância Sanitária do Município. Mas esse procedimento tem-se mostrado
insuficiente para o cumprimento do disposto na lei, se muitos atos realizados pelo Poder
Público não são publicados, imagine-se o controle de atos externos. Além do mais, a lei
deveria prever a obrigação para a própria concessionária, pois esta realiza atividade de
interesse público, à qual deveria ser dada ampla publicidade de forma direta.
O conhecimento dos problemas da bacia do Rio Pirapó não é novidade, bem como a
preocupação com suas causas. Em 1991, o Plano Diretor de Maringá já tratava desta
questão, ainda que de forma sucinta:

5.0 Síntese do Diagnóstico


5.1 Meio Ambiente Natural
[...] A qualidade da água que abastece Maringá vem sendo com-
prometida por contribuições insalubres à bacia de captação do
Rio Pirapó – óleo e graxa de indústrias situadas na área de ma-
nancial. O transporte de cargas poluentes, na BR 376, no trecho

__ 179 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

compreendido
d) ZP4: Horto àFlorestal;
montante da bacia de captação, também põe em
e)
riscoZP5:
os Parque
afluentes da do
Nascente
Pirapó.do
AsRibeirão
estaçõesPaiçandu;
depuradoras de efluen-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
tes industriais e domésticos, especial a da zona sul – também ser-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
vem para deteriorar os recursos hídricos da cidade
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
[...]ZP9:
i) 5.2 Meio
RecantoAmbiente Construído
Borba Gato;
[...] O aumento da população
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal no Município tem tido sua expres-
do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras; com ocupação
são espacial no crescimento da periferia urbana,
comprometendo
l) ZP12: Parque do os Cinqüentenário;
recursos hídricos mais próximos e forçando a
expansão do sistema
m) ZP13: Parque da Rua de abastecimento.
Teodoro Negri; [...] Prosseguindo nessas
condições,
n) é previsível
ZP14: Parque Alfredoa necessidade futura de recorrer à captação
Werner Nyffeler;
do Rio Ivaí, já em outro município.104
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
No âmbito das propostas, esse mesmo
q) ZP17: ReservaPlano Diretor
do Córrego era objetivo:
Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
2.0 - Desenvolvimento
s) ZP19: Urbano Moscados;
Reserva do Córrego
2.1 - Saneamento Ambiental
2.1.1 - Abastecimento de Água
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Diretrizes
a) Parque Ecológico -Municipal
Garantir odo Guaiapó:dereconhecido
atendimento como parque pela Lei
100% da população;
- Instituirpossui
Complementar nº 3.513/93, mecanismos
uma deáreacontrole efetivo domdespejo
de 16.204,48 de efluentes
2, localizado nos
na qua-
córregos e ribeirões do município;
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
- Restringir o adensamento das áreas situadas ao norte da cidade, na
tes da vegetação nativa.
regiãoA área
dos não possui
afluentes plano de manejo e enfrenta problemas
do Rio Pirapó;
- Adotar
estruturais para garantir sua medidas de proteção
sobrevivência. e conservação
Somente no anodade bacia
2003de captação
a área foide
água.
cercada pela Prefeitura
Ações
de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
- Gestionar junto a Sanepar a implementação do Plano de Expansão e
b) Jardim Botânico: coma relocação
uma áreado ponto de captação de água9para
de aproximadamente mil100m
m2 , acima do local;
nela localizam-se
- Fazer levantamento do tráfego de cargas perigosas e dos pontos de
duas antigas lagoas risco
de tratamento da Sanepar desativadas. Em
de acidentes com contaminação dos cursos de água; seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente
- Implantar obras civis não
e de possuem
sinalização mata ciliarcríticos
nos locais preservada. Na
de acidentes
no trechodoMaringá/Marialva
Administração Municipal ex-prefeito Jairo da BR 376;
Gianoto, foi recebido um recurso
- Equipar para fiscalizar o despejo de efluentes nas áreas de manancial;
financeiro especialmente direcionado
- Controlar paranosa cursos
as emissões implementação de de
de água através estruturas que
dispositivos a-
permitissem a visitação e a recuperação
dequados, aprovados pelaflorestal
SUREHMA. do 105
local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
De daforma
por mais
muitoprofunda,
tempo peloLorenso
Corpo Cassaro utilizou-see de
de Bombeiros, quedados relativos pela
foi ocupada à qualidade
Polícia
da água Florestal
do Rio Pirapó,
a partirregistrados
de maio depela2003;Sanepar, entre janeiro
e uma imensa de 1987 aUm
área desmatada. dezembro
projeto de
1998; pela Surehma, referentes
recuperação ao período
foi viabilizado na últimade gestão
1982 amunicipal,
1986; da SUDERHSA,
buscando tornar entre 1987
a área ume
1991; e, ainda, dados relativos aos índices pluviométricos da região, através
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a- do Simepar –
Sistema de Meteorologia do Paraná, referentes
inda aguarda recursos financeiros. ao período de 1987 a 1998, para estabelecer
a evolução dessaFlorestal
c) Parque qualidadeMunicipal
nas últimas dasdécadas,
Perobas:e alocalizado
influêncianos
daslotes
chuvas nessee processo.
210-A 211-A, 210
Com base nesse estudo, foram identificados e comprovados, com relação
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2 à bacia do
Pirapó, os seguintes fatores degradantes:
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
a) flora e da fauna
lançamento da região.líquidos
de efluentes Essa área, reconhecida
de várias origens,como
como:parque pela Lei
frigorífico, Comple-
galeria plu-
mentar nº 3.513/93,
vial, detergentes também
(espuma se encontra
na superfície), abandonadaeefalta
assoreamento não de
possui um plano
proteção de
natural;
manejo.
104 MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Plano diretor de Maringá. Maringá, 1991. Síntese de Diagnóstico e Diretrizes;
exemplar não paginado do Arquivo da Câmara de Vereadores.
76 Ver
105 Ibid.
comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 180
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

b) a proximidade da localização do lixão municipal de Apucarana, às margens do Ri-


beirão Ipiguá, junto à nascente do Rio Pirapó, ocorrendo o carreamento de cho-
rume, lixiviação, resíduos sólidos no período de elevados índices pluviométricos,
acúmulo de água em pneus, etc.
c) cor barrenta em toda a extensão do leito de drenagem do Rio Pirapó, em virtude
da exploração de culturas mecanizadas e do desmatamento das matas ciliares do
manancial. A exploração do solo é feita pelos proprietários rurais até as margens,
sem se preocuparem com a qualidade das águas dos rios da bacia e as conseqüên-
cias causadas ao meio ambiente e à vida aquática.
d) processo avançado de erosão instalado no leito do rio sem proteção de matas cili-
ares. Assim, o solo fértil carregado para o manancial causa não apenas a perda e-
conômica para a agricultura da região, mas também provoca alteração da cor das
águas do rio, degradando áreas de pastagens, que poderão inclusive provocar a
sua morte.
e) a existência de despejos de efluentes industriais, através de resíduos líquidos e só-
lidos, no Córrego Tabatinga, no Município de Mandaguari, já que este córrego
possui sua nascente na área urbana deste município, indo parar no Rio Pirapó.
f) a lagoa de estabilização de esgotamento sanitária, gerenciada pelo município, está
localizada na bacia do Pirapó, onde o efluente é lançado diretamente no rio Sa-
randi, afluente do manancial de captação da cidade de Maringá.106
g) a enchente do Rio Pirapó, após grandes períodos de chuvas na região do manan-
cial, em conseqüência do estado de assoreamento em que se encontra o rio, pro-
vocando inclusive, danos às condições de operacionalidade para captação das á-
guas junto ao seu leito.
h) elevação dos custos do tratamento da água pela Estação de Tratamento de Ma-
ringá, em virtude dos altos índices de cor e turbidez da água captada no Rio Pira-
pó.
i) presença de elevados teores de resíduos líquidos e sólidos no Córrego Guaiapó e
Ribeirão Morangueira, afluentes do Rio Sarandi, como, por exemplo: óleos e gra-
xas, lixo orgânico, materiais plásticos provenientes de Thiner, aerossóis, fungici-
das, remédios, perfumes, entulhos, lixos em geral, galhos de árvores, aterros ina-
dequados, etc. Tudo isto acaba sendo empurrado para o interior dos rios e córre-
gos e, carregados pelas águas das chuvas, poluem ainda mais o manancial do Pi-
rapó.107
Conforme divulgado pelo jornal ‘O Diário do Norte do Paraná’, em 10 de março de
2004, duas dissertações de mestrado em engenharia química da UEM, de autoria de Josea-
ne Débora Peruço e Taísa Machado de Oliveira, co-orientadas pela pós-doutora em enge-

106 Para se ter uma idéias do tamanho do problema, a partir do ano de 1997, o ponto de captação de água da Sanepar
junto ao Rio Pirapó, foi mudado pelo fato de que as águas do Rio Sarandi, afluente do Pirapó, nos períodos após
as chuvas, apresentam grandes problemas com a sua qualidade, provocados pelos resíduos líquidos, sólidos e pelas
águas de galerias oriundas dos perímetros urbanos de Maringá e Sarandi.
107 CASSARO, 1999, passim.

__ 181 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

nharia ambiental Célia Regina d) ZP4: HortoTavares,


Granhen Florestal;reforçam a conclusão de que um dos
e) ZP5:
principais focos de poluição do Rio Pirapó da
Parque é oNascente do Ribeirãoemitido
esgoto doméstico Paiçandu; por Maringá. Os
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
estudos identificaram as principais fontes poluidoras
g) ZP7: Parque do Sabiá; em 3 pontos do Pirapó e em 13 pon-
h) ZP8:
tos de dois afluentes, o Ribeirão Morangueiro e o Ribeirão
Parque Florestal Municipal Maringá.
das Perobas;
Com base nessa pesquisa, i) ZP9: Recanto
pode-se Borbaidéia
ter uma Gato;dos efeitos do lançamento de esgoto
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
nos municípios pertencentes à bacia do Rio Pirapó. De acordo com a referida matéria
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
jornalística: l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
[...]ZP14:
n) A pesquisa
Parquefoi feita entre
Alfredo Werner janeiro a novembro de 2003 e teve
Nyffeler;
como
o) ZP15:parâmetros
Reservas índices
do Córregofísico-químicos
Borba Gato76 e ;biológicos. Entre os
p) ZP16:
dados levantados
Reserva dapelaRua
pesquisa
Diogo nos índices físico-químicos estão
M. Esteves;
q) ZP17:
as presençasReserva do Córrego
de amônia Cleópatra;
e de nitrato. A primeira substância indica
r) ZP18: Reserva
poluição recente edaa Rua
segunda é característica
Pioneira Deolinda T.deGarcia;
uma poluição an-
s) ZP19:
tiga. Reserva
Foi com basedo Córrego
nestes Moscados;
índices que a pesquisa concluiu que Ma-
ringá não é o único foco poluidor do rio Pirapó.
Destacam-se, dentre elas,A pesquisa também
as seguintes áreas:encontrou metais pesados (Manganês e Fer-
ro) em concentração
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: acimareconhecido
do valor sugerido
comocomo parqueideal, segun-
pela Lei
do uma resolução do Conselho Nacional 2 do Meio Ambiente
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
(Conama). O Manganês altera sabor da água e não é indicado pa-
dra 43-B do Conjuntora o Residencial
abastecimento. Parigot
A altadetaxa
Souza, constituído
de ferro é causadode remanescen-
pela falta de
tes da vegetação nativa.
mata A áreapois
ciliar, nãoo possui
solo daplano
regiãode manejo
é muito ricoe nesta
enfrenta problemas
substância.
Quantosuaà qualidade
estruturais para garantir da água,
sobrevivência. na grande
Somente maioria
no ano de dos
2003pontos
a áreapes-
foi
quisados,
cercada pela Prefeitura o Pirapónuma
de Maringá, e seustentativa
afluentes de apresentam
isolamento águadasdeprincipais
média ou
má qualidade, chegando a péssima em alguns pontos. O grande
áreas verdes do município.
diferencial, neste caso, é o uso e a ocupação2 do solo e a falta da
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
mata ciliar. [...] Os parâmetros biológicos mostram os indicadores
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
de contaminação fecal. A pesquisa encontrou um índice alto em
tram-se dois córregos
todos queospraticamente não possuem
pontos pesquisados. mata ciliar
Curiosamente preservada.
os números mais Naal-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido
tos estão em pontos localizados após as estações de tratamento um recurso
financeiro especialmente
da Sanepar direcionado para a implementação
nos dois córregos. O índice aceito de peloestruturas
Conama éque de
permitissem a visitação
1.000eNMP a recuperação
(Número florestal do local.
Mais Provável) /100Entretanto,
ml. No ponto o máximo
do ri-
que se pode encontrar
beirão é uma pistaapós
Maringá de caminhada
a estação de maltratamento
projetada;auma médiasede utiliza-
registrada
foi de 260 mil NMP/100 ml e no ribeirão
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia morangueiro o índice
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projetonú-
foi de 80 mil NMP/100 ml. Quando chega no Pirapó estes de
meros estão
recuperação foi viabilizado bastante
na última diluídos,
gestão pelo aumento
municipal, buscando notornar
volumea área
de água,
um
mas ainda
ponto de lazer e visitação paraestão bastante acima
a comunidade do permitido.
carente
108
que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
Essas informações deixam claro que o processo de erosão, assoreamento, desmata-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
mento e contaminação das águas do Rio Pirapó está em níveis alarmantes. Por isso a atua-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
ção do Poder Público, da Sanepar, da sociedade organizada e, em especial, do CIDERM-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
MA (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Maringá)
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
é fundamental. Isto porque, um problema com dimensões regionais exige uma ação de tal
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
alcance. Por mais que o município de Maringá desenvolva um projeto de recuperação do
manejo.

108 ESGOTO é o foco principal de poluição,


diz estudo. O Diário de Maringá, Maringá. Disponível em: <http:
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.
www.odiariomaringa.com.br>. Acesso em: 10 março 2004.

__ 182
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Pirapó, não poderá obter sucesso se não houver cooperação dos demais municípios locali-
zados na Bacia do Pirapó. Este é o desfio do novo milênio.
Além dos problemas referidos, outros ainda persistem, agravando ainda mais a situa-
ção dos recursos hídricos da região. Sabendo-se que, hoje, praticamente 99% da população
do município recebe a água tratada da Sanepar, um problema muito sério começa a ser
preocupante, não apenas em Maringá como em todo o mundo: o desperdício de água.
Para se ter uma idéia, durante um banho demorado chega-se a gastar de 95 a 180 li-
tros de água limpa; para escovar os dentes com a torneira aberta, se gasta até 25 litros; com
uma válvula de privada no Brasil utilizam-se 20 litros de água em um único aperto; com
uma torneira aberta, gasta-se de 12 a 20 litros por minuto e, pingando, 46 litros por dia.
Nessa mesma lógica, para lavar as louças, panelas e talheres com a torneira aberta o tempo
todo, acaba-se desperdiçando até 105 litros de água. Muitas pessoas costumam utilizar a
mangueira como vassoura e desperdiçam muita água durante a lavagem das calçadas, com
até 300 litros de água. Uma mangueira ligada o tempo todo, durante a limpeza do automó-
vel, consome até 600 litros de água. Já se for utilizado um balde, o consumo será de no
máximo sessenta litros.109
Conclui-se que existe a necessidade da conscientização da população para a escassez
da água e o alto custo de seu tratamento. Além disto, há sérios problemas de gerenciamen-
to dos recursos hídricos no país, com alguns índices de saneamento básico encontrados
apenas em países do continente africano.
Da mesma forma como se constata por um sério problema de escassez de energia e-
létrica, em um momento não muito longíquo haverá escassez de água potável.
Espera-se que o novo sistema de gerenciamento dos recursos hídricos, inaugurado
pela Lei no 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos), possa ser finalmente regu-
lamentado e implementado no Estado do Paraná, visando-se ao melhor planejamento e à
execução de programas de recuperação e conservação dos rios do Estado.
A partir de um levantamento preliminar iniciado em setembro de 2001, foi realizada
uma reunião técnica de membros do executivo e legislativo de Maringá em outubro de
2001 junto com a SUDERHSA. A partir de novembro de 2001, iniciou-se uma série de
reuniões com representantes dos setores existentes ao longo do Rio Pirapó. Esse trabalho
inicial levou à realização de uma audiência pública no dia 5 de dezembro de 2001, na qual
foi formatada a proposta de criação do Comitê da Bacia do Rio Pirapó, contando com a
presença de diversas autoridades estaduais e municipais, além do Ministério Público e
demais interessados. A mesa diretora provisória, que contou com Maringá na posição da
presidência, foi encaminhada ao Conselho de Recursos Hídricos do Estado do Paraná
para apreciação em sua próxima reunião. Esta veio a ocorrer apenas em 28 de maio de
2002, quando a proposta apresentada foi aprovada com a posse dos membros efetivada
pela SUDERHSA. Passou-se então a trabalhar na composição definitiva e paritária dos
demais setores (sociedade civil, usuários e poder público). Em dezembro de 2002, foi

109 CASA ecológica. Disponível em: <http://www.greenpeace.org.br/greendicas/greendicas.php>. Acesso em: 20


out. 2003. Clique nos cômodos da casa e acesse as informações.

__ 183 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

levada ao Conselho de Recursos d) ZP4: Horto do


Hídricos Florestal;
Estado do Paraná a proposta final do Comitê
da Bacia do Rio Pirapó. Desde e) ZP5: Parque
então, da Nascente
aguarda-se a possedo Ribeirão
definitivaPaiçandu;
de todos os membros
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
para que o Comitê possa iniciarg) ZP7:seus
Parquetrabalhos.
do Sabiá;Paralelamente, foram apresentados os
estatutos da Unidade Executiva Descentralizada
h) ZP8: Parque Florestal (UED) do Comitê
Municipal do Rio Pirapó para a
das Perobas;
ZP9: Recanto
SUDERHSA visando a sua i)aprovação. Borbanotícia
A última Gato; é de que os estatutos foram apro-
vados pela Procuradoria Geral j) ZP10: Parque do
do Estado Ecológico
Paraná,Municipal
faltando do Guaiapó;
apenas a manifestação do
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Conselho de Recursos Hídricos doParque
l) ZP12: Estadododo Paraná. O processo de reconhecimento
Cinqüentenário;
final do Comitê da Bacia do Rio Pirapó aguarda
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro o posicionamento
Negri; do novo Governo
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Estadual, que está questionando o modelo adotado pela legislação estadual. Até setembro
de 2005, o Governo do Estado o) ZP15: Reservas
do Paraná do Córrego
ainda não havia Borba Gato76os
definido ; encaminhamentos
p) ZP16: Reserva110 da Rua Diogo M. Esteves;
da Política de Recursos Hídricos do Estado.
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Quanto ao lençol freático, estima-se
r) ZP18: Reserva quedaeste
Ruaesteja sofrendo
Pioneira Deolindacontaminação
T. Garcia; localizada
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
em vários pontos da cidade. Há indícios de que o lençol freático que se encontra a uma
profundidade aproximada de 30 metros, estaria sendo contaminado devido ao grande
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
númeroa) de fossasEcológico
Parque sépticas que existemdo
Municipal e existiram
Guaiapó:nareconhecido
cidade de Maringá,
como parquealém de pelaoutras
Lei
possíveisComplementar
causas. nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
2

Umadrarecente
43-B dopesquisa
Conjuntorealizada por André
Residencial Geraldo
Parigot Berezuk,
de Souza, em 2002,
constituído para o Mes-
de remanescen-
trado emtesGeografia
da vegetação nativa.cadastrou
da UEM, A área não possui plano
e levantou de manejo
informações e enfrenta
referentes problemas
a 390 poços
estruturais
perfurados na cidadepara garantir sua
de Maringá. sobrevivência.
Destes, Somente
foram escolhidos 10 no
poçosanorepresentativos
de 2003 a áreapara foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
realização de análises físico-químicas e 10 poços para realização da medição do teor de das principais
áreas verdes
metais pesados. do município.
A terceira etapa consistiu na medida de temperatura e pH da água na saída
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
da boca dos poços. As principais características dos poços cadastrados foram as seguintes:
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Profundidade: A profundidade média dos poços maringaenses si-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
tua-se entre 100 a 140m de profundidade; no entanto, poços com
financeiro especialmente
mais dedirecionado para a implementação
160m são encontrados na área urbana. de Noestruturas
Aqüífero Serraque
permitissem a visitação
Geral,e poços
a recuperação florestal dodelocal.
com profundidades 50m,Entretanto,
geralmente, ojá máximo
se mos-
que se pode encontrar tramé portadores
uma pista de de caminhada
produtividademalelevada,
projetada; uma sedepara
suficientes utiliza-
uso
particular.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir deVazão:
maio deA vazão
2003; média
e umados poçosárea
imensa da cidade situa-se
desmatada. Um entre 5.000dea
projeto
10.000l/h. Entretanto, poços com vazões superiores
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um a 10.000l/h
podem ser encontrados, caso esses poços estejam situados em á-
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
reas com fraturas basálticas acentuadas entre os derrames. [...]
inda aguarda recursos Usofinanceiros.
dos poços: [...] os poços da cidade, em sua grande maioria,
c) Parque Florestal Municipal das Perobas:
encontram-se localizado
na área central nos lotes
da cidade zona210-A
1 (Z1),ezona
211-A, 210
7 (Z7),
e 210-G da Gleba Ribeirão
zona 4 (Z4)Pingüim,
e zonacom áreaEssas
5 (Z5). totalzonas
de 263.438,74
correspondem m , constituído
2
às áreas de
de remanescentes da vegetação
maior poder nativa
aquisitivoquedaapresentam
cidade. São, espécies
portanto,representativas
áreas com água da
destinada ao uso residencial e alguns poços
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-voltados para o uso
mentar nº 3.513/93, comercial.
também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

110 Informações prestadas verbalmente pela Sra. Sandra Regina Viotto, coordenadora da formação do Comitê da
76 Ver comentário
Bacia da nota
do Rio Pirapó de rodapéna
e assessora nºformação
96. da respectiva UED, em 26 de agosto de 2003.

__ 184
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Outra área concentradora de poços artesianos é a zona industrial


da cidade (Z45, Z47, Z41 e Z42), situada no quadrante oeste e
sudoeste da zona urbana, a qual utiliza a água em seus processos
industriais.111

E ao final, após a análise dos dados colhidos em Maringá, Berezuk apresentou cinco
considerações fundamentais:
1. a qualidade da água da cidade de Maringá apresenta problemas mais sérios com
relação ao seu teor de chumbo e nitrato;
2. provavelmente, os altos teores de chumbo encontrados na água são decorrentes
dos fases emanados dos veículos da cidade, dos fases e resíduos originados pelas
atividades industriais e da utilização de pesticidas na região que possuem metais
em sua composição química;
3. Provavelmente, o alto teor de nitrato nas águas subterrâneas possui como origem
o lixo orgânico da cidade, o uso de pesticidas e fertilizantes na região que podem
influenciar em sua qualidade e a presença de antigas fossas negras que podem
contaminar o lençol freático;
4. a água maringaense apresenta-se como bicarbonatada cálcica, característica das
águas do basalto. Possui como principais íons em sua composição cálcio, magné-
sio e bicarbonato. O pH é de natureza alcalina (acima de 7);
5. Alguns poços, no entanto, podem possuir uma composição hidrogeoquímica di-
ferente, com maior quantidade de íons de sódio do que de cálcio e magnésio.
Quando isso ocorre, é muito provável que o poço em questão esteja recebendo
águas provenientes do Aqüífero Guarani, situado abaixo da Formação Serra Ge-
ral. Porém, o pH da água deve se apresentar, pelo menos, muito próximo a 8.
Outra hipótese para o alto teor de sódio na água de alguns poços da cidade pode
decorrer do fato do poço estar recebendo água de um derrame de característica
mais sódica (com maior presença de plagioclásio sódico), aspecto comum a der-
rames mais ácidos.112

De acordo com o artigo 18 da Lei Estadual nº 12.726/99 (que institui a Política Es-
tadual de Recursos Hídricos), o órgão público responsável pelo cadastro, autorização ou
outorga de uso e fiscalização dos poços artesianos no Estado do Paraná é a SUDERHSA
(Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental). De uma forma geral, o
procedimento inicia-se com o requerimento do interessado, com assinatura e A.R.T. de
um geólogo responsável, para a emissão da respectiva licença prévia. Com essa licença, a
SUDERHSA permite que o requerente faça a perfuração do poço artesiano. Após a exe-
cução da obra e medida a vazão e a qualidade físico-química da água, pode ser requerida a

111 BEREZUK, André Geraldo. Classificação e análise da qualidade da água subterrânea da cidade de Maringá – PR.. 2002.
Dissertação (Mestrado)-Curso de Pós-graduação em Geografia, Departamento de Geografia, Universidade Esta-
dual de Maringá, Maringá, 2002. f. 60.
112 BEREZUK, 2002, f. 60.

__ 185 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
outorga, que depois de publicada noHorto
DiárioFlorestal;
Oficial, autoriza o requerente a utilizar a vazão
de água especificada. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
ZP6: Bosque das Grevíleas;
No Estado do Paraná, f)a Lei nº 12.726/99 estabeleceu, em seu artigo 13, quais os ca-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
sos em que é obrigatória a outorga
h) ZP8:de uso dos
Parque recursos
Florestal hídricos:
Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Art. 13 –Parque
j) ZP10: Estão Ecológico
sujeitos à outorga
Municipal pelo
doPoder
Guaiapó;Público os seguin-
tesZP11:
k) direitos de uso
Parque de recursos
Florestal hídricos,
Municipal independentemente da
das Palmeiras;
natureza,
l) públicado
ZP12: Parque ouCinqüentenário;
privada, dos usuários:
I – ZP13:
m) derivações
Parque oudacaptações de parcela
Rua Teodoro Negri;da água existente em um
corpo
n) ZP14:de Parque
água para consumo
Alfredo final,Nyffeler;
Werner inclusive abastecimento públi-
co ZP15:
o) ou insumo de processo
Reservas do Córregoprodutivo;
Borba Gato76;
II
p) –ZP16:
extração de água
Reserva de aqüífero
da Rua Diogo M. subterrâneo
Esteves; para consumo final
ou insumoReserva
q) ZP17: de processo produtivo;
do Córrego Cleópatra;
III – lançamento,
r) ZP18: Reserva da emRuacorpo de água,
Pioneira de esgotos
Deolinda e demais resíduos
T. Garcia;
líquidos
s) ZP19: ou gasosos,
Reserva tratados Moscados;
do Córrego ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final;
Destacam-se, dentre elas,IV –asaproveitamentos
seguintes áreas: de potenciais hidrelétricos;
V – intervenções
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: de macrodrenagem
reconhecido urbana
comopara retificação,
parque ca-
pela Lei
nalização, barramento e obras similares que 2visem ao controle de
Complementar nº 3.513/93,
cheias; possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto VI –Residencial
outros usos Parigot
e ações dequeSouza,
alteremconstituído
o regime, a de remanescen-
quantidade ou a
tes da vegetação nativa. A área
qualidade da não
água possui plano
ou o leito de manejo
e margens e enfrenta
de corpos problemas
de água.
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Convém ressaltar
cercada que, de acordo
pela Prefeitura com a numa
de Maringá, legislação ambiental
tentativa brasileira, das
de isolamento em principais
especial a
Lei nº 6.938/81, que do
áreas verdes estabeleceu
município. a Política Nacional do Meio Ambiente, todas as ativida-
des e b)
serviços
Jardimutilizadores de recursos
Botânico: com uma área ambientais e ou efetiva ou
de aproximadamente potencialmente
9 mil poluido-
m2 , nela localizam-se
res, bem duas
comoantigas
os capazes,
lagoas sob qualquer forma,
de tratamento de causar
da Sanepar degradação
desativadas. Emambiental
seu fundo,(Art. 10)
encon-
devem ser tram-se dois córregos
precedidos que praticamente
do licenciamento ambiental.não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito
Isto porque, de acordo com o artigo 12 da Lei JairoEstadual
Gianoto, nº foi recebido os
12.726/99, umobjetivos
recurso
do regime financeiro especialmente
de outorga de direitos dedirecionado
uso de recursospara hídricos
a implementação
do Estadode sãoestruturas que
de “assegurar
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e efetivo exercício dos direitos de o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
acesso à água”. Com o licenciamento ambiental, o Estado almeja outro controle. Quem
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
definiu a questão foi Luís Carlos Silva de Moraes:
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
O momento do licenciamento é, na verdade, a primeira fiscaliza-
ponto de lazer e visitação para a comunidade
ção de conformidade, carente
ou seja, que vive apreventiva
uma verificação sua volta,damas a-
utili-
inda aguarda recursos financeiros.
zação dos recursos naturais da forma indicada na lei.
No exercício
c) Parque Florestal Municipal dessa atividade
das Perobas: é que
localizado nospercebemos
lotes 210-Aa edicotomia
211-A, 210 do
regime jurídico ambiental, ou seja, a existência
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído de regras
2 materiais
e de procedimento [...]
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Essa fórmula tem utilização em dois momentos: antes do início
flora e da fauna da daregião. Essa (licenciamento)
atividade área, reconhecida comoo parque
e após início depela
seuLei Comple-
desenvolvi-
mentar nº 3.513/93, também
mento se encontra
(fiscalização abandonadapunitiva).
de conformidade e não possui
113 um plano de
manejo.

113Ver
76 MORAES,
comentário
Luís
daCarlos
nota de
Silva de. Curso
rodapé nº 96.de direito ambiental. São Paulo: Atlas, 2002. p. 80.

__ 186
__ 122 __
__
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Independentemente da anuência prévia ou outorga da SUDERHSA, o procedimento


de licenciamento ambiental junto ao IAP, deve ser atendido pelo empreendedor, sob pena
de crime e infração ambiental.
Visando criar um controle municipal, a Lei Complementar 335/99, que estabelece as
condições dos projetos a serem aprovados pela Prefeitura Municipal de Maringá, trouxe a
obrigatoriedade de autorização para perfuração de poços semi-artesianos em Maringá:

Art. 83 - A perfuração de poços artesianos e semi-artesianos de-


verá ser feita dentro das divisas do terreno, mediante autorização
prévia da SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - e autorização da
Prefeitura Municipal.

Se não houver uma política clara e objetiva para a conservação dos recursos hídricos sub-
terrâneos, que envolva os órgãos municipais e Estaduais de uma grande área de abrangência,
poder-se-á comprometer uma rica e imprescindível fonte de água doce para o futuro.
Um exemplo dessa necessidade de ações conjuntas pode ser visto na relação entre os
municípios de Maringá e Sarandi. Historicamente, pode-se afirmar que o município de
Sarandi foi criado como forma de solução dos principais problemas sociais do Município
de Maringá. Após muitos anos de descaso com esse distrito, a criação de um município
autônomo mostrou-se como a melhor alternativa para a manutenção do ilusório e falso
título de cidade sem favelas para Maringá.
Hoje, o município de Sarandi luta com muito sacrifício para implementar um sistema
de saneamento ambiental. Como conseqüência, estima-se que apenas 5% da cidade esteja
atendida por redes coletoras de esgoto, com uma altíssima, senão predominante, incidên-
cia de fossas. Praticamente 100% da água consumida no município é proveniente de poços
semi-artesianos. Ou seja, o ser humano, com toda a sua genialidade, consegue ser um dos
raros animais que defeca e urina sobre o local em que obtém sua água para beber.
Essa situação não pára por aí, pois é aqui que o destino demonstra a interligação e in-
terdependência crucial que une homem e meio ambiente. O uso inadequado dos recursos
naturais no município vizinho, em especial com a contaminação do lençol freático com
coliformes fecais e resíduos industriais, afetará diretamente os recursos naturais e a saúde
da população de Maringá. Portanto, uma política ambiental metropolitana faz-se cada vez
mais fundamental para a região de Maringá.
O maior problema enfrentado atualmente em Maringá é a falta de conhecimento so-
bre a real situação do lençol freático. Não se tem informação segura sobre o número exato
de poços explorados e do volume de bombeamento desses poços, ou seja, da vazão média
dos poços. Esse ponto foi apresentado e discutido durante o 1º Fórum Ambiental de
Maringá por um grupo de 4 especialistas, e já ficava claro que:

Este tipo de informação se faz necessário para administrar a saída


de água da bacia subterrânea e impor um volume seguro para ex-

__ 187 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ploração
d) ZP4: Horto
deste Florestal;
recurso mineral. Serve também para se avaliar o
nível
e) ZP5:de Parque
perfuração dos poçosdodurante
da Nascente osPaiçandu;
Ribeirão anos.
NoZP6:
f) presente
Bosquemomento a cidade de Maringá também não possui
das Grevíleas;
ZP7: Parque
informações
g) sobre os aqüíferos existentes (chamadas entradas de
do Sabiá;
ZP8:
água),
h) sobre o nível
Parque estático
Florestal e dinâmico
Municipal dos poços, sobre as con-
das Perobas;
dições
i) ZP9:de exploração
Recanto Borba deste poços existentes e outras informações.
Gato;
Esta
j) ZP10:
ausência
ParquedeEcológico
dados permite a exploração
Municipal inconseqüente au-
do Guaiapó;
mentando
k) ZP11: Parque
assim Florestal
o risco deMunicipal
poluição das
ou contaminação
Palmeiras; do(s) aqüí-
fero(s)
l) ZP12:explorado(s).
Parque do Cinqüentenário;
114

m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;


Um uma iniciativa simples n) ZP14:
mas Parque Alfredo
histórica, Werner de
a Comissão Nyffeler;
Assessoramento para Recu-
o) ZP15: Reservas do Córrego
peração dos Fundos de Vale, atuando com o trabalho de profissionais Borba Gato76; voluntários, passou
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
a apresentar um banco de dados com a localização em mapas de todos os poços cadastra-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
dos junto à Prefeitura e à SUDERHSA.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Portanto, uma ação que deve Reserva
s) ZP19: ser implementada
do Córrego de forma imediata e contínua diz
Moscados;
respeito ao controle e autorização das novas perfurações de poços artesianos, seguindo-se
de umDestacam-se,
cadastramento dentre elas, ase seguintes
completo mapeamento áreas:
de todos os poços existentes em Maringá e
a) Parque
dos pontos Ecológico
críticos Municipal
de poluição. do Guaiapó:
A partir reconhecido
daí, um sistema como parque
de planejamento pela Lei
e gestão do
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
lençol subterrâneo poderá ser inserido na política ambiental local, aumentando-se o rigor
dra e43-B
do controle do usodo desse
Conjunto Residencial
recurso ambiental. Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.
114 GONÇALVES, Antônio Geraldo et al. Poços de exploração de água subterrânea: situação atual e projeções
futuras na cidade de Maringá. In: FÓRUM AMBIENTAL DE MARINGÁ, 1., 2001, Maringá. Anais... Maringá:
76 Ver comentário
[s.n.], 2001. da nota de rodapé nº 96.

__ 188
__ 122 __
__
8 Sistema de coleta e tratamento
de esgotos

A questão do esgoto é outro grande problema da atualidade nos municípios brasilei-


ros. Hoje, apesar de uma forte variação regional, cerca de 60% dos domicílios brasileiros
possui rede de coleta de esgoto, o que não inclui o sistema de tratamento.

Figura 1 – Distribuição percentual dos domicílios particulares permanentes, por forma de esgotamento sanitário -
2001.
Fonte: IBGE (2003).

Calcula-se que essa situação faça com que a cada 62 minutos morra uma criança de 0
a 4 anos no país, vítima de doenças relacionadas à falta de esgoto sanitário, causa também
de 65% das internações hospitalares de menores de 10 anos. No mundo, a situação não é
diferente: um bilhão de pessoas não dispõem de água potável e 1,8 bilhão não têm acesso
a sanitários e esgotos, resultando na morte de 8 milhões de crianças. Todos os municípios
brasileiros são carentes de saneamento, em um contexto que representa mais desperdício
do que economia para os cofres públicos. Para cada R$ 1,00 aplicado no setor, economi-
zam-se R$ 4,00 em medicina curativa. Levar água tratada à população, sem oferecer uma
rede de coleta e tratamento de efluentes, significa fabricar esgoto na proporção com que se
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:deHorto
utiliza a água. Cada metro cúbico águaFlorestal;
utilizada numa residência produz, pelo menos,
em uma outro metro cúbicoe)deZP5: Parque
esgoto.115 da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Em Maringá, o Sistemag) de Esgotos
ZP7: ParqueSanitários
do Sabiá; está delimitado mediante duas princi-
pais vertentes, Norte e Sul, h) ZP8: Parque
subdivididas Florestal
num Municipal
total de dasdePerobas;
10 bacias contribuição, sendo da
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
vertente Norte as bacias 1-3-6 e 7, e vertente Sul, 2-4-5-8-9 e 10.
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
A rede coletora de aproximadamente 484.285 Municipal
k) ZP11: Parque Florestal km em operação se distribui basica-
das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
mente sobre a bacia 1 e 2 com 36.323 ligações, que atende aproximadamente 60% da po-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
pulação, podendo se constar um déficit
n) ZP14: ParquedeAlfredo
20%, Werner
considerando-se
Nyffeler; como parâmetro de
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba
eficiência - 80% da população urbana servida, segundo a Organização ;
Gato76Mundial de Saúde.
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18:
Tabela Reserva de
32 - Sistema da Rua Pioneira
esgoto Deolinda T. Garcia;
de Maringá
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Extensão Numero de ligações Consumo
Ano linear (M)dentreResid. médio/mês
Destacam-se, elas, as seguintes
Comerc. áreas:
Indust. P. Public. Total
1995a) Parque336.215
Ecológico 14.062
Municipal3.447do Guaiapó:
128 244
reconhecido 17.881
como parque568.945 pela Lei
1996 Complementar
337.126 nº 3.513/93,3.685
16.263 possui uma152 área de26416.204,4820.364
m2, localizado na qua-
567.148
1997 dra 344.392
43-B do Conjunto
17.934 Residencial
3.909 Parigot
146 de Souza,
283 constituído
22.272 de remanescen-
613.310
1998 tes 344.726
da vegetação18.753
nativa. A área
4.030não possui
139 plano 140de manejo e enfrenta 619.660
23.062 problemas
1999 estruturais
472.969 para 26.738
garantir sua sobrevivência.
4.676 197 Somente
362 no ano de 2003 862.398
31.973 a área foi
2000 cercada 484.285pela Prefeitura
30.665 de 5.049
Maringá, numa202 tentativa
407 de isolamento
36.323 das827.766
principais
2001 áreas verdes do município.
745.840 34.274 5.537 217 452 40.480 972.000
2002b) Jardim Botânico:36.728
773.092 com uma5.792área de aproximadamente
262 463 9 mil43.245
m2 , nela localizam-se
1.023.840
2003 duas antigas lagoas
773.329 de tratamento
37.524 5.901 da 258 Sanepar desativadas.
472 Em seu fundo,
44.155 encon-
1.036.790
tram-se
Fonte: Sanepar (mar. dois
2003).córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
Os financeiro
córregos receptores do esgoto
especialmente dito “tratado”
direcionado para adeimplementação
Maringá são pertencentes
de estruturas à classe
que
permitissem
2, de acordo a visitação
com a Resolução n e20/89
o a recuperação
do Conama florestal do pela
(alterada local.Resolução
Entretanto, o máximo
nº 357/2005)
que se pode
e a classificação encontrar
feita pela é uma pista
SUDERHSA de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
em 1995.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
O atual sistema de tratamento de esgoto da Sanepar em Maringá não atende a todas
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
as exigências da legislação
recuperação ambiental.naNeste
foi viabilizado últimasentido,
gestão um termo de
municipal, compromisso
buscando tornar afoiárea
firma-
um
do, juntoponto
ao IAP, nos mesmos moldes do referido acordo sobre os sistemas
de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a- de tratamento
da água. inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal
Em Maringá, a Sanepar Municipal das suas
utiliza, em Perobas: localizado
4 estações nos lotes de
de tratamento 210-A e 211-A,
esgoto, 210
o sistema
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2
anaeróbio. Esse tipo de processo é realizado por um Reator Anaeróbio de Lodo Fluidiza-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
do (Ralf)flora
cometecnologia
da fauna da desenvolvida
região. Essapelaárea,Sanepar e quecomo
reconhecida apresenta
parque uma série
pela Leide vanta-
Comple-
gens commentar
relaçãonºao3.513/93, tambémEntre
sistema aeróbio. se encontra
elas, a deabandonada
não precisare não possuitipos
de outros um plano
de ener-de
manejo.
gia suplementar e a de produzir biogás, que pode ser utilizado como combustível. Sua

115Ver
76 ÚLTIMO
comentário
segundo.
da nota
Disponível
de rodapéem:
nº 96.
< http://www.saneamentobasico.com.br/>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 122
190 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

eficiência em remoção de DQO (demanda química de oxigênio) é em torno de 75% e de


DBO (demanda bioquímica de oxigênio) é de 80%. A construção de um RALF representa
baixo custo por habitante servido, uma solução bem mais econômica inclusive no que diz
respeito a sua manutenção. A Sanepar oferece módulos de diferentes tamanhos e formatos
de reatores, com capacidade de servir de mil a 45 mil habitantes.
O funcionamento do RALF é simples. Consiste inicialmente em conduzir o esgoto
bruto para um gradeamento fino a fim de remover os sólidos flutuantes e em suspensão; e
a um desarenador para remover sólidos sedimentáveis prejudiciais ao processo. Após o
esgoto estar gradeado e desarenado, é conduzido até uma câmara no centro superior do
reator, onde é dividido em partes iguais para alimentar tubos difusores, que conduzem o
esgoto até o fundo do mesmo.
Na parte inferior do reator, o esgoto em fluxo ascendente é misturado com o lodo
contido em um manto previamente formado ou inoculado, rico em bactérias anaeróbias. A
matéria orgânica contida no esgoto fica retida nesse manto de lodo e é degradada e estabi-
lizada por meio da atividade metabólica das bactérias. As bactérias contidas no manto de
lodo transformam a matéria orgânica suspensa em produtos estáveis, como água, biogás e
outros elementos inertes.
Na parte superior do reator existe uma parede defletora, que serve de interface da
zona de digestão e de decantação. Os gases formados se concentram na parte superior
interna do reator de onde, através de um tubo, podem ser descartados ou reaproveitados
para fins energéticos. A parte sólida arrastada pelos gases retorna ao manto de lodo após o
desprendimento das bolhas geradas.
O líquido segue para o decantador periférico e é vertido para uma caneleta que coleta
o efluente tratado e o conduz para o emissário. Esse emissário pode conduzir o efluente
para um corpo receptor ou para um pós-tratamento. O lodo excedente gerado no reator
deve ser removido periodicamente para leitos de secagem e aterros sanitários.116
Na tabela 33, é possível visualizar, didaticamente, os principais dados exigidos nas li-
cenças-prévias concedidas pelo IAP para o funcionamento das estações de tratamento de
esgoto de Maringá. Apesar de ainda constar o ano de 2005 como alcance do projeto, ou
seja, o ano em que o sistema estaria em sua capacidade máxima, Sanepar informa que
alguns projetos que estão começando a ser articulados hoje deverão elevar a capacidade de
suporte do sistema até o ano de 2010.

116 Disponível em:<http://www.Sanepar.com.br/institucional>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 191 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 33 - Exigências
d) ZP4:
da Licença
Horto Prévia do IAP para as ETE’s da Sanepar
Florestal;
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Dados de projeto e padrões para
lançamento f) ZP6: Bosque dasEstações de Tratamento de Esgoto
Grevíleas;
conforme Conama 20/Art. 21 e L.P. /
g) ZP7: Parque do Sabiá; BORBA
IAP h) ZP8:01Parque
- NORTE
Florestal 02 – SUL
Municipal das 03 - NORTE
Perobas; GATO
Localização i) ZP9: Recanto
MandacaruBorba Mun.
Gato;Marialva JD. Alvorada Borba Gato
Bacia Hidrográfica
j) ZP10: Parque
Pirapó
Ecológico Municipal
Ivaí
do Guaiapó;
Pirapó Ivaí
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Tempo de Retenção da ETE - Final
Projeto l) ZP12: Parque
6h e 5’ do Cinqüentenário;
4h 6h e 26’ 12h
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Início de Operação Janeiro/97 Março/94 Agosto/96 -
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
03 RALF’s - 08 RALF’s - 02 RALF’s - 01 RALF -
No, Tipo e Módulo das Unidades o) ZP15: Reservas
mod.80
do Córrego
mod.40
76;
Borba Gatomod.80 mod.
p) 3ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Volume / Reator (m ) 2650 1152 2650 89,1
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Rib. Borba
Corpo Receptor - Classe 2 / IAP r) ZP18:Rib.
Reserva
Maringáda RuaRib.
Pioneira
PinguimDeolinda T. Garcia;
Rib. Morangueira
Gato
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
População Atendida - final de projeto 87.323 152.756 54.221 1.200
Alcance do projeto (ano) 2005 2005 2005 2005
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Vazão - final do projeto (l/s) 362,79 482,00 228,59 2,025
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
No da LP / IAP e Data 375/93 - 07/94 374/93 - 07/94 376/93 - 07/94 251/94 - 03/95
Complementar nº 3.513/93,
Eficiência de remoção de DBO (%)
possui
80
uma área 80 de 16.204,48 m80 2, localizado na qua-
60
dra 43-B
Carga orgânica do Conjunto
Máx. p/lanç. (mg/l ou Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
60 ou 786 60 ou 1.375 60 ou 488 60 ou 9,0
kg DBO5/d)tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
PH estruturais para garantir sua5,0sobrevivência.
a 9,0 Somente
5,0 a 9,0 no ano5,0 a de
9,0 2003 a5,0áreaa 9,0 foi
Temperatura
cercada pela Prefeitura (oC) de Maringá,
< 40 < 40
numa tentativa < 40
de isolamento < 40
das principais
Matéria Sedimentada (SD) (ml/l) < = 1,0 < = 1,0 < = 1,0 < = 1,0
áreas verdes do município.
Óleos e Graxas - Óleos Minerais (mg/l) < = 20,0 < = 20,0 < = 220,0 < = 20,0
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
Óleos Vegetais e Gord. Animais (mg/l) < = 50,0 < = 50,0 < = 50,0 < = 50,0
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Materiais Flutuantes Ausente Ausente Ausente Ausente
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Regime de lançamentos com vazão
1,5 X VMD 1,5 X VMD 1,5 X VMD 1,5 X VMD
max. Até Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro
Fonte: Sanepar (2003). especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
É interessante
que se podecitar que osédados
encontrar uma pistadispostos referem-se
de caminhada malaos parâmetros
projetada; umaestabelecidos
sede utiliza-
pelo IAPda naspor
respectivas licenças-prévias, de acordo com a legislação
muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela ambiental pertinente.
Polícia
Isto querFlorestal
dizer quea os dados foram fornecidos levando-se em conta
partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto o funcionamento ideal
de
e regular recuperação
das Estaçõesfoideviabilizado
Tratamento nade Esgoto
última dentro
gestão das exigências
municipal, buscando do tornar
IAP. Nema áreasem-um
pre os órgãos
ponto ambientais brasileiros
de lazer e visitação paraseguem à risca ascarente
a comunidade prescrições
que vivelegais,
a suae volta,
ainda masque a- o
façam, não há críticos sérios para
inda aguarda recursos financeiros. o conjunto de leis sobre o meio ambiente no Brasil.
Aindac)mantém-se a pobreMunicipal
Parque Florestal cultura dedas apenas se comentar
Perobas: localizadoe explicar
nos lotesas210-A
leis. Poucas
e 211-A, são210 as
análises acuradas para os problemas legais decorrentes da regulamentação
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído dos 2 fatos sociais
e ambientais. 117
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Importante
flora e daressaltar
fauna daque, conforme
região. Essa área, dados técnicos informados
reconhecida como parquepela pelaSanepar,
Lei Comple- nem
sempre amentareficiência
nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano deà
do tratamento se mantém em 80%, baixando com estrita ligação
quantidade de
manejo. material a ser tratado, sua qualidade, ou seja, se procede de domicílios ou,

117 Neste sentido, a Resolução nº 020/86 Conama só teve a sua redação técnica revisada após quase 20 anos de
76 Ver comentário
existência, da nota de quanto
especialmente rodapé aos
nº 96.
parâmetros de qualidade e de classificação das águas.

__ 122
192 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

como tem ocorrido, de indústrias sem qualquer sistema de tratamento prévio de efluentes.
Como nas próximas licenças o nível de eficiência exigido deve subir para 90%, a Sanepar
está começando a se adiantar em obras que garantam o funcionamento do sistema até
2010.
Diante do exposto, deve ser questionada a inexistência da licença de instalação e de
operação (esta última a mais importante) para as estações de tratamento de esgoto de Ma-
ringá. Por que essas estações estão operando sem a licença exigida pela legislação? A gra-
vidade desse dado pode ser constatada pela ineficiência da Sanepar em seu sistema de
tratamento. Ou seja, sem a fiscalização permanente do órgão ambiental licenciador, nesse
caso o IAP, ninguém pode garantir que o efluente lançado nos córregos de Maringá esteja
seguindo os critérios técnicos estabelecidos pela legislação ambiental pertinente.
Havendo a cobrança do tratamento do esgoto nas faturas da Sanepar (o que já ocorre
hoje, apesar de sua real inexistência), esta tem a obrigação de realizar o tratamento ideal do
esgoto e não manter um sistema ineficiente que gera o risco permanente de contaminação
dos córregos receptores. E mais, o licenciamento concedido pelo IAP gera a sua respon-
sabilidade objetiva e solidária, atingindo, os técnicos e fiscais.
Neste sentido, houve a assinatura de um Termo de Compromisso da empresa com o
IAP em 30 de março de 1999, o qual previa as seguintes obrigações: “adequar a qualidade
do efluente final das Estações de Tratamento de Esgoto – ETE´s, no Município de Ma-
ringá, aos padrões estabelecidos no artigo 21, da Resolução nº 20/86 do Conama; além
dos padrões do Conama, a Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, deverá ser inferior
a 60 mg/l ou 6 Kg BDO/dia para cada 100 m3 de efluente final, e a Demanda Química de
Oxigênio – DQO, deverá ser inferior a 150 mg/l ou 15 Kg DQO/dia, para cada 100 m3
de efluente final; dispor adequadamente o lodo gerado proveniente da Estação de Trata-
mento; e finalmente, desativar as unidades antigas relacionadas no Anexo II, deste termo,
ratificando a Compromitente a obrigação de executar a manutenção periódica das aludidas
unidades, enquanto não forem desativadas.”
O Anexo II previa apenas a Estação de Tratamento de Esgoto do Borba Gato, que
tinha o prazo até dezembro de 2001 para ser desativada.
Não é necessário informar que houve nova prorrogação dos prazos e cronogramas,
sem que nenhuma obra tivesse sido executada, ou mesmo projetada. Assim, em 25 de
março de 2002, houve nova prorrogação do termo de compromisso por mais 3 anos,
vencendo em janeiro de 2005.
Percebe-se que, durante muitos anos, os investimentos foram direcionados para o
tratamento de água, não apenas em Maringá, mas na maior parte dos municípios do país.
Hoje o meio ambiente paga um preço muito alto por isto, com sistemas de coleta e trata-
mento de esgoto ineficientes.
Esses fatos podem ser constatados pelas diretrizes e ações constantes do Plano Dire-
tor de Maringá no ano de 1991:

__ 193 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
2.1.2 Esgoto
Horto Sanitário
Florestal;
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Diretrizes
- ZP6:
f) Bosque
Garantir, das prazo,
a médio Grevíleas;
o atendimento de 100% da população;
- ZP7:
g) Parque do Sabiá;
Complementar o sistema de tratamento, buscando soluções
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
alternativas.
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Ações
- ZP10:
j) Parque
Gestionar Ecológico
junto a SaneparMunicipal do Guaiapó;de Programa de
a implementação
k) ZP11: Parque
Ampliação da redeFlorestal Municipal
de esgotos das Palmeiras;
e do sistema de depuração;
- ZP12:
l) Parquesistemas
Implantar do Cinqüentenário;
de depuração de esgotos sanitários e in-
m) ZP13:alternativos
dustriais Parque da Rua Teodoro Negri; da Sanepar) que redu-
(independentemente
n)
zam ZP14: Parque
o volume Alfredo
e/ou Werner
utilizem estesNyffeler;
como insumo;
o) ZP15: Reservas do Córrego
- Equipar para fiscalizar lançamentos Borba Gato 76;
clandestinos de esgotos
p) ZP16:
nas galeriasReserva da118
pluviais. Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Atuando de forma mitigadora r) ZP18:bastante
Reserva da Rua Pioneira
modesta, Deolinda
e visando T. Garcia; à melhoria
principalmente
de seus serviços internos, as) Sanepar ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
está desenvolvendo um programa de despoluição
ambiental que consiste na vistoria dos imóveis servidos por rede coletora de esgoto, com a
Destacam-se,
finalidade de verificar dentre elas, as seguintes
a possibilidade áreas: pluviais irregulares na rede de esgoto,
de ligações
a) Parque
instalação de caixas Ecológico
de gordura, Municipal
efluentes doindustriais
Guaiapó:etc. reconhecido como parque pela Lei
Com base nos dados
Complementar apresentados
nº 3.513/93, possuipelaumaSanepar
área de (agosto de 1999),
16.204,48 quando senainicia-
m2, localizado qua-
ram os trabalhos,
dra 43-B do atéConjunto
o mês deResidencial
fevereiro de 2003,de
Parigot foram
Souza,efetuadas vistorias
constituído em 24.067
de remanescen-
imóveis, tes sendo que, destes,
da vegetação 80,54%
nativa. estavam
A área irregulares
não possui planoe de apenas
manejo19,46% se encontravam
e enfrenta problemas
nos padrões exigidos pela Sanepar. Até março de 2003, cerca de 7.673 imóveis foram
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
regularizados. Na tabela 34, é possível identificar as principais irregularidades constatadas.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Tabela 34 áreas verdes
- Tipos dedo município. encontradas nos imóveis vistoriados pela Sanepar
irregularidades
b) Jardim
IrregularidadesBotânico: com uma área
1999-2001 % de 2002 aproximadamente
% 20039 mil m % , nela
2 localizam-se
Total %
duas antigas
Água da chuva na rede de lagoas de
2.074 tratamento
9,70 da792Sanepar 6,19desativadas.
120 Em
4,22 seu fundo,
2.966 encon-
8,06
esgoto tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Esgoto na Administração
galeria 17
Municipal do0,08ex-prefeito
9 0,07 Gianoto,
Jairo 3 foi 0,11
recebido29um recurso0,08
Esgoto ligado em local im- 2.075 9,70 959 7,49 285 10,02 3.319 8,96
próprio
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Instalação permitissem
sem caixa de a visitação
4.196 e a19,62recuperação3.115 florestal
24,34 do473 local. Entretanto,
16,63 7.784o máximo
21,02
inspeção que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por
Inst. c/ caixa de muito
inspeção tempo 424 pelo Corpo
1,98 de597Bombeiros,
4,66 e 179
que foi 6,29
ocupada pela Polícia
1.200 3,24
irregular
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Instalação sem caixa de 9.952 46,53 4.470 34,92 784 27,57 15.206 41,06
gordura recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Inst. c/ ponto
caixa dedegordura
lazer e visitação
1.162 para
5,43 a comunidade
1.924 15,03carente730que vive
25,67a sua3.816
volta, mas
10,30 a-
irregular
inda aguarda recursos financeiros.
Efl. Industrial sem tratamen- 24 0,11 13 0,10 1 0,04 38 0,10
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
to prévio
e 210-G
Efl. Ind. com tratamentoda pré.
Gleba Ribeirão
8 Pingüim,
0,04 com área
18 0,14total de 6 263.438,74
0,21 m232, constituído
0,09
irregular de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Imóvel com floraredee da
masfauna
não da1.456região. Essa6,81 área,903 7,05
reconhecida 263 parque
como 9,25 pela2.622 7,08
Lei Comple-
ligado
TOTAL
mentar nº 3.513/93, 21.388
também 100
se encontra
12.800
abandonada
100 2.844
e não100possui37.032
um plano 100
de
manejo.
Fonte: Sanepar (2003). Dados até março de 2003.

118Ver
76 MARINGÁ,
comentário1991.
da nota de rodapé nº 96.

__ 122
194 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

As irregularidades encontradas estão sendo notificadas pela Sanepar aos proprietários


dos imóveis, iniciando-se uma negociação para um prazo de correção. Nos casos de não
observância das medidas necessárias, está havendo o encaminhamento dos dados à Secre-
taria de Meio Ambiente para as medidas administrativas e judiciais cabíveis. Por meio da
atuação em conjunto com a Administração Pública Municipal, espera-se que os índices de
regularização sejam consideravelmente aumentados.
De qualquer forma, esse é mais um problema que decorre da falta de conhecimento,
de consciência ou sensibilização da população, que é quem acaba sofrendo as conseqüên-
cias posteriores. Conforme se observa pelos números apresentados, muitas irregularidades
ocorrem simultaneamente em um mesmo imóvel.
Por outro lado, há casos em que os cidadãos são atingidos por obras mal executadas
por vizinhos. Por exemplo, quando ocorre a ligação clandestina das águas da chuva no
esgoto, há uma sobrecarga do sistema em época de chuvas, por motivos de ordem lógica,
ou seja, a espessura dos canos de esgoto não suporta a carga somada pelas águas pluviais.
Desta forma, uma residência que esteja regularmente ligada à rede de esgoto, estando
localizada em um ponto mais baixo do terreno vizinho ao da ligação irregular, sofre o
chamado efeito de refluxo. Isto ocorre quando o material da rede de esgoto volta para o
ponto de origem, transbordando no ponto de entrada (ralos etc.) e vazando por todo o
imóvel.
Outra infração ambiental verificada em Maringá decorre dos interceptores de esgoto
localizados em diversos pontos da cidade, em uma distância média de 100 metros entre
cada um. Com o entupimento causado por vários motivos, desde o lixo jogado pela popu-
lação a materiais sedimentados naturalmente, e com o reforço das ligações clandestinas de
água pluvial na rede de esgoto, ocorre o transbordamento desses interceptores, levando o
efluente diretamente para o ponto mais baixo da bacia, ou seja, um córrego. De acordo
com a estimativa de que um litro de esgoto é capaz de contaminar 10 litros de água potá-
vel, é possível calcular o prejuízo ambiental causado por esses vazamentos.
Embora possua um sistema eficiente de reparação desses acidentes, consertados em
média em algumas horas após a notificação do vazamento, a Sanepar já foi multada algu-
mas vezes, inclusive por reincidência, pela Secretaria de Meio Ambiente de Maringá. Co-
mo conseqüência dessas multas, foi firmado um acordo entre a Sanepar e a Prefeitura de
Maringá no sentido de que além de promover algumas medidas compensatórias, a empre-
sa também se comprometeria a resolver os vazamentos em no máximo 24 horas após a
sua ocorrência, sob pena então de ser novamente multada.
Esse é um exemplo típico de aplicação do princípio do poluidor-pagador, em que aquele
que causa efetiva ou potencialmente um dano ambiental (denominado poluidor), deve
promover todas as medidas e arcar com todos os custos necessários para a sua prevenção,
controle e recuperação, em cada caso específico.
Além desses problemas, o excesso de água na rede de esgoto causa o sempre mau
cheiro durante os períodos de chuvas sentido em várias regiões de Maringá.
Dentre suas ações, a Sanepar elaborou um projeto de ampliação da rede de esgoto em
andamento, com a execução de 367.450 metros de rede para atendimento a mais 15.000

__ 195 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ligações, cuja previsão de término d) ZP4: seria


Hortoem julho de 2003, contemplando 40 bairros do
Florestal;
município, quais sejam: Jardim e) ZP5: Parque da
América, Nascente
Jardim do Ribeirão
da Glória, Jardim Paiçandu;
Liberdade, Conjunto
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Karina, Jardim Internorte, Vila Regina, Vila Morangueira, Vila Nova, Zona 8 (Aeroporto),
g) ZP7: Parque do Sabiá;
João de Barro, Zona 5, Zona h) ZP8:6, Zona
Parque 7, Florestal
Jardim Mandacaru,
Municipal dasJardim
Perobas; Maravilha, Jardim
Monte Carlo, Jardim Los Angeles, Jardim Lucioanópolis,
i) ZP9: Recanto Borba Gato; Vila Santa Isabel, Vila Vardelina,
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
Núcleo Papa João XXIII, Jardim Canadá, Parque das Laranjeiras, Jardim Tropical, Con- do Guaiapó;
junto Ney Braga, Parque Residencial k) ZP11: Parque Florestal
Hortência, MunicipalTuiuti,
Residencial das Palmeiras;
Residencial Eldorado,
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Jardim Alvorada, Parque Avenida, Jardim Ebenezer, Maringá Velho (Zona 6), Jardim
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Monte Belo, Conjunto Rodolpho n) ZP14: Bernardi, Paulino Werner
Parque Alfredo Carlos Filho, Branca de Jesus Camar-
Nyffeler;
go, Borba Gato, Itaipu, Campos o) ZP15:Elíseos, Cidade
Reservas do Nova
Córrego e parte
BorbadoGatoMontreal.
76;

Com o término dessa p) ZP16: Reserva


ampliação, Maringá da Rua
conta Diogo
comM. Esteves;
aproximadamente 70% das re-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
sidências atendidas pela rede de esgoto sanitário, o que ainda a deixa com uma defasagem
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
de 10%, de acordo com as exigências mínimas da OMS, de 80%.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Aliás, essa marca de 80% de domicílios atendidos era meta da Sanepar, para ser con-
cluídaDestacam-se,
até 2005, segundodentre seus planejamentos,
elas, as seguintes áreas: os quais estão apenas em fase de estudo e
a) Parque
viabilização Ecológico
financeira. SeriamMunicipal do Guaiapó:
necessários mais 90.000 reconhecido
metros de comorede com parque pela Lei
atendimento
de 3.600 Complementar
ligações, atravésnºda3.513/93, possui uma
Caixa Econômica área deem16.204,48
Federal m2, localizado
2003, e mais na qua-
80.000 metros de
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza,
rede com atendimento de 3.200 ligações, através da Caixa Econômica Federal em 2004. constituído de remanescen-
tes da vegetação
A ampliação da redenativa.
coletora A área não possui
de esgoto não éplano de manejo
suficiente. Há um e enfrenta
projeto paraproblemas
a me-
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no
lhoria da eficiência do tratamento de esgoto, mediante filtros biológicos, que funcionam ano de 2003 a área foi
de formacercada
secundáriapela Prefeitura
ao sistemadeanaeróbio
Maringá, de numa tentativa para
tratamento, de isolamento
as quatro das principais
estações. Sua
áreas verdes do município.
grande diferença e vantagem é que os filtros aumentam o tempo de retenção do material
b) Jardim
orgânico Botânico: com uma
e, conseqüentemente, área deaaproximadamente
aumentam digestão desse material9 mil mpor2 , nela localizam-se
outras bactérias,
que também duasaproveitam
antigas lagoas de tratamento
a energia solar. da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-seafirma
A Sanepar dois córregos
que, comque praticamente
a conclusão dessenão possuem
projeto mata ociliar
em 2005, preservada.
sistema de MaringáNa
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
estaria alcançando 99% de eficiência, superando os atuais 80% oscilantes. Ressalta-se que a
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
execução desse projeto deveria iniciar-se em 2003. Enquanto as obras não são concluídas,
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
quem paga a conta pela poluição ambiental é a própria natureza, à medida que o passivo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
ambientaldadapor empresa
muitoainda
tempo nãopelo
estáCorpo
devidamente constituído
de Bombeiros, e quee ressarcido.
foi ocupada pela Polícia
As Florestal
obras empreendidas
a partir de maiopela Sanepar
de 2003; ainda
e umabuscam
imensa corrigir deficiências
área desmatada. Umdo sistema,
projeto de
como, por exemplo, afoifalta
recuperação de atendimento
viabilizado na últimaà gestão
parte da população,
municipal, a falta tornar
buscando de eficiência ga-
a área um
rantida no tratamento
ponto de lazerfinal do esgoto,
e visitação paraetc..
a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda
Enquanto recursos
isso, alguns financeiros.
problemas agravam a situação, em especial para a própria Sa-
neparc)e, Parque
em alguns Florestal
casos,Municipal das Perobas: indesejáveis
trazem conseqüências localizado nos lotes
para 210-A e 211-A,
a população 210
e ao meio
ambiente.e No 210-G da Gleba
primeiro caso,Ribeirão
pode-sePingüim, com áreadas
citar o problema totalautofossas,
de 263.438,74
ou seja,mos, constituído
2
caminhões
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam
de empresas privadas que coletam o esgoto de fossas em alguns domicílios e que, em de-espécies representativas da
corrênciaflora
de um e daacordo
fauna com
da região. Essa despejam
a Sanepar, área, reconhecida como na
seu conteúdo parque
estaçãopeladeLei Comple-
tratamento
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
no 01, no Bairro Mandacaru.
manejo.
Essa autorização se deu após a constatação de que muitos caminhões despejavam o
esgoto clandestinamente nas estações, ou então em córregos da cidade, e foi a melhor
solução
76 para manter
Ver comentário o rodapé
da nota de controle
nº 96.sobre os despejos. Ainda assim, não é difícil perceber que

__ 122
196 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

é a população quem paga a conta desse tratamento, pois as empresas que realizam as cole-
tas nas fossas não têm quaisquer ônus sobre o mesmo.
A legislação de Maringá é precisa quanto à restrição para a construção de fossas den-
tro do seu território e para a regulação do saneamento básico. Após o Código de Posturas
de 1959, a Lei nº 1.734 de 1984 estabelecia critérios para a questão. De forma geral, o
controle das condições de saneamento estavam quase que na integralidade com as conces-
sionárias.
A Lei Orgânica do Município, de 1990, trouxe um capítulo específico sobre o sanea-
mento básico, transcrito a seguir.

CAPÍTULO VII
Do Saneamento
Art. 175 - O saneamento básico é dever do Município, implican-
do, o seu direito, a garantia inalienável de:
I - abastecimento de água em quantidade suficiente para assegurar
a adequada higiene e conforto, e com qualidade compatível com
os padrões de potabilidade;
II - coleta e disposição dos esgotos sanitários, dos resíduos sóli-
dos e drenagem das águas pluviais, de forma a preservar o equilí-
brio do meio ambiente e eliminar as ações danosas à saúde;
III - controle de vetores sob a ótica da proteção à saúde pública.
Art. 176 - O Município instituirá, isoladamente ou em conjunto
com o Estado, e com a participação popular, programa de sane-
amento urbano e rural com o objetivo de promover a defesa pre-
ventiva da saúde pública, respeitada a capacidade de suporte do
meio ambiente aos impactos causados e às diretrizes estabelecidas
no Plano Diretor.
§ 1º - As prioridades e a metodologia das ações de saneamento
deverão se nortear pela avaliação do quadro sanitário da área a ser
beneficiada, devendo ser o objetivo principal das ações a reversão
e a melhoria do perfil epidemiológico.
§ 2º - O Município desenvolverá mecanismos institucionais que
compatibilizem as ações de saneamento básico, de habitação, de
desenvolvimento urbano, de preservação do meio ambiente e de
gestão de recursos hídricos, buscando integração com outros
municípios nos casos que exigirem ação conjunta.
Art. 177 - A formulação da política de saneamento básico, a defi-
nição de estratégias para sua implementação, o controle e a fisca-
lização dos serviços e a avaliação do desempenho das instituições
públicas serão de responsabilidade do Conselho Municipal de Sa-
neamento Básico, a ser definido por lei.
Parágrafo único - Caberá ao Município, consolidado o planeja-
mento da concessionária de nível supramunicipal, elaborar o seu
Plano Plurianual de Saneamento Básico, na forma da lei, cuja a-
provação será submetida ao Conselho Municipal.
Art. 178 - A estrutura tarifária a ser estabelecida para cobrança
pelos serviços de saneamento básico deve contemplar os critérios
de justiça, na perspectiva de distribuição de renda, de eficiência na

__ 197 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4: Horto
coibição de desperdícios
Florestal; e de compatibilidade com o poder aqui-
ZP5:
sitivo
e) dosParque
usuários.
da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f)
[...]ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Art. 181 - O Município cuidará do desenvolvimento das obras e
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
serviços relativos ao saneamento e urbanismo com a assistência
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
da União e do Estado, sob condições estabelecidas na legislação
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
federal (grifo nosso).
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Apenas o Decreto nº 614/92, m) ZP13:que regulamenta
Parque o Código
da Rua Teodoro Sanitário, também de 1990,
Negri;
trouxe uma série de disposições n) ZP14:quanto às instalação
Parque de fossas
Alfredo Werner em Maringá:
Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16:
Art. Reservaosdaprédios
25 - Todos Rua Diogo M. Esteves;
residenciais, comerciais, industriais, ou
q) ZP17: Reserva
instalações do Córrego
em logradouros Cleópatra;
públicos, em áreas servidas por siste-
r) ZP18:
ma Reserva
de coleta da Rua Pioneira
de esgotos Deolinda
serão obrigados T. Garcia;
a fazer as respectivas li-
s) ZP19:
gações aoReserva
sistemado CórregoasMoscados;
aterrando fossas existentes.
Art. 26 – Toda ligação clandestina de objeto doméstico, comerci-
Destacam-se, dentre elas, as seguintes
al, industrial, ou áreas:
de outra procedência, feita à galeria de águas plu-
viais, deverá ser descontada
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido e ligada à redecomopública coletora.
parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado as
1º - Desde que não haja rede pública coletora 2 de esgotos, na edifi-
qua-
cações de qualquer espécie ficam obrigadas a fazer uso de fossas
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
sépticas, para tratamento de esgotos, com adequado destino final de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
de efluentes.
estruturais para garantir2º - Toda sua edificação
sobrevivência. Somente
que utiliza fossanoséptica
ano de para2003 a área foi
tratamento de
cercada pela Prefeitura seu esgoto é obrigada,
de Maringá, numaatravés de seus
tentativa responsáveis,
de isolamento dasaprincipais
manter a
mesma em perfeito funcionamento, providenciando a sua limpe-
áreas verdes do município.
za sistemática.
b) Jardim Botânico: com [...] uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
2

duas antigas lagoas Art. de tratamento da Sanepar


28 – Os conjuntos desativadas.
habitacionais, Em seue fundo,
industriais encon-
comerciais de-
tram-se dois córregos verão quepossuir
praticamente
disposiçõesnãodepossuem
esgotos, mata
sempre ciliar
quepreservada.
o serviço localNa
Administração Municipal não tiver docondições
ex-prefeito para proporcionar
Jairo Gianoto, foi o devido
recebido atendimento
um recurso a-
través de suas redes.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Parágrafo único – Caberá à autoridade sanitária decidir a forma
permitissem a visitação pela quale a recuperação
as habitaçõesflorestal do local.
ou edifícios Entretanto,
comerciais o máximo
e industriais deve-
que se pode encontrar é uma pista de caminhada
rão ter dispostos seus esgotos. mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo Art.pelo30 –Corpo de Bombeiros,
É expressamente e que
proibida foi ocupada
a introdução diretapela
ou Polícia
indire-
Florestal a partir detamaio de águas pluviais
de 2003; e de imensa
e uma drenagem áreanos ramos domiciliares
desmatada. Um projeto de es-
de
gotos sanitários, da mesma forma que é taxativamente proibido o
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
lançamento de esgotos nas galerias de águas pluviais.
ponto de lazer e visitação
[...] para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos Art.financeiros.
36 – Todo lançamento de efluentes líquidos industriais no
sistema coletor
c) Parque Florestal Municipal públicolocalizado
das Perobas: de esgotosnos sanitários deverão
lotes 210-A seguir rigo-
e 211-A, 210
rosamente a NBR 9800 de abril de 1987,
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído ou a que vier
2 substituí-
la.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Parágrafo único – É terminantemente, proibido o lançamento:
flora e da fauna da Iregião. Essa área, reconhecida
– De tendências como parque
que possam causar incêndiopela ou Lei Comple-
explosão, ou
mentar nº 3.513/93, também
serem se encontra
nocivas à operação abandonada
e manutenção e nãodospossui
sistemasumdeplano de
esgoto,
manejo. tais como: gasolina , álcool, solventes, tintas e similares.
II – Substâncias que por si ou por interação com outros despejos
causem prejuízo público, risco à saúde ou prejudiquem a opera-
76 Ver comentário da nota de rodapéção
nº 96.e manutenção dos sistemas de esgoto.

__ 122
198 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

III – Substâncias tóxicas, em quantidade que interfiram em pro-


cessos biológicos de tratamento de esgotos, quando existirem, ou
que causem danos ao corpo receptor.
IV – Materiais que causem obstrução na rede coletora ou outra
interdependência com a própria operação do sistema de esgoto
como por exemplo: cinzas, areias, metais, vidro, madeira, pano,
lixo, asfalto, cera, estopa e similares.

Tratando do mesmo assunto, a Lei Complementar nº 335/99 não trouxe grandes i-


novações, mas acabou revogando as disposições afins do Código Sanitário. Este, por sua
vez, manteve as disposições mais específicas e detalhadas da matéria. Conforme o artigo
69 da Lei nº 335/99, ficou mantido o poder para emitir diretrizes e exigências relacionadas
ao tratamento do esgoto pelas concessionárias. Porém, essas regulamentações administra-
tivas devem obedecer à legislação municipal pertinente:
Art. 69 - As instalações de água, esgoto, eletricidade e telefone
nas edificações deverão obedecer, além das normas da ABNT vi-
gentes na aprovação do projeto pela Municipalidade, às exigências
das respectivas concessionárias ou entidades administrativas.
[...]
§ 2º As instalações hidrossanitárias deverão obedecer aos seguin-
tes dispositivos:
[...]
III - toda edificação localizada em área onde houver rede coletora
de esgoto sanitário com tratamento final deverá ter seu esgoto
conduzido diretamente à rede de esgotamento sanitário existente;
[...]
V - nas edificações de uso não privativo, as instalações sanitárias
deverão possuir pelo menos 1 (um) vaso sanitário e 1 (um) lava-
tório e serem adequadas aos portadores de deficiência física;
VI - nas edificações de uso não privativo em que houver sanitá-
rios destinados a crianças, estes deverão possuir vasos sanitários e
lavatórios adequados a essa clientela, em proporção apropriada ao
número de usuários da edificação;
VII - nas edificações de uso não privativo com mais de um pavi-
mento, os sanitários deverão ser distribuídos em todos os pavi-
mentos em que houver uso comum ou público;
VIII - as águas provenientes das pias de cozinha e copas deverão
passar por uma caixa de gordura antes de serem esgotadas.
IX - o escoamento das águas pluviais de qualquer edificação de-
verá ser feito exclusivamente para dentro dos limites do respecti-
vo terreno. (alterado pela LC nº 340/00)
[...]
Art. 70 - Nos logradouros ainda não servidos pela rede de esgoto
da cidade, as edificações serão dotadas de instalação de fossa sép-
tica para tratamento exclusivo das águas dos vasos sanitários e
mictórios, com tipo e capacidade proporcionais ao número má-
ximo admissível de pessoas em sua ocupação, de acordo com as
normas da Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar.

__ 199 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

§d)1ºZP4:
As Horto
águas, Florestal;
depois de tratadas na fossa séptica, serão infiltra-
dasZP5:
e) no terreno,
Parque daporNascente
meio de dosumidouro,
Ribeirão Paiçandu;
convenientemente cons-
ZP6: Bosque das Grevíleas;
truído.
f)
g)
§ 2º ZP7: Parqueséptica,
A fossa do Sabiá;
o sumidouro, a caixa de passagem e a de
h) ZP8: Parque
gordura deverãoFlorestal
obedecer Municipal
ao modelodas Perobas;
fornecido pela Prefeitura
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Municipal.
j)
§ 3ºZP10: Parque Ecológico
Verificando-se Municipal
a produção de mau docheiro
Guaiapó; ou qualquer incon-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
veniente, pela deficiência do funcionamento de uma fossa, o ór-
l)
gão ZP12: Parque do
competente da Cinqüentenário;
Prefeitura Municipal providenciará para que
m)
sejam ZP13: Parque adaexpensas
efetuados, Rua Teodoro Negri;
do responsável, os reparos necessá-
riosZP14:
n) Parque Alfredo
ou a substituição Werner Nyffeler;
da fossa.
Art.ZP15:
o) Reservas
fossasdo Córrego
nãoBorba Gato ser; construídas a menos
76
71 - As sépticas poderão
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) da divisa do ter-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
reno.
ZP18:
§r) 1º Reservaa construção
É proibida da Rua Pioneira Deolinda
de fossas T. Garcia; público.
em logradouro
ZP19:
§s) 2º Reserva dode
Na construção Córrego
poços Moscados;
freáticos de captação de água potá-
vel deverá ser guardada uma distância mínima de 15,00m (quinze
Destacam-se, dentre elas, as seguintes
metros) áreas:
entre este e o sumidouro, a montante dos mesmos, de
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido
acordo com as determinações da Secretariacomo de parque
Estado da pela Lei
Saúde
Pública do Paraná (grifo nosso).
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2

dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-


Como se depreende dos artigos analisados, a permissão para a instalação de fossas
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
sépticas e sumidouros se aplica somente para as áreas não atendidas pela rede de esgoto
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
pública, e apenas para efluentes domésticos. Aqui inicia-se um grande problema na cidade,
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
relacionado à destinação dos efluentes industriais, em especial nas áreas não servidas pela
áreas verdes do município.
rede coletora de esgoto.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
Da mesma forma, outro problema decorre do lançamento sem tratamento prévio por
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
parte dastram-se
indústriasdoisemcórregos
galerias que pluviais ou mesmonão
praticamente diretamente
possuem em mata córregos do município.
ciliar preservada. Na
Essa conduta constitui crime ambiental, sujeita às sanções penais,
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um e às medidas administra-
recurso
tivas e civis. Entretanto,
financeiro percebe-sedirecionado
especialmente que os 273 para
casosaconstatados
implementação em 1999 pelas vistorias
de estruturas que
da Sanepar (tabela 24)
permitissem são resultados
a visitação diretos da,florestal
e a recuperação até então, inexistência
do local. de uma
Entretanto, política
o máximo
ambientalqueemseMaringá, que exijaé das
pode encontrar umaempresas adequação aos
pista de caminhada mal parâmetros
projetada; uma legais de utiliza-
sede despe-
da por muito
jos de resíduos. Tanto tempo
a falta pelode um Corpo de Bombeiros,
sistema e que efetivo
de licenciamento foi ocupada quantopela Polícia
a falta de
Florestal
fiscalização a partir
permitiram de maio
e ainda de 2003;que,
permitem e uma imensa área
a população e odesmatada.
meio ambiente Um projeto
paguemdea
recuperação
conta final e suportem foi os
viabilizado
prejuízosnaadvindos
última gestão municipal,ambiental
da degradação buscandocausadatornar apelas
área um
in-
ponto de
dústrias em Maringá. lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
Analisando-se a legislação de Maringá, nota-se que, além das fossas e sumidouros, é
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
terminantemente proibido o lançamento do esgoto industrial nas galerias pluviais. Entre-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
tanto, um efluente devidamente tratado e que perca toda a sua natureza degradante, pode-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
ria, a princípio, receber autorização para algumas das modalidades previstas.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
A partir de 2001, a Administração Pública de Maringá iniciou uma série de processos
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
administrativos, também com o apoio da Comissão de Assessoramento para Recuperação
manejo.
dos Fundos de Vale culminando em notificações, intimações, multas e embargos de uma
série de empresas que permaneciam jogando seus efluentes, sem tratamento e altamente
poluidores, diretamente
76 Ver comentário nos córregos
da nota de rodapé nº 96. da cidade.

__ 122
200 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

As principais empresas afetadas pela primeira fase dessas ações foram as lavanderias,
lava-jatos e postos de gasolina, dentre outras. Apesar da imensa quantidade de casos irre-
gulares herdados, essa ação começou a gerar resultados imediatos positivos. Mas seu prin-
cipal mérito foi o de inaugurar uma política ambiental visando à correção de danos, à pre-
venção de acidentes e à responsabilização dos poluidores pelas suas infrações e crimes
ambientais.
Muitos desafios ainda estão lançados, a começar pela completa regularização dos postos de
gasolina da cidade e da instalação de um sistema eficiente de controle ambiental das atividades
potencialmente poluidoras em Maringá, tendo-se em vista a falta de estrutura e de recursos para a
imprescindível adequação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Por fim, existe ainda o problema da falta de conscientização e sensibilização da popu-
lação para a correta utilização dos sistemas de coleta de esgoto e das galerias pluviais. Isto
porque muitas vezes suas funções são alteradas, gerando o refluxo do esgoto em residên-
cias, mau cheiro típico dos dias de chuva, sem contar a poluição dos córregos receptores
das águas pluviais que carregam consigo esgotos provenientes de ligações clandestinas.

__ 201 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

PÁGINA 202 – EM BRANCO

__ 202 __
9 Drenagem urbana

A drenagem das águas superficiais em Maringá assume grande importância devido ao


tipo de solo predominante na cidade, sujeito à erosão bem como à conformação topográ-
fica da área urbana.
Nos núcleos residenciais e loteamentos periféricos, a eficiência do sistema é com-
prometida tanto pelo deságüe na rede das águas escoadas das áreas adjacentes, desprovidas
de infra-estrutura, como pelas contribuições clandestinas de esgotos sanitários.
A extensão da rede de drenagem de águas pluviais de Maringá é de aproximadamente
635,67 km, atendendo cerca de 90% da área urbana ocupada. A cidade é drenada superfi-
cialmente por sub-bacias pertencentes às bacias do Rio Pirapó e Ivaí. Os pontos de lança-
mento das águas escoadas são, de um modo geral, as nascentes e margens de cursos
d’água, sendo na maior parte das vezes feito sem qualquer dispositivo de dissipação de
energia ou prevenção de erosão.
Isso tem facilitado a degradação desses pontos, já suscetíveis à erosão, devido às ca-
racterísticas geológicas do sítio urbano. Essa situação atinge proporções significativas nos
fundos de vale, ameaçando a preservação dos últimos remanescentes de vegetação nativa
da região.
Devido à acelerada urbanização nas áreas de influência dessas sub-bacias, as águas
provenientes das chuvas, ao encontrar solos impermeabilizados, provocam descargas pon-
tuais, ocasionando profundos sulcos e cavões.
A Lei Orgânica do Município prevê, no artigo 123, que “em todo lote urbano, qual-
quer que seja sua destinação, será reservada uma área equivalente a dez por cento (10%) de
sua superfície insuscetível de impermeabilização para a infiltração das águas pluviais.”
O que se constata na prática é que os proprietários, após obterem o alvará de funcio-
namento do estabelecimento ou de “habite-se” da residência, acabam impermeabilizando
o restante do terreno, que dificilmente será vistoriado pela pequena equipe fiscal da Prefei-
tura, junto à SEDUH.
Se, por um lado, as zonas que se localizam em terrenos com declividade acentuada
são alvo de processo erosivo e requerem medidas preventivas, ou seja, canalização ade-
quada e adoção de dissipadores de energia nos terminais de interceptores; por outro lado,
a Zona Central da cidade, assentada no espigão, é excessivamente plana, dificultando a
drenagem superficial devido aos freqüentes entupimentos das canalizações.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Uma das principais causas d) ZP4: Horto


desses Florestal; decorre do lixo jogado pela popula-
entupimentos
ção diretamente nas “bocase)de ZP5: Parque
lobo”, quedacoletam
Nascenteosdoresíduos
RibeirãoePaiçandu;
os transportam até as
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
galerias. Uma grande quantidade g) ZP7: de Parque
garrafasdodeSabiá;
plástico é encontrada nessas galerias, o que
causa a sua saturação e, conseqüentemente,
h) ZP8: Parque Florestal a inviabilização
Municipaldo dassistema
Perobas;de drenagem das
águas das chuvas. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Em decorrência deste fato, k) ZP11: o artigo
Parque 66 Florestal
do Decreto Municipal
Municipal no 614/92 já previa pu-
das Palmeiras;
nição para aquele que, de alguma l) ZP12: forma,
Parque despejasse lixo nas bocas de lobo da cidade, dis-
do Cinqüentenário;
pondo que: “fica expressamente m) ZP13: Parque
proibido o da Rua Teodoro
despejo de lixo eNegri;entulho de varrição de ruas
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
em bocas de lobo, ficando o) o responsável pelo despejo sujeito a penalidades previstas em
ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
legislação”. p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Mais recentemente, a Lei q) ZP17: Reserva donº
Complementar Córrego
258/98, Cleópatra;
que instituiu o Código de Lim-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
peza Urbana de Maringá, visou reprimir expressamente as condutas lesivas à limpeza pú-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
blica em seu artigo 43:
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
a) Parque Ecológico Art. 43 - Constituem
Municipal do Guaiapó:atos lesivos à limpeza
reconhecido pública:
como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2,vias
I – depositar, lançar ou atirar, nos passeios, ou logradouros
localizado na qua-
públicos, papéis, invólucros, embalagens ou assemelhados;
dra 43-B do Conjunto [...] Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. III – A área nãolançar
depositar, possuiouplanoatirar,deemmanejo e enfrenta
quaisquer problemas
áreas públicas ou
estruturais para garantirterrenos suaedificados
sobrevivência.
ou não, Somente no ano de
de propriedade 2003oua área
pública foi
privada,
cercada pela Prefeitura resíduos sólidos e líquidos
de Maringá, de qualquer
numa tentativa natureza; das principais
de isolamento
[...]
áreas verdes do município.
VII – depositar, lançar ou atirar em riachos,2canais, arroios, cór-
b) Jardim Botânico: com regos, uma árealagoas
lagos, de aproximadamente
e rios, ou às suas9 margens,
mil m , nela localizam-se
resíduos de qual-
duas antigas lagoas quer de tratamento
natureza; da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos [...] que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal IX – fazer varredura deJairo
do ex-prefeito interior de prédios,
Gianoto, terrenosum
foi recebido e calçadas,
recurso
para as vias ou logradouros públicos.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
De permitissem
acordo com oa visitação
Decreto nº e a1.027/2001,
recuperaçãoque florestal do local.asEntretanto,
regulamentou o máximo
infrações administra-
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
tivas previstas pelo Código de Limpeza Urbana, as penas para os atos lesivos à limpeza
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
pública são as seguintes:
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Art. 2º - A infração do disposto nas normas previstas na Lei
ponto de lazer e visitação para a comunidade
Complementar nº 258/98, nestecarente que vive ea em
regulamento suaoutras
volta, normas
mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
que por qualquer se destinem à promoção, preservação e conser-
vação da das
c) Parque Florestal Municipal limpeza pública,
Perobas: implicarão
localizado nos na aplicação
lotes 210-A da penalidade
e 211-A, 210
de multa conforme classificação a seguir:
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2
I – leve: de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro reais) a R$
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
106,42 (cento e seis reais e quarenta e dois centavos);
flora e da fauna da IIregião.– grave:Essa de área, reconhecida
R$ 106,43 (cento ecomo parque
seis reais pela Leie Comple-
e quarenta três cen-
mentar nº 3.513/93, também
tavos) a R$ se encontra
532,10 abandonada
(quinhentos e não
e trinta possui
e dois reaisum plano
e dez de
centa-
manejo. vos);
III – gravíssima: de R$ 532,11 (quinhentos e trinta e dois reais e
onze centavos) a R$ 1.064,20 (um mil, sessenta e quatro reais e
76 Ver comentário da nota de rodapévinte
nº 96. centavos).

__ 122
204 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

[...]
Art. 31 – As infrações ao disposto no Capítulo VIII, art. 43, serão
consideradas:
I – graves: em relação aos incisos I, IV, V, VIII e IX;
II – gravíssimas: em relação aos incisos III, VI e VII.

Todavia, os problemas persistentes de entupimento demonstram que as penalidades


não são aplicadas eficazmente pelas autoridades competentes, apontando sérios problemas
de efetividade do Direito Ambiental no Município. Além disto, esse tipo de conduta ilícita
deve ser repreendida também por meio de campanhas educacionais, visto que somente a
mudança de comportamento da população de Maringá poderá resolver os problemas de-
correntes do entupimento das galerias pluviais.
Com a manchete “O céu desabou”, o jornal o ‘Diário do Norte do Paraná’ denomi-
nou o ocorrido em Maringá, em 08 de dezembro de 1999. As fortes chuvas que castigaram
a cidade no fim da tarde provocaram prejuízos para o município. Casas foram destruídas e
famílias perderam praticamente todos os seus bens, inclusive uma empresária da cidade
perdeu a vida por afogamento, em pleno centro da cidade.
A Estação Metereológica Principal de Maringá registrou, naquela ocasião, um índice
pluviométrico de 85,4 milímetros, quando a média mensal fica entre 200 a 220 milímetros.
A tempestade que desabou na região é um fenômeno atmosférico conhecido pelos meteo-
rologistas como “vendaval”.119

Tabela 35 - Médias mensais históricas do Município de


Maringá (1980 – 2000)
Janeiro 219,5 mm
Fevereiro 200,4 mm
Março 157,4 mm
Abril 157,5 mm
Maio 140,2 mm
Junho 122,9 mm
Julho 51,8 mm
Agosto 52,6 mm
Setembro 154,2 mm
Outubro 168,9 mm
Novembro 143,7 mm
Dezembro 210,7 mm
Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá.

Para se ter uma idéia dos efeitos catastróficos que a chuva ocasionou, basta ler o tre-
cho a seguir, extraído do jornal ‘O Diário’ do dia subseqüente.

119 O CÉU dasabou. O Diário do Norte do Paraná. 9 dez. 1999. Capa.

__ 205 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:pouco
Bastou Horto mais Florestal;
de uma hora de chuva para que o Corpo de
e) ZP5: Parque
Bombeiros atendesse
da Nascente
quase do40 Ribeirão
ocorrências.
Paiçandu;
Foram cerca de 100
ZP6: Bosque
chamados
f) e, diante
dasde Grevíleas;
tantas emergências, foi necessário uma tri-
ZP7:Diversas
agem.
g) Parque do casas
Sabiá;
ficaram inundadas. Uma das ocorrências
mais
h) ZP8:
graves
Parque
ocorreu
Florestal
na ruaMunicipal
Rio Ligeiro,
das Perobas;
777, no Parque Residen-
i) ZP9:
cial Tuiuti.
Recanto
A enxurrada
Borba Gato;que veio da rua de cima destruiu uma ca-
sa.ZP10:
j) O pouco
Parque queEcológico
sobrou tece Municipal
que serdodemolido
Guaiapó;por questões de
k) ZP11: Parque
segurança [...] Florestal Municipal das Palmeiras;
A ZP12:
l) enxurrada
Parque também
do Cinqüentenário;
assustou os moradores da rua Professor
m) ZP13:Soares,
Orlando Parqueno da Jardim
Rua Teodoro
Universitário.
Negri; As águas chegaram a a-
n) ZP14:
tingir um Parque
metro de Alfredo
altura Werner
em boa Nyffeler;
parte da residência da família de
o) ZP15:Renesto.
Erasmo Reservas120do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Em toda a cidade, havia q) ZP17: Reserva doveículos
casas alagadas, Córregoarrastados
Cleópatra; pela força das corrente-
zas. Inúmeras foram as árvores r) ZP18:
queReserva
caíram,daàsRua vezesPioneira
sobreDeolinda
automóveisT. Garcia;
ou sobre fios da
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
rede elétrica. Mas nada se compara ao fato de uma pessoa ter morrido em plena Avenida
Brasil,Destacam-se,
em virtude da forçaelas,
dentre da enxurrada,
as seguintes quando
áreas: tentava atravessar a rua.
Do ocorrido,
a) Parque impressiona
Ecológico os efeitos
Municipal do que a chuvareconhecido
Guaiapó: forte causoucomo
em Maringá, e o fato
parque pela Lei
de que asComplementar
causas que geraram essa situação ainda não foram discutidas e
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
2 continuam sem
maiores estudos.
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
Veja-se
tes daque o problema
vegetação de chuvas
nativa. A área não fortes não éplano
possui tão raro como se
de manejo imagina em
e enfrenta Marin-
problemas
gá. Na última
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a áreacida-
década, foram mais de 5 grandes chuvas que acarretam alagamentos na foi
de. Segundo relatapela
cercada o jornal ‘O Diário’,
Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
em Maringá, nos últimos 10 anos, as chuvas2 mais fortes foram
b) Jardim Botânico: com uma área
registradas emde1996
aproximadamente
e 1997. Em abril 9 mil
de m
96,, durante
nela localizam-se
24 horas,
duas antigas lagoas choveu
de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu
111,2 milímetros. Já em fevereiro de 96, foram fundo, encon-
registrados
tram-se dois córregos 85,5que praticamente
milímetros, em 24nãohoras.
possuem mata ciliar do
Em dezembro preservada.
mesmo ano,Na
Administração Municipalchoveu do65,4ex-prefeito
milímetros,Jairo
também em 24 foi
Gianoto, horas. 121
recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Mais recentemente, outras chuvas também viraram manchetes:
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Um velho problema volta a atormentar os moradores do Conjun-
da por muito tempo to pelo Corpo
Paulino de Filho,
Carlos Bombeiros, e que foi
em Maringá. ocupada
A forte chuvapela
da Polícia
última
Florestal a partir desexta-feira
maio de 2003; e uma imensa
supersaturou área desmatada.
a capacidade de vazão da Um projeto
galeria de
e alagou
a rua RionaTocantins
recuperação foi viabilizado - quemunicipal,
última gestão fica sobrebuscando
o córregotornar
Osórioa área
- danifi-
um
cando opara
ponto de lazer e visitação asfalto e abrindo uma
a comunidade cratera
carente que de
viveaproximadamente
a sua volta, mas 10 a-
metros no fundo de vale (do outro lado da rua). A notícia é uma
inda aguarda recursos financeiros.
repetição do que ocorreu em julho do ano passado.122
c) Parque Florestal Municipal das Perobas:
Comerciantes localizado
e moradores nos lotes
de Maringá 210-A tiveram
e Sarandi e 211-A,sérios
210
e 210-G da Gleba Ribeirão
problemas Pingüim,
ontem compara área total de
enfrentar os263.438,74 m , constituído
2
estragos provocados pela
de remanescentes da chuva. A Estação
vegetação nativaClimatológica da Universidade
que apresentam Estadual de Ma-
espécies representativas da
ringá (UEM), registrou 30 milímetros em menos
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-de meia hora. O
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
120 O CÉUmanejo.
desabou, 1999, p. 3.
121 PREFEITURA abriga família e repara estragos em três dias. O Diário do Norte do Paraná. 09 dez. 1999. p. 3.
122 CHUVA reabre buracão O Diário do Norte do Paraná.. 11 fev. 2003. Disponível em: <http://www.odiario-
76 Ver comentário da nota
maringa.com.br>. de rodapé
Acesso em: 20nº 96. 2003.
maio

__ 122
206 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

volume é elevado se considerado o espaço de tempo. Normal-


mente um mês chuvoso como foi janeiro a média é de 100 a 120
milímetros em 30 dias. Os Bombeiros atenderam muitas emer-
gências em Maringá, a maioria alagamentos e queda de muros.
Nenhuma árvore caiu durante o temporal. Em Sarandi, os Bom-
beiros atenderam apenas duas ocorrências também com casas a-
lagadas. Até o início da noite nenhum registro de vítimas. As
principais avenidas de Maringá não suportaram o volume de água,
que invadiu muitas lojas. No centro, e nas vias de ligação entre os
bairros, o trânsito ficou paralisado. O prejuízo maior, no entanto,
ficou para moradores de áreas de risco.“A gente vê isso acontecer
com os outros e não tem noção do desespero”, afirma a dona-de-
casa Leonice Santana.
MAR
Ela mora na rua Jaracatiá, na Vila Bosque, e diz que em todas as
chuvas fortes fica assustada com a situação. ‘Hoje (ontem) a situ-
ação foi desesperadora’, garante. Leonice critica a obra de canali-
zação do Córrego Moscados. ‘Deixaram meia dúzia de bocas de
lobo para segurar um mar’, desabafa. A moradora compara que o
local, na baixada da avenida Perimetral atrás do Parque do Ingá,
recebe toda água que desce a partir das avenidas Cerro Azul e Ri-
achuelo. Segundo Leonice, é a terceira vez que a chuva derruba o
mura da casa vizinha. Willians Rogério, morador do Parque Al-
vamar 1, em Sarandi, perdeu quase tudo que tinha dentro de casa.
‘Tive que segurar os dois cachorros que a enxurrada estava carre-
gando’, desabafa. Ele conta que mudou para a casa em janeiro
passado, estava construindo um muro em parceria com o vizinho.
A água parou no muro e subiu 45 centímetros, invadindo a casa e
molhando tudo que estava no chão. Ele diz ser a terceira vez que
a água da chuva invade o imóvel, e não sabe mais a quem recor-
rer. A maior preocupação é com a continuidade das chuvas. Se-
gundo o oitavo Distrito Meteorológico, a previsão para o Paraná
é tempo nublado com parcialmente nublado e pancadas de chuva
até a terça. As temperaturas podem variam de 16 a 31 graus.123

A preocupação com os alagamentos mostra-se legítima e deve ser discutida para ge-
rar ações efetivas para se evitar um futuro pior para os moradores.
Uma das principais causas dos alagamentos em Maringá é a impermeabilização de
boa parte da cidade, principalmente na região central. Esse problema gera erosão no Par-
que do Ingá, Horto Florestal e Bosque II, e cria imensa dificuldade para que o solo absor-
va as águas das chuvas quando estas são em quantidade acima do normal.
Como a área do município que ainda permanece permeabilizada é cada vez menor,
em desatenção ao já citado artigo 123 da Lei Orgânica Municipal, que exige um mínimo de
10% da área do imóvel sem qualquer impermeabilização, as águas que caem em grande
quantidade criam verdadeiros córregos nas vias da cidade, ultrapassando muros e ruas,
com a intensidade do fluxo determinada também pela declividade do terreno.

123 TEMPORAL causa medo e transtornos em Maringá. O Jornal Diário do Norte do Paraná. 22 fev. 2003. Disponível
em: <http://www.odiario-maringa.com.br>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 207 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Deve-se atentar para od)fato ZP4:deHorto


que aFlorestal;
ocorrência de novas chuvas torrenciais, apesar
de ser um fato anormal, não e) ZP5:
pode Parque da Nascente
ser descartada do Ribeirão
na região Paiçandu;
de Maringá. Desta forma, o
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Poder Público deve estar prevenido para grandes emergências, não tendo o direito de
g) ZP7: Parque do Sabiá;
arriscar a saúde e a vida da h) população.
ZP8: ParquePorFlorestal
isso, umMunicipal
plano quedasrevisse
Perobas;o problema da im-
permeabilização da cidade deveria ser criado, aumentando-se
i) ZP9: Recanto Borba Gato; a fiscalização e as sanções
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do
para aqueles que desrespeitarem os limites exigidos por lei. Mesmo essa área pode ser Guaiapó;
ZP11: Parque
revista, por meio de critériosk)técnicos Florestal
que possam Municipal
sugerir das Palmeiras;
sua elevação.
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
A questão é: o problema ainda existe e nada impede que novos alagamentos ocorram,
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
até mesmo porque a geografia plana Parque
n) ZP14: da maior parteWerner
Alfredo do município
Nyffeler;de Maringá favorece o
acúmulo de água na forma de corredeiras,
o) ZP15: Reservasocasionando
do Córregoprejuízos
Borba Gato de76grande
; monta para a
economia da cidade, sem contar p) ZP16: Reserva da
os prejuízos Rua Diogo
à saúde pública M.eEsteves;
ao meio ambiente.
q) ZP17: Reserva
O problema da impermeabilização do Córrego
de grande área Cleópatra;
do município, associado ao entu-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
pimento das galerias pluviais, permanece sem solução, à espera de uma nova chuva torren-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
cial que gere as mesmas conseqüências, senão mais graves do que as causadas em dezem-
bro de 1999 ou fevereiro
Destacam-se, dentrede 2003.
elas, as seguintes áreas:
Um fator importante
a) Parque Ecológico Municipalnessa questãodorefere-se
Guaiapó:à falta planejamento
reconhecido comoadequado
parque pelaquando
Lei
do projeto e execução das galerias pluviais da cidade e, em especial,
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-no2 tocante às medidas
volumétricas necessárias
dra 43-B para osResidencial
do Conjunto canos, bueiros e calhas
Parigot dos imóveis.
de Souza, A utilização
constituído de dados
de remanescen-
oficiais sobre os índices pluviométricos de Maringá é fato recente na Administração
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas Públi-
ca, porque esse serviço
estruturais paratambém
garantiré sua
recente.
sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Porcercada
essa razão,
pela para saber de
Prefeitura os Maringá,
tamanhosnuma necessários
tentativa para
de as obras de das
isolamento drenagem do
principais
município, os técnicos da Prefeitura
áreas verdes do município. Municipal de Maringá tiveram que utilizar os parâme-
tros pluviométricos
b) Jardim Botânico:da cidade
comdeuma Presidente
área de Prudente, interior de
aproximadamente SãomPaulo,
9 mil como
2 , nela compa-
localizam-se
ração, pois
duasnãoantigas
possuiam dados
lagoas exatos sobre
de tratamento daMaringá.
Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Constata-se
tram-se doisque córregos
a própria queestrutura existentenão
praticamente atualmente
possuem devamataestar
ciliardefasada
preservada.ou im-
Na
própria para a quantidade
Administração de chuvadoque
Municipal cai na região
ex-prefeito JairodeGianoto,
Maringá,foio recebido
que impede um orecurso
Poder
Público de manifestar-se
financeiro acerca dadirecionado
especialmente efetividade do parasistema de galerias pluviais
a implementação do municí-
de estruturas que
pio, umapermitissem
vez que sua aexecução
visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o por
apresenta falhas, que, apesar de justificadas, nem isso
máximo
deixam de queexistir.
se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
208 __
10 Patrimônios históricos,
artísticos e culturais

De acordo com estudos realizados pelo Departamento de Fundamentos da Educa-


ção e Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da Universidade Estadual de
Maringá, os territórios que envolvem Maringá vêm sendo continuamente habitados por
diferentes populações humanas, há cerca de 7.000 anos, conforme vestígios materiais mais
antigos encontrados pelos arqueólogos.
Entretanto, se for considerada a cronologia dos territórios vizinhos que foram ocu-
pados em épocas anteriores, é provável que ainda venham a ser obtidas datas que poderão
atestar a presença humana em períodos ainda mais antigos, alcançando até onze ou doze
mil anos atrás.124
Neste sentido, a história dos últimos 50 anos de Maringá demonstra ser apenas um
período do processo de ocupação da região. Isto quer dizer que os fundadores de Maringá
não foram os primeiros humanos a ocuparem a região, nem mesmo os caboclos que che-
garam antes, tampouco foram os militares e as expedições de reconhecimento da antiga
província do Paraná, no século XIX, ou os espanhóis que fundaram a Vila Rica, por volta
de 1578, no atual Município de Fênix, e os jesuítas, que fundaram diversas reduções nos
vales dos rios Paranapanema, Tibagi, Ivaí e Pirapó 125. Por isso, muita riqueza histórica
encontra-se enterrada em sítios arqueológicos localizados na região do município de Ma-
ringá, apesar da pequena divulgação desse fato.
É neste sentido que a Constituição Federal, em seu artigo 216, determinou expressa-
mente que:

Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de


natureza material e imaterial, tombados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memó-
ria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem: [...]

124 NOELLI, Francisco Silva; MOTA, Lúcio Tadeu. A pré-história da região onde se encontra Maringá – PR. In:
DIAS, Reginaldo Benedito; GONÇALVES (Org.). Maringá e o Norte do Paraná: estudos de história regional. Marin-
gá: Eduem, 1999. p. 5.
125 Ibid.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) -ZP4:
V os conjuntos
Horto Florestal;
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
e) ZP5: Parque
artístico, arqueológico,
da Nascente
paleontológico,
do Ribeirãoecológico
Paiçandu; e científico.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
E o Decreto nº 2.807, g) deZP7:
21 deParque do Sabiá;
outubro de 1998, aprovou a estrutura regimental e o
h) ZP8: Parque Florestal
quadro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal das Perobas;
Nacional (IPHAN), que se tornou
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
o órgão federal responsável j)pela gestão
ZP10: desse
Parque patrimônio
Ecológico culturaldodoGuaiapó;
Municipal país.
ZP11: pesquisadores
Franciso Noelli e Lúciok)Mota, Parque Florestalque se dedicam
Municipal ao estudo dos sítios ar-
das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
queológicos da região, asseveram:
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
a ocupação mais antiga do noroeste do Paraná está relacionada ao
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
povoamento original da América do Sul, quando todas as áreas
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
do continente foram pela primeira vez ocupadas por populações
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
humanas. Contudo, ainda não há evidências que permitam definir
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
qual etapa da ocupação original está relacionada a chegada dos
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
primeiros humanos ao noroeste paranaense. Isto é, ainda não foi
possível definir qual o período e se eles vieram de regiões seten-
Destacam-se, dentre elas, as seguintes
trionais (Brasil áreas:
central ou Pantanal ou Andes via Bolí-
a) Parque Ecológico via/Paraguai),
Municipal domeridionais
Guaiapó: reconhecido
(principalmente como parque pela
das planícies pampea- Lei
Complementar nº 3.513/93,
nas), ou depossui
ambasuma área de
as regiões. 126 16.204,48 m2, localizado na qua-

dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-


Quanto
tes daàsvegetação
culturas que devem
nativa. ter passado
A área não possuipelaplano
regiãodede Maringá,
manejo referem-se
e enfrenta os au-
problemas
tores que:estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
os investigadores constataram durante seus estudos que os sítios
áreas verdes do município.
arqueológicos e os vestígios neles encontrados, relativos a cada
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
uma das populações pré-históricas, não apresentavam diferenças
duas antigas lagoas significativas.
de tratamento daé,Sanepar
Isto cada uma desativadas. Em seu pelo
dessas populações, fundo, encon-
menos no
tram-se dois córregos que de
âmbito praticamente
sua cultura não possuem
material, mata ciliar
se manteve preservada. sem
aparentemente Na
modificações
Administração Municipal ao longoJairo
do ex-prefeito de vários milênios.
Gianoto, A Tradição
foi recebido umHumaitá,
recurso
por exemplo, persistiu, no mínimo, por 5.000
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que anos. É provável
que as sucessivas gerações dessa tradição também tenham produ-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
zido outros aspectos de sua cultura durante esse largo tempo. A-
que se pode encontrar é
inda nãoumafoipista de caminhada
possível definir se asmal projetada;
populações dauma sede Humai-
Tradição utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo
tá deixaram de Bombeiros,
descendentes e que foi reconhecidos,
historicamente ocupada pela ao Polícia
con-
Florestal a partir detrário
maiodosde Kaigang,
2003; e umaXokleng,
imensaGuarani e Xetá.
área desmatada. Um projeto de
Os Guarani,
recuperação foi viabilizado Kaigang
na última e Xokleng
gestão municipal,chegaram
buscandoao Paraná
tornar amuito
área umde-
pois das populações da tradição Humaitá, ao redor de 2.000 anos
ponto de lazer e visitação para a comunidade
atrás, segundo as datações decarente
carbono que14vive a sua
obtidas atévolta, mas a-
o momento.
inda aguarda recursos financeiros.
Entretanto, considerando as datas obtidas no Rio Grande do Sul,
c) Parque Florestal Municipal
assim como dasumaPerobas: localizado
série de questõesnos lotes 210-A
culturais, e 211-A,
demográficas e a 210
ori-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituídoe
gem amazônica dos Guarani e centro-brasileira dos
2 Kaigang
de remanescentes da Xokleng,
vegetação é provável que apresentam
nativa que futuras pesquisas encontrem
espécies datas ainda
representativas da
mais antigas para a sua chegada, podendo ser recuada até 3.000
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

126Ver
76 NOELLI;
comentário
MOTA,
da nota
1999.
de p.
rodapé
9. nº 96.

__ 122
210 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

anos atrás ou mais (sobre os Xetá ainda não existem informações


a esse respeito).127

Atualmente, está identificado, oficialmente, no território do Município de Maringá,


apenas um sítio arqueológico, da tribo Guarani, conforme é possível visualizar no mapa 8.
Esses dados vêm reforçar a necessidade de proteção dos sítios arqueológicos, para
que as futuras descobertas científicas não sejam prejudicadas ou inviabilizadas.
Nesse contexto, o município de Maringá está alheio às necessidades da pesquisa cien-
tífica dos arqueólogos da região, uma vez que não foi encontrada lei municipal que trate da
preservação dos sítios arqueológicos do Município, que, a princípio, materializam-se ape-
nas no da civilização Guarani.

Mapa 8 – Mapa dos sítios arqueológicos da região de Maringá.


Fonte: Noelli e Mota (1999).

127 NOELLI; MOTA, 1999. p. 9.

__ 211 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A denominação Guarani d) ZP4:


define ao mesmo
Horto Florestal;tempo a população e o nome da língua
por eles falada. Segundo Noelli e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
e Mota,
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8:
Uma Parque
série Florestal
de estudos Municipal –dasarqueológicos
comparados Perobas; e lingüísticos
– ZP9: Recanto
i) realizados Borba
no leste da Gato;
América do Sul indica que eles vieram das
j) ZP10:
bacias dosParque Ecológico
rios Madeira MunicipalAdo
e Guaporé. Guaiapó;
partir daí, ocuparam conti-
k) ZP11: Parque
nuamente diversosFlorestal Municipal
territórios das das
ao longo Palmeiras;
bacias dos rios Para-
l) ZP12:
guai Parqueaté
e Paraná do alcançar
Cinqüentenário;
Buenos Aires, distante aproximada-
m)
menteZP13: Parque
3.000 km doda seu
Ruacentro
Teodoro de Negri;
origem. Também expandiram-
se ZP14:
n) para a Parque
margem Alfredo
esquerdaWerner Nyffeler; nos atuais Estados de
do Pantanal,
SãoZP15:
o) Paulo,Reservas
Paraná,do Córrego
Santa Borba
Catarina 76;
GatoGrande
e Rio do Sul e ainda
p) ZP16: Reserva
ocuparam o Uruguaida Rua Diogo M.Conforme
e o Paraguai. Esteves; as datações já obti-
q) ZP17:
das, Reserva doo Córrego
excetuando-se Uruguai,Cleópatra;
foz da Prata e litoral sul-brasileiro,
r) ZP18:
as demaisReserva
regiõesdacitadas
Rua Pioneira Deolinda desde
foram ocupadas T. Garcia;
há pelo menos
s) ZP19:
2.000 Reserva
anos. Eles do Córrego Moscados;
mantiveram esses territórios até a chegada dos
primeiros europeus que, a partir de 1528, registraram em centenas
Destacam-se, dentre elas, de documentos
as seguintes os limites do vasto domínio Guarani.128
áreas:
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Além da preservação
Complementar nº dos sítios arqueológicos,
3.513/93, possui uma áreaMaringá, embora
de 16.204,48 m2sua recente na
, localizado história
qua-
colonizadora, possui prédios e monumentos que merecem a devida
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen- proteção para as pre-
sentes e tes
futuras gerações nativa.
da vegetação poderem compreender
A área não possuie plano
vislumbrar diretamente
de manejo a história
e enfrenta viva
problemas
da cidade.estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Neste sentido,
cercada pelasurge como de
Prefeitura instrumento
Maringá, numajurídicotentativa
de proteção do patrimônio
de isolamento natural e
das principais
cultural oáreas
tombamento. Das anotações de Paulo Affonso Leme Machado, encontra-se a
verdes do município.
origem desse procedimento,
b) Jardim Botânico: com tendo-se,
uma área pordedefinição, que
aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
[...]tombar um bem é inscrevê-lo em um dos livros do ‘Tombo’
tram-se dois córregos que praticamente
existentes não possuem
no anteriormente chamado mata ciliar preservada.
‘Serviço do Patrimônio Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido
Histórico e Artístico’ ou no livro apropriado da repartição esta- um recurso
financeiro especialmentedual ou direcionado para a implementação de estruturas que
municipal competente.
permitissem a visitação É uma e aintervenção
recuperação ordenadora
florestal concreta
do local.do Estado na oproprieda-
Entretanto, máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada;e uma
de privada, limitativa de exercício de direitos de utilização e de
sede utiliza-
disposição gratuita e permanente e indelegável, destinada à pre-
da por muito tempo pelo Corpo
servação, de Bombeiros,
sob regime especial de ecuidados,
que foi dosocupada
bens de pela Polícia
valor his-
Florestal a partir detórico,
maio arqueológico,
de 2003; e uma imensa
artístico ouárea desmatada.
paisagístico, Um projeto
segundo de
Diogo Fi-
recuperação foi viabilizado
gueiredona últimaNeto.
Moreira gestão129 municipal, buscando tornar a área um

ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Assim,
indadeve-se
aguardaentender
recursos ofinanceiros.
tombamento como o meio jurídico de se criar, diante dos
patrimônios
c) Parque queFlorestal
apresentem algum das
Municipal interesse natural
Perobas: ou cultural
localizado para 210-A
nos lotes a coletividade,
e 211-A, uma 210
redoma fictícia, que atue de forma a garantir a sua preservação diante
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído de atos 2jurídicos que
possam comprometer sua integridade original.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Quanto
flora àe competência para realizar
da fauna da região. o tombamento,
Essa área, reconhecidaacomo Constituição
parque pela Federal estabele-
Lei Comple-
ceu, no seu art. 24, que compete à União, aos Estados e ao
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um planoDistrito Federal legislar con-
de
manejo.

128 NOELLI; MOTA, 1999, p. 12.


129Ver
76 MACHADO,
comentário 2000,
da nota
p. de
799.
rodapé nº 96.

__ 122
212 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

correntemente sobre “proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e pai-


sagístico”.
Quanto à execução dessa legislação – que a exemplo da competência legislativa am-
biental do município, também lhe é garantida nos casos de interesse local, de forma su-
plementar aos Estados e à União – incumbe ao mesmo tempo à União, aos Estados e aos
municípios (art. 23, III e IV, da CF), sendo que os municípios têm o precípuo dever de
“promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local” (art. 30, IX, da CF).
Desta forma, a postura das autoridades de Maringá, apresenta-se, no mínimo, contrá-
ria à Carta Magna, à medida que não executa os seus comandos, o que por si só já torna
preocupante a manifestação do Poder Público diante dos interesses históricos e culturais
da população da região.
Hely Lopes Meirelles afirma que:

A Constituição Federal de 1988, fiel à orientação histórico-


cultural dos povos civilizados, estendeu o amparo do Poder Pú-
blico a todos os bens que merecem ser preservados e atribuiu a
todas as entidades estatais o dever de preservá-los, para recreação,
estudo e conhecimento dos feitos de nossos antepassados (art.
23, III). A competência para legislar sobre a matéria é concorren-
te à União e aos Estados (art. 24, VII), cabendo aos Municípios a
legislação de caráter local e suplementar (art. 30, I e II).130

Quando analisada a legislação de Maringá sobre a questão do tombamento, percebe-


se quão tímida é a atuação e, por conclusão, também a capacitação técnica do legislador
maringaense para as coisas afeitas à preservação cultural da cidade.
A Lei Orgânica Municipal, de 1990, em seu art. 163, parágrafo único, prevê que “ca-
be ao Município manter órgão ou serviço de gestão, preservação e pesquisa relativo ao
patrimônio cultural nele existente, através da comunidade ou em seu nome”. Apesar disto,
nada de concreto existe em Maringá que permita à comunidade participar de discussões
acerca de seu patrimônio histórico.
Em 27 de novembro de 1987, a Câmara Municipal de Maringá aprovou a Lei no
2.297/87, que instituiu o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal. Esse
Serviço ficou responsável pelo “conjunto de bens móveis e imóveis existentes no Municí-
pio, cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memorá-
veis da história de Maringá, quer por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico,
bibliográfico, ecológico e artístico” (art. 1o, parágrafo único).
Esses bens estão sujeitos a tombamento, após criteriosa análise por parte de uma
Comissão Especial, devidamente instituída pelo Chefe do Executivo Municipal, sob a
presidência do Secretário da Cultura e Turismo (art. 2o).
Em seu artigo 8o, a Lei no 2.297/87 previu a proibição, quanto aos bens tombados,
de serem “destruídos, demolidos, mutilados, reparados ou restaurados sem prévia autori-

130 Apud MACHADO, 2000, p. 817.

__ 213 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

zação do Serviço do Patrimônio d) ZP4: Horto Florestal;


Histórico e Artístico Municipal, sob pena de multa, devi-
damente estipulada pelo chefe e) ZP5: Parque daMunicipal.”
do Executivo Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Já o Decreto no 279/91 regulamentou
g) ZP7: Parque do Arquivo
Sabiá; Histórico de Maringá, vinculado à
Divisão de Patrimônio Histórico h) ZP8: e Artístico Municipal
Parque Florestal e subordinado
Municipal das Perobas;à Secretaria de De-
senvolvimento Humano. A i)principal ZP9: Recanto
funçãoBorba
desseGato;
arquivo, além de localizar documentos
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
importantes da história de Maringá, k) ZP11: eraParqueo deFlorestal
recolher, catalogardas
Municipal e preservar
Palmeiras;o acervo gera-
do pelas várias administrações, bemParque
l) ZP12: comodo custodiar outros documentos, de valor com-
Cinqüentenário;
provado para a pesquisa científica, m) ZP13: sejaParque da Ruapúblico
documento TeodoroouNegri;
privado (art. 1o)
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Esse decreto poderia parecer, à primeira vista, mais um meio de burocratizar os ser-
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
viços públicos, mas ele se mostra p) ZP16: interessante
Reserva dano sentido
Rua Diogode M.coletar
Esteves; os documentos histó-
ricos do município produzidos q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
pela Administração.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
É interessante mencionar que nem todos os documentos são devidamente cataloga-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
dos, pois o Arquivo nem toma conhecimento de sua existência. Um exemplo é o próprio
Destacam-se,
EIA/Rima do novodentre elas, de
aeroporto as seguintes
Maringá que áreas:
não foi encontrado em nenhuma repartição
a) Parque
da Prefeitura EcológicoporMunicipal
de Maringá, solicitaçãododesteGuaiapó: reconhecido como parque pela Lei
pesquisador.
Conforme a pesquisa realizada na base de dadosde
Complementar nº 3.513/93, possui uma área do16.204,48
Arquivo m da2,Câmara
localizado na qua-
Legislativa
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
de Maringá, foram encontradas 6 leis sobre tombamento. A primeira, a Lei n 3.478/93, de remanescen-
o

autorizouteso da vegetação nativa.


tombamento do mural A área
em não possuicontendo
cerâmica, plano de pintura
manejo quee enfrenta
retrata problemas
a colheita
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no
do café, existente na edificação pertencente à Data 09, da quadra 17, da Zona Central. ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
A Lei n 3.670/94 autorizou o tombamento da Capela São Bonifácio, situada no lote
o das principais
no 1-A daáreas
Glebaverdes do município.
Ribeirão Pingüim. No mesmo sentido, a Lei no 4.707/98 autorizou o
b) Jardim Botânico:
tombamento da capela Nossa Senhoracom uma áreaAparecida,
de aproximadamente
edificada sobre9 milomlote
2 , nela localizam-se
de terras sob no
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas.
258-C, com área de 0,125 alqueire, situado na Gleba Sarandi, na localidade rural Em seu fundo, do encon-
Guaia-
pó. tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração
A Lei no 5.114/2000, Municipal do ex-prefeito
que autorizou o tombamentoJairo Gianoto,
do prédio foidarecebido um recurso
União Maringaense
financeiro
dos Estudantes especialmente
Secundaristas direcionado
(UMES), edificado para
sobrea implementação
a Data 05 da quadrade estruturas
13 da Zona que
02. permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que seúltima
E, como pode encontrar
lei, e um étantouma quanto
pista depeculiar,
caminhada a demal
no projetada;
3.477/93, uma que sede utiliza-
autorizou o
tombamentoda por domuito
prédiotempo pelo Corpo
do Maringá de Bombeiros,
Bandeirantes Hotel, esituado
que foinaocupada
quadra pela6 daPolícia
Zona
Florestal
Central. Essa a partir
lei foi revogadade maio
em 06dede2003; e umadeimensa
dezembro 1996, área
pela desmatada.
Lei no 4.338/96.Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal,
Paulo Affonso Leme Machado postula que “não há qualquer vedação constitucionalbuscando tornar a área um
a que o ponto de lazerseja
tombamento e visitação
realizado para a comunidade
diretamente por carente que vivefederal,
ato legislativo a sua volta, masou
estadual a-
inda aguarda recursos financeiros.
municipal”. No entanto, em Maringá adotou-se o sistema misto, pois todas as leis refe-
131

rentesc)aoParque Florestal
tombamento Municipal
concedem das Perobas:
autorização localizado
ao Serviço do nos lotes 210-A
Patrimônio e 211-A,
Histórico 210
e Artís-
e 210-G
tico Municipal daefetivar
para Gleba Ribeirão Pingüim,
o tombamento, nãocom área total
o fazendo de 263.438,74 m , constituído
diretamente. 2

De qualquer forma, as leis que autorizaram o tombamentoespécies


de remanescentes da vegetação nativa que apresentam revelam-se representativas
completamen- da
te inúteisflora
parae adapreservação
fauna da região. Essa área, reconhecida
dos patrimônios comoindicados,
históricos nelas parque pela poisLeinaComple-
falta de
mentar
uma lei que nº 3.513/93,
estabeleça também se de
o procedimento encontra abandonada
tombamento e não possui
em Maringá, nada um plano de
de concreto
pode ou manejo.
será feito pela Administração Pública.

131Ver
76 MACHADO,
comentário 2000,
da nota
p. de
824.
rodapé nº 96.

__ 122
214 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Portanto, pode-se afirmar que Maringá não possui um sistema de proteção de seu pa-
trimônio histórico, estando a população à espera de uma regulamentação que possa criar
instrumentos de garantia.
Além do exposto, a grande crítica que cabe à Câmara Municipal de Maringá relacio-
na-se ao fato de que não existe qualquer explicitação do motivo do tombamento e, não há
qualquer justificação para a revogação da lei que o autorizou. Isto fere o princípio da lega-
lidade e da publicidade dos atos administrativos públicos, pois fatos considerados de inte-
resse público não podem ser alterados aleatoriamente pelas autoridades locais sem ser
observada a vontade da população e as disposições e princípios constitucionais.
Percebe-se que não existem processos de tombamentos de prédios de real interesse
histórico e cultural para o município, como os já referidos sítios arqueológicos, igrejas e
museus antigos, sem contar prédios que se tornaram ícones da cidade, como a Catedral de
Maringá.
A primeira manifestação popular referente ao patrimônio histórico de Maringá acon-
teceu recentemente, com a iniciativa de uma loteadora local de construir um shopping sobre
o antigo escritório da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Foram realizadas
reuniões sob a coordenação da Secretaria de Cultura de Maringá, que discutiu também
outros patrimônios históricos locais.
A importância histórica desse escritório não se deve a sua arquitetura, que é bastante
simples, mas sim pelo fato de ter sido um dos primeiros prédios de alvenaria da cidade e
ter sido o local onde foram realizadas as transações de venda dos lotes da recém-criada
cidade de Maringá.
Em 2003, a Câmara de Vereadores voltou a revogar uma lei editada 2 anos antes (Lei
Municipal nº 5.471/2001), que havia autorizado o tombamento histórico do prédio, e que
previa a criação de um museu histórico no local em parceria com a Prefeitura de Maringá.
Obviamente, o interesse na revogação partiu da loteadora interessada em construir um
novo shopping sobre o local.
Como a discussão não avançou para medidas concretas, em parte pela inexistência de
um sistema de tombamento em Maringá, e diante do risco concreto de que a área pudesse
ser literalmente derrubada, uma proposta foi encaminhada pelos professores de arquitetura
da UEM, com a orientação do Promotor de Justiça Robertson Fonseca de Azevedo, para
a Coordenadoria do Patrimônio Cultural do Governo do Estado, que promoveu o tom-
bamento da fachada do prédio devido a sua importância histórica, em dezembro de 2003.
A partir dessa iniciativa, o Conselho de Turismo de Maringá passou a discutir uma pro-
posta de criar nessa área um museu para a cidade.
A real destinação do local e a possibilidade de criação do museu ainda não foram re-
solvidas, mas esse fato é um verdadeiro exemplo da importância de um instrumento jurí-
dico, como o do tombamento, para que a sociedade civil tenha acesso a mecanismos
efetivos de proteção ambiental. Nesse caso, fica mais uma vez reforçada a necessidade de
criação de uma Comissão ou Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Maringá, a
partir de uma revisão da Lei Municipal nº 2.297/87, que exerça de forma permanente,
técnica e responsável a tutela do patrimônio histórico e cultural de Maringá.

__ 215 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Um ponto fundamental d) ZP4: Horto


para Florestal; desta análise diz respeito à co-
a conclusão
e) ZP5: Parque
responsabilidade da Administração da Nascente
em conservar do Ribeirão
o bem tombado.Paiçandu;
Ou seja, conforme
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
ensina Paulo Affonso Lemeg)Machado,
ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9:
[...] não Recanto Borba Gato;
só o proprietário da coisa tombada é responsável pela sua
j) ZP10: Parque
conservação e reparação.
EcológicoInvocável
Municipala do
co-responsabilidade
Guaiapó; do Po-
derZP11:
k) Parque
Público Florestal
que tenha Municipal
tombado das desde
a coisa, Palmeiras;
que se comprovem
l) ZP12:
dois requisitos:
Parque que não tenha sido o proprietário o causador do
do Cinqüentenário;
m)
dano ZP13:
e queParque da Ruaseja
a reparação Teodoro Negri;
necessária.132

n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;


o) ZP15:
Assim, no caso de Maringá, a Reservas do Córrego
inexistência 76;
Borba Gatoimportantes
de tombamentos talvez de-
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
monstre o interesse da Administração Municipal de não se envolver diretamente na con-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
servação dos patrimônios históricos, a exemplo do que fez com as áreas dos fundos de
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
vale. A nova Administraçãos)aindaZP19:não se manifestou
Reserva do Córrego acerca dessa questão, e a população
Moscados;
parece não questionar o fato ou atentar para a importância da história da cidade.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

132Ver
76 MACHADO,
comentário 2000,
da nota
p. de
822.
rodapé nº 96.

__ 122
216 __
11 Agrotóxicos

Agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas, inseticidas, herbicidas, nematicidas, aca-


ricidas, formicidas, biocidas etc. são termos utilizados para indicar uma variedade de com-
postos químicos utilizados nos processos de produção agropecuária e na área de saúde
pública. Cada um desses produtos se apresenta como veneno para pragas, que podem
atacar as plantações e os animais.
A definição de agrotóxico foi encontrada na Resolução nº 12/74 da Comissão Na-
cional de Normas e Padrões para Alimentos como “substância ou mistura de substâncias
destinada a prevenir a ação ou destruir direta ou indiretamente insetos, ácaros, fungos,
bactérias, roedores, nematóides, ervas daninhas e outras formas de vegetal ou animal pre-
judiciais à lavoura, à pecuária, seus produtos e outras matérias-primas alimentares”.
Por muito tempo, essas substâncias foram aplicadas nas lavouras e nos animais em
todo o mundo, sem qualquer restrição. Contudo, em virtude dos graves efeitos sobre a
saúde humana e o meio ambiente, alguns estudos começam a ser realizados. As primeiras
doenças e mortes despertaram a comunidade científica para ações contra os efeitos dos
agrotóxicos.
Carlos de Carvalho, expõe que:

a partir dos estudos, realizados pelas mais eminentes personalida-


des do mundo científico, o homem começou a tomar conheci-
mento do perigo que corre com o uso indiscriminado desses ele-
mentos. É importante assinalar que praticamente todo o mundo,
hoje em dia, encontra-se contaminado por elementos tóxicos. A
constatação de que os petréis cahoow – pássaros marinhos que
vivem em rochedos, isolados em pleno oceano Pacífico e nutrin-
do-se exclusivamente de peixes capturados em alto mar – estão
em vias de extinção devido às altas doses tóxicas acumuladas em
sua corrente sanguínea, dá bem um bom exemplo de como se a-
lastrou a ação do DDT.133

A legislação avançou e criou restrições e normas de controle da venda, aplicação e


destinação final das embalagens. Porém, mesmo com as mais recentes normas sobre agro-
tóxicos, muitos produtores rurais continuam utilizando-os indiscriminadamente, e muitas
vezes os produtos são comprados clandestinamente e aplicados sem qualquer prescrição

133 CARVALHO, Carlos Gomes de. Introdução ao direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Letras e Letras, 1991. p. 47.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

agronômica. Como resultado, d) aZP4:


produtividade
Horto Florestal; tende a aumentar, em um primeiro momen-
to, e as produções alcançame)altos ZP5:índices
Parquequantitativos.
da Nascente do Não Ribeirão
obstante, Paiçandu;
tanto o aplicador do
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
veneno quanto aquele que consome o produto final, na maior parte das vezes inconscien-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
tes do risco a que se encontram sujeitos,
h) ZP8: Parquesão quem sofrem
Florestal Municipal as das
piores conseqüências advin-
Perobas;
das do acúmulo de veneno no organismo humano.
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Tabela k) 36ZP11: Parque agrotóxicos
– Principais Florestal Municipal
e seusdas Palmeiras;
efeitos
Classe Grupo
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário; Efeitos
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Organofosforados Responsáveis por cerca de 50% das intoxicações agudas. Muito usado na agricultura
(Tamaron, n) ZP14:
Metasystox, ParqueEfeitos
e veterinária. Alfredo Werner
a curto prazo: dorNyffeler;
de cabeça, fraqueza, tremores, vômitos,
o) ZP15:
Folidol, Phosdrin, Granu- Reservas
problemas do Córrego
pulmonares, Borba
convulsões, coma Gato76;
e morte.
tox, Rhodiatox, Azodrin, Efeitos subagudos (a médio prazo): dor de cabeça, fraqueza náuseas, falta de ânimo,
etc.) p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
formigamento dos membros, aborto e má formação fetal.
Carbamatos q) ZP17:
(Furadan, Reserva
Efeitos do Córrego
crônicos (longo Cleópatra;
prazo): lesões cerebrais, paralisias de nervos longos, altera-
Temik, Bolfo, Baygon) ções reprodutivas e comportamentais.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Organoclorados s) ZP19: Reserva
Proibidos do no
praticamente Córrego Moscados;
mundo inteiro. Foram muito usados na agricultura e veterinária e,
(BHC, DDT, Aldrin, Mirex,
apesar de proibidos, ainda são usados. Efeitos agudos: dor de cabeça, vômitos, tremores e,
Inseticidas
Formicidas Lindane)principalmente, convulsões muito graves. Lesões no fígado e rins.
Destacam-se, dentre elas, as Efeitos
seguintes áreas:
subagudos: formigamento, fraquezas, perda de apetite, tontura, alterações visuais.
Efeitos crônicos: lesões cardíacas, cerebrais, renais e paralisias. O produto tem sido
a) Parque Ecológico Municipal docomGuaiapó:
relacionado reconhecido
alguns tipos de câncer do sangue como parque
e vasos linfáticos, pela
fígado Lei
e apare-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
lho digestivo.

dra Piretróides
43-B do Conjunto (Ambush, Residencial
Uso crescente na Parigot de Souza,
agropecuária. constituído
Estão sendo de remanescen-
usados para combate aos piolhos.
Decis, Butox, K-Othrine, Efeitos agudos: rinite alérgica, dermatite, tremores, dificuldade para movimentos.
tes SBP,
da vegetação nativa. A
Protector, Fuminset, áreacrônicos:
Efeitos não possui plano de
poucos estudados. manejode elesões
Suspeita-se enfrenta
cerebrais,problemas
paralisia de
Deltacio)
estruturais para garantir membros, câncer do sistema linfático.
sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Paraquat
cercada pela Prefeitura de Irritação da pele, olhos,
Maringá, numa nariz e garganta, de
tentativa náuseas, vômitos, diarréia,
isolamento dasalterações
principaisnos
(Gramoxone) rins e fígado, fibrose pulmonar irreversível (não há tratamento médico conhecido).
áreas verdes do município.
Tordon Lesões neurológicas (neurite), diabetes transitória, má formação fetal, abortos,
b) Jardim (2,4DBotânico:
+ 2,4,5T= com agente uma
câncerárea de aproximadamente
no sistema linfático. 9 mil m2 , nela localizam-se
laranja)
Herbicidas duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se
Organodois córregos que
tio fosforado
Morfós, Folex, DEF
praticamente
Paralisia dos nervos longosnãopor possuem mata
ação neurológica ciliar preservada. Na
retardada.

Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso


Dintrotendis Febre, náuseas, vômitos, excesso de suor.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Diquat (Reglone)
permitissem a visitação eCatarata
a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é Produto
Captan (Ortocide-Merpan) uma pista de caminhada
pouco tóxico, maltóxico
torna-se altamente projetada;
quando háuma sede
carência
causando má formação fetal e hemangioma do coração (tipo de câncer)
utiliza-
de proteínas,

da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Ditioacarbamatos Presença do ETU (Etileno Tio Uréia), substância que produz câncer de tireóide e
Florestal
(Maneb, a partir de maiosuspeita-se
Zineb) de 2003; e uma
de câncer nos imensa
rins. Muitoárea
usadodesmatada.
nas lavoura de Um
tomate,projeto
morango de e
flores.
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Fungicidas ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Trifenil estânicos (Duter, Promove diminuição dos anticorpo circulantes.
Breytan)
indaMetil
aguarda
mercúriosrecursos financeiros.
Proibidos mundialmente, causam lesões cerebrais irreversíveis, má formação fetal e
aborto.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
Etil e Fenil Mercúrios Usados no tratamento de sementes para plantio, produzem graves2 lesões nos rins e
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído
cerebrais.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Hexaclorobenzeno (HCB) Muito resistentes, produzem má formação fetal, abortos e problemas na pele.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
Pentaclorofenol Muito usado atualmente, inclusive na indústria da cana-de-açúcar. Causa irritação na
Conservan-
mentar
(PCP) nº 3.513/93, também se nariz
pela, olhos, encontra
e garganta.abandonada e não
Tem contaminação possuicausando
com dioxina, um plano de
cloroacne
(pele), alterações no fígado e sangue, além de câncer.
tes de Ma- manejo.
deira
Dinitro-O-Cresol (Creoso- Irritante de mucosas, produz alergia, alterações no sangue (leucemia), fígado e rins.
to)
76Fonte: Unicamp (1987).
Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
218 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Na tabela 36, elaborada há mais de 15 anos pelo professor Ângelo Zanaga Trapé, da
Unicamp, e publicado pelo jornal Folha de São Paulo, em 30/08/1987, estão os principais
agrotóxicos utilizados no país e seus efeitos sobre o corpo humano.134
Esses efeitos foram constatados, pela análise dessas substâncias, agindo isoladamente
no organismo. Por isso a situação é preocupante, pois constantemente a população está
consumindo alimentos portadores de agrotóxicos, havendo o chamado efeito sinergético e
ou cumulativo dos veneno.
Na tabela 37, avaliam-se a degradação e a contaminação ambiental pelo uso de bioci-
das:

Tabela 37 – Degradação e contaminação ambiental pelo uso de biocidas


Contaminação humana, de ani-
Biocidas Degradação Ambiental
mais vertebrados e vegetais
Defensivos agrícolas: herbici- Os produtos químicos emprega- Atuam no sistema nervoso, pro-
das, inseticidas, fungicidas dos na agricultura contaminam vocam tremores musculares,
as águas de corpos receptores, lesões cutâneas e reprodutivas
pela ação de enxurradas. Os animais e no homem. Inibem o
biocidas organoclorados e os crescimento vegetal e esterilizam
compostos de chumbo e mercú- o solo.
rio se acumulam como contami-
nantes persistentes do solo e
introduzem metais pesados aos
alimentos de origem vegetal.
Fonte: Cunha e Guerra (2000).

A OMS calcula que anualmente ocorrem acerca de 500 mil casos de intoxicações a-
gudas por praguicidas no mundo, que produzem uma mortalidade de até 1% em alguns
países 75% dessas intoxicações são devidas a praguicidas organofosforados.
Apesar das estimativas da OMS quanto ao número de intoxicações agudas por pra-
guicidas no mundo, no Brasil infelizmente não se conhece a magnitude real do problema
da intoxicação aguda por praguicidas em geral, havendo apenas sub-registros de casos.
Além dos acidentes individuais e coletivos, da intoxicação ocupacional, das tentativas de
suicídios, os quais causam intoxicações agudas, existe o problema dos efeitos das pequenas
doses por longo período, que afetam a população e cujas conseqüências não são bem
conhecidas, embora haja suspeitas baseadas em estudos experimentais em animais.
O Brasil encontra-se entre um dos maiores consumidores de produtos praguicidas
(agrotóxicos) do mundo, tanto aqueles de uso agrícola como os domésticos (domissanitá-
rios) e os utilizados em Campanhas de Saúde Pública, perfazendo um total comercializado
de aproximadamente US$ 1.600.000.000 (um bilhão e seiscentos milhões de dólares), o
que representa 7% (sete por cento) do consumo mundial para o ano de 1995, segundo
dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Abastecimento.

134 TRAPÉ apud CARVALHO, 1991, p. 48.

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MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 38 - Danosd)verificados
ZP4: HortonaFlorestal;
utilização de agrotóxicos no Paraná
Evento e) ZP5: Parque da1982/1987
Nascente do Ribeirão Paiçandu; 1988/1990
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Casos de intoxicação 7.636 4.176
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Tentativas de suicídio h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas; 469
281
Casos de morte acidentais i) ZP9: Recanto Borba 110Gato; 210
Fonte: Moura (1994).135
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Dada a falta de controle no uso dessas substâncias químicas tóxicas e ao desconhe-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
cimento da população sobren)os riscos
ZP14: e perigos
Parque à saúde
Alfredo Werner daíNyffeler;
decorrentes, estima-se que as
taxas de intoxicações humanas o) ZP15:
no paísReservas do Córrego
sejam altas. Deve-se Borba
levarGato ;
em 76conta que, segundo a
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
OMS para cada caso notificado de intoxicação ter-se-iam 50 outros não notificados.
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
De acordo com a Fiocruz/Sinitox,
r) ZP18: Reserva em da1993
Ruaforam notificados
Pioneira Deolinda T.noGarcia;
país aproximada-
mente 6.000 casos de intoxicações s) ZP19:por praguecidas
Reserva do Córrego (agrotóxicos,
Moscados; domissanitários insetici-
das e raticidas), que corresponderiam a 300.000 casos de intoxicações naquele ano. Desta
forma,Destacam-se, dentreque
é seguro afirmar elas, as seguintes eáreas:
a intoxicação as doenças decorrentes constituem-se em um
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
grave problema de saúde pública, caracterizando-se como endemia.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Deve ser levado em conta que para cada caso de intoxicação o SUS despende, apro-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
ximadamente, R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), o que significa um total estimado de R$
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
45.000.000,00 (quarenta
estruturais para egarantir
cinco milhões de reais), queSomente
sua sobrevivência. poderiamnoseranoevitados
de 2003se asa medidas
área foi
de controle e depela
cercada vigilância fossem
Prefeitura mais ativas,
de Maringá, numacom os setores
tentativa responsáveis
de isolamento dascumprindo
principais
com suasáreas
obrigações
verdes legais.
do município.
Soma-se
b) Jardima Botânico:
esses estudos
com as umaconstantes denúncias envolvendo
área de aproximadamente 9 mil mintoxicações, com ou
2 , nela localizam-se

sem mortes, tanto em trabalhadores rurais como na população. Exemplos recentes,encon-


duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, como
o Caso de tram-se dois em
Suicídios córregos que praticamente
Venâncio Aires/RS, colocamnão possuem mata ciliar
sob suspeita alguns preservada.
produtos Nado
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi
grupo químico dos organofosforados, utilizados na cultura agrícola do fumo ou as 30 recebido um recurso
financeiro
intoxicações ocorridasespecialmente
no município direcionado
de Governadorpara aMangabeira/BA,
implementação com de estruturas
3 mortes, que
in-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
clusive de crianças, recaindo a suspeita sobre o produto Acefato; e o Caso dos Macuxis o máximoem
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Roraima, onde ocorreram intoxicações humanas e mortes de milhares de pássaros e con-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
taminações ambientais de fontes de abastecimento de água, por pulverizações aéreas de
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
produtosrecuperação
agrotóxicos foina viabilizado
cultura do arroz. 136
na última gestão municipal, buscando tornar a área um
De ponto
acordodecom a Emater/PR,
lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
as intoxicações acontecem: primeiro, pela falta de conscientização
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
sobre os riscos que os agrotóxicos representam; 2segundo, por
e 210-G da Gleba Ribeirão
comodismoPingüim, com área total
dos produtores de 263.438,74
que preferem a falsameficiência
, constituído
letal
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas
dos produtos químicos e, em terceiro, por má manutenção dos da
equipamentos. A cada nova aplicação de agrotóxicos, mais
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- genes
mentar nº 3.513/93,mutantes
tambéme se
resistentes
encontrasão transmitidos
abandonada aos possui
e não descendentes,
um planopropi-
de
manejo.

135 MOURA, Laura Jesus de. Agricultura e o meio ambiente. A Economia em Revista, Maringá, v. 3, n. 1, p. 17, 1994.
136Ver
76 FUNASA.
comentário
Disponível
da nota de
emrodapé
<http://www.funasa.gov.br/pub/GVE/GVE0515A.htm>.
nº 96. Passim.

__ 122
220 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ciando às novas gerações, imunidade à ação dos venenos produ-


zindo assim, o desequilíbrio ecológico.137

Em 1975, o governo instituiu um programa nacional de defensivos agrícolas para de-


senvolver a indústria nacional, pois a importação de agrotóxicos chegou nesse ano a US$
170 milhões. O governo, para apoiar o setor industrial, obrigava os agricultores a aplicar
15% dos recursos obtidos em insumos modernos. Assim, de 1975 a 1991, se elevou o
consumo de defensivos, como se pode observar na tabela 39.

Tabela 39 – Consumo aparente de defensivos agrícolas no Brasil 1975-1991


Consumo
Especifica- 1975 1980 1985 1990 1991
ção Ton. % Ton. % Ton. % Ton. % Ton. %
Inseticidas 32.964 59,6 24.246 32,2 17.832 35,6 18.230 29,6 19.425 32,3
Fungicidas 10.085 18,2 24.992 33,8 15.021 29,9 15.115 24,5 15.049 25,0
Herbicidas 12.219 22,2 24.594 33,4 17.312 34,5 28.258 45,9 25.714 42,7
Total 55.268 100 75.832 100 50.165 100 61.603 100 60.188 100
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil (1975, 1980, 1985, 1990, 1991). Dados brutos.

Em 1998, o Brasil já ocupava o 5o lugar no consumo mundial de agrotóxicos nas la-


vouras, chegando a aplicar mais de 10 mil litros por hectare. É o maior consumidor da
América Latina, com 40% do consumo em todo o continente. O estado que mais conso-
me é o de São Paulo, com 28,2% das vendas, depois o Paraná, com 20,1%, seguido do Rio
Grande do Sul, com 13%.138
Em Maringá, o problema dos agrotóxicos surge de três maneiras: primeiro através
dos alimentos originados de outras localidades, em que há o emprego de agrotóxicos; em
segundo lugar, através dos alimentos produzidos no próprio município e consumidos na
sua região pela população; e, por fim, no momento da aplicação dos agrotóxicos e a con-
seqüente contaminação dos trabalhadores e do meio ambiente, como água e solo.
O desenvolvimento de Maringá deu-se basicamente em função das atividades agríco-
las que dominaram a região, a começar pelas grandes colheitas de café, a exemplo do que
ocorreu em todo o Paraná. Atualmente, as principais culturas são a soja, o milho e o trigo,
conforme se pode constatar na tabela 40.
Um dos piores problemas causados pelo uso de agrotóxicos atualmente se deve ao
fato de que o simples aumento de seu uso nas lavouras não tem reduzido de forma drásti-
ca as doenças e as pragas, e tampouco tem elevado os ganhos de produtividade, conforme
informa a Embrapa. As pragas que antes eram controladas com pequena quantidade de
agrotóxicos acabam adquirindo resistência, e os produtores são obrigados a aumentar a

137 Disponível em: <http://www.emater.pr.gov.br>. Acesso em: 20 abr. 2000.


138 BRASIL é um dos países que mais exageram no uso de agrotóxicos: perigo no campo. Jornal O Estado do Paraná.,
Curitiba, 5 abr. 1998. Caderno Jornal Agrícola, p. 6.

__ 221 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

dose. Por exemplo, em 1965, d) ZP4:


haviaHorto
182 espécies
Florestal;de insetos que resistiam aos pesticidas,
e) ZP5:
hoje, estima-se que esse número Parque da
aumentou Nascente
para mais dedo500.
Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Tabela 40 – Região de Maringá: oferta de produtos primários
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
Produto i) ZP9: RecantoRegião
Unidade Borba Gato; Paraná % Região
Milho ZP10: Parque1.502.890
j)Ton. Ecológico Municipal do Guaiapó;
7.316.104 20,5
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Soja Ton. 2.195.844 7.766.069 28,3
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Mandioca Ton. 1.671.400 3.501.969
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri; 47,7
Café n) ZP14: Parque45.850
Ton. Alfredo Werner Nyffeler;
126.882 36,1
Cana-de-açúcar o) ZP15:
Ton. Reservas do Córrego
13.705.326 Borba Gato
26.065.936 76;
52,6
Algodoão p) ZP16: Reserva
Ton. da Rua Diogo M.238.419
170.246 Esteves; 71,4
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Trigo Ton. 416.700 1.541.862 27,0
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Sericicultura (Amoreira) s)ha. 26.270,50
ZP19: Reserva 34.546,01
do Córrego Moscados; 76,0
Bovinos
- DeDestacam-se,
corte dentre elas, as seguintes2.929.387
Cabeças áreas: 5.733.015 51,1
a) Parque EcológicoCabeças
- Total Municipal do 4.416.537
Guaiapó: reconhecido como parque46,1
9.578.836 pela Lei
Complementar
Fonte: Deral – Seab/PR. nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação
Sabendo-se nativa. A
que a poluição porárea não possuialcança
agrotóxicos plano de manejo e enfrenta
principalmente o soloproblemas
e a água,
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
esta última serviu de referência para um estudo realizado por pesquisadores do Centro
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Nacional de Pesquisa de Florestas (CNPF/Embrapa), os quais concluíram que:
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
a poluição das águas por agrotóxicos atinge as parcelas subterrâ-
duas antigas lagoas nea
de tratamento
e superficial,dasendo
Sanepar
que odesativadas.
fluxo dos riosEmleva
seuafundo, encon-
contaminação
tram-se dois córregosaos que praticamente
mangues não
e oceanos. possuem omata
Entretanto, ciliar preservada.
monitoramento, Na
em geral,
se restringe
Administração Municipal à água doceJairo
do ex-prefeito superficial.
Gianoto,Com foibase em dados
recebido da SU-
um recurso
REHMA,
financeiro especialmente alguns indicadores
direcionado registrados, caracterizam
para a implementação a poluição
de estruturas que
da água doce independentemente do fato dos índices de conta-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
minação ultrapassarem ou não os toleráveis. Verificou-se que,
que se pode encontrar é umaque
qualquer pista de sido
tenha caminhada male projetada;
o destino o tratamento uma dasede
água,utiliza-
o nú-
da por muito tempo pelo
mero de Corpo de ativos
princípios Bombeiros, e que foi
contaminantes ocupada
variou entre pela Polícia
um mínimo
Florestal a partir dedemaio
6 e um máximo
de 2003; de 16imensa
e uma por bacia
áreahidrográfica
desmatada. analisada,
Um projeto sendode
o BHC ona
recuperação foi viabilizado produto
última encontrado com maior
gestão municipal, freqüência.
buscando
139
tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Conforme se vê a seguir, os produtos químicos encontrados no Rio Pirapó - utilizado
inda aguarda recursos financeiros.
para o abastecimento da cidade de Maringá, em especial o BHC – são causa de efeitos
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
crônicos e(Tabela
210-G 36), comoRibeirão
da Gleba lesões cardíacas,
Pingüim,cerebrais,
com árearenais e paralisias.
total de 263.438,74 m2, constituído
Essedeestudo do CNPF/Embrapa,
remanescentes da vegetação verificou
nativa queque alguns impactos
apresentam espécies ambientais impor-
representativas da
tantes estão diretamente relacionados à devastação florestal e à atividade agrícola
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- no esta-
do do Paraná.
mentarQuanto à poluição
nº 3.513/93, por agrotóxicos,
também se encontraaabandonada
conclusão foi alarmante:
e não possui analisando-se
um plano de
manejo.
139 MONTOYA, Luciano J.; MASCHIO, Lucila M. de A.; RODIGHERI, Honorino R. Impactos da atividade agríco-
la nos recursos naturais e sua valoração no estado do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONO-
76 Ver
MIAcomentário da nota deRURAL,
E SOCIOLOGIA rodapé nº 96.1993. Anais... Curitiba: [s.n.], 1993. p. 686.
31.,

__ 122
222 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

a água tratada para abastecimento urbano (12 bacias e 17 princípios ativos), o maior núme-
ro de produtos contaminados por amostra foi na bacia do Tibagi e Pirapó.140
Quando a água analisada estava in natura, antes do tratamento para abastecimento
(foram analisados 16 princípios ativos), constatou-se que 97,8% da bacia do Pirapó estava
contaminada. E mais, quando a análise recaiu sobre as águas dos mananciais não utilizados
para abastecimento urbano (16 princípios ativos analisados), a bacia do Pirapó apresentou
100% de contaminação.141
Além disto, calculou-se que, com a implementação de trabalhos de manejo e conser-
vação de solos nas microbacias, inclusive com a diminuição do uso de agrotóxicos, seria
possível reduzir os custos no tratamento da água na ordem de US$ 43.600,50 por ano.
Até hoje ainda não foi possível eliminar totalmente o uso do hexaclorobenzeno, ou o
popularmente conhecido BHC na região de Maringá. O produto está proibido no Brasil
desde 1985, mas até hoje os agricultores não sabem como se livrar do produto. De acordo
com o jornal o ‘Diário do Norte do Paraná’, de 3 de maio de 2003:

No Paraná, existem catalogados mais de 350 toneladas do veneno


estocado nas propriedades rurais. Mas esse volume pode superar
as 500 toneladas, estima o governo. O inseticida é altamente tóxi-
co e demora mais de 100 anos para desaparecer do solo.
O BHC foi criado durante a Segunda Guerra para matar piolhos e
pulgas. Era jogado diretamente sobre os soldados e usado sem a
menor proteção. Já no Brasil o BHC era utilizado em larga escala
nas plantações de café para controlar a praga da broca. Na área de
saúde servia para combater o bicho barbeiro, responsável pela
‘Doença de Chagas’.
Só no final da década de 70 começaram a ser divulgados no país
os problemas que o inseticida causava e como se acumulava no
solo. No entanto, a proibição do uso e comercialização só acon-
teceu em 1985. Muito antes de ser proibido no Brasil, o BHC já
tinha sua venda proibida em quase todo o mundo. Hoje, é consi-
derado um dos 12 poluentes mais perigosos já fabricados e tem
classificação de ‘lixo tóxico’.
FÓRMULA
Outro problema do BHC é sua fórmula acumulativa, ou seja, ele
não desaparece do solo e vai aumentando sua concentração con-
forme o uso. Com isso, ele é capaz de contaminar alimentos, ma-
nanciais e até viajar grandes distâncias na atmosfera.
O chefe do Setor de Fiscalização do Comércio e Uso de Agrotó-
xicos no Paraná, Jacob Alvir, afirma que em todo Estado é fácil
encontrar traços do produto em qualquer análise de solo e até na
água. ‘Não é exagero dizer que temos BHC por toda parte no Pa-
raná e ele ainda pode contaminar os alimentos, principalmente os
tubérculos, porque adere à matéria orgânica’, lembra. Segundo
Alvir, a contaminação não acontece imediatamente, mas com o
passar dos anos as pessoas podem sofrer desequilíbrios na produ-

140 Ibid., p. 689.


141 Ibid.

__ 223 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
ção de hormônios
Horto Florestal;
sexuais, dores de cabeça, tontura, confusão
e) ZP5:eParque
mental convulsões.
da Nascente
Ele explica
do Ribeirão
que hojePaiçandu;
ainda existe risco, por-
queZP6:
f) em Bosque
muitas propriedades
das Grevíleas;o produto está mal armazenado e
ZP7:
pode
g) contaminar
Parque doquemSabiá;mora no local. No ano passado, o Minis-
h) ZP8:
tério do Parque
Meio Ambiente
Florestal Municipal
pediu aosdasEstados
Perobas; que fosse realizado
umZP9:
i) levantamento
Recanto Borbade quanto
Gato; inseticida ainda existe estocado. No
j) ZP10:esse
Paraná, Parque
trabalho
Ecológico
foi feito
Municipal
pelos técnicos
do Guaiapó;da Emater e se cons-
k) ZP11:
tatou queParque
em muitas
Florestal
propriedades
Municipal existem
das Palmeiras;
uma enorme quanti-
l) ZP12:
dade de Parque
sacos dedoBHCCinqüentenário;
armazenados de forma incorreta. O que
maisZP13:
m) preocupa,
Parquenodaentanto,
Rua Teodoro
é que Negri;
em alguns casos o agrotóxico
foiZP14:
n) enterrado
Parque
quando
Alfredo
a proibição
Werner foiNyffeler;
publicada.
o) ZP15:
ESTOQUES Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Em quase todos os municípios da região existem estoques do ve-
q) ZP17:
neno. Só Reserva
em Maringádo Córrego
são maisCleópatra;
de 35 toneladas. Para Alvir, o go-
r) ZP18:
verno Reserva
precisa da Rua logo
encontrar Pioneira
umaDeolinda
forma deT.retirar
Garcia;
o produto das
s) ZP19: Reserva
propriedades. ‘Osdo Córrego Moscados;
agricultores estão como fiéis depositários. Es-
palhado, o veneno é menos perigoso do que estocado em um só
Destacam-se, dentre elas, as seguintes
local’, observa. áreas:
a) Parque Ecológico Municipal do
Ele acredita queGuaiapó:
ainda estereconhecido
ano o governo como parque
deverá pela um
divulgar Lei
programa de destinação para o produto.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na O BHC
2 só pode ser qua-
des-
truído em temperaturas acima de 3 mil graus. No Brasil, só exis-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tem duas máquinas capazes de gerar essa temperatura uma no Rio
tes da vegetação nativa. A áreae outra
de Janeiro não possui
em Sãoplano de‘O
Paulo. manejo
problema e enfrenta
é o altoproblemas
custo dos
estruturais para garantir sua sobrevivência.
incineradores. Somente
Serão necessários nomilhões
alguns ano de de 2003
reaisa para
áreaaca-
foi
cercada pela Prefeitura bar com todo veneno
de Maringá, numa existente no de
tentativa Brasil e enquanto
isolamento dasisso os agri-
principais
cultores precisam conviver com problema’, argumenta. Há dois
áreas verdes do município.
anos, o governo incinerou no Rio de Janeiro mais de duas mil to-
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
neladas do toneladas que estavam estocados no município de
duas antigas lagoas Tamarana,
de tratamento da Sanepar
próximo desativadas.
a Londrina. Em seu
Alvir lembra que fundo, encon-
todo inseticida
tram-se dois córregos quenum
estava praticamente
mesmo prédio não possuem
e causando mata ciliar preservada.
problemas para os mora- Na
Administração Municipal dores do dolocal. Na época,
ex-prefeito foram
Jairo gastosfoi
Gianoto, cerca de R$ um
recebido 3,5 milhões
recurso
financeiro especialmentepara levar o BHC até para
direcionado o Rioadeimplementação
Janeiro. de estruturas que
Durante duas semanas a reportagem aguardou uma resposta da
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
diretoria do Ibama, em Brasília, sobre a existência de um progra-
que se pode encontrar ma deé uma pista de
destinação docaminhada
BHC, mas não mal obteve
projetada; uma142
resposta. sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Tabela 41
Florestal – Quantidade
a partir BHC na
de maio de 2003; região
e uma de Maringá
imensa em toneladas
área desmatada. Um projeto de
recuperação
BHC na região foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Astorga ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que6vive a sua volta, mas a-
toneladas
Atalaia inda aguarda recursos financeiros. 13 toneladas
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes
Colorado 210-A e 211-A, 210
6 toneladas
Floraí e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 2 toneladasm2, constituído
Iguaraçu de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
4 toneladas
Mandaguaçuflora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque 4 toneladaspela Lei Comple-
Maringá mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e 35 não possui um plano de
toneladas
manejo.
Fonte: Jornal o Diário do Norte do Paraná (2003).

142Ver
76 JORNAL
comentário
O DIÁRIO
da nota de
DO rodapé
NORTEnº 96.
DO PARANÁ. 3 maio 2003.

__ 122
224 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A grande questão se encontra justamente na contaminação dos lençóis de água e nas


conseqüências negativas acarretadas à saúde pública. Neste sentido, a legislação brasileira
começou a apertar o cerco sobre os produtores, comercializadores e consumidores de
agrotóxicos do país, estabelecendo normas mais rigorosas de controle dessas substâncias,
com alto potencial poluidor.
A atual Carta Magna não se omitiu ao prever a obrigatoriedade para o Poder Público
do controle dos agrotóxicos, tendo sido mais abrangente ao não mencionar expressamente
o termo agrotóxico, mas substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente" (art. 225, §1º, V, CF).
As Constituições dos Estados brasileiros, na linha da Constituição Federal, não dei-
xaram de mencionar a obrigação do Poder Público de fiscalizar e controlar os agrotóxicos,
sendo que, no Estado do Paraná, a Constituição Estadual, em seu art. 207, § 1º, assim
prescreve:

Art. 207 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e fu-
turas, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional
dos recursos ambientais.

O art. 2º, inc. I, da Lei nº 7.802/89, editada logo após a Constituição Federal, definiu
o que são considerados agrotóxicos e produtos afins, como:

a) os produtos e os agentes de Processos físicos, químicos ou biológicos, destinados


ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produ-
tos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de
outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja
finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos;
b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecastes, estimulado-
res e inibidores de crescimento.

No Estado do Paraná, a Lei no 7.727 regulamentou os agrotóxicos no estado desde


1983, antecipando-se à Lei Federal no 7.802/89. As principais obrigações decorrentes de
ambas as leis dizem respeito ao sistema de registro dos agrotóxicos, de sua produção,
comercialização, venda, transporte, bem como as características dos rótulos e das embala-
gens.
Estabelecem ainda a responsabilidade civil do usuário do agrotóxico (art. 14, caput, da
Lei no 7.802/89), sem prejuízo das responsabilidades administrativa e penal. E, por fim,
estabelecem as normas referentes à necessidade de um receituário agronômico e à destina-
ção final das embalagens.
No estado do Paraná, o órgão competente para o cadastramento e registros é a Se-
cretaria de Agricultura do Estado. Essa obrigação atinge tanto as pessoas jurídicas como as
físicas, desde que comercializem o produto. Segundo dados dessa Secretaria, dos 605 agro-
tóxicos cadastrados, apenas 94 possuem bulas conforme a exigência legal, e ainda, estima-
se que 190 produtos não possuem qualquer registro e continuam sendo comercializados.

__ 225 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 42 - Total de agrotóxicos


d) ZP4: Horto comercializados
Florestal; no Paraná, em 1000 t/ano
Classe 1985 e) ZP5: 1986 Parque da Nascente 1987 do Ribeirão1988
Paiçandu; 1989
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Herbicidas 13,3 9,7
g) ZP7: Parque do Sabiá;13,5 13,0 5,2
Inseticidas 8,4 7,0 7,7
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;7,2 8,5
Fungicidas 5,8 i) ZP9: Recanto
5,9 Borba Gato;
5,0 7,8 8,5
Total 27,5 j) ZP10: 22,6
Parque Ecológico Municipal do28,0
25,76 Guaiapó; 17,9
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Fonte: Costa (1994).143
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
O Paraná foi o primeiro n) estado do paísAlfredo
ZP14: Parque a desenvolver
Werner um programa de recolhimento
Nyffeler;
e triagem de embalagens deo)agrotóxicos, o Terra
ZP15: Reservas Limpa, lançado
do Córrego no 76
Borba Gato ano
; de 2000 pelo go-
verno estadual. O programap)previu ZP16:a Reserva
instalação de 14Diogo
da Rua unidades de recebimento dos recipi-
M. Esteves;
entes, em uma primeira faseq)doZP17: Reserva
projeto, do Córrego
das quais Cleópatra;
12 estavam em funcionamento em janei-
ro de 2002. r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
A base do programa Terra s) ZP19:
Limpa,Reserva do Córrego
executado Moscados; e entidades ligadas ao
pela SUDERHSA
meio ambiente, foi a prática da tríplice lavagem. Quando o produto termina, o recipiente
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
precisa ser lavado com água limpa por três vezes consecutivas, perfurado e armazenado
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
em um local apropriado. A água deve ser depositada no pulverizador. 2Depois, esse materi-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
al é recolhido e levado a uma das unidades regionais de recebimento e triagem e, finalmen-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
te, encaminhado para a reciclagem.
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
A Secretaria da Agricultura estima que 14 milhões de embalagens de agrotóxicos são
utilizadasestruturais
todos os anospara nogarantir
Paraná. suaSomente
sobrevivência.
em 1998, Somente no ano de 19,8
foram consumidas 2003mila área foi
tonela-
cercada pela Prefeitura de Maringá,
das de produtos, dos quais 60% eram herbicidas. numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes
A maioria do município.
das embalagens sempre foi jogada dentro de rios, queimada, abandonada
b) Jardim Botânico: com
nas lavouras, enterrada e até utilizada uma área de guardar
para aproximadamente 9 mil m2gerando
água e alimentos, , nela localizam-se
problemas
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas.
sérios à saúde e ao meio ambiente, como se depreende dos dados da tabela nº Em seu fundo, encon-
43. Com as
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar
obrigações trazidas pela legislação mais recente, estima-se que essa situação tenha começa- preservada. Na
Administração
do a se reverter Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
significativamente.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Tabela 43 - Destinação
permitissem a visitaçãodaseembalagens
a recuperação após uso dodoagrotóxico
florestal na cultura
local. Entretanto, do
o máximo
algodoeiro no Paraná - Safra de 1991/1992
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Destino da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada (%) pela Polícia
ArmazenaFlorestal
no paiol/tulha 28.20
a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Enterra recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando 23.59tornar a área um
Amontoa/descarta
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive22.05
a céu aberto a sua volta, mas a-
Vende ouindadoa aguarda recursos financeiros. 17.44
Queima
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A 6.67 e 211-A, 210
Abastecimento comunitário
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 1.03 m2, constituído
Reutiliza de
em remanescentes
casa da vegetação nativa que apresentam espécies1.03 representativas da
flora
Fonte: Costa e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
(1994).144

mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de


manejo.
143 COSTA, Sandro Macedo. Meio ambiente e destinação de embalagens vazias de agrotóxicos no Paraná. 1994. Monografia
(Graduação em Economia)–Universidade Estadual de Maringá, 1994.
76 Ver
144 COSTA,
comentário
1994,da
p. nota
44. de rodapé nº 96.

__ 122
226 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

No cenário federal, foi editada, no ano de 2000, a Lei Federal no 9.974, que trouxe al-
gumas modificações à Lei no 7.802/89, especialmente quanto à obrigação dos usuários e
dos comerciantes de realizarem a entrega das embalagens utilizadas aos fabricantes para
destinação final, além da previsão da existência de informações sobre a destinação final
das embalagens nos rótulos, facilitando a conduta do agricultor:

Art. 6º - As embalagens dos agrotóxicos e afins deverão atender,


entre outros, aos seguintes requisitos:
[...]
§ 2º Os usuários de agrotóxicos, seus componentes e afins deve-
rão efetuar a devolução das embalagens vazias dos produtos aos
estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo
com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até
um ano, contado da data de compra, ou prazo superior, se autori-
zado pelo órgão registrante, podendo a devolução ser intermedia-
da por postos ou centros de recolhimento, desde que autorizados
e fiscalizados pelo órgão competente (acrescentado pela Lei nº
9.974, de 6 de junho de 2000).
§ 3º Quando o produto não for fabricado no País, assumirá a res-
ponsabilidade de que trata o § 2º a pessoa física ou jurídica res-
ponsável pela importação e, tratando-se de produto importado
submetido a processamento industrial ou a novo acondiciona-
mento, caberá ao órgão registrante defini-la (acrescentado pela
Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000).
§ 4º As embalagens rígidas que contiverem formulações miscíveis
ou dispersíveis em água deverão ser submetidas pelo usuário à
operação de tríplice lavagem, ou tecnologia equivalente, confor-
me normas técnicas oriundas dos órgãos competentes e orienta-
ção constante de seus rótulos e bulas. (acrescentado pela Lei
9.974, de 6 de junho de 2000).
§ 5º As empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos,
seus componentes e afins, são responsáveis pela destinação das
embalagens vazias dos produtos por elas fabricados e comerciali-
zados, após a devolução pelos usuários, e pela dos produtos apre-
endidos pela ação fiscalizatória e dos impróprios para utilização
ou em desuso, com vistas à sua reutilização, reciclagem ou inutili-
zação, obedecidas as normas e instruções dos órgãos registrantes
e sanitário-ambientais competentes. (acrescentado pela Lei nº
9.974, de 6 de junho de 2000).

Também de acordo com o Decreto no 4.074/2002, que regulamentou a referida Lei


no 7.802/89 (alterada em 2000), as embalagens vazias de agrotóxicos devem ser devolvidas
pelos consumidores aos pontos de venda onde o produto foi adquirido, até um ano após a
compra. Outra opção é o consumidor entregar o recipiente em unidades de recebimento
credenciadas. O Decreto estabeleceu o prazo de 22 de janeiro de 2001 para que fabrican-
tes e comerciantes de agrotóxicos criassem estruturas adequadas para receber as embala-
gens. Nessa data, empresas titulares do registro do agrotóxico também passaram a ser
obrigadas a apresentar modelos de rótulo e bula atualizados.

__ 227 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Veja-se o que a falta ded)uma ZP4:política


Horto ambiental
Florestal; nacional integrada com os estados foi
capaz de produzir. Como o e) ZP5:do
estado Parque
Paranáda Nascente
adiantou-se do naRibeirão Paiçandu; dos agrotóxi-
regulamentação
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
cos, criou uma rede de coleta de embalagens a um alto custo para o orçamento estadual e
g) ZP7: Parque do Sabiá;
envolvimento dos municípios (principalmente
h) ZP8: com Municipal
Parque Florestal a cessão das das áreas
Perobas;para instalação das
unidades recebedoras das embalagens). Com a
i) ZP9: Recanto Borba Gato; nova lei federal determinando que as pró-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do
prias indústrias produtoras de agrotóxicos são as responsáveis pela coleta das embalagens Guaiapó;
usadas, tem-se que o eráriok) público ZP11: ParqueacabouFlorestal
sendoMunicipal das Palmeiras;
desperdiçado, ficando as estruturas
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
públicas prontas para a utilização do particular.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Após uma série de convênios n) ZP14:entreParque revendedores
Alfredo Werner e governos
Nyffeler;do estado e dos muni-
cípios, foi estabelecida umao)rede ZP15:queReservas
teve como objetivoBorba
do Córrego dar continuidade
Gato76; ao programa
Terra Limpa, pelos recursos p) da ZP16: Reserva
iniciativa da Rua
privada. Diogo
Muitas M. Esteves;
estruturas públicas foram cedidas
para o recebimento das embalagens, q) ZP17: Reserva
e dada do Córrego Cleópatra;
à natureza de utilidade pública das mesmas,
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
não se pode questionar a sua funcionalidade. Entretanto, a determinação legal é muito
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
clara ao atribuir responsabilidade integral ao gerador do produto pela sua destinação final.
Em Maringá, além
Destacam-se, dentredaelas,
Associação
as seguintesdos áreas:
Comerciantes de Agrotóxicos (ADITA), a Co-
camara)tem recebido e armazenado as
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: embalagens utilizadas pelos agricultores
reconhecido como parque da região.
pela Lei
EmComplementar
1997, foi editada nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizadoartigos,
a Lei Complementar nº 195/97. Em seus 7 2 primeiros na qua-a
lei basicamente
dra 43-Bestabelece,
do Conjunto em concordância com ade
Residencial Parigot legislação estadual e federal,
Souza, constituído o que é
de remanescen-
entendido como agrotóxico; a exigência do cadastro no órgão competente
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas do estado dos
produtosestruturais
enquadrados; parao garantir
cadastrosua do comércio no município
sobrevivência. Somenteeno no ano
estadode e2003
a existência de
a área foi
um técnico responsável
cercada identificado;
pela Prefeitura a proibição
de Maringá, numa do tentativa
armazenamento dos agrotóxicos
de isolamento com
das principais
produtosáreasde outra
verdes natureza; a exigência da receita agronômica e de equipamentos de pro-
do município.
teçãob) dosJardim
empregados.
Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
No duas
artigoantigas
11, a Lei municipal
lagoas prevê ada
de tratamento proibição
Sanepar da aplicação de
desativadas. Emagrotóxicos
seu fundo, na área
encon-
urbana em condições específicas:
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente Art. 11 direcionado
- Todo plantio efetuado
para em perímetrodeurbano,
a implementação com área
estruturas que
superior a 500,00 m2, deverá possuir licença anual emitida pela
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
Prefeitura do Município, e atender aos seguintes requisitos:
o máximo
que se pode encontrar a) em é uma
áreaspista de metros
de 50 caminhada mal projetada;
adjacentes a cursos umade águasedee utiliza-
de 200
da por muito tempo pelo adjacentes
metros Corpo de aBombeiros, e que foi ocupada
núcleos populacionais, pela Políciae
escolar, habitações
Florestal a partir delocais maiodederecreação,
2003; e umanão será permitida
imensa a aplicação Um
área desmatada. de agrotóxicos;
projeto de
b) a aplicação
recuperação foi viabilizado na últimade gestão
agrotóxicos será permitida
municipal, buscandoapenastornar coma áreaequi-
um
pamento costal manual.
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda
A Instrução recursosdafinanceiros.
Normativa Secretaria do Interior do Estado do Paraná estabelece um
raio ainda maior, de 500 Municipal
c) Parque Florestal metros nos dascasos
Perobas: localizado
previstos nosmunicipal,
pela lei lotes 210-A quee 211-A,
devem 210ser
e 210-G da Gleba
observados na sua aplicação. Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m 2 , constituído
De deuma remanescentes
forma geral, por da vegetação nativa que apresentam
todas as informações espécies
citadas, Maringá representativas
encontra-se no mes-da
mo patamar floraque
e daasfauna
demais da cidades
região. Essa área, reconhecida
do estado do Paraná, com como parque
sérios pela Leide
problemas Comple-
conta-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
minação dos recursos naturais por agrotóxicos, particularmente da bacia do Rio Pirapó,
manejo.
que fornece as águas que abastecem o município. Portanto, essa questão não pode conti-
nuar sendo subestimada pelo Poder Público, exigindo ações integradas dos municípios
existentes em toda
76 Ver comentário a de
da nota bacia.
rodapé nº 96.

__ 122
228 __
12 Planejamento urbano

Criada a partir de um processo inicial de planejamento, a cidade de Maringá passou


por várias fases na composição de seu território urbano. De uma forma geral, pode-se
afirmar que, apesar dos esforços dos colonizadores no planejamento de seu desenvolvi-
mento, Maringá suportou e ainda suporta os efeitos de seu rápido crescimento e de deci-
sões equivocadas de alguns de seus governantes.
O arquiteto e urbanista Jorge de Macedo Vieira jamais esteve em Maringá, mas criou
um projeto considerado, na época (1945), um dos mais arrojados e modernos, seguindo
apenas as orientações da Companhia, que exigia largas avenidas, muitas praças e espaços
para árvores. A preocupação era de elaborar um plano cujas praças, ruas e avenidas fossem
demarcadas, considerando-se, ao máximo, as características topográficas da área, a prote-
ção e preservação do verde nativo conjugado com a organização do uso do solo. Tais
preocupações ficam evidentes quando se observam os traçados de suas amplas ruas em
curva de nível e avenidas, com canteiros centrais.
O plano inicial obedeceu às seguintes características:
a) uma avenida atravessando a cidade de ponta a ponta; a avenida principal; Avenida
Brasil;
b) zoneamento do uso do solo por funções: zona residencial destinada às classes so-
ciais mais elevadas, zona residencial destinadas à classes populares, zona comerci-
al, zona industrial, centro cívico, aeroporto, estádio municipal, núcleos sociais, á-
reas verdes, parques, etc. Os quarteirões e terrenos foram rigorosamente planifi-
cados para atender a cada uma dessas finalidades.
c) na denominada Zona 1, ficariam concentrados o comércio, as edificações do cen-
tro cívico e de outros serviços públicos, tais como: Prefeitura Municipal, Fórum,
Câmara Municipal, Biblioteca Municipal, Agência dos Correios e Telégrafos, Cen-
tral Telefônica e estações rodoviária e ferroviária. Além desses equipamentos pú-
blicos, a Zona 1 contaria também com a futura Catedral, com o mercado público,
com os estabelecimentos bancários e com um hotel, atualmente, Bandeirantes
Hotel. A atual Catedral Nossa Senhora da Glória foi construída com arquitetura
arrojada, na forma de cone, lembrando um spoutinik, o primeiro foguete espacial
e é, com seus cento e vinte e quatro metros, o décimo monumento religioso mais
alto do mundo e o primeiro da América Latina.
d) as zonas 2 a 5 se destinariam a residências, sendo que nos limites da zona 3, de-
signada de Vila Operária, ficaria a zona industrial. Nenhuma construção poderia
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ser edificada fora do ZP4: Horto Florestal;


d) planejamento geral. Toda residência teria que deixar um es-
ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
paço na frente parae)jardins.
O mapa abaixo mostraf)o ZP6: Bosque das Grevíleas;
projeto elaborado por Jorge de Macedo Vieira, que retrata o
g) ZP7: Parque do Sabiá;
verdadeiro embrião da cidade.
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;

Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:


a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Mapa 9dra – Projeto
43-B do urbanístico
Conjuntooriginal de Maringá.
Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
Fonte: Maringá (2002).
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para
O planejamento garantir
urbano, sua sobrevivência.
iniciado Somente no
junto com o nascimento da ano de com
cidade, 2003 uma
a área foi
rígida
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
lei de uso e ocupação do solo, o zoneamento urbano, as largas ruas e avenidas, o módulo das principais
mínimo de áreas
300verdes
m2 e adoquestão
município.
dos aspectos ecológicos resultaram nos indicadores citados
b) Jardim Botânico:
a seguir, que deveriam refletir um com umaexcelente
área de aproximadamente
nível de qualidade 9demil m2em
vida , nela localizam-se
Maringá sob os
duas antigas
aspectos de urbanização. lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração
Tabela 44 Municipal
– Indicadores do ex-prefeito Jairo Gianoto,
do planejamento urbano de foiMaringá
recebido um recurso
Indicador financeiro especialmente direcionado para a implementação deNível estruturas que
permitissem
- área verde por habitantea visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, 25,65 m2o máximo
que se pode encontrar é uma pista de
- proporção de disponibilidade de infra-estrutura urbana caminhada mal projetada; uma
100%sede utiliza-
da por
- proporção muito
de ruas, tempo
avenidas pelo Corpo
e logradouros de Bombeiros, e que foi ocupada
pavimentados 100%pela Polícia
Florestal a partir
- quantidade de praças públicas de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um
94 projeto de
recuperação
- quantidade de parques foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar
4 a área um
ponto
- quantidade de lazerflorestais
de reservas e visitação para a comunidade carente que vive a sua 19volta, mas a-
inda aguarda
- área urbana por habitante recursos financeiros.
249 m2
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
Fonte: Codem (2000).
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes
Diante da vegetação
dos diversos problemas nativa queenfrentados
urbanísticos apresentam pelos
espécies representativas
grandes aglomeradosda
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
populacionais, muitos deles discutidos no presente estudo, tem-se que a melhor forma de
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
resolver os problemas sociais e ambientais de um município é a partir da adoção de uma
manejo.
política preventiva, que se revele, em um primeiro instante, capaz de evitar processos de-
gradantes, e, posteriormente, de recuperação, para os casos já instalados, porém reversí-
veis.
76 Ver É aqui que
comentário entrade orodapé
da nota planejamento
nº 96. urbano como ferramenta para a sustentabilidade da

__ 122
230 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

qualidade de vida durante o inevitável desenvolvimento municipal, acompanhado do de-


nominado “progresso” social.
A principal ferramenta para o planejamento urbano foi, pioneiramente, estabelecida
pela Constituição Federal de 1988, com o Plano Diretor para os municípios com mais de
20 mil habitantes. A União poderá editar normas gerais sobre Direito Urbanístico (art. 24,
I, c/c art. 24, §1o, da CF). Entretanto, cabe ao município elaborar seu “plano diretor” (art.
182 da CF). O fundamento constitucional da atuação do município em matéria urbanística
está, não apenas em seu interesse local, mas também, conforme o art. 30 da Constituição
Federal, na sua competência para “promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano”.
Nas palavras de Paulo Affonso Leme Machado, isto quer dizer que

o Município não pode ficar alheio, ou subtrair-se, à abrangência


dos ‘planos nacionais e regionais de ordenação do território’, ela-
borados pela União (art. 21, X, da CF), mas poderá, judicialmen-
te, tentar invalidar os planos federais ou estaduais, que atentem
contra seus direitos a um meio ambiente ecologicamente equili-
brado e à sadia qualidade de vida (art. 225, CF). Para isso, o Mu-
nicípio deve inventariar seus recursos naturais e procurar diagnos-
ticar a vocação das diversas partes de seu território.145

Neste sentido, o Poder Público de Maringá tem buscado atuar na coleta de dados pa-
ra a composição de suas ações. A partir de sua criação, os rumos escolhidos para o muni-
cípio sempre foram indicados pelos interesses comerciais de cada época. Primeiramente o
incentivo foi direcionado à produção cafeeira para exportação. Atualmente, produz-se
muito mais soja, trigo e milho do que qualquer outra cultura na região de Maringá.
Em determinadas fases, outros componentes foram sendo agregados à preocupação
de seus dirigentes, tanto que, em 1980, Maringá teve um novo levantamento de sua situa-
ção, tanto nas esferas natural, social como financeira, com um estudo que caracterizou um
verdadeiro e pioneiro Plano Diretor. Deste estudo, surgiu uma lista das principais priori-
dades para o município.
Percebe-se que o planejamento tem sido, ainda que nem sempre de uma forma ade-
quada, empregado no desenvolvimento de Maringá. Após a definição de seu desenho
inicial por Jorge de Macedo Vieira, a cidade teve novo rumo proporcionado pelas idéias do
Engenheiro Nildo Ribeiro da Rocha, que marcaram a década de 80 e estabeleceram o atual
sistema viário do município, além de algumas obras que orientaram o desenvolvimento da
cidade, como a localização do campus da UEM, e a ligação de vários bairros afastados do
centro da cidade.
O município de Maringá conta com leis específicas sobre o uso e ocupação de seu
solo, que denotam o interesse do legislador local para o controle do desenvolvimento e
crescimento regional. Apesar disto, pode-se enfatizar que não existe mais em Maringá uma

145 MACHADO, 2000, p. 358.

__ 231 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

política clara de desenvolvimento d) ZP4:urbano, pois o crescimento da cidade há muito deixou


Horto Florestal;
ZP5: Parque da
de seguir um plano técnico,e)mostrando-se Nascente
muito mais do Ribeirão
como Paiçandu; dos interesses
conseqüência
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
econômicos, comerciais e mesmo aleatórios da população e, principalmente, de seus diri-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
gentes. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
Dentro das normas dei) zoneamentoZP9: Recantoambiental
Borba Gato; atual de Maringá, destacam-se as leis
j) ZP10: Parque Ecológico
de poluição sonora e poluição visual, já abordadas no presente Municipalestudo.
do Guaiapó;
k) ZP11: Parque Florestal
As leis que tratam do zoneamento ambiental de Maringá são as Municipal das Palmeiras;
de no 331 (uso e ocu-
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
pação do solo), 332 (perímetro urbano de Maringá), 333 (sistema viário básico), 334 (par-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
celamento do solo), 335 (lein)deZP14: Edificações), e 336 (lei
Parque Alfredo do solo
Werner criado) e denotam um pro-
Nyffeler;
cesso inverso de adoção de o) novas
ZP15: posturas
Reservas dedozoneamento
Córrego Borba municipal,
Gato76; conforme relatou o
responsável pelo novo Planop)Diretor ZP16: Reserva
de Maringá,da Rua Diogo M. Esteves;
apresentado no final do ano de 2000.
Em conformidade com q) oZP17: Reserva do Córrego
arquiteto-chefe do projeto,Cleópatra;
as normas do Plano Diretor
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
que compõem as leis publicadas em dezembro de 1999, pela Câmara Municipal, possuíam
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
um caráter revolucionário, à medida que estabeleceriam padrões mais coerentes com o
atual Destacam-se,
zoneamento da cidade,
dentre elas,buscando o aprimoramento
as seguintes áreas: da qualidade de vida da cidade.
Todavia, o novo Plano Diretor teria sido
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido vítima de um acordo político
como parque entrepela
alguns
Lei
vereadoresComplementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na 1998
e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Maringá. Entre
2 os anos de qua-
e 2000, algumas
dra 43-Bleisdoforam
Conjuntoaprovadas pela Câmara
Residencial Parigotde deforma
Souza,que acabaramde
constituído prejudicando
remanescen-o
zoneamentotes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta individuais
original e técnico da cidade. Para atender interesses particulares e problemas
de algunsestruturais
comerciantes,para os vereadores
garantir aprovaram leisSomente
sua sobrevivência. que transformaram
no ano de vias 2003urbanas
a área quefoi
eram tipicamente
cercada pela residenciais
Prefeituraem de eixos
Maringá,de comércio
numa tentativae serviço, especialmente
de isolamento na região
das principais
nordeste áreas
do município
verdes dodemunicípio.
Maringá.
ParaJardim
b) que novas modificações
Botânico: com umanão áreafossem realizadas, a Secretaria
de aproximadamente 9 mil mde 2 ,Desenvolvimento
nela localizam-se
Urbano duas
de Maringá
antigas aceitou
lagoas demanter os eixos
tratamento de comércio
da Sanepar e serviços
desativadas. Em seujá criados. Assim,
fundo, encon-
foram publicadas novas leis que regulamentam o Plano Diretor,
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. no final de 1999, à espera
Na
de um levantamento
Administração detalhado
Municipal quedo pudesse orientar
ex-prefeito futuras
Jairo adequações.
Gianoto, foi recebido um recurso
Apesar disto, aespecialmente
financeiro prática de alteração de vias para
direcionado residenciais em vias de comércio
a implementação de estruturase serviço
que
é uma prática muito comum na história de Maringá, e não pareceu
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo mudar com a entrada
em vigorquedo Estatuto da Cidade.é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
se pode encontrar
Emda uma pesquisa
por muito tempo simplespelo realizada
Corponodebanco de dados
Bombeiros, de legislação
e que foi ocupada disponível online
pela Polícia
pela Prefeitura
FlorestalMunicipal
a partir dede Maringá,
maio de 2003; umasiteimensa
atravése do especializado em legislação
área desmatada. dos muni-
Um projeto de
cípios dorecuperação
estado do Paraná 146, foi possível identificar 113 leis que transformam ruas resi-
foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
denciais em
pontoeixos
de de comércio
lazer e serviço
e visitação para anocomunidade
período de carente
10 anos,queentre 1993
vive a 2003.
a sua volta, mas a-
Nota-se o abuso recursos
inda aguarda com quefinanceiros.
os vereadores alteram o zoneamento municipal, sem qual-
quer fundamentação
c) Parque Florestal técnica. Essas alterações
Municipal das Perobas: são localizado
feitas comnos baselotes
apenas
210-Ana declaração
e 211-A, 210 da
lei, defendendo interesses, normalmente de poucos comerciantes –
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído não sendo2 raro ser o
interesse de
de remanescentes
um único comerciante
da vegetação- , sem ter como
nativa base qualquer
que apresentam estudorepresentativas
espécies técnico. Ou seja, da
o Plano Diretor, enquanto instrumento exigido pela Constituição Federal
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- (art. 182) para o
planejamento urbano, com importância aumentada pelo Estatuto
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de da Cidade (Lei nº
10.257/2001),
manejo. que exige inclusive a participação da população, em audiências públicas,

146Ver
76 Disponível
comentário
em:da<http://www.leismunicipais.com.br/pr/maringa>.
nota de rodapé nº 96.

__ 122
232 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

para a validade do Plano Diretor, é totalmente desconsiderado pela Câmara Municipal. Em


virtude das exigências legais apontadas, é fácil concluir pela inconstitucionalidade das leis
enumeradas, particularmente após a entrada em vigor do estatuto da Cidade.

Leis que transformam ruas em eixo de comércio e serviços:


Lei Complementar 484/2003; Lei Complementar 464/2003; Lei Complementar
458/2003; Lei Complementar 457/2003; Lei Complementar 454/2003; Lei
Complementar 440/2003; Lei Complementar 436/2002; Lei Complementar
431/2002; Lei Complementar 430/2002 (todas as ruas que contornam praças);
Lei Complementar 427/2002; Lei Complementar 425/2002; Lei Complementar
405/2002; Lei Complementar 404/2002; Lei Complementar 399/2002; Lei
Complementar 371/2001; Lei Complementar 357/2000; Lei Complementar
353/2000; Lei Complementar 351/2000; Lei Complementar 344/2000; Lei
Complementar 319/1999; Lei Complementar 318/1999; Lei Complementar
316/1999; Lei Complementar 311/1999; Lei Complementar 309/1999; Lei
Complementar 308/1999; Lei Complementar 301/1999; Lei Complementar
300/1999; Lei Complementar 298/1999; Lei Complementar 295/1999; Lei
Complementar 293/1999; Lei Complementar 292/1999; Lei Complementar
290/1999; Lei Complementar 288/1999; Lei Complementar 287/1999; Lei
Complementar 285/1999; Lei Complementar 284/1999; Lei Complementar
283/1999; Lei Complementar 280/1999; Lei Complementar 265/1998; Lei
Complementar 263/1998; Lei Complementar 262/1999; Lei Complementar
260/1998; Lei Complementar 255/1998; Lei Complementar 254/1998; Lei
Complementar 243/1998; Lei Complementar 242/1998; Lei Complementar
235/1998; Lei Complementar 227/1998; Lei Complementar 201/1997; Lei
Complementar 200/1997; Lei Complementar 190/1997; Lei Complementar
184/1997; Lei Complementar 183/1997; Lei Complementar 177/1996; Lei
Complementar 176/1996; Lei Complementar 175/1996; Lei Complementar
174/1996; Lei Complementar 173/1996; Lei Complementar 172/1996; Lei
Complementar 171/1996; Lei Complementar 170/1996; Lei Complementar
168/1996; Lei Complementar 166/1996; Lei Complementar 165/1996; Lei
Complementar 164/1996; Lei Complementar 163/1996; Lei Complementar
159/1996; Lei Complementar 157/1996; Lei Complementar 155/1996; Lei
Complementar 153/1996; Lei Complementar 151/1996; Lei Complementar
148/1996; Lei Complementar 147/1996; Lei Complementar 146/1996; Lei
Complementar 144/1996; Lei Complementar 142/1996; Lei Complementar
141/1996; Lei Complementar 138/1996; Lei Complementar 133/1996; Lei
Complementar 132/1996; Lei Complementar 130/1996; Lei Complementar
129/1996; Lei Complementar 126/1996; Lei Complementar 122/1996; Lei
Complementar 121/1996; Lei Complementar 120/1995; Lei Complementar
119/1995; Lei Complementar 117/1995; Lei Complementar 115/1995; Lei
Complementar 114/1995; Lei Complementar 113/1995; Lei Complementar
112/1995; Lei Complementar 110/1995; Lei Complementar 109/1995; Lei
Complementar 108/1995; Lei Complementar 105/1995; Lei Complementar
100/1995; Lei Complementar 94/1995; Lei Complementar 93/1995; Lei Com-
plementar 87/1995; Lei Complementar 85/1995; Lei Complementar 83/1995;
Lei Complementar 82/1995; Lei Complementar 81/1995; Lei Complementar
72/1994; Lei Complementar 68/1994; Lei Complementar 64/1994; Lei Com-
plementar 53/1994; Lei Complementar 49/1994; Lei Complementar 33/1993;
Lei Complementar 27/1993; Lei Complementar 26/1993; Lei Complementar
21/1993.
Fonte: Autor (2004). Disponível em: <http://www.leismunicipais.com.br/pr/maringa>.

__ 233 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A gravidade da condutad)dos ZP4: vereadores de Maringá pode ser constatada pelo número
Horto Florestal;
de leis que alteram o zoneamento e) ZP5: Parque
urbano,dabem Nascente
comodopelo Ribeirão
fato Paiçandu;
de a maior parte delas
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
ocorrer de forma seqüencial. É como se houvesse um modelo ou procedimento padrão,
simplificado, para alteração dos g) ZP7:
eixosParque do Sabiá;
residenciais para comerciais.
É natural que o dinamismo h) ZP8:do Parque Florestalurbano
crescimento Municipal das transformações
e das Perobas; sociais e
ZP9: Recanto
econômicas da cidade exijami) alterações Borba Gato;
na legislação urbanística. Mas a legislação federal e
a Constituição Federal devem j) ZP10: Parque Ecológico
ser respeitadas, Municipalinteresses
por protegerem do Guaiapó; públicos maiores
k) ZP11: Parque Florestal
do que os meros interesses privados. Além do devido acompanhamento Municipal das Palmeiras;
técnico, a popula-
ção deve ser ouvida, a exemplo l) ZP12: Parque
do que ocorredo Cinqüentenário;
com o Congresso da Cidade realizado entre
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
2003 e 2004 pela Prefeitura Municipal de Maringá. Alguma entidade com ou sem a parti-
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
cipação do Ministério Público, deve ingressar na Justiça buscando a correção da maior
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
parte desses abusos, e umap)campanha de conscientização
ZP16: Reserva da Rua Diogo M. daEsteves;
comunidade deve buscar o
controle permanente da atuação legislativa da Câmara de
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; Vereadores.
O curioso é que, além r)daZP18: previsão constitucional,
Reserva da Rua Pioneiraa própria
Deolindalegislação complementar
T. Garcia;
municipal prevê condições s)mínimas para a do
ZP19: Reserva aprovação desses projetos, antes mesmo do
Córrego Moscados;
estatuto da Cidade, pela Lei Complementar nº 24/1993. Em seu artigo 2:
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Art. 2º - O projeto da lei a que se refere o artigo anterior terá
a) Parque Ecológico tramitação
Municipal normal
do Guaiapó: reconhecido
após preenchidos como parque
os requisitos pela Lei
seguintes:
Complementar nº 3.513/93, possui umacom
I - abaixo-assinado, áreajustificativa,
de 16.204,48 m2, localizado
firmado pela maioriana qua-
dos
dra 43-B do Conjunto moradores, constando-se,
Residencial Parigot deespectivamente,
Souza, constituído o nome legível e os
de remanescen-
tes da vegetação nativa. números da não
A área residência
possuie plano
da carteira de identidade
de manejo e enfrenta ouproblemas
outro do-
cumento de identificação do assinante;
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
II - mapa parcial expedido pela Secretaria de Planejamento do
cercada pela Prefeitura de
Município, Maringá, numa atentativa
evidenciando de da
localização isolamento das principais
via a ser considerada ei-
áreas verdes do município.
xo de comércio e serviços e das vias comerciais ou mistas próxi-
b) Jardim Botânico: com mas,uma comárea
sugestão sobre a viabilidade
de aproximadamente da implantação
9 mil do respec-
m2 , nela localizam-se
tivo eixo;
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
III - parecer do Conselho de Desenvolvimento Municipal, sobre
tram-se dois córregos que praticamente
a viabilidade não possuem
da transformação, mata ser
que deverá ciliar preservada.
expedido no prazoNa
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido
máximo e improrrogável de quinze (15) dias da solicitação oficial um recurso
financeiro especialmente direcionado
pela Câmara, após o que paraserá
a implementação
desconsiderado para de estruturas
a tramitaçãoque da
permitissem a visitação matéria.e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que sedepode
As mais encontrar
100 leis é uma pistamunicipais
complementares de caminhada maltambém
citadas projetada;sãouma sedepois
ilegais, utiliza-
não
da por muito tempo
atendem à Lei Complementar n 24/1993. pelo
o Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
DasFlorestal
leis que aregulamentam
partir de maioa ocupação
de 2003; eurbana
uma imensa área desmatada.
em Maringá, a que maisUm projetones-
interessa de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
ta breve análise é a Lei Complementar n 331/99, que dispõe sobre o uso e a ocupação do
o tornar a área um
solo no ponto
municípiode lazer e visitação
de Maringá. para a comunidade
Trata-se carente que
de uma lei arrojada, quevive a sua instrumentos
concede volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
suficientes para que a Administração Pública regulamente a ocupação da cidade. No artigo
c) Parque
3o dispõe que Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da Art. 3º - A localização
vegetação nativa quedeapresentam
quaisquer usos e atividades
espécies no Municí-
representativas da
pio dependerá de licença prévia da Prefeitura Municipal.
flora e da fauna da §região. Essa área,para
1° A permissão reconhecida
localização como parque pela
de qualquer Lei Comple-
atividade conside-
mentar nº 3.513/93, também
rada como se encontranociva
incômoda, abandonada e não dependerá,
ou perigosa, possui um planoalém das de
manejo. especificações exigidas para cada caso, da aprovação do projeto
detalhado das instalações para depuração dos resíduos líquidos ou
gasosos, bem como dos dispositivos de proteção ambiental e de
76 Ver comentário da nota de rodapésegurança
nº 96. requeridos por órgãos públicos.

__ 122
234 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

O artigo 7º, de forma complementar determina, no parágrafo 1º que,

§ 1° Todas as atividades no Município de Maringá serão licencia-


das pelo prazo determinado de 12 (doze) meses, renovável a cri-
tério da Municipalidade, com alvará sujeito a cassação a qualquer
momento em caso de ocorrência de algum dos motivos abaixo:
I - desvirtuamento da finalidade expressa no alvará;
II - reclamação justificada da vizinhança;
III - impacto ambiental negativo;
IV - modificação na legislação urbanística da área em que se loca-
liza o imóvel.

De fato, o artigo 7º da Lei nº 331/99 regulamenta o zoneamento urbano de Maringá


da seguinte forma:
Art. 7° - Para efeito desta Lei, a área do Município fica subdividi-
da nas seguintes zonas:
I - Zona Central - ZC, em que predominam os usos de comércio
e serviços centrais, as atividades de animação e a concentração de
empregos, além do uso habitacional de alta densidade;
II - Zona de Comércio e Serviços Setoriais - ZCS, em que pre-
dominam os usos de comércio e serviços especializados de aten-
dimento à economia e à população, além do uso residencial de al-
ta densidade;
III - Zona de Serviços - ZS, destinada exclusivamente aos usos de
comércio e serviços especializados e de indústrias não nocivas ou
perigosas;
IV - Zonas Industriais - ZI, destinadas ao uso industrial, subdivi-
dem-se em:
a) Zona Industrial Um - ZI1, compreendendo atividades indus-
triais não nocivas ou perigosas, compatíveis com zonas urbanas
de uso diversificado;
b) Zona Industrial Dois - ZI2, exclusivamente industrial, reser-
vada às atividades que signifiquem uso incômodo ou nocivo,
mesmo depois de submetidas a métodos adequados de proteção,
condicionadas ao licenciamento do órgão municipal do meio am-
biente;
c) Zona Industrial Três - ZI3, exclusivamente industrial, reser-
vada às atividades que representem uso nocivo pela geração de
resíduos líquidos, ficando sua instalação condicionada ao licenci-
amento ambiental do órgão municipal do meio ambiente, que de-
finirá o grau de saturação da bacia hidrográfica e a capacidade de
depuração dos seus cursos d’água;
V - Zonas Residenciais - ZR, destinadas ao uso residencial em ca-
ráter exclusivo ou predominante, subdividem-se em:
a) Zona Residencial Um - ZR1, exclusivamente residencial, com
padrão de ocupação unifamiliar de baixa densidade, permissível a
atividade individual de autônomos e profissionais liberais no pró-
prio domicílio, desde que comprovada a moradia concomitante;

__ 235 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
b) ZonaHorto
Residencial
Florestal;
Dois (ZR2), predominantemente residenci-
al, ZP5:
e) com Parque
padrão da deNascente
ocupaçãodounifamiliar
Ribeirão Paiçandu;
ou bifamiliar de baixa
ZP6: Bosque das Grevíleas;
densidade;
f)
c) ZP7:
g) ZonaParque
Residencial
do Sabiá;
Três (ZR3), predominantemente residencial,
com
h) ZP8:padrão
Parquede Florestal
ocupaçãoMunicipal
unifamiliar,
dasbifamiliar
Perobas; ou multifamiliar
deZP9:
i) médiaRecanto
densidade;
Borba Gato;
d)ZP10:
j) ZonaParque
Residencial
Ecológico
QuatroMunicipal
(ZR4), predominantemente
do Guaiapó; residen-
cial,ZP11:
k) comParque
padrãoFlorestal
de ocupação
Municipal
unifamiliar,
das Palmeiras;
bifamiliar ou multifa-
l) ZP12:
miliar deParque
alta densidade,
do Cinqüentenário;
permitidos comércio e serviços em cará-
m) ZP13: Parque
ter restrito; (NR) (alterado
da Rua Teodoro
conforme Negri;
LC 340/2000)
e) ZP14:
n) Zona Parque
Residencial
Alfredo
Cinco
Werner
- ZR5,
Nyffeler;
exclusivamente residencial,
o)
com ZP15:
padrãoReservas
de ocupação
do Córrego
unifamiliar
BorbadeGato 76; densidade;
baixa
p) ZP16:
f) Zona Reserva
Residencialda Rua
SeisDiogo
(ZR6),M. Esteves;
predominantemente residencial,
q) ZP17:
com Reserva
padrão do Córrego
de ocupação Cleópatra;
unifamiliar e bifamiliar de baixa densi-
r) ZP18:
dade, Reserva comércio
permitidos da Rua Pioneira Deolinda
e serviços T. Garcia;
em caráter restrito. (alterado
s) ZP19: Reserva
conforme do Córrego Moscados;
LC 340/2000)
VI - Zonas de Proteção Ambiental - ZP, destinadas a contribuir
Destacam-se, dentre elas, paraasaseguintes
manutenção áreas:
do equilíbrio ecológico e paisagístico no terri-
tório do Município,
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: admitidas apenas edificações
reconhecido como parqueque se destinem
pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizadoflorestais,
estritamente ao apoio às funções dos parques 2 e reservas na qua-
dividem-se em:
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
a) ZP1: faixas com largura mínima de 30,00m (trinta metros) dede remanescen-
tes da vegetação nativa. A área
cada lado dasnão possui eplano
nascentes cursosded’água
manejo do eMunicípio,
enfrenta problemas
destinadas
estruturais para garantir sua sobrevivência.
à manutenção e recomposiçãoSomente no ano
das matas de 2003
ciliares, onde asãoárea foi
veda-
cercada pela Prefeitura dos quaisquer
de Maringá, tiposnuma
de edificação;
tentativa de isolamento das principais
b) ZP2: Parque do Ingá;
áreas verdes do município.
c) ZP3: Bosque II;
b) Jardim Botânico: com uma área
d) ZP4: Horto deFlorestal;
aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas e)de ZP5: tratamento
Parque da da Sanepar
Nascentedesativadas.
do Ribeirão Em seu fundo, encon-
Paiçandu;
tram-se dois córregos que praticamente
f) ZP6: não possuem mata ciliar preservada. Na
Bosque das Grevíleas;
Administração Municipal g) ZP7:doParque do Sabiá;
ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para Municipal
h) ZP8: Parque Florestal das Perobas;
a implementação de estruturas que
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
permitissem a visitação j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó; o máximo
e a recuperação florestal do local. Entretanto,
que se pode encontrar é umaParque
k) ZP11: pista de caminhada
Florestal mal projetada;
Municipal das Palmeiras; uma sede utiliza-
da por muito tempo l) pelo
ZP12: Corpo
ParquededoBombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Cinqüentenário;
Florestal a partir dem)maio ZP13:
de Parque
2003; edaumaRuaimensa
Teodoro Negri;
área desmatada. Um projeto de
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato;
ponto de lazer e visitação
p) ZP16: para a comunidade
Reserva carente
da Rua Diogo M. que vive a sua volta, mas a-
Esteves;
inda aguarda recursos q) financeiros.
ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18:das
c) Parque Florestal Municipal Reserva da Rua
Perobas: Pioneiranos
localizado Deolinda T. Garcia;
lotes 210-A e 211-A, 210
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2

de remanescentes da VIIvegetação
- Zonas Especiais
nativa que- ZE, destinadas
apresentam à manutenção
espécies de padrões
representativas da
urbanísticos específicos em áreas onde haja a presença de ativida-
flora e da fauna da des, região.
usosEssa área, reconhecida
ou funções urbanas decomocaráterparque pela Lei
excepcional, Comple-
não enqua-
mentar nº 3.513/93, também
dráveis se encontra
nas zonas abandonada
definidas e não
neste artigo, possui um
dividem-se em: plano de
manejo. a) ZE1: Novo Centro;
b) ZE2: Cemitério Municipal;
c) ZE3: Cemitério Parque;
76 Ver comentário da nota de rodapéd) ZE4: Aeroporto Gastão Vidigal;
nº 96.

__ 122
236 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

e) ZE5: Pátio de Manobras da Rede Ferroviária Federal S/A;


f) ZE6: Campus da Universidade Estadual de Maringá;
g) ZE7: Estádio Willie Davids;
h) ZE8: Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro;
i) ZE9: Tiro-de-Guerra;
j) ZE10: Pátio de Inflamáveis;
k) ZE11: Zona Industrial Especial para Derivados de Petróleo;
l) ZE12: Terminal Rodoviário (Avenida Tuiuti);
m) ZE13: Campus do Centro de Ensino Superior de Maringá;
n) ZE14: Zona de Proteção do Aeroporto de Maringá;
VIII - Zona Agrícola - ZA, corresponde ao território rural do
Município e destina-se predominantemente às atividades extrati-
vas, agrícolas, hortifrutigranjeiras e pecuárias, sendo permissíveis:
a) os usos especificados no campo próprio do Anexo I - Qua-
dro de Usos do Solo;
b) estabelecimentos de armazenamento de gás com capacidade
superior a 100 botijões, desde que localizados a uma distância
mínima de 500,00m (quinhentos metros) dos perímetros urbanos
da Cidade de Maringá e de seus Distritos;
c) atividades que representem uso perigoso, mesmo depois de
submetidas a métodos adequados de segurança, sendo sua insta-
lação condicionada a projetos específicos de proteção previamen-
te aprovados pelo órgão municipal do meio ambiente, e desde
que sejam localizados a uma distância mínima de 500,00m (qui-
nhentos metros) dos perímetros urbanos da cidade de Maringá e
de seus Distritos;
d) hotéis-fazenda, parques temáticos e similares.
e) uso residencial vinculado às atividades agropecuárias; (incluído
conforme LC nº 340/2000).

Mapa 10 – Zoneamento urbano de Maringá.


Fonte: Maringá (2002).

__ 237 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Deve-se ressaltar que, d) ZP4: Horto


quando o Poder Público estabeleceu o zoneamento industrial,
Florestal;
ZP5: Parque
agiu conforme seus própriose) critérios, da Nascente do Ribeirão
independentemente do que Paiçandu;
exige a legislação atual.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Assim, quando a lei municipal fala em
g) ZP7: zona do
Parque industrial,
Sabiá; ela está fugindo do conceito de distrito
industrial, pois, para estas, a h) ZP8: Parque
legislação Florestal
ambiental Municipal
exige das de
o Estudo Perobas;
Impacto Ambiental e
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Relatório de Impactos ao Meio Ambiente (EIA/RIMA). A mudança do nome da área
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
serve apenas para despistar k) a legislação,
ZP11: Parque masFlorestal
nem assim consegue
Municipal eximir o Poder Público
das Palmeiras;
l) ZP12: Parque
da responsabilidade de ter realizado do Cinqüentenário;
um zoneamento irregular, para o qual poderá futura-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
mente responder judicialmente por omissão.
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
A elaboração de um novo PlanoReservas
o) ZP15: Diretordo foiCórrego
licitada Borba
e contratada
Gato76; pela Administração
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
do Prefeito José Cláudio Pereira Neto, para que o plano existente pudesse ser adequado ao
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
estatuto da Cidade. A versãor)final ZP18: foiReserva
entregue da no
Ruafinal do ano
Pioneira de 2002
Deolinda T. para a avaliação da
Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
equipe do governo, e até meados de agosto de 2003 ainda não se iniciara uma discussão
interna sobre o assunto.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Após a conclusão dos estudos internos do Governo Municipal, está prevista uma sé-
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
rie de discussões públicas
Complementar nº sobre o conteúdo
3.513/93, possui uma desseárea
novo de Plano Diretor
16.204,48 m2, de Maringá,najáqua-
localizado em
acordo com o Estatuto
dra 43-B da Cidade
do Conjunto 10.257/2001),
(Lei n Parigot
Residencial o
de Souza, em constituído
especial quanto ao exigido
de remanescen-
pelo 40, §4º:
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura Art. 39 de -Maringá, numaurbana
A propriedade tentativa de isolamento
cumpre sua funçãodas principais
social quando
atende
áreas verdes do município. às exigências fundamentais de ordenação da cidade ex-
pressas no plano diretor, assegurando o
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se atendimento
2 das necessi-
duas antigas lagoas dades dos cidadãos
de tratamento quanto àdesativadas.
da Sanepar qualidade deEm vida,
seuà fundo,
justiça social
encon-e
ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as di-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
retrizes previstas no artigo 2º desta Lei.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmenteArt. 40 direcionado
- O plano diretor,
para aprovado por lei municipal,
a implementação é o instru-
de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o urbana.
mento básico da política de desenvolvimento e expansão máximo
que se pode encontrar §1º éOuma plano diretor
pista é parte integrante
de caminhada do processo
mal projetada; uma sedede planeja-
utiliza-
mento municipal, devendo o plano plurianual,
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia as diretrizes orça-
mentárias e o orçamento anual incorporar
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto as diretrizes e as prio-
de
ridades nele contidas.
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
§2º O plano diretor deverá englobar o território do Município
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
como um todo.
inda aguarda recursos financeiros.
§3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo me-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
nos, a cada 10 (dez) anos.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim,decom
§4º No processo área total
elaboração dode 263.438,74
plano diretor emna, constituído
2
fiscalização
de remanescentes da devegetação nativa queosapresentam
sua implementação, espécies representativas
Poderes Legislativo e Executivo muni- da
flora e da fauna da cipais
região.garantirão:
Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, I –também
a promoção de audiências
se encontra públicase enão
abandonada debates
possuicom uma participa-
plano de
manejo. ção da população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade;
II – a publicidade quanto aos documentos e informações produ-
76 Ver comentário da nota de rodapézidos;
nº 96.

__ 122
238 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e infor-


mações produzidos (grifo nosso).

Maringá não apresenta, em relação aos aspectos físico-territoriais, grandes restrições à


expansão urbana. Existem, contudo, alguns fatores que podem interferir na expansão da
ocupação, dependendo da forma como se processarem: fatores topográficos e o fator
político-administrativo.
A topografia plana é dominante na região, sendo que os problemas acontecem nas
áreas de fundo de vale, com declividade mais acentuada, as quais, devido à tipologia do
solo, apresentam facilidade para desenvolvimento de processo erosivo. Por isso a preser-
vação dos fundos de vale tem como objetivo resguardar os mananciais contra assoreamen-
to e erosões e recuperar as áreas de vegetação.
Quanto ao fator político-administrativo, o município de Maringá limita-se a leste com
o município de Sarandi e a oeste com Paiçandu, cuja proximidade determina a seguinte
situação:

1 - Conurbação entre as sedes urbanas, especialmente com Sarandi;


2 - Sarandi e Paiçandu apresentam forte relacionamento entre as atividades de Ma-
ringá. Caracterizando-se como cidades-dormitório, configuram uma restrição ao
planejamento, no sentido de que são populações que não residem no Município,
mas utilizam os espaços, serviços e equipamentos de Maringá.
De acordo com a tese de doutorado apresentada à Faculdade de Ciências Agronômi-
cas da Unesp – Câmpus de Botucatu, pela agrônoma Marisa Trovarelli Tornero, que reali-
zou a “Análise Ambiental através de sistema de informações Geográficas (SIG), com sub-
sídio ao planejamento no Município de Maringá – PR”, o município de Maringá possui
uma área total de 489,76 km2, e sua área urbana é de 127,58 km2.
Utilizando-se da análise sobreposta de dados específicos, como a declividade do ter-
reno, a classe do relevo e do solo, através de mapas pedológicos, de uso e ocupação do
solo, de aptidão agrícola, geológico, e de fatores climáticos, Marisa Tornero concluiu por
um novo zoneamento da cidade Maringá, tendo em vista suas características naturais, e
não apenas fatores políticos e econômicos, conforme se procedeu nas administração pas-
sadas.
Desta forma, seria a própria natureza do território de Maringá que indicaria qual a
sua melhor utilização pelo homem. Dentre alguns dos dados obtidos pela pesquisa de
Marisa Tornero, pode-se citar a ocupação e respectivo uso do solo de Maringá em 1996.
Percebe-se que a cultura e a pastagem predominam, enquanto praticamente não se localiza
mais a mata nativa.

__ 239 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Tabela 45 – Distribuição
d) ZP4: Hortodas ocupações
Florestal; do solo em Maringá – 1996
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas; Área
Ocupações do solo
g) ZP7: Parque do Sabiá;Km 2 %
Cultura* h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas; 38,95
190,75
Pastagem i) ZP9: Recanto Borba Gato; 68,27 73,94
Mata Nativa**
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
14,05
do Guaiapó; 2,87
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Cana-de-açúcar 8,18 1,67
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Capoeira 3,27
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri; 0,67
Área Urbanizada n) ZP14: Parque Alfredo 127,58
Werner Nyffeler; 26,05
Outros o) ZP15: Reservas do Córrego 77,66 Borba Gato76; 15,85
Total p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
489,76 100,00
ZP17:
* Cultura identificada na área urbanaq)foi Reserva
de 34,18 km2. do Córrego Cleópatra;
** Mata Nativa identificada na área r) ZP18:
urbana Reserva
foi de 5,31 kmda
2. Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;

Fonte: Tornero (2000). s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;


Deve-se salientar ainda que, na área urbana, a mata nativa correspondia apenas a 5,31
km2, Destacam-se,
o que representadentre elas, as1,08%
apenas seguintes áreas:do município. Esses números podem ser
da área
a) Parque
facilmente Ecológico
constatados Municipal
em visitas do Guaiapó:
aos fundos reconhecido
de vale de como parque
Maringá, conforme pela Lei
já especificado
em tópico Complementar nº 3.513/93,
anterior. No mapa 11, que possui
ilustra auma área dedo
ocupação 16.204,48 m2, localizado
solo de Maringá, na mais
torna-se qua-
nítida a situação.
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.
Mapa 11 – Mapa do uso e ocupação do solo de Maringá.
Mapa obtido através do Sistema de informações Geográficas – SGI/INPE
Base Cartográfica e Fonte: Carta Topográfica do IBGE na escala 1:50.000 e imagem do satélite Landsat-5.
76Organizador: Marisa
Ver comentário Trovarelli
da nota Tornero.
de rodapé nº 96.

__ 122
240 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Nesse sentido, a pesquisa de Tornero concluiu pela configuração do novo zonea-


mento de Maringá com 5 áreas específicas descritas a seguir:
a) Unidade Ambiental I: Localiza-se, no centro do município, particularmente na
porção leste, onde faz limite com Sarandi e, a oeste, com Paiçandu. Apresenta
uma área de 127,58 Km2, sendo que, em 64,70% desta área, constatou-se a pre-
dominância da terra roxa.
Essa unidade apresentava 26,76% de sua área ocupada por culturas localizadas em lo-
tes vazios que contornam quase toda a área, onde predominam estruturas urbanas (esco-
las, residências, área industrial etc.), e mata nativa, ocupando 4,16% de sua área, sendo que
essas estavam concentradas principalmente em reservas/parques.
b) Unidade Ambiental II: Esta unidade ambiental compreende três unidades não
contínuas, sendo duas localizadas ao sul e uma a nordeste do município, totali-
zando 34,7 km2, correspondendo a 6,96% da área do município. Faz limite com
Ivatuba, Floresta e Marialva. Observou-se ocupação por pastagem, cultura, outros
(múltiplos usos), pouca mata nativa e uma grande mancha de capoeira.
Essa área apresentava aptidão agrícola 3(ab) e 1’ABC nos solos R e 3 (ab) nos solos
TR. Os solos R e TR com aptidão 3(ab) restrita para lavoura nos níveis de manejo A e B
correspondiam à maior área (31,32 km2) dessa unidade. Assim, em sua maior área, as prá-
ticas agrícolas deveriam ser condicionadas ao trabalho braçal e tração animal por estarem
limitadas por impedimentos à mecanização e/ou suscetibilidade forte à erosão e/ou mo-
derado excesso de água e/ou forte deficiência de água e/ou forte deficiência de fertilidade
(Medeiros, 1978), havendo terras, em menor proporção, com aptidão regular ou boa para
lavoura. Pouquíssimas áreas (2,75 Km2) no entorno dessa unidade ambiental apresentaram
aptidão boa (1’ABC) para qualquer tipo de manejo nas diversas fases da operação agrícola.
c) Unidade Ambiental III: Esta unidade apresenta pouco mais de 34,30 km2 e locali-
za-se a oeste do Município, fazendo limite com Mandaguaçu. Observou-se nesta
unidade ambiental muito mais pastagem do que mata nativa, esta, localizada, so-
bretudo, num bloco único e disseminando por toda área cultura e outros (múlti-
plos usos). Aproximadamente 50% da área de cana-de-açúcar encontrada no mu-
nicípio localizava-se nesta unidade.
Apresentou aptidão agrícola 2bc e 1’ABC nos solos LE e TR e, 2bc no solo LR. To-
dos os terrenos com grau 2bc de aptidão para lavoura estavam nessa unidade, isto é da
área total dessa unidade (34,30 km2). 30,06 km2 eram áreas de regular aptidão de lavouras
ainda quando se emprega manejos com níveis tecnológicos altos ou médios.
d) Unidade Ambiental IV: Situa-se predominantemente ao longo do Rio Pirapó,
com 11,16 km2. Observou-se nesta unidade ambiental muita pastagem localizada
de forma praticamente contínua, ao longo do Rio Pirapó, poucos outros (múlti-
plos usos), muita cultura e pouca mata nativa.
Apresentou solos tipo Terra Roxa Estruturada (TR) e Latossolo Roxo (LR), com ap-
tidão agrícola 1’ABC e 1’aBC, isto é, toda essa unidade tem boa aptidão para a lavoura
com uso de níveis tecnológicos baixo, médio ou alto.

__ 241 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

e) Unidade Ambientald)V: ZP4:


Abrange
Horto aFlorestal;
maior parte do Município (pouco menos que
e) ZP5: Parque
282 km2), apresentando-se da Nascente
constituída não dedo Ribeirão
forma Paiçandu;
contínua, estando separada
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
pela unidade ambiental I (área urbana). Nesta unidade ambiental, observa-se, pre-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
dominantemente, de h) forma contínua,
ZP8: Parque muitaMunicipal
Florestal cultura também, muita pastagem, pe-
das Perobas;
quenas manchas isoladas de capoeira, pouca
i) ZP9: Recanto Borba Gato; mata nativa e disseminados por toda
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
a área outros (múltiplos usos). Apresenta boa aptidão agrícola para lavoura
(1’ABC e 1’aBC) emk)toda ZP11: Parque
sua Florestal Municipal das Palmeiras;
extensão.
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Observa-se, na caracterização das unidades ambientais, que o zoneamento efetuado
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
por Marisa Tornero foi estabelecido levando-se
n) ZP14: Parque AlfredoemWerner
consideração
Nyffeler;as atividades de uso e
ZP15:
ocupação do solo constatados em 1996, obtendo a conclusão deGato
o) Reservas do Córrego Borba ; maioria das vezes,
que,76na
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
essas atividades não são as q) mais
ZP17:indicadas,
Reserva devido as suas
do Córrego características físicas naturais.
Cleópatra;
Assim, procurou-se constatar os prováveis riscos ambientais dessas ocupações,
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia; culminan-
s) ZP19: Reserva do
do com a geração de propostas para um novo zoneamento. Córrego Moscados;
Apesar do exposto,
Destacam-se, dentrepode-se concluir que
elas, as seguintes Maringá é uma cidade privilegiada na reali-
áreas:
dade a)
brasileira. Isto porque teve o seu processo
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: de criação, de alguma
reconhecido comoformaparquee em
pelacerto
Lei
nível, atrelado ao planejamento
Complementar e, em possui
nº 3.513/93, virtudeuma
de sua
áreapequena idade, m
de 16.204,48 ainda pode coordenar
2, localizado na qua-
o seu crescimento
dra 43-B do de Conjunto
acordo com planos técnicos
Residencial Parigotdedeuso e ocupação
Souza, do solo,
constituído mas com a
de remanescen-
preocupação trazida pelas recentes experiências de desordenamento de seu
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas desenvolvi-
mento, conforme
estruturaismelhor analisadosua
para garantir nosobrevivência.
tópico seguinte. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes do município.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
242 __
13 Condomínios rurais irregulares

O imóvel rural teve o seu conceito definido pelo Estatuto da Terra (Lei Federal no
4.504/64), o qual, em seu artigo 4o, assim prescreve: “para os efeitos desta lei, definem-se:
I – Imóvel Rural, o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização,
que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de
plano públicos de valorização, quer através da iniciativa privada.”
O Decreto no 55.891/65 que regulamentou o Estatuto da Terra, em seu artigo 5o, re-
pete este conceito, mas explicita a expressão – “qualquer que seja a sua localização” –
acrescentando: “em perímetros urbanos, suburbanos ou rurais dos municípios”.
Conclui-se que o que caracteriza o imóvel rural é a sua destinação e não a sua locali-
zação na zona rural do município. O imóvel, tendo por destinação e objetivo a exploração
agrícola, pecuária ou agro-industrial, é rural, ainda que esteja localizado dentro do períme-
tro urbano do município.
Conseqüentemente, por interpretação a contrario sensu, será considerado urbano o i-
móvel que, ainda que localizado na zona rural, não tiver destinação agrícola, pecuária ou
agro-industrial, como, por exemplo, o sítio de recreio e os estabelecimentos comerciais ou
industriais.
Fixado o critério da destinação do imóvel, para caracterizá-lo como rural, não seria
admissível que o legislador permitisse a sua divisão em áreas incompatíveis com o seu
objetivo ou a sua destinação, isto é, que admitisse o seu fracionamento em áreas onde não
fosse possível a exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial.
Atento a esse objetivo, o Artigo 65 do Estatuto da Terra prescreveu: “o imóvel rural
não é divisível em áreas ou dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade
rural”.
Este artigo foi ampliado e complementado pelo Artigo 8o da Lei no 5.868, de 12 de
dezembro de 1972, que proibiu não somente a divisão, mas também a transmissão, a qual-
quer título, de área do imóvel rural de tamanho inferior à do módulo calculado para o
imóvel ou da fração mínima de parcelamento.
Para escapar de um certo radicalismo legal, foi promulgado o Decreto no 62.504, de 8
de abril de 1968, o qual permitiu o desmembramento de parcelas inferiores às do módulo
rural que se destinam a obras de necessidade ou utilidade pública, obras de infra-estrutura
ou atividades outras, e interesse para as comunidades, e que a execução de tais obras deve-
ria possibilitar o efetivo desenvolvimento econômico e progresso social do meio rural.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

No município de Maringá, d) ZP4:foi Horto Florestal;


constatado que proprietários de áreas rurais próximas
ao perímetro urbano da cidade, e) ZP5: Parque
no afã da Nascente
de obterem do fáceis,
lucros Ribeirãoexecutaram
Paiçandu; fracionamen-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
to e ou desmembramento deg)lotes ZP7:rurais
Parquepara formação de sítios de recreios, condomínios
do Sabiá;
rurais, hotéis fazenda ou outro tipo de empreendimento
h) ZP8: Parque Florestal Municipal que acarretou
das Perobas; aumento da densi-
dade populacional. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Esses desmembramentos j) ZP10:
foram Parque Ecológico
realizados Municipal
de forma do Guaiapó;
clandestina, uma vez que não
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
foram previamente aprovados pelosParque
l) ZP12: órgãosdocompetentes.
Cinqüentenário; Além disto, o parcelamento de
áreas rurais para fins urbanos ou de expansão urbana,
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;assim definidas por lei municipal,
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
regem-se pelas disposições do Artigo 96 do Decreto n 59.428/66 e do Artigo 53 da Lei
o

no 6.766/79, que prescrevem: o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;


p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Decreto
r) ZP18: nReserva
o 54.438/66:
da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Art. 96 –Reserva
s) ZP19: Os projetos de loteamentos
do Córrego Moscados; rurais, com vistas a urbani-
zação, industrialização e formação de sítios de recreio, para serem
Destacam-se, dentre elas, aprovados, deverão
as seguintes ser executados em área que:
áreas:
I – por suas características e pelo desenvolvimento da sede muni-
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
cipal já seja considerada urbana ou esteja incluída em planos de
Complementar nº 3.513/93,urbanização; possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto II – Residencial Parigot
seja oficialmente de Souza,
declarada zonaconstituído
de turismo de ou remanescen-
caracterizada
como de estância hidromineral ou balnearia;
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantirIII – comprovadamente
sua sobrevivência.tenha perdido
Somente nosuas
anocaracterísticas
de 2003 a área produ-
foi
tivas tornando antieconômico.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Parágrafo único. A comprovação será feita pelo proprietário ou
áreas verdes do município.
pela municipalidade em circunstanciado laudo assinado por técni-
b) Jardim Botânico: com uma área cabendo
co habilitado, de aproximadamente
ao IBRA ou ao 9 INDA,
mil m2 ,conforme
nela localizam-se
o caso, a
duas antigas lagoas constatação
de tratamento de sua
da veracidade.
Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Lei no 6.766/79:
Administração Municipal do
Art. 53 – Todasex-prefeito Jairo Gianoto,
as alterações de uso dofoisolorecebido
rural paraumfins
recurso
urba-
financeiro especialmente direcionado
nos dependerão para audiência
de prévia a implementação
do InstitutodeNacional
estruturas que
de Co-
permitissem a visitação e a recuperação
lonização florestal
e Reforma Agrária do local.doEntretanto,
– INCRA, o máximo
Órgão Metropolitano,
que se pode encontrar é uma onde
se houver, pista de caminhada
se localiza mal projetada;
o Município, uma sede da
e da aprovação utiliza-
Pre-
feitura Municipal, ou do Distrito Federal
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia quando for o caso, se-
gundo as exigências da legislação pertinente.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
O Artigo 3o da mencionada lei federal prescreve que “somente será admitido parce-
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
lamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas ou de expansão urbana, assim defi-
inda aguarda recursos financeiros.
nidas por lei municipal.” Este é o mesmo sentido dado pela Lei Municipal do Parcelamen-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
to do Solo Urbano (Lei Complementar no 344/99):
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação
Art. 1º - Estanativa que oapresentam
Lei regula parcelamentoespécies
do solo representativas
no Município da de
flora e da fauna da Maringá,
região. Essa área, reconhecida
obedecidas como parque
as demais normas federaispela Lei Comple-
e estaduais relati-
mentar nº 3.513/93, vastambém
à matéria,se encontra abandonada
especialmente e não nº
a Lei Federal possui um plano
6766/79, de
alterada
manejo. pela Lei Federal nº 9785/99, e o Decreto-Lei nº 58/37.
§ 1º Considera-se Zona Urbana, para fins de aplicação desta Lei,
aquela delimitada pela Lei dos Perímetros das Zonas Urbanas do
76 Ver comentário da nota de rodapéMunicípio.
nº 96.

__ 122
244 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

§ 2º Considera-se Zona Agrícola, para fins de aplicação desta Lei,


aquela pertencente ao Município de Maringá, localizada fora dos
limites definidos pela Lei dos Perímetros das Zonas Urbanas do
Município.
§ 3º O parcelamento do solo para fins urbanos somente será
permitido nas zonas declaradas urbanas por lei municipal e de ur-
banização específica, assim declaradas até a data de aprovação
desta Lei.
§ 4º O parcelamento da Zona Agrícola somente será permitido
para fins rurais e usos permissíveis especificados na Lei de Uso e
Ocupação do Solo.

As denúncias de parcelamento irregular em Maringá partiram do Codem (Conselho


de Desenvolvimento Econômico de Maringá), que se baseou nos pareceres da OAB e do
Procon de Maringá, além de vasta documentação colhida na mídia e em órgãos oficiais do
município.
A Comissão do Meio Ambiente e Defesa do Consumidor da OAB, Subseção de Ma-
ringá, emitiu parecer com as seguintes observações diante dos vários parcelamentos do
solo rural de Maringá:
1) trata-se de parcelamento do solo;
2) trata-se de parcelamento do solo rural do Município;
3) trata-se de parcelamento na forma de loteamento para venda de frações ideais;
4) trata-se de intenção de regularizar o loteamento mediante a formação de condo-
mínio fechado;
5) trata-se de fração ideal do solo em módulo inferior ao módulo mínimo rural para
a região;
6) trata-se de destinação parcial urbana e de recreação ao lado da destinação rural,
sem, necessariamente preponderar esta destinação;
7) trata-se de situação que implica em aumento da densidade populacional em área
com característica de expansão urbana;
8) trata-se de situação que implica alteração significativa no uso do solo, o que oca-
sionará impactos no meio ambiente, com reflexo na qualidade de vida futura dos
munícipes;
9) trata-se de situação que envolve interesses e direitos do consumidor adquirente
das frações ideais.147
De acordo com a OAB, esse problema decorreu da inexistência de uma política de
parcelamento mediante loteamento ou subdivisão para área de expansão urbana. Mesmo
existindo um Plano Diretor, este não dá resposta satisfatória, a ponto de qualificar-se co-
mo autêntica “política de desenvolvimento urbano”. A rigor, a expansão urbana de Marin-
gá teria ocorrido de forma casuística, atendendo-se mais aos interesses da iniciativa privada
do que aos da população.148

147 Informações extraídas do inquérito civil instaurado pela Promotoria de Defesa do consumidor de Maringá.
148 Informações extraídas do inquérito civil instaurado pela Promotoria de Defesa do consumidor de Maringá.

__ 245 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:que,
Além disto, a OAB entendeu Hortocom os empreendimentos, houve impacto ambien-
Florestal;
e) ZP5: Parque
tal na área. Desta forma, a viabilização dosda Nascente dorurais
condomínios Ribeirão Paiçandu;
fechados dependeria, após
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
vencidas as exigências legais específicas, da elaboração de um estudo de impacto ambiental
g) ZP7: Parque do Sabiá;
(EIA) com o respectivo relatório
h) ZP8: de impacto
Parque ao meio
Florestal ambiente
Municipal (Rima), inclusive com
das Perobas;
audiência pública, na forma i)atualmente normatizada.
ZP9: Recanto Borba Gato;
ZP10: Parqueirregulares
Portanto, para que os j)condomínios Ecológico pudessem
Municipal do
serGuaiapó;
regularizados, a OAB-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Maringá concluiu pela edição de uma lei municipal específica de regulamentação, além dos
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
imprescindíveis EIA e Rima.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Já o Procon de Maringá, que recebeu
n) ZP14: várias reclamações
Parque Alfredo de consumidores lesados
Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato
com a operação irregular do parcelamento do solo rural, emitiu parecer 76;
enumerando as
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
seguintes irregularidades dos condomínios rurais:
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
I) da compra por loteadoras (ou terceiros com interesse em lotear – pessoa física
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
ou jurídica) de áreas rurais de terceiros onde em nenhum momento foi efetivada
a escrituração
Destacam-se, dentreem nome
elas, das loteadoras;
as seguintes áreas:
a)
II) Parque
venda Ecológico
destes lotesMunicipal do Guaiapó:
(frações ideais) para os reconhecido
consumidorescomo parque pela
com contatos Lei
confec-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-
cionados e registrados em Tabelionatos de áreas não pertencentes a parte con-
dra 43-B do
tratante Conjunto pelo
(vendedora) Residencial
fato deParigot de devidamente
não estar Souza, constituído de remanescen-
escriturado em nome
tesdodamesmo
vegetação nativa. A área não
e sim em nome de terceiro; possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
III)cercada
a não pela
entrega de recibos
Prefeitura de pagamentos
de Maringá, de parcelas
numa tentativa ao contratado
de isolamento das (consumi-
principais
dor), bem como após
áreas verdes do município. a quitação total;
IV) Jardim
b) a nãoBotânico: comda
transferência uma área dedefinitiva
escritura aproximadamente 9 mil m
do lote (fração 2 , nela localizam-se
ideal) ao consumidor
duas
queantigas
cumpriu lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
sua obrigação;
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
V) a não legalização do loteamento junto aos órgãos competentes;
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
VI) financeiro
a promessa especialmente direcionado
futura dos loteadores juntopara
aosaconsumidores
implementação de estruturas
de legalização dosque
lo-
permitissem
teamentos; a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
VII) propagandas enganosas quanto a entrega dos lotes (frações ideais) asfaltados,
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
com água, luz e esgoto.149
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação
Assim foi viabilizado
sendo, também o Procon na última gestãofatos
identificou municipal, buscandograndes
que ocasionam tornar aprejuízos
área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
também para os consumidores, além daqueles acarretados ao meio ambiente. Em nenhum
inda aguarda recursos financeiros.
momento os consumidores foram informados de que estavam comprando frações ideais
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
de solo.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
Diante dessas flagrantes irregularidades e ilegalidades, o Codem enviou o material pa-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
ra a Promotoria
flora e dadefauna
Defesadado Consumidor,
região. Essa área,chefiada pelo Promotor
reconhecida como parque Joãopela
Ângelo Leonar-
Lei Comple-
di, o qualmentar
atravésnºda3.513/93, 012/98,seinstaurou
Portaria ntambém
o encontraum inquérito ecivil
abandonada nãopara apurar
possui umos fatosdee
plano
manejo.
tomar as medidas judiciais cabíveis.

149Ver
76 Ibid.
comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
246 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Com base no exposto, a principal conclusão a que se pode chegar é a de que o Poder
Executivo de Maringá contribuiu sobremaneira para o avanço das áreas irregulares questi-
onadas, já que não exerceu a competente fiscalização a que está obrigado pela Lei Munici-
pal no 44/94 (substituída pela Lei nº 344/99, similar conteúdo). Note-se que não se tratou
de um imóvel ou outro, mas sim de verdadeiros bairros urbanos, dada à proximidade do
perímetro urbano e à densidade populacional.

Lei Complementar nº 344/99


Art. 34 – O loteamento será submetido à fiscalização da Prefeitu-
ra e dos Órgãos competentes, quando da execução das obras e
serviços de infra-estrutura. [...]
[...]
§ 2o Todas as solicitações de fiscalização deverão ser atendidas,
sob pena de embargo da obra ou serviço de infra-estrutura, sem
prejuízo de outras cominações cabíveis.150

Após a notoriedade alcançada pelo fato, a Prefeitura Municipal de Maringá ainda ten-
tou tomar alguma providência, requerendo ao Juízo da Vara de Registros Públicos da
Comarca que cientificasse os Notários, Registradores e Cartórios de Títulos e Documen-
tos, para que não levassem a efeito lavraturas de escrituras públicas, registros das mesmas,
bem como os contratos particulares de compromisso de compra e venda das áreas rurais
irregulares, em face da não aprovação de loteamentos nas circunstâncias acima menciona-
das. Entretanto, essa medida ocorreu muito tardiamente.
Ainda que os “loteadores” possam ter apresentado dados falsos, também as serventi-
as extrajudiciais do Poder Judiciário atuaram irregularmente, pois o Código de Normas do
Poder Judiciário, ao estabelecer normas e procedimentos aos notários sobre a escritura de
áreas rurais, prescreve que:

11.2.16 – Ao lavrar a escritura de transmissão de parte ideal de


imóvel não fracionado de acordo com a Lei no 6.766/79 ou legis-
lação anterior, o adquirente declarará expressamente que a co-
propriedade não se destinará a formação de núcleo habitacional
(condomínio horizontal, hotel fazenda, sítio de recreio, etc.) em
desacordo com a orientação da autoridade competente ou em
burla à Lei no 6.766/79.
[...]
11.3.1 – O tabelião não poderá, sob pena de responsabilidade, no
caso de desmembramento, lavrar escrituras de parte de imóvel ru-

150 O disposto no artigo 13 da Lei Complementar nº 44/94 era de idêntico teor.

__ 247 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

ral,ZP4:
d) Horto
se a área Florestal; e a remanescente não forem iguais ou
desmembrada
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
superiores à fração mínima de parcelamento, impressa no certifi-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
cado
g) ZP7:de cadastro
Parque docorrespondente.
Sabiá;
11.3.1.1
h) ZP8: –Parque
O disposto neste
Florestal item nãodas
Municipal se Perobas;
aplica aos casos em que a
i) ZP9: Recanto
alienação Borba
se destine, Gato;
comprovadamente, à anexação a outro imó-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
vel rural confinante e desde que a área remanescente seja igual ou
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
superior
l) à fraçãodo
ZP12: Parque mínima de parcelamento.
Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Segundo o levantamento realizado
o) ZP15: pela Prefeitura
Reservas do Córrego Municipal
Borba Gato de 76
Maringá,
; apresenta-se
p) ZP16: Reserva
a seguir a relação dos 24 condomínios da Ruaidentificados
irregulares Diogo M. Esteves;
no município, de um total
de 29 lotes rurais existentes.q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Tabela 46 – Condomínios rurais irregulares de Maringá
No
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:Lote
Nome do Loteamento Gleba
01
a) Parque
Andrade
Ecológico Municipal do
10/D REM
Guaiapó: reconhecido como parque
Ribeirão Morangueiro
pela Lei
02 Complementar
Country Village nº 3.513/93, possui
16/A-2 uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-
Ribeirão Morangueiro
03 dra 43-B
Monte Alto do Conjunto Residencial 18 Parigot de Souza, constituído de remanescen-
Ribeirão Morangueiro
tes da vegetação nativa. A 19 áreaA –não possui
REM, 19-A-1,plano de A-4,
A-2, A-3, manejo e enfrenta problemas
04 Subdivisão LT. 19-A Ribeirão Morangueiro
estruturais para garantir sua e A-5
sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
05 cercada
Recanto dos pela Prefeitura de 174-A-1,
Guerreiros Maringá, A-2, A-3, A-4, A-5, A-6, A-
numa tentativa de isolamento
7, A-8 e 174-A-REM
das principais
Ribeirão Maringá

06 áreas das
Recanto verdes
Rosasdo município. 171 REM Ribeirão Maringá
07 b) Jardim
Cidade CampoBotânico: com uma150-B-REM
área de aproximadamente 9 mil m2 , Maringá
Ribeirão nela localizam-se
08 duas antigas
Portal das Torres lagoas de tratamento da
150 e 150-A-6 Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Ribeirão Maringá
09 tram-se
Recanto dois córregos que 145
Kakogawa praticamente
REM não possuem mata ciliarMaringá
Ribeirão preservada. Na
10 Administração
Lote Municipal do
120 Gl. Rib. Maringá 120 ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido
Ribeirão Maringáum recurso
11 financeiro
Chácara especialmente direcionado
Bandeirantes 119-A para a implementação Ribeirãode estruturas que
Maringá
LT. 11-6-B (REM) B1, B2, B3,
permitissem a visitação e a116-B recuperação florestal do local.Ribeirão
Entretanto,
12 REM Maringá o máximo
B4
13
que se pode encontrar é uma
Favoreto 148-D
pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Ribeirão Maringá
14
da por muito tempo pelo 148-E
Bela Vista
Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Ribeirão Maringá
15 Florestal
Projeto Vida a partir de maio de 2003;
148-F-1 e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Ribeirão Maringá
16 recuperação
Santa Maria foi viabilizado na última
148-L-REM gestão municipal, buscando
Ribeirão Maringá a área um
tornar
17 ponto
Santa de lazer e visitação para
Marina 148-S-1a REM
comunidade carente que Ribeirãovive a Maringá
sua volta, mas a-
18 inda
Ana aguarda recursos financeiros.
Rosa 149 REM Ribeirão Maringá
19 c) Portal
Parque Florestal Municipal57-C,
das Flores das 57-D
Perobas: localizado nos lotes
e 57 REM 210-A
Ribeirão e 211-A, 210
Maringá
20 e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído
LT. 23 Gl. Rib. Colombo 23 Ribeirão Colombo
2
21 Campo Dourado
de remanescentes 172, 173,
da vegetação 203-Aque
nativa REMapresentam espécies Ribeirãorepresentativas
Iguatemi da
22 Solo Rico 174 Ribeirão Iguatemi
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
23 Chácaras Centenário 148 Ribeirão Iguatemi
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
24 Monte Carmelo 212 a 213 e 221 a 225 REM Ribeirão Paissandú
manejo.
Fonte: Maringá (1998).

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
248 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A partir de julho de 1998, o processo de regularização desses condomínios passou a


ser implementado com a aprovação da Lei Complementar no 236/98, quando foram pro-
tocolados, junto à Prefeitura Municipal, 19 pedidos de regularização desse tipo de empre-
endimento.
No decorrer das negociações com os parceladores, as autoridades públicas de Marin-
gá concorreram para uma série de erros que apenas remediaram a situação, como uma
forma de amenizar os problemas causados pela má-fé de uns e omissão de outros. Neste
sentido, vários fatos importantes condicionaram os rumos do processo de regularização
desses empreendimentos, a saber:
a) a ampliação do perímetro urbano da sede municipal, através da Lei Complemen-
tar no 282/98, a qual incorporou à área urbana da Cidade de Maringá os lotea-
mentos Kakogawa, Cidade Campo, Portal das Torres e Ana Rosa, que deixaram
de ser condomínios rurais e passaram a ser projetos de subdivisão dentro da sua
malha urbana;
b) a ampliação do perímetro urbano da sede do Distrito de Iguatemi, através da Lei
Complementar no 251/98, a qual incorporou à área urbana dessa localidade os lo-
teamentos Solo Rico e Campo Dourado, que passaram a ser projetos de subdivi-
são dentro do quadro urbano daquele Distrito;
c) a transformação do núcleo rural Jardim São Domingos em área urbana elevada a
categoria de vila, através da Lei Complementar no 207/97, em virtude da qual o
loteamento Vila Rica passou a ser um projeto de subdivisão dentro da área urba-
na da referida vila;
d) a aprovação pela Câmara Municipal da Lei Complementar no 332/99, que ampli-
ou o perímetro urbano da Cidade de Maringá, através da qual o loteamento An-
drade, antes constituído por um condomínio rural, passou a ser considerado co-
mo um projeto de subdivisão dentro da malha urbana da sede municipal.
Excetuando-se os 8 loteamentos que passaram a urbanos, além do loteamento Man-
dacaru, que sempre pertenceu ao quadro urbano da cidade de Maringá, restaram 10 lotea-
mentos na área rural do Município, que ainda precisavam ser “corrigidos o quanto antes”,
e que, por força da Lei Complementar no 236/98, tinham que ser regularizados como
condomínios. Entretanto, com a aprovação da Lei Federal no 9.785/99, ficou confirmada
a total inconstitucionalidade da Lei no 236/98, uma vez que esta, indevidamente, autoriza-
va o parcelamento do solo, para fins urbanos, na zona rural.
A conclusão a que chegou o Município foi que a única maneira legal para regularizar
tais empreendimentos seria transformá-los em zonas de urbanização específica, conforme
previsto nas leis federais no 6.766/79 e no 9.785/99. Assim, foi enviada mensagem do
Poder Executivo ao Poder Legislativo com projeto de lei criando as referidas zonas, o qual
foi aprovado como Lei Complementar no 327/99.
Os condomínios foram, então, notificados para procederem a sua regularização, ten-
do-se em vista as exigências da Prefeitura Municipal:
a) a doação para o Município das áreas correspondentes ao sistema viário interno e-
xistente no empreendimento;

__ 249 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4: com
b) abertura da via paisagística Hortoa Florestal;
doação da mesma para o Município;
c) doação para o Município e) ZP5:deParque
uma áreada Nascente
destinadadoa Ribeirão Paiçandu;
equipamento comunitário; e
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
d) alteração da planta geral do empreendimento, de forma a adequá-la à estrutura
g) ZP7: Parque do Sabiá;
urbana do Município. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
A atuação do Município, i) ZP9: Recanto
a posteriori, Borba
serviu Gato; para remediar a situação que já ha-
apenas
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
via se instalado na zona rural k) de Maringá.
ZP11: ParqueSegundo
Florestalofício do IAP
Municipal das àPalmeiras;
Promotoria de Defesa
do Consumidor, por várias l)vezes, ZP12:técnicos
Parque do deste Instituto teriam alertado a Prefeitura do
Cinqüentenário;
Município de Maringá sobrem)osZP13: Parqueque
problemas da Rua Teodoro
trariam tais Negri;
condomínios, principalmente
no tocante à expansão urbana. n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
Além do mais, o IAP afirma p) ZP16: queReserva
quandodaos Ruainteressados requisitavam a anuência pa-
Diogo M. Esteves;
ra subdivisão ou parcelamento de glebas
q) ZP17: Reserva rurais, esta sóCleópatra;
do Córrego era concedida se o proprietário
ZP18: Reserva
cumprisse o prescrito na Leir)Florestal, ou seja,da instituísse
Rua Pioneira Deolinda
a reserva T. Garcia;
legal de 20%, mediante
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
averbação junto ao Cartório Imobiliário competente, e respeitasse as áreas de preservação
permanente.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Se
a) oParque
órgão Ecológico
ambiental estadual
Municipaltambém tomou reconhecido
do Guaiapó: conhecimentocomo prévio da situação,
parque pela Leia
ponto deComplementar
afirmar ter notificado a Prefeitura de Maringá, por que não
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
2 foram exigidos os
Estudos drade Impacto
43-B do Ambiental? Será que oParigot
Conjunto Residencial erro administrativo municipaldetem
de Souza, constituído o condão
remanescen-
de sobrepor-se à legislação federal e à Constituição Federal? Segundo
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas a Lei de Crimes
Ambientais (artigo 67
estruturais da Lei
para nº 9.605/98),
garantir a omissão Somente
sua sobrevivência. é considerada
no anocrimede ambiental,
2003 a área puni-
foi
do com pena de um
cercada pelaa Prefeitura
três anos, edemulta.
Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Com áreas verdes do
o aumento damunicípio.
área urbana da cidade de Maringá, o desenvolvimento urbano foi
b) Jardim
prejudicado, comBotânico:
alterações com nouma área dee aproximadamente
ambiente urbanísticas, que ainda 9 mil não
m2 , puderam
nela localizam-se
ser ple-
namente duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
quantificadas.
tram-se
Foram dois córregos
instaurados que praticamente
inquéritos policiais para não possuem
apuração dosmata
fatosciliar preservada.
referentes aos con-Na
domíniosAdministração
citados, e umaMunicipal
ação civildo ex-prefeito
pública proposta Jairo Gianoto,
pela foi recebido
Promotoria de Defesa umdo recurso
Con-
sumidor financeiro
aguarda a especialmente
finalização dosdirecionado
processos para a implementação
de regularização de estruturasrurais
dos condomínios que
permitissem
irregulares, a visitação
para que possam e a recuperação
ser avaliadas as medidas florestal do local.
que ainda Entretanto,
se mostrarem o máximo
cabíveis.
quefatos
Esses se pode
servemencontrar é uma pistacomo
para demonstrar de caminhada
a omissãomal podeprojetada;
onerar ouma meiosede utiliza-
ambiente,
da por quando
principalmente muito tempo
a agressãopeloseCorpo
mostra deirremediável.
Bombeiros, Ferindo
e que foio ocupada
princípiopela Polícia
da preven-
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área
ção, o Poder Público de Maringá ignorou o planejamento urbano, tendo seu crescimentodesmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na
vinculado aos interesses econômicos e isolados. última gestão municipal, buscando tornar a área um
pontodadeAdministração
A partir lazer e visitação do para a comunidade
Prefeito José Cláudio carente queNeto,
Pereira vive aum suanovo
volta,procedi-
mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
mento foi criado para a aprovação de novos loteamentos, havendo maior rigor quantos às
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
questões técnicas e legais. Hoje, nenhum loteamento é aprovado sem cumprir as condi-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
ções legais
de previstas pela legislação
remanescentes da vegetaçãomunicipal,
nativa além da apresentação
que apresentam de um
espécies laudo geoambien-
representativas da
tal conclusivo quanto aos impactos causados ao meio ambiente.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
As principais
mentar nº previsões
3.513/93,da lei de parcelamento
também do solo de Maringá
se encontra abandonada e não possui(Lei Complemen-
um plano de
tar nº 334/99)
manejo. são as seguintes:

Art. 5º - Nenhum parcelamento do solo para fins urbanos será


76 Ver comentário da nota de rodapépermitido:
nº 96.

__ 122
250 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de toma-


das as providências para assegurar o escoamento das águas;
II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à
saúde pública, sem que sejam previamente saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30,0% (trin-
ta por cento);
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselhem a
edificação;
V - em área de preservação ecológica, ou naquelas onde a polui-
ção impeça condições suportáveis de habitabilidade, até a sua cor-
reção;
VI - em terrenos situados nas Zonas de Proteção Ambiental, ins-
tituídas pela Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano.
Parágrafo único. É vedado desmatar ou alterar a morfologia do
terreno fora dos limites estritamente necessários à abertura das
vias de circulação, exceto mediante aprovação expressa do Poder
Executivo.
[...]
Art. 8º - São consideradas áreas de fundo de vale as localizadas
em torno das nascentes e ao longo dos cursos d’água, medidas a
partir do seu talvegue, tendo como divisa uma via paisagística.
§ 1º A distância do talvegue do curso d’água até a via paisagística
deverá ter a dimensão mínima de 60,00m (sessenta metros), aten-
dendo ao traçado das diretrizes de arruamento estabelecidas na
Lei do Sistema Viário Básico do Município.
§ 2º Deverá ser mantida como Zona de Proteção Ambiental uma
faixa com largura mínima de 30,00m (trinta metros) de cada lado
das nascentes e cursos d’água, conforme previsto na Lei de Uso e
Ocupação do Solo do Município.
[...]
Art. 10 - Nos parcelamentos do solo para fins urbanos no Muni-
cípio deverão ser previstos espaços livres de uso público e áreas
destinadas a equipamentos comunitários.
§ 1º Os espaços livres de uso público e as áreas destinadas a equi-
pamentos comunitários serão proporcionais à densidade de ocu-
pação prevista para a gleba, observados os parâmetros mínimos
abaixo discriminados:
I - 30,0% (trinta por cento) da área total do loteamento em zona
classificada na Lei de Uso e Ocupação do Solo como Zona Resi-
dencial Um - ZR1 -, sendo, no mínimo, 2,5% (dois vírgula cinco
por cento) para os espaços livres de uso público e 2,5% (dois vír-
gula cinco por cento) para as áreas destinadas a equipamentos
comunitários;
II - 35,0% (trinta e cinco por cento) da área total do loteamento
nas demais zonas tipificadas na Lei de Uso e Ocupação do Solo
como zonas residenciais, sendo, no mínimo, 5,0% (cinco por cen-
to) para os espaços livres de uso público e 5,0% (cinco por cento)
para as áreas destinadas a equipamentos comunitários.
§ 2º Poderão ser reduzidas, a critério do Chefe do Poder Executi-
vo, as exigências contidas no parágrafo anterior, nos seguintes
casos:

__ 251 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

Id) ZP4:
- em Horto
loteamentos
Florestal; industriais cujos lotes tiverem mais de
e) ZP5: Parque
15.000,00m2 (quinze
da Nascente
mil metros
do Ribeirão
quadrados);Paiçandu;
II ZP6:
f) - emBosque
qualquer dasloteamento
Grevíleas; com área líquida inferior a 40,0%
ZP7: Parque
(quarenta
g) por cento)
do Sabiá;
da área total do loteamento.
§ 3º
h) ZP8:O Poder
ParqueExecutivo
Florestal Municipal
poderá receber
das Perobas;
áreas de fundo de vale,
i) ZP9:
mas, para efeitoBorba
Recanto do cálculo
Gato; das áreas definidas no § 1.º, serão
j) ZP10: Parque
computados, no Ecológico
máximo, 25,0%
Municipal(vinte
doeGuaiapó;
cinco por cento) do to-
tal ZP11:
k) dessasParque
áreas. Florestal Municipal das Palmeiras;
§ 4º
l) ZP12:
As rótulas
Parquede dointersecção viária serão computadas na área do
Cinqüentenário;
m) ZP13:
sistema viário.
Parque da Rua Teodoro Negri;
[...]ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
n)
Art.ZP15:
o) Reservas
15 - Não será do Córrego
admitido Borba Gato76;do solo para fins ur-
o parcelamento
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo
banos na Zona Agrícola do Município. M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
§ 1º A Zona Agrícola do Município somente poderá ser parcelada
r) ZP18:
para fins Reserva da Rua agropastoril
de exploração Pioneira Deolinda
e usos T. Garcia; especifi-
permissíveis
s) ZP19:
cados na Reserva
Lei de Usodo eCórrego
Ocupação Moscados;
do Solo.
§ 2º O parcelamento da Zona Agrícola deverá obedecer ao mó-
Destacam-se, dentre elas, duloasmínimo
seguintes áreas:
estabelecido para o Município pelo Instituto Nacio-
a) Parque Ecológico nal Municipal do Guaiapó:
de Colonização e Reformareconhecido como parque pela Lei
Agrária - INCRA.
Complementar nº 3.513/93,§ 3º O parcelamento
possui umadaárea Zona deAgrícola
16.204,48 deverá
m2, atender
localizado aosna
seguin-
qua-
tes requisitos:
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
I - será registrada uma reserva florestal legal dentro do próprio
tes da vegetação nativa. imóvel, A área não possui plano
preferentemente em uma de manejo
única área,e enfrenta
previamenteproblemas
apro-
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente
vada pelo Instituto Ambiental do Paraná - IAP; no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura II - asdeestradas
Maringá, numa tentativa
de acesso às parcelasdedeverão
isolamento das principais
ter 10,00m (dez me-
tros),
áreas verdes do município. 12,00m (doze metros) ou 20,00m (vinte metros) de pista de
rolamento, conforme o carregamento
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-seda via. 2
§ 4º Não serão exigidos para os parcelamentos rurais os demais
duas antigas lagoas requisitos
de tratamento da Sanepar
previstos nesta Lei.desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente
CAPÍTULO III não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
DA INFRA-ESTRUTURA
financeiro especialmente Art. 16 direcionado
- Nos loteamentospara a eimplementação
condomínios horizontais
de estruturas para que
fins
urbanos serão obrigatórios os seguintes
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximoserviços e obras de infra-
estrutura:
que se pode encontrar é uma pistadas
I - demarcação de quadras,
caminhada malvias
lotes, projetada; uma sede
de circulação utiliza-
e demais á-
da por muito tempo reas,pelo Corpo
através de Bombeiros,
de marcos que deverão e queser foi ocupada
mantidos pelopela Polícia
parcelador
Florestal a partir deem maioperfeitas condições
de 2003; e uma até 1 (um)
imensa anodesmatada.
área após a aprovação
Um projetodo lote-de
amento; na última gestão municipal, buscando tornar a área um
recuperação foi viabilizado
II - rede de drenagem de águas pluviais, de acordo com as nor-
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
mas do órgão municipal competente;
inda aguarda recursos III financeiros.
- rede de abastecimento de água potável, de acordo com as
c) Parque Florestal Municipal
normas da das Perobas:concessionária;
respectiva localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba RibeirãoIV - redePingüim,
de coletacom de águas servidas,
área total de acordo m
de 263.438,74 com as normas
2, constituído

de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas ex-


da respectiva concessionária, ou certidão desta, dispensando da
pressamente a execução da mesma, quando do impedimento téc-
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
nico;
mentar nº 3.513/93, V também se encontra
- rede compacta abandonada
de distribuição de eenergia
não possui
elétricaume plano
de ilumi-de
manejo. nação pública, de acordo com as normas da respectiva concessio-
nária;
VI - pavimentação asfáltica das pistas de rolamento das vias de
76 Ver comentário da nota de rodapécirculação
nº 96. e de acesso, incluindo a construção de guias e sarjetas,

__ 122
252 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

de acordo com as normas do órgão municipal competente e o es-


tabelecido na Lei do Sistema Viário Básico do Município;
VII - pavimentação de passeios, segundo o modelo contido na
Lei do Sistema Viário Básico do Município;
VIII - arborização dos passeios e canteiros, com a densidade mí-
nima de uma árvore por lote, de acordo com especificação da
Prefeitura Municipal;
IX - recobrimento vegetal de cortes e taludes do terreno e prote-
ção de encostas, quando necessário, e implantação e/ou reconsti-
tuição da mata ciliar.
Parágrafo único. Quando não for possível interligar as galerias de
águas pluviais do loteamento à rede existente, será obrigatória a
execução de emissário até o curso d’água mais próximo, com dis-
sipador de energia na sua extremidade, conforme projeto aprova-
do pelo órgão competente da Prefeitura Municipal”(grifo nosso).

Constata-se que algumas leis continuam a ser aprovadas na Câmara Municipal de


forma a alterar substancialmente o Plano Diretor do Município, sem qualquer abertura de
participação popular e observância das técnicas urbanísticas. Esse é um problema que
deve ser enfrentado pelas autoridades competentes, especialmente o Ministério Público,
para garantir a defesa dos interesses de todos os cidadãos e da cidade, compreendida como
elemento fundamental para a vida social com qualidade.

__ 253 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

PÁGINA 254 – EM BRANCO

__ 254 __
14 Licenciamento ambiental

O licenciamento ambiental teve sua importância reconhecida como instrumento da


política nacional do meio ambiente, conforme dispõe a Lei 6.938/81 em seu Artigo 9o, IV.
E mais, pelo artigo 6o, VII, essa lei previu que os órgãos ou entidades municipais integra-
rão o Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente), sendo responsáveis pelo controle e
fiscalização das atividades relacionadas com o meio ambiente, em suas respectivas jurisdi-
ções.
Um caso recente e de utilidade para esta análise refere-se às obras de conclusão do
novo aeroporto de Maringá e à ausência do Relatório de Estudo de Impacto Ambiental.
As obras do novo aeroporto foram divididas em duas fases, sendo a primeira relativa à
escolha da área e às obras estruturais básicas, como pistas de pouso, pátio de estaciona-
mento dos aviões, no início de 1992, e a última referente às estruturas físicas, como a sede,
as garagens dos aviões, a partir de 1997.
Para a primeira fase, houve um estudo de viabilidade da obra, que simplesmente “de-
sapareceu” dos arquivos da Prefeitura ou do próprio Aeroporto, e teria sido dirigido à
Aeronáutica. Como não foi possível o acesso a esse relatório, não é possível conhecer os
seus resultados e conclusões.
Quanto à segunda fase, esta não teve qualquer estudo de impacto ambiental, ou
mesmo um parecer da Semma, o que demonstra a fragilidade do sistema de licenciamento
de Maringá, que não acompanha as determinações e exigências legais. Para piorar, as obras
do aeroporto novo, como a quase totalidade das obras realizadas no Município, não tive-
ram a expedição do laudo arqueológico, pelo IPHAN (Instituto do Patriônio Histórico e
Artístico Nacional), para o diagnóstico da área, de forma a localizar ou não algum sítio
arqueológico.
Hoje, anos após a inauguração da obra, alguns dos resultados da inexistência de um
planejamento e licenciamento prévio podem ser sentidos. Como exemplo, cita-se o pro-
blema da drenagem da área, completamente prejudicada pela atuação das águas na instala-
ção de um processo erosivo grave. A Administração Pública local está tentando “remedi-
ar” o problema com a construção de algumas barreiras na trajetória estabelecida pelas
águas, mas, de forma geral, todos os impactos ambientais causados pela obra não foram
completamente quantificados.
No Estado do Paraná, a competência para licenciamento de atividades potencialmen-
te poluidoras é do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), de acordo com a Lei
no 10.066/92, que criou esse órgão. Entretanto, a Constituição Federal estabeleceu a com-
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

petência concorrente dos entes d) ZP4:


estatais
Horto para a execução das normas e exigências ambien-
Florestal;
tais, além de ter igualado os e)entesZP5:federados
Parque dadiante
Nascente do Ribeirãoressalvadas
da federação, Paiçandu; as competên-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
cias exclusivas. Sendo assim, o Município, atendendo aos interesses locais e à legislação
g) ZP7: Parque do Sabiá;
ambiental complementar, poderia h) ZP8:exercer a competência
Parque Florestal do das
Municipal licenciamento
Perobas; ambiental de
forma originária no tocante i)àsZP9: obrasRecanto
ou serviços com
Borba Gato; impactos ambientais localizados.151
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Neste sentido, alguns estudiosos alegam que a previsão da Lei nº 6.938/81, referente
à competência originária dok)Estado ZP11: Parque
para o Florestal
licenciamento Municipal das Palmeiras;
ambiental, não teria sido recep-
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
cionada pela Constituição Federal:
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Art.ZP15:
o) 10 - A construção,
Reservas instalação,
do Córrego Borbaampliação
Gato76; e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves; de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; poluidores, bem como os
capazes,
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia; ambiental,
sob qualquer forma, de causar degradação
dependerão
s) ZP19: Reservade prévio licenciamento
do Córrego Moscados;do órgão estadual competen-
te, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNA-
Destacam-se, dentre elas, MA,aseseguintes
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Na-
áreas:
turais Renováveis - Ibama em caráter supletivo, sem prejuízo de
a) Parque Ecológico outras Municipal do exigíveis.
licenças Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui
§ 1° Os pedidos de umalicenciamento,
área de 16.204,48 m2, localizado
sua renovação na qua-
e a respectiva
dra 43-B do Conjunto Residencial
concessão Parigot de no
serão publicados Souza,
jornalconstituído de remanescen-
oficial do Estado, bem co-
mo em
tes da vegetação nativa. A umáreaperiódico
não possui regional
planooudelocal de grande
manejo circulação.
e enfrenta problemas
§ 2° Nos casos e prazos previstos
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 em resolução do Conama,
a áreaofoili-
cenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
do Ibama.
áreas verdes do município.
§ 3° O órgão estadual do meio ambiente e o Ibama, este em cará-
b) Jardim Botânico: com uma área poderão,
ter supletivo, de aproximadamente
se necessário 9e milsemm 2 , nela das
prejuízo localizam-se
penalida-
duas antigas lagoas des pecuniárias cabíveis,
de tratamento da Sanepar determinar a redução
desativadas. Em seu dasfundo,
atividades
encon-ge-
radoras de poluição, para manter as emissões gasosos, os efluen-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
tes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites
Administração Municipal do ex-prefeito
estipulados no licenciamento Jairo concedido.
Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado
§ 4° Compete para aBrasileiro
ao Instituto implementação de estruturas
do Meio Ambiente que
e Recur-
permitissem a visitaçãosos Naturais Renováveis
e a recuperação - Ibama
florestal o licenciamento
do local. Entretanto,previsto
o máximo no
que se pode encontrar ‘caput’ destepista
é uma artigo,
de no caso de atividades
caminhada e obras
mal projetada; umacom significati-
sede utiliza-
vo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional (grifo nos-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
so).
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação
Exercendo foi viabilizado
sua competência na última gestão
regulamentar, municipal,
o Conama, buscando
editou tornarnºa 237/97,
a Resolução área um
pontoasdedúvidas
visando sanar lazer e evisitação
conflitospara a comunidadesuscitados
de competência carente que pelavive a sua volta,
legislação mas a-e
pertinente
inda aguarda recursos financeiros.
as novas disposições constitucionais. Nessa Resolução, caberá ao órgão estatal competente
c) Parque
licenciar Florestal
as atividades Municipal daspoluidoras
potencialmente Perobas: localizado
que se instalemnos lotes 210-Adee um
em mais 211-A, 210
municí-
pio, ou eme 210-G
unidadesda Gleba Ribeirão Pingüim,
de conservação de domínio com área total
estadual, de 263.438,74
localizadas m , constituído
2
ou desenvolvidas nas
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies
florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no representativas da
artigo 2º flora
da Leie da
nº fauna
4.771, da
de região. Essa área,dereconhecida
15 de setembro 1965, e emcomo todas parque pela Lei
as que assim Comple-
forem con-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

151 Constituição Federal: Art. 18 - A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreen-
76 Ver
de comentário
a União, os da nota deo rodapé
Estados, DistritonºFederal
96. e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

__ 122
256 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

sideradas por normas federais, estaduais ou municipais, cujos impactos ambientais diretos
ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios conforme o Artigo 5o.
A competência municipal para o licenciamento ambiental foi corroborada pelo Arti-
go 6 dessa Resolução do Conama, que dispõe:
o

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos


os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distri-
to Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local
e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por ins-
trumento legal ou convênio.

Por conseguinte, o órgão ambiental municipal, integrante do Sisnama (Sistema Na-


cional do Meio Ambiente), enquanto órgão local, utilizando-se de um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente, a qual deve respeito, pode licenciar as obras de im-
pacto ambiental e local, ou então aquelas que, não se enquadrando nessas hipóteses, lhe
sejam delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.
A própria resolução criou duas condições, questionáveis quanto a sua constituciona-
lidade, para que os entes federados, inclusive os municípios, possam exercer suas compe-
tências licenciatórias sem obstáculos legais:

Art. 20 – Os entes federados, para exercerem suas competências


licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio
Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda,
possuir em seus quadros ou a sua disposição, profissionais legal-
mente habilitados.

E, como o artigo 7o dessa mesma resolução prevê que “os empreendimentos e ativi-
dades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos
artigos anteriores”, tem-se que se o Município absorver a competência de licenciar, ao
Estado competirá apenas fiscalizar. No caso de omissão do Município, pela preservação da
competência do Sistema Nacional do Meio Ambiente, caberá ao Estado atual de forma
suplementar. Com esse sistema de coordenação dos órgãos ambientais, busca-se evitar
conflitos e divergências de licenciamentos que possam ocorrer.
No caso do Município de Maringá, ainda se encontra um óbice para a sua adequação
à legislação para o exercício de sua competência licenciatória: a inexistência de um quadro
de técnicos à disposição do órgão ambiental municipal.
A Lei Complementar no 09/93 criou a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, e es-
tabeleceu, em seu Artigo 4o , VI que cabe a Semma “conceder licenças ambientais, autori-
zações e fixar limitações administrativas relativas ao meio ambiente”.
Essa lei ainda considerou o licenciamento ambiental, junto com o zoneamento, como
instrumentos da Política do Meio Ambiente de Maringá (art. 5o, V), e dispôs expressamen-
te em seu artigo 11 que:

__ 257 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4:
Art. 11 –Horto
Fica, no
Florestal;
que compete ao Município, sob controle da Se-
e) ZP5: Parque
cretaria do MeiodaAmbiente
Nascente doas Ribeirão
atividadesPaiçandu;
industriais, comerciais,
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
de prestação de serviços e outras fontes de qualquer natureza que
g) ZP7: Parque
produzam do Sabiá;
ou possam produzir alteração adversa às características
h) ZP8: Parque
do meio ambiente, Florestal Municipal
observadas das legislações
outras Perobas; de igual trata-
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
mento.
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Parágrafo
k) único –Florestal
ZP11: Parque As licenças para funcionamento
Municipal das Palmeiras; das atividades
referidas no ‘caput’ deste artigo
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário; deverão ser acompanhadas da li-
cença ambiental da Semma.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Quando o artigo descrito dispõe:
o) ZP15: no que compete
Reservas do Córregoao Município,
Borba Gatoestá76tentando
; restringir a
competência municipal parap)o ZP16: licenciamento
Reserva daapenas das atividades
Rua Diogo M. Esteves;previstas pela legislação
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
local, para não ferir a competência originária do IAP, e se escusar de possíveis responsabi-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
lidades solidárias quanto ao s) licenciamento
ZP19: Reserva oudo a sua falta. Moscados;
Córrego
Foi somente em 1998, através do Decreto n 035/98, que o Poder Público de Marin-
o

Destacam-se,
gá definiu dentre elas,
expressamente quais as atividades
seguintes áreas:
necessitam de um licenciamento prévio por
parte a)da Parque
Semma.Ecológico
Como se Municipal
verá a seguir, do asGuaiapó:
atividades reconhecido comodecreto
atingidas pelo parquequasepela não
Lei
Complementar nº
deixam margem de atuação para o IAP.3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-

dra 43-B
Apesar do Conjunto
do exposto, todo o Residencial
processo deParigot de Souza,
licenciamento constituído
ambiental criado depela
remanescen-
lei muni-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo
cipal em Maringá não passou de um engodo. Isto porque, sem serem atendidos os requisi- e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
tos legais estabelecidos pelo Conama, não há competência municipal para licenciar. No
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
caso específico, apesar da implementação do Conselho Municipal do Meio Ambiente,
áreas verdes do município.
ainda falta para a Semma a existência de um corpo técnico de profissionais legalmente
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
habilitados.
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo,continua
Portanto, a competência subsidiária para o licenciamento ambiental encon-
sendo dotram-se
Estado,dois
através do IAP.
córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
O máximo que a Lei
Administração nº 09/93doe oex-prefeito
Municipal Decreto nºJairo 035/98 conseguiram
Gianoto, criar em
foi recebido umMaringá
recurso
foi a obrigatoriedade
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturaspelos
de ser ouvida a Semma nos processos de emissão de alvará que
demais órgãos internos
permitissem da Prefeitura
a visitação Municipal, através
e a recuperação florestaldedo uma espécie
local. de parecer
Entretanto, prévio,
o máximo
que se pode
que não constitui, em encontrar é uma pista
si, juridicamente, uma de caminhada
licença mal tanto
ambiental, projetada;
que ouma sedeparecer
próprio utiliza-
da Semma da pode
por muito
concluirtempopela pelo Corpododesolicitante
exigência Bombeiros, e que foia licença
apresentar ocupadaambiental
pela Políciado
Florestal a
órgão estadual competente.partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
Com relação ao procedimento do licenciamento ambiental, atenta-se para o previsto tornar a área um
pontonode237/97
na Resolução lazer edo visitação
Conama, para
quea traz
comunidade carente
as seguintes que vive a sua volta, mas a-
definições:
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas:
Art. 1º - Para efeito destalocalizado
Resolução nos
sãolotes 210-Aaseseguintes
adotadas 211-A, 210 de-
e 210-G da Gleba Ribeirãofinições: Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2

de remanescentes da I -vegetação nativaAmbiental:


Licenciamento que apresentam espéciesadministrativo
procedimento representativaspelo da
flora e da fauna da qual região. Essa ambiental
o órgão área, reconhecida
competente como parque
licencia pela Lei Comple-
a localização, instala-
mentar nº 3.513/93, ção, ampliação
também e a operação
se encontra de empreendimentos
abandonada e não possui e atividades
um planouti- de
manejo. lizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potenci-
almente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
76 Ver comentário da nota de rodapéregulamentares
nº 96. e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

__ 122
258 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão am-


biental competente, estabelece as condições, restrições e medidas
de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreen-
dedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e
operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação am-
biental.
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos
aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação,
operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, a-
presentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais
como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preli-
minar de risco.

Com a análise integrada da Resolução no 001/86 do Conama, que tratou, em seu Ar-
tigo 2o, das atividades que dependerão de estudo de impacto ambiental e respectivo relató-
rio de impacto ambiental (Rima), a serem submetidos à aprovação do órgão ambiental
competente,152 e do Ibama em caráter supletivo, para o licenciamento, por se tratar de
atividades modificadoras do meio ambiente, tem-se que esse procedimento é um desdo-
bramento do próprio licenciamento ambiental, em que, dada a abrangência e a capacidade
de alteração ambiental da obra ou serviço, será necessário um estudo aprofundado das
variáveis, especialmente quanto ao local.
O procedimento do licenciamento deve atender à forma prescrita pelo Artigo 8o da
Resolução no 237/97 do Conama, ainda que a Lei Municipal no 09/97 e o Decreto
no 035/98 não o tenha previsto, pois em se tratando de norma federal, esta deve ser ob-
servada pela lei municipal:

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de


controle, expedirá as seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do plane-
jamento do empreendimento ou atividade aprovando sua locali-
zação e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabele-
cendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
nas próximas fases de sua implementação;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empre-
endimento ou atividade de acordo com as especificações constan-
tes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as me-
didas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual
constituem motivo determinante;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade
ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento
do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.

152 De acordo com a previsão constitucional (art. 18).

__ 259 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

d) ZP4: Horto
Parágrafo únicoFlorestal;
- As licenças ambientais poderão ser expedidas
e) ZP5:ou
isolada Parque
sucessivamente,
da Nascentede doacordo
Ribeirãocom
Paiçandu;
a natureza, caracterís-
ZP6:
ticas
f) e fase
Bosque
do empreendimento
das Grevíleas; ou atividade.
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque
Quando se analisa o procedimento deFlorestal Municipal
licenciamento das Perobas;
existente em Maringá, percebe-
se que a lei não tem sido i)devidamente ZP9: Recantocumprida.
Borba Gato; Em virtude da total falta de infra-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
estrutura da Semma de Maringá, o que se constata é que, mesmo a emissão de pareceres
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
pela Secretaria nem sempre l)obedecem ZP12: Parqueao previsto na legislação ambiental, particularmente
do Cinqüentenário;
quanto à inexistência de um m) corpo
ZP13: Parque da Rua TeodoroasNegri;
técnico que fundamente decisões.
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Como os técnicos da Secretaria que realizam as vistorias e analisam os processos de
licenciamento não possuemo)cursos ZP15:técnicos
Reservasou doespecializações
Córrego Borba na Gatoárea; ambiental, os pare-
76

p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;


ceres emitidos ainda carecemq)de maiores
ZP17: rigores
Reserva técnicos.Cleópatra;
do Córrego
Para obter-se esse parecer, deve-se primeiramente
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira conseguir
Deolindao T. laudo de viabilidade
Garcia;
de localização, de acordo com a lei Reserva
s) ZP19: de uso do e ocupação do solo (Lei no 331/99), com a
Córrego Moscados;
Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação. Se a atividade constar do Decreto no
035/98,Destacam-se,
deverá serdentre elas, as um
preenchido seguintes áreas: em que se especificarão os detalhes do
formulário
a) Parque
processo produtivoEcológico Municipal
ou funcional do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
da empresa.
Complementar nº 3.513/93,
As atividades que necessitam de um parecer possui uma área de 16.204,48
da Semma m2, localizado
estão descritas no anexo na qua-
I do
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
Decreto no 035/98, e dizem respeito, sucintamente à: extração e tratamento de minerais, de remanescen-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
indústria de produtos minerais não metálicos, indústria metalúrgica, indústria mecânica,
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
indústria de material elétrico e de comunicação, indústria de material de transporte, indús-
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
tria de madeira, indústria de mobiliário, indústria de papel e papelão, indústria de borracha,
áreas verdes do município.
indústria de perfumaria,
b) Jardim Botânico:sabões
com uma e velas,
área deindústria de couros, 9peles
aproximadamente mil m e 2produtos similares,
, nela localizam-se
indústriaduasquímica, indústria
antigas lagoas dede produtos
tratamentodedamateriais
Sanepar plásticos, indústria
desativadas. Em seudefundo, produtos ali-
encon-
mentícios, indústria de bebidas, indústria de fumo, indústrias diversas,
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na indústria de utilida-
de pública, indústria de conservação,
Administração Municipal doagricultura
ex-prefeitoe Jairo
criação animal, foi
Gianoto, indústria
recebido têxtil,
umindústria
recurso
financeiro
de editorial e gráfica,especialmente direcionadoe alimentação,
serviços de alojamento para a implementação
serviços dede estruturas
reparação, que
manu-
tenção e permitissem
conservaçãoade visitação e a recuperação
equipamentos, florestalmunicipal,
ensino público do local. Entretanto,
indústria deoprodutos
máximo
que se serviços
farmacêuticos, pode encontrar
comerciais,é uma pista de
serviços caminhada
diversos, mal projetada;
comércio atacadista,uma sede utiliza-
comércio vare-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi
jista, serviços auxiliares de atividades econômicas, serviços comunitários sociais, serviçosocupada pela Polícia
Florestal
de transportes, a partir incorporação,
comércio, de maio de 2003; e uma imensa
loteamento área desmatada.
e administração de imóveis. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Posteriormente, a Semma faz uma vistoria no local para observar a adequação da ati-
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
vidade à manutenção do equilíbrio ambiental e emite um parecer, que não possui a assina-
inda aguarda recursos financeiros.
tura dec) técnicos especializados
Parque Florestal na área
Municipal dasde licenciamento.
Perobas: localizadoEsse
nosparecer tem prazo
lotes 210-A e 211-A,de vali-
210
dade de até 02 anos, de acordo com o art. 2º, parágrafo primeiro do Decreto
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído nº
2 035/98.
Apesar da previsão doda
de remanescentes Decreto
vegetaçãonº 035/98
nativa quede Maringá,
apresentamconforme
espécies pode ser constatado
representativas da
in loco, nasflora
divisões de fiscalização e emissão de laudos de viabilidade
e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-de Maringá, a escolha
mentarque
das atividades nº deveriam
3.513/93,passar
também pelasevistoria
encontra abandonada
da Semma e não tempo
por muito possui foi umtotalmen-
plano de
manejo.
te empírica. Isto quer dizer que os funcionários responsáveis pelo encaminhamento dos
requerimentos de instalação faziam uma triagem sem critérios técnicos para a exigência do
licenciamento
76 Ver comentário ambiental, apesar
da nota de rodapé nº 96.de o disposto na legislação federal, estadual e municipal.

__ 122
260 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

A partir da Administração do Prefeito José Cláudio Pereira Neto, houve um impor-


tante incremento no rigor legal do encaminhamento do processo de emissão de pareceres
ambientais pela Semma.
Como conclusão, pode-se asseverar que Maringá ainda não possui um sistema de li-
cenciamento ambiental efetivo, pois como ocorre com a maioria das questões locais, ape-
sar de existir toda uma legislação regulamentadora, esta não é observada por negligência
do Poder Público, em todas as suas esferas federativas. No caso das questões ambientais,
o problema foi agravado pela inexistência de uma política municipal ambiental definida
por muito tempo. 153
Por fim, independentemente da emissão dos pareceres pela Semma, que, no ano de
1998 foram 170, no ano de 1999 passou para 500, e no ano de 2002 alcançou o número de
1.518 (ver tabela 52), tem-se que os laudos arqueológicos exigidos pela legislação federal, e
de competência do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), não
têm sido exigidos, ignorando-se completamente o patrimônio histórico-cultural da região.
Essa é inclusive a denúncia realizada pelo Departamento de Arqueologia da UEM,
no sentido de que as autoridades públicas de Maringá não têm qualquer conhecimento da
legislação pertinente e, portanto, não as observam. Nesse caso específico, tem-se que a
inexistência de uma estrutura ou sistema federal que represente os interesses do IPHAN
acaba sendo um dos maiores empecilhos para o cumprimento da legislação pertinente.

153 GARCIA, Júlio César. A municipalização do licenciamento ambiental: o caso de Maringá. Revista de Ciências
Jurídicas, v. 2, n. 1, p. 117-140, 2005.

__ 261 __
CAPÍTULO II DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DE MARINGÁ

PÁGINA 262 – EM BRANCO

__ 262 __
Capítulo
III
Da efetividade do Direito Ambiental
em Maringá
Foto 34 – Praça do Peladão.
PÁGINA 264– EM BRANCO

__ 264 __
1 Da efetividade do Direito Ambiental

Após a análise elaborada até o presente momento, em que se buscou integrar a visão
das ciências naturais com a regulamentação legal e jurídica do meio ambiente, uma questão
fundamental surge clamando por resposta: as normas legais criadas e mantidas pelo Direi-
to Ambiental conseguem ultrapassar a barreira do formalismo e provocar a sua efetividade
diante dos fatos?
Essa questão há muito perturba os pesquisadores do Direito, porque a efetividade da
norma é o verdadeiro sustentáculo de um sistema jurídico. É necessário verificar o pressu-
posto de que uma sociedade justa estaria realmente ordenada quando não se encontram
demandas no Poder Judiciário. Isto porque, de fato, quando uma questão chega às portas
do Judiciário, há uma controvérsia que, presumidamente, não encontrou solução e amparo
nas normas que a regulam pela sua simples observância pelas partes.
Afinal, se a Administração Pública cumprisse à risca todos os seus deveres; se o cida-
dão fiscalizasse e exigisse tal postura de seu governante; e se cada pessoa exercesse o seu
papel de respeito à legislação, e no presente caso, de respeito ao meio ambiente, não have-
ria por que exigir do Poder Judiciário o reconhecimento ou a coerção de um direito ou
obrigação. Assim, a ação judicial que visa tutelar um bem ambiental estaria certificando a
falência de um conjunto de instrumentos, mecanismos e integração das leis e normas téc-
nicas.
Todavia, se as sociedades humanas, no atual nível de evolução em que se encontram,
fossem capazes de manter a ordem e a paz, não seriam necessárias tantas leis como atual-
mente. Conclui-se que o acesso ao Poder Judiciário e a garantia de ações judiciais que
visam assegurar direitos, especialmente os fundamentais, também integram o processo de
efetividade do sistema jurídico, ainda que a posteriori.
As ações judiciais, cada vez mais, alcançam importância em uma sociedade descom-
prometida, na essência de seus atos, com os direitos em todas as suas faces, em especial os
da terceira geração154. E, nesse caso, a existência de ações civis públicas preparadas pela

154 Os direitos fundamentais, de acordo com seu conteúdo, podem ser classificados, segundo Lorenzetti, em quatro
gerações:
1a – a liberdade negativa (consagradas a partir da Declaração dos Direitos do Homem): tratam de pôr limites à ati-
vidade do Estado quando esta importa uma intromissão na vida dos indivíduos.
2a – direitos econômicos-sociais: direito ao trabalho, a uma habitação digna, à saúde. Foram incorporados através
do constitucionalismo social em meados do século. Sua característica é que traduzem obrigações de fazer ou
de dar, por parte do Estado.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

sociedade civil e também por ZP4:órgãos


d) seus Horto representativos,
Florestal; atuando tanto de forma preven-
tiva quanto na apuração e recuperaçãoe) ZP5: Parque da Nascente
de danos, podedo serRibeirão Paiçandu; de um avanço
a demonstração
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
na efetividade do Direito Ambiental, passando-se do campo ideal, para o campo da reali-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
dade. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
No caso do Brasil, observa-se ainda que
i) ZP9: Recanto nemGato;
Borba sempre o acesso à justiça garante que o
j) ZP10:
provimento final seja obtido a tempo, ou ainda que Municipal
Parque Ecológico se baseie do emGuaiapó;
fundamentos justos e
k) ZP11: Parque Florestal
coerentes. Infelizmente, o sistema processual brasileiro permanece Municipal das Palmeiras;
defasado diante da
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
realidade atual, em que os negócios jurídicos e o acompanhamento dos fatos hodiernos
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
ocorrem com extrema velocidade. n) ZP14:AlémParque da Alfredo
análise Werner
dos preceitos
Nyffeler;legais e da responsabili-
dade com que cada cidadãoo)deva ZP15:exercer em sua
Reservas vida, seja
do Córrego ela pública
Borba Gato76; ou privada, deve-se
p) ZP16: Reserva
atentar para o nível de materialização que asda inúmeras
Rua Diogopolíticas
M. Esteves;“escritas” alcançam na
realidade. q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Com efeito, os padrões, indicadores, parâmetros e limites estabelecidos por profis-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
sionais das mais diversas áreas ligadas ao Direito Ambiental para nada servirão enquanto
não existir um mecanismo
Destacam-se, capaz
dentre elas, asde tornar essas
seguintes áreas:normas efetivas, ainda que judicialmente.
Ainda há muita resistência, não
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: apenas da sociedade em geral,como
reconhecido mas também
parque e, assus-
pela Lei
tadoramente, dos profissionais operadores do Direito, sejam eles
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- advogados,
2 juizes, pro-
motores,dra procuradores,
43-B do Conjuntodesembargadores,
Residencialetc. Já ficou
Parigot clara aconstituído
de Souza, natureza revolucionária
de remanescen- do
Direito Ambiental, e é justamente por isso que essas novas idéias são
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas duramente combati-
das nos meios jurídicos,
estruturais para ora pela neofilia,
garantir ora pelo preconceito.
sua sobrevivência. Somente noPassa-seano de por2003uma fase foi
a área de
reação decercada
todos aqueles juristas, de
pela Prefeitura legisladores
Maringá, enumaadministradores
tentativa deque nunca acreditaram
isolamento que
das principais
normas editadas
áreas verdespara do
atender a interesses meramente eleitorais e decorrentes de cobranças
município.
internacionais
b) Jardimpudessem
Botânico:um com diauma
alcançar
área alguma efetividade. 9 mil m2 , nela localizam-se
de aproximadamente
E aduas
luta pelo
antigasdireito
lagoasfundamental
de tratamento do meio ambiente
da Sanepar equilibrado
desativadas. Emocorre durante
seu fundo, uma
encon-
fase em quetram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Nae
a boa-fé, a bondade, a aplicação da lei e o cumprimento ético das obrigações
responsabilidades
Administração de cada um são vistos
Municipal de maneiraJairo
do ex-prefeito pejorativa
Gianoto,pelafoisociedade.
recebido Ainda que o
um recurso
discurso financeiro
oficial seja especialmente
correto, na práticadirecionado para a implementação de estruturas quee
ganha mais quem souber “tirar melhor proveito
vantagens”, custe o que custar e para
permitissem a visitação e a recuperaçãoquem quer que seja. do
florestal Atélocal.
mesmo as autoridades
Entretanto, mais
o máximo
dignas seque vêem constrangidas
se pode encontrar em é umaaplicar
pistaadelei,caminhada
como se mal isto projetada;
fosse o errado, apesar
uma sede das
utiliza-
atrocidades cometidas por diversos poluidores.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
DarFlorestal
solução a partir
uma questão
de maiodedetamanha
2003; e complexidade
uma imensa área como a da efetividade
desmatada. do Di-
Um projeto de
reito Ambiental
recuperação não foi
é eviabilizado
nem poderia ser o objetivo
na última deste estudo.
gestão municipal, No entanto,
buscando tornar a algumas
área um
questões ponto
já soam declaras
lazer eneste sentido,
visitação paracomo, por exemplo,
a comunidade a necessidade
carente que vive a de suaplanos e polí-
volta, mas a-
ticas holísticas e integradas
inda aguarda na esfera
recursos governamental, bem como a educação ambiental em
financeiros.
todosc)osParque
níveis Florestal
possíveis Municipal
e imagináveis da sociedade.
das Perobas: Isto porque
localizado nos lotesa 210-A
educação ambiental
e 211-A, 210
não visa eapenas informar o cidadão, mas sensibilizá-lo para as questões
210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído ambientais,
2 con-
vergindode para ações concretas.
remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
3 – qualidade de vida: surgem como resposta ao problema da contaminação de liberdade. Trata-se dos direitos ‘difu-
a

manejo.
sos’, que interessam à comunidade como tal, sem que exista uma titularidade individual determinada.
4a – direito de ser diferente: Surgem de um processo de diferenciação de um indivíduo em relação ao outro. Trata-
se de questões tais como o direito à homossexualidade, à troca de sexo, ao aborto, a recusar tratamentos mé-
dicos que levem á morte. LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do direito privado. São Paulo: R. dos Tri-
76 Ver comentário da nota
bunais, 1998. de rodapé nº 96.
p. 153-154.

__ 122
266 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A participação da sociedade deve existir e isto pode ser realizado pelas audiências
públicas, ou ainda, pelos Conselhos representativos com funções não apenas consultivas,
mas principalmente deliberativas.
O importante é participar, sair da passividade de quem assiste o seu quintal e o seu
futuro serem extintos, ora por ignorância, ora por deliberada má-fé. O exercício da cida-
dania é a grande chave para a mudança dos paradigmas degradantes da humanidade. Nun-
ca houve tanta liberdade na história deste planeta e deste país para que o povo e as consci-
ências de bem pudessem ser ouvidas.
Recentemente, o Direito Ambiental entrou em uma fase, rumo a sua efetividade, em
que as regras ambientais passam a constituir um microssistema jurídico especial. Este vem a
ser, resumidamente, um pequeno sistema fundamentado em garantias constitucionais
(como o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a sadia qualidade de vida e a preser-
vação dos processos ecológicos essenciais), que transita por todos os ramos do direito
considerados úteis para o alcance de sua finalidade. Assim, o microssistema da tutela dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, quando objetiva a proteção do meio
ambiente, passa a adotar normas administrativas, penais, cíveis, trabalhistas, tributárias,
etc., de tal sorte que todo um mecanismo integrado atue em uma única direção.
Para tanto, vários órgãos são constituídos e acionados para a execução e implementa-
ção desse microssistema, além do que várias ferramentas tornam-se úteis e, são acrescidas ao
mecanismo. Dentre elas, destacam-se os meios processuais, o arcabouço administrativo e
a criminalização das condutas.
O direito constitucional de petição mostra-se como verdadeiro respaldo à garantia do
Direito e da democracia. A obrigatoriedade do EIA/Rima, em casos de potencial degrada-
ção ambiental, revela-se um poderoso instrumento de participação social, embora esteja
constantemente desgastado e ridicularizado pela postura dos obrigados e do Poder Públi-
co.
Há, ainda, a possibilidade da constituição de Fundos do Meio Ambiente, em que
qualquer um do povo poderia apresentar projetos com objetivos ambientais, que seriam
avaliados pela direção do Conselho Gestor, liberando recursos para as suas concretizações.
A participação e atuação conjunta ou associada das diversas partes interessadas, em
especial do Poder Público, da sociedade organizada e do Ministério Público, é a chave para
que o poluidor faça parte desse grande desafio que é a mudança da cultura da utilização
irracional dos recursos naturais e a total irresponsabilidade de todos.

__ 267 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 268– EM BRANCO

__ 268 __
2 Educação ambiental

A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu a Política Nacional de Educação


Ambiental, permitiu ao Brasil novas diretrizes na efetivação da educação ambiental em seu
território. Essa lei apenas regulamentou a exigência da Constituição Federal, em seu artigo
225, § 1o, VI, que incumbiu ao Poder Público “promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.”
De acordo com a Lei no 9.975/99, a educação é considerada essencial no processo
educativo nacional:

Art. 1º - Entende-se por educação ambiental os processos por


meio dos quais o indivíduo e a coletividade constróem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências vol-
tadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilida-
de.
Art. 2º. A educação ambiental é um componente essencial e per-
manente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educa-
tivo, em caráter formal e não-formal.

O que é importante frisar quanto à educação ambiental, é seu papel fundamental no


processo de preservação da natureza, pois essa ação só é obtida pela população quando
assentada em um forte processo educativo.
A principal função da educação ambiental é a mudança de paradigmas que permane-
cem arraigados há séculos. Um deles é o da propriedade com características absolutistas,
que passa a ter uma função socio-ambiental garantida por lei. Todo processo de mudança de
paradigmas oferece grande resistência que só pode ser superada com ações reiteradas e
persistentes, em especial pelo grande motivador que é o Poder Público.
Para tanto, a lei que estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental utilizou-
se de uma visão arrojada e contemporânea do meio ambiente, de forma não-reducionista.
Com efeito, dispõe a lei que é princípio básico da Educação Ambiental “a concepção do
meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o
sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”; e isto na escala local,
regional, nacional e global (Art. 4).
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A grande justificativa da ZP4: Horto


d) educação ambiental
Florestal;nos ensinos básicos se encontra no fato
de que a juventude é muitoe)mais ZP5:acessível
Parque da àsNascente
novidades dotrazidas
Ribeirãopelos
Paiçandu;
novos paradigmas
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
ambientalistas, sem oferecer grandes resistências aos novos hábitos, até mesmo porque
g) ZP7: Parque do Sabiá;
estão criando atitudes justamente h) ZP8: emParque
seu processo
FlorestaldeMunicipal
formação. das Perobas;
Ao mesmo tempo, e em sentido inverso,
i) ZP9: Recanto Borba Gato; a população mais velha, que atua como
j) ZP10: Parque Ecológico
principal agente de mudanças no presente, apresenta grande dificuldade Municipal do Guaiapó;para compreender
k) ZP11:
as novas necessidades de conduta diante das velhas relações comPalmeiras;
Parque Florestal Municipal das o meio ambiente. Mas
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
nem por isso essa faixa da população deve estar à margem do processo de educação ambi-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
ental. Muito pelo contrário, n) é justamente
ZP14: Parque ela Alfredo
que deve ser atualizada
Werner Nyffeler;com vistas não apenas
a sua melhor qualidade de vida, mas,Reservas
o) ZP15: principalmente,
do Córrego paraBorba
garantir
Gatoque
76; as novas e futuras

gerações tenham como aplicar p) ZP16: Reserva da Rua Diogo


os conhecimentos M. Esteves;
ambientalistas que estão aprendendo
hoje. q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Nenhum sistema pedagógico, por melhor que seja elaborado, é criado à prova de fa-
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
lhas. Neste sentido, fica o questionamento acerca do que fazer quando a educação ambi-
ental Destacam-se,
formal falhar. dentre
Mesmoelas, queasa seguintes
grande parte da população esteja em um papel de vítima
áreas:
inconsciente, diante de diversos problemas simultâneos
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido e complexos,comonãoparque
se podepelanegar
Lei
que a comunidade atua com grande parcela de culpa nesses processos,
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2 seja contribuindo
diretamente dra para
43-Bado poluição
Conjunto (adquirindo
Residencial produtos
Parigotanti-ecológicos, não separando
de Souza, constituído o lixo ou
de remanescen-
jogando-o nas vias públicas, etc.), seja atuando de forma passiva diante
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas daqueles que polu-
em ou que possuampara
estruturais o dever de atuar
garantir contra a degradação
sua sobrevivência. Somente ambiental
no ano(inutilização
de 2003 a da áreacida-
foi
dania). cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Com relação
áreas verdesàqueles para os quais a educação ambiental, presumidamente, não fun-
do município.
cionaria, existemBotânico:
b) Jardim os meioscom coercitivos
uma área próprios do poder de polícia
de aproximadamente 9 mil do
m2 Estado que seriam
, nela localizam-se
a melhorduas solução. Multas,
antigas lagoasinterdições
de tratamento e penalidades
da Sanepar severas já existem
desativadas. Emeseu podem serencon-
fundo, atuali-
zadas, visando garantir o ajustamento da conduta do particular às
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Nanecessidades coletivas,
em que pese à proteção ambiental.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
Aosfinanceiro
infratores especialmente
ambientais voluntários
direcionadoe relutantes, as sanções administrativas,
para a implementação de estruturas civis
quee
penais são os melhores meios de garantir sua colaboração na preservação
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo ambiental, eo
único problema para encontrar
que se pode alcançar esseé uma resultado
pista deestá na omissão
caminhada da Administração
mal projetada; uma sedePública,
utiliza-
legalmente munida do poder de polícia. Muitos remédios legais e
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia jurídicos estão disponí-
veis paraFlorestal
que a população
a partir de exija o cumprimento
maio de 2003; e uma desses deveres,
imensa área como ação civil
desmatada. Um pública
projeto edea
ação popular.
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
A educação ambiental materializa-se em vários níveis e de diferentes formas. Entre
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
elas, citam-se as campanhas realizadas pelo Poder Público e pelas associações da sociedade
inda aguarda recursos financeiros.
organizada, que possuem um alcance de massa, mesmo que de forma relativa, à proporção
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
que não permitem a avaliação eficaz de seus resultados. E, de outro lado, a educação am-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
biental inserida na educação formal, conforme preconiza a Lei no 9.795/99.
de remanescentes
A educação ambientaldanovegetação
ensino de nativa que apresentam
primeiro grau centra-seespécies representativas
principalmente no de-da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
senvolvimento de valores, atitudes e posturas éticas, e no domínio de procedimentos, mais
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
do que na aprendizagem de conceitos, uma vez que vários dos conceitos em que o profes-
manejo.
sor se baseará para tratar dos assuntos ambientais, pertencem às áreas disciplinares.
Por outro lado, pela própria natureza da temática ambiental, existe a dificuldade de
serVereleita
76 uma dagama
comentário derodapé
nota de conteúdos
nº 96. que contemple de forma satisfatória as exigências e a

__ 122
270 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

diversidade que compõem a realidade ambiental brasileira. Mais do que um elenco de


conteúdos, o tema Meio Ambiente consiste em oferecer aos alunos instrumentos que lhes
possibilitem posicionar-se em relação às questões ambientais.
Com base nisso, o MEC fez a seleção dos conteúdos, nos seguintes critérios:

a) importância dos conteúdos para uma visão integrada da realidade, especialmente


sob o ponto de vista socioambiental;
b) capacidade de apreensão e necessidade de introdução de hábitos e atitudes já no
estágio de desenvolvimento em que se encontram;
c) possibilidade de desenvolvimento de procedimentos e valores básicos para o e-
xercício pleno da cidadania.155
Os conteúdos foram reunidos em três blocos gerais:
a) Os ciclos da natureza;
b) Sociedade e meio ambiente;
c) Manejo e conservação ambiental.

A Lei no 9.795/99 deixa muito clara a sua abrangência quando na sua Seção II, Art.
9o dispõe que:

Art. 9o - Entende-se por educação ambiental na educação escolar


a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensi-
no públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.

Neste sentido, será analisada a situação atual da educação ambiental no Município de


Maringá diante da rede municipal de ensino, da rede particular de escolas, e através do
levantamento do ensino do Direito Ambiental nas Faculdades de Direito do Município.

2.1 Escolas públicas

Na tabela 47, estão dados colhidos pelo Censo Escolar de 1997 no Município de Ma-
ringá, que demonstram a atual situação do ensino público no Município.

155 Disponível em: <http://www.sf.dfis.furg.br/mea/remea/index.htm>.

__ 271 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Tabela 47 - Estabelecimentos
d) ZP4: HortodeFlorestal;
ensino da rede municipal de Maringá
e) ZP5: Parque da Nascente
Especificações do Ribeirão Paiçandu;Estadual
Municipal
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
N.º de escolas 38 39
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Quantidade de alunos 14.455
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas; 46.254
Educação infantil i) ZP9: Recanto Borba Gato; 1.674 621
Ensino fundamental j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
12.681 do Guaiapó; 27.195
Ensino médio
k) ZP11: Parque Florestal Municipal
-
das Palmeiras; 10.871
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Especial 100 Negri;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro 551
Supletivo 1º e 2º graus n) ZP14: Parque Alfredo Werner - Nyffeler; 7.016
Pré – vestibular o) ZP15: Reservas do Córrego- Borba Gato76; -
Fonte:Maringá (1997 – 2003). p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
ZP18: Reserva
Conforme os dados dar)Secretaria da Rua Pioneira
de Educação Deolinda
de Maringá, T. Garcia;
as escolas municipais têm
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
trabalhado a educação ambiental dentro do currículo existente, ou seja, não existe uma
disciplina específica para tratar do tema. Assim como assuntos de higiene pessoal e educa-
Destacam-se,
ção sexual, a educação dentre elas, as éseguintes
ambiental inserida áreas:
em diversos conceitos, nas disciplinas de Ciên-
a) Parque
cias, História, Ecológico
Língua Municipal
Portuguesa do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
e Geografia.
UmaComplementar nº 3.513/93,apresentadas
das maiores deficiências possui uma áreapela de 16.204,48
rede municipalm2,delocalizado
Maringá na estáqua-
na
falta de programas
dra 43-B doe projetos
Conjuntoque envolvamParigot
Residencial os alunos em ações
de Souza, ambientais.
constituído Não há um
de remanescen-
aproveitamento das áreas nativa.
tes da vegetação verdes A doárea
Município paraplano
não possui passeios educativos
de manejo que visem
e enfrenta estabe-
problemas
lecer umaestruturais
relação ente os alunos e a natureza, que se apresenta como
para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi o melhor meio de
sensibilizar as pessoas quanto à importância do meio ambiente para a garantia da qualidade
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
vida.
áreas
Ainda verdes
assim, do município.
a Secretaria de Educação entende que o sistema adotado atualmente
tem-se mostrado eficiente,com
b) Jardim Botânico: uma área
à medida que de aproximadamente
a conscientização 9 mil mé2 muito
ambiental , nela localizam-se
mais ampla,
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em
ultrapassando os limites de atuação das escolas e dos professores. Isto porque a problemá- seu fundo, encon-
tram-se
tica ambiental dois córregos
envolve que epraticamente
a sociedade a família dosnão possuem
alunos, de talmata
modo ciliar
quepreservada. Na
se as institui-
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi
ções fundamentais da sociedade não estiverem voltadas à preservação ambiental, a educa- recebido um recurso
ção formalfinanceiro
dificilmenteespecialmente direcionado aos
conseguirá sobrepor-se parainteresses
a implementação de estruturas que
dos estudantes.
É aqui que se pode perceber como a questão ambiental está diretamenteo ligada
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, máximo às
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada;
questões econômicas e sociais, e de que maneira a educação dos adultos mostra-se impor- uma sede utiliza-
da porcomplementar
tante e mesmo muito tempo àpelo Corpoàsdecrianças
educação Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
e aos jovens.
O Município
Florestal ade Maringá
partir de maionecessita
de 2003; urgentemente
e uma imensa de área
projetos que atuem
desmatada. Um nessa
projetolinha
de
de ações,recuperação
integrandofoi a educação
viabilizadoescolar
na últimaà educação familiar. buscando
gestão municipal, As instituições
tornar de ensino
a área um
superior ponto
poderiam fornecer
de lazer materialpara
e visitação humano capacitado,
a comunidade através
carente devive
que cursos
a sualigados
volta,aomas
meioa-
ambiente,inda
principalmente pelas atividades
aguarda recursos financeiros. de extensão praticamente inutilizadas no sistema
atualmente adotado. Ademais, parcerias poderiam ser realizadas com as escolas municipais
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e com a Administração do Município para viabilizar campanhas e ações efetivas, como
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
limpeza de parques e praças, coleta seletiva do lixo, dentre outras.
de remanescentes
O que se pode constatar da vegetação nativa que apresentam
é que as instituições espécies com
de ensino superior, representativas
ênfase paradaa
UEM, aindafloraproduzem
e da faunamuita
da região.
teoriaEssa área,prática.
e pouca reconhecida
Muitascomo
tesesparque
e estudos pelaapontam
Lei Comple-para
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
os problemas ambientais de Maringá, mas quando um órgão público como a Promotoria
manejo.
Ambiental de Maringá ou a Secretaria de Meio Ambiente de Maringá precisam de laudos e
estudos da Universidade, ficam à mercê da burocracia e da falta de vontade dos órgãos
internos, sem se
76 Ver comentário da levar
nota deem conta
rodapé a incomunicabilidade entre esses órgãos.
nº 96.

__ 122
272 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Mesmo na área da educação ambiental é possível encontrar teses específicas sobre o


tema, nos departamentos de Biologia, Pedagogia e Zootecnia, mas que acabam sempre no
papel, sem qualquer aplicação prática.
Não se pretende, com essas críticas, imputar a responsabilidade pela educação ambi-
ental de Maringá à UEM ou às demais instituições de ensino superior, mas apenas de-
monstrar como uma entidade que absorve tantos recursos públicos tem devolvido muito
pouco à comunidade que a financia, ainda que indiretamente, omitindo-se de sua respon-
sabilidade social.
As escolas estaduais têm-se mostrado mais despertas para os programas de educação
ambiental, tendo participado de visitas aos fundos de vale de Maringá, constatando, in loco
as agressões ao meio ambiente e a responsabilidade do poder público municipal. Algumas
atividades têm sido desenvolvidas por iniciativa de alguns colégios, professores ou alunos.
A Prefeitura Municipal de Maringá informa que os investimentos na área da educa-
ção municipal têm seguido à risca a previsão constitucional do Artigo 212, que vincula
25% do orçamento municipal à educação e à manutenção das escolas.
Percebe-se que mesmo que a quantia ainda não seja ideal para uma área de tamanha
importância para o desenvolvimento do país, a questão dos recursos financeiros não pode
ser tomada como a maior causa da inviabilidade das medidas concretas na área da educa-
ção ambiental de Maringá.
A cidade apresenta inúmeras áreas públicas que poderiam estar sendo utilizadas pela
rede municipal (o que se percebe é que a rede particular utiliza-se muito mais dessas áreas,
sendo que até mesmo escolas do estado de São Paulo têm visitado o Parque do Ingá),
além da possibilidade de programas que instituam parceira entre as escolas e a Prefeitura,
como, por exemplo, a adoção de árvores, fundos de vales, parques, etc. Esta seria uma
forma de ajudar a manutenção do meio ambiente, aproveitando-se essa atividade no currí-
culo ambiental.

2.2 Escolas particulares

Conforme se depreende da tabela a seguir, a rede escolar particular de Maringá pos-


sui um número bastante expressivo de alunos:

Tabela 48 – Rede de ensino particular de Maringá


Especificações Particular
Nº de escolas 19
Quantidade de alunos 15.230
Educação infantil 1.798
Ensino fundamental 7.850
Ensino médio 3.351
Especial -
Supletivo 1º e 2º graus 378
Pré – vestibular 1.853
Fonte: Maringá (1997 – 2003).

__ 273 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A grande diferença qued)seZP4: podeHorto


constatar entre as redes de ensino particular e públi-
Florestal;
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
ca, decorre, basicamente, dos recursos disponíveis para o investimento direto na educação
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
dos alunos, fato compreensível g) ZP7:a medida
Parque do queSabiá;
o Estado encontra-se oficialmente falido,
h) ZP8: Parque Florestal
distribuindo migalhas financeiras nas áreas fundamentais Municipal das Perobas;
de interesse público, como saú-
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
de, educação e meio ambiente. j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k)
Independentemente da questão ZP11: Parque Florestal
financeira, Municipal
percebe-se quedas
as Palmeiras;
escolas e colégios parti-
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
culares possuem muito maism) atividades
ZP13: Parquevoltadas à área
da Rua ambiental.
Teodoro Negri;Mas, ainda assim, a edu-
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
cação ambiental permanece dispersa nas disciplinas do currículo, até mesmo porque a Lei
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
nº 9.795/99 previu expressamente p) ZP16: essa formadadeRua
Reserva trabalho,
Diogo em seu Artigo 10, § 1º:
M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18:
Art. 10 - Reserva
A educação da Rua Pioneira
ambiental Deolinda
será T. Garcia;
desenvolvida como uma prá-
s) ZP19:
tica Reserva
educativa do Córrego
integrada, Moscados;
contínua e permanente em todos os ní-
veis e modalidades do ensino formal.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
a) Parque Ecológico §Municipal1º A educação ambientalreconhecido
do Guaiapó: não deve ser como
implantada como
parque peladisci-
Lei
plina específica no currículo de ensino.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-2
§ 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer
tes da vegetação nativa. A áreaé não
necessário, possui
facultada plano de
a criação de manejo
disciplinae específica.
enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Cabecercada pela Prefeitura
uma crítica de Maringá, numa
a esse posicionamento tentativa
da Política de isolamento
Nacional da Educação das principais
Ambien-
áreas verdes do município.
tal, pois, sabendo-se que o Brasil é um país no qual algumas leis "pegam" e outras não, a
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
lei deveria apenas aconselhar a não-criação de uma disciplina específica de Educação Am-
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
biental, mas não dois
tram-se deveria vetar aque
córregos sua praticamente
criação, pois, nãona presença
possuemdemata omissões ou resistências,
ciliar preservada. Na
é obvio que é melhor a existência
Administração Municipal de,do pelo menos Jairo
ex-prefeito um espaço
Gianoto,garantido de Educação
foi recebido Am-
um recurso
biental nafinanceiro
forma de especialmente
uma disciplina, direcionado
que não haver para a implementação de estruturas que
nada.
De forma geral, em Maringá os colégios particularesdopossuem
permitissem a visitação e a recuperação florestal local. Entretanto,
sistemas deo trabalho
máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
em que a educação ambiental não fica restrita às salas de aula. Além de programas inter-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
nos, como a coleta
Florestal seletiva
a partir de do
maiolixo,
de visando
2003; e umaà reciclagem
imensa áreadosdesmatada.
resíduos produzidos
Um projetopelade
escola, hárecuperação
alguns projetos que incluem
foi viabilizado visitações
na última gestãoàsmunicipal,
áreas de interesse
buscandoecológico, trilhas
tornar a área um
ponto
ecológicas, etc. de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda
Percebe-seaguarda recursos
que tanto financeiros.
na rede municipal quanto na rede particular existem algumas a-
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
tividades exemplares. Ao mesmo tempo, a rede particular mostra-se mais preparada para
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
atuar na educação ambiental,
de remanescentes daapesar de a nativa
vegetação questão não
que ser meramente
apresentam econômica.
espécies representativas da
Porflora
fim, ehádaomissão
fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pelaosLei
da Administração Pública Local, que não insere alunos
Comple-das
escolas domentar nº 3.513/93,
município também
em projetos que se encontra
visem abandonada
preservar e não
e recuperar possui
o meio um plano
ambiente, de
inte-
manejo.
grando a ação popular com a educação ambiental, que, acima de tudo, também é dever do
Poder Público.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
274 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

2.3 Instituições de Ensino Superior

A Portaria no 1.886/94 do Ministério da Educação exige um currículo mínimo do


curso de Direito para as instituições de ensino superior, e maior parte das Universidades e
Faculdades têm se baseado nessa regulamentação para elaborar seus currículos, economi-
zando ao máximo, mantendo sua regularidade diante das exigências do MEC.
Como o MEC não exige que a disciplina de Direito Ambiental seja ministrada de
forma autônoma, ela dificilmente aparece nos cursos de Direito das instituições superiores,
salvo naquelas mais estruturadas e que se mantêm constantemente atualizadas.
Com efeito, a Portaria no 1.886/94 do Ministério da Educação, prevê em seu Art. 6o,
parágrafo único, que “as demais matérias e novos direitos serão incluídos nas disciplinas
em que se desdobrar o currículo pleno de cada curso, de acordo com suas peculiaridades e
com observância de interdisciplinaridade.”
Ao mesmo tempo, a lei que estabeleceu a Política Nacional da Educação Ambiental
(Lei no 9.795/99), exige que os cursos do ensino superior (principalmente as licenciaturas
e as pós-graduações formadoras de professores) revisem os seus currículos para fazer com
que o elo transversal da Educação Ambiental os permeie, enriquecendo-os. O Artigo 11
estipula que “a dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professo-
res, em todos os níveis e em todas as disciplinas.”
Em Maringá, existem quatro cursos de Direito reconhecidos, ministrados pelas insti-
tuições: Universidade Estadual de Maringá, Cesumar, Faculdades Nobel e Faculdades
Maringá. Além destas, a Unifamma está iniciando a primeira turma de seu recém-
autorizado curso de Direito, e a FCV está pleiteando junto ao MEC a autorização para dar
início ao seu curso de Direito.
O curso de Direito da UEM foi implantado em 1966. Seu funcionamento se deu
primeiramente nas instalações do Colégio Marista e depois no Colégio Estadual Dr. Gas-
tão Vidigal, Colégio Regina Mundi, Instituto de Educação Estadual e, a partir do segundo
semestre de 1974, em caráter definitivo, no câmpus da UEM.
O primeiro vestibular foi realizado em 1966 e a primeira solenidade de formatura em
1971. Até o primeiro semestre de 1991, foram diplomados 1344 alunos. O reconhecimen-
to do curso se deu em 1971, pelo Decreto nº 68.356.156
Hoje, a UEM possui não apenas um curso de graduação em Direito, mas também
um mestrado com concentração em Direitos Difusos e Coletivos, com subáreas em Direi-
to Civil ou Direito Penal. No mestrado, o Direito Ambiental tem sido abordado junto à
disciplina de “Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos”, que engloba tam-
bém o Direito do Consumidor, da Criança, do Adolescente e dos Idosos, entre outros.

156 Disponível em: <http://www.pen.uem.br/cursos/dir.htm>. Acesso em: 15 maio 2005.

__ 275 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

O curso de graduação d) emZP4:


Direito
HortodaFlorestal;
UEM possui, aproximadamente, 800 alunos a-
nualmente, que contam come)um ZP5: Parque da
currículo Nascente
bastante do Ribeirão
modificado nosPaiçandu;
últimos anos. A prin-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
cípio, havia uma disciplina específica para o Direito Ambiental, ensinada em dois semes-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
tres. Posteriormente, aboliu-se a disciplina
h) ZP8: do currículo,
Parque Florestal integrando-a
Municipal das Perobas;à disciplina de Dire-
to Civil IV. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
Atualmente, o currículoj) ZP10: passouParque
por uma Ecológico
reavaliaçãoMunicipal do Guaiapó;
da questão pelos professores de
k) ZP11:
Direito da Universidade, e a partir de 2005 a disciplina retornou Palmeiras;
Parque Florestal Municipal das definitivamente para o
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
currículo.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
O Cesumar foi inaugurado em Parque
n) ZP14: 1990. AAlfredo
Instituição
Werner conta com mais de 17 cursos de
Nyffeler;
graduação e aproximadamente 6.304 Reservas
o) ZP15: alunos. O docurso
Córregode Borba
DireitoGato
foi 76adotado
; pela institui-
ção a partir de 1994, com seu p) ZP16: Reserva da em
reconhecimento Rua1999,
Diogocontando
M. Esteves;
com aproximadamente
937 alunos. q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
O Direito Ambiental, na grade curricular do curso de Direito do Cesumar, também
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
não constitui uma disciplina autônoma. A matéria é ensinada dentro de outras disciplinas
que possuam alguma
Destacam-se, conexão,
dentre elas, asprocurando-se
seguintes áreas: demonstrar seus conceitos através das mu-
danças paradigmáticas. Apesar da possibilidade
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: da introdução
reconhecidodessacomo
disciplinaparqueno currículo
pela Lei
de 2007, Complementar
não há qualquernºgarantia dessa alteração.
3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-
2

A Faculdade
dra 43-B do Maringá possui
Conjunto 6 cursos de
Residencial graduação
Parigot e foi inaugurada
de Souza, constituídoem de1998.
remanescen-
O curso de Direito, possui uma média de 900 alunos,
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrentadivididos entre o primeiro eo
problemas
quinto ano, e o seu para
estruturais reconhecimento,
garantir sua solicitado
sobrevivência.ao MEC em 2003,
Somente no ano foi derealizado
2003 aem 2005.
área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
O Direito Ambiental começou a ser ensinado a partir da primeira turma do quinto ano do das principais
áreasoverdes
curso, desde segundo do semestre
município. de 2003, junto com o Direito Agrário, contando com 80
horas aula para cada área. com uma área de aproximadamente 9 mil m , nela localizam-se
b) Jardim Botânico: 2

duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-


O curso de Direito das Faculdades Nobel também possui a disciplina de Direito
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Ambiental em sua grade, contando com 70 h/a e ministrada no quinto ano. Além desta
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
disciplina,financeiro
a Faculdade também inseriu
especialmente a disciplina
direcionado paradeaDireitos Difusos, que
implementação faz uma abor-
de estruturas que
dagem introdutória
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,o oensino
à teoria geral dos direitos coletivos que se relaciona com máximodo
Direito Ambiental.
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito
A Unifamma tempo Metropolitana
(Faculdade pelo Corpo dedeBombeiros,
Maringá), além e quedefoidiversos
ocupada pela na
cursos Polícia
área
Florestal
das Ciências a partir
Sociais, de maio
obteve de 2003;dae uma
a aprovação aberturaimensade área desmatada.
um novo curso Um projetoem
de Direito de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal,
Maringá mediante a Portaria do MEC nº 694 de 02 de março de 2005, com previsão de buscando tornar a área um
100 alunosponto
por de lazerAe disciplina
turma. visitação para a comunidade
de Direito Ambiental carente quedavive
consta grade a sua volta, mas
curricular a-
e está
inda aguarda recursos financeiros.
inserida no sétimo período, como total de 40 h/a.
c) recém
A Parquecriada
Florestal Municipal
Faculdade Cidadedas Verde
Perobas: localizado
(FCU) também nosestá
lotes 210-A
atenta às enecessidades
211-A, 210
e 210-G
do mercado. da Gleba
A direção Ribeirão
da FCV Pingüim,junto
protocolou, com área total de 263.438,74
ao Ministério da Educação, m , constituído
2
um pedido
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies
de abertura do 6º curso de Direito de Maringá. Além de contar com uma disciplina especí- representativas da
flora e da
fica de Direito fauna da oregião.
Ambiental, cursoEssa
tambémárea, será
reconhecida
voltado comopara os parque pela Lei Comple-
agronegócios, visando
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada
atender às necessidades da região. Até o segundo semestre de 2005, a Faculdade e não possui umaguardava
plano de
um parecermanejo.
do MEC, que depende de uma série de avaliações.
Já não se pode negar a importância que o Direito Ambiental assumiu nas relações ju-
rídicas em geral.
76 Ver comentário Em dequaisquer
da nota contratos de grande porte, seja entre particulares ou com o
rodapé nº 96.

__ 122
276 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

poder público, deverá existir alguma cláusula que possa, direta ou indiretamente, estar
relacionada com o meio ambiente. A exigência constitucional de EIA/Rima para obras de
potencial degradação ambiental, as exigências do mercado (ISO 14.000), o passivo ambi-
ental nas negociações econômicas, os crimes ambientais, o aumento gradativo e rigoroso
da fiscalização ambiental, os novos conceitos de urbanização e zoneamento ambiental, o
Direito Ambiental e o Direito do Trabalho, a responsabilidade civil por danos ao meio
ambiente, a tutela administrativa do meio ambiente, dentre inúmeras outras áreas, são
apenas pequenos exemplos de como o Direito Ambiental está se expandindo com veloci-
dade tamanha, que as instituições de ensino jurídico estão tornando-se completamente
defasadas.
Em pouco tempo, o profissional da área jurídica que estiver especializado em Direito
Ambiental estará sendo disputado por empresas e instituições de todas as áreas, não ape-
nas pelo aumento da conscientização e sensibilização ambiental da sociedade, mas princi-
palmente pelas novas exigências do mercado e da legislação.157 Mesmo que a região de
Maringá não seja tipicamente ecológica, permitindo o desenvolvimento de vários profis-
sionais da área, a atual globalização facilita as negociações a distância, e a facilidade de
locomoção pelos territórios mais longínquos fazem com que a acessoria jurídica ultrapasse
as fronteiras do município, do Estado e do país.
.

157 Exemplo deste fato está na criação de diversos cursos de especialização em Direito Ambiental na região de Marin-
gá, na UEM, Faculdades Nobel e Faculdade Palas Atena de Astorga.

__ 277 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 278 – EM BRANCO

__ 278 __
3 Atuação dos órgãos ambientais
em Maringá

A cidade de Maringá possui vários órgãos públicos atuantes na área ambiental, tanto
no âmbito federal como estadual, do Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente) (Lei
nº 6.938/81). Desta forma, encontram-se representação do IAP, da SUDERHSA, do
Ibama e do Ministério Público.
Cada órgão possui sua parcela de competência e atividades específicas. De qualquer
forma, Maringá ainda possui uma Secretaria Municipal voltada às questões ambientais, a
Semma (Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente), que também atua em outras áreas,
apesar de absorver para si grande parcela das competências originárias relacionadas à ges-
tão ambiental pública de Maringá.
Este estudo teve como base a legislação pertinente a cada um dos órgãos, bem como
a realização de entrevistas com os chefes de cada um destes, visando à coleta de dados in
loco, principalmente quanto aos problemas relacionados à estrutura, às divergências entre
os órgãos, às competências específicas e genéricas, concorrentes ou privativas, além das
ações existentes que importem em colaboração ou prejuízo para a efetividade do Direito
Ambiental em Maringá.

3.1 Ministério Público

Quando se busca a origem do Ministério Público, o mais comum é invocá-la nos


procuradores do rei do velho direito francês158. A Revolução Francesa estruturou mais
adequadamente o Ministério Público, enquanto instituição, ao conferir garantias a seus
integrantes; foram, porém, os textos napoleônicos que instituíram o Ministério Público
que a França e o mundo vieram a conhecer na atualidade.
Sem se descuidar do estudo comparado, especialmente na França e na Itália, os pri-
meiros traços do Ministério Público brasileiro provêm, antes da atuação de procuradores
do rei em causas penais, nas Ordenações do Reino.

158 A Ordenança de 25 de março de 1302, de Felipe IV, foi o primeiro texto legislativo a tratar objetivamente dos
procuradores do rei; crê-se, porém, que Felipe regulamentou o juramento e as obrigações de procuradores já exis-
tentes.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

O que mais destaca o d) ZP4: Horto


Ministério Público na atualidade é sua função prementemente
Florestal;
social, buscando o equilíbrioe)social ZP5: Parque
pela defesada Nascente do Ribeirão
de interesses Paiçandu;
coletivos e difusos. Nas pala-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
vras de Hugo Mazzili,
g) ZP7: Parque do Sabiá;
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
nos
i) ZP9:últimos
Recanto anos,Borba
tem surgido
Gato; uma consciência social da institui-
ção,
j) ZP10:ou seja,
Parquea consciência
Ecológico no meio social
Municipal de sua conceituação, de
do Guaiapó;
sua importância, dos benefícios sociais
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras; que sua atuação pode tra-
zer à própria coletividade.
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
O constituinte
m) ZP13: Parque deda1988
Rua reconheceu
Teodoro Negri; que a abertura democrática
nãoZP14:
n) dispensa
Parqueum Alfredo
Ministério Público
Werner forte e independente, que e-
Nyffeler;
fetivamente
o) ZP15: Reservaspossa do defender
Córrego asBorba
liberdades
Gato76públicas,
; os interesses
difusos e coletivos, o meio ambiente,
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves; o patrimônio público, as ví-
timas não só da violência
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; como as da chamada criminalidade do
colarinho branco - ainda que o agressor
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia; seja muito poderoso ou
atéZP19:
s) mesmo quando
Reserva doseja agressor
Córrego o governo ou o próprio gover-
Moscados;
nante. Atribuiu ao Ministério Público o zelo do próprio regime
Destacam-se, dentre elas, democrático.
as seguintes Enfim,
áreas:a Constituição de 1988 assegurou à institui-
ção novas atribuições e um relevo que jamais texto constitucional
a) Parque Ecológico algum Municipalnem de do longe
Guaiapó:
conferiureconhecido
ao Ministério como parque
Público, nempela
mesmoLei
Complementar nº 3.513/93, possui uma159
no direito comparado. área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
O grande avanço dessa
tes da vegetação instituição
nativa. A área não no país
possuiocorreu
planocom a previsão
de manejo de novas
e enfrenta atribui-
problemas
ções pelaestruturais
Constituição paraFederal
garantirde sua
1988,sobrevivência.
que em seu artigo 127, caput,
Somente no ano dispõe que “O
de 2003 Minis-
a área foi
tério Público
cercadaé instituição permanente,
pela Prefeitura de Maringá,essencial
numa à função
tentativajurisdicional
de isolamento do Estado, incum-
das principais
bindo-lheáreas
a defesa
verdesdadoordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
município.
individuais indisponíveis.”
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
Istoduas
querantigas
dizer que
lagoaso de
Ministério
tratamento Público, que até
da Sanepar então possuía
desativadas. Em seuatribuições muito
fundo, encon-
mais voltadas à esfera penal, passou a ter novas incumbências constitucionais,
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na decorrentes
da própria transformaçãoMunicipal
Administração política do dopaís.
ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
Com a proclamação do regime democrático,
financeiro especialmente direcionado para se afezimplementação
necessária a “criação” de um que
de estruturas ór-
gão capazpermitissem
de fiscalizara sua aplicação
visitação e defendê-lo,florestal
e a recuperação de quem doquer
local.que seja, seja oqual
Entretanto, for o
máximo
preço. Agindo
que se como garantidoré da
pode encontrar uma democracia, o Ministério
pista de caminhada mal Público
projetada; explicita
uma sede todoutiliza-
o te-
mor existente e justificável, de uma retomada da ditadura.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Além disto, as
Florestal próprias
a partir circunstâncias
de maio de 2003; sociais na atualidade
e uma imensa demandamUm
área desmatada. umprojeto
órgão ca-de
paz de assegurar
recuperação o direito das massas.
foi viabilizado Neste gestão
na última sentido,municipal,
nos EUA,buscando
essa defesa é atribuída
tornar a área umà
própria sociedade
ponto de lazerorganizada, o que
e visitação parademonstra
a comunidade toda uma tradição
carente que vivehistórica de formação
a sua volta, mas a-
das condutas sociais arecursos
inda aguarda partir definanceiros.
movimentos liderados pela própria sociedade, como foi o
movimento
c) Parquede independência
Florestal Municipalnorte-americana.
das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
No eBrasil, a dependência governamental
210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com histórica
área totalsempre existiu e,mcom
de 263.438,74 diversos
2, constituído

fundamentos, sempre foi da


de remanescentes cultivada.
vegetação A nativa
princípio,que dependia-se do governo
apresentam espécies português da
representativas e,
posteriormente, do próprio governo brasileiro, em uma situação
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- que deixou a sociedade
brasileiramentar
órfã denºum representante
3.513/93, também legalmente
se encontra constituído,
abandonada que epossuísse
não possui força
umsuficiente
plano de
para agir manejo.
em sua defesa perante o gigantesco poder dos governantes.

159Ver
76 MAZZILLI,
comentárioHugo
da nota
Nigro. Introdução
de rodapé ao ministério
nº 96. público. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 12.

__ 122
280 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Não é de se estranhar que com a “vitória” da democracia, o Ministério Público fosse


estruturado, pois de certa forma, ele se encontra conectado de maneira intrínseca à própria
estrutura democrática. Assim, se há sociedades de massas, estas passam a ser defendidas, e
se há direitos difusos e coletivos, estes passam a ocupar a pauta e a preocupação institu-
cional.
É neste sentido que o Ministério Público assume a incumbência de não somente fis-
calizar a aplicação da lei e atuar na esfera penal, mas também de defender o meio ambien-
te, por ser um bem de uso comum do povo, indisponível, que possui o direito de tê-lo
ecologicamente equilibrado, inclusive para as gerações futuras. Ora, quem poderia mani-
festar-se em nome das gerações futuras no caso de um país sem organização social de
grande vulto?
Mesmo com a criação da ação civil pública, em 1985, nos moldes da Lei Royer france-
sa, dependente de uma associação constituída para os fins da preservação ambiental para a
legitimidade ativa de ingressar em juízo, o Brasil não teve maior participação social porque
seu problema é histórico, decorrente da formação da cultura e dos hábitos políticos do
povo.
Normalmente as leis brasileiras são copiadas e reformuladas das experiências estran-
geiras – nas quais tiveram uma formação histórica e às vezes revolucionária, com funda-
mentos diversos - e acabam por ser impostas à sociedade como normas cogentes.
Não resta dúvida de que a instituição da função social do Ministério Público objetiva
corrigir uma falha cultural brasileira que remonta a sua colonização. É por isso que esse
órgão deve atuar de maneira preventiva (importantíssima nas questões ambientais), e cor-
retiva, visando ao restabelecimento do equilíbrio que tenha sido quebrado entre a popula-
ção e seus líderes, sejam políticos, sociais, públicos ou privados, e entre o desenvolvimento
e o equilíbrio ambiental.
É nessa concepção que a defesa social pelo Ministério Público se assemelha aos prin-
cípios do Direito do Trabalho, em especial ao princípio da hipossuficiência do empregado,
de modo que os direitos coletivos devem ser necessariamente observados e defendidos
pelo Parquet. Isto significa que o Promotor Público não tem a faculdade de optar ou não
pela defesa social. Trata-se, efetivamente, de uma obrigação pública a ele atribuída e que
deve ser assim respeitada, sob pena de outro representante ser escolhido para cumprir tal
função.
É possível encontrar, atualmente, vários tipos de Promotores Públicos atuando no
país: os que objetivam publicidade e proveitos próprios; os corajosos que dão a própria
vida pelo trabalho e pela persecução de seus ideais de justiça e os que, embora possuam
um cargo de tamanha relevância social, apenas assistem ao surgimento dos fatos e fazem
discursos e justificativas para a própria inércia. São esses promotores que acabaram se
adaptando ao sistema em voga, sem perceber quão grave é a sua conivência com a opres-
são da coletividade e o desrespeito às garantias constitucionais.

__ 281 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

d) ZP4:
O Ministério Público deve agirHorto
quando: “a) haja indisponibilidade do interesse, seja
Florestal;
e) ZP5:
parcial ou absoluta; b) convenha Parque da Nascente
à coletividade como um do Ribeirão Paiçandu;
todo a defesa de qualquer inte-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
resse, disponível ou não.” 160
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Para fazer frente às pressões
h) ZP8:políticas, econômicas
Parque Florestal e sociais,
Municipal os membros do Ministé-
das Perobas;
rio Público gozam de garantias e prerrogativas especiais,
i) ZP9: Recanto Borba Gato; segundo a Lei Orgânica Nacional
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
do Ministério Público. Quando se pretende defender um bem difuso, do Guaiapó;
como o meio ambi-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
ente, necessariamente estar-se-á optando entre direitos fundamentais. Afinal, tem-se que a
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
preservação do meio ambiente acaba por impedir o desenvolvimento econômico total-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
mente livre. Apesar da possibilidade de execução
n) ZP14: Parque de um Nyffeler;
Alfredo Werner desenvolvimento sustentável,
ainda assim poderão surgir o) situações em que do
ZP15: Reservas o meio ambiente
Córrego deverá
Borba Gato 76; prevalecer sobre a

p) ZP16:
atividade econômica ou o direito Reserva
privado da Rua Diogo M. Esteves;
e particular.
ZP17: Reserva
Entre as suas garantias,q)destacam-se do Córrego
as previstas noCleópatra;
artigo 38 da Lei Orgânica Nacio-
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
nal do Ministério Público, quais sejam:
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;

Art.as38seguintes
Destacam-se, dentre elas, - Os membros
áreas: do Ministério Público sujeitam-se a regime
jurídico especial e têm as seguintes garantias:
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
I – vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder
Complementar nº 3.513/93,
o cargo senão possui
poruma área judicial
sentença de 16.204,48 m2,em
transitada localizado
julgado; na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público;remanescen-
III –irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas à remu-
neração, o disposto na Constituição Federal.
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Quanto à competência para atuar nas questões relativas ao meio ambiente, o Art. 14,
áreas verdes do município.
§1o, da Lei no 6.938/81 confere aos Ministérios Públicos Federal e dos Estados, compe-
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
tência para a propositura de ações penais e de responsabilidade civil em matéria ecológica.
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
E ainda há a atuação do Ministério Público na execução e aplicação da Lei n o
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano (arts. 19, §§ 1o e 2o; 38, §2o; 50
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
e 52).
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Mas nada se compara ao previsto pela lei da Ação Civil Pública (Lei no 7.347/85), em
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
seu art. 5o, no tocante à defesa ambiental ao prever a competência inescusável do Ministé-
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
rio Público para propor estas ações. Tanto que esta lei obrigou a participação do Ministé-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
rio Público, ainda que este não seja parte, para que atue como fiscal da lei (art. 5o, §1o); e
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
ainda, em caso de desistência da ação por associação legitimada, deverá assumir a titulari-
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
dade da ação (art. 5o, §3o).
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
“Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Minis-
inda aguarda recursos financeiros.
tério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e indicando-lhe os elementos de convicção” (art. 6o). Assim, o próprio Promotor Público
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
deve ser convencido, previamente, da viabilidade da ação civil pública para o caso específi-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
co. Neste sentido, o art. 8o, §1o, prevê que Ministério Público “poderá instaurar, sob sua
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
presidência, inquérito civil ou requisitar de qualquer organismo público ou particular, cer-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
tidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
manejo.
inferior a 10 dias úteis.”

160Ver
76 MAZZILLI,
comentário1997,
da nota
p. 21.
de rodapé nº 96.

__ 122
282 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A discricionariedade do Ministério Público não lhe permite desistir de uma ação civil
pública sem motivações e fundamentações (art. 9o). Havendo estas, deverão ser arquivados
os autos do inquérito civil e estes devem ser remetidos ao Conselho Superior do Ministé-
rio Público (art. 9o, §1o), que irá deliberar a respeito de sua procedência.
Uma das principais ferramentas disponíveis ao Ministério Público é o inquérito civil.
Criado pela Lei da Ação Civil Pública (art. 8o, §1o), destinava-se originalmente à coleta, por
parte do Promotor, dos elementos necessários à propositura da ação civil pública na área
do meio ambiente, do consumidor e do patrimônio cultural. A Constituição alargou seu
objeto, sendo que serve também para a coleta de elementos para a propositura de qualquer
ação civil na área de competência. Com isto, possibilita-se o ajuizamento de ações mais
bem fundamentadas, além do que, no curso do inquérito, também se podem apurar cir-
cunstâncias que demonstrem não ser o caso de provocar a jurisdição e se poderá arquivar
a investigação.
Percebe-se assim que o inquérito civil tem uma finalidade que ultrapassa a si mesmo,
ou seja, apesar de existir originariamente para fomentar uma atuação jurisdicional, com a
sua utilização prática, demonstrou possuir também a função de apurar e consubstanciar
acordos e termos de compromisso, evitando-se, assim, a custosa e penosa via judicial, de
acordo com a máxima de que “mais vale um péssimo acordo do que a melhor Justiça”.
Contudo, o que se consta na prática forense é que, na maioria das vezes, o inquérito
civil também tem justificado a omissão do Ministério Público, que acaba se perdendo no
processo preliminar, sem alcançar sua finalidade que são as ações efetivas, ou seja, a efeti-
vidade do Direito Ambiental, seja através do meio judicial, seja por termos de compromis-
so fiscalizados e cumpridos.
Com o tempo, o inquérito civil evoluiu para um sistema mais informal, chamado de
procedimento investigatório preliminar. Esse procedimento não perde as características e objeti-
vos do inquérito civil, mas pode ser conduzido com maior informalidade pelo titular da
promotoria, pois reveste-se da natureza de um procedimento meramente administrativo.
É neste sentido que Maringá passou anos sem ter uma ação civil pública oferecida
pelo Ministério Público. Existem diversos procedimentos preliminares que se arrastam na
Promotoria por anos, sem uma solução plausível. Esses procedimentos tornaram-se um
histórico no qual é possível visualizar o desenrolar dos fatos, contados por cartas oficiais
dos protagonistas de danos e ofensas, às vezes gravíssimas, ao meio ambiente e à popula-
ção.
No Município de Maringám é a 13a Promotoria que responde pelas causas relaciona-
das ao meio ambiente. Cumulando mais de uma atribuição, a Promotoria é responsável
pela proteção ao meio ambiente, além da proteção ao idoso e ao deficiente físico, pela
reparação de danos resultantes de crime, e pela fiscalização das fundações.
Ainda se mantém em Maringá um problema arrastado desde a instalação da primeira
Promotoria do Meio Ambiente nessa comarca. Há uma grande cumulação de atribuições
originadas da divisão administrativa do órgão, que impedem que o meio ambiente, tenha o
tratamento exclusivo que merece.

__ 283 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Antes da estrutura estabelecida d) ZP4: Horto


atualmente, a problemática era maior, pois as compe-
Florestal;
tências atribuídas à esta Promotoria e) ZP5: Parque
eram, da Nascente
além do Ribeirão
das atuais, Paiçandu;
as da defesa do consumidor e
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
da defesa do patrimônio público. Naquela época161, o então representante do órgão, João
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Ângelo Leonardi, apontava h) como
ZP8:principais problemas
Parque Florestal daquela
Municipal dasPromotoria
Perobas; a quantidade
de trabalho originado das várias esferas de competências
i) ZP9: Recanto Borba Gato; a que esta estava afeita, além da
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
falta de estrutura – incluindo pessoal e instalações – para a constatação dos danos causa-
dos ao ambiente. k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Há uma convergência de opiniões dos representantes do Ministério Público, no sen-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
tido de que há pouco apoio n) dasZP14:
organizações públicas
Parque Alfredo para aNyffeler;
Werner auferição dos danos causados
ao meio ambiente, e da autoria destes,Reservas
o) ZP15: sabendo-se que esses
do Córrego Borbadados
Gato são
76; indispensáveis para

a propositura de uma Ação p) ZP16:


Civil Reserva
Pública, da Rua Diogo
ou qualquer outraM.ação
Esteves;
que vise impedir a degra-
dação do ambiente, pois configuram q) ZP17: o Reserva do Córrego
nexo causal Cleópatra;
da responsabilidade objetiva.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Mesmo sem a estrutura ideal, a função pública do Ministério Público não pode deixar
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
de ser exercida, independentemente de qualquer justificativa. No caso de Maringá, consta-
ta-se Destacam-se,
que a ação civil pública
dentre elas,sóas começou
seguintes aáreas:
ser utilizada pelo Ministério Público recente-
mente. Tanto que, em toda a história
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: desse órgão nareconhecido
cidade, nunca comohavia sido proposta
parque pela Lei
uma açãoComplementar
civil pública qualquer, até o dia 19 de outubro de 2000. Após
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado 2 essa ação, referen-
na qua-
te ao lixãodrada43-Bcidade, só se viu Residencial
do Conjunto nova propositura
Parigotem de23 de maio
Souza, de 2002,decom
constituído relação à
remanescen-
degradação tes ambiental
da vegetação em nativa.
área de Apreservação permanente
área não possui plano de do manejo
Córregoe Morangueiro.
enfrenta problemas
Atualmente,
estruturaisoutras ações civis
para garantir públicas foramSomente
sua sobrevivência. propostas,no demonstrando
ano de 2003 a que áreaesse
foi
instrumento, por pela
cercada tantoPrefeitura
tempo adormecido,
de Maringá,passounuma atentativa
ter sua importância
de isolamento reconhecida pelo
das principais
Ministério Público
áreas verdesem do Maringá.
município. Há inúmeras ações criminais propostas em virtude de
condutas causadoras
b) Jardim de degradação
Botânico: com uma ambiental.
área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
Ocorreu ainda, há
duas antigas aproximadamente
lagoas de tratamento 7daanos, a legitimação
Sanepar desativadas.da 13Ema Promotoria de Ma-
seu fundo, encon-
ringá para as causas
tram-se dois ajuizadas,
córregos que fraudulentamente,
praticamente não pelapossuem
Andeammata (Associação Nacional Na
ciliar preservada. de
Administração
Defesa Ambiental), Municipal
localizada do ex-prefeito
em Toledo. Jairo Gianoto,
Essa associação foi recebido
encontrava-se um recurso
há muito tempo
desativada financeiro
quando fora especialmente
utilizada por direcionado para a implementação
alguns advogados para legitimar ações de estruturas que
civis públicas
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local.
para a preservação das reservas legais do Estado. Foram vendidos kits constituídos de Entretanto, o máximo
modelos que se pode estatutos
de petições, encontrarfraudulentos
é uma pista de caminhada
e dos mal projetada;
procedimentos a serem uma sede utiliza-
adotados.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
De modo geral, as ações eram propostas simplesmente com base na certidão do car-
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
tório imobiliário das cidades, constando que determinada propriedade rural não possuía a
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
reserva legal averbada. Deve-se salientar que, àquela época, a lei ainda não obrigava a sua
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
averbação; indaisto apenasrecursos
aguarda ocorriafinanceiros.
em caso de alienação. Desta forma, várias ações foram
propostas contraFlorestal
c) Parque propriedades
Municipalque jádaspossuíam,
Perobas: de fato, a reserva
localizado nos loteslegal
210-A e, em casos 210
e 211-A, não
muito raros, eram propostas mais de uma ação contra o mesmo proprietário.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2 Existiram
casos emdeque em um processo
remanescentes havia a realização
da vegetação nativa quedeapresentam
acordo, enquanto
espéciesem outro permane-
representativas da
cia a lide,flora e da fauna da
manifestamente região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
temerária.
mentardados
Segundo nº 3.513/93,
da Comissão também se encontra
do Meio Ambiente abandonada
da Ordeme dos não Advogados
possui um plano de
do Para-
manejo.
ná, foram rastreadas mais 4000 ações somente no Estado do Paraná.

161Ver
76 Visita
comentário
realizada da
emnota
agosto
de rodapé
de 1999.nº 96.

__ 122
284 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Em Maringá, o procedimento administrativo tem sido a principal atuação da Promo-


toria. Os inquéritos civis ou os procedimentos investigatórios preliminares são instaura-
dos, normalmente, nas causas ambientais, através de três formas principais: reclamação
formal de cidadãos, notícias da imprensa local e através de portarias, por iniciativa direta
do Promotor.
Os cidadãos que testemunham alguma agressão ao meio ambiente levam o fato até o
conhecimento do Promotor, que reduz a termo as declarações do reclamante e começa a
notificar os envolvidos para que prestem esclarecimentos sobre as acusações.
Como nessa fase, trata-se somente de um procedimento administrativo, não há que
se falar em contraditório, até mesmo porque não há qualquer acusação. O procedimento
administrativo é um instrumento de convencimento do Promotor da procedência da re-
clamação e da colheita de provas iniciais para a propositura das medidas legais cabíveis no
caso concreto.
É nessa fase que o procedimento muitas vezes é paralisado, pois freqüentemente é
necessária a intimação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e/ou do Instituto Am-
biental do Paraná, para ser realizada uma perícia no local designado na reclamação, para a
constatação dos danos. Não são raros os casos em que os exames periciais não são entre-
gues nos prazos estipulados pelos órgãos citados, o que, pode resultar em abertura de
inquérito policial contra os seus dirigentes.
No caso de problemas ambientais constatados através de notícias jornalísticas e pelo
Promotor Público, emite-se uma portaria que dá início ao procedimento, nos mesmos
moldes descritos anteriormente, sofrendo dos mesmos problemas já relatados.
São vários os problemas ambientais existentes em Maringá, quase todos com seus
respectivos processos administrativos no Ministério Público, aguardando o exame do IAP
ou da Semma, para a possível propositura da Ação Civil Pública.
Apesar disto, a Promotoria ainda mantém parcerias com a Polícia Militar e a Polícia
Civil, além da Polícia Florestal, com o Corpo de Bombeiros e com diversas das Secretarias
Municipais, com destaque para a Secretaria da Saúde, do Meio Ambiente, e do Desenvol-
vimento. Nada impede que novos contatos e parcerias sejam estabelecidos. Há grande
ineficiência da prestação dos serviços dessas entidades, no sentido de viabilizar a atuação
do Ministério Público na defesa do meio ambiente de Maringá.
Uma evolução recente nessas parcerias ocorreu com a criação da Comissão de Asses-
soramento para Recuperação dos Fundos de Vale junto à Prefeitura Municipal de Maringá.
Através da atuação técnica dessa comissão, uma série de infrações passaram a ser apura-
das, em especial quanto à degradação das áreas de preservação permanente no município,
mas também de diversas outras irregularidades. Ainda que com pouca estrutura, essa co-
missão demonstrou que a união de técnicos na realização de vistorias e pareceres técnicos
é a saída para a investigação e solução dos problemas ambientais de Maringá.
Com a mudança nos quadros de funcionários em comissão e de parcerias extintas e
firmadas pela nova gestão de Maringá (2005), alguns colaboradores da CARFV passaram a
atuar junto à Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Maringá.

__ 285 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

ZP4: de
Existiam, até o dia 7 ded) julho Horto Florestal;
2003, 290 procedimentos investigatórios prelimina-
e) ZP5: de
res na 13a Promotoria da Comarca Parque da Nascente
Maringá. Destes,do137Ribeirão Paiçandu;
são relativos ao meio ambien-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
te, sendo que na tabela 49 ég)possível a identificação
ZP7: Parque do Sabiá; de cada um desses procedimentos, e
h) ZP8:
de seus objetos. Os investigados nãoParque Florestal Municipal das Perobas;
são mencionados:
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
ZP10: Parque Ecológico
Tabela 49 – Procedimentosj) investigatórios Municipal
preliminares na 13do Guaiapó; de Maringá
a Promotoria
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Instauração
Número Objeto
em:
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
173/95 (apenso n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
1 02/03/95 Despejos de esgoto doméstico (Córrego Nazareth)
ao 251/95) o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
251/95 (apenso p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
2 03/04/95 Poluição ambiental (Córrego Nazareth)
ao 173/95) q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
595/95 (apenso r) ZP18: Reserva
PoluiçãodaAmbiental
Rua Pioneira Deolinda
(Ribeirão T.eGarcia;
Chapecó Ribeirão Bandei-
3 05/09/95
ao 141/96) s) ZP19: Reserva
rantes) do Córrego Moscados;
649/95 (apenso
4 16/10/95 Poluição Ambiental
Destacam-se,
ao 191/96) dentre elas, as seguintes áreas:
5 72/96 Ecológico
a) Parque 06/03/96
MunicipalPoluição ambientalreconhecido
do Guaiapó: (Rio Pirapó) como parque pela Lei
141/96 (apenso
Complementar nº 3.513/93, possui uma área (Ribeirão
Poluição ambiental Chapecó
de 16.204,48 m2,e localizado
Ribeirão Bandei-
na qua-
6 20/06/96
ao 595/95) rantes)
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
191/96 (apenso
7 tes da vegetação 28/08/96
nativa. A áreaPoluição atmosférica
não possui plano de manejo e enfrenta problemas
ao 649/95)
8 estruturais
242/96 para garantir
29/11/96 sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Poluição atmosférica
9 cercada
15/97 pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
Excesso de lixo no aterro sanitário municipal das principais
áreas(apenso
21/97 verdes do município.
10 21/03/97 Poluição atmosférica
ao 35/99)
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
11 duas59/97 23/06/97
antigas lagoas Poluição
de tratamento daambiental
Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
12 73/97 14/08/97 Proteção de animais de rodeio
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
13 107/97 28/11/97 Poluição sonora
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
14 17/98 02/03/98 Poluição ambiental
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
15 32/98 28/05/98 Degradação ambiental em mata ciliar
16
permitissem
46/98
a visitação
06/07/98
e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
Degradação ambiental (Córregos Borba Gato e Mandacaru)
17 que51/98
se pode encontrar
15/07/98é uma Poluição Atmosférica mal projetada; uma sede utiliza-
pista de caminhada
18 da 72/98
por muito tempo pelo Corpo
11/11/98 deambiental
Poluição Bombeiros, e que
(Córrego foi ocupada pela Polícia
Merlo)
19 Florestal
22/99 a partir de maio
05/03/99 de 2003; e uma
Poluição Sonora imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação
35/99 (apenso foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
20 06/05/99 Poluição atmosférica
ao 21/97)
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
21 inda68/99 12/08/99
aguarda recursos Poluição ambiental
financeiros.
22 69/99 17/08/99
c) Parque Florestal Municipal das Poluição Sonora
Perobas: e Atmosférica
localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
23 82/99 29/09/99 Degradação ambiental (Córrego das Rosas) 2
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído
Degradação ambiental em área de preservação permanente
24 de 83/99
remanescentes19/10/99
da vegetação nativaPingüim)
(Ribeirão que apresentam espécies representativas da
25 flora e da fauna 03/11/99
89/99 da região. Essa área, Ambiental
Poluição reconhecida como parque pela Lei Comple-
26 mentar
92/99 nº 3.513/93, também
08/11/99 Poluição sonoraabandonada e não possui um plano de
se encontra
manejo. Degradação ambiental em área de preservação permanente
27 01/00 02/02/00
(Córrego Morangueiro)
28 02/00 19/01/00 Poluição Sonora
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
286 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

29 04/00 22/02/00 Poluição Ambiental


30 08/00 13/03/00 Poluição Sonora
31 10/00 11/04/00 Contaminação da água distribuída em Maringá
32 11/00 25/04/00 Poluição Sonora
33 13/00 27/04/00 Poluição sonora
34 17/00 05/06/00 Produtos poluentes em uma nascente de água
35 18/00 13/06/00 Preservação de árvores centenárias da espécie cecóia
36 19/00 19/06/00 Perturbação ao Sossego
37 22/00 04/07/00 Degradação Ambiental (Ribeirão Osório)
38 24/00 10/07/00 Poluição ambiental
39 25/00 04/08/00 Transporte de Gás liqüefeito de petróleo
40 29/00 28/08/00 Poluição Sonora
41 30/00 14/09/00 Poluição Atmosférica e Sonora
42 31/00 28/09/00 Degradação ambiental (Parque dos pioneiros - Bosque II)
43 33/00 16/10/00 Poluição Sonora (cães)
44 34/00 16/10/00 Cortes irregulares de árvores na Av. XV de novembro
45 35/00 25/10/00 Poluição Sonora
46 36/00 16/10/00 Degradação Ambiental
47 38/00 01/11/00 Poluição ambiental (Córrego Osório)
48 39/00 31/10/00 Poluição Ambiental
49 40/00 26/10/00 Desmatamento de reserva nativa
50 41/00 30/11/00 Poluição Sonora
51 42/00 30/11/00 Poluição Ambiental
52 43/00 09/11/00 Poluição Ambiental (Ribeirão Pirapó)
53 44/00 24/11/00 Poluição Ambiental
54 45/00 30/11/00 Poluição Sonora
46/00
Termo de ajustamento de conduta p/ disposição de resí-
55 (apenso ao 10/10/00
duos sólidos
73/02)
56 02/01 08/03/01 Poluição Sonora
57 03/01 05/02/02 Não repasse integral de pensão pelo curador
58 04/01 06/02/01 Abandono material de pessoa idosa
59 05/01 15/03/01 Interdição
60 12/01 11/05/01 Poluição Sonora
61 14/01 15/05/01 Pol. Sonora e forte odor de fezes e urinas de animais.
62 15/01 11/03/02 Perturbação ao sossego público
63 22/01 16/08/01 Perturbação ao Sossego
64 23/01 07/08/01 Perturbação ao Sossego
65 24/01 22/08/01 Perturbação ao Sossego
66 25/01 22/08/01 Falta de lixeiras na cidade de Maringá
67 28/01 29/08/01 Poluição Sonora
68 29/01 10/08/01 Emissão de Poluentes
34/01 (apenso Degradação ambiental em fundos de vale (Córrego Manda-
69 20/09/01
ao 81/02) caru)
70 39/01 25/09/01 Poluição Sonora
71 40/01 28/05/01 Irregularidades no peso do botijão de GLP

__ 287 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

72 41/01 d) ZP4: Horto


01/11/01 Florestal;
Perturbação ao Sossego
73 43/01 e) ZP5: Parque
08/03/01 da Nascente
Perturbação do Ribeirão Paiçandu;
ao Sossego
74 48/01 f) ZP6:
07/11/01 Bosque das Grevíleas;
Poluição Sonora
g) ZP7: Parque do Sabiá;
75 50/01 08/11/01 Degradação Ambiental (Ribeirão Paiçandu)
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
76 52/01 06/03/02 Infração aos direito dos idosos
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
77 53/01 14/03/02 Degradação
j) ZP10: Parque Ambiental
Ecológico (Ribeirão
Municipal do Pingüim)
Guaiapó;
78 55/01 30/11/01 Perturbação
k) ZP11: Parque ao Sossego
Florestal Municipal das Palmeiras;
79 58/01 l) ZP12: Parque
28/12/01 do Cinqüentenário;
Instalação de depósito de lixo reciclável em área residencial
80 59/01 m) ZP13: Parque
28/12/01 da Rua
Propaganda Teodoro Negri;
de loteamento Irregular
81 60/01 n) ZP14: Parque
28/12/01 Alfredo
Perturbação Werner Nyffeler;
ao Sossego
82 03/02 o) ZP15: Reservas
06/03/02 do Córrego Borba Gato76;
Poluição Ambiental
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
83 04/02 05/02/02 Poluição Ambiental e perturbação ao sossego
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
84 05/02 Lixão
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
85 08/02 22/02/02 Poluiçãodo
s) ZP19: Reserva Ambiental
Córrego Moscados;
86 15/02 02/04/02 Distribuição de gás a granel
87 Destacam-se,
16/02 dentre02/04/02 Poluição
elas, as seguintes Ambiental
áreas:
88 a) 21/02 e 38/02 02/04/02 Poluição
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: Ambientalreconhecido
(Ribeirão Mandacaru)
como parque pela Lei
89 23/02 08/03/02 Poluição Sonora
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
90 dra28/02
43-B do Conjunto 01/04/02 PoluiçãoParigot
Residencial ambientalde(Horto
Souza,Florestal e Córrego
constituído Borba Gato)
de remanescen-
Degradação Ambiental em área de preservação permanente
91 tes29/02
da vegetação 21/05/02
nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
(Córrego Jutahy)
92 estruturais
30/02 para garantir
17/05/02 sua Poluição ambientalSomente
sobrevivência. no ano de 2003 a área foi
(Ribeirão Rems)
93 cercada
32/02 pela Prefeitura de Maringá, numa
Poluição Sonora tentativa de isolamento das principais
94 áreas
33/02verdes do município.
11/04/02 Poluição ambiental (Córrego Floriano)
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente
Degradação ambiental em área9 de milpreservação
m2 , nela permanente
localizam-se
95 34/02 12/04/02
duas antigas lagoas de tratamento (Rio Borba Gato) desativadas. Em seu fundo, encon-
da Sanepar
96 37/02 dois córregos
tram-se 02/05/02 Poluição ambiental
que praticamente e sonora mata ciliar preservada. Na
não possuem
97 Administração Municipal do ex-prefeito Jairo(Ribeirão
38/02 26/08/02 Poluição ambiental Gianoto, Mandacaru)
foi recebido um recurso
98 39/02 01/08/02 Poluição ambiental
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
Poluição ambiental causada por caminhões com caçambas
99 permitissem
40/02 a visitação
06/05/02e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
descobertas
100 que43/02
se pode encontrar
12/06/02é umaPoluição
pista desonora
caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros,
Loteamento e que(Jardim
urbano residencial foi ocupada pela Polícia
São Clemente e
101 45/02 23/05/02
Florestal a partir de maio de Jardim 2003; Atami)
e uma imensa área desmatada. Um projeto de
102 46/02
recuperação 13/06/02 naPoluição
foi viabilizado última ambiental (Córrego Cleópatra
gestão municipal, buscando eBetty ) a área um
tornar
ponto Degradação ambiental em área de preservação permanente
103 47/02de lazer e 18/06/02
visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
(Córrego Morangueiro)
inda aguarda recursos financeiros.
Degradação ambiental em área de preservação permanente
104 c) Parque
48/02Florestal 18/06/02
Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
(Ribeirão Pingüim)
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, Degradaçãocom área total
ambiental de 263.438,74
em área m2permanente
de preservação , constituído
105 53/02 14/08/02
de remanescentes da vegetação nativaBorba
(Córrego que apresentam
Gato) espécies representativas da
106 58/02
flora e da fauna 03/09/02
da região. EssaDegradação ambiental (Córrego
área, reconhecida como Borba
parqueGato)
pela Lei Comple-
mentar Perfuração de poços artesianos em áreapossui
de preservação
107 59/02 nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não
09/09/02 um plano de
permanente
manejo.
108 65/02 02/10/02 Perturbação ao sossego
109 67/02 16/10/02 Degradação ambiental (Parque do Ingá)
76110 72/02 28/10/02
Ver comentário da nota de rodapé nº 96. Aterro sanitário

__ 122
288 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

73/02 (apenso
111 04/11/02 Aterro sanitário
ao 46/00)
112 76/02 14/11/02 Perturbação do sossego
Degradação ambiental em área de preservação permanente
113 78/02 13/11/02
(Córrego Morangueiro)
Degradação ambiental em área de preservação permanente
114 80/02 10/12/02
(Córrego Nazareth)
81/02 (apenso Degradação ambiental em área de preservação permanente
115 10/12/02
ao 34/01) (Córrego Mandacaru)
Degradação ambiental em área de preservação permanente
116 82/02 10/12/02
(Ribeirão Maringá)
Degradação ambiental em área de preservação permanente
117 83/02 10/12/02
(Córregos Moscado, Merlo, Betty e Cleópatra)
Degradação ambiental em área de preservação permanente
118 01/03 03/02/03
(Córrego Jumbo)
119 02/03 03/02/03 Danos advindos da transformação da Vila Rural em Urbana
120 03/03 04/02/03 Loteamentos Irregulares
Degradação ambiental em área de preservação permanente
121 04/03 07/02/03
(Córrego Borba Gato)
122 09/03 19/02/03 Poluição sonora e mau cheiro
123 13/03 24/03/03 Poluição ambiental
124 14/03 14/03/03 Poluição sonora e atmosférica
125 15/03 24/03/03 Corte de árvores
Degradação ambiental (corte indiscriminado de árvores no
126 17/03 24/03/03
perímetro urbano)
127 18/03 24/03/03 Poços artesianos
128 19/03 24/03/03 Despejo de dejetos em lagoa de tratamento a céu aberto
129 20/03 01/04/03 Poluição ambiental
130 21/03 02/04/03 Poluição sonora e atmosférica
131 22/03 08/04/03 Poluição ambiental (Córrego Itaituba)
132 24/03 05/05/03 Terreno baldio transformado em lixão
133 26/03 19/05/03 Poluição sonora
134 27/03 19/05/03 Abandono de imóveis
135 29/03 23/05/03 Perturbação do sossego
Depósito de entulhos em fundo de vale (Córrego Mandaca-
136 32/03 12/06/03
ru)
Degradação ambiental em área de preservação permanente
137 33/03 16/06/03
(Paiçandu)
Fonte: Ministério Público. 13ª Promotoria, Comarca de Maringá (2003). Organizado pelo autor.

Para se ter uma idéia do que esses números representam, no final do ano de 2000, a
13a Promotoria mantinha um total de 46 procedimentos preliminares, sendo que 31 eram
relativos ao meio ambiente.
Os demais procedimentos preliminares encontrados na 13a Promotoria, dizem res-
peito às outras competências, como a dos idosos e deficientes (77), fundações (2 inquéri-
tos), e 29 inquéritos sobre assuntos diversos relacionados à competência do órgão. Exis-
tem somente 4 inquéritos civis relacionados com o meio ambiente, conforme tabela 50.

__ 289 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Tabela 50 – Inquéritos d) ZP4: civis referentes


Horto ao meio ambiente em Maringá
Florestal;
e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Nº Data de
f) instauração
ZP6: Bosque das Grevíleas; Assunto
01/90 g) ZP7: Parque do Sabiá;
14/09/90 PoluiçãoMunicipal
h) ZP8: Parque Florestal Ambiental das Perobas;
(PIP 15/97)
01/92 i) ZP9: Recanto Borba
13/10/92 Gato;
Resíduos sólidos urbanos
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
01/94 08/11/94 Poluição Ambiental (Rio Bandeirantes)
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
01/01 l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
10/10/01 Danos ambientais causados ao Rio Pirapó
(PIP 32/98) m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
n) ZP14:
Fonte: Ministério Público. 13ª Promotoria. Parque
Comarca Alfredo
de Maringá Werner Nyffeler;
(2003).
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
De forma histórica, emp)19 de outubro
ZP16: Reservado da ano
Rua de 2000,
Diogo M.aEsteves;
13a Promotoria de Maringá
propôs a primeira ação civil q) ZP17:de
pública Reserva do Córrego
sua história, Cleópatra;
versando sobre o problema do lixão da
cidade. Baseada no inquéritor) civil ZP18:noReserva
01/92, da Ruaação
essa Pioneira
teve Deolinda T. Garcia; uma série
como fundamentos
de provas, materializadas em s) ZP19:
laudosReserva
do IAPdoeCórrego Moscados; multas e confissões da
da SUDERHSA,
Administração Pública local de que a situação do depósito de lixo em Maringá encontrava-
Destacam-se, irregular.
se completamente dentre elas, as seguintes áreas:
Independentemente
a) Parque EcológicodaMunicipal demora quedoesse processoreconhecido
Guaiapó: possa enfrentarcomo na parque
Justiça Comum,
pela Lei
até tramitar em julgado, nº
Complementar essa iniciativapossui
3.513/93, é suficiente
uma áreaparadeforçar o poder
16.204,48 m2, público a tomar
localizado na qua-as
medidas dra cabíveis,
43-B mesmo
do Conjunto porque uma ação Parigot
Residencial judicial desempre
Souza,enfraquece
constituído o governo, princi-
de remanescen-
palmentetes quando a causa possui
da vegetação nativa. respaldo
A área não popular.
possui plano de manejo e enfrenta problemas
A conclusão
estruturais para garantir sua sobrevivência.vontade,
a que se chega é que, havendo Somente mudanças
no ano de podem
2003ser obtidas
a área foi
pelas ações judiciais.
cercada pelaEPrefeitura
é por issodeque a população
Maringá, numadeve exercer
tentativa de oisolamento
seu papel, cobrando não
das principais
apenas daáreasPrefeitura,
verdes do mas também do Ministério Público, ações efetivas quanto aos pro-
município.
blemas b) ambientais enfrentados
Jardim Botânico: com umapor Maringá, especialmente quanto
área de aproximadamente 9 milaosm2 fundos de vale e à
, nela localizam-se
duasdeantigas
inexistência lagoasde
um sistema de licenciamento
tratamento dadas Sanepar desativadas.
atividades Em seu fundo,
potencialmente encon-
poluidoras no
município. tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
ApósAdministração Municipal
a ação civil pública do ex-prefeito
referente Jairo Gianoto,
ao lixão, outras foi recebidoatéum
4 foram propostas, recurso
2003 con-
forme tabela 51.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se podeTabela 51 – Ações
encontrar é umaCivis Públicas
pista propostas
de caminhada malem Maringáuma sede utiliza-
projetada;
referentes ao meio ambiente
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Data de
Florestal a partir
Nº de maio de 2003; e uma imensa Assunto área desmatada. Um projeto de
proposição
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
846/98 23/11/98 Responsabilidade por danos ao ambiente natural
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
569/00
inda
(PIP 15/97, PIPaguarda 19/10/00
recursos financeiros.
Lixão
05/02c)e IC
Parque
01/92)Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
250/02 e 210-G da Gleba RibeirãoDegradação Pingüim, ambiental
com áreaem total
áreade
de263.438,74 m2, constituído
preservação permanente
23/05/02
(PIP 01/00) (Córrego Morangueiro)
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
302/02 flora e da fauna da região. Degradação Essa área, ambiental
reconhecidaem área
comode preservação
parque pela permanente
Lei Comple-
03/05/02
(PIP 34/02) (Rio Borba Gato)
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
739/02 Degradação ambiental em área de preservação permanente
manejo. 13/11/02
(PIP 47/02) (Córrego Morangueiro)
121/03 24/02/03 Degradação ambiental (Parque dos Pioneiros - Bosque II)
76Fonte: Ministério da
Ver comentário Público. 13ªrodapé
nota de Promotoria.
nº 96. Comarca de Maringá (2003).

__ 122
290 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Esses dados demonstram que o próprio Ministério Público está evoluindo no enca-
minhamento dos processos de investigação, e que o município de Maringá enfrenta muitos
problemas ambientais crônicos.

3.2 Secretaria Municipal do Meio Ambiente

Criada na gestão de 1992, com o objetivo de adequar a estrutura administrativa mu-


nicipal à evolução provocada pela Constituição Federal e pelas exigências legais e popula-
res relacionadas ao meio ambiente,162 a Semma (Secretaria de Serviços Urbanos e Meio
Ambiente) não teve qualquer estruturação básica para o início de seu funcionamento, na
área ambiental. Esse problema, nunca enfrentado antes pelas Administrações Municipais,
estendeu-se até os dias atuais, sendo um dos maiores desafios do governo municipal.
Tendo como principal função a organização dos serviços públicos municipais, como,
por exemplo, a coleta do lixo domiciliar, a manutenção da iluminação pública, dos cantei-
ros, da varrição das ruas e demais logradouros públicos, além da oficina geral da Prefeitura
de Maringá, a Semma trouxe as questões ambientais de forma secundária, como se pode
perceber, pela distribuição orçamentária, apresentada a seguir.
A gestão do Prefeito José Cláudio Pereira Neto encontrou um grande desarranjo ad-
ministrativo na maior parte das secretarias municipais. Como os problemas financeiros
foram se agravando com o passar dos anos, houve a adaptação da recém-criada Secretaria
de Agricultura e Abastecimento em uma diretoria da Semma.
De modo geral, pode-se afirmar que a competência da Semma, e suas atribuições
compreendiam os seguintes aspectos: planejamento operacional, a formulação e a execu-
ção da política de preservação e proteção ambiental do Município; o desenvolvimento de
pesquisas referentes à fauna e à flora; o levantamento e cadastramento das áreas verdes; a
fiscalização das reservas naturais urbanas; o combate permanente à poluição ambiental; a
administração, construção, manutenção e conservação de parques, praças e áreas de lazer;
a definição da política de limpeza urbana, através do gerenciamento e fiscalização da cole-
ta, reciclagem e disposição do lixo por administração direta ou através de terceiros; os
serviços de limpeza, conservação e controle de terrenos no perímetro urbano; a apreensão
de animais; a manutenção e controle operacional da frota de veículos pesados, máquinas e
equipamentos sob sua responsabilidade; a administração e manutenção de cemitérios e
serviços funerários; manter, conservar e reformar os patrimônios públicos; promover o
controle e manutenção de veículos e máquinas; promover os serviços de conservação e
manutenção da iluminação das vias públicas; promover a limpeza pública, varrição, capi-
nagem, bem como a reciclagem e compostagem do lixo urbano; fazer os serviços relativos
ao ajardinamento e arborização de parques, jardins e logradouros públicos; promover as
medidas necessárias para proteção do meio ambiente, através do controle de poluição

162 Em especial com a realização da 2ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações
Unidas (ECO-92), no Rio de Janeiro.

__ 291 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

ambiental; o desempenho de d) ZP4:


outrasHorto
atividades correlatas; de acordo com o disposto no
Florestal;
artigo 4o da Lei no 09/93. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
ZP6: Bosque das Grevíleas;
Até janeiro de 2004, a f) Semma era composta por três Diretorias: a Diretoria de Servi-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
ços Urbanos, a Diretoria deh)Agricultura
ZP8: Parque e aFlorestal
Diretoria de Meiodas
Municipal Ambiente.
Perobas; Apesar das alte-
rações realizadas, a Diretoriai)de Meio Ambiente
ZP9: Recanto Borba Gato;permanece com a mesma estrutura.
A partir da gestão de 2001 a Diretoria
j) ZP10: de Meio Ambiente
Parque Ecológico Municipal passou a ser composta por
do Guaiapó;
duas Gerências: a Gerênciak)deZP11: ParqueAmbiental
Controle Florestal Municipal das Palmeiras;
e a Gerência de Meio Ambiente. A
ZP12: Parque
primeira é responsável pela l)fiscalização do Cinqüentenário;
ambiental e pelos pareceres emitidos pela Semma
m) ZP13: Parque
referentes à instalação de empresas, obras e atividades da Rua Teodoro Negri; A Gerência de Meio
no município.
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Ambiente possui uma função mais executiva das políticas públicas, sendo responsável
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
pelas unidades de conservação, pelas praças, pela manutenção
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves; da arborização pública (po-
das, remoções, plantios e controle de pragas), pelo Viveiro
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; Municipal, e pelo plantio de
grama e jardins da cidade. r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
s) ZP19: Reserva
Entre 1992 e 1996, a Diretoria de MeiodoAmbiente
Córrego Moscados;
da Semma contava com apenas 3
funcionários, mais o chefe do setor, para executar o trabalho de fiscalização, controle,
multasDestacam-se, dentre elas, do
e ações de preservação as seguintes
meio ambienteáreas: de Maringá.
a) Parque
Até 2004, a Ecológico
Gerência de Municipal
Controle do Guaiapó:
Ambiental reconhecido
contava como parquemais
com 5 funcionários, pelaa ge-
Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m
rente, sendo que apenas um deles era técnico em engenharia civil. Para aumentar o “po-2, localizado na qua-

dra 43-B foram


der” fiscalizador, do Conjunto
agregados Residencial Parigot de Souza,
mais 8 funcionários constituído
que faziam de remanescen-
originariamente a fisca-
lização dotescomércio ambulante
da vegetação nativa. irregular
A área não no possui
município,
planopara a fiscalização
de manejo e enfrentado meio ambi-
problemas
ente, ainda na gestãopara
estruturais passada. Atésua
garantir bem pouco tempo,Somente
sobrevivência. esses fiscais
no anorealizavam
de 2003seu serviço
a área foi
através do transporte
cercada pela público
Prefeituraurbano.
de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
Atualmente, a Diretoria
áreas verdes de Meio Ambiente conta com três veículos velhos utilizados
do município.
pela fiscalização, mais as motocicletas
b) Jardim Botânico: com uma área utilizadas pelos fiscais do9 comércio
de aproximadamente mil m2 , nela ambulante. Não
localizam-se
existem equipamentos que possam medir a qualidade ambiental, de acordo com as resolu-
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
ções do Conama, a não ser um medidor de pressão sonora, utilizado para medir a emissão
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
de decibéis. Quanto às demais necessidades, como, por exemplo, a questão da poluição
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
atmosférica ou mesmo laboratórios para a constatação de poluição de córregos, etc., não
financeiro
existe qualquer especialmente
previsão direcionado
para aquisição para a implementação
de equipamentos em curto prazo.de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal
Como a Semma não possui um corpo técnico a sua disposição, do local. Entretanto,
ainda não está o máximo
apta a
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada;
exercer sua capacidade licenciatória, emitindo apenas pareceres quanto ao aspecto ambien- uma sede utiliza-
da por muito
tal nos processos tempodepelo
de emissão Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
alvará.
Na Florestal
tabela 52,a épartir de maio
possível de 2003;
verificar e umada
a evolução imensa área desmatada.
quantidade de pareceres Umemitidos
projetope-de
recuperação foi viabilizado
la Semma nos últimos cinco anos. na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Tabela
inda aguarda 52 – Pareceres
recursos financeiros.ambientais emitidos pela Semma
c) Parque Florestal
Ano Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
Nº Pareceres
e 210-G da1998 Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 170 m2, constituído
de remanescentes
1999 da vegetação nativa que apresentam espécies 500 representativas da
flora e da fauna
2000 da região. Essa área, reconhecida como parque 672 pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93,
2001 também se encontra abandonada e1.484 não possui um plano de
manejo. 2002 1.518
2003* 1.303
Fonte: Maringá. Secretaria do Meio Ambiente (2003).
76* Ver
Até comentário
agosto de 2003.
da nota de rodapé nº 96.

__ 122
292 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A principal necessidade da Semma atualmente, na problemática ambiental de Marin-


gá, diz respeito à capacitação profissional, com ampliação do quadro de funcionários e
novos equipamentos para a Secretaria. Tendo-se em vista o aumento da complexidade dos
processos e tecnologias ambientais e a dificuldade enfrentada pela Administração Munici-
pal para novos investimentos, a solução desses problemas pode estar na parceria com
órgãos técnicos ou representativos.
Uma independência política e financeira da gestão ambiental em Maringá, aponta pa-
ra a criação de uma Secretaria exclusiva para o Meio Ambiente, autônoma e gerida por
recursos próprios.
A partir de janeiro de 2004, houve uma reestruturação do Poder Executivo de Ma-
ringá, e através do artigo 2o da Lei Complementar nº 509/2003, foi criada a Secretaria de
Meio Ambiente e Agricultura. No artigo 25, estão determinadas as competências da nova
Secretaria:

Art. 25 - Será de competência da Secretaria Municipal do Meio


Ambiente e Agricultura:
I - o planejamento operacional, a formulação e a execução da po-
lítica ambiental do Município;
II - o desenvolvimento de pesquisas referentes aos recursos natu-
rais;
III - fiscalização, controle, monitoramento, desenvolvimento,
mapeamento das áreas verdes e reservas ambientais do Municí-
pio;
IV - o combate permanente à poluição ambiental, nas suas diver-
sas formas, incluindo-se o controle, fiscalização e uso do subsolo;
V - o combate às várias formas de poluição sonora e visual, at-
mosférica, hídrica e do solo;
VI - a promoção, estímulo e fomento às atividades agropecuárias
e apoio aos sistemas de distribuição e abastecimento dos produ-
tos agropecuários;
VII - criar e viabilizar mecanismos de apoio e incentivo aos pro-
dutores rurais, objetivando a geração de emprego e renda;
VIII - definir e executar as políticas agrícolas e de abastecimento
para o Município, visando à organização da cadeia produtiva e
sua sustentabilidade econômica, social e ambiental;
IX - estabelecer e desenvolver projetos e programas para a valori-
zação das atividades agropecuárias no Município, buscando o de-
senvolvimento e capacitação tecnológica;
X - a apreensão de animais, geradores de risco e/ou incômodo
ambiental;
XI - administrar e fiscalizar as feiras públicas.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente e Agricultura
tem por competência:
I - promover as medidas necessárias para proteção do meio am-
biente, através do controle de poluição ambiental;
II - desenvolver e acompanhar os objetivos, as metas e ações do
Planejamento Estratégico de Governo que estejam relacionados à
Secretaria;

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MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

d) ZP4:
III - planejar,
Hortoorganizar,
Florestal; orientar, controlar e coordenar as ativi-
e) ZP5:
dades Parqueada
relativas Nascente doeRibeirão
agropecuárias Paiçandu;
de abastecimento;
IV ZP6:
f) Bosque
- buscar das Grevíleas;
intercâmbios com órgãos afins, visando ao desenvol-
g) ZP7: Parque
vimento do Sabiá;
de parcerias para a realização de práticas economicamen-
te ZP8:
h) Parque
viáveis, Florestal Municipal
ecologicamente das Perobas;
sustentáveis e socialmente justas, nas
i) ZP9: Recanto
atividades Borba Gato;
agropecuárias;
V ZP10:
j) Parque
- cooperar com Ecológico Municipal
as iniciativas do eGuaiapó;
públicas apoiar as iniciativas pri-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das
vadas em atividades ligadas ao setor agropecuárioPalmeiras;e ambiental;
VIZP12:
l) Parque do orientação
- disponibilizar Cinqüentenário;
técnica necessária para a obtenção
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
de recursos para a execução da programação dos projetos viabili-
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
zados pela Pasta;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
VII - desenvolver e acompanhar os objetivos, as metas e ações do
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
Planejamento
q) ZP17: Reserva Estratégico
do Córregode Governo
Cleópatra;que estejam relacionados à
Secretaria;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
VIII
s) ZP19:- determinar
Reserva do a fiscalização das feiras públicas e outras ativi-
Córrego Moscados;
dades similares no Município;
Destacam-se, dentre elas, IX as - desempenhar outras atividades que lhe sejam atribuídas pelo
seguintes áreas:
Chefe do Poder Executivo, no âmbito de sua área de atuação.
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Apesar das advertências, a gestão do Prefeito João Ivo Caleffi preferiu manter a pasta
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
do Meio Ambiente junto com Agricultura. As estruturas eram independentes, não haven-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
do justificativas parapara
estruturais essa garantir
união. Aliás, o contrário eraSomente
sua sobrevivência. o mais indicado,
no ano de no 2003
sentido de criar
a área foi
órgãos cadacercada
vez pela
mais Prefeitura
especializadosde Maringá,
na criaçãonuma tentativa das
e execução de isolamento
políticas dedas principaise
agricultura
áreas verdes
meio ambiente. Aindadoque município.
muitas das ações dessas pastas sejam conexas, pode-se concluir
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
que as demais, sem exceção, terão alguma interface com o meio ambiente, como, por
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
exemplo, as secretarias de obras, de desenvolvimento urbano, de educação, de indústria e
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
comércio,Administração
etc., e isto nãoMunicipal
justifica a dosuaex-prefeito
união. Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
O coroamento de uma política
financeiro especialmente de reestruturação
direcionado para a administrativa
implementaçãododePoder Executivo
estruturas que
de Maringá,permitissem a visitação
para estabelecer umae política
a recuperação
ambientalflorestal
sólidado local. Entretanto,
e democrática, o máximo
não ocorreu. A
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada;
criação da Secretaria do Meio Ambiente autônoma seria e ainda é um complemento indis- uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
pensável para a reestruturação do Comdema. O próximo passo será, independentemente
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
desse contratempo
recuperação histórico, o investimento
foi viabilizado na últimano corpomunicipal,
gestão técnico dabuscando
secretaria.
tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
3.3 IAP – Instituto
c) Parque Ambiental
Florestal Municipaldodas Paraná
Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
A Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), com sede em Curitiba, divide-se
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
em, basicamente, três estruturas. A primeira é relativa ao planejamento e estabelecimento
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
da política ambiental do Estado (junto com o Conselho Estadual do Meio Ambiente),
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
composto pela estrutura administrativa central da Sema. A segunda diz respeito ao órgão
manejo.
executivo do Paraná, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). E por fim, tem-se o órgão
responsável pela gestão dos recursos hídricos e pelo saneamento ambiental do Estado do
Paraná, que é adaSUDERHSA.
76 Ver comentário nota de rodapé nº 96.

__ 122
294 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

O Instituto Ambiental do Paraná foi criado pela Lei Estadual no 10.066/92 com as
seguintes atribuições principais:
a) propor, executar e acompanhar as políticas de meio ambiente do Estado;
b) fazer cumprir a legislação ambiental, exercendo, para tanto, o poder de polícia
administrativa, controle, licenciamento e fiscalização;
c) conceder licenciamento ambiental para instalação, funcionamento e ampliação de
atividades, obras e serviços, planos e programas de abrangência Regional;
d) licenciar empreendimentos florestais e autorizar desmates;
e) executar o monitoramento ambiental dos recursos hídricos superficiais e subter-
râneos, do ar e do solo;
f) elaborar, executar e controlar planos e programas de proteção e manutenção da
biodiversidade, preservando e restaurando os processos ecológicos essenciais, e
assegurando a reprodução da flora e da fauna silvestres;
g) executar e fazer executar todos os atos necessários a proteção, conservação e re-
cuperação do meio ambiente;
h) executar a coleta sistemática de dados e informações sobre o meio ambiente;
i) administrar o Fundo Estadual do Meio Ambiente.
Como pode-se perceber, o IAP assumiu o controle da execução ambiental do Estado
do Paraná, como órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente, definido pela
Lei nº 6.938/81, como órgão seccional.
O órgão está divido em regiões por todo o Estado do Paraná. A cidade de Maringá é
sede de um escritório regional que atende a 29 municípios. Para tanto, o IAP de Maringá
possui 12 funcionários efetivos, sendo que destes, 2 são administrativos e 10 atuam na
fiscalização, sendo um deles o chefe do escritório regional (2003).
Dos fiscais existentes, que devem atender aos 29 municípios da região, respectiva-
mente, 4 são agentes ambientais, 4 são engenheiros agrônomos, 1 engenheiro florestal e 1
engenheiro químico. Todos respondem pela fiscalização da pesca ilegal e da reserva legal
na região e 2 atuam no licenciamento industrial. Por fim, ainda existem 2 estagiários e 7
funcionários do viveiro regional, localizado em Mandaguari.
Com esses dados é possível ter uma idéia dos problemas estruturais pelos quais o
IAP passa no Estado do Paraná, principalmente na região de Maringá, que acaba sendo
mal atendida. A falta de profissionais técnicos, capacitados para a fiscalização ostensiva é o
maior problema. Existem muitos funcionários meios e poucos funcionários fim, a exemplo
do que ocorre em praticamente todas as repartições públicas.
Outro problema é a inexistência de equipamentos para o atendimento de Maringá e
região. Para a realização de qualquer análise, laudo ou perícia para identificar danos ambi-
entais e os responsáveis, é necessário que o material coletado seja enviado para o escritório
regional de Londrina, onde os testes são realizados e devolvidos para Maringá. É lógico
que esse processo inviabiliza casos em que uma perícia imediata se faz necessária para a
apuração do dano, sem contar que encarece e dificulta a prestação dos serviços da região
de Maringá. Além do mais, o contato com os fiscais atuando em campo não é muito fácil,
e depende de telefones celulares.

__ 295 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

d) ZP4: Horto
Outro problema é a inexistência Florestal;mínimas para os fiscais atuarem com to-
de garantias
tal isenção, o que tem atingido e) ZP5:
outrosParque da Nascente
setores do Estado, do Ribeirão
como, por Paiçandu;
exemplo, a vigilância
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
sanitária. Os funcionários que exercem uma atividade de tamanha importância e repercus-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
são econômica são pressionados h) ZP8: pelas circunstâncias
Parque e nem sempre
Florestal Municipal podem agir com inde-
das Perobas;
pendência, baseados apenasi)nos preceitos técnicos
ZP9: Recanto Borba Gato; e comandos legais. A mudança da Ad-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
ministração Estadual, por exemplo, já é suficiente para provocar alterações nas linhas de
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
atuação da fiscalização, demonstrando que o principal órgão ambiental, pertencente ao
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
SISNAMA, atua ao sabor das m) paixões e necessidades
ZP13: Parque políticas
da Rua Teodoro dos “líderes” governamen-
Negri;
tais. n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
As denúncias devem ser ZP15: Reservas
o) encaminhas pordo Córrego
escrito paraBorba Gato
o IAP, 76;
visando registrá-las para
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
evitar fraudes e contratempos desnecessários. O fiscal é informado e dirige-se, quando
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
possível, ao local informado r) para
ZP18:apurar a denúncia.
Reserva Veja-seDeolinda
da Rua Pioneira que alémT.dos problemas en-
Garcia;
frentados com o clima, há ainda s) ZP19:a questão
Reservadedoque nem sempre
Córrego Moscados; existem fiscais disponíveis
no escritório para constatar a agressão ambiental no exato momento em que ela ocorre.
Destacam-se,
Quando o dano dentre elas, as seguintes
é constatado, áreas:
o infrator é notificado para adequar sua atividade em
a) Parque
determinado Ecológico
prazo. Em casoMunicipal do Guaiapó:
de reincidência, de danoreconhecido
grave ou decomo parqueà pela
desrespeito Lei
notifica-
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-
ção, é feita uma autuação, culminada em multa, que pode posteriormente, diante da insis-
tência dodraagente
43-B poluidor,
do Conjunto ser Residencial
convertida em Parigot de Souza,administrativas
penalidades constituído demaisremanescen-
severas,
tes da vegetação nativa.
como embargos e interdição da atividade. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
estruturais
Quanto para garantirnosua
a sua competência sobrevivência.
Município Somente
de Maringá, no de
apesar ano de 2003 amunicipal
a legislação área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
prever a competência da Semma para o controle da fiscalização, proteção e conservação das principais
áreas verdes do município.
do meio ambiente local, as irregularidades jurídicas, especialmente no tocante às condições
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
para o exercício da competência licenciatória, e a responsabilidade solidária dos membros
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
do Sistema Nacional do Meio Ambiente, mantém-se o IAP como principal órgão ambien-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
tal do Estado do Paraná e, da mesma forma, do Município de Maringá.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
O que se constata na prática é que o IAP não atua nos limites do Município, exceto
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
em alguns casos mais complexos de licenciamento ambiental e em alguns casos de desma-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
tamento nas zonas rurais e nas autorizações para corte de árvores no interior das proprie-
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
dades. Isto porque as árvores que permanecem nas vias públicas são de competência da
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Semma.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Ainda não ficou muito claro quem é o órgão competente em Maringá para as causas
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ambientais de acordo com a estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Apesar de
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
a legislação estadual e municipal serem bastante claras na incumbência da competência
inda aguarda recursos financeiros.
para a Administração Pública de Maringá, em especial com a autonomia constitucional do
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
Município, mantendo-se a subsidiariedade do IAP, ambos os órgãos ambientais estão
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
completamente desaparelhados. Com isto, muitas das atribuições da Semma não são ob-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
servadas, embora estejam previstas na legislação municipal. Conseqüentemente, muitos
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
casos são encaminhados da Prefeitura para o IAP, que, na medida do possível, tenta dar
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
alguma solução à questão.
manejo.
Conclui-se que esse órgão é mais uma vítima da inexistência de uma política estadual
séria para com o meio ambiente, a exemplo do que se repete nos municípios, incluindo
Maringá.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
296 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

3.4 SUDERHSA – Superintendência Estadual de Recursos Hídricos e Sane-


amento ambiental

A SUDERHSA é componente da estrutura administrativa da Semma (Secretaria Es-


tadual do Meio Ambiente).
A exemplo do que ocorre com os demais órgãos públicos ligados à gestão ambiental
em Maringá, o escritório regional da SUDERHSA também enfrenta sérios problemas
estruturais. Área de abrangência do escritório de Maringá é de 74 municípios. Existem 7
funcionários, dos quais 4 são fiscais, e os demais secretários administrativos.
As principais atribuições da SUDERHSA dizem respeito à água, às vistorias para ou-
torga e concessão de uso, obras de aterro sanitário, dando suporte técnico para sua execu-
ção, autorização para piscicultura, redes de galerias pluviais, e autorização para perfuração
de poços artesianos.
Foram regularizados em Maringá, a partir de 1997, 701 poços semi-artesianos cadas-
trados, até o dia 24 de abril de 2003. Os poços mais antigos estão sendo aprovados nos
testes de contaminação e, apesar de o controle ainda não ser o ideal, ao menos é possível
se ter uma idéia do número de poços existentes no município, ainda que muitos continu-
em clandestinos e irregulares, à espera de uma efetiva fiscalização.
De qualquer forma, a inexistência de um sistema de fiscalização sério e efetivo em
Maringá permitiu que fossem perfurados mais de 1300 poços semi-artesianos em seu terri-
tório, segundo estimativas com dados não oficiais.
A atuação da SUDERHSA resume-se aos município menores, que possuem menos
estrutura técnica para realização de obras de saneamento básico. Portanto, a atuação em
Maringá fica bastante reduzida, uma vez que a Prefeitura Municipal possuiria, ao menos
sob o ponto de vista do Governo do Estado, a capacidade de atender às principais de-
mandas locais.
O processo de cadastramento de um poço artesiano inicia-se com um requerimento
do interessado, contendo um laudo assinado por um geólogo. Após a sua aprovação, é
emitida a licença prévia que autoriza a perfuração do poço. Concluída sua execução, é
concedida a outorga do poço, na qual consta o volume de água autorizado para consumo.
Com a regularização da nova política de gerenciamento dos recursos hídricos, a atua-
ção da SUDERHSA será revista e talvez ampliada sua atribuição fiscalizadora, inclusive
em Maringá. O atual Governo do Estado trouxe recentemente à tona a discussão sobre a
possibilidade de a SUDERHSA, com seu histórico de ineficiência, assumir todas as U-
ED´s (Unidades Estaduais Descentralizadas), que funcionarão como Agências de Cobran-
ça pelo uso da água no Estado do Paraná. Muitas bacias já possuem seus Comitês de Bacia
instalados e com processos avançados de negociação social para instalação das UED´s
através de associações representativas.

__ 297 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

3.5 Ibama – Instituto Brasileiro do Florestal;


d) ZP4: Horto Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio doAmbiente
Sabiá; e dos Recursos Naturais Renová-
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato; deu nova redação ao artigo 2 da
veis) foi criado pela Lei nº 7.735/89. A Lei nº 8.028/90 o

Lei nº 7.735, e a Medida Provisória


j) ZP10: nº 1.911Ecológico
Parque de 12/99, deu a seguinte
Municipal redação ao mencio-
do Guaiapó;
nado artigo 2 : o k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
É criado
n) ZP14: oParque
Instituto Brasileiro
Alfredo Werner do Nyffeler;
Meio Ambiente e dos Recursos
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gatode
Naturais Renováveis, entidade autárquica 76; regime especial, do-
tada
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;Público, vinculada ao
de personalidade jurídica de Direito
Ministério do Meio
q) ZP17: Reserva do Ambiente, com a finalidade de executar as
Córrego Cleópatra;
políticas nacionais de meio ambiente
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda referente às atribuições fe-
T. Garcia;
derais permanentes relativas
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados; à preservação, à conservação e ao
uso sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e con-
trole, bem como apoiar o Ministério do Meio Ambiente na exe-
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
cução da Política Nacional de Recursos Hídricos e na execução
a) Parque Ecológico das Municipal do Guaiapó:
ações supletivas reconhecido
da União, como parque
de conformidade pela Lei
com a legislação
Complementar nº 3.513/93,
em vigor epossui uma área
as diretrizes de 16.204,48
daquele Ministério.m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
O Ibama
tes da surgiu da fusão
vegetação nativa.deA4 área
organismos
não possui administrativos
plano de manejo que existiam
e enfrenta anteriormen-
problemas
te: a Sema (Secretaria Especial do Meio Ambiente), o IBDF (Instituto
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área Brasileiro de De- foi
senvolvimento
cercadaFlorestal), a Sudepe
pela Prefeitura (Superintendência
de Maringá, do Desenvolvimento
numa tentativa de isolamento das da Pesca) ea
principais
SUDHEVEA (Superintendência
áreas verdes do município. da Borracha).
EmJardim
b) consonância
Botânico:comcomo disposto
uma áreapelo artigo 6o, IV da Lei
de aproximadamente 9 milno m6.938/81, o Ibama é
2 , nela localizam-se

considerado
duasoantigas
Órgão lagoas
Executor do Sistema da
de tratamento Nacional
Sanepardodesativadas.
Meio Ambiente, Em seu e possui
fundo,aencon-finali-
tram-se dois
dade de executar córregos
e fazer quecomo
executar, praticamente não possuem
órgão federal, a políticamata ciliar preservada.
e diretrizes governamen- Na
Administração Municipal
tais fixadas para o meio ambiente. do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
Emfinanceiro
virtude da especialmente direcionadodecorrentes
divisão de competências para a implementação de estruturas
da legislação ordinária que
(especial-
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local.
mente da previsão do Sistema Nacional do Meio Ambiente), das resoluções do Conama Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
(em especial com a resolução nº 237/93), culminando na Constituição Federal, os Estados
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
passaram a criar órgãos que assumiram as atribuições originárias do Ibama, especificamen-
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
te em seus territórios. Assim ocorreu com o IAP(Instituto Ambiental do Paraná).
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
Ao ponto
Ibamade permanece a competência
lazer e visitação para gerir e carente
para a comunidade fiscalizarque osvive
recursos
a suanaturais
volta, mas tidosa-
como bens da união, como os rios
inda aguarda recursos financeiros. que cruzam mais de um estado, os animais silvestres,
entre c)outros,
Parque queFlorestal
possuemMunicipal
alcance nacional ou federal.
das Perobas: Mesmo
localizado nosem uma
lotes cidade
210-A como Ma-
e 211-A, 210
ringá, pertencente
e 210-G daa Glebauma divisão
Ribeirãoe Pingüim,
confusãocom de competências em matéria
área total de 263.438,74 m ambiental,
2 , constituído o
de remanescentes
Ibama manteve um escritórioda regional
vegetação aténativa
o finalque
doapresentam
ano de 2000. espécies representativas da
Atéflora
aquelae da faunaodaescritório
época, região. Essa área, reconhecida
de Maringá mantinha como parque
2 fiscais, pela Lei Comple-
aparelhados com um
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada
veículo “fusca”, pouco combustível e muita vontade para atender a aproximadamente 70e não possui um plano de
manejo.
municípios da região. Infelizmente, um órgão com tamanho prestígio dentro do Sistema
Nacional do Meio Ambiente permaneceu completamente abandonado pelo governo fede-
ral.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
298 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Os casos mais freqüentes atendidos pelo escritório de Maringá diziam respeito aos
maus-tratos de animais silvestres. Como não existe nenhum rio de competência federal na
região, a atuação do Ibama ficou muito restringida, até mesmo porque o órgão estava
abandonado. Quando os fiscais precisavam fazer uma vistoria, tinham que utilizar recursos
financeiros próprios para chegar às localidades, porque não havia repasse de verbas pelo
governo federal.
O escritório do Ibama de Maringá estava ligado à Linha Verde, um programa do go-
verno federal para o rastreamento de contrabando de animais silvestres e outras atividades
ilegais do gênero.
A partir do ano de 2001, o Município de Maringá passou a ser atendido pelo escritó-
rio regional do Ibama de Londrina de forma bastante tímida e imperceptível.Essa situação
foi percebida pelo novo governo federal, que após estudos realizados no primeiro ano de
gestão (2003), decidiu pela reabertura do escritório regional do Ibama em Maringá, reali-
zado em 19 de março de 2004.
Apesar de cobrar a TCFA (Taxa de Fiscalização Ambiental), o Ibama continua de-
sempenhando um papel secundário na política ambiental da região de Maringá.

3.6 Polícia Florestal do Estado do Paraná163

O Batalhão de Polícia Florestal foi criado em 04 de Abril de 1957, através da Lei nº


3.056/57. Trata-se da Unidade da Polícia Miltar do Paraná que, além de atuar ostensiva-
mente cumprindo a lei, ensejando a preservação da ordem pública e o exercício dos pode-
res constituídos, tem a missão de zelar pela flora, fauna e o ambiente no Estado do Para-
ná. A Polícia Florestal foi instituída com a denominação Corpo de Polícia Florestal, sendo
sua Lei de Criação regulamentada pelo Decreto Estadual 5.651, de 19 de Julho de 1957.
Com pequeno efetivo, a partir de 18 de Setembro de 1962, foi empregado na proteção dos
Parques Estaduais de Vila Velha, Campinhos e Monge da Lapa. No ano de 1970, seu tra-
balho de proteção estendeu-se ao Parque Nacional do Iguaçu e posteriormente à Floresta
Nacional de Irati.
Foi através da Lei nº 6.774, de 08 de janeiro de 1976, que o Corpo de Polícia Flores-
tal foi transformado em Batalhão.
O Batalhão Florestal cumpre as suas atribuições, prioritariamente, através da realiza-
ção do policiamento ostensivo, que é executado com maior ênfase em sua parte preventi-
va, no sentido de orientar e dissuadir ações que representem transgressões à legislação
ambiental.
Dentre suas inúmeras atribuições, originárias ou decorrentes de convênios, destacam-
se:

163 Disponível em: < http://www.pr.gov.br/bpflo/historico.html.>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 299 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

* Executar o policiamento d) ZP4:ostensivo, de forma preventiva ou repressiva, com a fi-


Horto Florestal;
ZP5: Parque
nalidade de coibir ee) dissuadir açõesda Nascente do Ribeirão
que representem Paiçandu;
ameaças ou depredações à
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Natureza.
g) ZP7: Parque do Sabiá;
* Zelar pelo cumprimento h) ZP8: daParque
legislação ambiental
Florestal de defesa
Municipal da flora e fauna silves-
das Perobas;
tres, observando osi) dispositivos das leis
ZP9: Recanto Borba Gato; Federais e Estaduais, bem como as por-
j) ZP10:
tarias e resoluções em vigor. Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k) ZP11: Parque
* Autuar, administrativamente, Florestal Municipal
os infratores das Palmeiras;
ambientais, fornecendo subsídios
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
ainda, para o Ministério m) ZP13:Público
Parque da nasRuaações civisNegri;
Teodoro de recuperação por danos
provocados contran)a ZP14: Natureza.
Parque Alfredo Werner Nyffeler;
ZP15: Reservas
* Realizar prisões deo)infratores, do Córrego
que sejam BorbanoGato
flagrados 76;
cometimento de crimes
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
ambientais, e encaminhá-los à presença da autoridade policial, para a lavratura
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
do flagrante e inquérito r) ZP18: policial.
Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Na atuação preventiva,s)oZP19: Batalhão
Reservavemdodesenvolvendo
Córrego Moscados; programas de educação am-
biental junto à comunidade, com a elaboração e veiculação de cartazes, panfletos com
textosDestacam-se, dentre elas,palestras
educativos, realizando as seguintes áreas:
em estabelecimentos de ensino, exposições técnicas
a) Parque
às entidades Ecológico
públicas Municipal
e privadas do Guaiapó:popular,
com participação reconhecido como parque
e orientações ao públicopela nas
Lei
Complementar
áreas de preservação nº 3.513/93,
ambiental possui
que estão sobuma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
sua guarda.
Na dra
sua 43-B do Conjunto
organização Residencial
administrativa, Parigot de
o Batalhão da Souza,
Polícia constituído de remanescen-
Florestal divide-se em duas
tes daavegetação
Companhias, primeira nativa.
atendendo A área não possui
o interior do plano
estadodee manejo
a segunda e enfrenta problemas
o litoral. E cada
Companhia subdivide-se em postos de atendimento. A 1ª Companhia é dividida emfoi3
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área
pelotões,cercada
com sedespela emPrefeitura
Foz do de Maringá,
Iguaçu, Ponta numa tentativa
Grossa e em de isolamento
Londrina, sendo daseste
principais
último
áreas
responsável verdes
pelo posto dodemunicípio.
Maringá, além do posto de Icaraíma.
b) Jardimlocalizado
O posto Botânico:em comMaringá
uma área de aproximadamente
atende 9 mil m2 da
a mais de 20 municípios , nela localizam-se
região, e conta
com um efetivo de 21 homens, incluindo o aspirante comandante. Contando com aencon-
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, indis-
tram-se
ponibilidade de 2dois
homenscórregos queetc.),
(férias, praticamente
os demais não possuem
formam mata ciliar
3 equipes, preservada.
compostas cada uma Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi
por um sargento comandante, um cabo auxiliar e 4 soldados. Foi a partir de 1998, median- recebido um recurso
financeiro
te um convênio especialmente
assinado direcionado
com a Prefeitura para a implementação
de Maringá, que esse posto foi de criado
estruturas
em Ma- que
permitissem
ringá, e apesar a visitação
de previsto em seuse a recuperação florestal do local.
termos a responsabilidade de aEntretanto,
Prefeitura oMunicipal
máximo
repassar que
váriosse equipamentos
pode encontrare meios é uma de pista de caminhada
estruturá-lo mal projetada;
este posto, isto nunca uma sede utiliza-
ocorreu.
da pordomuito
O posto tempo
Batalhão pelo Corpo
da Polícia Florestalde Bombeiros, e que foicom
de Maringá trabalha ocupada
poucapela Políciae
estrutura
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada.
com sérias dificuldades em desempenhar as suas atribuições locais. Na Gestão Municipal Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
anterior, um convênio foi preparado, no ano de 2003, incluindo a mudança do posto da tornar a área um
ponto
antiga sede de lazerdentro
localizada e visitação para adocomunidade
do Parque Ingá, para acarente que ocupada
área antes vive a suapelo volta,
Corpomas dea-
inda aguarda recursos financeiros.
Bombeiros no chamado Jardim Botânico. No novo convênio, a Prefeitura de Maringá
c) Parque
obrigou-se apenasFlorestal Municipaldadas
à manutenção sedePerobas: localizado
do posto, nos lotes
ao repasse 210-A e 211-A,
de combustível, 210
energia
elétrica eeágua,
210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, e dacom áreadetotal
um de 263.438,74 m , constituído
2
manutenção dos veículos cessão número de telefone. A Amu-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies
sep deverá ser acionada para auxiliar na manutenção do posto, uma vez que o efetivo de representativas da
Maringá flora e da fauna
continuará da região.
atendendo Essasérie
a uma área,dereconhecida
municípioscomo parquetornando
da região, pela Lei assim,
Comple- as
mentar nº 3.513/93, também
obrigações das partes mais justas e eficientes. se encontra abandonada e não possui um plano de
De manejo.
acordo com informações do comando de Maringá, as atuações da Polícia Flores-
tal no município resumiam-se até 2003, principalmente a: pesca predatória (utilizando
material proibido
76 Ver comentário ou de
da nota emrodapé
período
nº 96. defeso); caça ilegal (em especial capivaras); e manutenção

__ 122
300 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

de pássaros em cativeiro. O desmatamento não contava com muitos registros, até mesmo
porque a região já foi muito agredida, não restando grandes coberturas vegetais sob amea-
ça. Entretanto, algumas ações referem-se à fiscalização da madeira transportada na região.
Até julho de 2003, o Posto de Maringá do Batalhão da Polícia Florestal registrou 46 autos
de infração.
Infelizmente, nos últimos anos é possível constatar-se uma série de atos abusivos e
contraditórios pela atuação da Polícia Florestal no Estado do Paraná. Isto porque, enquan-
to representantes do Estado, os policiais florestais passaram a aplicar severas penalidades
contra condutas e atos que até pouco tempo eram negligenciadas pelo Estado, e em sua
grande maioria são ainda cometidas pelo Poder Público na prestação de diversos serviços
públicos. Além disto, muitas prisões abusivas e autuações sem critérios técnicos e legais
têm sido aplicadas, criando uma política do medo e da aversão à proteção ambiental em
várias regiões do Estado e, do Município de Maringá.
Pode-se afirmar que a efetividade do Direito Ambiental depende de uma fiscalização
ostensiva. Porém, toda sanção deve ser antecedida de políticas públicas sérias, que promo-
vam a educação dos cidadãos e estimulem as ações ecologicamente corretas.

__ 301 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 302– EM BRANCO

__ 302 __
4 Organizações não governamentais

No município de Maringá, poucas são as associações, fundações e entidades da soci-


edade civil ou do terceiro setor, denominadas ONGs (Organizações Não Governamen-
tais), que atuam na preservação ambiental.
Entre as existentes, podem ser citadas as seguintes:
- Adeam – Associação Brasileira de Defesa e Educação Ambiental;
- Funverde - Fundação Verde;
- BFFS – Brasil Fauna Flora e Sul;
- SPAM – Sociedade Protetora dos Animais;
- Cebea – Centro de Bem Estar Animal;
- Apromac – Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte (escritório de
Maringá);
- UPPA – União pela Preservação Ambiental.
A Adeam (Associação Brasileira de Defesa e Educação Ambiental) foi fundada em
1979, por Alberto Contar. Em seus estatutos constitutivos, a Adeam estipula a finalidade
de lutar pela preservação do meio ambiente, o que a legitima a propor ações civis públicas,
conforme o previsto pela Lei nº 7.347/85.
Essa associação vem resumindo sua atuação na proposição de ações judiciais que o-
brigam os proprietários de áreas rurais a recuperar e a preservar as áreas de reserva legal,
localizadas em seus imóveis.
Na maior parte das ações, a Adeam pede apenas que o proprietário deixe de utilizar
as referidas áreas, permitindo que ocorra a regeneração natural. Em alguns casos, a associ-
ação também exige o reflorestamento acompanhado pelo IAP.
As ações podem durar cerca de 8 anos, e mesmo com o provimento final favorável,
nem sempre o resultado almejado é obtido. O sustento financeiro da Adeam seria prove-
niente dos honorários relativos às causas ingressadas na Justiça.
Infelizmente, a Adeam tem prosseguido em suas ações judiciais apenas até a obten-
ção de provimentos favoráveis. Isto quer dizer que, depois de proferida a sentença, transi-
tada em julgado, que obriga o proprietário a manter a reserva legal, nada mais é feito pela
associação, que não sabe ou então não fiscaliza se as ações são efetivamente cumpridas,
relegando a tarefa novamente ao órgão estadual florestal IAP.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A proteção ambiental d) ZP4: Horto


realizada pela Florestal;
Adeam está centrada unicamente nas questões
florestais. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
A Fundação Verde (Funverde) 164 é uma entidade que tem como principal objetivo a
g) ZP7: Parque do Sabiá;
preservação do meio ambiente em todos
h) ZP8: Parqueos seus sentidos,
Florestal Municipaldesde a educação ambiental à
das Perobas;
recuperação de áreas que foram de alguma forma
i) ZP9: Recanto Borba Gato; depredadas pelo homem.
O embrião dessa organização j) ZP10:não Parque Ecológico Municipal
governamental surgiu hádomais
Guaiapó;
de 15 anos, a partir
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das
da reunião de um grupo de pessoas interessadas na causa da preservação ambiental, que Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
discutiam a situação do meio ambiente, aglutinando idéias e objetivando criar projetos que
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
pudessem solucionar algunsn) problemas
ZP14: ParquegraveAlfredo
detectados
WerneremNyffeler;
Maringá e região.
Após algumas articulações em busca
o) ZP15: de recursos
Reservas do Córrego financeiros
Borba Gato e a76elaboração
; de estatu-
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
tos e regulamentos, foi instituída a Fundação Verde, sendo aprovada pelo Ministério Pú-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
blico da Comarca de Maringá, passando, efetivamente, a existir como pessoa jurídica de
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
direito privado sem fins lucrativos. s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
De forma geral, pode-se asseverar que a principal atuação da Funverde se dá através
Destacam-se,
de denúncias dentre
formais ao elas, as seguintes
Ministério Público,áreas:
além da veiculação de matérias em alguns
a) locais.
jornais Parque EssaEcológico
fundaçãoMunicipal
já se encontrado Guaiapó:
legitimadareconhecido
para propor açõescomo civis
parque pela Lei
públicas.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48
A Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte (Apromac), foi criada no m 2, localizado na qua-

dia 21 dedra 43-B dodeConjunto


setembro 1985, emResidencial
Cianorte-PR, Parigot
tendode Souza,
como constituído
principal bandeirade remanescen-
a criação do
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Parque Municipal do Cinturão Verde de Cianorte. A missão da organização pode ser re-
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
sumida nos seguintes tópicos:
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
- Promover o Desenvolvimento Sustentável na região;
áreas verdes do município.
- Atuar
b) Jardimem conjunto
Botânico: com com umaórgãos
área degovernamentais
aproximadamente na recuperação
9 mil m2 , nela dos recursos
localizam-sena-
turais e na educação ambiental;
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
- Assessorar
tram-se doisdiferentes
córregosinstituições na edição
que praticamente nãoe aperfeiçoamento
possuem mata ciliar da legislação
preservada. ambi-
Na
ental;
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
- Contribuir para a criação de unidades de conservação, assessorando os órgãos
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
competentes anas
permitissem diferentes
visitação e a etapas do processo;
recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
- queFazerseopodemonitoramento
encontrar é uma pista derecursos
do uso dos caminhada naturais, assim como
mal projetada; umadas ações
sede ou
utiliza-
omissões de autoridades governamentais que contribuam
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia para o mau uso dos
mesmos; a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Florestal
- recuperação
Distinguir pessoas e ou entidades
foi viabilizado na última quegestão
se destacarem
municipal, porbuscando
ações emtornar
prol da melho-
a área um
ria, defesa ou recuperação do meio ambiente.
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
A ONG conta com
inda aguarda uma financeiros.
recursos sede própria junto ao Viveiro Florestal; uma representação
em Curitiba e Maringá; um Viveiro
c) Parque Florestal Municipal das florestal comlocalizado
Perobas: capacidade nosinstalada
lotes 210-A para e1.000.000
211-A, 210 de
mudas/ano de essências
e 210-G da Gleba florestais
Ribeirãonativas
Pingüim,e exóticas
com área com sistema
total de produção
de 263.438,74 m2, em tubetes,
constituído
e mudas de deremanescentes
arborização urbana e ornamentais;
da vegetação nativa que umapresentam
trator e equipamentos de plantio de
espécies representativas da
mudas defloraárvores no campo (sulcador, subsolador, pulverizador, etc.);
e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- um veículo utilitário
mentar
de transporte de nº 3.513/93,
passageiro tipotambém
KOMBI. se encontra
Os recursos abandonada
humanos edanão possui são:
Apromac um plano de
manejo.

164Ver
76 Maiores
comentário
informações:
da nota <www.funverde.org.br>.
de rodapé nº 96.

__ 122
304 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

-Equipe de 20 empregados operários rurais, treinados para trabalho na produção


de mudas e no plantio de campo;
- Equipe de 3 empregados guarda-parque;
- Equipe de 2 gerentes (viveiro e campo);
- Uma secretária executiva;
- A Apromac é dirigida por Conselho Gestor presidido por Engenheiro Florestal
tendo na Presidência Executiva um Advogado;
- Possui ainda na sua equipe técnica, um corpo de técnicos como voluntários, cons-
tituído de Engenheiro Cartógrafo, Engenheiro de Segurança no Trabalho, Enge-
nheiro Civil, Engenheiro Químico, Agrônomo, Sociólogo, entre outros;
- Conselho Fiscal, constituído por um conjunto de 7 (sete) sócios fundadores.165
As demais organizações citadas não apresentam informações de fácil acesso ao públi-
co sobre suas atividades, apesar de estarem presentes em algumas ações ambientais em
Maringá. O pequeno número de membros, a falta de quadro técnico especializado, de
acessória jurídica, de recursos financeiros, e de capacidade de mobilização social, podem
ser apontados como alguns dos problemas gerais enfrentados por todas estas organiza-
ções. Assim como o setor governamental, também o setor não governamental está apenas
começando a acordar em Maringá.

165 Disponível em: < http://www.apromac.org.br/a01.htm>. Acesso em: 23 maio 2003.

__ 305 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 306
PÁGINA EM BRANCO

__ 306 __
5 Legislação ambiental de Maringá

Maringá possui inúmeras leis que tratam do meio ambiente. Agindo de acordo com a
competência suplementar e limitada imposta pela Constituição Federal, em seu Art. 30, I e
II, o município tem buscado regulamentar as principais situações ecológicas que ocorrem
em seu território. Mas como ocorre no país, em todos os níveis da federação, as leis pos-
suem quase sempre um caráter de oportunismo e casuísmo, sem muitos critérios técnicos.
Conclui-se pela inexistência de uma política ambiental no próprio poder legislativo de
Maringá, uma vez que da maioria dos seus componentes, poucos atuam na defesa do meio
ambiente. As leis normalmente são copiadas, literalmente, de outros municípios, sem se-
quer passarem por aperfeiçoamentos e adequações.
Esse é o caso, por exemplo, da lei que regulamenta a poluição visual, a lei que trata
das distâncias entre os postos de gasolina, entre inúmeras outras, que apesar de oportunas,
acabam sem aplicação pelo próprio poder público, por estarem dissociadas da realidade
enfrentada pelos órgãos executivos e pela população.
Essa situação, ao mesmo tempo, não justifica a omissão da Administração Pública,
mas colabora para que os problemas nunca sejam resolvidos e passem de uma gestão para
outra, acumulando-se entre as inúmeras questões “sem solução”.
Da análise das leis municipais, constata-se a existência de leis que abordam direta-
mente a questão ambiental, como as leis que tratam da poluição sonora e dos fundos de
vale, e também de leis que abordam indiretamente as questões ecológicas, como a lei de
uso e ocupação do solo de Maringá.
Para o levantamento das leis ambientais, foram consultados os arquivos da Câmara
Legislativa de Maringá, e embora os cuidados e a dedicação, algumas leis e decretos podem
estar sendo involuntariamente omitidas. Ao mesmo tempo, não foi objetivo realizar um
levantamento exaustivo das leis ambientais, apesar de sua importância, principalmente por
questões de ordem prática e instrumental.
Uma das sugestões passíveis de serem apresentadas à Câmara Legislativa do Municí-
pio é a criação de um Código Ambiental de Maringá, a exemplo do que ocorre em diversas
cidades, o que seria alcançada, basicamente com a compilação da legislação ambiental
esparsa referente à cidade de Maringá.
Existem muitas leis genéricas e de aplicação muito restrita, ao mesmo tempo em que
outras leis conseguem regular questões mais complexas como o problema dos fundos de
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

vale e da poluição sonora. Aindad) ZP4:assim


Hortohá Florestal;
uma falta de sistematização legal, o que impede
maior aplicabilidade às leis. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
Merece destaque a Lei f)no ZP6:
09/93Bosque das Grevíleas;
que estabeleceu a Política do Meio Ambiente de Ma-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
ringá. Seguindo os moldes das principais
h) ZP8: Parqueleis federais
Florestal sobre odas
Municipal assunto,
Perobas; essa lei municipal
i) ZP9: Recanto
definiu, em seus primeiros artigos, quais osBorba Gato;da Política Municipal do Meio Am-
objetivos
ZP10: Parque
biente de Maringá e termos j)e conceitos paraEcológico Municipal do Guaiapó;
a sua aplicação.
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Segundo a referida lei, l)oZP12:
principal objetivo
Parque da política ambiental de Maringá é “con-
do Cinqüentenário;
tribuir para a melhoria da qualidade de vidadados
m) ZP13: Parque Ruamunícipes, mediante a conservação e a
Teodoro Negri;
n) ZP14: Parque
recuperação dos recursos ambientais Alfredo Werner Nyffeler;
(art. 1o).”
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
Em termos gerais, pode-se afirmar
p) ZP16: quedaessa
Reserva Rualei está M.
Diogo bem elaborada, diante daquilo
Esteves;
que se pode esperar de umaq)leiZP17: que defina
Reservaumadopolítica
Córregomunicipal.
Cleópatra; Abrangendo instrumen-
tos, objetivos e princípios, ar)LeiZP18: Reserva
no 09/93 da Rua Pioneira
conseguiu Deolinda
estabelecer T. Garcia;
um sistema relevante para
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
a gestão ambiental de Maringá. Assim foi que criou a Secretaria do Meio Ambiente com
principal órgão de implementação
Destacam-se, da Política
dentre elas, as seguintes Ambiental de Maringá.
áreas:
Além disto, em seu Artigo 5 o, estabeleceu quais os seus principais instrumentos, e
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
destacam-seComplementar
o ConselhonºMunicipal
3.513/93, do possui
Meiouma área de 16.204,48
Ambiente e o Fundo m2Municipal
, localizadodonaMeio
qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído
Ambiente. O Comdema de Maringá foi um importante passo legal que o Município de de remanescen-
Maringá tes da vegetação
tomou nativa.
para a efetiva A área nãoda
participação possui plano nas
sociedade de manejo
decisõese públicas
enfrenta queproblemas
envol-
estruturais para
vam o meio ambiente local. garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento
Visando regulamentar a atuação da fiscalização ambiental conforme as normas locais das principais
áreas verdes do município.
para as infrações ambientais e as penalidades previstas na Lei Complementar nº 09/93 e
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
na Lei Federal nº 9.605/98, foi editado o Decreto nº 1358/2002. Em suas considerações
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
iniciais, este Decreto
tram-se doisdeixa claroque
córregos quais os seus objetivos
praticamente ao mencionar:
não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente - o previsto na letra ’g’
direcionado parado inciso I do artigo 787,
a implementação de da Lei Orgânica
estruturas que
do Município de Maringá;
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto,
- os princípios previstos pelos incisos VI e XI do artigo 3º da o máximo
que se pode encontrar é uma pista denºcaminhada
Lei Complementar 09/93; mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo - peloa competência
Corpo dedaBombeiros,
Secretaria de Serviços
e que Urbanos pela
foi ocupada e Meio Am-
Polícia
Florestal a partir debiente maio dedeMaringá
2003; e para
umafiscalizar,
imensa áreadireta e indiretamente,
desmatada. a política
Um projeto de
ambiental do município, exercendo, quando necessário, o poder
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
de polícia, de acordo com o artigo 4º da Lei Complementar nº
ponto de lazer e visitação
09/93; para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos - financeiros.
o instrumento da política ambiental municipal previsto no ar-
tigo 5º, Xdas
c) Parque Florestal Municipal da Lei Complementar
Perobas: localizadonºnos09/93;
lotes 210-A e 211-A, 210
- o disposto nos artigos 25,
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 26 e 27 da Lei Complementar
m2, constituído nº
09/93;
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
- a necessidade de regulamentação dos artigos 28 e 37, §1º da
flora e da fauna da Lei região. Essa área, reconhecida
Complementar nº 09/93, decomo acordoparque
com pela Lei Comple-
o previsto na Lei
mentar nº 3.513/93, também
Federal nº se encontraregulamentado
9.605/98, abandonada e pelo não possui
DecretoumFederal
plano denº
manejo. 3.179/99;
- a necessidade de regulamentar os artigos 45 e 46 da Lei Com-
plementar nº 4.780/99;
76 Ver comentário da nota de rodapé- nº 96.
a defasagem do Decreto Municipal nº 739/93.

__ 122
308 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

A justificativa para a criação do Decreto nº 1358/2002 baseou-se na inexistência, no


âmbito da legislação municipal, de um fundamento legal sólido para a atuação administra-
tiva da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A Lei Complementar nº 09/93 limitou-se
a prever a competência da Semma para exercer o poder de polícia ambiental e as espécies
de sanções. Essa lei acabou sendo superada pelas previsões da Lei Federal nº 9.605/98
quando trata das infrações administrativas:

CAPITULO VI
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 70 - Considera-se infração administrativa ambiental toda a-
ção ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo-
ção, proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração
ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Am-
biente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização,
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da
Marinha.
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá di-
rigir representação as autoridades relacionadas no artigo anterior,
para efeito do exercício do seu poder de policia.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração
ambiental e obrigada a promover a sua apuração imediata, medi-
ante processo administrativo próprio, sob pena de co-
responsabilidade.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo adminis-
trativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contra-
ditório, observadas as disposições desta Lei.
Art. 71 - O processo administrativo para apuração de infração
ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação con-
tra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de in-
fração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a
defesa ou impugnação;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatoria a
instancia superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sis-
nama, ou a Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Mari-
nha, de acordo com o tipo de autuação;
IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do
recebimento da notificação.
Art. 72 - As infrações administrativas são punidas com as seguin-
tes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;

__ 309 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

d) ZP4:
IV - apreensão
Horto Florestal;
dos animais, produtos e subprodutos da fauna e
e) ZP5:instrumentos,
flora, Parque da Nascente do Ribeirão
petrechos, Paiçandu;ou veículos de
equipamentos
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
qualquer natureza utilizados na infração;
V -ZP7:
g) Parqueoudoinutilização
destruição Sabiá; do produto;
h) ZP8:
VI - suspensão de venda eMunicipal
Parque Florestal fabricaçãodas doPerobas;
produto;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
VII - embargo de obra ou atividade;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
VIII - demolição de obra;
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
X - ZP13:
m) (VETADO)Parque da Rua Teodoro Negri;
XIZP14:
n) - restritiva
Parquede direitos.
Alfredo Werner Nyffeler;
§ 1º
o) Se o Reservas
ZP15: infrator cometer,
do Córregosimultaneamente,
Borba Gato76; duas ou mais infra-
ções,
p) ZP16: ser-lhe-ao
Reserva aplicadas,
da Rua Diogocumulativamente,
M. Esteves; as sanções a elas
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
cominadas.
ZP18:
§r) 2º Reserva da será
A advertência Rua aplicada
Pioneira Deolinda T. Garcia;das disposi-
pela inobservância
s) ZP19:
ções destaReserva do Córrego
Lei e da legislaçãoMoscados;
em vigor, ou de preceitos regula-
mentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.
Destacam-se, dentre elas,§ 3ºasAseguintes áreas:será aplicada sempre que o agente, por ne-
multa simples
a) Parque Ecológico gligencia
Municipal ou do
dolo:Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93,
I - advertido possui uma área de 16.204,48
por irregularidades que tenham m2,sido
localizado na qua-
praticadas, dei-
dra 43-B do Conjunto xar de saná-las, no
Residencial prazodeassinalado
Parigot por órgãode
Souza, constituído competente
remanescen- do
Sisnama ou pela Capitania dos Portos, do Ministério
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas da Marinha;
II - opuser
estruturais para garantir embaraço a fiscalização
sua sobrevivência. Somentedos no órgãos
ano dedo2003 Sisnama ou foi
a área da
Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preser-
áreas verdes do município.
vação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
b) Jardim Botânico: com § 5ºuma área de
A multa aproximadamente
diária será aplicada sempre9 mil que
m2 ,onela localizam-se
cometimento da
duas antigas lagoas infração
de tratamento da Sanepar
se prolongar no tempo. desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos § 6ºque praticamente
A apreensão não possuem
e destruição referidasmata
nos ciliar
incisospreservada.
IV e V do Na ca-
Administração Municipal do ex-prefeito
put obedecerão JaironoGianoto,
ao disposto foi recebido
art. 25 desta Lei. um recurso
§ 7º Asdirecionado
financeiro especialmente sanções indicadaspara nos incisos VI a IXdedoestruturas
a implementação caput serãoque a-
plicadas quando o produto, a obra, a atividade
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo ou o estabeleci-
que se pode encontrar mento não pista
é uma estiverem obedecendo
de caminhada malasprojetada;
prescrições umalegais
sedeouutiliza-
regu-
lamentares.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
Florestal a partir deI maio de 2003;
- suspensão e uma imensa
de registro, licença área desmatada. Um projeto de
ou autorização;
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal,
II - cancelamento de registro, licença ou buscando tornar a área um
autorização;
ponto de lazer e visitação paraoua restrição
III - perda comunidade carente que
de incentivos vive a sua
e benefícios volta, mas a-
fiscais;
inda aguarda recursos IV financeiros.
- perda ou suspensão da participação em linhas de financia-
mento emdas
c) Parque Florestal Municipal estabelecimentos oficiaisnos
Perobas: localizado de credito;
lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74Publica,
V - proibição de contratar com a Administração pelo pe-
m2, constituído
ríodo de ate três anos.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Art. 73 - Os valores arrecadados em pagamento de multas por in-
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
fração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fun-
manejo. do Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos,
76
conforme dispuser o órgão arrecadador.
Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
310 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Art. 74 - A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico,


quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto
jurídico lesado.
Art. 75 - O valor da multa de que trata este Capitulo será fixado
no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base
nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o míni-
mo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$
50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
Art. 76 - O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municí-
pios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na
mesma hipótese de incidência.

No âmbito federal, essa lei foi regulamentada pelo Decreto nº 3.179/99, que deta-
lhou cada uma das infrações genéricas previstas pela Lei de Crimes Ambientais. Contudo,
uma série de críticas foi feita tanto à Lei de Crimes ambientais quanto à publicação do
Decreto Federal. Destaca-se o jurista Luís Carlos Silva de Moraes:

Tanto a lei como o decreto regulamentador são inconstitucionais.


No primeiro caso, a falha advém da delegação de poderes para o
Poder Executivo legislar matéria vinculada ao princípio da reserva
legal.
Entretanto, fosse constitucional seria ilegal o Decreto 3.179/99,
pois desobedece à diretiva da norma que deveria regulamentar.
Não haveria necessidade de previsão expressa no regulamento
sobre o valor da multa, o que já afirmamos é individualizar a pe-
na, pois esse ato já está condicionado ao que determina o artigo
74 da lei 9.605/98, que é o dispositivo de lei a seguir na imposi-
ção de pena.166

Sem aprofundar essa discussão, cita-se o posicionamento do jurista Toshio Mukai,


que entende que o critério fundamental para se identificar a competência punitiva está no
dizer que é competente para dada medida de polícia administrativa quem for competente
para legislar sobre a matéria. Em outras palavras:

Aí ficam estabelecidas as condições de regularidade, ou seja, de


legitimidade do exercício do poder de polícia:
a) atuação do órgão nos limites de sua competência;
b) atuação nos limites de lei formal que seja, de acordo com a
Constituição, de competência da entidade política federativa;
c) com observância do devido processo legal, ou seja, assegura-
do o contraditório e a ampla defesa, nos termos do art. 5º, LV, da
Constituição;
d) o poder de polícia pode se manifestar através de atos vincula-
dos ou discricionários, nesta última hipótese, dentro do âmbito de
liberdade que a lei conceder ao administrador; porém mesmo a-

166 MORAES, Luís Carlos Silva de. Curso de Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2002. p. 121.

__ 311 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

d) ZP4:
qui, o exercício
Horto Florestal;
há de se regular, ou seja, sem abuso ou desvio de
ZP5:167Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
poder.
e)
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Com base nesse parecer, g) ZP7: Parque
o jurista do Sabiá;
defende que somente o ente federado que tenha e-
h) ZP8: Parque Florestal
laborado a lei é que tem poder para aplicá-la. Ou seja, Municipal das Perobas;
o Município e os Estados não pode-
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
riam aplicar o Decreto Federal nº 3.179/99, pois o mesmo se limita aos órgãos da Admi-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
nistração Federal. k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
Apesar de não ser discutido
l) ZP12:expressamente pelos principais autores pátrios do Direi-
Parque do Cinqüentenário;
m) ZP13:polêmico,
to Ambiental, o tema é igualmente Parque daeRua
nãoTeodoro Negri;
será aprofundado no presente traba-
lho. n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
Desta forma, com a publicação do Decreto
p) ZP16: Reserva Municipal
da Rua Diogo M.nºEsteves;
1.358/2002, buscou-se evi-
tar qualquer argumentação secundária nos processos administrativos
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; ou judiciais referen-
tes a autuações ambientais procedidas pela Semma.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Uma análise mais detida s) ZP19: Reserva
dos artigos dodo CórregonºMoscados;
Decreto 1.358/2002 demonstrará que seu
texto é uma cópia fiel dos principais dispositivos do Decreto Federal correspondentes.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
Destacam-se as seguintes inovações:
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
- Os recursos advindos da multas aplicadas pela Semma serão revertidos para o
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
Fundo Municipal do Meio Ambiente (art. 3º);
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
- a previsão da infração específica de “realizar obras de desvio ou canalização das
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
margens dos cursos d´água, ou nascentes, sem licença ou autorização dos órgãos
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentos perti-
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
nentes” (art. 50);
áreas verdes do município.
- a previsão da infração específica de “executar obra, ou lançar resíduos líquidos,
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença ou em desacordo
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
com a obtida causando erosão do solo” (art. 55). E ainda, no parágrafo único,
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
“incorre nas mesmas penalidades quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
autoridade competente, medidas de conservação dos solos ou deixar de recuperar
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
a área erodida conforme determinação do órgão competente ou em desacordo
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
com a licença obtida”;
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
- a previsão da infração específica de “alterar a morfologia das vertentes através de
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
serviços de corte e aterro, sem licença ou autorização”;
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
- a previsão da infração específica de “promover o parcelamento do solo e/ou
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em ra-
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
zão das suas restrições ambientais, do seu valor paisagístico, ecológico, artístico,
inda aguarda recursos financeiros.
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida”.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
Independentemente das discussões jurídicas de fundo, esse Decreto consolida a atua-
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
ção fiscalizadora da Semma no município de Maringá.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
Dentre as leis ambientais de Maringá, destacam-se as seguintes:
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

167 MUKAI, Toshio. Meio ambiente: atuação administrativa e legislativa dos Poderes Públicos. L&C: Revista de Direito
76 Ver comentário da
e Administração nota São
Pública, de rodapé
Paulo, nº
ano96.5, n. 50, p. 14-20, 2002.

__ 122
312 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

a) Lei Orgânica de 1990 – Estabelece as regras gerais para a Administração Pública e


para o ordenamento do Município de Maringá, inclusive na questão ambiental;
b) Lei no 09/93 – Estabelece a Política Ambiental de Maringá;
c) Lei no 2.800/89 – Estabelece as sanções administrativas aos responsáveis por da-
nos à arborização urbana;
d) Lei no 20.799/90 – Estabelece o Código Sanitário;
e) Lei nº 3.774/95 – Dispõe sobre a erradicação de árvores nos passeios públicos;
f) Lei no 193/97 – Dispõe sobre os fundos de vales em Maringá;
g) Lei no 218/97 – Trata da Poluição Sonora;
h) Lei no 4.780/99 – Trata da Poluição Visual;
i) Lei no 256/98 – Trata da Limpeza Pública;
j) Lei no 331/99 – Dispõe sobre o uso e ocupação do solo;
k) Lei no 334/99 – Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano;
l) Lei no 335/99 – Dispõe sobre as Edificações;
m) Lei no 393/2001 – Alterou a Lei no 09/93, em especial quanto ao Comdema e ao
Fundo Municipal do Meio Ambiente;
n) Lei no 6.230/2003 – Dispõe sobre procedimentos a serem adotados após erradi-
cação de árvores plantadas nas faixas de passeio público dos logradouros do Mu-
nicípio;
o) Decreto nº 3156/2002 – Regulamenta as infrações ambientais administrativas em
Maringá;
p) Decreto nº 218/2003 – Regulamenta o PCA – Plano de Controle Ambiental em
Maringá.
As demais leis identificadas pelo presente estudo encontram-se enumeradas no Ane-
xo I, por ordem de publicação, com a respectiva ementa para sua identificação.

__ 313 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 314 – PÁGINA EM BRANCO

__ 314 __
6 Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente – Comdema

O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, criado pela Lei Municipal no


2.948/91, foi um importante passo legal para a efetiva participação da sociedade nas deci-
sões públicas que envolvam o meio ambiente em Maringá. Por seu caráter consultivo e
deliberativo, o Comdema tem como atribuição a formulação das diretrizes para a Política
Ambiental de Maringá. Sua composição envolve representantes dos principais órgãos
governamentais do Município, além de instituições da sociedade civil e científica.

Tabela 53 – Reuniões e resultados do Conselho Municipal de


Defesa do Meio Ambiente de Maringá

Data 14/10/1993 11/11/1993 02/12/1993 13/04/1994 23/08/1995

Pauta Implantação da Plano de Mane- Lixão de Marin- ICMS Ecológi- Trabalho de pesqui-
Diretoria: Relatório jo do Parque do gá; Campanha co. “Campanha sa desenvolvido pelo
das atividades Ingá; Projeto de “Maringá Sem- Maringá Sempre Fundação Nacional
desenvolvidas pela Galerias e Re- pre Limpa”; Ecológica”; de Saúde – Serviço
Semma: utilização gulamento da Tombamento de Ações da Sem- de Etnologia na
de parques e infra- Lei Referente à árvores em ma; Assuntos busca de vetores
estrutura; ICMS Adoção de Maringá; Prepa- Gerais. transmissores LTA,
Ecológico (repasse Praças. ração de Reuni- no Parque do Ingá,
de verbas devido à ões para 1993. Bosque II, Horto
criação de parques Florestal, Parque das
no Município). Palmeiras e Parque
Escolha da data e Guaiapó.
do horário das
reuniões.

Resultados Realizada eleição Foram indica- As propostas Foram apenas Houve apenas a
dos membros da dos os mem- foram apenas apresentados exposição do pro-
diretoria e ficou bros do Conse- apresentadas ao dados ao Conse- blema ao Conselho.
estabelecida a data lho responsá- Conselho. lho.
das reuniões para veis pela elabo-
todas as primeiras ração de um
quintas-feiras do parecer e o
mês, às 20:30h. Conselho deve-
rá definir crité-
rios para a
constituição da
lei.

Fonte: Semma (2001). Ata de reuniões do Conselho Municipal do Meio Ambiente, organizado pelo autor.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

O Comdema nunca funcionou d) ZP4: Horto efetivamente.


Florestal; A partir da Lei Complementar nº
09/93, que ao dispor da Política e) ZP5: Parque dade
Ambiental Nascente
Maringádofez Ribeirão
menção Paiçandu;
a esse Conselho, fo-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
ram realizadas apenas 5 reuniões até o ano de 1995, quando o Comdema paralisou suas
g) ZP7: Parque do Sabiá;
atividades. Nota-se que a criação h) ZP8:desse Conselho
Parque Florestalfoi somentedas
Municipal umPerobas;
ato formal trazido por
uma lei, sem a legitimidadei) esperada de um
ZP9: Recanto Borba Gato;órgão representativo. Como era presidido
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
permanentemente pelo representante da Semma, o órgão acabou sendo deixado de lado do Guaiapó;
nas últimas administrações k)municipais, ZP11: Parque e aFlorestal
população Municipal das Palmeiras;
desinformada de sua existência,
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
nunca cobrou seu funcionamento.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
A importância do Comdema n) ZP14: está em sua
Parque função
Alfredo de formular
Werner Nyffeler;e exigir ações para a ga-
rantia da qualidade de vida eo)daZP15: preservação
Reservasdo domeio
Córregoambiente
Borba de Maringá.
Gato 76; Neste sentido,
a breve gestão do Prefeito José p) ZP16:
Cláudio Reserva
Pereirada Rua
Neto Diogo
pareceM.ter
Esteves;
entendido o papel funda-
mental que esse Conselho possui q) ZP17:na Reserva
criação do da Córrego Cleópatra; municipal. Como prin-
Política Ambiental
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
cipal meio de reestruturá-lo, foi realizado o 1º Fórum Ambiental de Maringá, entre os dias
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
05 e 08 de junho de 2001.
Esse evento serviu
Destacam-se, dentrecomoelas, asbase para oáreas:
seguintes encontro dos personagens fundamentais nas
questões ambientais de Maringá e
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: que, com certeza,reconhecido
não poderiam comoestarparque
de forapela de um
Lei
órgão com as atribuições do Conselho Municipal do Meio Ambiente.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2

Nasdra deliberações do 1º Fórum


43-B do Conjunto Ambiental
Residencial de Maringá,
Parigot de Souza, ficaram decididas
constituído de as questões:
remanescen-
a) tes
O Conselho deve manter, incondicionalmente, o seu caráter
da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemasdeliberativo;
b) estruturais
O presidente do garantir
para Conselho, suaa sobrevivência.
despeito da previsão Somente legalnoatual,
ano deve
de 2003ser eleito
a áreaden-foi
tre e porpela
cercada seusPrefeitura
membros;de 168
Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
c) áreas
O ICMS verdesEcológico recebido pelo Município deve ser empregado em ações ambi-
do município.
b) entais;
Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
169

d) Asduascâmaras
antigas técnicas
lagoas dedotratamento
Conselho da Municipal
Sanepar do Meio Ambiente
desativadas. Em seuserão fundo, criadas
encon- a-
pós sua reconstituição
tram-se dois córregos que através de um estudo
praticamente não minucioso
possuem mata das necessidades
ciliar preservada.e priori-
Na
dades ambientais
Administração de Maringá;
Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
e) Deve haverespecialmente
financeiro reciprocidade direcionado
quando houver pararepresentante
a implementação de algum de outro conselho
estruturas que
municipal noaConselho
permitissem visitação Municipal
e a recuperaçãodo Meio Ambiente,
florestal de forma
do local. que este
Entretanto, o também
máximo
tenhaseseu
que podeassento assegurado
encontrar é uma nos pistademais conselhos.
de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Umdaúnicopor muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, eFórum
quesito não pôde ser definido durante o 1º que foiAmbiental
ocupada de pelaMaringá,
Polícia
por sua complexidade
Florestal a partir e pelas
de maiodivergências
de 2003; de opinião
e uma imensa existentes, qual seja,Um
área desmatada. o número
projeto de
integrantes do Conselho
recuperação Municipal na
foi viabilizado doúltima
Meio gestão
Ambiente e a suabuscando
municipal, composição. A aSecretaria
tornar área um
de Meio ponto
Ambiente abriue visitação
de lazer um prazopara de a15comunidade
dias para que as entidades
carente que viveparticipantes
a sua volta, mas do 1ºa-
Fórum Ambiental
inda aguarda de recursos
Maringá financeiros.
e as demais interessadas enviassem as sugestões de nomes.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
168 Infelizmente, desrespeitando a legitimidade alcançada pelo 1º Fórum Ambiental de Maringá, a Câmara Municipal,
de remanescentes
ao aprovar a lei que regulamentouda vegetação
o Comdema, nativa que apresentam
realizou algumas espécies
alterações contrárias representativas
às decisões da
deliberadas du-
rante oflora
evento, entre as quais destaca-se a proibição do Secretário Municipal do Meio
e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple- Ambiente ser eleito como
presidente deste órgão, contrariando, assim, a vontade da comunidade sob o falso pretexto de estar, o vereador
mentar
responsável nº 3.513/93,
pela alteração, também
representando seosencontra
apenas abandonada
interesses do povo. e não possui um plano de
manejo.
169 Apesar de expressa a vontade do povo, a Administração Municipal continuou a utilizar os recursos advindos do
ICMS Ecológico em diversas áreas, sob o amparo legal e constitucional que proíbe a vinculação de gastos dos im-
postos de forma específica. Deve-se ressaltar que o intuito da criação deste imposto foi o de compensar os muni-
cípios pela criação de áreas verdes que poderia estar rendendo dividendos através dos mecanismos econômicos
76 Ver comentário
clássicos da nota dea rodapé
não realizando nº 96. vinculação dos recursos.
desnecessária

__ 122
316 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Estes foram sistematizados e confrontados com a proposta de formatação do Comdema


apresentada pela Comissão Organizadora do 1º Fórum Ambiental de Maringá170. As con-
clusões foram encaminhadas à Câmara Municipal que regulamentou a questão através da
Lei Complementar nº 393, de 1º de Novembro de 2001, transcrita a seguir:

Lei Complementar nº 393/2001


Autor: Poder Executivo.
Altera dispositivos da Lei Complementar nº 09/93, que dispõe
sobre a política de proteção, controle, conservação e recuperação
do meio ambiente no Município de Maringá.
Art. 1º. Os artigos 6º, 7º e 9º, da Lei Complementar nº 09, de 03
de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 6º. Fica criado o Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente – Comdema, órgão colegiado, composto de 37 (trinta e
sete) membros, indicados pelas entidades e empossados pelo Pre-
feito, competindo-lhe a ação consultiva, deliberativa e de assesso-
ramento ao cumprimento desta Lei, com as seguintes atribuições:
I – formular e fazer cumprir as diretrizes da política ambiental do
Município;
II – promover medidas destinadas à melhoria da qualidade ambi-
ental do Município;
III – estabelecer normas e padrões de proteção, conservação e
melhoria do meio ambiente, observada a legislação federal e a es-
tadual;
IV – homologar termos de compromisso, visando a transforma-
ção de penalidade pecuniária em obrigação de executar medidas
de interesse para a proteção ambiental;
V – determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos
das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de pro-
jetos públicos ou privados, requisitando ao órgão ambiental mu-
nicipal, bem como às entidades privadas as informações necessá-
rias para apreciação dos estudos de impacto ambiental e respecti-
vos relatórios.
VI – decidir, em grau recursal, no âmbito administrativo, sobre as
multas e outras penalidades impostas pela Secretaria Municipal de
Serviços Urbanos e Meio Ambiente, assim como sobre a conces-
são de licenças ambientais;
VII – administrar e decidir sobre a aplicação dos recursos do
Fundo Municipal do Meio Ambiente.
Parágrafo único. As sessões do Conselho Municipal de Defesa do
Meio Ambiente – Comdema – só serão deliberativas se forem re-
alizadas com a presença de 50% (cinqüenta por cento) mais 1
(um) de seus membros.
Art. 7º. O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(Comdema) será composto por:
I – Setor público:
a) Secretário Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente;

170 A Comissão Organizadora do 1º Fórum Ambiental de Maringá era composta por diversas entidades representati-
vas de Maringá e realizou uma série de reuniões que garantiram o sucesso do evento.

__ 317 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

b) d) ZP4:representante
1 (um) Horto Florestal;da Secretaria Municipal da Saúde;
ZP5:representante
c) 1e)(um) Parque da Nascente
da Secretaria
do Ribeirão
Municipal
Paiçandu;
da Educação;
ZP6: representante
d) 1f) (um) Bosque das Grevíleas;
da Secretaria Municipal da Agricultura e
ZP7: Parque do Sabiá;
Abastecimento;
g)
ZP8:representante
e) 1h)(um) Parque Florestalda Secretaria
MunicipalMunicipal
das Perobas;
de Desenvolvimen-
toZP9:
i) Urbano,Recanto
Planejamento
Borba Gato;
e Habitação;
ZP10:representantes
f) 2j) (dois) Parque Ecológico da Câmara
MunicipalMunicipal;
do Guaiapó;
ZP11:representante
g) 1k)(um) Parque Florestal
da Promotoria
Municipal dasEspecial
Palmeiras;
de Defesa do Meio
l) ZP12: Parque
Ambiente de Maringá;
do Cinqüentenário;
h) m) ZP13:
1 (um) representante
Parque da Ruado Instituto
TeodoroAmbiental
Negri; do Paraná – IAP;
i) n) ZP14:
1 (um) representante
Parque Alfredoda Empresa
Werner Nyffeler;
de Assistência Técnica e Exten-
sãoZP15:
o) Rural Reservas Emater; Borba Gato76;
do Paranádo– Córrego
j) p) ZP16:
1 (um) Reserva da Rua
representante Diogo Regional
do Núcleo M. Esteves;
de Educação;
ZP17:
k) 1q)(um) Reserva do Córrego
representante Cleópatra;
da Companhia de Saneamento do Paraná –
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Sanepar;
l) s) ZP19:representante
1 (um) Reserva do Córrego Moscados;
da Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental – SUDERHSA.
Destacam-se, dentre elas, II –asSetor Produtivo:
seguintes áreas:
a) 1 (um) representante
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: das cooperativas;
reconhecido como parque pela Lei
b) 1 (um) representante dos sindicatos patronais;
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
c) 1 (um) representante dos sindicatos dos empregados;
dra 43-B do Conjunto d) 1 (um) Residencial Parigot
representante da de Souza, constituído
Associação Comercialde e remanescen-
Industrial de
tes da vegetação nativa. Maringá A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
– Acim.
estruturais para garantirIII - Terceiro Setor:
sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
a) 2 (dois)
cercada pela Prefeitura de representantes
Maringá, numadas igrejas, sendo
tentativa um indicado
de isolamento das pela Mitra
principais
Arquidiocesana de Maringá e outro pela Ordem dos Pastores E-
áreas verdes do município.
vangélicos de Maringá – OPEM;
b) Jardim Botânico: b)com
1 (um)umarepresentante
área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
dos clubes de serviços;
duas antigas lagoas c) 1de tratamento
(um) da Sanepar
representante da Ordem desativadas. Em seu
dos Advogados dofundo,
Brasil –encon-
OAB,
seccional de Maringá;
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
d) 1 (um) do
Administração Municipal representante
ex-prefeitodoJairo
Conselho Regional
Gianoto, de Engenharia
foi recebido e Ar-
um recurso
quitetura – CREA, seccional de Maringá;
financeiro especialmente direcionado para
e) 1 (um) representante a implementação
da Federação de estruturas
das Associações de Bairrosquede
permitissem a visitação Maringá e a –recuperação
FEABAM; florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrarf) 1 (um) é uma pista de caminhada
representante mal projetada;
dos Conselheiros uma sede
do Orçamento utiliza-
Participati-
vo;
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partirg)de1 maio(um) representante
de 2003; e uma do imensa
Conselho Regional
área de Biologia
desmatada. – CRBio,
Um projeto de
seccional de Maringá;
recuperação foi h) viabilizado na última gestão municipal, buscando
1 (um) representante do Conselho de Desenvolvimento Econô- tornar a área um
ponto de lazer e visitação
mico depara a comunidade
Maringá – Codem; carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursosi) 1 (um)financeiros.
representante do Movimento Nacional de Direitos Hu-
manos – Coordenadoria
c) Parque Florestal Municipal de Maringá;
das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
j) 4 (quatro) representantes de Organizações Não Governamentais
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
– ONG´s;
de remanescentes k) da
6 vegetação nativa que das
(seis) representantes apresentam espécies
Instituições representativas
de Ensino Superiordae
flora e da fauna da Gruposregião. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
de Pesquisas.
mentar nº 3.513/93, §1ºtambém se encontra
O Conselho abandonada
Municipal de Defesae nãodopossui
Meio um plano de-
Ambiente
manejo. COMDEM, se subdividirá em nove câmaras técnicas permanen-
tes, com participação aberta a toda a comunidade, podendo o
Conselho, conforme a necessidade, criar câmaras técnicas tempo-
76 Ver comentário da nota de rodapérárias,
nº 96. sendo as permanentes de:

__ 122
318 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

a) Vegetação;
b) Recursos Hídricos;
c) Resíduos Sólidos;
d) Política Ambiental;
e) Fauna;
f) Educação Ambiental;
g) Questões Sociais;
h) Legislação;
i) Poluição.
§2º A Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente – Semma,
regulamentará as inscrições das entidades que comporão o Con-
selho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Comdema.
§3º Os membros do Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente – Comdema, com mandato de dois anos, não serão
remunerados, sendo suas atividades consideradas serviços de re-
levante interesse público.
§4º O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Com-
dema, elaborará o seu Regimento Interno, seguindo as normas da
Secretaria Municipal dos Serviços Urbanos e Meio Ambiente.
§5º As entidades que integram Conselho Municipal de Defesa do
Meio Ambiente indicarão os respectivos suplentes, juntamente
com os titulares.
§6º O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Com-
dema, em sua primeira reunião, elegerá o presidente, o vice, e o
secretário do Conselho, e os coordenadores das Câmaras Técni-
cas permanentes, bem com definirá as normas do regimento in-
terno.
§7º O Secretário Municipal dos Serviços Urbanos e Meio Ambi-
ente não poderá ser eleito Presidente do Conselho.
§8º As entidades relacionadas nos incisos II, alíneas “a”, “b”, “c”,
e no inciso III, alíneas “a”, “b”, “j”, “k”, que fazem parte do
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Comdema,
terão que se cadastrar previamente na Secretaria de Serviços Ur-
banos e Meio Ambiente, que fará os registros em livros específi-
cos.
§9º As entidades referidas no parágrafo 5º, ao indicarem os res-
pectivos titulares e suplentes deverão comprovar a ata, lista de
presença e resultado da votação dos representantes do segmento,
registrados na Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente.
§10 As entidades citadas no inciso III, alínea “j”, terão que:
a) demonstrar estarem legalmente constituídas há mais de um ano e
cadastradas na Secretaria Municipal dos Serviços Urbanos e Meio
Ambiente, exigindo-se para o cadastramento: comprovação das
existência legal da entidade, com a apresentação do estatuto e da
ata da eleição da última diretoria devidamente registrados, inscri-
ção no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda (CNPJ/MF) e alvará de localização no Município de Ma-
ringá, concedido ou renovado para o ano em curso;
b) ter estatuto registrado em que conste o objetivo expresso de edu-
cação ambiental, proteção e defesa do meio ambiente ou pesqui-
sas referentes a assuntos ligados às questões ambientais.

__ 319 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Mesmo sem existir umd)conceito ZP4: Horto Florestal;


definitivo ou legal para o que seja um Conselho de
ZP5: Parque
Política Pública, podem-se e)identificar da Nascente
alguns do Ribeirão
pontos-chaves paraPaiçandu;
sua compreensão. O
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Comdema pode ser visto como: g) ZP7: Parque do Sabiá;
a) Uma forma de interação h) ZP8: entre a sociedade
Parque Florestalorganizada
Municipal dase oPerobas;
Governo Municipal;
b) Requisito legal parai)aZP9: emissãoRecanto Borba Gato;
de licenças ambientais pelo ente federado (Art. 20,
Resolução nº 237/97, j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Conama);
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
c) Órgão gerenciador l)deZP12: recursos e projetos
Parque de melhoria ambiental local;
do Cinqüentenário;
d) Fiscalizador do Governo e da sociedade;
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
e) Responsável por um sistemaParque
n) ZP14: de cooperação estruturada
Alfredo Werner dos diversos integrantes
Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego
do Sistema Nacional do Meio Ambiente e participantes da76PolíticaBorba Gato ; Nacional do
p) ZP16:
Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
Por outro lado, o Comdema r) ZP18: nãoReserva
pode ser entendido
da Rua Pioneiracomo:
Deolinda T. Garcia;
a) Uma mera extensãos)da Secretaria
ZP19: Reserva Municipal
do Córrego do Moscados;
Meio Ambiente;
b) Um emissor de autorizações ambientais;
Destacam-se,
c) Um órgão dentre elas, as seguintes áreas:
político;
a) Parque
d) Um órgãoEcológico Municipal
com finalidades do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
lucrativas;
e) Complementar
Um órgão executor nº 3.513/93,
de ações.possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
A principal função do Comdema é a de prestar uma assessoria ao Município, tanto pa-
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
ra a Administração
estruturais Pública como sua
para garantir parasobrevivência.
a comunidade.Somente O órgão no deveanoserde
visto como
2003 o mais
a área foi
importante instrumento
cercada de participação
pela Prefeitura popular,
de Maringá, numaumatentativa
forma de demanutenção
isolamento de dasum Fórum
principais
Ambiental Permanente,
áreas verdes do de discussões e, principalmente, de elaboração de propostas efeti-
município.
vas para os problemas
b) Jardim Botânico:ambientais
com uma locais
áreaque fundamentem uma9 política
de aproximadamente mil m2 ,ambiental munici-
nela localizam-se
pal. duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se
Nesse dois córregos
contexto, é essencialque umpraticamente
corpo técnico nãoespecializado,
possuem mata ciliar
capaz depreservada.
manter as dis- Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi
cussões centradas em conceitos científicos. No caso de Maringá, a presença de especialis- recebido um recurso
financeiro
tas, mestres especialmente
e doutores, pode ser direcionado
obtida pelo para a implementação
envolvimento de estruturas
das instituições que
de ensino
permitissem a visitação e a recuperação
superior, especialmente a Universidade Estadual de Maringá. florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
Para que o Conselho Municipal do Meio Ambiente de Maringá obtenha sucesso nes-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
sa retomada, será imprescindível a participação permanente de seus membros. Isto porque
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
o Comdema, de acordo
recuperação foi com seu regimento
viabilizado na últimainterno,
gestão serve apenas
municipal, como um
buscando mecanismo
tornar a área umde
participação.
ponto A desualazer
merae criação
visitaçãoformal
para anão é capaz de,
comunidade sozinha,
carente quegarantir
vive a suaquevolta,
seus mas
objeti-
a-
vos sejaminda
realizados. Esse órgão revela
aguarda recursos financeiros. um novo formato de criação de políticas públicas
no país,
c) em que as
Parque ações partem,
Florestal Municipal desde
dassua origem,localizado
Perobas: de uma grande participação
nos lotes popular.210
210-A e 211-A,
Somente
e 210-G com da oGleba
envolvimento da comunidade
Ribeirão Pingüim, com área avanços significativos
total de 263.438,74 m podem
2 aconte-
, constituído
de ambiental.
cer na área remanescentes Como dasevegetação
trata de um nativa que apresentam
campo espécies
de grande alcance na representativas
qualidade de vida da
flora eedacom
da população, fauna
suadasustentação
região. Essa área, reconhecida
baseada em simples como hábitosparque pela Lei
populares, Comple-
como o de
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não
jogar lixo nas ruas ou bueiros, sua gestão depende, incontestavelmente, de um engajamen- possui um plano de
manejo.
to real da sociedade.
Em seus primeiros anos de existência, contados a partir de sua reestruturação, o
Comdema
76 ainda
Ver comentário espera
da nota por uma
de rodapé nº 96. sede própria, com uma infra-estrutura mínima, e regula-

__ 122
320 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

mentação do Fundo Municipal do Meio Ambiente. A partir de julho de 2003, a antiga sede
da Polícia Florestal, localizada dentro do Parque do Ingá, ficou à disposição do Comdema
para a instalação de sua sede. Apesar disto, a sede continua desocupada a espera de peque-
nos reparos.171
Não seria forçoso reconhecer que o futuro ambiental da cidade de Maringá, quanto a
sua qualidade de vida, depende dos encaminhamentos do Conselho Municipal do Meio
Ambiente, segundo nova versão reestruturada. Em um momento de grandes mudanças e
riscos ambientais cada vez mais sérios, a passividade social pode funcionar como um cata-
lisador das mais perversas e inimagináveis degradações ambientais.

171 Situação até o segundo semestre de 2005.

__ 321 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

PÁGINA 322 – PÁGINA EM BRANCO

__ 322 __
7 Previsão orçamentária e Fundo Municipal
do Meio Ambiente

O orçamento geral da Prefeitura Municipal de Maringá no ano de 2003 chegou ao va-


lor de R$ 212.398.671,00 (duzentos e doze milhões, trezentos e noventa e oito mil, seis-
centos e setenta e um reais). Desses recursos, a Secretaria de Serviços Urbanos e Meio
Ambiente obteve a fatia aproximada de 5%, conforme detalhado na tabela a seguir:

Tabela 54 – Orçamento da Secretaria de Serviços Urbanos e


Meio Ambiente – 2003
Unidade Valor em R$
Gabinete do Secretário 442.135,00
Gerência de Meio Ambiente 2.105.812,00
Gerência de Serviços Públicos 7.857.823,00
Fundo Municipal do Meio Ambiente 6.000,00
Recursos sob a supervisão da Secretaria da Admi- 10.944.397,00
nistração**
Recursos sob a supervisão da Secretaria da Fazen- 15.300.751,00
da**
Total 25.712.521,00*
* Vinte e cinco milhões, setecentos e doze mil, quinhentos e vinte e um mil reais.
** Não estão acessíveis a Semma diretamente.
Fonte: Maringá. Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (2003). Organizado pelo autor.

A gerência de meio ambiente foi a única prevista no orçamento desse ano, demons-
trando que as reformas administrativas ainda não foram incorporadas ao orçamento da
Prefeitura. Essa gerência responde por praticamente todos os recursos orçamentários
destinados ao meio ambiente em 2003, com exceção do fundo municipal do meio ambien-
te e de algumas despesas realizadas conjuntamente através da unidade do gabinete do
secretário e daquelas sob responsabilidade das outras secretarias. As dotações dessa gerên-
cia, discriminadas de forma mais detalhada, são as seguintes: aquisição de equipamentos
para fiscalização (R$ 16.000,00); manutenção da gerência de meio ambiente (R$
667.756,00); revitalização, conservação e manutenção de praças, parques e bosques (R$
1.190.556,00); manutenção e revitalização da arborização urbana (R$ 32.000,00); imple-
mentação e manutenção do viveiro municipal (R$ 32.000,00); revitalização, conservação e
manutenção do Parque do Ingá (R$ 144.000,00); melhorias no Parque do Ingá (R$
23.500,00).
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

ZP4: Horto
No orçamento geral dod)Município deFlorestal;
Maringá em 2003, o meio ambiente respondeu
e) ZP5: Parque
por apenas 1,47% dos investimentos da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
diretos.
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Deve-se observar que mais da metade dos valores apresentados em cada unidade di-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
zem respeito aos gastos dosh)vencimentos
ZP8: Parquedos funcionários
Florestal Municipallotados em cada setor, ou seja,
das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
resta muito pouco para investimentos.
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
O Conselho do Meio Ambiente de Maringá tem como uma de suas atribuições a ges-
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
tão de um fundo municipal l)para o meio
ZP12: Parqueambiente. Foi a Lei no 09/93 que criou o Fundo
do Cinqüentenário;
Municipal do Meio Ambiente,m) eZP13:
a Lei Parque da Ruatrouxe
nº 393/2001 Teodoro Negri;alterações:
algumas
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
Art.ZP15:
o) Reservas doreceitas
9o – Constituem CórregodoBorba
Fundo: Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
I – dotações orçamentárias do Município, do Estado e da União;
q) –ZP17:
II 10% Reserva
(dez pordo Córrego
cento) Cleópatra;
do valor das infrações ambientais;
r) ZP18:
III – contribuições, subvenções eDeolinda
Reserva da Rua Pioneira T. Garcia;
auxílios da União, do Estado,
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
do Município e de suas respectivas autarquias, empresas públicas,
sociedades de economia mista e fundações;
Destacam-se, dentre elas, IV as
– asseguintes áreas:
resultantes de convênios, contratos e consórcios, celebra-
a) Parque Ecológico dos Municipal do Guaiapó:
entre o Município reconhecido
e instituições como
públicas parque nacionais
e privadas, pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possuicuja
ou estrangeiras, umaexecução
área de 16.204,48 m2, localizado
seja de competência na qua-
da Secretaria
dra 43-B do Conjunto Municipal do Meio
Residencial Ambiente,
Parigot observadas
de Souza, as obrigações
constituído contidas
de remanescen-
tes da vegetação nativa. nos respectivos
A área nãoinstrumentos;
possui plano de manejo e enfrenta problemas
V – as resultantes de doações que venha a receber de pessoas físi-
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
cas e jurídicas ou de organismos públicos e privados, nacionais e
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
internacionais;
áreas verdes do município.
VI – rendimentos de qualquer natureza, que venha auferir como
b) Jardim Botânico: com uma área decorrente
remuneração de aproximadamente
da aplicação9do mil
seumpatrimônio;
2 , nela localizam-se

duas antigas lagoas VII – outros recursos


de tratamento que, por
da Sanepar sua natureza,
desativadas. Em possam
seu fundo,ser destina-
encon-
dos ao Fundo Municipal do Meio Ambiente.
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal VIII – 10% (dez por cento)
do ex-prefeito Jairodo valor dasfoitaxas
Gianoto, de licença
recebido um ambien-
recurso
tal expedidas pelo órgão ambiental municipal;
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
IX – ICMS ecológico;
permitissem a visitação e a recuperação
X – rendimentos florestal dodecorrentes
e indenizações local. Entretanto,
de açõesojudiciais
máximoe
que se pode encontrar ajustes de conduta, promovidos pelo Ministério Público. utiliza-
é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede
da por muito tempo §1ºpelo Corpo de
O Conselho Bombeiros,
Municipal e quedofoiMeio
de Defesa ocupada pela –Polícia
Ambiente Com-
Florestal a partir dedema, maio será o gestor
de 2003; do imensa
e uma Fundo, áreacabendo-lhe,
desmatada. aplicar
Um os recursos
projeto de
de acordonacom
recuperação foi viabilizado os programas
última aprovados
gestão municipal, pelo – Comdema.
buscando tornar a área um
§2º O Conselho
ponto de lazer e visitação Municipal de
para a comunidade Defesaque
carente do vive
MeioaAmbiente
sua volta,–masCom-a-
dema, definirá as regras de funcionamento do Fundo Municipal
inda aguarda recursos financeiros.
do Meio Ambiente.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
§3º Poderão receber recursos do Fundo Municipal do Meio Am-
e 210-G da Gleba Ribeirãobiente asPingüim,
entidadescomnão área total de 263.438,74
governamentais, sem finsmlucrativos,
2, constituído
em
de remanescentes da vegetação nativa
funcionamento quemínimo
por no apresentam espécies
um ano, representativas
devidamente da
cadastradas
flora e da fauna da no região. Essa Municipal
Conselho área, reconhecida
de Defesa como parque
do Meio pela Lei–Comple-
Ambiente Comde-
mentar nº 3.513/93, ma,também se encontra
que tenham abandonada
seus projetos e não
aprovados por possui
este. um plano de
manejo. §4º O ICMS ecológico deverá ser aplicado em melhoria, conser-
vação e recuperação, prioritariamente na unidade à qual foi repas-
sado, podendo ser estendido a outras unidades, mesmo aquelas
76 Ver comentário da nota de rodapéque não recebem ICMS ecológico.
nº 96.

__ 122
324 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Nota-se que a receita destinada ao Fundo Municipal do Meio Ambiente de Maringá é


extremamente justa com o meio ambiente e com a população, já que vincula todos os
recursos advindos de atividades relacionadas ao meio ambiente para com os investimentos
e ações que visam protegê-lo.
Esse fundo nunca foi regulamentado e sequer teve aberta uma conta bancária. Desta
forma, os recursos decorrentes das multas impostas pela Semma em Maringá, o dinheiro
arrecadado com as unidades de conservação que recebem ICMS Ecológico em Maringá e
outros recursos de natureza semelhante vão para o caixa único da Prefeitura Municipal de
Maringá, aumentando sua receita global, sendo aplicados em suas diversas ações.
Para que o dinheiro possa chegar até o meio ambiente, é necessário que esteja previs-
to nas dotações orçamentárias dirigidas para a Semma, que, aliás, são divididas entre as
demais diretorias internas.
Esse fato pode ser considerado uma das causas para a ineficiência da gestão ambien-
tal de Maringá, além da manutenção, por muito tempo, de um conselho municipal ambi-
ental ausente e inexpressivo, e a falta de recursos desviados para outras áreas consideradas
“prioritárias”.
Conclui-se que Maringá enfrenta o mesmo problema do país: falta de efetividade da
legislação. Mesmo existindo uma lei específica sobre a Política Ambiental de Maringá, esta
é ineficaz, pois não decorre apenas do texto legal, mas da prática ecologicamente correta
empreendida no dia a dia da Administração Pública.
Alguns pontos merecem ser comentados quanto às alterações propostas pela Lei
Complementar nº 393/2001. Apesar da boa intenção do legislador e da comunidade, pelo
menos três receitas previstas pelo artigo 9º são consideradas inconstitucionais ou confli-
tam com a legislação federal pertinente.
O inciso II, do artigo 9º da Lei nº 393/2001, dispõe que apenas 10% do valor das
multas decorrentes de infrações ambientais deverão ser direcionadas para o Fundo Muni-
cipal do Meio Ambiente. Entretanto, a Lei Federal nº 9.605/98, que estabelece as normas
gerais para o procedimento administrativo das infrações ambientais, estabelece em seu
Artigo 73 que:

Art. 73 - Os valores arrecadados em pagamento de multas por in-


fração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fun-
do Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos,
conforme dispuser o órgão arrecadador.

Pela lei federal, a integralidade dos valores arrecadados em pagamento de multas por
infração ambiental será revertida ao Fundo Municipal do Meio Ambiente.
O inciso III, do artigo 9º da Lei Complementar nº 393/2001, estabelece que consti-
tuem receitas do Fundo Municipal do Meio Ambiente, “contribuições, subvenções e auxí-
lios da União, do Estado, do Município e de suas respectivas autarquias, empresas públi-

__ 325 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

cas, sociedades de economiad)mista ZP4:eHorto


fundações. Em análise a essa questão, a Procuradoria
Florestal;
Geral do Município emitiu em e) ZP5:
23 deParque
agosto dadeNascente
2002 odo Ribeirão
Parecer nº Paiçandu;
448/2002, que informa
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
que “os Fundos são criados para captar recursos junto à iniciativa privada, conforme pre-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
visto pela Lei nº 4.320/64, em seu artigo
h) ZP8: Parque71”, que prevê
Florestal expressamente
Municipal das Perobas; que o Fundo deve
ter receita própria: i) ZP9: Recanto Borba Gato;
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
k)
Art.ZP11:
71 - Parque
Constitui Florestal
fundo Municipal
especial o das Palmeiras;
produto de receitas específi-
casZP12:
l) Parque
que, por lei, do Cinqüentenário;
se vinculam à realização de determinados objeti-
vosZP13:
m) Parquefacultada
ou serviços, da Rua Teodoro
a adoçãoNegri;
de normas peculiares de apli-
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
cação.
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
Portanto, seria ilegal a p) ZP16: Reserva
previsão da Rua Diogo
da lei municipal M. Esteves;
que conflita com a norma federal, hi-
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
erarquicamente superior, devendo ser considerada igualmente inconstitucional.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
Por fim, o inciso IX, do artigo Reserva
s) ZP19: 9º da LeidoComplementar
Córrego Moscados; nº 393/2001, estabelece que
os valores arrecadados com o ICMS Ecológico devam ser repassados ao Fundo Municipal
do Meio Ambiente.dentre
Destacam-se, Embora elas,pareça ser politicamente
as seguintes áreas: correta, essa previsão é inconstitu-
cionala)por violar o disposto no artigo 167, IV,
Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido da Constituição Federal,
como queparque
proíbe pela
a vincu-
Lei
lação de Complementar
impostos a fundos especiais. possui
nº 3.513/93, Neste uma sentido,
áreaa de
Lei16.204,48
Estadual m nº ,52/95,
2 que na
localizado criou
qua-o
ICMS Ecológico,
dra 43-B deixa clara a finalidade
do Conjunto Residencial compensatória desse imposto
Parigot de Souza, constituído paradeosremanescen-
municípios
que preservem áreas de floresta,
tes da vegetação nativa. A semáreaqualquer
não possui vinculação
plano de prévia
manejoda despesa,
e enfrentasob pena de
problemas
anular exatamente
estruturaisa para
natureza de compensação.
garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
Com relaçãopela
cercada aosPrefeitura
recursos orçamentários
de Maringá, numa destinados ao de
tentativa meio ambientedas
isolamento emprincipais
Maringá,
pode-se concluir que nas gestões
áreas verdes do município. passadas não existia qualquer interesse de investimento
nessab)área. EsseBotânico:
Jardim descaso teve comum umaalto preço
área para as reservas naturais
de aproximadamente 9 mil mdo 2 , município, assim
nela localizam-se
como para a própria Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que nunca foi realmente
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
considerada e estruturada na Administração Pública Local.
Hoje,tram-se dois córregos
a situação continua que praticamente que
complicada.Para não alterações
possuem mata ciliar preservada.
profundas e significativasNa
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto,
aconteçam, particularmente nas previsões orçamentárias para o meio ambiente, será pri- foi recebido um recurso
mordial umafinanceiro
pressãoespecialmente
política sobre direcionado
o governo local. paraAinda
a implementação
que as relações deentre
estruturas que
as secreta-
rias do governo estejam
permitissem sendo cada
a visitação e a vez mais ajustadas,
recuperação o desfalque
florestal financeiro dao Prefeitu-
do local. Entretanto, máximo
ra de Maringá
que seocasiona uma competição
pode encontrar é uma pistainterna por recursos
de caminhada que viabilizem
mal projetada; os projetos
uma sede utiliza-
de cada área.
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
A participação popular deve ser vista como um instrumento de convencimento polí-
Florestal
tico, facilitado pelaa implementação
partir de maio de do 2003;
Orçamentoe uma Participativo
imensa área desmatada.
em Maringá.Um projeto
Através dessede
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
programa, a população tem em suas mãos o poder de interferir nas linhas e prioridades de tornar a área um
pontododegoverno.
investimento lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Se por
indaum lado isto
aguarda representa
recursos uma gestão muito mais democrática dos recursos pú-
financeiros.
blicos,c) por outroFlorestal
Parque lado trazMunicipal
um grande dastemor
Perobas: de localizado
que a população,
nos lotes insensível
210-A e às questões
211-A, 210
ambientais – como ocorre visivelmente em Maringá – não atente
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituídopara as prioridades
2 de
investimento. visando mais qualidade de vida.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
Apesar da nova divisão de poder na gestão financeira iniciada em Maringá, a principal
flora e dapelo
responsabilidade fauna da região. Essa
investimento área, reconhecida
em recuperação como parque
e preservação ambientalpela Lei Comple-
dessa cidade
permanece nas mãos do governo municipal. Quem faz a agenda de prioridades deplano
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um de
gastos,
manejo.
em qualquer governo sério, é a população, através da expressão de suas necessidades e
reclames.
76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
326 __
8 Empresariado e política industrial
de Maringá

A Prefeitura do Município de Maringá, através da Secretaria de Indústria, Comércio e


Turismo, apóia a instalação de novos empreendimentos industriais na cisade e, desenvol-
veu o Prodem (Programa de Desenvolvimento Econômico de Maringá), por meio das
Leis no 4.424/97 e no 4.837/99, que entre outros benefícios, incluem:
- gestão junto aos órgãos competentes com a finalidade de obter, recursos para e-
xecução da rede de água, esgoto, de energia e telecomunicações;
- execução de obras destinadas a dotar as áreas de infra-estrutura adequadas refe-
rentes ao sistema viário;
- preparo dos terrenos destinados à implantação do empreendimento;
- isenção da taxa de licença de localização e funcionamento;
- desconto de 50% no valor de recolhimento do ITBI dos imóveis destinados aos
empreendimentos;
- isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - por 10 anos, as empre-
sas instaladas nas Zonas Industriais e pelo prazo de 15 anos, as empresas instala-
das nas sedes dos Distritos de Floriano e Iguatemi;
- Os benefícios de isenções de IPTU, ITBI e preparo de terrenos estão carreados
também ao turismo;
- Isenção do ISSQN sobre a aprovação de projeto de construção ou de empreen-
dimentos em imóveis beneficiados pelo Prodem - Programa de Desenvolvimento
Econômico de Maringá;
- Facilidades às empresas na aquisição de terrenos;
- A ZPA (Zona de Processamento Aduaneiro) criada pelo Governo do Estado pe-
lo Decreto nº 3708 de 31/10/1997 no Município, facilita o pagamento dos im-
postos alfandegários com possibilidade de financiamento e parcelamento do
ICMS:
a) Dilação de 80% do ICMS da operação;
b) Pagamento no 49º mês do valor dilatado, sem juros e corrigido pela FCA - Fator
de Conversão e Atualização Monetária do ICMS;
c) Incentivos do Prodem - Programa de Desenvolvimento Econômico de Maringá
do Município de Maringá.
Embora tenha existido um planejamento industrial na cidade – nota-se que Maringá
possui cerca de 20 distritos industriais diferentes, sendo a maioria carente das infra-
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

estruturas mais básicas-, o que d) ZP4:


se percebe é que a política de atração de novos empreen-
Horto Florestal;
dimentos de Maringá está instalada e) ZP5: no Parque da Nascente
governo municipaldo de
Ribeirão
maneira Paiçandu;
desvinculada de uma
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
“Política Ambiental”. Isto quer dizer que, mesmo existindo algumas restrições ambientais,
g) ZP7: Parque do Sabiá;
nada impede que uma empresa h) ZP8: se Parque
instale Florestal
indevidamente
Municipalemdas Maringá,
Perobas;desrespeitando o
meio ambiente. Não necessariamente de forma consciente
i) ZP9: Recanto Borba Gato; e voluntária pelo Poder Público
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal
(princípio da boa-fé presumida), mas principalmente por problemas estruturais de seudo Guaiapó;
processo de licenciamento, k) que ZP11: Parque
acabam Florestal
deixando Municipal
brechas paradasquePalmeiras;
as normas municipais
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
sejam convenientemente manipuladas e adequadas a cada caso.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
Ademais, não se poden)descartar a preferência
ZP14: Parque pela instalação
Alfredo Werner Nyffeler; de uma determinada
empresa, ainda que poluidora, geradora
o) ZP15: de milhares
Reservas de empregos
do Córrego Borba Gato em76;Maringá, em decor-
rência da eterna disputa entre p) ZP16: Reservaambiental
preservação da Rua Diogo M. Esteves;econômico. Isto por-
e crescimento
que este último ainda venceq) em ZP17: Reserva
países do Córrego Cleópatra;
em desenvolvimento como o Brasil, mesmo em
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
regiões prósperas.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
Para se entender o perfil do empresário sendo atraído para Maringá, convém ressaltar
algunsDestacam-se,
dos órgãos especialmente
dentre elas, as voltados
seguintesao apoio à Indústria e ao Comércio no Municí-
áreas:
pio. Aqui se encontra a Eadi (Estação
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: Aduaneira do reconhecido
Interior), habilitada para proceder
como parque pela Lei o
desembaraço sobre rodas e armazenagem em regime comum e regimes
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua- 2 especiais, além da
operaçãodraintermodal
43-B do (rodoviário/ferroviário).
Conjunto Residencial Parigot A Eadi deconta
Souza, com 24.000 m²dederemanescen-
constituído pátio pavi-
mentado,tes 10.000 m² de área construída, câmara frigorífica e toda estrutura
da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas para manuseio
de cargasestruturais
e logística para
operacional.
garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
A Casa Mercosul
cercada reúne os serviços
pela Prefeitura de apoio
de Maringá, numaaotentativa
empresário que quer negociar
de isolamento com o
das principais
exterior: áreas
assessoria, cadastros,
verdes do município. notícias, oportunidades, formação de missões, cursos e
treinamentos,
b) Jardimetc. O já referido
Botânico: com uma Codem área(Conselho de Desenvolvimento
de aproximadamente 9 mil m de
2 Maringá),
, nela obje-
localizam-se
tiva auxiliar
duaso antigas
Poder Executivo no processo
lagoas de tratamento da de desenvolvimento
Sanepar desativadas. nas Emmais diversasencon-
seu fundo, áreas
de atuação, consolidando Maringá como cidade polarizadora regional
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na nas áreas de comér-
cio, indústria e prestaçãoMunicipal
Administração de serviços. do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
E ainda existem outras infra-estruturas
financeiro especialmente direcionado de apoio
para aem Maringá que interessam
implementação de estruturasaos em-
que
presáriospermitissem
que aqui vêma visitação
se instalar:e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
 que
Bolsase de cereais
pode de Maringá;
encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
 da por muito
Tronco tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
de Câmbio;
 Florestal a partir de
Ipem - Instituto dePesomaioe de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
Medidas;
 Acim - Associação Comercial eúltima
recuperação foi viabilizado na gestão
Industrial municipal, buscando tornar a área um
de Maringá.
pontopara
O ideal de olazer e visitação
Município para a comunidade
de Maringá é a instalaçãocarente
de uma quepolítica
vive a sua
quevolta,
possamas a-
atrair
inda aguarda recursos financeiros.
novos empreendimentos que gerem produção de riqueza sem prejuízo da qualidade de
c) Parque
vida dos Florestal
munícipes, já queMunicipal das Perobas:
essa característica tem localizado
sido um dos nosprincipais
lotes 210-A e 211-A,
atrativos 210
da cida-
de. e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2

Emde remanescentes
longo prazo, a cidade da vegetação nativapara
tem potencial quefornecer
apresentam espécies representativas
mão-de-obra altamente especi-da
floravirtude
alizada, em e da fauna da região.
da grande Essa área,
quantidade reconhecida
de cursos como parque
universitários pela Lei
existentes Comple-
na cidade, o
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
que lhe confere o título de segunda maior concentração de vagas no Estado do Paraná,
manejo.
perdendo apenas para Curitiba, e por pouco tempo, segundo especialistas. Por isto, o
crescimento na oferta de vagas e no aparelhamento das faculdades e universidades, especi-
almente as privadas,
76 Ver comentário da nota tem sidonºgrande
de rodapé 96. e ocorrido em altíssima velocidade.

__ 122
328 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Em médio prazo, a cidade pode oferecer melhores condições de infra-estrutura, con-


forme pode ser visto pelas estruturas já existentes e pelos investimentos que estão sendo
realizados.
E em curto prazo, a grande preocupação e concentração de esforços do Município
de Maringá, está na atração de empreendimentos tendo em vista as múltiplas vocações da
cidade, como: agroindústria (a cidade é um centro regional); metal-cerâmica; prestação de
serviços; setor educacional; e setor da saúde (pólo regional); entre outros.
E recentemente, três novas linhas estão sendo fomentadas:
 comércio internacional (logística adequada ao novo sistema de transportes, incluindo
o novo aeroporto);
 telecomunicações, com a instalação de grandes empresas do setor no Município; e
 turismo de eventos.
Quanto à vocação ambiental, parece que Maringá apenas se aproveita da fama e da
conceituação que obteve pela quantidade de árvores que conseguiu manter em sua estrutu-
ra urbana ao longo dos anos. Mas nenhum investimento efetivo é implementado sob o
aspecto dos negócios ecológicos ou com tecnologias “limpas”.
Continua-se à espera de um melhor aproveitamento e integração, não apenas publici-
tária, das ações da “Cidade Verde” com relação ao meio ambiente e suas atividades co-
merciais, que ainda poderão render (e já poderiam estar rendendo) muitos negócios para a
cidade, que poderá até mesmo se tornar um centro de desenvolvimento de tecnologias
“verdes” e de turismo ecológico, com parques temáticos e atividades correlatas, aprovei-
tando-se do clima e de todas as facilidades anteriormente expostas oferecidas pelo Muni-
cípio.
Mais recentemente, essa orientação começou a ser mais claramente perseguida, cul-
minando no projeto do Parque Tecnológico de Maringá, que está em fase de estudos, mas
que se mostra ligado a um conceito de desenvolvimento limpo, através de indústrias de
alta tecnologia e com pouca ou nenhuma geração de efluentes.172
Ainda assim, a grande vocação local, atrelada ao verde e à ecologia, continua a ser ig-
norada, deixando a estruturação turística e urbana em segundo plano, o que gera grandes
prejuízos financeiros para a cidade e um grande atraso no futuro do desenvolvimento de
Maringá.

8.1 Empresário padrão

A cidade Maringá é considerada uma cidade privilegiada por sua qualidade de vida.
Essa característica tem um fundo histórico, mas apesar disto a cidade apresenta inúmeros
problemas ambientais que afetam diretamente a qualidade de vida da população. Salienta
que muitos desses problemas ainda estão por surgir como conseqüência imediata do des-
caso com o meio ambiente local.

172 Disponível em: <www.codem.org.br/investe>. Acesso em: 21 mar. .2005.

__ 329 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

Além da responsabilidade d) ZP4:


própria
Horto e inequívoca
Florestal; do Poder Público, tem-se que a soci-
edade possui um papel muito ZP5: Parquepara
e) importante da Nascente do Ribeirão
o meio ambiente, Paiçandu;
à medida em que depende
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
dele para a garantia de sua vida com qualidade, e também porque suas ações, que vão desde
g) ZP7: Parque do Sabiá;
o consumo até o descarte deh)resíduos, ZP8: Parque hábitos e vícios,
Florestal implicam
Municipal em alterações profundas
das Perobas;
no meio ecológico. i) ZP9: Recanto Borba Gato;
ZP10: Parque
Quanto à população, aj)principal ação Ecológico
é a educaçãoMunicipal do Guaiapó;
ambiental, com o fim de instalar
k) ZP11: Parque Florestal
no consciente coletivo a idéia da preservação ambiental, facilitandoMunicipal das Palmeiras;
a implementação de
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
programas oficiais, de campanhas sociais e, principalmente, de um sistema de controle e
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
fiscalização popular do meion)ambiente ZP14: Parquee das Alfredo
ações contra
Werner eleNyffeler;
dirigidas.
De outro lado, está o empresário.
o) ZP15: ReservasO seudo papel é deBorba
Córrego importância
Gato76; preponderante para
as questões ambientais à medida p) ZP16:queReserva da Rua
é ele quem Diogoa M.
detém Esteves;
força do capital suficiente para
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
gerar mudanças ou retrocessos. É sua incumbência a movimentação de bens e capital
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
entre os segmentos sociais, buscando atender às demandas consumistas e prioritárias da
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
população.
Logo, é possível
Destacam-se, identificar
dentre elas, asas características
seguintes áreas: ambientais gerais de uma população por
seu comércio, sabendo-se que esse reflete
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: as suas necessidades.
reconhecidoSecomo as pessoas
parquese pela
preocu-
Lei
pam comComplementar
o meio ambiente, o empresariado
nº 3.513/93, possui buscará
uma áreaformas de gerenciamento
de 16.204,48 de seu
m , localizado
2 pro-
na qua-
cesso produtivo
dra 43-Be doresidual que não
Conjunto comprometam
Residencial ParigotodemeioSouza,ambiente, pois só
constituído de assim conse-
remanescen-
tesclientes.
guirá atrair da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
Istoestruturais para nos
é o que ocorre garantir
paísessua sobrevivência.
desenvolvidos, nosSomente
quais osno ano dede2003
sistemas a área foi
gerenciamento
ambiental se tornaram imprescindíveis para qualquer empresário que pretenda seprincipais
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das estabele-
áreas verdes do município.
cer com um pouco de sucesso, pois a cobrança social por ações ecologicamente corretas é
muitob)grande.
Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Em Maringá, as preocupações ambientais são praticamente inexistentes. Exceto al-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
guns casos raros e isolados de pessoas ecologicamente sensibilizadas que possuem algum
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
comércio, a grande parte do empresariado maringaense não tem preocupações ambientais.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
O chamado passivo ambiental,
permitissem a visitaçãoou e aseja, os custosflorestal
recuperação pela utilização e manutenção
do local. Entretanto, dos recur-
o máximo
sos naturais
que dificilmente são computados,
se pode encontrar é uma pistae de quando o são,mal
caminhada sempre são cobrados
projetada; uma sede dos con-
utiliza-
sumidores. da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
IstoFlorestal
quer dizer que ade
a partir economia
maio de do município
2003; de Maringá
e uma imensa ainda não acordou
área desmatada. para de
Um projeto as
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
necessidades ambientais e para a internalização dos custos sociais gerados pela exploração tornar a área um
ponto
da natureza. O de lazer e publicitário
enfoque visitação para nasa comunidade
característicascarente que vive
ecológicas a sua volta,
da cidade mas a-
é sempre
inda aguarda recursos financeiros.
proveitado. Ao mesmo tempo, quando uma árvore está atrapalhando a fachada do comér-
cio, ac)bandeira
Parqueambiental
Florestal éMunicipal
deixada dedas Perobas:
lado em nome localizado nos lotes
dos interesses 210-A e 211-A, 210
individuais.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
Dificilmente se vê alguma mobilização do empresariado para investir em ações que
de remanescentes
não comportem da vegetação
necessariamente lucros nativa que apresentam
econômicos. As chamadasespécies representativas
empresas do Terceiro da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
Setor, que possuem finalidade estritamente sociais, sem objetivos de lucro, mal existem em
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
Maringá. Cumpre destacar a iniciativa da Associação Comercial de Maringá com a criação
manejo.
da Fundacim.
Outro problema é a falta de incentivos e linhas de crédito para os pequenos e médios
empresários.
76 Ver comentárioSe
daanota
legislação
de rodapé ambiental
nº 96. deve ser cumprida, inclusive com relação às exigên-

__ 122
330 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

cias de estudos, laudos, compensações e adequações sobre produtos e atividades, por


outro lado o pequeno empresário deve encontrar meios para atender a todas essas exigên-
cias.
Na prática, percebe-se que o pequeno empresário, cada vez mais comum na econo-
mia, não tem condições para arcar com os custos de adequação ambiental de sua atividade.
Na maior parte das vezes, não possui nem mesmo a noção do conceito de passivo ambi-
ental e de sua responsabilidade socioambiental. O pouco crescimento obtido acaba tendo
algum embasamento também na degradação ambiental que não é internalizada nos custos
da empresa.
Programas de incentivo para pequenos e médios empresários deveriam ser imple-
mentados em Maringá, através de convênios e iniciativas da Associação Comercial de
Maringá e do Codem (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá), junto com
o Governo Municipal, para que recursos pudessem ser viabilizados, para investimentos
ambientais.
A conclusão a que se chega é a de que o empresário maringaense é uma cópia exata
do cidadão padrão de Maringá: completamente ausente e omisso nas questões ambientais
– fala-se e cobra-se muito, mas faz-se pouco. Mesmo existindo um ar de ambientalismo na
cidade que ostenta certa arborização urbana (já comprometida pelo descaso histórico), as
ações não passam disto, de um sentimento de desvinculação e de falta de responsabilidade
pelas condições do meio ambiente.
Neste sentido, procurou-se analisar a disposição do empresário de Maringá para a
obtenção de certificados de qualidade no gerenciamento ambiental.

8.2 Certificados de Qualidade em Gerenciamento Ambiental ISO 14000173

A Organização Internacional de Padronização (International Organization for Standardi-


zation – ISO), é responsável pelo desenvolvimento das séries ISO 14000 de certificados de
gerenciamento ambiental internacional.
A ISO foi fundada em 1946 e sua sede está localizada em Genebra, na Suíça, onde
começou a desenvolver consensos internacionais voluntários de padronização dos siste-
mas de produção, comunicação, comércio e gerenciamento. Sua missão é promover o
comércio internacional através da harmonização dos padrões de produção. Mais de 100
países possuem unidades de certificação nacional que são membros da ISO.
Em junho de 1991, a ISO criou o Grupo Estratégico de Consultoria Ambiental (Stra-
tegic Advisory Group on the Environment – SAGE). O SAGE constatou a necessidade de certi-
ficados internacionais de gerenciamento ambiental e recomendou à ISO o avanço e seu
desenvolvimento. Em janeiro de 1993, a ISO criou o Comitê Técnico 207 (Technical Com-

173 Cf. ENVIRONMENTAL management systems: an implementations guide for small and medium-sized organiza-
tions. Michigan, Ann Arbor: Environmental Protection Agency’s Office of Wastewater and Office of Comliance,
1996. p. 78.

__ 331 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

mitee 207 – TC 207), que ficou d) ZP4: Horto Florestal;


encarregado de desenvolver a série ISO 14000 de certifica-
ção. O TC 207 é compostoe)deZP5: Parque
vários outrosda Nascente
subcomitês do eRibeirão
grupos Paiçandu;
de trabalho. Represen-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
tantes de diversos países membros da ISOdocontribuíram
g) ZP7: Parque Sabiá; com suas idéias para a TC 207
através de delegações nacionais. h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
O TC 207 desenvolveui) ainda ZP9: Recanto BorbaISO
o certificado Gato;
14001, que especifica os requerimen-
j) ZP10: Parque
tos para um sistema de gerenciamento Ecológico
ambiental. Além Municipal do Guaiapó;
do ISO 14001, outros documentos
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
diretivos estão sendo desenvolvidos pelo TC
l) ZP12: Parque do 207 (em um número de 19, divididos entre
Cinqüentenário;
seus 6 subcomitês e seu grupo de trabalho). Os documentos
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri; que estão sendo elaborados
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
estão em diversos estágios de desenvolvimento. O ISO 14001, ISO 14004, e três guias de
auditoria ambiental (ISO 14010, o) ZP15: Reservas
14011 do Córrego
e 14012), foram Borba Gato76e; publicados em se-
finalizados
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
tembro de 1996. Os certificados da ISO
q) ZP17: devem
Reserva ser revistos
do Córrego e revisados a cada 5 anos.
Cleópatra;
Uma questão que pode r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolindainternacional
surgir é a do porquê um certificado T. Garcia; pode ser
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
necessário para uma empresa poder realizar atividades de comércio na atualidade. Alguns
fatores principais podem ser citados:
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
a) OParque
ISO 9000:
Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Complementar
A série internacional nº de
3.513/93,
qualidade possui uma área de
internacional de gerenciamento
16.204,48 m2, localizado
ISO 9000 na foiqua-
pu-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-
blicada em 1987. O certificado foi criado para promover práticas de qualidade consistentes
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
e para facilitar o comércio internacional. A série ISO 9000 foi adotada por mais de 80
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
países e é usada como um ponto de referência em termos de qualidade de gerenciamento
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
por indústrias e governos por todo o mundo. Em alguns casos, o registro da ISO 9000
áreas verdes do município.
tem se tornado um pré-requisito para a realização de negócios internos e externos. Na
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
América duas
do Norte, mais de 13.000 empresas foram registradas na
antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, ISO 9000 até novembro
encon-
de 1996. tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
As Administração
bases do sistema de qualidade
Municipal total de gerenciamento
do ex-prefeito Jairo Gianoto,podem servir como
foi recebido exem-
um recurso
plo para financeiro
o sistema de gerenciamento
especialmente ambiental. para
direcionado Em sua essência, um sistema
a implementação de gerencia-
de estruturas que
mento ambiental
permitissemcorresponde
a visitaçãoà aplicação dos princípios
e a recuperação florestal do
do sistema de gerenciamento
local. Entretanto, o máximo de
qualidadequetotal
se às questões
pode ambientais.
encontrar Enquanto
é uma pista as sériesmal
de caminhada ISOprojetada;
9000 e ISO uma14001 possu-
sede utiliza-
em focosdadiferentes,
por muito elastempo
dividempelorequisitos
Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
similares.
Florestal a partir de maio de 2003;
Os 3 documentos específicos da série ISO 9000 e uma imensa
sãoárea
o ISOdesmatada.
9001, 9002Um eprojeto de
9003. As
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando
grandes diferenças entre o ISO 9000 e o ISO 14001 é que o ISO 14001 requer fases de tornar a área um
pontopara
planejamento de lazer e visitação
identificar para a comunidade
características e impactoscarente que vive
ambientais que sea sua volta,asmas
tornam a-
bases
inda aguarda recursos financeiros.
de um contínuo processo de avaliação, enquanto o ISO 9000 se concentra na consistência
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
do processo.
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
b) OdeDesenvolvimento
remanescentes daSustentável:
vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora do
A partir e daRelatório
fauna dadaregião. Essa Brundtland,
Comissão área, reconhecida como parque
denominado pela Lei
Nosso Futuro Comple-
Comum, em
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui
1987, o termo desenvolvimento sustentável se mostrou como a melhor definição para o equilí- um plano de
manejo.
brio entre a proteção ambiental e o crescimento econômico.
Em 1991, a Câmara Internacional do Comércio (International Chamber of Commerce –
ICC)
76 criou a Carta
Ver comentário da notade Negócios
de rodapé nº 96. para o Desenvolvimento Sustentável. Essa Carta é com-

__ 122
332 __
CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

posta de 16 princípios segundo os quais o gerenciamento ambiental se volta para o desen-


volvimento sustentável. Os princípios neste documento incluem alguns do elementos
básicos do sistema de gerenciamento ambiental.
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen-
to foi sediada no Rio de Janeiro. A Conferência, também conhecida como Pacto da Terra,
resultou em 2 documentos essenciais – a Agenda 21 e a Declaração do Rio. A Agenda 21 é
um documento que serve como guia prático para o desenvolvimento sustentável, enquan-
to que a Declaração do Rio é um compêndio de 27 princípios para a realização do desen-
volvimento sustentável.
c) Programas do Setor Privado e Preocupação Pública com o Meio Ambiente:
Programas do setor privado, como o Programa da Associação de Produtores Quími-
cos, a Iniciativa Global de Gerenciamento Ambiental (Global Environmental Management
Initiative – Gemi), e os Princípios para a Coalizão de Economias Ambientalmente Respon-
sáveis (formalmente conhecido como Princípios de Valdez), resultam em códigos exem-
plares de conduta que encorajam as ações ambientalmente corretas. Além do que, a preo-
cupação pública com o meio ambiente tem ajudado a motivar o desenvolvimento de certi-
ficados de gerenciamento ambiental.
Em resumo, as exigências principalmente dos mercados internacionais, bastante aten-
tos às mudanças e necessidades da sociedade, já incorporaram o passivo ambiental às pro-
duções das grandes empresas (processo de internalização), que têm cobrado de qualquer
outra empresa que pretenda negociar com aquelas, padrões mínimos de qualidade no ge-
renciamento ambiental de forma a se adequarem ao seu mercado consumidor e principal-
mente, à legislação de seu país.
Por conseguinte, determinados ramos da atividade comercial, particularmente aquelas
que dependem e exploram recursos naturais, já não conseguem mais sobreviver na compe-
tição internacional sem um certificado que lhe garanta um mínimo de adequação à preser-
vação ambiental.
O simples certificado, que deve ser monitorado constantemente pela sua emissora,
não comprova que aquela empresa certificada possui programas efetivos de proteção e
gestão ambiental. Entretanto, esse certificado dá mais credibilidade comercial à medida
que significa que a empresa possui esses programas, e que eles, teoricamente, estão sendo
devidamente acompanhados.
Um exemplo disso está na Petrobrás do Brasil, que apesar do certificado ISO 14001,
provocou 3 acidentes de proporções catastróficas ao meio ambiente por vazamento de
óleo em um período de 8 meses, no ano de 2000. Apesar da certificação, nada impediu
que os acidentes ocorressem por falta de estrutura e erro humano na empresa. Logo, ape-
sar de ser uma iniciativa importante do setor comercial, essas certificações ainda não obti-
veram o mesmo nível de confiança que a série ISO 9000.
A cidade de Maringá, embora possua algumas empresas que poderiam ter interesse e
vantagens na obtenção do certificado da ISO 14001, não apresenta nenhum. A informação
é do Tecpar (Instituto Tecnológico do Paraná) e do Sebrae, empresas que prestam acesso-
ria na obtenção de certificados da ISO.

__ 333 __
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO III DA EFETIVIDADE DO DIREITO AMBIENTAL EM MARINGÁ

O Tecpar informou que d) ZP4:


algumas
Hortoempresas
Florestal;manifestaram o interesse. Porém, até o
ano de 2005 não há qualquer e) ZP5: Parque
registro da Nascente
em seus bancos dode Ribeirão
dados. 174Paiçandu;
Talvez a cidade ainda
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
não comporte esse tipo de certificação, uma vez que a própria população a desconhece e
g) ZP7: Parque do Sabiá;
também não possui qualquerh)consciência
ZP8: Parqueecológica
Florestalque exija esse
Municipal das procedimento.
Perobas;
Em contrapartida, o número de certificações
i) ZP9: Recanto Borba Gato; do ISO 9000 em Maringá já chega a
mais de 20 empresas. j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
De qualquer forma, com k) ZP11:
o cercoParque Florestal aMunicipal
estabelecido cada dia das
pelaPalmeiras;
legislação ambiental, e
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
principalmente pela competição do mercado que exige cada vez mais qualidade, não ape-
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
nas do produto, mas também de todo
n) ZP14: o seu
Parque processamento,
Alfredo deverão ocorrer mudanças
Werner Nyffeler;
em Maringá no sentido deo)existirem mais ações
ZP15: Reservas voltadas
do Córrego Borbaà preservação
Gato76; ambiental, da
mesma maneira que se procurará p) ZP16: Reserva
investir maisdano
Rua Diogo
setor M. Esteves;
social.
As exigências ambientais q) ZP17:
serão Reserva
ainda maisdo Córrego Cleópatra;
indispensáveis para aqueles que buscarem
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
exportar, já que os países desenvolvidos exigem certificações de qualidade ambiental de
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
seus parceiros, e Maringá apresenta um grande potencial de exportação à proporção que
está sendo cada vezdentre
Destacam-se, mais estruturada com órgãos
elas, as seguintes áreas: que permitam essa atuação.
Visando atender às necessidades e características
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido peculiares do comércio
como parquee empresá-
pela Lei
rios da região, deveria ser criado um certificado ou selo de qualidade
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado ambiental
2 municipal
na qua-
para as empresas
dra 43-Bambientalmente corretas que
do Conjunto Residencial atendessem
Parigot às exigências
de Souza, constituído preliminares. Essa
de remanescen-
idéia deveria ser seriamente trabalhada, com a criação de regras e condições
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas claras e obje-
tivas, umestruturais
certificadopara
municipal,
garantirreconhecido pela Acim
sua sobrevivência. e pelonoCodem
Somente ano de(enquanto órgãos
2003 a área foi
representativos
cercadadospelacomerciantes
Prefeitura dee empresários
Maringá, numa de Maringá)
tentativa poderia gerar novos
de isolamento compor-
das principais
tamentosáreas
empresariais
verdes dono Município, atuando primordialmente no incentivo às políticas
município.
comerciais e industriais
b) Jardim Botânico:quecom
nãouma
agridam
área odemeio ambiente.
aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

174Ver
76 Informação
comentário
transmitida
da nota devia
rodapé
e-mailnºpela
96. divisão de certificação do Tecpar em Curitiba.

__ 122
334 __
Capítulo
IV
Das perspectivas futuras
Foto 35- Parque da Moran-
gueira.
CAPÍTULO IV DAS PERSPECTIVAS FUTURAS

PÁGINA 336 – EM BRANCO

__ 336 __
Das perspectivas futuras

O grande problema de Maringá está na falta de conscientização e de participação po-


pular na defesa do meio ambiente. Aqui se estende o problema da separação do lixo reci-
clável, das ligações de esgotos clandestinas, do lixo jogado indiscriminadamente nas ruas e
em bueiros, entupindo galerias pluviais, a ocupação dos fundos de vales e o desmatamento
das matas ciliares e das reservas legais, a perfuração indiscriminada e irregular de poços
artesianos e, principalmente, a falta de ações pró-ativas e de cobrança de seus governantes.
Todos esses problemas, associados à falta de uma efetiva “Política Ambiental” do
Município, tendem a gerar o esgotamento da qualidade de muitos dos recursos naturais
explorados pela cidade, sendo que alguns deles, como o depósito de resíduos sólidos e a
água potável, já estão esgotados ou encaminhando para o esgotamento, em decorrência da
permanente degradação do ambiente.
Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se antever algumas conseqüências que a ma-
nutenção da situação atual poderá trazer para Maringá. Essas são as perspectivas propostas
diante das informações e das opiniões obtidas nas pesquisas de campo apresentadas.
Um dos problemas mais sérios e que já tem demonstrado sinais de aparecimento
com conseqüências negativas à região é a desertificação gradativa, com o esgotamento dos
solos, decorrente da exploração exaustiva associada à erosão e ao assoreamento. Trata-se
de conseqüências lógicas do desmatamento ocorrido na região rural de Maringá. O clima
está nitidamente afetado e o aumento da velocidade dos ventos pode ser comprovado
cientificamente na região, embora suas conseqüências ainda sejam imprevisíveis.
O desgaste que o solo do município tem enfrentado desde a sua colonização tende a
gerar prejuízos econômicos cada vez maiores e em médio prazo pode-se temer o seu esgo-
tamento diante da exploração inadequada. Com a falta de matas e florestas na região rural,
muitas espécies da flora e da fauna deixaram de existir, sendo difícil encontrar essências
nativas de Maringá. Muitos animais migraram para a cidade em busca de repouso e alimen-
tos e modificaram seus hábitos naturais, e suspeita-se que muitas espécies possam ter
simplesmente desaparecido da região, de acordo com relatos de moradores mais antigos.
Outro problema extremamente sério decorrente do desmatamento das margens dos
rios e ribeirões da bacia hidrográfica que banha Maringá é a contaminação da bacia de
abastecimento de água da cidade, ou seja, o Rio Pirapó. Isto gera o encarecimento cada
vez maior do tratamento da água pelo aumento da utilização de produtos químicos e de-
mais processos técnicos. Aliás, mais estudos merecem ser realizados para informar à popu-
lação as conseqüências que tamanha utilização de produtos químicos possa gerar à saúde
humana.
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO IV DAS PERSPECTIVAS FUTURAS

Se as atividades poluidoras d) ZP4:


existentes em seu percurso continuarem a agir com tama-
Horto Florestal;
nho potencial de agressão ao ZP5: Parque
e) meio ambiente, da Nascente
há grandedopossibilidade
Ribeirão Paiçandu;
da captação tornar-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
se inviável para o abastecimento público de Maringá, já que a classe de potabilidade da
g) ZP7: Parque do Sabiá;
água, conforme a resolução nº 357/2005 do Conama, deverá cair em qualidade.
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
Diante desse possível cenárioi) ZP9: para
Recantoos próximos
Borba Gato; 10 anos, a população de Maringá po-
derá encontrar-se diante de j)um grande
ZP10: Parqueinvestimento
Ecológico financeiro
Municipal do para a mudança da capta-
Guaiapó;
ção de água para o Rio Ivaí,k)além ZP11:deParque
medidas corretivas
Florestal do Rio
Municipal dasPirapó
Palmeiras;que se mostrarão
muito mais onerosas do quel)teria ZP12: Parque
sido do Cinqüentenário;
a simples preservação do recurso natural.
Mesmo inexistindo estudos m) ZP13:
sobreParque
a cidadeda Rua Teodoro sabe-se
de Maringá, Negri; que a poluição atmos-
n) ZP14: Parque Alfredo
férica ocasionada por indústrias e veículos automotores é extremamenteWerner Nyffeler; danosa para a
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
população e para o ambiente. Com a grande quantidade
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves; de trânsito em Maringá, não há
que se espantar quando forq)comprovada a relação entre
ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra; os inúmeros casos de alergias
respiratórias e doenças pulmonares r) ZP18: enfrentadas
Reserva da Rua porPioneira
grande Deolinda
parcela da T. população,
Garcia; especi-
almente crianças e idosos, e s) ZP19: Reserva do
a contaminação do arCórrego Moscados;
da cidade.
Problemas típicos dos grandes centros urbanos alcançaram Maringá e não estão ten-
do a Destacam-se,
devida atenção dentre elas, aspúblico
do poder seguintes naáreas:
tentativa de evitarem-se problemas maiores,
como,a)porParque Ecológico
exemplo, Municipal
os decorrentes da do Guaiapó:
poluição sonora reconhecido
e da poluição como parque
visual. Compela Lei
a facili-
dade de Complementar
planejamento que nº 3.513/93, possui uma
a cidade sempre áreaédeconveniente
possuiu, 16.204,48 ma 2manutenção
, localizado na dequa-
um
sistema dedracontrole
43-B dodas Conjunto
atividades Residencial Parigotcausadoras
potencialmente de Souza, de constituído
poluição de remanescen-
visual ou sono-
tes da danos
ra, evitando-se vegetação nativa. Aàárea
psicológicos saúde nãodapossui plano de manejo e enfrenta problemas
população.
Se levados em para
estruturais contagarantir
os demaissua problemas
sobrevivência. do lixão e dosno
Somente fundos
ano de vale,
2003 que repre-
a área foi
sentam, o descaso
cercada com
pela o meio de
Prefeitura ambiente
Maringá,denuma Maringá durante
tentativa de décadas,
isolamento conclui-se que a
das principais
perspectiva
áreasfutura para
verdes doamunicípio.
cidade é a alta redução do índice de qualidade de vida ostentado
atualmente,
b) JardimcomBotânico:
prejuízoscom à população,
uma áreaàde economia da cidade e9 aos
aproximadamente mil sistemas
m2 , nela ineficazes de
localizam-se
gestão pública do município.
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
Nãotram-se
se tratadois
de terrorismo
córregos que ecológico ou qualquer
praticamente previsãomata
não possuem dessaciliar
natureza, mas ape-
preservada. Na
nas a conclusão lógica decorrente da análise dos problemas por
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso este estudo, colhidos de
fatos reais e constatáveis
financeiro por qualquer
especialmente interessado.
direcionado para a implementação de estruturas que
Como perspectiva positiva para
permitissem a visitação e a recuperaçãoo meio ambiente florestaldedoMaringá, há uma especulação
local. Entretanto, o máximo
acerca da criação de uma Secretaria Municipal autônoma para tratar exclusivamente dessas
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
questões ambientais. Sua concretização depende somente de vontade política e visão estra-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
tégica.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
A realização e consolidação dos Fóruns Ambientais de Maringá demonstram como a
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
vontade política associada ao planejamento técnico é determinante em qualquer processo
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
público.
inda aguarda
A gestão ambientalrecursos financeiros.
no Município de Maringá, até o ano de 2005, encontra-se diante
c) Parque Florestal Municipal
de dois caminhos claros e que, depois dasdePerobas:
escolhidos, localizado nos lotes 210-A
serão determinantes parae o211-A,
futuro210
da
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74
cidade: ou o meio ambiente se tornará questão prioritária e receberá tratamento sério por m 2 , constituído
parte do de remanescentes
governo e a partirda daívegetação
da sociedade,nativaouque apresentam espécies
o esgotamento dos recursosrepresentativas
naturais con- da
tinuará aflora e da fauna
aumentar sem da região. Essade
instrumentos área, reconhecida
controle, como parque
culminando na perda pelasignificativa
Lei Comple-e
danosa da mentar nº 3.513/93,
qualidade de vida também
da populaçãose encontra abandonada
e na destruição de eimportantes
não possui um plano de
ecossistemas
regionais.manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
338 __
Capítulo
Foto 36 – Prefeitura Muni-
cipal de Maringá..

V
Das soluções propostas
CAPÍTULO IV DAS PERSPECTIVAS FUTURAS

PÁGINA 340– EM BRANCO

__ 340 __
Das soluções propostas

Diante do exposto neste estudo, algumas soluções foram abordadas direta ou indire-
tamente. Essas propostas decorrem de uma análise lógica (silogismo e dialética), foram
reunidas para subsidiar futuras pesquisas e mesmo mudanças efetivas na Gestão Pública
do meio ambiente no Município de Maringá.
Em primeiro lugar, deve-se partir para a criação de um órgão ou agência ambiental
independente e autônoma na Prefeitura Municipal de Maringá. Essa nova Secretaria do
Meio Ambiente exercerá as atribuições ambientais da atual Secretaria de Agricultura e
Meio Ambiente, com a vantagem de ter maior autonomia decisiva e financeira em suas
ações. Com a sua criação, automaticamente deverá ser estabelecida uma nova estrutura
interna visando empregar maior agilidade na resposta às demandas sociais e ambientais.
Nessa nova estrutura, compreendem-se novos equipamentos, mas, sobretudo, um corpo
técnico capacitado para a fiscalização e a atuação preventiva no controle dos impactos
ambientais gerados pelo crescimento urbano e pelas atividades típicas das grandes cidades.
A Secretaria do Meio Ambiente deve se tornar um órgão de assessoria técnica dentro
do próprio Governo Municipal, além de trabalhar em conjunto no planejamento urbano
da cidade e, naturalmente, no controle ambiental. Tarefas ligadas ao processo operacional
devem ser sistematicamente repassadas para outros órgãos com funcionários, equipamen-
tos e políticas específicas. A função da nova Secretaria é a de promover e executar efeti-
vamente a política ambiental municipal que ajudará a estabelecer, em conjunto com as
demais Secretarias municipais e o Comdema.
A sua natureza jurídica pode ser a de simples órgão interno, como se estruturam as
secretarias padrão, ou então, como parece ser mais apropriado, a de uma autarquia ou
fundação.
A vantagem de ser uma fundação está em sua permanente fiscalização pelo Ministé-
rio Público, garantindo sua eficiência e a correta aplicação dos recursos públicos. Várias
cidades possuem experiência nesse tipo de implementação, que podem e devem ser apro-
veitadas quando da implementação da nova secretaria ambiental em Maringá.
A atuação do Governo Municipal na gestão ambiental local depende de grande agili-
dade nos investimentos, particularmente quanto aos programas de capacitação técnica e na
promoção da educação ambiental. A autonomia financeira, devidamente fiscalizada pelo
Ministério Público, mostra-se uma boa solução para a dificuldade demonstrada pelas Se-
cretarias Municipais de Maringá na história do município, de realizar o planejamento ade-
quado das ações e obter um bom funcionamento do orçamento anual. Para evitar as cons-
MARINGÁ VERDE? CAPÍTULO V DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS

d) ZP4: Horto
tantes faltas de dotações orçamentárias não previstas em novas ações programadas, a au-
Florestal;
tonomia financeira poderá ser e) ZP5:
muitoParque
útil. da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
Por outro lado, a ineficiência em realizar o planejamento anual mostra o nível de de-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
sagregação interno dos funcionários h) ZP8: Parquee dos Florestal
cargos deMunicipal
decisão dascomPerobas;
a política municipal. A
partir da criação de uma política ambiental clara,
i) ZP9: Recanto Borba Gato; o próprio planejamento de ações será
facilitado. j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
Outra proposta fundamental k) ZP11: dizParque Florestal
respeito Municipal das
à reconstituição do Palmeiras;
Conselho Municipal de
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
Defesa do Meio Ambiente, haja vista se tratar de um órgão essencial na formatação da
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
política ambiental de Maringá. Esse órgão
n) ZP14: Parqueintegra
Alfredo representantes
Werner Nyffeler; do governo e de diversos
setores da sociedade. Essa reunião o) ZP15:é Reservas
um instrumento
do Córrego útilBorba
para Gato
a participação
76; popular nas
decisões da Administração Pública. p) ZP16:Deve Reserva da Rua
haver Diogo M.vontade
permanente Esteves;política por parte do
Governo Municipal para garantir q) ZP17: Reserva do Córrego
o funcionamento desseCleópatra;
Conselho.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
A gestão anterior se empenhou no fortalecimento do Comdema, com o aumento da
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
participação do Conselho nos processos decisórios, mas ainda falta a criação da sua sede,
que permitirá maiordentre
Destacam-se, agregação
elas, dos membrosáreas:
as seguintes e das discussões das câmaras técnicas.
Pode-se afirmar que junto com
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: a criação da Secretaria de Meio
reconhecido comoAmbiente,
parquea pela
consoli-
Lei
dação doComplementar
Comdema é o ponto-chave para o desenvolvimento ecológico
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-2 de Maringá.
Comodra ferramenta indissociável
43-B do Conjunto do Comdema,
Residencial Parigot está o Fundo
de Souza, Municipaldedo
constituído Meio Am-
remanescen-
biente, que se mostra como o grande construtor da política ambiental
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas do município. É
através desse Fundopara
estruturais que ogarantir
Município sua poderá dirigir osSomente
sobrevivência. recursosno necessários
ano de 2003 à gestão ambi-
a área foi
ental paracercada
as açõespelaque realmente
Prefeitura de digam
Maringá, respeito
numaao meio ambiente.
tentativa de isolamento Com adas reunião dos
principais
recursos áreas
decorrentes
verdes do dasmunicípio.
multas administrativas, dos processos de licenciamento ambien-
tal, das
b) taxas
Jardimambientais,
Botânico: com dentre umaoutros,
área de emaproximadamente
uma única conta9 corrente administrada
mil m2 , nela em
localizam-se
conjuntoduascomantigas
o Conselho
lagoasMunicipal
de tratamento do Meio Ambiente,
da Sanepar será possível
desativadas. Em seuviabilizar
fundo,todas
encon-as
mudançastram-se
significativas que a gestão ambiental de Maringá demanda
dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na atualmente.
No Administração
mesmo sentidoMunicipaldo Conselho, uma formaJairo
do ex-prefeito dinâmica de conferir
Gianoto, a participação
foi recebido po-
um recurso
pular nasfinanceiro
decisões políticas e ambientais da cidade é a realização
especialmente direcionado para implementação de estruturas que de fóruns sobre os prin-
cipais problemas
permitissem ambientais da cidade
a visitação de Maringá,
e a recuperação divididos
florestal do por
local.temas e que permitam
Entretanto, o máximo o
acesso deque se pode
qualquer encontrar
cidadão é uma pistainteressada
ou organização de caminhada nas mal projetada; uma sede utiliza-
discussões.
Uma daoutra
por muito
proposta,tempo pelo Corpo
de cunho prático,de diz
Bombeiros,
respeito àelegislação
que foi ocupada
ambiental pela
do Polícia
Muni-
cípio de Florestal
Maringá. aNo partir de maio
presente de 2003;
estudo, e uma imensa
constatou-se que asárealeisdesmatada.
que versamUm projeto
sobre o meiode
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal,
ambiente do Município encontram-se esparsas e desconexas. Essa situação acarreta difi- buscando tornar a área um
pontoo de
culdade para lazer e visitação
cumprimento para a comunidade
e a aplicação da lei, pois carente que vive
muitas delas nãoasesua volta, conhe-
tornam mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
cidas pela população e nem mesmo pelo Poder Executivo Municipal. Logo, um trabalho
c) Parque
coordenado por Florestal
um grupoMunicipal
de pesquisas das jurídicas
Perobas: da localizado
UEM poderianos lotes 210-A e 211-A,
sistematizar 210
a legislação
existente,e facilitando
210-G da Gleba Ribeirão Pingüim,de com árealeis
total de 263.438,74 m , constituído
2
a criação e a adequação novas ambientais em Maringá.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam
E por fim, uma proposta que merece a atenção de todo o corpo docente e discente espécies representativas da
flora e daEstadual
da Universidade fauna daderegião.
Maringá Essa dizárea, reconhecida
respeito como de
à necessidade parque
maior pela Lei Comple-
participação da
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada
universidade na sociedade maringaense. Esse problema já foi constatado em inúmeras e não possui um plano de
manejo.
outras frentes, tais como a saúde e a educação. Cabe aqui também um alerta para a questão
ambiental. A UEM possui vários centros e departamentos que trabalham com matérias
relacionadas
76 aodameio
Ver comentário nota deambiente e a sua gestão. Muitos são os trabalhos (monografias, teses
rodapé nº 96.

__ 122
342 __
CAPÍTULO V DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS

e dissertações) que versam sobre a realidade ambiental de Maringá. Entretanto, esses tra-
balhos ficam presos na Universidade, e quando muito, conseguem ultrapassar o departa-
mento em que foram elaborados, servindo de subsídio para outras pesquisas.
É fundamental a participação da Universidade Estadual de Maringá na busca pela e-
fetividade do Direito Ambiental nessa cidade. Isto pode se dar de várias formas, dentre as
quais destacam-se, principalmente, os cursos de extensão, os grupos de pesquisa e as par-
cerias com órgãos públicos e privados (ONG’s).
Os cursos de extensão revelam-se como mecanismos de divulgação do conhecimen-
to. É a maneira pela qual a universidade pode levar para a sociedade, conhecimentos técni-
cos úteis para a atuação na preservação ambiental.
Os grupos de pesquisas devem ser criados par a disseminação do Direito Ambiental
no curso de Direito, visando não apenas o estudo, mas ações efetivas. Neste sentido, os
grupos de estudo poderiam constituir uma ONG, adquirindo a legitimidade para propor
ações civis públicas.
As parcerias revelam-se como instrumentos remediadores da problemática de falta de
pessoal técnico especializado nos órgãos oficiais de defesa e proteção do meio ambiente,
como a Semma e o IAP. Pelas parcerias, podem ser elaborados laudos e perícias para ins-
truir ações, não apenas judiciais, mas, sobretudo, governamentais.
Por fim, a criação de um banco de dados ambiental em Maringá pode ser vista como
uma das principais prioridades atuais. Para qualquer ação na esfera ambiental, é essencial
um levantamento ou diagnóstico da situação. O que pode parecer bastante lógico não vem
sendo realizado em Maringá.
Esse banco de dados ambiental seria composto por cópias de todos os trabalhos exis-
tentes na Universidade Estadual de Maringá e demais instituições de pesquisa da região,
incluindo as escolas de ensino básico, fundamental e médio, além daqueles dispersos pela
comunidade em geral. As novas pesquisas seriam automaticamente encaminhadas para
esse banco de dados, diretamente pelo autor, de maneira a garantir uma permanente atua-
lização.
Seria importante manter a administração do Centro de Estudos Ambientais de Maringá,
sob o gerenciamento do Poder Público, em uma parceria da Secretaria de Cultura e da
Secretaria do Meio Ambiente, garantindo o acesso público.
Muitas outras propostas podem ser retiradas das informações aqui contidas, ainda
que estas se revelem apenas como notícias dos principais problemas ambientais de Marin-
gá. Para tanto, um estudo mais meticuloso deve ser elaborado, visando estabelecer proje-
tos e metas para a melhoria da gestão ambiental de Maringá.

__ 343 __
CAPÍTULO V DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS

PÁGINA 344 – PÁGINA EM BRANCO

__ 344 __
Foto 37 – Locomotiva.
Fonte: Prefeitura Municipal
de Maringá.

Conclusão
CAPÍTULO V DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS

Página 346 – EM BRANCO

__ 346 __
Conclusão

A cidade de Maringá deve ser considerada privilegiada por todo o planejamento ur-
bano inicial que lhe delineou as formas atuais, ao mesmo tempo em que deve ser conside-
rada preocupante toda a degradação ocorrida nesse mesmo período em que foi colonizada,
em virtude dos desmatamentos e, mais recentemente, da poluição ambiental causada pela
rápida urbanização.
Como conseqüências diretas do uso e ocupação do solo do município, alguns pro-
blemas ambientais passaram a assolar Maringá e puderam ser identificados, por sua rele-
vância para a qualidade de vida local. Mereceram destaque o desmatamento causado tanto
na área urbana quanto na área rural; a degradação dos fundos de vales; a degradação da
bacia do Rio Pirapó e a ameaça de sua potabilidade; a contaminação do lençol freático; a
falta de tratamento adequado do esgoto sanitário e industrial; o sistema inadequado das
redes de drenagem com galerias subdimensionadas e pontos e lançamento altamente de-
gradantes; a impermeabilização do solo; os danos à arborização urbana; a falta de cuidados
com as áreas verdes existentes e a inexistência de um sistema municipal de unidades de
conservação; a inexistência de um programa de proteção do patrimônio histórico e os
riscos e danos causados aos bens existentes; a poluição sonora; a poluição visual; a polui-
ção atmosférica; o gerenciamento inadequado do lixo; as perdas de resíduos recicláveis; o
lixão a céu aberto; o descaso com o resíduo hospitalar; a contaminação pelo uso intenso
de agrotóxicos e o descarte inapropriado das embalagens usadas; a inexistência de um
planejamento urbano que considere as variáveis ambientais e a desatualização do Plano
Diretor; a inexistência de um sistema efetivo de controle ambiental, tanto através da fisca-
lização ostensiva como do licenciamento ambiental municipal; dentre inúmeros outros
abordados de forma indireta ou superficial.
Quanto à análise da efetividade do Direito Ambiental e das instituições e organiza-
ções existentes no Município de Maringá, pode-se destacar a falta generalizada de estrutura
e de recursos, com especial atenção para a deficiência de técnicos capacitados. As ONGs
atuam como meras coadjuvantes e denunciantes, sem maiores ações pró-ativas.
A população de Maringá, embora bem instruída, em termos gerais, não é sensibiliza-
da para as questões ambientais do Município. Existe uma cultura na cidade de que se pre-
serva o meio ambiente somente pela preservação das árvores. A associação popular de
meio ambiente com arborização remonta a sua formação histórico-cultural. Todavia, nem
mesmo as árvores têm sido respeitadas atualmente, e a população permanece completa-
mente inerte diante das atrocidades cometidas por particulares e pelo poder público ao
MARINGÁ VERDE? CONCLUSÃO

meio ambiente. A publicidade d) ZP4:


ecológica
Hortoque percorre Maringá é suficiente para comprar a
Florestal;
culpa dos habitantes locais ee)criar ZP5:a Parque da Nascente
ilusão de do Ribeirão
que a situação Paiçandu;
ambiental da cidade está sufi-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
cientemente controlada.
g) ZP7: Parque do Sabiá;
Neste sentido, a educação h) ZP8:ambiental é a solução
Parque Florestal para adas
Municipal melhor
Perobas;conscientização da
população, a partir das crianças em fase escolar até
i) ZP9: Recanto Borba Gato; os adultos que se encontram na fase de
poluir o meio ambiente. Campanhas poderiam
j) ZP10: Parque aproveitar
Ecológico a fácildo
Municipal recepção
Guaiapó; que a população
local apresenta para as questões k) ZP11: Parque Florestal
ambientais para gerarMunicipal das Palmeiras;
ações efetivas, como a coleta seleti-
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
va do lixo e a preservação das árvores e dos fundos de vale.
Muitos problemas ambientais m) ZP13: nãoParque
foramdacitados,
Rua Teodoro
apesarNegri;
de existirem e possuírem es-
n) ZP14: Parque Alfredo Werner Nyffeler;
treita ligação com estes considerados principais. Alguns
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gatoforam desenvolvidos
76; durante o
estudo e outros não puderam ser melhor identificados pela
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves; inexistência de informações
disponíveis (defasagem técnica do Poder
q) ZP17: Público)
Reserva e pelaCleópatra;
do Córrego abrangência técnica e multidisci-
plinar das questões. No entanto, r) ZP18:comReserva da Rua formado
o quadro Pioneira Deolinda T. Garcia; obtidas, é
pelas informações
s) ZP19:conclusões
possível chega-se às duas principais Reserva do deste
Córrego Moscados;
estudo.
A primeira conclusão é a constatação da falta de uma política ambiental municipal
que éDestacam-se, dentre elas, pelas
a principal responsável as seguintes
causas áreas:
dos problemas ambientais apontados. Apesar
dos avanços desde 2001, com a realização de fórunsreconhecido
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: ambientais ecomo parquemudanças
de diversas pela Lei
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48
administrativas, especialmente na Prefeitura Municipal e da reconstituição do Comdema, m 2, localizado na qua-

ainda há dra 43-Bque


muito dofazer
Conjunto
para queResidencial Parigot deessenciais
os instrumentos Souza, constituído de remanescen-
de uma política ambiental
tes consolidados.
local sejam da vegetação nativa.
Aliás, éAnecessário
área não um possui plano de manejo
amadurecimento e enfrentamaringaen-
da sociedade problemas
se para aestruturais
criação de para garantir ambiental
uma política sua sobrevivência.
fundamentada Somente no ano decomo
em princípios 2003osa preconi-
área foi
cercada
zados pela Agenda 21.pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
áreas verdes
A segunda do município.
conclusão refere-se a um efeito claro da inexistência de uma política am-
biental,
b) ou seja, Botânico:
Jardim a constatação
com da umafalta
áreadedeefetividade do Direito
aproximadamente Ambiental
9 mil m2 , nela em Maringá.
localizam-se
De todosduasos instrumentos
antigas lagoasanalisados,
de tratamentofoi possível
da Saneparverificar que muitos
desativadas. Em sãoseu imperceptíveis
fundo, encon-
no município,
tram-semas a grande
dois córregos maioria apresenta atuação
que praticamente tímida e parcial.
não possuem mata ciliar preservada. Na
Somente com mudanças
Administração Municipalestruturais e de paradigmas
do ex-prefeito será possível
Jairo Gianoto, a transformação
foi recebido um recurso
necessáriafinanceiro
da população e da Administração Pública para a melhor
especialmente direcionado para a implementação de estruturas que gestão ambiental em
Maringá.permitissem
Com o estabelecimento de uma política ambiental clara, ou seja,
a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo o que se deve
esperar para
que osemeio
podeambiente,
encontraros recursos
é uma pistanaturais e a qualidade
de caminhada de vida nessa
mal projetada; cidade
uma sede para
utiliza-
as próximas décadas,
da por muitoa tempo
identificação dos potenciais
pelo Corpo ambientais,
de Bombeiros, e quedas foizonas
ocupadade risco, enfim,
pela Polícia
da elaboração de um diagnóstico seguido de um planejamento, se
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto depoderá evoluir para o
amadurecimento das instituições e dos instrumentos do Direito Ambiental, especialmente
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
quanto aos preventivos e aos referentes ao princípio do poluidor e do usuário pagador.
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
Enquanto isto, este estudo serve como alerta para o Poder Público, principalmente
inda aguarda recursos financeiros.
quanto à configuração de sua responsabilidade objetiva perante todos os danos ambientais
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
ocorrentes em Maringá, não apenas por sua omissão, mas também por ações anti-
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2
ecológicas históricas, de forma solidária com os particulares e poluidores que, constituído concorrem
para tais de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
atos.
flora eedafrustrante
É trágico fauna daperceber
região. Essa
que área, reconhecida
o caminho entre acomo
lei e aparque pela Lei
ação ainda Comple-
é muito lon-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada
go no país, ainda mais quando a grande vítima da omissão perante o meio ambiente e não possui um planoédeo
manejo.
próprio ser humano, que passará, em pouco de tempo, de algoz à condenado.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
348 __
Foto 38 – Mural.
Fonte: Prefeitura Municipal
de Maringá.

Referências
CONCLUSÃO

PÁGINA 350 – EM BRANCO

__ 350 __
Referências

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MEIO da Rua Pioneira
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futuro comum.
2. ed. Rio de Janeiro: Fundação s) ZP19:
GetúlioReserva
Vargas,do Córrego Moscados;
1991.
COMPANHIA
Destacam-se, MELHORAMENTOS NORTE
dentre elas, as seguintes DO PARANÁ. Colonização e desenvolvimento do
áreas:
norte do Paraná, depoimentos sobre a maior obra do gênero realizada por uma empresa privada. 2. ed. São
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
Paulo: Ed. Ave Maria, 1977. Publicação comemorativa do cinqüentenário da CMNP.
Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
COSTA, dra Sandro
43-BMacedo. Meio ambiente
do Conjunto e destinação
Residencial de embalagens
Parigot de Souza, vazias de agrotóxicos
constituído de no Paraná.
remanescen-
1994. Monografia (Graduação em Economia)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá,
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas
1994.
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
COURSON, Walter
cercada pela (Ed.). Manual
H.Prefeitura global de ecologia:
de Maringá, numaotentativa
que você depode fazer a respeito
isolamento da crise
das principais
do meio ambiente. São Paulo: Augustus, 1993.
áreas verdes do município.
CRETELLA
b) JardimJÚNIOR,
Botânico: Comentários
José.com uma área à constituição de 1988. São Paulo:
de aproximadamente 9 mil m Forense,
2 , nela 1991.
localizam-se
CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira (Org.). Avaliação e períciaencon-
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, ambi-
tram-se dois córregos que
ental. 2. ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 2000. praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
CURITIBA. Secretaria
financeiro Estadual do Meio
especialmente Ambiente.
direcionado Instituto
para Ambiental do de
a implementação Paraná. Unidadesque
estruturas de
conservação existentes no Estado do Paraná. 2003. Disponível em:
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
<http://www.pr.gov.br/sema/a_unconserv_pr.shtml>.
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
CURTY, da Marlene Gonçalves;
por muito tempoCRUZ, Anamaria
pelo Corpo de da Costa. Apresentação
Bombeiros, e que foi de trabalhos
ocupadacientíficos: guia
pela Polícia
para alunos de cursos de especialização. Maringá: Dental Press, 2000.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
DALLASrecuperação foi viabilizado
no Paraná. Revista Veja, São na última
Paulo, gestão
v. 32. n. 20,municipal,
p. 128, maiobuscando
1999. tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
DOTTI, Rene Ariel. Ecologia (proteção penal do meio ambiente). Enciclopédia Saraiva do Direito,
inda aguarda recursos financeiros.
São Paulo, v. 29, p. 448-521, 1977.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
ENVIRONMENTAL
e 210-G da Gleba management
Ribeirãosystems:
Pingüim, an com
implementations
área total deguide for small
263.438,74 m2and medium-
, constituído
sized organizations. Michigan,
de remanescentes da Ann Arbor:nativa
vegetação Environmental Protection
que apresentam Agency’s
espécies Office of da
representativas
Wastewater ande Office
flora da faunaof daComliance, 1996.área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
região. Essa
ESCOLAmentar nº 3.513/93, também
DE ADMINISTRAÇÃO se encontra
PÚBLICA CIDADE abandonada e não possui
DE CURITIBA. Curso um plano de
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co.
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76 Jorge
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F. Duque.
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__ 353 __
MARINGÁ VERDE? REFERÊNCIAS

MARKETING da qualidade.d) Revista


ZP4:daHorto
Associação Comercial e Industrial de Maringá-Acim, Maringá,
Florestal;
ano 35, n. 392, p. 9-14, 1998.e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
MATTOS NETO, Antônio José de. Competência
g) ZP7: Parque do Sabiá; legislativa municipal sobre meio ambiente.
Revista de Direito Ambiental, Sãoh)Paulo, ano 4, n.
ZP8: Parque Florestal14, p. 120-133,
Municipal 1999.
das Perobas;
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
MAXIMILIANO, Carlos. Cometários à constituição brasileira: 4. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos,
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
1948. v. 1.
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução l) ZP12:aoParque
ministériodopúblico.
Cinqüentenário;
São Paulo: Saraiva, 1997.
m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito n) ZP14:administrativo brasileiro.Werner
Parque Alfredo 16. ed.Nyffeler;
atual. pela Constituição de
1988. São Paulo: R. dos Tribunais, o) ZP15:1991.Reservas do Córrego Borba Gato76;
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
______. Direito municipal brasileiro. 8. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 1996.
q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
MELLO FILHO, José Celso r) de.ZP18: Reserva
Constituição da Rua
federal Pioneira
anotada. Deolinda
São Paulo: T. Garcia;
Saraiva, 1984.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: R. dos
Tribunais, 1991.
Destacam-se, dentre elas, as seguintes áreas:
MILANO,a) Parque Serediuk. Avaliação
MiguelEcológico Municipal quali-quantitativa
do Guaiapó:e manejo da arborização
reconhecido comourbana:
parque exemplo de
pela Lei
Maringá –Complementar
PR. Curitiba: [s.n.], 1988.
nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m , localizado na qua-2

MILARÉ,dra 43-B
Édis. do Conjunto
Sistema municipalResidencial Parigot–de
do meio ambiente Souza, constituído
SISMUNA: instrumentos de legais
remanescen-
e
econômicos. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, ano 4, n. 14, p.
tes da vegetação nativa. A área não possui plano de manejo e enfrenta problemas38-47, 1999.
MIRRA, estruturais
Álvaro Luizpara Valery.garantir sua fundamentais
Princípios sobrevivência.doSomente no ano de
direito ambiental. 2003
Revista de aDireito
área foi
Ambiental,cercada
São Paulo,pelaano 1, n. 2, p.de50-56,
Prefeitura 1996.numa tentativa de isolamento das principais
Maringá,
MONTEIRO, áreas verdes
Washington do município.
de Barros. Curso de direito civil, direito das obrigações. 22. ed. São Paulo:
b) 1987.
Saraiva, Jardim 4 v.Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
MONTOYA, duas Luciano
antigas lagoas de tratamento
J.; MASCHIO, Lucila M. da de
Sanepar desativadas. Honorino
A.; RODIGHERI, Em seu fundo, encon-
R. Impactos
tram-se
da atividade agrícoladoisnoscórregos
recursosque praticamente
naturais não possuem
e sua valoração no estadomata ciliar preservada.
do Paraná. In: CON- Na
GRESSOAdministração
BRASILEIRO Municipal DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA
do ex-prefeito Jairo Gianoto, RURAL, 31., 1993,um
foi recebido Curitiba.
recurso
Anais... Curitiba: [s.n.], 1993. p. 685.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
MORAES, permitissem
Luís CarlosaSilva visitação e a de
de. Curso recuperação florestal
Direito Ambiental. Sãodo local.Atlas,
Paulo: Entretanto,
2002. o máximo
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Introdução ao direito ecológico e ao direitouma
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; sede utiliza-
urbanístico. São
da por1975.
Paulo: Forense, muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
MOURA, Laura Jesus de. Agricultura e o meio ambiente. A Economia em Revista, Maringá, v. 3,
recuperação
n. 1, p. 15-24, 1994. foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
MUKAI, Toshio. Direito urbano-ambiental brasileiro. 2. ed. São Paulo: Dialética, 2002.
inda aguarda recursos financeiros.
______.c) Meio
Parque Ambiente:
Florestalatuação
Municipal administrativa
das Perobas: e legislativa
localizado dosnos
Poderes 210-A e L&C:
lotes Públicos. 211-A, 210
Revista de eDireito e Administração Pública, São Paulo, ano 5, n. 50, p. 14-20,
210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2002. 2

de remanescentes
NERY JÚNIOR, Nelson. Códigoda vegetação
de processo nativa que apresentam
civil comentado espéciescivil
e legislação processual representativas
extravagante emda
vigor: atualizado até 10.03.1999. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo:
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela R. dos Tribunais, 1999.
Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada
NOELLI, Francisco Silva; MOTA, Lúcio Tadeu. A pré-história da região onde se encontra e não possui um plano de
manejo.
Maringá – PR. In: DIAS, Reginaldo Benedito; GONÇALVES, (Org.). Maringá e o Norte do
Paraná: estudos de história regional. Maringá: Eduem, 1999. p. 5-19.
ODUM,
76 Eugene
Ver comentário da P. Ecologia.
nota de rodapéRio de
nº 96. Janeiro: Guanabara, 1988.

__ 122
354 __
REFERÊNCIAS

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__ 355 __
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ambiente:
Hortofunção social e ambiental. Revista Jurídica da UEPG,
Florestal;
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Disponível da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
< http://www.uepg.br/rj/a1v1at08.htm>.
Acesso em: 6 abr. 2003. f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
SISTEMA de acesso rodoviário de Maringá.
h) ZP8: ParqueDisponível em:
Florestal Municipal das Perobas;
<http://www.maringa.pr.gov.br>. i) ZP9:Acesso
Recanto em:Borba
13 maioGato;
2003.
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
SOARES, José Luís. Biologia. 3. k) ed.
ZP11:SãoParque
Paulo: Florestal
Scipione,Municipal
1992. das Palmeiras;
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. Conflitos jurídicos, econômicos e ambientais : estratégias para o
desenvolvimento de políticas m) ZP13: Parque
ambientais e de usoda do
Ruasolo
Teodoro Negri; de caso da Flórida
- um estudo
(EUA) e Paraná (Brasil). Maringá:n) ZP14: Parque
Eduem, 1995.Alfredo Werner Nyffeler;
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
TAKAHASHI, Leide Yassuco. ZP16: Reserva
p) Considerações da Rua
práticas Diogo
da poda M. Esteves;
em árvores de rua na cidade de Maringá –
q) ZP17:
PR. Maringá: Prefeitura Municipal. Reservadedo
Secretaria Córrego
Serviços Cleópatra;
Públicos, 1988.
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
TORNERO, Marisa Trovarelli. AnáliseReserva
s) ZP19: ambientaldoatravés de sistema
Córrego de informações geográficas (SIG),
Moscados;
como subsídio ao planejamento no Município de Maringá – PR. 2000. 233 f. Tese (Doutorado)-
Universidade Paulista
Destacam-se, Júlio de
dentre Mesquita
elas, Filho,áreas:
as seguintes Botucatu, 2000.
ÚLTIMOa) Parque
Segundo. Ecológico
DisponívelMunicipal do Guaiapó: reconhecido como parque
em: <http://www.saneamentobasico.com.br>. Acessopela Lei
em: 20
set. 2000.Complementar nº 3.513/93, possui uma área de 16.204,48 m2, localizado na qua-
dra 43-B
VILLALOBOS, do U.
Jorge Conjunto
G. Maringá:Residencial
fundos de Parigot de Souza,
vale, política, constituído
legislação de remanescen-
e situação ambiental.
In: MORO, tes Dalton
da vegetação nativa.
A. (Org.). A área
Maringá não
espaço possui
e tempo: plano
ensaio dede manejourbana.
geografia e enfrenta problemas
Maringá: Pro-
grama deestruturais
Pós Graduaçãopara em Geografia
garantir sua –sobrevivência.
UEM, 2003. Somente no ano de 2003 a área foi
WAINER, cercada pela Prefeitura
Ann Helen. Legislação de Maringá,
ambiental numa tentativa
brasileira: evolução de isolamento
histórica das ambiental.
do direito principais
Revista deáreas
Direitoverdes
Ambiental, São Paulo, n. 0, p. 158-169, 1990.
do município.
ZAMUNER, L. D. Erosão urbana uma
b) Jardim Botânico: com área de aproximadamente
em Maringá-Pr: O caso do Parque 9Florestal
mil m2 dos
, nela localizam-se
Pioneiros :
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em
Bosque II. 2001. 212 f. Dissertação (Mestrado em Análise Ambiental e Regional)-Universidadeseu fundo, encon-
Estadual tram-se
de Maringá,doisMaringá,
córregos2001.
que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
356 __
Foto 39 – Praças com pom-
bos.

Anexo
REFERÊNCIAS

PÁGINA 358– EM BRANCO

__ 358 __
Anexo
AnexoII
Legislação
LegislaçãoAmbiental
Ambientalde
deMaringá
Maringá

01-
01-Lei
Leinºnº18/59
18/59- -Autoriza
Autorizaa aabertura
aberturadedecrédito
créditoadicional
adicionalespecial,
especial,destinado
destinadoa aelaboração
elaboraçãodo
do
projeto
projetodefinitivo
definitivopara
paraabastecimento
abastecimentodedeágua,
água,e elevantamento
levantamentogeológico
geológicodadaágua
águaurbana
urbanae e
zonas
zonasrurais
ruraiscircunvizinhas.
circunvizinhas.
0202- -Lei
Leinºnº19/59
19/59- -Autoriza
Autorizaconvênio
convêniocom
comgoverno
governodo
doestado
estadopara
paraexecutar
executarobras
obrasdedeabaste-
abaste-
cimento
cimentodedeáguaáguapotável
potávelpara
paraMaringá.
Maringá.
03-
03-Lei
Leinºnº34/59
34/59- -Código
CódigodedePosturas
PosturasdedeMaringá.
Maringá.
04-
04-Lei
Leinºnº400/65
400/65- -Abre
Abrecrédito
créditoespecial
especialdestinado
destinadoa aimportação
importaçãodedeequipamentos
equipamentosdestinados
destinados
a aestação
estaçãodedetratamento
tratamentodedeágua
águadesta
destacidade.
cidade.
05-
05-Lei
Leinºnº420/65
420/65- -Autoriza
Autorizaa aabertura
aberturadedeconcorrência
concorrênciapública
públicapara
paraooaproveitamento
aproveitamentodo
dolixo
lixo
coletado
coletadonanacidade.
cidade.
06-
06-Lei
Leinºnº447/66
447/66- -Autoriza
Autorizafirmar
firmarconvênio
convêniocom
comentidades
entidadespúblicas,
públicas,para
paraconstrução
construçãototal
total
dos
dosserviços
serviçosdedecaptação,
captação,adução,
adução,tratamento
tratamentoe edistribuição
distribuiçãodedeágua
águapotável
potáveldadasede
sededo
domunicí-
municí-
pio.
pio.
07-
07-Lei
Leinºnº773/70
773/70- -Cria,
Cria,no
noMunicípio
MunicípiodedeMaringá,
Maringá,oocemitério
cemitérioMunicipal
MunicipaldedeMaringá,
Maringá,parque
parque
dedeutilidade,
utilidade,reservado
reservadoe erespeitável.
respeitável.
08-
08-Lei
Leinºnº870/71
870/71- -Cria
CriaooParque
Parquedo
doIngá.
Ingá.
09-
09-Lei
Leinºnº1.009/73
1.009/73- -Dispõe
Dispõesobre
sobrea aconcessão
concessãodedeserviços
serviçosdedeabastecimento
abastecimentodedeágua
águae eremo-
remo-
ção
çãodedeesgoto
esgotosanitário
sanitáriodo
domunicípio.
município.Lei
Leirevogada.
revogada.
10-
10-Lei
Leinºnº1.012/73
1.012/73- -Altera
Alteraasasdisposições
disposiçõesdadaLei
Leinºnº1.009/73.
1.009/73.
11-
11-Lei
Leinºnº9.95/73
9.95/73- -Estabelece
Estabelecemulta
multapara
paraoocorte
corteou
ouinutilização
inutilizaçãodedeárvores
árvoresornamentais
ornamentaisdada
cidade.
cidade.Alterada
Alteradapela
pelaLei
Leinºnº2.585/89.
2.585/89.
12-
12-Lei
Leinºnº1.081/75
1.081/75- -Dispõe
Dispõesobre
sobrea aobrigatoriedade
obrigatoriedadedadaimplantação
implantaçãodedearborização
arborizaçãonos
noslote-
lote-
amentos
amentosnanazona
zonaurbana
urbanadedeMaringá.
Maringá.
13-
13-Lei
Leinºnº1.085/75
1.085/75- -Institui
Instituia aobrigatoriedade
obrigatoriedadedodousousodedesacos
sacosplásticos
plásticosdo
dotipo
tipo“papolix”
“papolix”ou
ou
semelhantes,
semelhantes,no nocondicionamento
condicionamentodo dolixo
lixodomiciliar
domiciliarexposto
expostoà àcoleta
coletapela
pelaprefeitura
prefeituraMunicipal.
Municipal.
14-
14-Lei
Leinºnº1.166/77
1.166/77- -Institui,
Institui,no
noMunicípio
MunicípiodedeMaringá,
Maringá,a asemana
semanadadaEcologia
Ecologiae edádáoutras
outras
providências.
providências.
15-
15-Lei
Leinºnº1.173/77
1.173/77- -Disciplina
Disciplinaooartigo
artigo873
873dadaleileimunicipal
municipalnºnº34,
34,dede3131outubro
outubrodede1959,
1959,e e
dádáoutras
outrasprovidências.
providências.
16-
16-Lei
Leinºnº1.213/78
1.213/78-Dispõe
-Dispõesobre
sobreoocombate
combateà àpoluição
poluiçãoe edededefesa
defesado
domeio
meioambiente.
ambiente.
MARINGÁ VERDE? ANEXO

ZP4: Horto
17- Lei nº 1.229/78 - Cria, nod)município de Florestal;
Maringá, o serviço autárquico de água e esgoto, e
e) ZP5:
dá outras providências (estrutura, administração,
Parque da Nascente
recursos do
e outros).
RibeirãoEsta
Paiçandu;
lei foi complementa-
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
da pelo decreto municipal nº 64/79.
g) ZP7: Parque do Sabiá;
18- Lei nº 1.329/79 - Revoga a Lei Municipal nº 1.009, de 26 de julho de 1.973.
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
19- Lei nº 1.649/83 - Denominai) ZP9: Recanto Florestal
de “Parque Borba Gato;
dos Pioneiros”, o Bosque no 2, da Cida-
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
de de Maringá e dá outras providências.
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
20- Lei nº 1.715/83 - Disciplina a coleta
l) ZP12: de lixo
Parque doinfecto-contagioso
Cinqüentenário; e dá outras providências.
21- Lei nº 1.759/84 - Autorizam)oZP13:
chefe Parque
do poderda executivo
Rua Teodoro Negri; a proceder, em Maringá,
municipal
n) ZP14: Parque Alfredo
a instalação de uma usina de reaproveitamento Werner eNyffeler;
do lixo urbano dá outras providências.
o) ZP15: Reservas do Córrego Borba Gato76;
22- Lei nº 1.847/84 - Disciplina a coleta
p) ZP16: de lixo
Reserva da infecto-contagioso e dá outras providências.
Rua Diogo M. Esteves;
Revogada pela lei nº 2.709/90.q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
23- Decreto nº 100/84 - Aprovar) ZP18: Reserva dadoRua
o regulamento PioneiraJardim
Cemitério Deolinda T. Garcia;
Municipal de Maringá.
s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
24- Lei nº 2.137/87 - Autoriza o chefe do executivo municipal a formar convênio com o go-
vernoDestacam-se,
do Estado do dentre
Paraná,elas,
paraaso seguintes
reflorestamento
áreas: das margens do Rio Pirapó.
25- Leia) nºParque
2.297/87Ecológico
- Institui oMunicipal
Serviço dodo Guaiapó:Histórico
Patrimônio reconhecido comoMunicipal.
e Artístico parque pela Lei
Complementar nº 3.513/93,
26- Lei nº 162/88 - Cria o Parque Alfredo Nyfler. possui uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-

dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-


27- Lei nº 2.336/88 - Fica estabelecido que os containers de lixo residencial, comercial e dos
tes da vegetação
órgãos públicos deverão ser nativa. A área
colocados nanão
faixapossui plano público,
do passeio de manejono emáximo,
enfrenta1 problemas
hora antes
estruturais para garantir sua sobrevivência.
do horário estabelecido para a coleta, devidamente lacrados. Somente no ano de 2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
28- Lei nº 2.391/88 - Disciplina o reflorestamento das áreas descritas pelo inciso III do artigo
áreas verdes do município.
4o da Lei Federal no 6.766/79, no Perímetro Urbano.
b) Jardim Botânico: com uma área de aproximadamente 9 mil m2 , nela localizam-se
29- Lei nºduas2.446/88
antigas- Autoriza
lagoas dea implantação
tratamento da de Sanepar
abastecedouros comunitários
desativadas. Em seudefundo,
água potável,
encon-
na zona rural do Município.
tram-se dois córregos que praticamente não possuem mata ciliar preservada. Na
30- Lei nºAdministração
2.585/89 - Altera Municipal
a redação dodaex-prefeito
Lei nº 995/73,Jairoe Gianoto,
estabelecefoi recebido
multas para oum recurso
corte e/ou
inutilização da arborização da cidade; “art. 1º: Ficam instituídas multas
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que incidentes sobre os
danos causados
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximoa
à arborização do município, que serão fixadas em UFM, de acordo com
tabela inclusa, que passa a fazer parte integrante desta lei, na forma do anexo I.
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
31- Lei nºda2.590/89
por muito - Determina
tempo pelo a celebração
Corpo dedeBombeiros,
convênio para a arborização
e que foi ocupada das pela
margens de
Polícia
rios e riachos.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
32- Lei nºrecuperação
2.709/90 - Disciplina a coleta
foi viabilizado na de lixo infecto-contagioso
última e dá outrastornar
gestão municipal, buscando providências.
a área um
33- Lei nºponto de lazer
2.710/90 e visitação
- Dispõe sobre apara a comunidade
destinação final do carente
lixo em que vivesanitários
aterros a sua volta,
e dámas a-
outras
inda aguarda recursos financeiros.
providências.
34- Leic) nºParque
2.793/90Florestal
- autorizaMunicipal das Perobas:
o rebaixamento localizado
da faixa do passeionospúblico
lotes 210-A e 211-A, 210
para a localização de
containerse de210-G
lixo. da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m , constituído 2

de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da


35- Lei nº 20.799/90 - Código Sanitário do Município de Maringá.
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
36- Lei nºmentar
2.864/91nº -3.513/93,
Dispõe sobretambéma implantação
se encontrade sistema de microbacia
abandonada e combate
e não possui a erosão
um plano de
e construção de tanques para piscicultura.
manejo.
37- Lei nº 2.882/91 - Autoriza o executivo municipal a proceder a limpeza e a erradicação de
árvores em imóveis particulares, no perímetro urbano, desde que tais serviços se mostrem
necessários
76 paradaevitar
Ver comentário nota deriscos
rodapéanºpopulação.
96.

__ 122
360 __
ANEXO

38- Lei nº 2.884/91 - Autoriza o Poder Executivo a participar do Consórcio Intermunicipal


para proteção ambiental do Manancial do rio Pirapó.
39- Lei nº 2.937/91 - O item 24 do anexo II da Lei nº 2.896/91 (Diretrizes orçamentais para
1.991), passa a vigorar com a seguinte redação: metas “obras de combate a erosão e controle da
poluição”.
40- Lei nº 2.948/91 - Institui o Conselho Municipal de defesa do Meio Ambiente.
41- Lei nº 2.967/91 - Autoriza a implantação de aterro sanitário.
42- Lei nº 3.044/91 - Altera a redação dos artigos 1o e 2o da lei nº 2.933/91, referente a roçada
de terrenos baldios urbanos.
43- Decreto nº 279/91 - Aprova o Regulamento do Arquivo Histórico do Município de Ma-
ringá.
44- Decreto nº 419/91 - Cria o Parque Guayapó.
45- Decreto nº 771/91 - Regulamenta a instalação de abastecimento de veículos, serviços de
lavagem, lubrificação e reparos.
46- Lei nº 3.364/93 - Cria a Patrulha Mecanizada Rural.
47- Lei nº 3.371/93 - Estabelece recursos ao Consórcio Intermunicipal para Proteção Ambien-
tal do Manancial do Rio Pirapó.
48- Lei nº 3.440/93 - Disciplina o uso de containers.
49- Lei nº 3.477/93 - Autoriza o tombamento do prédio do Maringá Bandeirantes Hotel ao
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal (Revogada pela Lei nº 4.338/96).
50- Lei nº 3.478/93 - Autoriza o tombamento de mural em cerâmica, contendo pintura que
retrata a colheita do café, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal.
51- Lei nº 3.479/93 - Disciplina a venda de madeira e o corte ou poda de árvores.
52- Lei nº 3.513/93 - Cria os Parques Florestais: 1- Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
2- Parque Ecológico Municipal das Palmeiras; 3- Parque Ecológico Municipal das Perobas.
53- Lei Complementar nº 09/93 - Dispõe sobre a política de proteção, controle, conservação e
recuperação do meio ambiente no Município de Maringá.
54- Decreto nº 699/93 - Cria a composição do Comdema, criado pelo decreto nº 564/93.
55- Decreto nº 708/93 - Regulamenta a Lei nº 3.440/93.
56- Decreto nº 739/93 - Regulamenta dos artigos 25 a 38 da lei complementar nº 09/93.
57- Lei nº 3.670/94 - Autoriza o tombamento da Capela São Bonifácio ao Serviço do Patrimô-
nio Histórico e Artístico Municipal.
58- Lei Complementar nº 47/94 - Dispõe sobre o projeto, a realização de obras e as caracterís-
ticas das edificações no Município de Maringá e dá outras providências.
59- Decreto nº 190/94 - Regulamenta a lei nº 3.527/95, que instituiu o Projeto Verde.
60- Decreto nº 203/94 - Declara o Horto Florestal, “reserva florestal”.
61- Decreto nº 504/94 - Declara a Unidade de conservação Peroba e Recanto Borba Gato.
62- Resolução nº 398/94 - Cria a Semana de Defesa do Meio Ambiente na Câmara Municipal.

__ 361 __
MARINGÁ VERDE? ANEXO

63- Lei nº 3.774/95 - As árvores d) ZP4: situadas


Horto nos
Florestal;
passeios públicos deverão ser erradicadas, na
forma da lei, quando a sua condição e) ZP5: Parque
geral indicar
da Nascente
estado doirrecuperável
Ribeirão Paiçandu;
ou colocar em risco o
patrimônio do município. f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
g) ZP7: Parque do Sabiá;
64- Lei nº 3.807/95 - Autoriza o Poder Executivo a instituir o Programa TROCA ECOLÓ-
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
GICA.
i) ZP9: Recanto Borba Gato;
65- Lei Complementar nº 102/95 j) ZP10: Parque Ecológico
- Estabelece normasMunicipal
para evitardoaGuaiapó;
propagação de doenças
transmitidas por vetor - febrek)amarelaZP11: eParque
dengueFlorestal Municipal
- no município de das Palmeiras;
Maringá.
l) ZP12: Parque do Cinqüentenário;
66- Lei Complementar nº 123/95 - Altera
m) ZP13: a redação
Parque da Rua eTeodoro
acrescenta novos dispositivos à Lei nº
Negri;
1.354. de 22 de dezembro de n) 1979
ZP14:(Código Tributário
Parque Alfredo do Município
Werner Nyffeler; de Maringá) e dispõe
sobre os tributos municipais para o exercício
o) ZP15: Reservasde 1996.
do Córrego Borba Gato76;
67- Lei nº 202/97 - Altera a redaçãop) ZP16: doReserva da único
parágrafo Rua Diogo M. Esteves;
do artigo 118 da Lei Complementar nº
47/94. q) ZP17: Reserva do Córrego Cleópatra;
r) ZP18: Reserva da Rua Pioneira Deolinda T. Garcia;
68- Lei nº 213/97 - Altera a redaçãos) ZP19:daReserva
lei complementar
do CórregonºMoscados;
09/93.
69- Lei nº 218/97 - Dispõe sobre a poluição sonora em Maringá, estabelece zonas de ruído,
Destacam-se,
penalidades dentre
e dá outras elas, as seguintes áreas:
providências.
a) nºParque
70- Lei 4.406/97Ecológico
- InstituiMunicipal
o Programa doNatureza
Guaiapó:Viva reconhecido como
(dispõe sobre parque de
o descarte pelapilhas
Lei
Complementar nº 3.513/93,
secas, baterias e acumuladores em desuso). possui uma área de 16.204,48 m 2, localizado na qua-

dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de remanescen-


71- Lei nº 4.408/97 - Dispõe sobre a implantação de áreas para o depósito de entulhos e detri-
tes da (Alterada
tos inorgânicos vegetaçãopela nativa. A 4.529/97
Lei nº área não epossui plano
pela Lei de manejo e enfrenta problemas
nº 4.601/98).
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente no ano de 2003 a área foi
72- Lei nº 4.434/97 - Autoriza a criação de escola de jardinagem e dá outras providências.
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
73- Lei nºáreas
4.442/97
verdes - Altera a redação do art. 3º da Lei nº 3.440/93 e dá outras providências.
do município.
b)nºJardim
74- Lei 4.446/97Botânico:
- Cria ocom umaParticipativo
Projeto área de aproximadamente 9 milnas
(replantio de árvores m2vias
, nela localizam-se
públicas).
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu fundo, encon-
75- Lei nº 4.476/97
tram-se dois- córregos
Dispõe sobre a análise físico-química
que praticamente não possuem da água
mataservida à população Na
ciliar preservada. de
Maringá.
Administração Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
76- Lei nºfinanceiro
4.484/97 -especialmente da Lei nº 4.434/97.
Altera o art. 3o direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação
77- Lei nº 4.486/97 - Institui o Fórum Permanente para florestal do local. eEntretanto,
a Preservação Recuperação o máximo
do Meio
que se pode encontrar
Ambiente no Município de Maringá. é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
78- Lei Complementar nº 193/97 - Dispõe sobre os fundos de vale.
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi
79- Lei Complementar nºviabilizado na última
216/97 - Acresce gestão municipal,
parágrafo ao artigo 119 buscando tornar a área um
da Lei Complementar nº
47/94. ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos
80- Lei Complementar nº 220/97 financeiros.
- Altera a Lei nº 1.354/79 e dispõe sobre o lançamento de
c) Parque
tributos para 1998. Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
81- Lei Complementar nº 195/97 - Dispõe sobre o uso e o armazenamento de agrotóxicos.
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
82 - Decreto
flora nº 285/97
e da fauna-da Regulamenta
região. Essaa área,
Lei nºreconhecida
1.085/75, sobrecomoaparque
utilização
peladeLei
embalagens
Comple-
plásticas para o lixo.
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.
83- Decreto nº 829/97 - Regulamenta a distribuição de propaganda avulsa ao público.
84 – Lei nº 236/98 - Dispõe sobre o parcelamento de solo rural para fins urbanos. Revogada
pelas
76
leis nº 327/99 e 334/99.
Ver comentário da nota de rodapé nº 96.

__ 122
362 __
ANEXO

85- Lei nº 258/98 - Institui o Código Municipal de Limpeza Urbana de Maringá.


86- Lei nº 261/98 - Dispõe sobre a proteção dos lençóis freáticos e das águas dos rios, córre-
gos e nascentes localizados na área do município.
87- Lei nº 4.723/98 - Cria o Programa Patrimônio Verde (levantamento e atualização periódica
a cada 2 anos do índice de área verde por habitante).
88- Lei Complementar nº 228/98 - Proíbe a realização de queimadas nos lotes urbanos do
município.
89- Lei Complementar nº 234/98 - Dispõe sobre a obrigatoriedade da instalação de poços de
monitoramento de qualidade da água do lençol freático para os postos de abastecimento de
veículos, serviços de lavagem, lubrificação e reparos e dá outras providências.
90- Lei Complementar nº 261/98 - Dispõe sobre a proteção dos lençóis freáticos e das águas
dos rios, córregos e nascentes localizados na área do Município.
91- Decreto nº 035/98 - Regula o licenciamento de atividade industrial, comercial e de presta-
ções de serviços.
92- Decreto nº 204/98 - Cria o Parque do Sabiá.
93- Lei nº 275/99 - Define áreas de preservação ou recomposição da mata ciliar em áreas que
existem imóveis.
94 – Lei nº 331/99 - Dispõe sobre o Uso e Ocupação do Solo no Município de Maringá e dá
outras providências.
95 – Lei nº 332/99 - Institui os Perímetros das Zonas Urbanas do Município de Maringá.
96 – Lei nº 333/99 - Dispõe sobre o Sistema Viário Básico do Município de Maringá e dá
outras providências.
97 – Lei nº 334/99 - Dispõe sobre o Parcelamento do solo no Município de Maringá e dá
outras providências.
98 – Lei nº 335/99 - Dispõe sobre o projeto, a execução e as características das edificações no
Município de Maringá e dá outras providências.
99 – Lei nº 336/99 - Institui incentivo para a implantação de Programas Habitacionais de
Interesse Social no Município e dá outras providências
100 – Lei nº 4.780/99 -Dispõe sobre a poluição visual em Maringá, cria o Cadan (Cadastro de
Anúncios), estabelece penalidades e dá outras providências (alterada pela Lei nº 6.237/2003).
101– Decreto nº 383/99 - Regulamenta o controle e a fiscalização das atividades que geram
poluição sonora.
102 - Lei nº 355/2000 - Regulamenta a instalação de antenas de telefonia celular no Município
de Maringá e dá outras providências. Altera a Lei Complementar nº 250/98.
103- Lei nº 5.332/2000 - Cria no Município o “Disque-Verde” e dá outras providências.
104- Lei nº 5.370/2001 - Dispõe sobre o adestramento e circulação de cães em logradouros
públicos e dá outras providências.
105- Lei nº 5.541/2001 - Institui o serviço de atendimento telefônico à população denominado
“Disque Animais Mortos”.

__ 363 __
MARINGÁ VERDE? ANEXO

d) ZP4:
106- Lei nº 5.544/2001 - Dispõe sobre
Horto
o usoFlorestal;
de herbicida hormonal no Município de Maringá
e dá outras providências. e) ZP5: Parque da Nascente do Ribeirão Paiçandu;
f) ZP6: Bosque das Grevíleas;
107- Lei nº 5.559/2001 - Autoriza a criação de programa de coleta seletiva de lâmpadas fluo-
g) ZP7: Parque do Sabiá;
rescentes.
h) ZP8: Parque Florestal Municipal das Perobas;
i) ZP9:o Recanto
108- Lei nº 5.627/2001 - Autoriza Borba
Executivo Gato; o Programa de Arborização do Sis-
a instituir
j) ZP10: Parque Ecológico Municipal do Guaiapó;
tema Viário Rural do Município.
k) ZP11: Parque Florestal Municipal das Palmeiras;
109- Lei Complementar nº l)393/2001 - Alterou
ZP12: Parque a Lei nº 09/93, em especial quanto ao
do Cinqüentenário;
Comdema. m) ZP13: Parque da Rua Teodoro Negri;
ZP14: ParqueaAlfredo
110 – Decreto nº 1.027/2001n)- Regulamenta aplicação Werner Nyffeler; por infração ao Códi-
das penalidades
ZP15:
go Municipal de Limpeza Urbana instituído pela Lei ComplementarGato
o) Reservas do Córrego Borba 76;
nº 258/98.
p) ZP16: Reserva da Rua Diogo M. Esteves;
111- Lei nº 5.739/2002 - Altera a redação
q) ZP17: da LeidonºCórrego
Reserva 5.370/2001.
Cleópatra;
112- Decreto nº 967/2002 - r) ZP18: oReserva
Aprova da Rua
Regimento Pioneira
Interno do Deolinda
ConselhoT.Municipal
Garcia; de Defesa
do Meio Ambiente. s) ZP19: Reserva do Córrego Moscados;
113- Decreto nº 1.358/2002
Destacam-se, - Regula
dentre elas, a fiscalização,
as seguintes áreas: as infrações ambientais e as penalidades
previstas na Lei Complementar nº 9/93 e na Lei Federal nº 9.605/98.
a) Parque Ecológico Municipal do Guaiapó: reconhecido como parque pela Lei
114- Lei nº 6.076/2003 - Dispõe
Complementar sobre opossui
nº 3.513/93, reuso uma
de água
áreanão
depotável e dámoutras
16.204,48 providências.
2, localizado na qua-
dra 43-B do Conjunto Residencial Parigot de Souza, constituído de
115- Lei nº 6.230/2003 - Dispõe sobre procedimentos a serem adotados após erradicação de remanescen-
árvores plantadas nas faixasnativa.
tes da vegetação de passeio público
A área dos logradouros
não possui plano de do Município.
manejo e enfrenta problemas
estruturais para garantir sua sobrevivência. Somente
116- Decreto nº 209/2003 - Regulamenta o Plano de Controle Ambiental no no ano deMunicípio.
2003 a área foi
cercada pela Prefeitura de Maringá, numa tentativa de isolamento das principais
117- Decreto nº 675/2003 - Regulamenta a solicitação de Alvará de perfuração de poço tubu-
áreasem
lar profundo, verdes do município.
conformidade com a Lei Complementar nº 9/97, que dispõe sobre a política
b) Jardim
de proteção, Botânico:
controle, com uma
conservação, área de aproximadamente
e recuperação do meio ambiente 9 mil m2 , nela localizam-se
no Município de Maringá.
duas antigas lagoas de tratamento da Sanepar desativadas. Em seu
118- Decreto nº 721/2003 - Regulamenta a elaboração de Laudo Geoambiental, para a expedi-fundo, encon-
tram-se dois
ção das Diretrizes córregos
Básicas que praticamente
de Loteamento, não possuem
considerando mata no
o disciplinado ciliar preservada.
caput do art. 19,Na
da
Administração
Lei Complementar Municipal do ex-prefeito Jairo Gianoto, foi recebido um recurso
nº 334/99.
financeiro especialmente direcionado para a implementação de estruturas que
permitissem a visitação e a recuperação florestal do local. Entretanto, o máximo
que se pode encontrar é uma pista de caminhada mal projetada; uma sede utiliza-
da por muito tempo pelo Corpo de Bombeiros, e que foi ocupada pela Polícia
Florestal a partir de maio de 2003; e uma imensa área desmatada. Um projeto de
recuperação foi viabilizado na última gestão municipal, buscando tornar a área um
ponto de lazer e visitação para a comunidade carente que vive a sua volta, mas a-
inda aguarda recursos financeiros.
c) Parque Florestal Municipal das Perobas: localizado nos lotes 210-A e 211-A, 210
e 210-G da Gleba Ribeirão Pingüim, com área total de 263.438,74 m2, constituído
de remanescentes da vegetação nativa que apresentam espécies representativas da
flora e da fauna da região. Essa área, reconhecida como parque pela Lei Comple-
mentar nº 3.513/93, também se encontra abandonada e não possui um plano de
manejo.

76 Ver comentário da nota de rodapé nº 96.


__ 364
122 __

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