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Escola de Veterinária
Departamento de Zootecnia
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
2011
2
SUMÁRIO
Saanen Saanen
Branca Alemã
Sub-tronco
ALPINO Parda Alpina
Alpina Parda Alemã
TRONCO Chamiseé
EUROPEU Alpina Francesa
Toggenburg
Sub-tronco Murciana
PIRINEU La Mancha
Grahadiana
TRONCO Angorá
ASIÁTICO Cashemere
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Classe: Mammalia
Ordem: Artiodáctila
Sub-ordem: Ruminantia
Família: Bovidae
Sub-família: Caprinea
Gênero: Capra
Espécie: Capra hircus
São animais que geralmente apresentam bom vigor, feminilidade, ligações harmoniosas
do úbere, não têm carne em excesso e possuem formato de cunha, com membros bem aprumados.
Podem apresentar produções de leite equivalentes em até 10-12 vezes o seu peso vivo
durante uma lactação.
1.1. SAANEN
Características raciais:
Pelagem: Animais com pelos curtos, brancos a creme, predominantemente lisos e bem
implantados.
Cabeça: leve, perfil retilíneo a côncavo, orelhas pequenas a médias e eretas, presença de
brincos.
Características Zootécnicas:
1.2. TOGGENBURG:
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Características raciais:
Pelagem: Castanho claro ou baio claro; como característica principal apresenta duas
bandas que vão desde as orelhas, passando pelos olhos até aos ângulos dos lábios. Pelos
de curtos a compridos: importante na seleção.
Cabeça: Alongada e forte, porém bem feita; orelhas médias um pouco levantadas e
dirigidas para frange. Machos apresentam chifres.
Características zootécnicas:
Origem:
Região dos Alpes Francês e Suíço. Vieram para o Brasil importadas da Alemanha, Suíça e França.
Sendo a alemã mais robusta que as demais. Numericamente a mais importante cabra leiteira na
Europa.
Características raciais:
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Pelagem: do pardo claro até vermelho escuro (queimado) com faixa preta no dorso,
membros e cabeça mais escuros (queimados). Pelos curtos e brilhantes. Preto é
desclassificante. Pele e mucosas escuras.
Corpo: animais longilíneos (1,20m). Tórax amplo e ventre desenvolvido. Garupa larga e
ligeiramente inclinada. Membros finos com unhas delicadas (aprumos e lesões).
Cabeça: Fina com perfil retilíneo; fronte larga e chanfro grosso. Orelhas curtas e bem
implantadas, retas, às vezes pesadas projetadas para frente, para cima e para fora.
Características zootécnicas:
1.4. MURCIANA
Características raciais:
Pelagem: pelos curtíssimos, de cor acaju (castanho avermelhado) a preto, a pele é fina e
no primeiro caso será rósea, enquanto no segundo será preta.
Corpo: tronco profundo, cernelha ligeiramente descarnada com linha dorso-lombar reta,
ventre amplo e redondo.
Características zootécnicas:
Características raciais:
Corpo: região dorso lombar reta e bastante peluda; cernelha seca; peito amplo e
profundo; ventre amplo, profundo e desenvolvido.
Características zootécnicas:
1.6. NUBIANA
Origem: Sudão
Características raciais:
Cabeça: perfil ultra convexo; lábio superior mais curto; orelhas grandes e largas; fêmeas
mochas e machos armados.
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Características zootécnicas:
2.1. BOER
Características raciais:
Características zootécnicas:
2.2. BHUJ
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Características raciais:
Pelagem: Castanho escuro com manchas brancas na face, focinho e garganta, podendo
chegar ao negro. Pelos médios a longos, por vezes ondulados. Pele solta e
predominância da escura. Desclassificantes: pelagem branca; orelhas não chitadas
ou mesmo brancas; pele inteiramente clara; perfil reto ou côncavo.
Corpo: Dorso comprido, largo e reto; lombo comprido e largo em harmonia com a
garupa; garupa larga e comprida; ancas largas. Membros longos e aprumados.
2.3. ANGLO-NUBIANA
Origem: Raça inglesa surgida do acasalamento entre nubianas da África, Ásia e Índia, em 1875 foi
denominada anglo-nubiana.
Características raciais:
Pelagem: no Brasil aceita-se animais de todas as cores, exceto a branca, sendo os mais
comuns a preta, a vermelha e suas combinações. A pele é predominantemente escura,
solta e de espessura mediana.
Corpo: comprido e profundo. Dorso e lombo amplos e fortes, Tórax profundo apesar de
um pouco acoletado. Garupa larga. Membros fortes sem serem pesados, com cascos
escuros.
Característicaszootécnicas:
2.4. JAMNAPARI
Origem: Índia. Chamada de ETAWH, sendo uma da melhores raças de dupla aptidão.
Características raciais:
Característicaszootécnicas:
Características raciais:
Cabeça: perfil convexo; orelhas longas, pendentes e espalmadas; chifres longos (quando
presentes), forma espiralada.
Características zootécnicas:
Destacam-se as "raças nativas", que têm na produção de peles a garantia de rentabilidade para o
produtor, principalmente nordestino. Mistas para carne e pele.
3.1. MOXOTÓ
Características raciais:
Pelagem: cor baia e suas tonalidades, até o lavado; linha dorso lombar com faixa preta
(terço médio pescoço à cauda). Pelos pretos na região do ventre, nas faces internas dos
membros, região perineal, úbere e canela. Linhas pretas nas faces laterais da maxila,
presença de óculos, e linhas que saem da inserção dos chifres indo à nuca.
Cabeça: perfil reto, chanfro seco e com bordas retilíneas quando visto frontalmente.
Presença ou não de brincos. Mocho desclassifica.
Características zootécnicas:
3.2. CANINDÉ
Características raciais:
Pelagem: castanho escura a preta por todo o corpo, exceto no ventre; o períneo tem
pelos curtos e finos. Variedade da Canindé vermelha, avermelhada ou castanha.
Características zootécnicas:
3.3. MAROTA
Características raciais:
Características zootécnicas:
Peso: acima de 35 Kg
Pele: macia e flexível.
3.4. REPARTIDA
Características raciais:
Pelagem: possui duas regiões distintas, sendo preta na parte anterior e baia na posterior
(delimitação irregular), membros baios com manchas pretas nas extremidades; preto
nas coxas e pernas. Mucosa, pele e anexos são pretos
Características raciais:
Porte e cabeça: animal pequeno; cabeça fina, perfil reto e com topete na fronte. Orelhas
grandes e delgadas (10 cm).
Característicaszootécnicas:
CERCAS:
ARAME FARPADO
30 cm
25 cm
25 cm
h = 1,5 m
20 cm
15 cm
15 cm
10 cm
10 cm
ARAME LISO
25 cm
20 cm
20 cm h =1,5 m
15 cm
15 cm
10 cm
10 cm
10 cm
Quando já existirem cercas para bovinos, basta passar dois fios a mais, entre cada um dos
primeiros fios de baixo.
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Para tábuas com 0,10 a 0,20 m de largura, estas devem atingir até 0,60 - 0,90 m de altura, com
espaço entre tábuas de 0,10 m. Podendo ou não possui um ou dois fios de arame na parte
superior da cerca. Em condições favoráveis pode-se construí-las de bambu (com ripa cobrindo a
parte superior para evitar encher de água).
1. LOCALIZAÇÃO / ORIENTAÇÃO:
- Possuir boa ventilação (evitar locais naturalmente abafados, meia parede + grades);
2. PIQUETES:
- Comedouros (podem ser móveis para os pequenos criatórios), fenis, cochos de sal;
- Recomenda-se área coberta com 1,5 m2/ animal adulto, 1 m2/cabeça (semi-intensivo);
4. BODIL:
- Confinamento total;
5. CABRITEIROS OU GAIOLAS:
EQUIPAMENTOS DIVERSOS
1. BEBEDOUROS:
2. COCHOS:
3. MAMADEIRAS:
- Coletivas ou tanques
- Individuais
4. ORDENHADEIRA MECÂNICA:
Iran Borges1
André Guimarães Maciel e Silva2
Maria Izabel Carneiro Ferreira3
Gilberto de Lima Macedo Júnior4
1. INTRODUÇÃO
Os efeitos das variáveis de meio sobre a produção animal são conhecidos tempos, em especial
daquelas ligadas aos elementos climáticos, sejam de forma direta ou indiretamente.
Isso posto, convém ressaltar que mesmo não se tendo respostas fisiológicas específicas para
caprinos e ovinos, é de se inferir que a grande maioria das mesmas siga o que se observa com
outras espécies homeotérmicas, mudando mais no que se refere à intensidade de respostas frente
aos vários estressores climáticos tropicais. Por exemplo, animais jovens (fase de cria) são menos
resistentes ao estresse pelo frio, devido ao fato de possuírem relação superfície de área
corporal:peso corporal (volume) mais desfavorável, sendo nos primeiros dias de vida muito
dependentes das reservas de gordura marrom para manterem-se com a temperatura corporal
constante, aliado ao fato de que seus mecanismos de manutenção da homeotermia ainda não
estão completamente desenvolvidos. Assim, o enfoque primário desta revisão será sempre os
pequenos ruminantes, muito embora devido à falta de acesso às informações desses, vez por
outra, será tratado o impacto bioclimático em outras espécies homeotérmicas.
Como o estresse pelo calor é o mais constante nos trópicos, o enfoque presente será mais voltado
neste sentido, muito embora ressalta-se que crias jovens podem sofrer com temperaturas mais
amenas (frias para elas). Assim, variáveis climáticas que favorecerão ou dificultarão a dissipação
calórica, serão enfocadas isolada e conjuntamente.
1
Zootecnista - Professor Adjunto da Escola de Veterinária da UFMG - Bolsista PQ CNPq
2
Médico Veterinário - Professor Assistente da UFPA - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinária-UFMG
3
Médica Veterinária - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinária - UFMG
4
Zootecnista - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinária - UFMG
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O presente estudo visa discutir as condições ambientais artificiais que se encontram estabelecidas
na maioria dos capris e ovis nacionais, tentando correlacioná-las com aspectos ligados ao
desempenho de caprinos e ovinos.
2. RECAPITULANDO A BIOCLIMATOLOGIA
Como a temperatura tem esse importante impacto sobre a produção e a produtividade animal,
demonstra-se na figura 1 como se distribuem a zona de conforto térmico, a termoneutra e a de
sobrevivência dos animais.
do plano nutricional dos ovinos, destacando que com 12 cm de lã e alimentados para mantença o
valor é de - 4oC, já com lã de 20 a 30 cm e alto plano nutricional podem suportar até -20 oC.
A movimentação do ar assume papel importante no arrefecimento animal, uma vez que acelera a
troca calórica entre a superfície de seu corpo (pele e anexos) e o ar que o envolve, pois remove a
capa limitante (camada de ar ao redor do corpo) que estará saturada de partículas de água
oriundas do vapor da sudorese e/ou respiração animal.
Para caprinos e ovinos cujas raças foram selecionadas em regiões com maiores latitudes o
fotoperíodo demonstra ação determinante, pois essas espécies tendem a manterem-se fora da
estação reprodutiva nas épocas de dias longos, voltando à reprodução induzidos pelo fotoperíodo
mais curto (outono-inverno) conforme reforçado recentemente por Rosa e Bryant (2003), pois
Yates (1967) já relatava essa dependência em seu livro. Para o hemisfério sul este fotoperíodo
seria compreendido entre os meses de fevereiro a junho. Já aquelas raças que passaram por
longos processos de adaptação às condições nordestinas e portanto são consideradas como raças
nativas do nordeste, tal efeito mostra-se nulo ou praticamente nulo, sendo a sazonalidade
reprodutiva muito mais dependente de condições indiretas do clima (oferta de forragens).
Além desses fatores acima, considerados como elementos que atuam diretamente no desempenho
animal, podem-se destacar outras variáveis ambientais que estão indiretamente relacionadas ao
clima, quais sejam, a oferta de alimentos, a presença de ecto e endoparasitas, a fertilidade, o pH e
a textura do solo, o índice pluviométrico, e ainda características ligadas à topografia ou
distribuição geográfica do local de criação de caprinos e ovinos, além da própria concepção das
instalações, que amenizarão ou intensificarão as intempéries climáticas. Uma forma de sintetizar
isso foi descrito por McDowell (1974) e encontra-se expresso nas figuras 2 e 3.
Figura 2. Elementos físicos do meio ambiente que direta (setas diretas) ou indiretamente (setas
concêntricas) por meio e interações influem no desempenho animal ou sobre o regime de manejo
empregado. A largura da setas indica o grau de influência
o
Figura 3. A provável influência direta ou indireta (efeitos de interação) que uma temperatura de 27 C
o
teria dobre os animais em latitudes Norte ou Sul de 30 (McDowell, 1974)
Sempre destaca-se como primeira preocupação do projeto a localização das instalações, sejam os
abrigos e demais instalações, sejam os pastos ou piquetes. Busca-se sempre localizar o aprisco de
forma eqüidistante dos piquetes, quando se trabalha com animais que irão a pasto, sendo
recolhidos em algum momento durante o período diuturnal (ordenha, apartação, manejo de
mamada, ou simplesmente recolhimento noturno visando proteção diversa).
Deve-se evitar a construção muito próxima a encostas, morros ou montanhas, pois os mesmos
podem, além de oferecer riscos de eventuais desmoronamento ou soterramento, servir como
obstáculos para a perfeita circulação de ar (vento ou brisa) no interior dos apriscos, ou ainda
como reservatórios de radiação solar ou de água. Explicando: Com o nascer do sol, as
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instalações, e também todo acidente geográfico do local, recebem, absorvem até certo ponto, e
armazenam parte da radiação solar incidente durante o dia, além de refletir outra parte dessas
ondas calóricas; com o por do sol, o fluxo de radiação é invertido, uma vez que o cair da noite
abranda a temperatura do ar (pela ausência da radiação solar) e nesse momento as massas
aquecidas (instalações, rochedos, encostas, etc.) passam a emitir ondas da radiação que
armazenaram por todo o dia; tais ondas irão impactar o ambiente no seu entorno, podendo influir
nas condições ambientais em que se encontram os caprinos e ovinos. Por isso mesmo é comum
durante a estação do outono e inverno verificar que os animais buscam as faces das instalações
que estão voltadas para o oeste. Com o passar das horas, tais emissões vão se esgotando e os
animais podem buscar novo abrigo - geralmente o fazem para se proteger dos ventos noturnos -
ou ainda assumem nova postura como grupos, qual seja, mantêm-se mais agrupados para
diminuir a perda calórica coletiva e consequentemente a individual. Outro aspecto ligado às
encostas é que, na dependência do grau de inclinação das mesmas, de sua cobertura vegetal e da
textura do solo, pode ocorrer o acúmulo de grande volume de água durante as chuvas e com isso,
por percolação e lixiviação, a parte mais baixa da encosta ou morro pode alimentar pequenas e
sazonais fontes de água, as quais estarão comprometendo o grau de umidade no interior da
instalação próxima, tal situação pode ser ainda mais grave dependendo do tipo de piso adotado
na instalação (ripado, cama, chão batido etc.).
A orientação do eixo principal das instalações no sentido leste-oeste tem por finalidade proteger
os animais em seu interior da radiação solar excessiva, fazendo com que a sombra projetada pela
cobertura fique sempre sobre a área em que se encontram os animais. Há muita discussão nesse
sentido, Curtis (1981) preconiza que pode-se trabalhar com esse preceito, mas também que pode-
se fazer pequena rotação nessa orientação (entre 12 e 20o), para que desse modo tenha-se um
pouco de aquecimento pela radiação que atinge o interior das instalações nas épocas mais frias do
ano. Por outro lado, quando se trabalha com piso recoberto com cama, pode-se buscar orientação
norte-sul, visando melhor efeito de desidratação contínua do material absorvente e ao mesmo
tempo promovendo a higienização (efeito germicida) da mesma a partir da radiação solar. Nesses
casos, tem-se que dispor de manejo de cortinas para evitar insolação excessiva e presença de
ventos e chuvas, uma vez que se trata de projetos que trabalham com pé-direito maior, tal
estratégia de orientação ganha ainda maior importância nas condições de clima com alta umidade
relativa do ar. Discutindo sobre a questão de orientação dos galpões para caprinos, Ribeiro
(1998) preconizou que para decidir em qual eixo o mesmo será construído, deve-se levar em
conta qual variável climática causaria mais danos no sistema de produção que se está propondo
implantar.
Por fim, ressalta-se que o tipo de material empregado na construção das instalações, do piso ao
telhado, pode contribuir de forma positiva ou negativa sobre as condições ideais de ambiência
interna (Baêta e Souza, 1997). Instalações pintadas ou que naturalmente apresentem cores mais
escuras e suas matizes, tendem a se mostrar mais aquecidas que aqueles com cores mais claras
(McDowell, 1974). Tudo isso assume importância relativa ao se considerar altura do pé direito,
largura do aprisco, presença ou não de paredes para impedir ou dificultar a circulação de ar no
seu interior.
Pode-se trabalhar com apriscos de terra batida, com ou sem cama, ou ainda com ripado suspenso.
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Seja qual for o caso, o importante é que todos apresentem excelentes condições de drenagem e
caso contrário, que recursos sejam empregados para que tal fato ocorra de forma mais intensa e
eficaz possível.
No caso da terra batida, a varrição periódica para recolhimento dos dejetos se faz sempre
necessária. Lembrar que nas instalações a céu aberto pode-se ter problemas de acúmulo de água a
umidade excessiva nesse local (comum em curraletes de apartação, bretes e outros). Mas mostra-
se uma boa alternativa quando o piso possui declividade e proteção direta contra as chuvas.
Sob um piso de terra batida, devidamente sistematizado com drenos, pode-se lançar mão do
emprego da cama, que por natureza deve ser de material atóxico, que não estimule sua ingestão, e
o mais importante, que seja bastante absorvente. De tempos em tempos, dependendo do material
empregado, a cama deverá ser removida, mas antes disso, dia a dia ela será acrescida de nova
quantidade de material capaz de mantê-la o mais seca possível. Esse manejo é de fundamental
importância para manter o ambiente com menor umidade relativa do ar, pois caso contrário o
ambiente será propício para aumento de patógenos (biológicos – microrganismos e químicos –
amônia) que afetarão a saúde e o desempenho animal (Vide figura 2), além dos efeitos diretos da
umidade da cama (lama) sobre cascos e como reservatório de doenças e também molhando e
sujando o animal, podendo dificultar em alguns casos a manutenção da temperatura corporal. Os
principais materiais absorventes empregados em camas nos apriscos de caprinos e ovinos são:
maravalha ou serragem, cascas de milho secas mais sabugo triturados grosseiramente, palhadas
de arroz ou trigo, restos de capim seco ou feno, e com menor eficácia a casca de arroz ou café,
sempre depositados sobre um leito de areia, e pedras finas que servem de filtro para os líquidos
presentes.
Para o primeiro caso a solução é projetar fossos mais profundos. Quando o projeto já foi
executado e percebe-se o problema deve-se avaliar qual saída é mais técnica e economicamente
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recomendada: aprofundar o fosso ou elevar o ripado, sendo que nesse último caso deve-se atentar
para não reduzir em demasia o pé direito da instalação e vir a comprometer sua temperatura e
concentração de umidade. No segundo caso pode-se optar por emprego de quebra ventos naturais
ou artificiais (cortinas de lona ou outro material, proteções com bambu trançado, folhas de
coqueiros trançadas, outras esteiras, etc).
As paredes tem a função básica de funcionar como barreira para os ventos, chuvas, proteção
contra predadores e contenção dos animais. Assim sendo, assumem formas e alturas diferentes,
visando atingir tais objetivos. No centro sul do país freqüentemente ocorrem oscilações de
temperatura apresentadas durante o ano, juntamente como a umidade, tornando a opção de uma
parede fixa com caraterística positiva numa estação do ano e negativa em outras. Por exemplo,
durante as estações frias pode proteger bem os animais dos ventos frios, em especial no período
de noites e madrugadas para os animais mais jovens. Já nas épocas quentes, pode dificultar a
circulação do ar e promover maior aquecimento interno, levando os animais ao estresse pelo
calor. Como parte da solução desses problemas, pode-se realizar fechamento distinto das áreas
destinadas a animais adultos e jovens; por outro lado, pode-se optar por paredes mais baixas e
manejo de cortinas, que no caso devem ser preferencialmente em cores mais frias (azul,
alaranjadas, verde claro, etc).
Sempre combinar a altura das paredes com as características de circulação do ar que se deseja nas
instalações. Uma visão resumida do que pode ocorrer na movimentação do ar dentro de apriscos
pode ser visualizado nas figuras 4 e 5.
Figura 6. Padrão de movimentação de ar em apriscos com aberturas frontais, dispostos frente a frente
com e sem abertura na parede traseira das instalações (Curtis,1981)
Baeta e Souza (1997) citam que além de cortinas pode-se trabalhar com janelas que serão
convenientemente manejadas no inverno de forma a permitir que pequeno fluxo de ar, com
finalidade de higienizar as instalações, circule bem acima da média dos ocupantes Já no verão
devem ser conjugados extensivamente os dois tipos de ventilação, a higiênica e a térmica. Assim
sendo, o fluxo de ar para o inverno deve ocupar a faixa A da construção (Figura 7) e para o verão
as faixas A e B abundantemente. Pela figura 8 os autores demonstram as tendências das correntes
de ar em instalações vazias, as quais servem como referência para se elevar ou diminuir o grau de
ventilação em determinada parte do aprisco, note-se que o fluxo de ar é direcionado por
obstáculos que exercerão pressão sobre a massa de ar ao entrar e sair da referida parte.
Uma saída para possibilitar tais manejos pode ser a adoção de imensas janelas que se abrem para
cima e para fora, servindo no verão como extensão da projeção dos telhados, em uma espécie de
beiral longo, ou então trabalhar com paredes de alvenaria ou madeira baixa (cerca de 1,00 a 1,20
m) e na parte superior, se necessário evitar entrada de predadores (comuns também próximo aos
centros urbanos - cães sem donos) e mesmo para proteger as cortinas de caprinos que geralmente
mordiscam a lona, pode-se optar por terminar o fechamento superior da parede como tela do tipo
usado em alambrados.
Figura 8. Trajetórias de corrente de ar no interior de espaços vazios com aberturas em planos opostos
(Baeta e Souza, 1997)
Alternativa mais fixa, porém que possibilita certa mobilidade, porém mais reduzida que as
cortinas ou janelas, é lançar mão de quebra ventos, sejam naturais ou artificiais. Empregando-se
árvores e arbustos, pode-se na época devida, proceder a poda ou desbaste necessário à melhor
ventilação e arrefecimento interno das instalações. O ponto importante é escolher bem o tipo de
árvores, em função do tipo de crescimento, porte e arquitetura, de sorte a permitir bons efeitos na
ventilação e/ou sombreamento.
Os possíveis movimentos dos ventos podem ser visualizados na figura 9 em função de diferentes
densidades das barreiras oferecidas pelas árvores. No caso A é demonstrado o fluxo em barreiras
de densidade média e no B com densidade maior.
Segundo Baêta e Souza (1997) pode-se trabalhar com quebra ventos naturais constituídos de
barreiras multilineares ou unilineares (Figura 10) e nesses casos é possível verificar diferentes
fluxos dos ventos sobre tais barreiras.
Figura 10. Trajetórias do vento acima de barreiras multilineares ou unilineares (Baêta e Souza, 1997)
Os autores salientam ainda que pode-se adotar dispositivos naturais ou artificias para deter ou
diminuir a ação dos ventos, sendo empregados de forma isolada ou conjunta (Figura 11), sempre
voltados perpendicularmente aos ventos dominantes, cujas funções são diminuir a velocidade do
vento e reduzir os danos por ele provocados.
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Figura 11. Desvios das correntes de ar por meio de barreiras de vento (Baêta e Souza, 1997)
Conhecer a forma como as correntes de ar atuam nas instalações é de suma importância para a
caprino e ovinocultura no sudeste, pois exceção feita a algumas regiões semi-áridas do nordeste,
onde muito pouco se oscila a temperatura no dia e entre o dia e a noite, nas regiões sul, sudeste e
centro-oeste, principalmente nos meses de outono e inverno, pode-se ter oscilações muito
grandes entre os dias e as noites. Quanto a essa variação, Curtis (1981) registrou que
aparentemente cordeiros crescem mais rapidamente na faixa e temperatura do ar entre 5 e 25o C,
dependendo obviamente da alterações das proporções de volumoso e concentrado que se
emprega nas rações e demais condições ambientais. Quanto aos neonatos, o autor fez referência
quanto à área corporal e o isolamento (não só pele e lã ou pelo, mas também seus tecidos
internos) que tais animais possuem, concluindo que cordeiros e cabritos recém nascidos têm
grande superfície de área por unidade de massa; termina dizendo que a massa corporal aumenta
em 3 unidades enquanto que a superfície corporal cresce à razão de 2 unidades, assim a relação
superfície/massa (ou volume) diminui com o crescimento, e portanto há maior necessidade em se
proteger animais mais novos, em especial os recém nascidos, contra o frio, mesmo porque,
conforme já demonstrado anteriormente, a zona de conforto termoneutra desses animais é
superior à de seus pares mais velhos. Para ter-se idéia da magnitude dessa alteração em função do
crescimento corporal, a tabela 1 mostra a dinâmica térmica no corpo de animais em função da
idade (tamanho).
Tabela 1. Calor estocado e aumento estimado na temperatura produzida pelo corpo para perder
calor (2,5 kcal dm2 em 6 h) em relação ao peso corporal
Superfície corporal*
Peso (kg) Capacidade aquecimento corporal Elevação na temperatura
2 -1 o
(dm kcal C) corporal (oC)
1 12,5 31,4
10 5,8 14,5
100 2,7 6,7
0,66
* Estimado como (10*PV )/(0,81*PV)
Fonte: Kleiber (1962) citado por Curtis (1981)
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Um aspecto que muito se propaga pelo meio dos criadores é que caprinos e ovinos tidos de raças
nordestinas não sofrem estresse, seja pelo frio, seja pelo calor. Muito embora seja sabida a maior
resistência desses às temperaturas mais elevadas, quando comparados aos animais de origem
temperada, é de bom alvitre lembrar que todo e qualquer animal possui sua zona de conforto
termoneutra, fora da qual, seja para o calor seja para o frio, tal raça ou espécie passa a enfrentar
os problemas que o estresse térmico produz. Isso é dito muito mais para servir de alerta,
principalmente para se projetar e/ou manejar as instalações de animais nas fases de cria ou recria,
visto que em muitos casos, no Nordeste Brasileiro, no Norte e Nordeste de Minas Gerais e em
algumas regiões do Sudoeste goiano e Sul Matogrossense esse cuidado tem sido negligenciado.
Não foi possível obter informações nacionais quanto às respostas de animais nessa fase. Porém
destacam-se dois trabalhos com ovinos Santa Inês e Morada Nova, um ensaio conduzido no
semi-árido Paraibano e outro no Distrito Federal. No primeiro os autores Santos et al (2006)
avaliaram respostas fisiológicas e gradientes térmicos de ovinos das raças Santa Inês, Morada
Nova e cruzamentos dessas com o Dorper (1/2 sangue) e concluíram que os ovinos das raças
Santa Inês, Morada Nova e seus mestiços com a raça Dorper apresentam alta capacidade
fisiológica para manter a homeotermia em ambiente quente e não reportaram diferenças entre as
raças nacionais. Porém Quesada et al (2001) observaram diferenças na tolerância ao calor de
ovinos Santa Inês e Morada Nova para as condições climáticas de Brasília, sendo que a primeira
apresentou-se mais adaptada às variações climáticas locais. É sabido que há um gradiente
significativo, não só na temperatura do ar, mas também na incidência e velocidade dos ventos, no
planalto central brasileiro. Assim, essas alterações, que são constantes, podem impor a uma ou
outra raça, como foi o caso, diferentes graus de tolerância ao calor ou ao frio. Note-se que na
Paraíba, onde talvez as condições tenham sido muito similares durante o período experimental,
essas raças não se diferiram quanto a esse parâmetro. Concluindo, não existe uma raça ideal para
um país continental, principalmente quando esse país se estende não só entre os paralelos, mas
também entre os meridianos, tendo dessa forma climas e sub-climas muito divergentes e
peculiares, o que exigirá dos técnicos e produtores muito cuidado ao se projetar suas instalações,
ou seja, não existe receita de bolo para sistema de produção, cada caso é particular.
O emprego de coberturas, seja nas instalações seja nos piquetes, tem como função proteger os
animais contra radiação solar direta e das chuvas. No primeiro caso, segundo McDowell (1974),
essa única peça das instalações é capaz de reter cerca de 50% da radiação solar incidente que
vem diretamente dessa estrela, pois o restante da radiação que atinge os animais protegido sob o
telhado vem da radiação refletida nas partículas em suspensão na atmosfera próxima, das
instalações e/ou acidentes geográficos (mais próximos), pelo solo (daí a importância de não se ter
solo descoberto ou pavimentado ao redor das instalações (dando-se preferência ao solo cultivado
com gramíneas rasteiras) e por fim, daquela que vem do horizonte.
O beiral, que consiste no prolongamento das águas de um telhado, tem por função diminuir a
incidência de radiação solar, mas também é muito importante para proteger o interior das
instalações das chuvas, em especial, aquelas que ocorrem juntamente com rajadas de vento.
Na concepção da instalação deve-se considerar a distância entre o telhado (beiral) até o piso, que
constitui o pé direito, altura ideal para que ocorra um bom conforto térmico. Essa ação diminuirá
a carga térmica no interior das baias ou apriscos pelo fato de que o ar aquecido tende a subir,
formando uma camada de ar mais aquecido, a qual se não for mais rapidamente exaurida,
aquecerá as camadas mais inferiores e assim sucessivamente, até que possa comprometer a
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temperatura do ar que encontra-se mais próxima aos animais. Caso isso ocorra, haverá uma
diminuição entre o gradiente de temperatura da superfície da pele dos animais e dessa camada de
ar, tendo como conseqüência menor quantidade e velocidade na transferência calórica para o
meio, com isso o animal terá sua temperatura corporal um pouco aumentada podendo entrar em
quadro fisiológico do estresse calórico. Portanto, a altura do pé direito em muito contribui para a
melhor ambiência em capris e ovis. Via de regra, instalações para pequenos ruminantes têm pé
direito de 3,5 a 4,5 metros, sendo que para aquelas instalações dotadas de piso ripado, esse valor
continua sendo mensurado entre o piso e o beiral (extremidade das águas do telhado).
Para promover melhor a exaustão dos gases aquecidos no interior das instalações tem-se
recomendado o emprego de aberturas nas cumeeiras dos telhados, lanternins ou clarabóias, ou
mesmo exaustores eolicamente propelidos. Seja qual for o tipo de exaustor, o que se busca é
justamente acelerar o fluxo da camada mais aquecida, diminuindo-se assim a carga radiante no
interior das instalações. Exemplos de cumeeiras projetadas para acelerar a ventilação das
camadas mais gasosas próximos aos telhados podem ser vistas na figura 12.
Para diminuir o impacto do aquecimento provocado pelos telhados pode-se optar por materiais
que atenham menores condutividades térmicas como material vegetal (sapé), telhas de barro,
madeira conjugada com armação em madeira ou metálica, aplicando-se ainda tintas com cores
mais claras na face externa dos telhados (Hafez, 1973; McDowell , 1974, Baêta e Souza, 1997 e
Curtis, 1981).
Outra forma de diminuir o aquecimento dos telhados é empregar água, que pode ser aspergida,
borrifada, ou simplesmente jogada sobre a superfície externa do mesmo. Tal procedimento pode
ser feito ligado a termostatos localizado na face interna da cobertura, comandado por timer, ou
mesmo ligando-o e desligando-o em horários de maior incidência da radiação solar (10 às 15h),
deixando-o operante por um período até próximo ao ocaso. De acordo com Curtis (1981) esse
procedimento conduz a melhores resultados que simplesmente pintar a superfície externa do
telhado com cores claras, muito embora Hafez (1973) e McDowell (1974) confirmam os
benefícios de se diminuir a absorção da carga radiante incidente empregando-se o artifício da
pintura.
Avaliando o efeito do tipo de material do telhado sobre o desempenho de ovelhas Santa Inês
criadas no semi-árido da Paraíba, Oliveira et al. (2005) compararam telhas de barro versus telhas
de fibrocimento, e constataram que os apriscos cobertos com telhas de barro foram mais
eficientes na redução da temperatura interna da telha, mas não se mostraram eficientes na
melhoria dos índices de conforto térmico, em nível do centro de massa dos ovinos, que foram
33
semelhantes nos dois galpões, ocorrendo elevação nesses índices, no período da tarde. Esse tipo
de resposta parece contraditória ao acima exposto. No entanto convém salientar que o pé direito
foi de 2,8 m e a orientação do eixo principal no sentido Leste-Oeste, podendo a primeira
característica ter sido fundamental na falta de diferença na redução dos índices de conforto
térmico.
A localização do sistema de produção pode ter a quantidade de luz incidente influenciada por
aspectos como latitude, próximo a grandes montanhas, ou no meio de mata muito fechada e
assim apresentar fotoperíodo, mais intenso e contínuo por todo o ano ou menos intenso e
variável.
É sabido que a origem dos caprinos e ovinos de regiões temperadas impõe-lhes maior
dependência na estacionalidade reprodutiva advinda dos efeitos do fotoperíodo. Assim, raças
ovinas inglesas são mais estacionais que os Merinos, enquanto que os deslanados do nordeste
pouca ou nenhuma interferência recebem nesse sentido (Hafez, 1973 e Curtis, 1981). Para as
raças que sofrem influência do fotoperíodo, Curtis (1981) ressalta que a época de nascimento
interfere grandemente no intervalo de partos, ficando difícil, ou mesmo impossível, conseguir
intervalo de 8 meses (três partos em dois anos), o que é de extrema importância para um sistema
de produção de cordeiros para corte. Fato que também é verdadeiro para a caprinocultura e de
extrema importância para a manutenção de uma oferta de leite regular durante o ano todo.
Segundo Ribeiro (1998) existem várias formas de superar essa estacionalidade reprodutiva em
caprinos e ovinos destacando-se:
• O emprego de programas de luz: visa simular a variação do comprimento do dia que ocorre
naturalmente durante o ano, com isso o sistema nervoso do animal passa a agir como se o
mesmo estivesse deslocado para outra época do ano, e com isso quebra-se a estacionalidade.
Muito embora todos sejam cabíveis de se realizar, salienta-se que no primeiro, corre-se o risco de
após um primeiro tratamento hormonal os animais tornarem-se refratários e não responderem de
forma satisfatória nos próximos procedimentos indizíveis com hormônios. Por outro lado,
tratam-se apenas as fêmeas, sendo importante lembrar que os machos também apresentam
estacionalidade reprodutiva. Já o emprego da melatonina ainda é muito oneroso e escasso no
Brasil, além dos dados presentes na literatura serem contraditórios, de modo que resta o emprego
de programas de luz para vencer a estacionalidade reprodutiva em ovinos e caprinos. Pela
observação prática, é sem dúvida o método mais usado no país para escalas de produção com
pequenos ruminantes.
34
Há que se ressaltar porém, que algumas características das instalações, aliadas à intensidade de
luz, período de duração do programa, presença ou não de flashes pela madrugada, podem
comprometer os bons resultados de um programa assim.
• A localização, tamanho e distribuição das baias a receberem luz não possibilitam perfeita
difusão luminosa em seu interior.
• Pode ocorrer que tratando um lote em uma época, ocorra contaminação de outro espaço com
a luz do presente programa e ao submeter as cabras que estavam em baias “contaminadas”
por esse período de luminosidade que não lhes era destinado, podem, em seu programa de luz
não responderem adequadamente. Esse fato tem grande ocorrência na prática. Solução: evitar
que haja fatores de “contaminação” luminosa entre as baias de animais tratados e não
tratados.
• O projeto de iluminação não foi projetado para receber ponto de luz suficiente para cobrir
toda a área interna que se deseja submeter os animais ao programa de indução ao cio pelo
fotoperíodo artificial. Nesse caso basta rever e corrigir as falhas do projeto.
• Por último, salientar que devido às alterações presentes nas diversas latitudes, pode ser que a
intensidade e duração de um programa de luz pode não ser 100% extrapolado de uma latitude
a outra, requerendo ajustes específicos e inerentes à localização e caracterização das
instalações. Cada circunstância exige um projeto específico.
Além dos fatores já descritos como tipo de piso, altura do pé direito, orientação dos telhados,
presença ou não de beirais; há fatores como localização e tipo de bebedouros que são capazes de
comprometer o conforto dos animais devido à possibilidade de elevar sobremaneira a umidade
interna das baias, em especial daquelas que apresentam piso recoberto com cama. Por isso,
recomenda-se que os bebedouros seja localizados na parte externa das instalações. Apesar de
tecnicamente correta, essa prática exige supervisão mais constante dos mesmos, fato que na
maioria das vezes não ocorre, e cujas conseqüências se agravam em se tratando de sistema
vasocomunicantes, pois desvios de ângulo na linha mestra ou em alguns dos bebedouros do
sistema pode comprometer o perfeito fornecimento de água aos animais. Nesse sentido, Alamer
(2006) ressaltou que privação de água por período de dois a três dias comprometeu drasticamente
a ingestão de alimentos de cabras nativas da Arábia Saudita e redução de até 20,6% no peso vivo
dos animais. Por outro lado, Olsson et al (1997) ressaltaram a importância da oferta abundante de
água fresca para cabras lactantes mantidas sob condições de estresse calórico, ressaltando que a
temperatura da água assume papel importante nessas condições. Com isso, o que se recomenda,
juntamente com a exteriorização dos bebedouros, é que os mesmos, juntamente com suas caixas
de recalque e mesmo a caixa d’ água mestra e suas tubulações de distribuição fiquem abrigadas
da intensa radiação solar tropical. Muitas vezes, há sistemas de produção de caprinos e ovinos
que pecam exclusivamente nesse quesito, e para aqueles que trabalham com animais leiteiros o
35
prejuízo é maior ainda, tendo em vista também as maiores exigências de água pelos animais
leiteiros.
É importante salientar que antes de se executar um projeto, seja para caprinos, seja para ovinos,
deve-se levantar as potencialidades da propriedade em produzir água em quantidade e com
qualidade capaz de atender todas as categorias do criatório.
Via de regra os ovinos necessitam tomar em média dois litros de água para cada quilograma de
alimento seco consumido (2 L água/kg de MS consumida). Neste sentido Macedo Junior et al.,
(2005) verificaram um consumo 1,98 vezes maior que o consumo de matéria seca, trabalhando
com diferentes níveis de FDN forrageiro com ovelhas da raça Santa Inês. O termo matéria seca
(MS) é empregado na nutrição animal com a finalidade de se comparar vários alimentos em uma
mesma base, qual seja, como se os alimentos não contivessem água, daí essa relatividade
expressa por Ferrer e Ortigosa (1989).
As ovelhas gestantes ou em lactação são as categorias com maiores necessidades diárias de água
para consumo, segundo Ferrer e Ortigosa (1989). Cordeiros em fase de terminação (± 40 kg de
peso vivo) necessitam de três a cinco litros de água por dia (3 a 5 L/dia), já ovelhas com 50 kg de
PV consomem de quatro a cinco litros ao dia (4 a 5 L/dia) durante o terço inicial de prenhês, mas
se as mesmas estiverem prenhes com ventre duplo, e a temperatura do ar for acima de 20o C,
deverão ter disponível até 20 litros de água por dia no último mês de gestação. Caprinos nativos
dos trópicos úmidos têm necessidade de 0,680 litros de água por dia, sendo que 80% do consumo
é diurno (Devendra, 1982). Para cabras leiteiras Jarrige (1981) recomenda 0,146 L/kg0,75 para
mantença e 1,430 L de água/litro de leite produzido (respeitadas tais recomendações, cabras com
70 kg de PV e produzindo 3,5 litros de leite ao dia necessitam de 8,54 L de água/dia). Para o
NRC (2007) os caprinos estão menos sujeitos ao estresse calórico que ovinos e requerem menos
água para evaporação destinada à homeotermia que os bovinos, além do que, possuem menores
perdas de água pelas fezes e urina.
Não só em relação ao consumo de água, mas também o consumo de alimentos (MS) sofre efeito
do clima, principalmente das altas temperaturas, que via de regra tende a diminuir o consumo
voluntário dos animais domésticos (Hafez, 1973 e McDowell, 1974), para que os mesmos
mantenham sua temperatura corporal constante, deve-se fazer o perfeito manejo e projeto das
instalações, garantindo dessa forma, um ambiente mais confortável aos animais mais exigentes
quanto a quantidade e qualidade de água e alimentos. Produtores e técnicos muitas vezes
equivocam-se nesse sentido, acreditando que por se tratarem de animais tropicais, os ovinos
deslanados e os caprinos nativos do nordeste estariam totalmente fora desse fenômeno. Ledo
engano, pois de forma similar, estudos têm demonstrado que bovinos zebus também sofrem
efeitos de elevadas temperaturas, não só no consumo de alimentos, como também no que se
refere ao desempenho produtivo e reprodutivo, assim sendo, olho vivo nas condições de
temperaturas muito elevadas.
Fator determinante para a saúde dos animais, que de certa forma também relaciona-se com
ambiência e bebedouros é sua higienização, seja no quesito freqüência, seja no esmero como essa
importante tarefa é executada. De nada adianta ter boa colheita e tratamento da água, um bom
reservatório central em termos de quantidade e qualidade de armazenamento, sistema de
distribuição bem protegido do aquecimento pela radiação solar, se ao final do processo a água,
essa preciosidade importante nos sistemas produtivos, seja colocada em bebedouros
escandalosamente contaminados. Nesse caso as perdas serão enormes. Isso também é ambiência.
36
Além de bem dimensionados, considerando a população presente por baia, os comedouros devem
estar colocados de forma a não receberem fezes dos animais, evitando-se a contaminação de
animais saudáveis e a recontaminação dos convalescentes, por isso, os mesmos são instalados um
pouco acima da altura média da linha dorso lombar da categoria alojada na baia ou piquete.
Outro ponto a ser observado na higienização do cocho é a retirada diária das sobras de cocho,
visto que as mesmas podem ser meio de cultura para microrganismos patogênicos, tal cuidado
deve ser ainda maior se a umidade da dieta for elevada como por exemplo fornecimento de
forragem fresca ou silagem e concentrado no mesmo cocho.
Evitar que os mesmos recebam radiação excessiva, chuva ou sereno, pois tais eventos podem
comprometer a ingestão voluntária dos animais, fazendo com que haja mais sobras alimentos nos
comedouros.
Por fim, tal como ocorre com a água, monitorar o consumo voluntário do lote dos animais é
poderosa ferramenta, não só para formular ou reformular as dietas, mas para verificar se o lote
goza de perfeita saúde. Este índice também pode ser indicativo que esteja ocorrendo estresse
térmico na instalação, estresse social por diferenças na hierarquia dos novos lotes formados, ou
mesmo de que o projeto original pode não estar atendendo à etologia dos animais em questão.
Esse último fato tem sido mais presente nos sistemas que adotam pista de alimentação conjugada
com pisos dotados de cama, por dois motivos, ou pelo fato de que com a elevação do nível da
cama, a linha de comida fica mais baixa, exigindo que os animais se ajoelhem para comerem -
pode ser resolvido criando um ressalto em alvenaria na parte interna da baia e limítrofe ao
comedouro, com largura de 1,20 a 1,50 m, ou ainda pelo fato de que ao projetar a instalação o
responsável se equivocou na altura do primeiro fio - nesse caso, quando possível basta elevar o
fio que impede a perfeita chegada à linha de cocho, ou ainda, simplesmente afastar esse fio baixo
para o sentido do cocho por cerca da 15 a 20 cm tem dado resultado nessa correções.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As deficiências no manejo das instalações podem redundar em perdas insensíveis para o sistema
de produção de caprinos e ovinos.
Falhas de execução de projetos arquitetônicos podem, por vezes serem suplantadas por artifícios
técnicos, sempre lembrando que pode-se ainda lançar mão de equipamentos para arrefecimento
ambiental, que não foi abordado no presente trabalho, mas que é uma realidade. Ressalva-se
porém que seu uso pode onerar sobremaneira o sistema. Portanto, para evitar esses aspectos
deve-se preocupar com as características construtivas ligada ao bem estar animal no momento da
concepção do projeto.
O conhecimento prévio das zonas de conforto de caprinos e ovinos, em suas várias faixas etárias,
assim como as temperaturas críticas mínima e máxima para todas as categorias do sistema
produtivo garante base sólida para se pensar e executar um projeto com melhores características
de ambiência.
5. BIBLIOGRAFIA
MACEDO JUNIOR, G.L., ALMEIDA, T.R.V.,ASSIS, R.M., et al. Influência dos diferentes
níveis de FDNf na ingestão de água de ovelhas Santa Inês gestantes. In Anais do ZOOTEC
2005. ZOOTEC, 2005, Campo Grande , MS.
NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirement small ruminants. 1st ed.
Washington, D.C.: National Academic Science, 362p., 2007.
38
OLSSON, K.; CVEK, K.; HYDBRING, E. Preference for drinking warm water during heat stress
affects milk production in food-deprived goats. Small Ruminant Research, v. 25. P.69-75,
1997.
ALEITAMENTO:
Iran Borges,
André Guimarães Maciel e Silva,
Fernando Henrique M. A. R. de Albuquerque
1. INTRODUÇÃO
Os pesquisadores das ciências humanas e econômicas têm defendido a tese, desde os anos 90, de
que no final do século XX e início do XXI aqueles indivíduos ou instituições que dominarem as
comunicações, e por aí deve-se inserir também as informações, terão ampla e talvez imensas
vantagens no mercado competitivo ou mesmo nas relações interpessoais. Fato certo ou errado, já
num passado mais remoto, haviam filósofos e outros pensadores que atribuíam à imprensa o
papel de 4o poder (junto com o executivo, legislativo e judiciário que dominam nas democracias
modernas), justamente pelo fato de que à imprensa cabe o papel de dominar, no sentido de deter,
conter, buscar, as informações inerentes à sociedade onde se insere, agindo como importante
formadora de opinião pública.
Recentemente, um curso muito reconhecido nas escolas de 1o, 2o e 3o graus, chamava-se
Biblioteconomia, e formava os biblioteconomistas, ou blibiotecários, pessoas altamente
gabaritadas para organizar e gerar e administrar bancos de informações, nesses casos, livros,
revistas, jornais e similares, ocorre que os grande conglomerados nos setores da indústria e
comércio, viram nesses profissionais um perfil capaz de organizarem o fluxo de informações
para suas empresas, com isso o curso mudou de nome em todo o Brasil passando a chamar-se
Ciência da Informação, pois agora o mercado de seus profissionais não mais restringia-se às
entidades como bibliotecas ou arquivos similares, mas a uma gama muito maior de atuação. Isso
vem demonstrar como a informação tem peso para tais setores produtivos. Nesse ponto cabe uma
reflexão: Se a informação, seu domínio e conhecimento, são importantes para os setores
secundário e terciário, porque não seria para o setor primário (agropecuária)?
Nesse sentido é que devem pensar os produtores e os técnicos da zootecnia, pois ter o domínio e
conhecimento de todas as ocorrências inerentes ao sistema produtivo no qual estão inseridos,
aumentar-se-lhe-ias a possibilidade de sucesso. Sabe-se que muitas das informações fazem parte
de uma conjuntura externa (porteira para fora), mas um grande e importante número de eventos
ocorrem porteira a dentro, e portanto compete exclusivamente a esses agentes (produtores e
técnicos) ter os devidos cuidados para ter-se tais informações. Tanto produtores quanto técnicos
ganharão com tal procedimento, pois estarão organizando os dados que no presente servirão para
monitorar o que foi planejado, e principalmente no futuro servirão para tomadas de decisões que
muito influirão no desempenho da fazenda. Mesmo que um produtor venda a propriedade a outra
ou que o técnico que lhe oriente vá embora, os dados sempre auxiliarão o eventual comprador ou
o novo técnico. Por isso é bom saber que, quanto melhor a qualidade e quantidade das
informações, mais fielmente essas refletirão a realidade, e assim sendo, fornecerão melhores
subsídios para que se tome as decisões de manejo e gerenciamento mais adequadas a cada
situação que se apresenta dentro do sistema produtivo.
Como os animais não podem comunicar com os homens, cabe a esses últimos gerarem uma
linguagem capaz de traduzir o que se passa com os animais em rebanhos, e essa dá-se por meio
de números, não que os animais entendam matemática, mas com certeza, os inseridos nesse elo
da cadeia produtiva da caprinocultura saberão interpretar tais números, e assim, transformá-los
em informações úteis que nortearão as práticas de manejo, as relações de compra e venda de
animais, a aquisição de insumos, a construção, as reformas ou ampliações das instalações, dentre
41
outras importantes ações, ou tomadas de decisão, que se tem como prática corriqueira em uma
caprinocultura.
O objetivo desse trabalho é levantar a importância de ter-se na fazenda, qualquer que seja seu
tamanho, objetivo, localização ou proprietários, no que diz respeito ao manejo e gerenciamento
da mesma.
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Com relação aos machos pode-se realizar mensurações de circunferência escrotal, a partir da
puberdade, e também manter-se um histórico de seu desempenho reprodutivo nas estações de
monta, até mesmo com dados de exame andrológico, onde todos esses números serão registrados
para avaliações futuras, talvez até mesmo para servir de suporte para um programa de descarte
(seleção).
Informações que pode-se obter com a escrituração dos eventos reprodutivos:
a) Uma vez que todas as cabras tenham sido cobertas, é possível verificar quais falharam
(retornaram ao cio), fato que pode indicar não ter havido a fertilização, que houve a
fertilização, mas em algum momento o embrião morreu e foi absorvido, ou ainda que o bode
usado poderia ser sub-fértil ou estéril. Como diferenciar esse último evento dos demais? Para
isso bastaria conferir as outras cabras que o referido bode cobriu nessa estação, se outras
cabras repetiram cios e se isso ocorreu com freqüência alta, pode-se ter fortíssimos indícios
de problemas reprodutivos com tal macho. Um exame clínico e andrológico bem feito logo a
seguir poderá indicar se o bode deverá ser tratado ou descartado, evitando-se assim novos
prejuízos ao plantel.
43
b) Estimar mais precisamente, nas próximas estações de monta qual seria a nova estação de
nascimento, tendo em vista que fêmeas primíparas costumam apresentar duração da gestação
diferenciada das multíparas.
c) Conhecer o intervalo de partos dentro do sistema em que se trabalha e com isso buscar a (s)
melhor (es) alternativa (s) para se implantar a próxima estação de monta. Geralmente para
animais leiteiros, deseja-se intervalo de partos variando entre 10 a 12 meses, enquanto que na
caprinocultura de corte deseja-se trabalhar com intervalo de parto de 8 meses. Assim
demonstra-se que o conhecimento desse intervalo é primordial para planejamento das futuras
estações de monta.
d) Pode-se avaliar a eficiência reprodutiva do rebanho determinando-se as taxas de fertilidade e
fecundidade, bem como o índice de retorno ao cio.
e) Outra variável reprodutiva que é importante conhecer, e a escrituração zootécnica possibilita
sua obtenção, é a ocorrência do primeiro cio fértil pós-parto, desde que tenha-se identificado
tal cio, e submetido a cabra a nova cobertura. Tal tempo é muito usado na caprinocultura de
corte para avaliar-se qual o grau de eficiência de retorno ao cio, e consequentemente
aumentar o aproveitamento da vida útil das matrizes no rebanho.
A seguir um exemplo de ficha para controle de cobertura e nascimento:
O número de linhas encontra-se reduzido para caber no texto atual, mas a mesma pode ter toda a
dimensão de um folha ofício ou A4, os dados apresentados não necessariamente serão os únicos
a constar de uma ficha com esse fim, ao seu usuário cumpre ajustá-la de modo que os dados
contidos sirvam-lhe de melhor suporte para o gerenciamento do manejo reprodutivo.
como alimentos, que têm grande impacto econômico na criação, adotando práticas de manejo
mais onerosas somente nos animais que realmente possam responder às mesmas
O monitoramento dos parâmetros produtivos do rebanho pode ser importante na identificação
precoce de falhas no manejo, permitindo interferir no sistema no momento adequado. Tal prática
pode ser fundamental em categorias animais muito sensíveis a erros no manejo, como é o caso
dos animais jovens.
Dieta CMS CMS UTM CMSD Dig MS (%) Prod. leite Leite/kg
(g/dia) (g/kg0,75) UTM (kg/cab) ração
(g/kg0,75)
1 2842,49 A 140,73 A 94,74B 67,13 B 3,08A 1,083
2 2999,19 A 148,50 A 103,84A 69,93 AB 2,44AB 0,814
3 2146,89 B 106,30 B 76,28B 71,76 AB 2,91AB 1,355
4 1893,72 B 98,68 B 79,42B 80,48 A 1,43C 0,755
5 1068,45 C 52,90 C 30,43D 57,52 B 1,46C 1,367
6 1992,93 B 93,77 B 65,66C 69,91 AB 2,60B 1,305
Letras iguais em mesma coluna indica semelhança estatística (SNK 5%)
Silva et al. (2004)
Pelos resultados do quadro 3 é possível notar que a dieta 1, usada cotidianamente na propriedade,
apresentou maior produção, muito embora não tenha sido estatisticamente significativo, mas
alguns poderão dizer, não houve diferença na estatística, mas no balde do produtor estariam
entrando o correspondente a 0,64 ou 0,17 litro em relação às dietas 2 e 3, isso para 100 cabras
seria 64 e 17 litros, os quais equivaleriam e R$128,00 e R$34,00/dia (litro a R$2,00 na época),
ou ainda a R$ 3.840,00 e R$ 1.020,00, isso em valores absolutos; porém tem-se que considerar
alguns fatores não presentes nesse quadro e que compunham a realidade da propriedade:
ministrava-se a mesma formulação, apenas mudando a quantidade, para todas as cabras, e fica
claro pelo mesmo quadro que para cabras produzindo próximo a 1,5 kg/dia poder-se-ia optar pela
dieta 5, já para aquelas com produções por volta dos 2,5 kg de leite/dia, a estratégia de
arraçoamento poderia estar baseado nas dietas 2 ou 6. Outro aspecto importante é considerar que
a dieta 3 apresentou menor produção leiteira que a 1 (0,17 kg ou 5,52% a menos), mas teve
melhor relação kg de leite produzido/kg de ração consumida (0,272 ou 20,07% superior nessa
47
relação), que reflete a eficiência de aproveitamento da ração, isso pode estar demonstrando que
uma análise de comparação pontual, como feito acima com valores em R$ pode estar escondendo
a melhor relação custo:benefício, como outros fatores relativos ao custo de produção não foram
levantados no presente trabalho, fica difícil uma conclusão mais segura nesse sentido, além do
mais, devido à dinâmica da variação dos preços de mercado, tanto da matéria prima como do
produto final, quer seja leite ou carne, essa avaliação deve ser feita de forma constante, com o
intuito de equacionar o aspecto produtivo com o econômico. Muito embora essa situação
permanecerá dúbia, há uma outra que fica muito clara, que é o fato de que sem escrituração
zootécnica, e o devido acompanhamento desse sistema de produção, ficaria mais difícil detectar
tais perdas que estavam ocorrendo, deixando claro também que para viabilizar o sistema
produtivo deve-se considerar as exigências nutricionais de cada lote de produção, devidamente
divididos dentro da propriedade, e essa divisão só é possível quando se conhece as produções
individuais e o estádio de lactação, o que é possível somente com uma anotação zootécnica
eficiente e constante supervisão não só do rebanho, como também da coleta desses dados.
Cuidados também devem ser tomados quando almeja-se desafiar os animais nuticionalmente
buscando maximização dos parâmetros produtivos, como é o caso de animais que estão sendo
preparados para participar de exposições ou torneios leiteiros. Deve-se sempre considerar os
aspectos fisiológicos para não comprometer a vida produtiva do indivíduo, especialmente quando
trabalha-se com os animais de reposição do rebanho, dos quais espera-se uma vida produtiva
longa.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A consistência e fidedignidade dos bancos de dados em uma exploração animal deve ser meta a
ser cumprida por todos os produtores e técnicos, sendo parte da rotina do criatório.
A escrituração zootécnica é um poderoso artifício para o planejamento, monitoramento,
gerenciamento e no auxílio nas tomadas de decisão na caprinocultura.
O simples fato de ter-se os dados na mão não assegura necessariamente a obtenção de melhores
resultados, para isso, há a necessidade do acompanhamento de alguém capacitado para
48
interpretá-los e dar-lhes o devido uso, para tal, a presença e/ou orientações de um técnico torna-
se indispensável.
Grandes fazendas (e não fazendas grandes), grandes indústrias e grandes nações somente deram
um salto desenvolvimentista quando organizaram seus meios produtivos, que possibilitassem um
seguro planejamento estratégico.
FICHAS ZOOTÉCNICAS
Diversos
Data Número ou nome do animal Ocorrência
RIBEIRO (1997)
49
FICHAS ZOOTÉCNICAS
Cadastro e genalogia
Nome
Número Raça
TOE TOD
Grau sangue Brincos
Nascimento Chifres
Pelagem Pontuação
Obs:
RIBEIRO (1997)
Controle reprodutivo
Cria Data Reprodutor Data do Sexo das crias Peso das crias RGN das crias
cobertura parto
RIBEIRO (1997)
50
Controle produtivo
Mês 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o Duração Total Média
RIBEIRO (1997)
Controle geral
RIBEIRO (1997)
Ficha de jovens
51
Propriedade: Proprietário
Município: Estado:
Endereço:
Cadastro e genalogia
Nome
Número Raça
TOE TOD
Grau sangue Brincos
Nascimento Chifres
Pelagem Pontuação
Obs:
RIBEIRO (1997)
Controle geral
RIBEIRO (1997)
52
Controle de lactação
Nome TOE Número
Raça Pai Mãe TOD RGD
a a a a
Mês Data 1 2 Total Data 1 2 Total Média Total
ordenha diário diário Mensal mensal
1
2
3
4
5
6
4
8
9
10
RIBEIRO (1997)
Resumo e observações
Coberturas
RIBEIRO (1997)
Nascimentos
o
Número Data N da cabra Nome da cabra Sexo Chifre Brinco Peso Observaçã
o
RIBEIRO (1997)
54
RIBEIRO (1997)
PESO Data: / / .
Número ou nome da cabra Peso Observações
RIBEIRO (1997)
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANEJO SANITÁRIO
QUARENTENÁRIO:
Inspeções freqüentes
E MAIS:
1.2. Manejo das instalações: limpas, secas, arejadas e bem ventiladas, sem moscas.
1.3. Manejo dos animais: distribuição por faixa etária (também nas pastagens: mais novos vão na
frente); bom plano nutricional aumenta a resistência dos animais.
Nordeste recomenda-se: no início e fim das secas e no meio da estação chuvosa. Às vezes uma a
mais no meio da estação seca, pois assim evita-se o desenvolvimento larval no ambiente, além do
mais os animais podem estar mais debilitados devido à falta de alimentação adequada
(extensiva).
Mais freqüente em animais confinados, mantidos em pequenas áreas e com alta densidade.
Animais Jovens (menos de 6 meses) são os responsáveis pelas maiores perdas no rebanho
leiteiro.
Diagnóstico na fazenda é difícil: exame clínico + laboratorial devido à interações com outros
vermes.
Tratamento: Curativo:
Amprólio: oral na dose de 100 mg/Kg + Sulfadimidina: 140 mg/Kg (5 dias)
Preventivo: recomenda-se 50% da dose acima por 21 dias.
Profilaxia: Limpeza instalações (vassoura de fogo), separação por idade, densidade adequada,
local seco, evitar condições estressantes, etc...
59
ECTOPARASITOSES
4.1.Sarcóptica: Prurido intenso, formação de pápulas avermelhadas e corrimento seroso (ao secar
fica amarelado). Aparece na cabeça, ao redor dos olhos e narinas.
Tratamento: banhos e imersão em organofosforados ou piretróides (repetindo no
10º dia).
4.2. Demodécica: Conhecida por Bexiga devido aos nódulos na pele nas regiões cervical, peitoral
e torácica.
Tratamento: igual a anterior + ivermectin subcutâneo (0,2 mg/Kg)
4.3. Psorótica: ocorre no conduto auditivo interno e externo. Crostas brancas e quebradiças.
Tratamento: limpar os ouvidos retirando as crostas e usar sarnicidas em solução
oleosa 1:3 (sarnicida : solução oleosa), com intervalos de 2-4 dias entre
aplicações.
5. PEDICULOSE:
Sintomas: Animais irritados. prurido e escarificação de pele, devido a traumas ocasionados aos
esfregarem-se em mourões, tocos, cercas.
Pode ocorrer agravamento das lesões epidermais devido às infeções bateristas ou por
larvas de moscas.
6. MIÍASE:
Profilaxia: Inspeção periódica do rebanho, tratar todo ferimento, após práticas de manejo
traumatizantes (castração, umbigo, brincagem, descorna, etc...) usar repelentes e/ou
fazer a cura com solução de iodo 10%.
DOENÇAS BACTERIANAS
Sintomas: Abscessos nos linfonodos superficiais, às vezes nos órgão internos. Estes últimos
geralmente são acompanhados por problemas respiratórios e hepáticos.
Diagnóstico: Faz-se necessário isolar a bactéria no pus para diferenciar de outros abscessos.
8. TUBERCULOSE
9. MICOPLASMOSE
Tratamento: - Cortar o casco e limpar a parte necrosada, desinfetando-a com solução de sulfato
de cobre 10% + formol 10% ou tintura de iodo 10%;
- Casos mais graves: fazer curativos a cada 2 - 3 dias;
- Antibiótico intramuscular.
Doença fatal, atinge animais de três a doze semanas de idade, nas crias desmamadas e adultos.
Está presente nos intestinos (saprófita) e manifesta-se produzindo toxinas hemolíticas e/ou
necrosantes em condições de desequilíbrio alimentar.
DOENÇAS VIRAIS
Transmissão: Por via urogenital, secreções do sistema respiratório, glândula mamária e pelas
fezes e saliva.
Tratamento: Não existe cura, sendo aplicadas medidas paliativas (analgésicos e anti-
inflamatórios não esteróides)
Sintomas: Pápula com perfuração do tecido epidermal, vesícula, pústula, úlcera e crostas que se
apresentam nos lábios, gengivas, narinas e úbere; por vezes também na vulva, língua,
olhos, coroa dos cascos e espaços interdigitais. As vesículas rompem-se e formam-se
as crostas.
Tratamento: -Sem tratamento específico: deve-se usar anti-sépticos após a limpeza das lesões e a
remoção das crostas;
- Iodo a 10% dá bons resultados;
- Uso de violeta genciana associada a oxitetraciclina.
14. AFTOSA
Sintomas: Febre, apático, com manqueira (áreas mais sensibilizadas). Vesículas e úlceras podem
aparecer na junção da pele com o casco, espaço interdigital, língua, gengiva, lábios e
às vezes no úbere.
15. RAIVA
Tratamento: Não existe tratamento, mas medidas paliativas exclusivamente imunoterápicas como
a aplicação de três doses de vacina até 24 horas após a infecção. Mas é difícil, pois
64
1. EXTERIOR:
ESCOLHA DE REPRODUTORES
Gene Dominante: fácil de se eliminar pois aparece tanto em homo como em heterozigoto
Dominância Incompleta ?????
1. CABRA DE CORTE:
1.3. Profilificidade:
1.4. Melhoria da conversão alimentar: Meta CNPC (1:5 para 1:4 em 9 anos)
1.5. Aumentar espessura da pele das cabras nativas em 6 anos (1mm para 1,2 mm aos 12 meses
de idade)
2. CABRA DE LEITE:
Faz-se a substituição gradual da raça nativa a partir de cruzamentos absorventes com raças
especializadas, originando animais muito mais produtivos. Demanda alterações, por vezes,
muito profundas no criatório (meio) e no sistema de exploração, podendo onerar muito os
custo de exploração para os pequenos produtores (para áreas mais carentes devemos ter
cuidado ao indicarmos tal processo de melhoramento). As raças mais usadas nestes programas
são a Pardo Alemã, Toggenburg e a Saanen.
REGISTRO GENALÓGICO
3) LIVRO ABERTO (LA): Fêmeas a partir da 5ª GERAÇÃO e Machos na 6ª- darão origem ao
Puro de Origem Nacional - PON
Fêmea x Macho
“TATUAGEM E MARCAÇÃO”
14 - Estado MG 95 - ano
338 - Número controle da CAPRILEITE 008 - número do animal no ano
REPRODUÇÃO EM CAPRINOS
72
1. MATURIDADE SEXUAL:
2. CONSIDERAÇÕES FISIOLÓGICAS:
0h ± 14 h ± 26 h ± 36 h
Não aceita monta Aceita monta
CIO COBERTURA
Manhã Tarde e manhã
Tarde Manhã e tarde
5. ESTAÇÃO DE MONTA:
CABRAS
EXÓTICAS PARIÇÃO
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
- 3 a 4 meses antes das águas: melhor pasto para cabras; maior produção de leite; bom
desenvolvimento dos cabritos; suplementar na primeira seca.
- Região NE: nascimento p/ início das chuvas, pois nas secas o cabrito já é ruminante.
0h 36 h 52 h
Progesterona (16-23d)
5.5.2. Sincronização:
a) Sincronização Normal:
Dia 1 Dia 21 31 h 48 h
b) Sincronização Curta:
48 h antes
Dia 1 da retirada Dia 11 31 h após 48 h
• Tipo da pastagem
• Qualidade das pastagens
INRA: MS (g/dia)= (423,2 * kg leite/dia) + 27,8 kg0,75 + (440 * kg de gpd) + (6,75* % de volumoso)
FORNECIMENTO NO COCHO:
• Feno em fenis;
• Cochos devem ser enchidos três vezes por dia (ideal): colocando-se maiores quantidade para
permitir seleção.
100 a 150 g/kg de PV ou ainda 0,5 a 0,8 kg/dia, sempre entre 3 a 5 refeições
• Um bom volumoso deve ser fornecido: na prática usa-se feno (CU$TO ???);
• Concentrados: em média entre 300 e 400g/cab/dia (com 14 a 16% PB);
• Mistura mineral sempre disponível (cuidado com os machos: Ca:P).
4. CABRAS EM LACTAÇÃO
5. REPRODUTORES
Jaraguá, elefante, todos os Panicum e Cynodon, buffel, pangola, rhodes, aveia, centeio, milheto,
cana-de-açúcar, soja perene, guandu, leucena, algaroba, cunhã, dentre outros.
1. Introdução
Como herbívoros que são, os caprinos tem suas rações baseadas na fração volumosa. Essa por
sua vez constitui-se de espécies forrageiras e por alimentos alternativos, cuja composição de sua
porção fibrosa lhes assegura similaridade aos primeiros, o que favorece seu emprego em rações.
Grande parte do custo produtivo em caprinos leiteiros é imposta pela alimentação, e como
principal componente da ração, os alimentos volumosos tornam-se essenciais nesse aspecto. Em
suma, saber como e quando usá-los é segurança nas melhores respostas fisiológicas e produtivas
dos caprinos e melhor retorno econômico.
5
Zootecnista - Professor Associado da Escola de Veterinária - UFMG;
6
Zototecnista - Mestrandas em Zootecnia da Escola de Veterinária - UFMG;
7
Médico Veterinário - Mestrando em Zootecnia da Escola de Veterinária - UFMG;
8
Zootecnista - Doutorando em Zootecnia da Escola de Veterinária - UFMG.
82
para os animais, tendo em vista que seu valor nutricional é preservado durante o processo de
fenação, quando bem realizado (Costa e Resende, 2006), por tal razão muitos caprinocultores
optam pelo seu emprego de forma contínua e sistemática em seus capris leiteiros.
Os cuidados para se obter um feno de boa qualidade começam no campo, com o manejo da
forragem. É importante estar atento ao estádio de crescimento em que a forrageira se encontra na
hora do corte, pois é ele que determina seu valor nutritivo. Plantas forrageiras durante o estádio
vegetativo apresentam um alto valor nutricional e à medida que avançam para o processo, este
decresce. A presença de colmos finos e alta proporção de folhas, por contribuírem para uma
secagem mais rápida e uniforme, e feno de melhor qualidade, são características desejáveis nas
forrageiras para a produção do feno, além do que folhas apresentam melhor valor nutricional que
os colmos (mais nutrientes e melhor digestibilidade).
Devido ao menor custo, tem aumentado o interesse pelas silagens de outros capins, como
mombaça, tanzânia, marandu, principalmente para categorias menos exigentes. A cana de açúcar
vem sendo largamente utilizada por criadores como volumoso durante a seca. Entre os principais
fatores que têm motivado a utilização da cana para ensilagem são o baixo custo do volumoso
para ser utilizado durante todo o ano e o manejo do canavial que passa a ter uma produtividade
maior.
A remoção parcial de água da planta, através do seu emurchecimento, também denominada pré-
secagem, tem como finalidade reduzir o teor de umidade e consequentemente a incidência de
fermentações secundárias indesejáveis. As forrageiras mais utilizadas para produção de silagem
pré-secada são as gramíneas de clima temperado aveia, azevém, triticale e cevada; mais
recentemente gramíneas tropicais como as espécies do gênero Cynodon como o Tifton,
83
A região do Brasil central está sujeita a variações climáticas conforme a época do ano. Tais
efeitos revelam-se como mudanças de temperatura, pluviosidade e insolação, entre outros. O
clima característico desta região pode ser divido em dois distintos cenários ou épocas,
comumente nomeadas “águas” e “seca”, nas quais se observam marcadas diferenças na produção
vegetal bem como seu reflexo na produção animal. O que interfere significativamente na
fisiologia das forrageiras, tornando-se imperativo conhecê-las, bem como compreender seus
impactos quando se pensa na produção de cabras leiteiras. Todavia, esses efeitos podem ser
amenizados ou mesmo eliminados com o uso estratégico de vários tipos de volumosos,
reduzindo-se o efeito sazonal da qualidade do alimento, adequando os mesmos às necessidades
dos animais. O centro-sul de Minas Gerais responde por grande parte do efetivo caprino mineiro,
sendo em sua maior parte destinado à produção leiteira (Guimarães, 2006) e não diferentemente
do resto do estado e da região sudeste, sofre com as oscilações climáticas durante o ano, como
pode ser observado na Figura 1, representando médias históricas de Coronel Pacheco, MG.
Figura 1: Normais climáticas de Coronel Pacheco, Minas Gerais, Figura 2: Efeito da temperatura e
em função dos meses do ano (Dados climáticos allmetsat.com) intensidade da luz (W/m² na faixa de
400-700 nm) sobre a taxa fotossintética
do capim elefante (Pennisetum
purpureum), adaptado de Berry e
Björkman (1980).
Tal variação climática afeta diretamente três fatores que influenciam o crescimento vegetal:
oferta de água ou pluviosidade, temperatura do ar e fotoperíodo. A restrição hídrica, segundo
Araújo et al. (2010), reduz significativamente a taxa fotossintética. Isto ocorre porque nesta
situação o vegetal fecha seus estômatos para reduzir perdas evaporativas e consequentemente
restringe a difusão de CO2 no mesófilo foliar e, portanto, a atividade enzimática fica
comprometida o que diminui a fotossíntese. Por outro lado, a temperatura influencia o
crescimento vegetal, uma vez que forrageiras tropicais têm seu crescimento ótimo, graças aos
mecanismos enzimáticos, em torno de 30-35°C, ficando o crescimento retardado ou paralisado
em temperatura ambiente abaixo de 15°C, em função da queda da taxa fotossintética (Figura 2).
Intercalando-se a Figura 2 com o cenário exposto na primeira figura é possível concluir que
durante o ano, as forrageiras que se encontrarem na região de Coronel Pacheco terão sua
produção reduzida durante a época “seca” do ano, em função da restrição hídrica bem como
pelas médias de temperatura mínima nessa época. Essa oscilação pode restringir 75% do
crescimento anual forrageiro na época das “águas” (Costa et al, 2005). Além da redução na
produção de matéria seca, os vegetais frente ao período de estio tendem a mudar sua fisiologia
buscando estratégias de sobrevivência, como a emissão de órgãos de reprodução, alterando
85
marcadamente o valor nutricional da planta pela translocação de nutrientes, bem como pela
mudança estrutural do vegetal. É, portanto, essencial compreender tais efeitos para se tomar
decisões e criar estratégias para maximizar o uso dos volumosos mantendo-se a qualidade do
alimento que será fornecido ao rebanho durante todo o ano.
Como demonstrado anteriormente, a época das águas na região sudeste define a estação de maior
produção vegetal. Dessa forma, qualquer manejo que vise maximizar a produção aproveitando-se
da eficiência fisiológica do vegetal natural neste período, torna-se interessante, mesmo que para
tanto, seja necessário aumentarem os gastos com insumos no sistema, visto o maior retorno
possível e provável melhor benefício/custo. Surgem nesse contexto estratégias que possibilitam
maior crescimento vegetal (e.g. adubação, irrigação) e outras que possibilitem melhor
aproveitamento da área plantada (e.g. divisão de piquetes, pastejo rotacionado). A caprinocultura
leiteira do centro-sul mineiro está em sua maioria alocada em sistemas intensivos (Guimarães,
2006), nos quais os animais passam boa parte da vida em confinamentos, recebendo alimentos
(concentrado e volumoso) no cocho, sendo, portanto, muito comum o uso de forrageiras para
corte durante as águas. É interessante neste caso, a intensificação da produção vegetal nas
capineiras, bem como nas legumineiras, almejando-se o maior número de cortes possível, sendo
factível o armazenamento do excedente para a época seca, através de processos de conservação
como fenação ou ensilagem. Corrêa e Santos (2006) salientam que manejos como adubação e
irrigação são capazes de elevar a produção, principalmente durante a primavera, quando as
chuvas irregulares são compensadas pelo sistema de irrigação e não existe limite quanto à
temperatura ambiente. A adoção destas técnicas deve ser coerente com o perfil produtivo da
propriedade, considerando-se sempre o retorno econômico. Vitor et al. (2009) concordam com os
autores supracitados e acrescentaram que embora haja maior produtividade na seca com o uso da
irrigação, esta não suplanta a estacionalidade típica da forrageira frente ao estio, em se tratando
de forrageiras tropicais. Demonstram porém, que neste período a adubação nitrogenada (100-700
kg de N/ha) eleva o teor protéico da forragem, mas não interfere na digestibilidade da mesma.
Lembrando-se que a digestibilidade de forrageiras irrigadas no período seco pode ser reduzida
quando comparada às plantas sob déficit hídrico. Isto ocorre devido à aceleração do processo
ontogênico vegetal nas primeiras, o qual interfere significativamente no teor de carboidratos
estruturais e por consequência na digestibilidade do material. Pode-se concluir que a irrigação
aliada à adubação são sem dúvida ferramentas para o incremento na produção vegetal na época
das águas, isto é, no período em que, coincidentemente, não existem limitações de luz ou calor.
Porém, o uso da mesma na época seca pode adiantar a entrada de animais na pastagem (Cóser et
al, 2008) ou aumentar o número de cortes quando tratar-se de uma forragem para este fim.
É preciso relembrar que na estação chuvosa faz-se necessário o cultivo de volumosos que irão ser
colhidos e conservados para o uso durante a época seca do ano. Destacam-se nesse campo, as
culturas de milho e sorgo para ensilagem de planta inteira bem como de forrageiras do gênero
Cynodon ou Lolium para a produção de feno e silagens pré-secadas.
Por outro lado uma forma bem interessante de aumentar a eficiência de uso do volumoso
produzido na fazenda é adequar a carga animal à produção vegetal. Isto porque quando há um
excesso de animais numa área, desenvolve-se um quadro de superpastejo, havendo um desbaste
excessivo do dossel forrageiro, interferindo negativamente no crescimento vegetal, reduzindo-se
o potencial produtivo das plantas. Pelo contrário, quando existe um desajuste a favor da
produção vegetal, isto é, poucos animais para uma determinada oferta de pastagem, instaura-se
um quadro de subpastejo, ocorrendo o crescimento da planta até o ponto em que o valor
86
nutricional tende reduzir. Surgem nesse contexto estratégias para adequar a oferta de forragem às
necessidades nutricionais do rebanho. A divisão dos pastos em piquetes favorece o uso mais
eficiente do volumoso, culminando com a divisão em áreas que suportem a ocupação animal por
menor tempo viável, de forma a respeitar ao máximo a fisiologia da forrageira e o ecossistema
solo-vegetal-animal. Esse manejo representa a filosofia da técnica conhecida como pastejo
rotacionado, em que a premissa básica é tornar a oferta de pastagem o mais constante possível
através do rebaixamento uniforme do dossel, buscando-se concomitantemente altas produções de
matéria verde de qualidade. Uma vez que a produção é visada, e necessita-se da mesma para o
bom funcionamento do sistema, a época das águas, como explicada anteriormente, torna-se o
melhor período para esse tipo de manejo, sendo interessante o uso de adubação, bem como
irrigação para ajuste das necessidades de nutrientes e água para a forrageira e suplantar eventuais
veranicos. Mas como interpretar a saúde do dossel forrageiro? Zanine et al. (2005) salientaram
que a observação da morfogênese vegetal (taxa de aparição, alongamento e inclinação de folhas,
densidade de perfilhos, etc) definirão o índice de área foliar o qual está diretamente ligado à
capacidade de interceptação luminosa e consequentemente com a taxa fotossintética. O
acompanhamento dessas características, associado a variáveis como altura do dossel (entrada e
saída dos animais) e massa forrageira permitirão um bom manejo da pastagem, possibilitando
que a mesma responda suficientemente à ação animal, provendo para este um bom alimento e
elevando o ganho produtivo da área utilizada.
A limitação do crescimento vegetal na época seca do ano dá-se pela restrição hídrica e de forma
mais intensa pelas baixas temperaturas e luminosidade, essas mais drásticas quanto maior a
distância da propriedade da linha do equador. Para manutenção da fração volumosa da dieta e
qualidade da mesma é necessário nesse período, portanto, lançar mão de alimentos conservados
produzidos durante a época das águas. São os mais comuns, fenos de gramíneas e silagens de
cereais. Mas tais processos são relativamente trabalhosos e onerosos existindo outras
possibilidades mais simples e viáveis a depender do perfil da propriedade. São estas, o uso de
pastagens reservadas (diferidas) ou capineiras e de cana de açúcar. O diferimento é uma prática
bastante comum no Brasil, simples de ser realizada e com relativo baixo custo, e consiste da
vedação de uma área de pasto com intuito de estocar matéria vegetal para a época de carência
volumosa. Contudo o crescimento vegetal na estação chuvosa sem o correto desbaste e a
permanência dessas plantas no período seco reduz acentuadamente o valor nutritivo do material
pelo processo de senescência (Santos et al, 2004). Técnicas como adubação e a época correta
para o diferimento podem elevar a produção de matéria seca bem como reduzir a queda do valor
nutritivo (Santos et al, 2009).
A cana de açúcar, por outro lado, é uma planta de elevada produção vegetal e que não perde valor
nutricional durante a seca. Possui alto teor de açúcar solúvel (energia), mas, no entanto, tem seu
uso limitado pelo baixo teor protéico, de minerais, destacando-se o fósforo, e elevada fração
fibrosa indigestível. Seu uso torna-se interessante por ser uma cultura de fácil condução. Embora
possua relativo alto custo de implantação, este deve ser diluído pelos anos de uso, normalmente
de 4 a 6 anos, e principalmente pela colheita coincidir com o período de menor produção de
volumosos na fazenda, isto é, na seca. Os entraves nutricionais da mesma podem ser amenizados
com o uso de técnicas como: redução do tamanho da partícula em desintegrador, com o intuito de
elevar o consumo através da redução do enchimento ruminal via aumento da taxa de passagem;
tratamento com substâncias alcalinas que diminuem a interação dos constituintes da parede
celular, aumentando o consumo pela maior degradação ruminal dessa fração (Carvalho et al,
87
2010); e também a escolha da variedade da cana bem como da idade ao corte, as quais interferem
na fração fibrosa e energética do alimento (Fernandes et al, 2003).
Para a produção satisfatória de um rebanho leiteiro é necessário formular a dieta dos animais de
acordo com a categoria animal e suas demandas nutricionais, tendo em vista que a exigência
nutricional é variável de acordo com o estádio fisiológico do animal.
O consumo de alimentos pode ser influenciado por diversos fatores, como, disponibilidade da
forragem, forma física do alimento fornecido, idade da forrageira, método de conservação, teor
de matéria seca, quantidade oferecida, tamanho do corte, número de refeições, disponibilidade de
água, entre outros (Silva e Rodrigues, 2003). Por este motivo, a preocupação na escolha do
volumoso e do seu processamento para atender cada categoria animal se faz tão necessário.
Os alimentos volumosos podem ser fornecidos frescos, como capineiras ou outras culturas
forrageiras ou conservados, seja feno ou silagem, e ainda na forma de palhadas ou uso de co-
produtos da agroindústria, oriundos do beneficiamento e/ou processamento de frutos ou grãos,
como por exemplo, a casca de soja, que por sinal, apresenta-se como alternativa promissora à
redução dos custos com alimentação do rebanho leiteiro. Para a utilização desses alimentos, é
indispensável o conhecimento da disponibilidade destes em cada região em que o produtor se
encontra, para que se possa escolher os mais adequados para cada situação, levando-se em
consideração, além da disponibilidade e da região, a qualidade, fertilidade do solo e a estação do
ano (Ribeiro, 1997).
O primeiro alimento a ser ingerido pelas crias obrigatoriamente é o colostro, pois é essencial ao
animal jovem por ser rico em imunoglobulinas. Vale ressaltar que a absorção dessas moléculas
pela parede intestinal é máxima nas primeiras 6 horas de vida, após esse tempo, sua absorção vai
decaindo gradativamente, até se tornar nula.
A alimentação das cabritas de reposição deve ser considerada como uma etapa importante para
garantir o futuro da criação. O que se pretende nessa fase, que vai do desaleitamento até a entrada
na reprodução, é que os animais alcancem 60 a 70% de seu peso adulto, o que deveria estar
acontecendo entre o sexto e o oitavo mês de vida, sendo o desenvolvimento um critério seguro
para iniciar a vida reprodutiva (Carvalho, 2002).
Numa cabrita, para futura produção de leite, é importante evitar o acúmulo de gordura corporal
durante o crescimento. Nesta fase, a deposição de tecido adiposo na cavidade mamária afetará
negativamente a formação dos alvéolos, comprometendo a produção de leite. Por este motivo, é
necessária atenção na formulação da dieta dos animais nessa categoria, tendo em vista que
exigência nutricional da cabrita nesse estádio fisiológico é alta devido às condições de
crescimento e desenvolvimento corporal. Daí, que o manejo alimentar ser a chave para garantir
taxas de ganho adequado dessa ordem.
Para tanto, deve-se utilizar uma boa pastagem ou bom volumoso à vontade, atendendo-lhes as
exigências e considerando-se o recomendado para sobras permitidas (10 a 20%) e uma
suplementação concentrada. Dentre os volumosos utilizados destacam-se as leguminosas, por
serem bastante palatáveis e possuírem maiores aportes de proteína, as gramíneas, os volumosos
conservados, como silagem de milho, de sorgo, feno de Tifton 85, feno de alfafa, entre outros
(Silva, 2001).
Nesta fase os animais devem receber alimentos volumosos de boa qualidade e uma porção de
concentrado suficiente para atender sua exigência nutricional (Ribeiro, 1997). Nos três primeiros
meses da gestação é possível manipular a dieta para que as cabritas ou cabras ganhem ou percam
peso, apresentando condição corporal em torno de 2,75 a 3,50 no momento do parto.
89
No final da gestação, acontece uma limitação fisiológica no consumo de alimento por parte das
cabritas ou cabras, uma vez que a capacidade ruminal é afetada pelo crescimento fetal, enquanto
que no início da lactação, o consumo de alimento pelo animal não é suficiente para suprir as suas
exigências nutricionais, que estão aumentadas. Esse período é caracterizado pelo balanço
energético negativo e requer o máximo de atenção possível do produtor.
Na primeira fase do ciclo, que tem início com o parto, o nível de produção aumenta rapidamente,
atingindo o pico entre a 6a e 9a semana (Borges e Bresslau, 2003). Entretanto, o pico de ingestão
de alimentos comumente não ocorre até o terceiro mês de lactação, ou de 12 a 16 semanas pós-
parto, de maneira que a ingestão de nutrientes só irá atender as demandas da cabra quando a
produção de leite estiver reduzida a 60-80% da produção no pico. Nesta fase, as cabras
encontram-se em balanço energético negativo e para suprir este déficit, reservas corporais são
mobilizadas e isso pode ser observado na diminuição do escore de condição corporal. No início
da lactação, a energia proveniente das reservas corporais é utilizada de maneira mais eficiente
para a produção de leite do que a energia proveniente dos alimentos. No primeiro mês de
lactação as cabras podem perder até 0,900 kg de tecido adiposo por semana para sustentar a
produção leiteira. No segundo mês a perda média é ao redor de 0,450 kg. Estas reservas corporais
devem ser restabelecidas principalmente durante as fases pós-pico e início de gestação do ciclo
de produção (Ribeiro, 1997; Sahlu e Goetsch, 1998). Portanto, é necessário aumentar a densidade
energética da ração, já que o volume de alimentos consumidos nessa fase é limitado. Alguns
volumosos, entre eles a silagem de milho, preferencialmente com alta quantidade de grãos, são
ideais por possuírem teor de amido relativamente alto, por promover maior síntese de glicose a
fim de suprir os altos níveis de requisitos deste metabólito no início da lactação. O uso de
volumosos de boa qualidade, como o supracitado, confere melhores características de degradação
no rume devido à qualidade da fibra e alto teor de energia no rume, possibilitando melhor
aproveitamento dos carboidratos estruturais, consequentemente maior fluxo de proteína
microbiana para o intestino e maior produção de leite.
É comum a resistência dos produtores ao uso de silagem devido à influência nas características
sensoriais no leite, mas segundo Costa et al (2008), para evitar a aparição desses defeitos no
produto o nível de inclusão na dieta não deve ultrapassar 60% da matéria seca total.
90
Na segunda fase a capacidade de ingestão da cabra atinge o nível mais alto e a produção de leite
começa a diminuir, permitindo que o animal inicie a recomposição das reservas corporais. No
início, seu peso mantém-se estável, aumentando lentamente. A importância desta reconstituição
varia com a intensidade da mobilização anterior. Essa fase é de duração mais variável, em função
do intervalo de partos (IDP) adotado: quando o IDP é de 12 meses, dura cerca de cinco meses,
mas dura apenas um mês quando o IDP é de 8 meses. Esse último caso exige que o animal esteja
apto a conceber até o terceiro mês pós-parto, o que requer uma alimentação no terço final de
gestação e início de lactação de alto nível de forma que a cabra não oscile com intensidade o seu
escore corporal e assim seja apta à concepção, pode ser usado com estratégia de colocar parte do
rebanho na entre safra da produção leiteira.
A terceira fase corresponde aos primeiros três meses de gestação, onde o peso da cabra aumenta
lentamente, acumulando-se reservas corporais devido ao balanço energético positivo. Nessa fase
pode-se lançar mão de alimentos menos nobres, como por exemplo, fenos de gramíneas, com
intuito de manter a gestação e a condição corporal da cabra.
A quarta fase correspondente ao terço final da gestação, quando ocorre o maior crescimento fetal,
cerca de 75%, aumentando acentuadamente a demanda por nutrientes. Ao mesmo tempo, a
capacidade de ingestão da cabra atinge seu valor mínimo, onde o espaço ocupado pelos fetos,
anexos uterinos e pelas reservas de tecido adiposo no abdome limita o espaço disponível o trato
digestivo, afetando a ingestão de alimentos. Fontes de gordura podem ser utilizadas para
aumentar a densidade energética da dieta até um limite de 3 a 4% da matéria seca, uma vez que
níveis mais altos podem reduzir a digestibilidade da fibra e reduzir a absorção de cálcio (Borges
e Bresslau, 2003).
Frente ao exposto, o método de conservação de forragem é, sem dúvidas, uma possibilidade real
de uso, ao se tratar de animais de alta exigência energética que é o caso das cabras leiteiras de
alta produção. Em geral, para atender essa demanda, as dietas devem conter grandes quantidades
de concentrado e forragens de qualidade. Entretanto, é importante salientar que para manter a
função normal do rume e a porcentagem de gordura no leite, grande porção de fibra necessita ser
oriunda de forragens, sendo importante estabelecer relação ideal de volumoso e concentrado para
atender as exigências de mantença e produção das cabras. O concentrado deve suprir as
necessidades energéticas do animal, enquanto o volumoso de boa qualidade deve garantir
efetividade da fibra na estimulação da ruminação para que a secreção de saliva resultante possa
neutralizar eficientemente as fermentações ocorridas no rume.
A Figura 3 demonstra um exemplo de uso estratégico de volumosos durante o ciclo produtivo de
uma cabra leiteira. O modelo simulado leva em conta o consumo de matéria seca, a produção
leiteira bem como a exigência de cada fase.
91
Ele supõe ainda uma situação em que se tem a disposição uma fração concentrada e duas fontes
volumosas, sendo uma destas de melhor qualidade. Para comparação de valores, determinou-se
que o concentrado custa em torno de 10 vezes o preço ($/kg) do volumoso de pior qualidade, e
que este custa a metade do volumoso de melhor qualidade. Baseado nisso, procedeu-se ao
escalonamento decrescente de cada variável, por exemplo, a fase com dieta de maior custo, no
caso do exemplo a Fase III, possui valor 1, ao passo que a de menor custo, Fase I, recebeu nota 4,
procedendo-se o mesmo com cada variável em cada fase. O ciclo é formado por quatro fases. Na
primeira, dá-se início a gestação, em que nos três primeiros meses a exigência para o crescimento
fetal e tecidos relacionados ao concepto está muito próxima à da mantença, sendo, portanto, o
incremento além da mantença decorrente da baixa produção leiteira do final da lactação. Dessa
forma nessa fase o menor requisito nutricional associado à baixa receita oriunda da produção
leiteira incipiente, justificaria o uso de um volumoso de qualidade inferior e de alta relação
volumoso:concentrado, mantendo-se um potencial lucrativo aceitável. A Fase II no entanto,
apresenta uma parte delicada do ciclo, pois a cabra está em momento visivelmente não produtivo,
uma vez que não produz leite, contudo neste momento a exigência para o desenvolvimento do
concepto é muito elevada e deve-se investir na alimentação da mesma. O desajuste nutricional
nessa fase é capaz de comprometer a lactação futura além de prejudicar o crescimento fetal bem
como o desenvolvimento do lactente. Justifica-se nessa fase portanto, embora não exista
rendimento líquido financeiro, o incremento na fração concentrada, buscando-se a melhor
condição corporal ao parto e desenvolvimento do concepto e aparelho mamário. A Fase III
representa um momento delicado para a matriz, visto que o balanço energético negativo típico
dessa fase, espolia as reservas energéticas da mesma sendo premente o emprego de alimentos
mais nobres para reversão mais rápida possível do quadro instaurado. Torna-se interessante nesse
92
contexto o uso de volumosos como silagens de milho ou sorgo, que embora sejam mais caros,
possuem melhor valor nutricional. A última fase é dependente das anteriores, que se bem
manejadas, tornarão esta a etapa de maior potencial lucrativo, visto que há uma diminuição
crescente da exigência, redução contínua do consumo e produção de leite decrescente. Desde que
os animais possuam boa persistência de lactação, é possível utilizar volumosos de qualidade
intermediária em quantidade suficiente para se obter o maior rendimento da vida produtiva da
cabra, uma vez que este período pode representar até aproximadamente 42% do ciclo produtivo
de uma matriz com 12 meses de intervalo de partos.
A alimentação adequada dos reprodutores jovens e adultos é tão importante quanto à alimentação
das fêmeas. Um volumoso de boa qualidade, que atenda a exigência protéica, é suficiente para a
mantença do reprodutor quando não está sendo utilizado (Cunha, 1999). Ressalta-se que os
animais devem ter à sua disposição água e sal mineral à vontade, independente da categoria
animal, lembrando que a dieta dos machos deve ser balanceada para manter a relação Ca:P de
2:1, a fim de evitar o aparecimento de cálculo urinário, o que é muito comum em machos
(Ribeiro, 1997) .
Associada a essas opções, a utilização de alimentos alternativos como casca de soja, caroço de
algodão, polpa cítrica entre outros, podem favorecer o barateamento das dietas e representar
importante estratégia para períodos de menor disponibilidade de volumosos. Visto que podem
substituir parcialmente a porção fibrosa da dieta de caprinos composta de forragens, sem
comprometer sua fisiologia digestiva e favorecer melhorias em índices produtivos (Amorim et
al., 2008). Vários estudos vêm sendo conduzidos com a utilização de alimentos alternativos em
substituição à fração volumosa e suplementos concentrados dietéticos, sendo obtidos resultados
interessantes. Pode–se destacar nesse aspecto o estudo conduzido por Zambom et al. (2008)
utilizando a casca de soja como fonte alternativa em substituição a ingredientes dietéticos
tradicionais de dietas. Neste estudo, a substituição em até 100% do milho pela casca de soja para
caprinos leiteiros não afetaram os resultados quanto à produção de leite desses animais,
favorecendo também um aporte de fornecimento de fibra nessas dietas.
Um aspecto que deve ser considerado nos sistemas de exploração leiteira para caprinos é o
planejamento adequado de produção de alimentos ou mesmo a aquisição destes insumos num
momento oportuno que, naturalmente, coincide com período de maior oferta em épocas de chuva
nas fazendas produtoras de feno, para a sua utilização na época da seca. O adequado
planejamento e a avaliação econômica rigorosa da utilização de volumosos para sistemas de
exploração leiteira é essencial, visto que o custo destes devem ser contabilizados como o de
qualquer outro insumo a fim monitorar a viabilidade do sistema de produção (Borges, 2003). Em
um sistema de exploração de leite, Aguiar e Almeida (1998) enfatizaram que alimentos mais
baratos a ser produzidos e ofertados aos animais merecem destaque. Dentre eles, em
determinadas ocasiões, a pastagem manejada intensivamente apresenta um custo de produção
mais barato quando comparado com outros alimentos.
6. Considerações finais
São muitas as opções de volumosos para caprinos leiteiros. Essas dependerão muito do cenário
em que se tem para trabalhar; ora as tomadas de decisão passarão pelo estádio fisiológico dos
animais, ora pela oportunidade de oferta, por vezes será a época do ano a impor as condições de
escolha.
Forrageiras bem manejadas e adequadamente ofertadas aos animais leiteiros ainda são as opções
mais amplas e práticas. Nesse sentido, a intensificação de produção na estação chuvosa e sua
preservação para uso na época de escassez mostra-se muito vantajosa.
Muitas lacunas podem ser preenchidas de forma racional, seja sob o ponto de vista nutricional,
seja quanto ao econômico, não perdendo de vista o ambiental e o de melhor manejo e domínio
pelo produtor.
Categorias animais distintas respondem melhor frente a determinado tipo de volumoso, tanto no
sob o aspecto nutricional quanto no econômico.
7. Referências Bibliográficas
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Itapetinga, 2003. Apostila 1... Itapetinga: SEBRAE, 2003. p. 66-99.
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ARAÚJO, S. A. C., VASQUEZ, H. M., CAMPOSTRINI, E. et al. Características fotossintéticas
de genótipos de capim-elefante anão (Pennisetum purpureum Schum.), em estresse hídrico.
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measuring the effectives of fiber by animal trial. Journal of Dairy Science, v.80, 4 n.7,
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BALSALOBRE, M. A. A. Batata, beterraba, cenoura e nabo. In: SIMPÓSIO SOBRE
NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 6, 1995, Piracicaba. Anais... Piracicaba, 1995. p. 99-121.
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LEITEIRA, 1. 2003. João Pessoa-PB. Anais... João Pessoa-PB: EMEPA, 2003. p.303- 312.
95
EM
• 101,38 kcal / kg0,75 para mantença - ou ainda 2 a 2,4 Mcal/kg de MS.
PB
• 32 g PB / Mcal ED (EM = ED * 0,82%);
Situação:
♦ Primeira tentativa:
ALIMENTOS DISPONÍVEIS:
Alimentos MS PB NDT EM Ca P FDN FDN EM
% % % Mcal/kg % % % Efe% Mcal/kg
Feno rhodes 89,0 8,1 59,0 2,13 0,59 0,41 64,2 100 2,1
Silagem sorgo 30,0 9,4 58,0 2,10 0,27 0,15 60,8 85 2,1
Milho grão 88,0 9,5 87,0 3,00 0,02 0,24 13,4 80 3,2
Far. arroz 91,0 14,4 70,0 2,53 0,08 1,70 33,0 5 2,6
Far. algodão 92,0 46,1 76,0 2,75 0,18 1,21 28,9 40 2,9
Far. soja 88,7 47,0 88,0 3,18 0,34 0,70 14,1 60 3,0
Calcário 100 - - - 37,0 - - - -
Fosf. bicálcico 100 - - - 22,0 18,0 - - -
A parte volumosa da dieta será composta por 70:30 (silagem : feno); então:
Pelos valores na tabela de composição de alimentos acima, não se pode fechar o cálculo com
essa relação volumoso : concentrado.
Segunda tentativa:
NOS QUADRADOS 1 E 2 A PB FICARÁ NO CENTRO, SENDO QUE O PRIMEIRO TERÁ NDT MAIOR QUE
A EXIGÊNCIA E O OUTRO MENOR - PREMISSA BÁSICA DO PEARSON.
Q1 _ % _NDT _
Milho 9,5 28,29 75,44 65,63
18,71
F. Soja 47,0 9,21 24,56 21,61
37,50 100,00 87,24 é maior
Q2 _ % _ _NDT _
F.arroz 14,4 27,34 86,38 60,47
18,71
F. Algodão 46,1 4,31 13,62 10,35
31,65 100,00 70,82 é menor
Q3 % _
Q1 87,24 10,01 60,96
80,83
Q2 70,82 6,41 39,04
16,42 100,00
CONFERINDO OS CÁLCULOS
Qtdd na MN (g)
ALIMENTO % na MS Qtdd na MS (g) PB (g) NDT (g) Ca (g) P (g) FDN (g)
Feno rhodes 12,00 381,6 ÷ 0,89 428,76 30,91 225,14 2,25 1,56 206,83
Silag. Sorgo 28,00 890,4 ÷ 0,30 2968,00 83,70 516,43 2,40 1,34 541,36
Milho grão 26,21 833,5 ÷ 0,88 947,16 79,18 725,15 0,17 2,00 111,69
Far. Arroz 19,22 611,2 ÷ 0,91 671,65 88,01 427,84 0,49 10,39 201,69
Far. Algodão 3,03 96,4 ÷ 0,92 104,78 44,44 73,26 0,17 1,17 27,86
Far. Soja 8,53 271,3 ÷ 0,887 305,86 127,51 238,74 0,92 1,90 38,25
Fornecido 3084,4 5426,21 453,75 2206,56 6,4 18,36 925,99
Exigências 3180,0 458,00 2220,00 13,0 9,0 890,4
Diferença -95,6 - 4,27 -13,44 - 6,6 + 9,36 OK
O fósforo foi suprido a mais, mas a relação Ca:P está desfavorável. Então procura-se
manter a relação Ca:P (2:1) Sendo 0,5% para NaCl → 10,25 g
P na dieta é 18,36, mutiplicando-se por 2 tem o teor de cácio necessário na dieta: 81,95 + 10,25 = 92,2g
18,36 * 2 = 36,72 g de Ca devem estar na dieta. Como o ER era de 95,4 g restaram ainda 2,3 g outros macrominerais para os
microminerais e vitaminas.
Como a diet já fornece 6,4, então 36,72 - 6,4 = 30,32 g de Ca a suplementar:
Situação:
ALIMENTOS DISPONÍVEIS:
Alimentos MS PB NDT EM Ca P FDN FDN EM
% % % Mcal/kg % % % Efe% Mcal/kg
Feno rhodes 89,0 8,1 59,0 2,13 0,59 0,41 64,2 100 2,1
Silagem sorgo 30,0 9,4 58,0 2,10 0,27 0,15 60,8 85 2,1
Milho grão 88,0 9,5 87,0 3,00 0,02 0,24 13,4 80 3,2
Far. arroz 91,0 14,4 70,0 2,53 0,08 1,70 33,0 5 2,6
Far. algodão 92,0 46,1 76,0 2,75 0,18 1,21 28,9 40 2,9
Far. soja 88,7 47,0 88,0 3,18 0,34 0,70 14,1 60 3,0
Calcário 100 - - - 37,0 - - - -
Fosf. bicálcico 100 - - - 22,0 18,0 - - -
O proprietário pede que seja fixado o feno de capim de rhodes em 10 % da ingestão
total de MS.
A + B + C = 2767,5g de MS ( equação I)
0,094 A + 0,1048 B + 0,4655 C = 432,2 g de PB ( equação II)
0,58 A + 0,836 B + 0,82 C = 2032,4 g de NDT ( equação III)
TEMOS:
0,005944 A + 0,0057712 B = 13,6971
0,086568 A - 0,0051468 B = 85,4679
0,092512 A + 0 C = 99,165 ⇒ A = 1071,92kg de MS de silagem de sorgo
Os caprinos fornecem média 400 - 800g de pele seca ( 1200 - 1600g de pele
verde), sendo que para o produtor nordestino o valor comercial de uma pele equivale a
1/3 o valor do animal. Apesar deste alto valor, o produtor nordestino, em média, arca
com desperdícios de peles na ordem de 60%, advindos, principalmente, das falhas no
beneficiamento.
Vários e importante tipos de couros são fabricados com as peles caprinas: as
camurças, marroquins para artesanatos finos, pergaminhos e algumas pelicas.
As peles possuem alto brilho e porosidade visível, além de serem muito
macias, possuírem elasticidade, resistência e contextura.
4.3. DESCARNE
4.6. CURTIMENTO
por 24 horas, quando então são retiradas, limpas com as mãos, retirando-se a carne
que persistiu ao descarne. Volta-se ao molho (remolho) por 48 horas. Retira-se as
peles podendo bater a face do carnal como se faz com as roupas, até que fique macia.
Passar uma toalha felpuda em ambas as faces e colocar para secar à sombra. Durante a
secagem, passar a pele numa quina de mesa ou na borda não cortante do banco de
esfola (amacia), sempre na face do carnal. O acabamento pode ser com talco ou cal
(fubá dá bons resultados) para retirar a umidade excessiva nas duas faces. Coloca-se
talco nas duas faces e escova-se. Por fim, lixa-se o carnal e passa-se ao acabamento.
4.7. ACABAMENTO
Últimos procedimentos:
a) Aparar com faca afiada as bordas (furos, buracos, pregos, etc...).
b) Escovar a flor da pele com escova de cerdas duras e depois com escova para
sapatos.
c) Usar talco para retirar odor resquicial, podendo ser de ambos os lados da pele.
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodáctila
Sub-ordem: Ruminantia
Família: Bovidae
Sub-família: Caprinea
Gênero: Ovis
Espécie: Ovis aries
RAÇAS OVINAS
1. RAÇAS DE OVINOS ESPECIALIZADAS PARA LÃ FINAS
Características
raciais:- Corpo de conformação retilínea e longilínea;
- Cabeça larga, forte e curta, perfil convexo;
- Chanfro largo; fronte larga e convexa, com lã envolvendo as orelhas, órbitas
oculares e arcos mandibulares;
- Orelhas pequenas a médias;
- Chifres em espiral nos machos e fêmeas mochas.
- Pescoço curto, largo e com presença de grossas rugas;
- Membros curtos e fortes, cobertos de lã;
- Altura entre 65 - 75 cm;
- Mucosas róseas e cascos claros (todos os Merinos);
Características
zootécnicas: Produção de lã: velo do macho: 8 a 11 Kg e da fêmea:
5 a 6 Kg. O velo recobre todo o corpo, do nariz aos cascos. Lã abundante,
fina, elástica, macia e resistente; apresenta mechas quadradas, 6-10 cm de
comprimento e 19 a 24 micras de diâmetro. (PROBLEMAS DE TOSQUIA
NO RS)
Prolificidade: 125-150%
Características
raciais:- Corpo harmonioso, com garupa arredondada;
- Cabeça larga, tamanho mediano, perfil convexo, focinho forte e boca larga;
- Orelhas curtas e vigorosas;
- Chifres com base triangular, ± espiralados (fêmeas mochas ou pequenos
bananas;
- Supra-nasais unidas em arco com rugas transversais nos machos;
- Membros fortes e cobertos de lã.
Desclassificantes: presença de pelos no velo, pelos curtos brancos ou cor
canela nos membros; chifres lisos.
Características
zootécnicas: Produção de lã: velo denso e uniforme por todo o
corpo, com lã muito branca e de extrema suavidade ao tato, resistente. Peso do
velo de 7-10 Kg borregos; 9-19 Kg carneiros e de 3,5 a 4,5 Kg ovelhas.
Comprimento de 7-13 cm e 12 a 23 micras de diâmetro. Suarda abundante.
- Bem adaptado às condições naturais e ao sistema de exploração extensiva.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 114
Características
raciais: - Corpo comprimento médio e peito proeminente;
- Cabeça mediana, larga e forte; cara sem lã nos olhos;
- Orelhas médias e bem separadas;
- Focinho róseo, forte e largo (pequenas manchas marrons);
- Pode ter variedade mocha.
Características
zootécnicas: -Produz borregos com razoável cobertura de carne;
- Suporta pastagens mais pobres;
- É a mais rústica e precoce das raças lanígeras;
- Produção de lã: qualidade superior às raças anteriores, fibras com diâmetro
reduzido (23 a 26 micras) e ondulações pronunciadas. Cor branca ou marfim,
suave ao tato e de aspecto sedoso.
2.1. CORRIEDALE
Características
raciais:- Corpo harmonioso para lã e carne, tronco cilíndrico,
ligeiramente compacto;
- Peito amplo, profundo e proeminente;
- Cabeça larga e forte, sem chifres e sem lã na cara, só um topete. Focinho
escuro;
- Orelhas médias, bem implantadas (evitar orelhas caídas).
Características
zootécnicas:- Velo geralmente pesado, volumoso e uniforme, com lã lustrosa.
Mecha compacta e definida, com ondulações bem marcadas e
uniformes; diâmetro da fibra 27 a 32 micras; - Peso do velo: carneiros:
8-9 Kg, rebanho geral: 4 Kg.
- Lã com grande uniformidade: bom valor comercial, exceto a pequena
dificuldade no tingimento.
Características
raciais:- Cabeça coberta por pelos brancos, pescoço curto e
largo, lábios pigmentados;
- Tronco reto, largo e medianamente comprido;
- Peito profundo e algo saliente;
- Membros curtos e desprovidos de lã; cascos negros.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 116
Características
zootécnicas:- Boa rusticidade, grande adaptação a regiões úmidas;
- Produção de lã: comprida e semi-lustrosa (12-16cm); Peso do velo:
rebanho geral: 3 a 5,5 Kg, 6 a 10 Kg para confinados. Diâmetro da fibra 34
a 40 micras.
- Produção de carne: cordeiros precoces, adultos produzem até 40 Kg (bom
rendimento); pouca quantidade gordura.
- Fêmeas prolíferas mas com baixa habilidade materna;
- Usados para cruzamentos com raças crioulas.
2.3. LINCOLN
Características
raciais:- Cabeça larga e chata, com grande topete, sem chifres;
membros fortes e compridos, com cascos pretos; peito amplo e profundo, garupa
arredondada, ampla e em harmonia com o lombo.
Características
zootécnicas:- Produção de lã: velo por todo o corpo, lã grossa e
de maior comprimento dentre as raças mistas (38-55 micras 25-30 cm). Peso
do velo: carneiros: 15-20 Kg, rebanho geral: 5-6 Kg. Mechas em cachos
pontudos de cor creme claro a amarelo ceroso.
- Produção de carne: Machos até 120 Kg e fêmeas: 100-120 Kg, cordeiros 4
meses: 35 Kg.
- Ovelhas muito prolíferas e boa habilidade materna;
- No RS não tem apresentado bom desenvolvimento.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 117
2.4. MERILIN
Origem: Uruguai
Características
raciais: - Corpo volumoso, cilíndrico e conformação harmoniosa;
pescoço maciço e levantado.
Características
zootécnicas: - Alta rusticidade; cordeiros precoces para abate;
- Produção de lã: velo uniforme e denso, com fibras bem onduladas;
diâmetro oscilando de acordo com a idade;
- Sua lã de barriga também é de boa qualidade, o que eleva seu rendimento.
3.1. SOUTHDOWN
Características
Zootécnicas: -Ovelhas prolíferas, apresentando-se aptas para a reprodução com
aproximadamente 1 ano;
- Boa habilidade materna;
- Produz carne fina e saborosa, de 1ª qualidade;
- Exigente em termos nutritivos, necessitando de boas pastagens e com
aguadas bem distribuídas (não suportam caminhadas longas);
- Machos muito usados em outros rebanhos;
- Entrou na formação da maioria das raças de corte;
- Produção de lã aproximadamente 2,5 Kg.
Características
Físicas: - Cabeça larga com orelhas levantadas;
- Pescoço largo e curto;
- Corpo baixo, perfeitamente retangular e compacto;
- Cara com fibras curta acinzentadas (pelo de rato).
Características
Zootécnicas: - Animais pesados e precoces;
- Sua lã é a melhor dentre as raças de corte (UEM), de amerinada a prima
B, mas tem fibras hetrerotípicas (Kemps);
- Desenvolve-se bem em condições intensivas;
- Últimos animais a serem importados para o RS.
Características
Físicas: - Pelagem branca opaca, com cara destapada (sem lã);
- Cabeça comprimento médio, forte e mocha, perfil reto;
- Tronco amplo, grosso e arredondado.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 119
3.3. TEXEL
Características
Zootécnicas: - Animais com alta fertilidade e bastante precoces;
- Rápido ganho de peso e carcaça com pouca gordura;
- Apresenta lã de boa qualidade, mas inferior à da Ile de France;
- Boa adaptação no Brasil (Cidade Gaúcha/PR, UEM);
- Cara sem lã: aspecto peculiar de colete ao redor do pescoço, membros
também sem lã.
Características
Físicas: - Ossatura forte;
- Corpo harmonioso e musculoso, ligeiramente longilíneo
- Focinho é sempre escuro;
- Membros, cabeça e nuca cobertos de pelos finos e brancos.
3.4. SUFFOLK
Conhecida como ovelha da "cara preta", por apresentar a cabeça e orelhas inteiramente
pretas, assim como as extremidades dos membros.
Características
Zootécnicas: - Grande precocidade e rusticidade (extensiva);
- Facilidade para ganhar peso, carne sem gordura excessiva;
- Ovelhas prolíferas (120 - 130% nascimentos) e com boa habilidade
materna;
- Produz ± 2,5 Kg de lã branca, fina de má qualidade
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 120
Características
Físicas: - Cabeça grande, mocha, com pelos negros;
- Corpo longo, largo e musculoso;
- Membros bem aprumados, fortes e ligeiramente separados. Extremidades
pretas.
Características
Zootécnicas: - Ovelhas com boa produção leiteira: bons cordeiros
- Indicada para cruzamentos industriais com nativas; cordeiros com bom
ganho de peso;
- Partos duplos são raros;
- Bom rendimento de carcaça (60%);
- Lã fina e curta, atinge até 5 Kg (pior qualidade);
- Representa 1,6% dos animais tatuados no RS.
Características
Físicas: - Cara, orelhas e membros pretos;
- Animais grandes e rústicos (suportando regiões planas e montanhosas, terras
baixas e ligeiramente úmidas);
- Pescoço forte e musculoso, corpo profundo e musculoso
3.6. SHROPSHIRE
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 121
Características
Zootécnicas: - Grande rusticidade: adaptabilidade favorável a condições de campos
secos ou úmidos (extensiva);
- Muito usada para cruzamentos;
- Boa prolificidade (120 a 130%);
- Cordeiros precoces;
- Lã de má qualidade como nos demais de cara negra
Características
Físicas: - Cabeça larga, mocha e lisa; coberta de lã até o focinho, cujo nariz é fino e
negro;
- Peito largo e profundo;
- Corpo bem desenvolvido e compacto;
- Posterior cheio e arredondado.
Origem: É uma das mais antigas raças inglesas - Condados de Dorset e Somerset.
Peso: Carneiros : 100 a 110 Kg; Ovelhas: 50 a 60 Kg, Cordeiros: (3 meses): 20 a 30 Kg.
Características
Zootécnicas: - A mais rústica das "caras negras";
- Excelente prolificidade: pode superar 150%;
- Corpo cilíndrico e bem musculoso;
- Velo pouco extenso e de baixa qualidade.
Características
Físicas: - Apresenta chifres em machos e fêmeas;
- Cara limpa de lã e com pequeno topete até altura dos olhos;
- Membros curtos e sem lã até joelho e jarrete.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 122
3.8. OXFORDSHIRE
Porte: É a de maior porte entre as de cara negra, bem como a de lã mais comprida.
Características
Zootécnicas: - Exigente nutricionalmente (porte grande);
- Lã de comprimento similar à Lincoln (7 a 12 cm), algumas fibras negras
no velo;
- Carne com gordura mal distribuída (sabor ruim);
- Ovelhas prolíferas e ótimas leiteiras;
- Bom ganho de peso dos cordeiros como maior virtude.
Características
Físicas: - Cabeça grande, mocha e com topete altura dos olhos;
- Cara negra e sem lã;
- Corpo grande e cheio, costelas amplas e arqueadas;
- Linhas dorso-lombar e ventral em harmonia.
3.9. DORPER
Nos anos 30 a raça Dorper começou a ser desenvolvida, isto pela necessidade de se
produzir uma carcaça de alta qualidade.
Foram cruzados animais da raça Black Head Persian, resistente a seca e com alta
prolificidade, e Dorset Horn, que apresenta boa carcaça.
Características
Zootécnicas: - Essencialmente produtor de carne;
- Animal robusto;
- Machos apresentam peso quando adultos de 90 a 130 Kg de PV e as
êmeas chegam até 90 e 100 Kg de PV;
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 123
Características
físicas - Pescoço e cabeça escuros (preto ou vermelho) e restante branca;
- Existe o Dorper variedade branca (White Dorper);
- Pode apresentar pequena quantidade de lã e esta é de má qualidade;
- Animais mochos.
Características
raciais:- Pelagem vermelha ou branca com manchas vermelhas;
- Deslanados; cauda com extremidade branca;
- Cabeça larga, alongada, com perfil sub-convexo; mochas; orelhas pendentes
em forma de concha (± 9 cm); presença ou não de brincos;
- Tórax profundo e costelas pouco arqueadas; linha dorsal cortante; ventre pouco
desenvolvido;
- Pele escura e cascos pretos.
Características
zootécnicas:- Peso: machos: 38-40 Kg e fêmeas: 30-32 Kg.
- Pele elástica, macia e resistente.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 124
Características
raciais:- Pelos brancos, vermelho, chitado (branco e vermelho ou preto) e preto;
- Tronco, peito e membros vigorosos, porte grande;
- Cascos escuros ou brancos, seguindo as mucosas oculares e nasais.
Desclassifica: Mucosas despigmentadas ou cascos brancos em animais
chitados. Porte pequeno; ossos finos; presença de chifres; perfil ultra-
convexo.
Características
zootécnicas: - Peso: animais com 6 meses: 40 Kg; machos adultos:
80 Kg; fêmeas adultas: 60 Kg. Pode atingir mais de 100 Kg.
- Produzem boa carne;
- Partos duplos são freqüentes, ovelhas com boa habilidade materna e
produção leiteira.
Características
raciais:- Pelagem branca, vermelha ou chitada; sem lã;
- Cauda volumosa, ancestrais tinham cauda em S;
- Porte mediano.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 125
Características
zootécnicas:- Peso: machos: 45 Kg e fêmeas: 30 Kg;
- Bastante rústicos.
Características
raciais: - Porte médio e pouca lã;
- Cabeça e pescoço pretos (às vezes pardos) e resto do corpo branco; sem
chifres;
- Cauda gorda (lipídeos): reservas para escassez;
Características
zootécnicas: - Carne saborosa; bom ganho de peso e rendimento;
- Peso: machos: 40-60 Kg e fêmeas: 30-50 Kg;
- Pele produz ótima pelica;
- Apresenta a menor mortalidade dentre os deslanados.
4.5. KARAKUL
Características
raciais: - Porte médio;
- Membros finos, pretos e compridos; com cascos pretos;
- Cara preto e bem estreita; orelhas finas, compridas e pendentes;
- Machos armados e fêmeas mochas.
Características
zootécnicas:- Produz carne, lã (2-3 Kg) e leite: Pele cordeiros é a principal;
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 126
Características
raciais: - Orelhas grandes, largas e pendentes;
- Cabeça pesada;
- Fronte estreita e saliente, perfil convexo;
- Pernas compridas e articulações fortes;
- Altura: 80 cm.
Características
zootécnicas:- Produção leiteira média de 250 Kg/6 meses lactação;
- Ganho de peso é alto nos cordeiros: 12 Kg (1º mês vida), 130-140 Kg (18-24
meses de idade), com rendimento de 50%.
- Lã de baixa qualidade, branca, espessura mediana e bem ondulada; produção
de 3 Kg.
- Pouco exigente quanto à alimentação e ambiente: facilidade para adaptação
ao Nordeste Brasileiro;
- Queijos sofisticados.
5.2. LACAUNE
Características
zootécnicas:- Aptidão leiteira acentuada;
- Produção leiteira média 1,5 Kg/dia (150-200 Kg/lactação), com 8% de
gordura;
- Produz até 2 Kg de lã;
- Peso: machos: 90 Kg e fêmeas: 60 Kg.
5.3. WILSTERMARCH
Características
raciais:- Porte grande, posterior amplo para implantação do úbere
- Cabeça grande e comprida, com pelos brancos até a nuca, orelhas grandes e
sem lã;
- Tronco comprido e anguloso; tórax amplo, costelas arqueadas.
- Animais rústicos e adaptados a ambientes úmidos.
Características
zootécnicas:- Produção de leite entre 70-100 Kg/lactação, com 6% de gordura;
- Produção de lã: velo com 3-4 Kg.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 128
3.1. Tronco de contenção: feito em tábuas cujas porta são de correr (parecido com o
de bovinos). Sua altura interna é de 0,85m, largura interna 0,45m e pode medir entre
6-10m de comprimento.
3.2. Pedilúvio: construído em cimento queimado (liso) no piso do tronco, com ligeira
declividade e profundidade entre 0,10-0,15m.
3.3. Banheiro sarnicida e escorredouro: usado para rebanhos com mais de 50 cabeças,
caso contrário usar pulverizadores. pode ser circular ou retilíneo, cuja extensão oscila
entre 4-15m, com ou sem comporta de contenção.
Dimensões: 0,60 de largura; 1,20m de profundidade; acima de 10 m de comprimento
sem comporta, com 4 m deve ter comporta; capacidade para ± 2500 l de calda.
Possuir escorredouros acoplados ao banheiro para recuperar a calda, e uma pequena
área para os animais se movimentarem e secarem até ao entardecer. Banheiro mais
escorredouro devem ser cobertos (evita diluição com águas das chuvas).
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 129
- Corredor de espera: evita que os animais cheguem suados para a tosquia, facilitando
a tosa da lã.
- Boxes contíguos ao corredor de espera para separação dos animais.
- Área de tosquia: ter um estrado limpo, possuir as máquinas de tosquia com uma
mesinha.
- No lado oposto aos boxes de espera tem os boxes dos animais tosquiados,
- Mesas de classificação e amarração dos velos, tronco de enfardar, balança, sacarias
ou engradados para colocação das lãs.
- Depósito para lã já classificada.
-Depósito para lã enfardada.
- Depósito de materiais diversos.
3.5. CRECHE: Quando se fizer necessário deverá ser construído junto ou separado
aos apriscos, sendo mais fechados e providos de fonte de aquecimento artificial para
os recém-nascidos. Usar ente 0,3-0,5m2/cab.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 130
1. MANEJO DA OVELHA:
- Colostro crucial nas primeiras 6 horas de vida, depois pode deixar a vontade
ou adotar sistema de mamadeira, congelando o excedente para eventualidades.
- Castração: feita entre 15 e 35 dias, com animais mais erados corre-se maiores
riscos
- Descole, derrabagem ou caudectomia: feita juntamente com a castração. Pode
ser cirúrgica, com ferro quente ou com anel de borracha colocado com elastrador,
quando procedida entre 24 e 48h de vida, há a queda da cauda dentro de 7-10 dias. Os
macho ficam com 5 cm enquanto as fêmeas com 10 - 15cm (diferenciação a campo).
- Sinalamento: usa-se tatuagem no pavilhão auricular esquerdo, brincos
plásticos o metálicos; mas há também aqueles com cortes específicos de cada
propriedade. Marca zootécnica e/ou da propriedade.
- Marcação: é aquele com tinta no costado ou ancas dos animais, devendo
durar de 6 meses a 1 ano. Tem por finalidade classificar os animais do rebanho quanto
à qualidade da lã, descendência, nível produtivo, etc.
- Manejo alimentar já tratado anteriormente.
3. MANEJO DO CARNEIRO:
Iran Borges9
Maria Izabel Carneiro Ferreira10
Fernando Henrique M. A. R. de Albuquerque11
Gilberto de Lima Macedo Júnior12
André Guimarães Maciel e Silva2
1. INTRODUÇÃO
9
Zootecnista - Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da EV-UFMG.
10
Médico (a) Veterinário (a) - Doutorando (a) em Ciência Animal na EV-UFMG.
11
Médico Veterinário - Mestrando em Zootecnia na EV-UFMG.
12
Zootecnista - Doutorando em Ciência Animal na EV-UFMG.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 133
Apesar dos ovinos também consumirem arbustos e ervas, sabe-se que há predileção
por gramíneas e leguminosas, e dentre esses, buscam inicialmente pelas mais tenras e
suculentas, aceitam muito bem as forragens conservadas como feno e silagem, a
primeira de forma mais intensamente, e as silagens exigem mais tempo de adaptação
COOP (1982). No Brasil, ruminantes têm sido tratados com cana-de-açúcar mais
uréia, fato que tem levado muito produtor na região Sudeste e Centro Oeste do país a
usá-las também em ovinos - esse tópico será abordado mais adiante com maiores
detalhes.
Via de regra os ovinos necessitam tomar em média dois litros de água para cada
quilograma de alimento seco consumido (2 L água/kg de MS consumida) neste
sentido Macedo Junior et al., (2005) verificaram um consumo 1,98 vezes maior que o
consumo de matéria seca, trabalhando com diferentes níveis de FDN forrageiro com
ovelhas da raça Santa Inês. O termo matéria seca (MS) é empregado na nutrição
animal com a finalidade de se comparar vários alimentos em uma mesma base, qual
seja, como se os alimentos não contivessem água, daí essa relatividade expressa por
Ferrer e Ortigosa (1989).
Além das condições ambientais, o tipo de manejo também influi nos requisitos
nutricionais dos ovinos, o NRC (1985) preconiza que ovinos em pastejo possuem
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 134
requisito energético até 100% superior aos seus companheiros de rebanho mantidos
confinados, tudo porque se eleva o que se denomina requisito de mantença (manter-se
acordado, respirar, digerir os alimentos, caminhar para procurar alimentos, água ou
sombra, e vários outros, por esses últimos, tais necessidades energéticas são
aumentadas). Mas como tais animais ainda conseguem ganhar peso, desenvolvendo-se
a contento? Muitas vezes fazem isso em um tempo relativamente mais longo que
aqueles animais mantidos confinados. É oportuno ressaltar que desempenham ao
máximo sua capacidade em pastejar seletivamente, com isso, procuram ingerir
maiores quantidades de forrageiras tenras e novas, mais ricas em energia, de melhor
digestão e com mais proteína e vitaminas. É a forma que nosso ARQUITETO DO
UNIVERSO dotou os animais para se defenderem quando dependem da natureza para
sobreviver. Daí a necessidade de se adequar as dietas a todas as necessidades e efeitos
que interagem sobre esses, de modo a tornar os animais produtivos e saudáveis.
Para solucionar a todas essas demandas, vários têm sido os sistemas de determinação
das exigências nutricionais dos ovinos. Assim é que o NRC (1985), comitê
estadunidense que padroniza as tabelas de exigências nutricionais dos animais
domésticos, empregou as técnicas de composição corporal e de ganho para tabular
seus dados e publicar as exigências nutritivas.
A nutrição mineral de ovinos por vezes tem muitas crenças, totalmente infundadas ou
decorrentes de manejo alimentar deficitário. É o caso de alguns produtores, e mesmo
empresas que elaboram misturas minerais que não usam cobre em suplementos, pelo
fato de que esse micro mineral é tóxico para ovinos. Segundo Ortolani (1996) a
incidência de intoxicação cúprica em ovinos no Hospital Veterinário da FMVZ/USP
na década de 90 foi de 1%, assim, ou há um exagero por parte dos adeptos da não
inclusão do cobre em misturas minerais para ovinos, ou a casuística do pesquisador
não traduz a realidade, fato que o autor desse presente trabalho não acredita estar
ocorrendo. Em geral verificam-se casos de intoxicação cúprica quando os animais são
alimentados com mistura mineral para bovinos, fato este bastante comum nas
propriedades. Se o cobre é tóxico para ovinos, também outros minerais o são, como é
o caso do flúor e selênio (exigências 0,1 a 0,2 e toxidez com 2 ppm), e nem por isso
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 135
são banidos das dietas e misturas minerais da espécie, desde que tecnicamente
balanceadas. Tais misturas não impõem quaisquer riscos à saúde dos animais. O que
talvez assuste alguns menos informados é o fato das exigências (7 a 11 ppm) estarem
próximos ao nível de toxidez (25 ppm), mas tem-se que considerar, dentre outras
coisas, a biodisponibilidade desse mineral nos diversos componentes da dieta (sal,
forragens e concentrados), que nem sempre é de 100% e ainda levar-se em conta que
tais níveis recomendados pelo NRC (1985) são para aquelas condições em que as
concentrações de molibidênio é inferior a 1 ppm na dieta.
Uma destas ferramentas é a avaliação da condição corporal das ovelhas e das cabras,
também chamada de escore corporal, que nada mais é do que a observação, a partir de
pontos preestabelecidos do corpo do animal, com a finalidade de ter uma avaliação da
massa muscular e/ou de gordura que esse apresenta. Para isso, é feita a palpação da
parte superior e lateral da região dorso-lombar da coluna vertebral. Percebe-se que
diferentemente dos bovinos, é fundamental que se toque os animais, principalmente os
lanados.
Recomenda-se um escore de 2,5 a 3,0 para ovelhas antes da estação de monta, de 3,0 a
3,5 no final da gestação e início de lactação e de 2,5 para o final da lactação.
Em sua revisão, Lane et al. (1986) relataram que um problema enfrentado pela maioria
dos ovinocultores é a criação de cordeiros órfãos. Como esses animais são
alimentados com sucedâneos de leite por pelo menos 28 a 35 dias, a criação artificial
acarreta altos custos com mão-de-obra, alimentação e mortalidade. Assim sendo, cabe
ao produtor considerar se o valor agregado de sua futura matriz ou reprodutor que será
incorporado no sistema, vendido ou irá para a pista, vale tal investimento.
Fisiologicamente tal salto de qualidade já está comprovado, avaliar-se-á então o
aspecto meramente econômico.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 138
Produtores que desejam ganhos não tão elevados e dispõem de maiores tempos de cria
e recria em seus rebanhos, podem optar por utilização do creep feeding. Cezar e Sousa
(2003) definiram o creep feeding com sendo um sistema de alimentação utilizado
durante a fase de cria no qual se permite que apenas os cordeiros lactentes tenham
acesso através de um pequeno dispositivo de passagem (creep) a uma suplementação
alimentar exclusiva (creep ration), normalmente concentrada, e disposta em
comedouros privativos (creep feeder) à qual as ovelhas lactantes não têm acesso. É
sabido que a suplementação alimentar dos cordeiros em sistema de creep feeding a
partir dos 20 dias de idade é uma forma de acelerar o desenvolvimento ruminal e
melhorar os ganhos de peso. Devendo-se oferecer uma ração palatável de alto nível
energético, com proteína bruta na faixa de 14% e adequado teor de minerais. (o creep
feeding pode ser empregado a partir da primeira semana de vida, o teor de PB pode ser
18%, verificar essa possibilidade).
Segundo Amarante (2001) praticamente 100% dos animais a pasto albergam uma ou
mais espécies de nematódeos. A verminose pode acometer animais de qualquer sexo e
idade, porém, o problema é mais severo nos cordeiros (Colditz et al., 1996). Animais
confinados são menos acometidos por esse problema, o que faz desse sistema de
criação, uma boa alternativa para o controle da verminose, Amarante (2001). Vale
lembrar que, em animais confinados ocorre aumento na infestação de eimeriose,
devendo o produtor sempre estar atento, fazendo periodicamente um exame de fezes
nos animais (OPG e OOPG), para ver o grau de infestação e promover uma
vermifugação criteriosa.O uso de coccidisotático na dieta dos animais também é uma
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 139
alternativa de controle desse problema além é claro das condições de higiene das
instalações.
Segundo Barros (1997) as peles ovinas e caprinas que chegam aos curtumes
apresentam muitos defeitos, dentre eles os causados por espinhos, chifradas, bicheiras,
cercas de arame farpado, sarna dermodécica (bexiga) e outras cicatrizes de origens
desconhecidas, que podem ser atribuídas às adversidades encontradas no sistema de
cria extensiva. Estes problemas podem ser minimizados no confinamento, pela
separação dos animais em lotes, de acordo com as categorias e pelo maior controle
dos animais, já que os mesmo estarão sempre em contato com o tratador, permitindo
melhor observação dos animais. Ainda como vantagens do confinamento podemos
citar: permite criar mais animais em área física menor, reduz a pressão de pastejo,
aumenta o giro de animais prontos para o abate, permite retornar mais rápido do
capital investido, etc. Entretanto, Siqueira et al., (1993) salientaram que a terminação
em confinamento implica em investimentos adicionais com instalações e alimentação,
sendo o confinamento uma boa alternativa para regiões onde há prevalência de alta
carga parasitária nas pastagens. E também em propriedades localizadas em regiões
onde o preço das terras é elevado e a presença de insumos abundantes e relativamente
mais baratas. Nesse sentido, é bom registrar que o nordeste brasileiro tem apresentado
ótimas opções para emprego em sistemas de confinamento, como por exemplo, os
resíduos de frutas oriundos da indústria de sucos ou exploração da castanha de caju,
além de grande variedade de plantas forrageiras que devem ser mais empregadas nos
sistemas de confinamentos nordestinos, saindo-se assim, sempre que possível, do
binômio milho:farelo de soja, que pode ser por demais oneroso ao criador comercial.
4. ALIMENTAÇÃO DE BORREGAS
É sempre conveniente registrar que em muitas épocas do ano, essa categoria poderá
depender de suplementação concentrada, em menor ou maior grau, mas deverá estar
sempre disponível. Diminuindo-se a quantidade de concentrados fornecidos próximo
ao parto, com isso evita-se casos de toxemia da gestação, muito freqüente em
rebanhos que super alimentam suas fêmeas. Preferencialmente, ao parto as ovelhas
devem estar com escore corporal entre 3 e 3,5 conforme escala já mencionada
(SUSIN, 1996). Ferrer e Ortigosa (1989) ressaltam ainda de que ovelhas obesas têm
perdas significativas na fertilidade, número e tamanho de suas crias, bem como a
produção leiteira. Essa última comprometerá o desempenho e em casos mais graves,
aumentará a mortalidade de cordeiros do nascimento a desmama.
Silva Sobrinho et al (1996) citam que Geenty e Rattray (1987) preconizaram que cada
unidade nessa escala equivale ao aumento de 6 a 12 kg no peso vivo e uma elevação
de 6 a 10% na gordura corporal, e também que Baertsche (1988) sugeriu uma
condição corporal de 2,5 a 3,0 para ovelhas antes da cobrição.
índices são geralmente maiores devido à ovulação dupla que à simples (Robinson,
1982). A importância do emprego do flushing um pouco antes da estação de monta
para as ovelhas mais fracas, magras ou “sentidas”, visando diminuir e/ou eliminar tal
influência causada pelo plano nutricional e eventual condição corporal, torna-se mais
evidente após a observação dos relatos acima. A observação de elevado índices de
mortalidade embrionária em ovelhas com boa condição corporal no acasalamento,
somente ocorrerá quando forem submetidas a condições de subnutrição que envolvam
ingestões de MS 20% inferiores às exigências de mantença, mesmo assim, se tais
condições prevalecerem por uma semana. Por outro lado, Coop (1982) sugeriu que
quando submetidas a jejum - ou carências - por até três dias, dentro dos primeiros
doze dias de gestação, as ovelhas que tiveram dupla ovulação, portanto terão parto
duplo, não têm expressado perdas embrionárias significativas, desde que se
apresentem com boa condição corporal. Robinson (1982) ressalta que no sentido
contrário, ou seja, quando ocorre super alimentação na fase inicial da gestação, vários
trabalho salientaram que pode-se constatar efeito negativo sobre a viabilidade
embrionária.
De acordo com Scott (1970) os efeitos da nutrição sobre a gestação têm sido
estudados por vários pesquisadores, apontado que desde os trabalhos de Hammond em
1932, quando esse avaliou os pesos de cordeiros advindos de partos simples, duplos
ou triplos e postulou que “não se obtivera provas suficientes para determinar se tal
relação dependia da condição da ovelha antes do parto”, ou seja, suspeitava-se que o
“preparo” da fêmea para a gestação-parto pudesse estar exercendo influência no peso
de seus produtos. Desde então especial ênfase tem sido dada ao programa nutricional
de ovelhas no seu terço final. E não se pode esquecer de que em quaisquer sistemas
produção de ovinos a nutrição dos cordeiros (as) inicia-se durante a gestação, daí a
necessidade de se priorizar a nutrição da ovelha gestante nos últimos dois meses antes
do parto.
Nota-se que o desenvolvimento fetal apresenta rápido crescimento após 90 dias, e que
segundo os autores acima, equivale a 15% do peso ao nascer dos cordeiros, assim
espera-se que o restante (85%) do crescimento do feto dá-se nos últimos dois meses
de gestação. Ou ainda, na visão de Figueiró (1989) os três meses iniciais da gestação
produzem cerca de 25% do peso a idade adulta, ficando os 75% restantes para os dois
últimos (Figura 1). Daí registra-se novamente, a necessidade de um melhor aporte de
nutrientes fornecidos por uma dieta específica para essa fase da gestação. Assinalaram
ainda que um regime superalimentar no início da gestação, ao invés de benéfico, pode
ocasionar grandes perdas embrionárias. Daí existe a recomendação (Susin, 1996) de
que as exigências nutricionais para as primeiras 15 semanas sejam calculadas para
exceder ligeiramente aquelas para mantença, visando já ir preparando a ovelha para a
futura lactação.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 142
Peso ao
nascer (kg)
1 2 3 4 5 (meses de gestação)
• A recuperação não chega a ser total quando ovelhas que ainda não atingiram o peso
adulto sofrem restrição alimentar;
• Apesar de poucas comprovações, mas um fato que ocorre com muita freqüência, é
o que se costuma denominar como efeito individual ou potencial da ovelha em
compensar a perda de peso ocorrida na fase inicial da gestação.
Mas uma coisa é certa, não se deve permitir que ovelhas gestantes percam mais do que
7% de seu peso na fase inicial da gestação, o que para Fraser e Stump (1989) equivale
a mudança de 0,5 na escala da condição corporal.
Com relação à recuperação dessa condição corporal, é oportuno salientar que, via de
regra, as ovelhas melhoram tal condição durante o último período da lactação e após o
desmame. Para Scott (1970) a intensidade e o tempo gasto para tal recuperação são
dependentes de diversos fatores: número de cordeiros nascidos e/ou amamentados,
duração do período lactacional, estado em que se apresentam as pastagens, tipo de
exploração a que estão submetidas, eficácia da estratégia sanitária adotada, dentre
outros. Existem relatos mostrando que mesmo quando já atingem o balanço energético
positivo, algumas ovelhas continuam com o catabolismo da gordura corporal.
Diante do acima exposto é que se recomenda que rebanhos elite devem fazer uso de
diagnósticos de gestação com por ultra sonografia, ou outro método, pois assim serão
identificadas aquelas ovelhas cujos ventres mostram-se com gêmeos; e se a
propriedade já tem lotes distintos para ovelhas nessa fase de gestação, é importante,
indispensável, que um novo sub-lote seja montado para atender a essas portadoras de
gêmeos, uma vez que têm maiores exigências nutricionais que as demais
companheiras de rebanho. Para rebanhos comerciais, a distinção de um novo lote
também faz-se necessário, nesse caso o produtor tem como técnica de manejo
observar a rápida queda do escore corporal de algumas fêmeas do lote no terço final
de gestação, pois a possibilidade é muito grande de que essas ovelhas estejam
portando gêmeos. Nas observações práticas, em ambos os sistemas, tem-se observado
a negligência desse manejo diferenciado para um novo lote de ovelhas em final de
gestação; como resultado é comum observar aumento de incidência de toxemia da
gestação, nesse caso devido à sub-nutrição pontual desses animais (não tem supridas
suas exigências nutricionais - que são maiores que das outras ovelhas nessa fase).
Então cuidado com ovelhas nessa fase e nessas condições de gestação gemelar. No
terço final da gestação não se consegue corrigir o escore corporal das ovelhas.
Trata-se de uma doença metabólica que acomete fêmeas de várias espécies, dentre as
quais destacam-se as ovelhas gestantes em final da gestação (últimos 45 a 60 dias),
com maior ocorrência naquelas com dois ou mais fetos. É conseqüência da nutrição
inadequada durante a gestação, sendo que para Scott (1970) a grande maioria dos
casos ocorre mais por carência do que por excesso de alimentação, muito embora não
descarta a possibilidade de que ovelhas super alimentadas durante a gestação, ou
mesmo a partir da estação de monta, apresentarem tal distúrbio. No Brasil a maioria
dos casos deve ocorrer devido à primeira causa (principalmente durante o inverno,
quando as pastagens perdem muito do valor nutritivo) muito embora, programas de
flushing alimentar mal elaborados podem colaborar com as estatísticas da segunda, da
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 144
mesma forma, em rebanhos elite, onde programas de nutrição para ovelhas não têm
dado atenção devida a esse aspecto, promovendo a super alimentação de fêmeas que
apresentam o quadro clínico característico. Espera-se que a ocorrência desse segundo
tipo seja distribuída igualmente por todo o ano e não apenas na época de escassez de
alimentos, com a maioria dos casos relatados em condições de confinamento ou semi-
confinamento, geralmente sem a supervisão de um nutricionista especialista em
ovinocultura. Portanto, um programa alimentar baseado nas exigências nutricionais
para as distintas fases da gestação e mesmo pré-estação, bem como a utilização de
alimentos de qualidade nessas etapas, tornam-se medidas preventivas eficazes contra a
toxemia.
De acordo com Ferrer e Ortigosa (1989) é comum que ovelhas percam cerca de 5 kg
de peso em lactações de 4 meses de duração, muito embora isso seja verdade, é
prudente lembrar que perdas maiores serão registradas quando as mesmas não tiverem
o devido acesso ás melhores forrageiras nessa fase e/ou estejam recebendo
suplementação concentrada devidamente balanceada. Tal fato é muito comum em
rabanhos comerciais, quando os produtores negligenciam tais princípios do manejo
alimentar, podendo ser facilmente corrigido com adoção de técnicas adequadas de
manejo de pastagens e alimentar para essas ovelhas, destinando-lhes os melhores
piquetes ou áreas de pastejo à essa categoria na fazenda, lembrando que nesses casos
as crias também serão beneficiadas, pois terão a disposição as melhores forragens em
um momento decisivo para seu desenvolvimento, conforme relatado em item acima.
Quando o produtor tiver área com essas características, mas que não atenda a todas as
ovelhas nessa categoria, é importante que se priorize aquelas mães com mais de um
cordeiro ao pé. Já para rebanhos elite deve-se recomendar muita atenção nos escores
corporais excessivamente altos (acima de 3,75 ou 4,0) no início da lactação,
decorrente de super alimentação nas fases anteriores.
O manejo nutricional das ovelhas inicia-se na estação de monta, passa a ser muito
dependente no terço final de gestação e culmina no início da lactação. Concluindo,
pode-se dizer que essa fase, a mais exigente de todas, é altamente dependente das
anteriores.
Nessa fase as ovelhas devem recuperar seu peso, devido às perdas oriundas da
lactação, para tanto, podem receber pequenas quantidades de concentrado (cerca de
20% acima das exigências de mantença) (Scott, 1970), ou ficar em pastagens de
qualidade similar ao das ovelhas gestantes. No Sudeste do Brasil, alguns ovinocultores
que empregam o pastejo rotacionado, destinam um dia de pastejo às ovelhas em
lactação e final de gestação, e no segundo dia entram na área com ovelhas secas e
vazias, e apesar de não possuírem dados científicos para comprovar a eficácia, os
dados produtivos e reprodutivos demonstram melhorias significativas quando
comparados aos sistemas tradicionais que não priorizam tal categoria. Para produtores
que não adotam o pastejo rotacionado, podem destinar áreas de melhor qualidade, mas
um pouco inferior àquela das ovelhas lactantes, para essa categoria, caso seja possível,
poderá mantê-las por duas ou três semanas, em mesma área, junto àquelas em
lactação.
As exigências para ovinos, segundo o NRC (1985), podem ser verificadas nas tabelas
2, 3, 4 e 5, a seguir:
Em dietas onde se misturam todos os ingredientes da dieta o sal branco (NaCl) pode
ser empregado em 0,50% da MS total ingerida. Ovelhas podem ingerir de 7,1 a 11,3 g
de NaCl/cab/dia quando ofertado isolado.
13
www.cncps.cornell.edu/cncps/main.htm
14
www.zootecnista.com.br
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 148
10. CONSIDERAÇÕES
O emprego da “leitura” do escore corporal deve ser prática presente e constante que
quaisquer de rebanhos ovinos.
Planos nutricionais distintos devem ser elaborados para os reprodutores, sendo que
nos rebanhos elite, cuidado especial para evitar-se a ocorrência de cálculos renais,
devido ao fornecimento, por vezes excessivo, de concentrados; em ambos rebanhos
preconizar programas pré, durante e pós estação de monta para os carneiros em
serviço.
AMARANTE, A.F.T. Como conviver com a verminose. In: III SIMPÓSIO MINEIRO
DE OVINOCULTURA: CADEIA PRODUTIVA-OVINOCULTURAL, 1,
Lavras, MG, 2001. Anais... p. 121-145 .
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animal science - C - Production-system approach . Elsevier, Amsterdam. 1982. p.
103-118.
ALIMENTOS DISPONÍVEIS:
ALIMENTOS MS PB NDT FB Ca P
Grama Estrela 31,2 8,9 49,0 29,6 0,46 0,20
Feno Aveia 86,2 9,2 54,0 30,4 0,26 0,24
Farelo Arroz 91,0 14,8 80,0 11,0 0,07 2,00
MDPS 92,0 6,5 70,2 10,5 0,23 0,31
Farelo Algodão 91,0 39,0 65,0 12,8 0,17 1,28
Fosf. bicalc. 100,0 - - - 23,0 18,0
Calcário 100,0 - - - 37,0 -
Sal Mineral 100,0 - - - - -
C) Farelo de Algodão
I A + B + C = 1,3
II 0,089A + 0,1065B + 0,39C = 0,154
III 0,505A + 0,7510B + 0,65C = 0,82___
Substituindo A em IV teremos:
0,305 Kg de MDPS
0,301A + 0,2835B = 0,353
B = 0,610 Kg
B = 0,353 - (0,301 x 0,598) 0,305 Kg de farelo de
arroz
0,2835
Substituindo A e B em I acharemos o C:
A + B + C = 1,3 Kg
Substituímos B na equação I
TOTAL % TOTAL %
97,08 → 100 97,08 → 100
12,63 → X 84,45 → Y
1) Ração completa par ovelhas com 50 kg de peso vivo e com um cordeiro ao pé.
TENTATIVA 1:
TENTATIVA 2:
1,03 ÷ (3,18 - 1,37) = 0,57 ou 57% de trigo grão (3,18 é a EM do trigo e 1,37 da
palha).
100 - 57 = 43% de palha de trigo, que daqui para diante não sofrerá alterações. Tem-se
então:
TENTATIVA 3:
Substituindo o trigo grão por sorgo grão.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 156
Tem-se agora:
Observação: Os teores de MS dos alimentos são: Palha de trigo = 90,1, Trigo grão =
89,0 e sorgo grão = 89,0%.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 157
*** Nota-se que é mais apropriado para raças especializadas para lã.
d) Conformação: sem defeitos como: cernelha alta; depressão acentuada atrás das
espáduas; lombo e dorso deprimidos ou arqueados, etc.
f) Quantidade de lã: pode ser conseguida contrastando animais com e sem rugas,
evitando-se rugas em demasia, geralmente promovem queda na qualidade. No índice
DUBOIS as rugas assumem caráter negativo (-11N).
g) Cobertura da cara: constratar cara limpa vs.cara coberta. Cara limpa tem maior
produção de cordeiros (> fertilidade), mas na produção de lã não tem diferença.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 158
1. Puberdade: Geralmente as fêmeas apresentam cio entre 4 - 6 meses nas raças mais
precoces, no entanto é mais comum à idade de 7 - 10 meses. Raças de corte entram na
puberdade entre 9 - 10 meses, enquanto as de aptidão mista, mais tardias, entre 18 - 22
meses.
Os machos devem ser utilizados com 1,5 a 2 anos (2 dentes).
Borregas de corte ou lanígeras entram para reprodução geralmente após 18
meses, apresentando peso vivo de 40 a 45 Kg (65 a 75% PV adulto), quando terão
condições corporais ideais para a reprodução, além disto existem trabalhos mostrando
que após 40 Kg de PV, cada ganho de 5 Kg no peso representam elevação de 6% na
fertilidade. Deste modo as flutuações nutricionais pré-púbere antecipam ou retardam o
início da vida reprodutiva, juntamente com raça e estação do ano: via de regra estas
últimas irão influir no peso e idade à puberdade.
MONTA PARTO
Tosquia
e
Desmama
Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out
Nov
3.3. Inseminação Artificial: Irá exigir instalações adequadas, bem como pessoal
altamente qualificado. IA pode ser intracervical superficial, intravaginal ou intra-
uterina (mais riscos para o trato reprodutivo. Há maiores possibilidades de erros que
na IA de outras espécies, principalmente no que se refere ao congelamento do sêmen,
que é muito difícil, exigindo o uso de sêmen fresco ou resfriado. Isto pode ser devido:
a) Falha no mecanismo de transporte do espermatozóide congelado através da cérvice;
b) Reduzida longevidade numa alta proporção espermática; c) Choque de temperatura
da faixa de 0ºC. Assim o sêmen deve ser colhido na propriedade e diluído ou
transportado resfriado por uma distância relativamente pequena, exigindo um
esquema muito bem montado. Justifica-se para rebanhos com mais de 500 ovelhas
em estação.
o índice de fertilidade obtido em programas de IA está entre 80-90% em rebanhos
gerais, mas se houver controle até o 2º cio pode-se atingir 100%.
a-
Bilhões por cm3
Registra-se ainda que boa parcela da vida desses cordeiros transcorre-se no útero,
visto que são 20 a 21 semanas de gestação, e o período de vida dos animais
(nascimento ao abate) será de 12 a 16 semanas em sistemas de criação mais intensivo,
ou de 16 a 24 noutros. Obviamente que na exploração de borregos ou borregões, dar-
se-á a diluição desse efeito, que no entanto, ainda assim far-se-á presente.
Observados todos os aspectos levantados anteriormente, pode-se dizer que falta agora
um programa de seleção e melhoramento genético para o plantel, premissa básica para
que a ovinocultura atinja índices zootécnicos cada vez melhores.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 165
1. Estação de Nascimento:
2. Período de Serviço:
Alguns índices de fertilidade e perdas que servem como parâmetro para a exploração
ovina são mostrados no quadro 1.
Várias são as revisões que enumeram os todos os fatores que conduzem à mortalidade
embrionária, os quais, além aqueles de caráter nutricional, podem deverem-se à
exposição contínua às altas temperaturas, idade da ovelha, e no caso de ovelhas muito
prolíferas ou submetidas a processos super-ovulatórios, o surgimento de crowding
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 166
uterine - útero abarrotado. Mas também pode sofrer influência de baixas temperaturas
(difícil no Brasil), manejo, transporte, queda ou choques, superlotação e outros
estressores, se bem que esses últimos são mais conjeturais que fatuais.
Para a ovelha muito jovem, tudo leva a crer que a mortalidade embrionária esteja mais
relacionada ao embrião em si que com o ambiente uterino, pois comparando-as com
as mais velhas, notou-se que as primeiras apresentam embriões geralmente mais
“tardios” e maiores percentuais de perdas.
O interesse crescente para obter-se ovelhas mais prolíferas e altos índices de produção
de cordeiros tem revelado que, em fêmeas com mais de cinco ovulações, há um
marcado acréscimo na incidência de perda embrionária. Em alguns casos tais perdas
são facilmente detectadas pela presença de tecidos placentários atrofiados que
persistem até o parto.
Citando trabalho de McDonald (1979), Coop (1982) descreveu a curva abaixo que
representa de crescimento do feto ovino, de vários tipos de parto em ovelhas Suffolk x
(Finnish Landrace x Dorset Horn) que possuíam peso média ao parto de 70 kg:
Para aquelas ovelhas que atingiram a estação de monta com boa condição corporal
pode-se dar uma restrição alimentar no terço médio da prenhez, desde que não
ultrapasse 5% de perda do peso materno, pois até tal limite é improvável que ocorra
efeito adverso no desenvolvimento fetal. No entanto, Robinson (1982) salientou que
restrições mais severas, com perda de até 12% do peso da mãe, podem provocar
reduções de ganho de até 10% no feto aos 90 dias. Sempre ressaltando que nas
ovelhas primíparas esse efeito apresenta-se mais acentuado.
Como o rápido crescimento da massa fetal é evidenciado nas últimas quatro semanas
de gestação, é comum a recomendação de melhorar-se o plano nutricional nessa fase.
Mas isso só será bem executado quando for realizada uma boa sincronização de cios
no início da estação de monta, ou ainda quando o plantel tiver uma perfeita
escrituração zootécnica, contendo dentre outros dados, a data precisa da cobertura (ou
inseminação) e a provável época do parto. Em rebanhos menores, essa segunda opção
já auxilia muito, mas nos maiores (acima de 500 cabeças) já mostra-se inadequado,
devendo-se lançar mão da sincronização.
Quando ovelhas são manejadas em condições alimentares adversas essa estratégia per
si pode não solucionar o problema e assim, os cordeiros podem nascer abaixo do peso
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 169
esperado, uma vez que suas mães podem perder até 20% do peso, fato que dificulta a
manutenção da taxas normais do desenvolvimento fetal (Robinson, 1982).
4.3. Doenças:
Sebendo-se que o crescimento dos cordeiros inicia-se durante sua vida intra-uterina,
torna-se importante efetuar-se a pesagem e mensurações dos animais ao nascimento
para se conhecer e/ou avaliar a influência dos inúmeros fatores sobre o crescimento
pré-natal.
Para Dalton et al (1980) a mortalidade de cordeiros mais leves ao nascimento tem sido
atribuída, com maior freqüência à inanição e por vezes às adversidades climáticas
(frio excessivo - para Minas Gerais justifica apenas para madrugadas de inverno, isso
se o nascimento coincidir com esse período). Nesses casos de morte pelo frio, existe
uma corrente de pesquisadores que aponta a maior presença de gordura marrom nos
cordeiros mais pesados, e também com mais gordura, como as principais formas de
defesa contra o meio hostil.
Apesar de muito confundido com o peso da ovelha, a sua idade também influencia no
peso dos cordeiros, uma vez que aquelas mais novas, sem completar totalmente seu
crescimento, apresentam-se com produtos mais leves. Fato aliás que também pode ser
observado em outras espécies (Scott, 1983). Muito embora seja uma afirmação
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 171
consistente, deve-se ressaltar que cobrindo ovelhas com mais de um ano de idade,
para raças especializadas para corte, tal diferença entre as primíparas e suas
companheiras mais velhas mostra-se menor ou inexistente, em alguns poucos casos
observados na prática.
Garcia (1986) citado por Siqueira (1996) demonstrou o efeito significativo que o peso
ao nascer exerceu sobre a mortalidade de cordeiros Merino Precoce quando criados
sob as condições ambientais do Chile, conforme pode-se verificar no quadro 2.
Sabe-se que os machos nascem mais pesados que as fêmeas. E nesse sentido, Fraser e
Stamp (1989) apresentaram que os machos de raças inglesas podem pesar 220 a 250 g
a mais que as fêmeas ao nascimento, acrescentando que o peso de um cordeiro
nascido de mesmo parto com uma irmã, pode ser o dobro quando comparado dois
machos nascidos de juntos em parto duplo, a recíproca é verdadeira quando compara-
se a fêmea nascida gêmea com um macho e suas companheiras cordeiras gêmeas de
partos duplos.
O plano nutricional adotado para o terço final da gestação mostra-se com maior
influência, mas também o estado corporal da ovelha ao entrar para a estação de monta
tem efeito relevante, não só no peso ao nascer, como também na mortalidade
embrionária (já discutido), principalmente quando encontra-se em estado de escore 0
ou 1.
De acordo com Scott (1980) os efeitos da nutrição sobre a gestação têm sido
estudados por vários pesquisadores, apontado que desde os trabalhos de Hammond em
1932, quando esse avaliou os pesos de cordeiros advindos de partos simples, duplos
ou triplos e postulou que “não se obtivera provas suficientes para determinar se tal
relação dependia da condição da ovelha antes do parto”, ou seja, suspeitava-se que o
“preparo” da fêmea para a gestação-parto pudesse estar exercendo influência no peso
de seus produtos. Desde então especial ênfase tem sido dada ao programa nutricional
de ovelhas no seu terço final.
Dias de
gestação Percentagem do útero gravídico
Útero vazio Placenta Fluídos Feto
62 30,2 30,2 32,9 06,7
90 17,8 23,3 31,4 27,5
112 13,1 13,5 18,5 54,9
140 09,4 07,5 20,1 62,8
Fonte: Robinson et al (1977)
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 173
Nota-se que o desenvolvimento fetal apresenta rápido crescimento após 90 dias, e que
segundo os autores acima, equivale a 15% do peso ao nascer dos cordeiros, assim
espera-se que o restante (85%) do crescimento do feto dá-se nos últimos dois meses
de gestação. Ou ainda, na visão de Figueiró (1989) os três meses iniciais da gestação
produzem cerca de 25% do peso a idade adulta, ficando os 75% restantes para os dois
últimos (Fig.3). Daí registra-se novamente, a necessidade de um melhor aporte de
nutrientes fornecidos por uma dieta específica para essa fase da gestação. Assinalaram
ainda que um regime superalimentar no início da gestação, ao invés de benéfico, pode
ocasionar grandes perdas embrionárias. Daí existe a recomendação (Susin, 1996) de
que as exigências nutrionais para as primeiras 15 semanas sejam calculadas para
exceder ligeiramente aquelas para mantença, visando já ir preparando a ovelha para a
futura lactação.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 174
1 2 3 4 5 (meses de gestação)
Figueiró (1989)
Mas o ponto fundamental que deve ser questionado é: Até que ponto é possível
compensar, no terço final da gestação, os efeitos de uma subnutrição imposta na sua
primeira metade? É realmente uma tomada de decisão difícil, pois vários fatores
estarão interagindo nesse fenômeno. Mesmo assim é possível enumerar alguns
aspectos que fornecerão suporte para uma resposta mais segura:
• A recuperação não chega a ser total quando ovelhas que ainda não atingiram o peso
adulto sofrem restrição alimentar;
• Mesmo algumas ovelhas mais velhas, após saírem de um plano de subnutrição na
primeira metade da gestação, podem destinar os nutrientes ministrados ao final da
gestação mais para a recuperação de suas reservas que para o crescimento fetal. Há
sem dúvida, um componente genético muito forte, por outro lado, deve-se
considerar o estado corporal como tais animais atingiram, não só a prenhez, mas
inicialmente a estação de monta;
• Merecem destaques ainda, aspectos como a idade da ovelha e sua condição
corporal inicial, o número de cordeiros por parto, e possivelmente a intensidade da
perda de peso registrada na fase inicial, pois de forma isolada e/ou conjuntamente
estarão determinando a importância que a subnutrição imporá no desempenho das
futuras mães;
• Apesar de poucas comprovações, mas um fato que ocorre com muita freqüência, é
o que costuma-se denominar como efeito individual ou potencial da ovelha em
compensar a perda de peso ocorrida na fase inicial da gestação.
Mas uma coisa é certa, não se deve permitir que ovelhas gestantes percam mais do que
7% de seu peso na fase inicial da gestação, o que para Fraser e Stump (1989) equivale
a mudança de 0,5 na escala da condição corporal.
Com relação à recuperação dessa condição corporal, é oportuno salientar que, via de
regra, as ovelhas melhoram tal condição durante o último período da lactação e após o
desmame. Para Scott (1980) a intensidade e o tempo gasto para tal recuperação são
dependentes de diversos fatores: número de cordeiros nascidos e/ou amamentados,
duração do período lactacional, estado em que se apresentam as pastagens, tipo de
exploração a que estão submetidas, eficácia da estratégia sanitária adotada, dentre
outros. Existem relatos mostrando que mesmo quando já atingem o balanço energético
positivo, algumas ovelhas continuam com o catabolismo da gordura corporal.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 175
Silva Sobrinho et al (1996) citam que Geenty e Rattray (1987) preconizaram que cada
unidade nessa escala equivale ao aumento de 6 a 12 kg no peso vivo e uma elevação
de 6 a 10% na gordura corporal, e também que Baertsche (1988) sugeriu uma
condição corporal de 2,5 a 3,0 para ovelhas antes da cobrição, de 3,0 a 3,5 no final da
gestação e início da lactação e para o final da lactação de 2,5.
Trata-se de uma doença metabólica que acomete fêmeas de várias espécies, dentre as
quais destacam-se as ovelhas gestantes em final da gestação (terço final), com maior
ocorrência naquelas com dois ou mais fetos. É conseqüência da nutrição inadequada
durante a gestação, sendo que para Scott (1980) a grande maioria dos casos ocorre
mais por carência do que por excesso de alimentação, muito embora não descarta a
possibilidade de que ovelhas super alimentadas durante a gestação, ou mesmo a partir
da estação de monta, apresentarem tal distúrbio. No Brasil a maioria dos casos deve
ocorrer devido à primeira causa (principalmente durante o inverno, quando as
pastagens perdem muito do valor nutritivo) muito embora, programas de flushing
alimentar mal elaborados podem colaborar com as estatísticas da segunda. Espera-se
que a ocorrência desse segundo tipo seja distribuída igualmente por todo o ano e não
apenas no inverno, com a maioria dos casos relatados em condições de confinamento
ou semi-confinamento. Portanto, um programa alimentar baseado nas exigências
nutricionais para as distintas fases da gestação e mesmo pré-estação, bem como a
utilização de alimentos de qualidade nessas etapas, tornam-se medidas preventivas
eficazes contra a toxemia. A figura 4 mostra a relação entre exigências nutricionais da
ovelha e dos fetos em MJ/dia na parte externa do gráfico e Mcal/dia na interna.
Como há diferença nas exigências nutricionais das ovelhas gestantes primíparas com
aquelas mais velhas (3-6 anos) e também com a prolificidade (número de
cordeiros/parto) em cada grupo desses, torna-se necessário um programa alimentar
diferenciado para cada lote. Após o parto, esse tipo de separação deve persistir,
visando dar melhores condições de recuperação devido à gestação, como também
objetivando a lactação que se inicia.
Ovelhas que tornarem-se mais agressivas, durante e/ou no final da gestação, devem
ser mantidas isoladas das demais, pois corre-se o risco de quedas de produtividade
devido ao estresse que causarão. Pois geralmente acontece de que aquelas menores e
mais jovens apresentem subalimentação.
Esses dois aspectos têm sido negligenciados pela maioria dos produtores e técnicos,
no entanto vêm merecendo atenção em todos estudos de etologia animal,
principalmente quando considera-se o forte caráter gregário dos ovinos.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 177
EXIGÊNCIAS
ENERGÉTICAS
(MJ/dia)
2,39
PARTO SIMPLES
1,20
CONVERSÃO DA OVELHA
• Cacarreio: tosquia do úbere e região entre-pernas das fêmeas também pode ser feita
30 dias antes da parição (evitará que o cordeiro mame mechas de lã suja, podendo
inclusive prejudicar fortemente seu desenvolvimento inicial e sua imunidade).
• Comedouros e bebedouros devem se limpos periodicamente, evitando-se acúmulo
de resíduos alimentares, fecais e crescimentos de fungos.
• Observar a lotação das pastagens é crucial para evitar problemas sanitários, uma
vez que quanto maior o nível de ocupação maior a presença de verminose. Pois os
ovinos são muito suscetíveis à infestação parasitária e de fraca resistência às
epizootias ou doenças infecciosas, daí a importância das medidas preventivas e
higiênico-sanitárias. Para as ovelhas gestantes, destinar piquetes específicos,
quando não for possível, por questão de custo operacional, tamanho da área, etc.,
reservar pelo menos uma área como piquete maternidade.
• Galpão de tosquia ou outro pode ser usado quando os partos dão-se em condições
climáticas muito desvaforáveis, aí segundo Villarroel (1989) o tamanho ideal dessa
instalação seria aquele capaz de comportar de 5 a 8% do total de ovelhas, visto que
essa é a faixa média de partos a cada 48 horas, estando na estação de nascimento.
8. Referências bibliográficas
COOP, I. E. ed. Sheep and goat production. World animal science - C - Production-system approach .
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matting and weight of newborn lamb. Animal Production, v.12, n.2, p.273-280,
1970.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 180
- Genótpo
- Estado de saúde
- Imunização
- Quinioprofilaxia OVINO
- Quimioterapia
- Sacrifício e queima do
animal
- Pastagens
VETOR OU Controle ou AMBIENTE - Água
HOSPEDEIRO erradicação - Ar
INTERMEDIÁRIO
- Isolamento
dos infetados
- Higiene
Quarentena
1.1. HIGIENE
São todos os meio físicos de propiciar saúde aos animais, seja dos alojamentos,
dos animais ou dos alimentos:
Das instalações: inicia pelos detalhes construtivos, depois pela limpeza e desinfecção.
P. ex. a retirada do esterco pode ser feita a cada 15 ou 30 dias, com uso de camas bem
manejadas até a cada 6 meses. Após a retirada dos dejetos usar um desinfetante (fenol
a 3%, amônia quaternária a 4%, cloramina a 4%, cal virgem no solo 10g/50m2, sempre
evitando o excesso de matéria orgânica que compromete a eficácia destes produtos.
Outro detalhe muito importante diz respeito à higienização dos bebedouros e
comedouros (fezes e terra).
Dos alimentos: não só pela qualidade bromatológica mas também pela presença de
microrganismos e princípios tóxicos. p. ex. AFLATOXINA nos farelos e fenos. Pastos
contaminados com Haemonchus devem sofrer rodízios e descanso de 2 a 4 meses no
verão e inverno, respectivamente, ou então propiciar o pastejo alternado com bovinos
ou eqüinos.
Dos animais:
- Desolha ou desolhe: limpeza e/ou tosquia da lã ao redor dos olhos, principalmente
nas ovelhas (fertilidade do Corriedale);
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 183
quentes do dia. As larvas amadurecem por períodos entre 25 dias a 2,5 meses e
geralmente são expelidas por espirros. Estes quando ocorrem com freqüência são
sintomas clássicos. Podem ocorrer mortes devido a infecção secundária ou mesmo por
perfusão da lâmina cribiforme e daí lesões cerebelares.
Controle: Administração de rafoximida oral (7,5 mg/Kg de PV), usar diretamente nas
narinas dichlorvos ou fenothion, ou ainda avermectinas; uso de aerossóis contra
moscas domésticas.
Para pastejo:
Pode usar 1 bovino = 5 ovinos (maiores ganhos)
usando 1 bovino = 8 a 10 ovinos (menores ganhos ou deslanados)
1) OVELHAS:
2) CORDEIROS:
3) BORREGOS:
ALIMENTOS DISPONÍVEIS:
ALIMENTOS MS PB NDT FB Ca P
Grama Estrela 31,2 8,9 49,0 29,6 0,46 0,20
Feno Aveia 86,2 9,2 54,0 30,4 0,26 0,24
Farelo Arroz 91,0 14,8 80,0 11,0 0,07 2,00
MDPS 92,0 6,5 70,2 10,5 0,23 0,31
Farelo Algodão 91,0 39,0 65,0 12,8 0,17 1,28
Fosf. bicalc. 100,0 - - - 23,0 18,0
Calcário 100,0 - - - 37,0 -
Sal Mineral 100,0 - - - - -
C) Farelo de Algodão
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 190
I A + B + C = 1,3
II 0,089A + 0,1065B + 0,39C = 0,154
III 0,505A + 0,7510B + 0,65C = 0,82___
Substituindo A em IV teremos:
0,305 Kg de MDPS
0,301A + 0,2835B = 0,353
B = 0,610 Kg
B = 0,353 - (0,301 x 0,598) 0,305 Kg de farelo de
arroz
0,2835
Substituindo A e B em I acharemos o C:
A + B + C = 1,3 Kg
Substituímos B na equação I
TOTAL % TOTAL %
97,08 → 100 97,08 → 100
12,63 → X 84,45 → Y
1) Ração completa par ovelhas com 50 kg de peso vivo e com um cordeiro ao pé.
TENTATIVA 1:
TENTATIVA 2:
1,03 ÷ (3,18 - 1,37) = 0,57 ou 57% de trigo grão (3,18 é a EM do trigo e 1,37 da palha).
100 - 57 = 43% de palha de trigo, que daqui para diante não sofrerá alterações. Tem-se então:
TENTATIVA 3:
Tem-se agora:
Observação: Os teores de MS dos alimentos são: Palha de trigo = 90,1, Trigo grão = 89,0 e sorgo grão
= 89,0%.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 195
1.2. BORREGO: Animais com 1 a 1,5 anos. Têm ossatura mais desenvolvida,
contribuindo para que seu rendimento caia para 38 a 43%. Seu peso vivo está
entre 30 e 50 Kg. Sua carne é mais vermelha que a anterior e com ± 35% de
gordura na carcaça. Sua aceitação pelo consumidor ainda é boa, devido em
grande parte ao maior peso final ao abate que dos cordeiros (transporte,
comercialização, Tc).
1.3. CAPÃO: Por serem machos adultos, apresentam-se com maiores pesos (45 a 50
Kg de PV) e o rendimento médio de 41%. Carne vermelha intensa e com maior
teor de gordura de cobertura, chegando a ser excessiva. Talvez sua vantagem
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 196
sobre os borregos seja seu rendimento de carcaça, que pode ultrapassar 44%.
Mas esta deve-se em boa parte à maior deposição de gordura, fato que limita a
aceitação pelo consumidor.
1.4. OVELHA: Geralmente de animais com idade avançada. É uma carcaça maior,
com ossos mais pesados, excessiva cobertura de gordura, musculatura rígida e
com baixa palatabilidade. Carne de coloração vermelho bem escura. Seu
rendimento de carcaça é de 40%. Por tudo isto é mais consumida na
propriedade ou por consumidores menos exigentes.
1.5. CARNEIRO: São todos os machos que não se prestam mais à reprodução. Têm
baixo valor comercial, musculatura bem escura, ossos mais pesados e
excessiva cobertura de gordura. Este último confere-lhe um sabor atípico, a
ponto de ser comercializado beneficiado (charques, guisado, carneiro no
buraco, embutidos, defumados ou lingüiças).
Estipula-se um bom ganho de peso por dia como sendo entre 130 e 250g
(Brasil), na Europa é de 350g/dia.
Pode ser usado como parâmetro para avaliação do desempenho produtivo e
eficiência da dieta.
Deve-se conhecer a faixa etária onde ocorre o maior crescimento, assim pode-
se programar o sistema de terminação dos cordeiros, usando-os nesta fase, antes que o
crescimento comece a declinar. No Brasil esta faixa amplia-se de 2 a 5 meses de vida.
Para as raças inglesas, o maior GPD situa-se entre 70 e 90 dias de vida. Sexo e tipo de
parto influenciam no GPD: gêmeos têm velocidade de ganho inferior aos de parto
simples, e os machos melhores que fêmeas. Considerar o plano NUTRICIONAL
Poderia ser mais atuante para reverter a baixa demanda do produto e a falta de
iniciativa da indústria. Deve-se trabalhar para evitar a sazonalidade de produção,
como também diminuir a oferta de carcaças heterogêneas. A elaboração de novos
cortes e/ou derivados não tem sido esquecidos para que se incremente o mercado de
carne ovina.
5. CLASSIFICAÇÃO DE CARCAÇA:
5.1. Idade:
Cordeiro Mamão: Machos castrados ou não e fêmeas com até 6 meses; carcaça entre
6 Kg a 8 Kg (dentes de leite).
Cordeiro: Machos castrados e fêmeas com dente de leite; carcaça com mais de 8 Kg.
Borrego: Machos e fêmeas com máximo de 2 pinças da 2ª dentição, sem queda dos
primeiros médios; carcaça com mais de 15 Kg.
5.2. Maturidade:
6. DIVISÃO DE CARCAÇA:
6.2. Paleta com costela: corte a partir da 5ª e 6ª costelas para o aproveitamento das
duas;
6.4. Peito: de menor rendimento, mais usado para charque e pratos como a feijoada e
ensopados. Formado pelo esterno e região inferior das costelas;
1º ano 2º semestre:
126 ovelhas x 0,90 = 114 prenhes; 114 x 1,3 (partos duplos) = 149 produtos
2º ano 1º semestre:
3º ano:
Já existem Borregas com mais de 12 meses para venda; no entanto podemos optar por
vendê-las ainda como cordeiras (com 5 meses ou até 12 meses), dependerá da
estratégia de mercado e de reposição a ser adotada.
MANUAL PRÁTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA 205
A LÃ E SUA PRODUÇÃO
A FIBRA DA LÃ:
INTERNA (cortícula): formada por células fusiformes alongadas que dão resistência à
lã.
EXTERNA (cutícula): camada de queratina revestida de escamas.
A Lã deve ser amedulada para ter melhor qualidade, no entanto podem aparecer
fibras semi-medulada (medula interrompida) ou mesmo meduladas no velo (tecido de
qualidade inferior, cor desuniforme, é defeito hereditário grave).
TOSQUIA:
É a retirada periódica da lã (ciclo de 1 ano), somente raças com lãs longas podem ser
tosquiadas 2 vezes ao ano.
Maturação de sementes que podem aderir à lã é um fator determinante da época de
tosquia. Outro fator determinante é a época de beneficiamento.
Normalmente feita por equipe especializada.
Época de realização: outubro a dezembro.
Feita em piso cimentado e/ou com gradil de proteção para guardá-la.
Separar tipos de lãs em sacos devidamente identificados (125 a 180 Kg).
Só tosquiar após secagem do orvalho.
Rendimento: Martelo 30 ovinos/dia, elétrica (80 a 150 ovinos/dia).
Ordem: carneiros - capões - ovelhas - borregos e borregas.
Animais mais velhos têm lãs mais finas.
BORGES, I e GONÇALVES, L.C. 206
PROPRIEDADES DA LÃ:
A)FINURA:
Diâmetro médio varia com a idade e região do corpo, sendo mais fina nas cruzes -
paleta - costela - lombo - anca - quarto.
Com o sexo: Ovelhas - Capões - Carneiros.
Uniformidade do diâmetro fino característica de raças puras.
Mínimo* Máximo*
Merino 3,46 11,70
Cruza Fina 13,26 22,76
Cruza média 29,30 38,66
Cruza Grossa 39,20 63,25
*Medido em dinamômetros especiais, expresso em gramas
J) COR: - Negra
- Marrom
- Cinza Dependente do local onde se cria o animal
- Vermelha
- Rosada
CATEGORIAS DE LÃS
Ex: uma lã 80’s terá para cada libra 44.800 jardas (80 x 560), para o mks teremos:
1 Kg de lã 80’s produzirá 90.291,12 metros de fio. 1’s = 1128,75 m/Kg
ESCALA RIO-PLATENSE
- SUPRA
- ESPECIAL
- BOA
- CORRENTE
- MISTA
Ex: Pode-se ter uma lã Merina supra, Merina Especial, Merina Boa, Merina corrente e
Merina mista
JARDA METROS
560 512,064
44.800 x x = 40.965,12 m/libra ou 40.965,12 / 0,4537 Kg
x = 90.291,21 m/Kg
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a-
Bilhões por cm3