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5ª Vara da Fazenda Pública do DF
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL ingressou com ação civil pública com
pedido de tutela de evidência em face da COMPANHIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO
DISTRITO FEDERAL e de FERNANDO RODRIGUES FERREIRA LEITE.
Relatou que o segundo réu foi condenado pela prática de ato de improbidade no
processo n.º 2006.01.1.033927-9, o qual transitou em julgado em 22.09.2016.
Asseverou que o exercício do cargo de presidente da CAESB do segundo requerido é
ilegal, primeiramente porque está impossibilitado, por sentença, de contratar com o Poder
Público pelo período de 03 (três) anos, o qual somente findará em 22.09.2019 e ainda pelo
fato do mesmo não possuir reputação ilibada em razão da suspensão dos direitos políticos
por conta da precitada sentença condenatória.
Aduziu ainda que a posse do segundo réu foi ilegal porque foi condenado na ação de
improbidade administrativa acima mencionada à perda do cargo público.
Sustentou também que a posse do segundo requerido afrontou decisão judicial, a
legislação acerca do tema, bem como o princípio da moralidade.
Requereu a concessão da tutela de evidência para que fosse determinada a
suspensão dos efeitos do ato de posse do segundo requerido no cargo de presidente da
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB e, no mérito, a
confirmada da tutela concedida com a declaração de nulidade do ato de nomeação do
referido requerido para o cargo de presidente empresa acima mencionada.
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É o breve relato.
Trata-se de pedido de tutela de evidência formulado na petição inicial na qual a parte
autora requer que seja determinado o afastamento do segundo requerido da presidência
da CAESB em face de estar cumprindo sanção em razão de condenação pela prática de ato
de improbidade administrativa
Verifico que pretensão se amolda ao conceito de tutela provisória, sendo uma das
modalidades da tutela provisória prevista no artigo 294 e seguintes do Código de Processo
Civil.
Nesse diapasão, as tutelas provisórias (de urgência e de evidência), vieram
sedimentar a teoria das tutelas diferenciadas, que rompeu com o modelo neutro e único de
processo ordinário de cognição plena. São provisórias porque as possibilidades de
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29271117, pag. 3, razão pela qual é caso de aplicação do disposto do art. 7º, da Lei
Complementar n.º 840/2011, que traz como um dos requisitos básicos para exercer cargo
público o gozo dos direitos políticos, “in verbis”:
Nesse diapasão. pela leitura do art. 7º, II, da Lei Complementar n.º 840/11, há de se
concluir que o segundo requerido está impossibilitado de exercer o cargo de presidente da
CAESB em razão de estar com seus direitos políticos suspensos até o término do
cumprimento da sanção aplicada na sentença condenatória já mencionada, isso porque a
certidão trazida pelos requeridos (ID n.º 29338234) emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral
faz menção apenas à inexistência de condenação criminal eleitoral transitada em julgado
em desfavor do segundo requerido, tanto que a consulta juntada pelo MPDFT, emitida pelo
mesmo tribunal eleitoral (ID n.º 28721207), informa que o título de eleitor do segundo
requerido se encontra suspenso.
Corroborando com esse entendimento, verifico ainda que a inclusão do nome do
segundo requerido no Cadastro de Condenações por Improbidade Administrativa (ID n.º
28721198) somente ocorreu após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Por outro lado, quanto à alegação dos requeridos de que as sanções já foram
cumpridas em sede de execução provisória, entendo, em cognição sumária, que não há
como ser acolhida, isso porque ainda que os referidos requeridos sustentem o
cumprimento da sanção de proibição de contratar com a Administração Pública pelo prazo
de 03 (três) anos, não houve comprovação de tais fatos nesse momento.
Ainda que haja controvérsia quanto à possibilidade de execução provisória da
sentença condenatória de improbidade administrativa em razão da vedação legal, há
recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça que o permitem. No entanto, não se pode
sustentar, no caso em análise, que as sanções foram cumpridas apenas pelo fato do
segundo requerido não ter ocupado nenhum cargo público após a condenação em segunda
instância, isso porque, ainda que, provisória, a execução da sentença deve ser formalmente
iniciada quer seja pelo exeqüente, quer seja pelo executado, o que não ocorreu no caso em
discussão.
Outrossim, há de se ter claro o art. 20, da Lei n.º 8.429/92 veda a execução das
sanções aplicadas antes do trânsito em julgado da as sentença condenatória, “in verbis”:
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Assim, havendo vedação legal, não há o que se falar em execução provisória das
sanções às quais o segundo réu foi condenado, não cabendo a aplicação, por analogia, de
entendimento jurisprudencial que permite a prisão após a decisão condenatória de
segunda instância, já que se tratam de sanções que restringem direitos, razão pela qual
devem ser interpretadas restritivamente.
Nesse sentido há julgado do Superior Tribunal de Justiça – STJ, vejamos:
(...)
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Corroborando com tal conclusão, verifico que não foram juntadas provas de que o
referido requerido deixou de exercer seu direito de voto no período do eventual
cumprimento provisório da sentença.
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Quanto ao argumento trazido pela primeira requerida em relação à necessidade de
aplicação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade ao caso em análise, ainda
que tais princípios tenham escopo constitucional e balizem decisões administrativas e
judiciais, não podem se sobrepor ao princípio da legalidade, também constitucional, e à
decisão judicial transitada em julgado, isso porque admitir tal hipótese feriria a garantia
constitucional da coisa julgada.
Por outro lado, também não há o que se falar em lesão à ordem pública, isso porque
as atividades hoje desenvolvidas pelo segundo requerido poderão ser executadas pelo seu
substituto legal, uma vez que entre os princípios que regem a Administração Pública está o
princípio da impessoalidade, que garante que os serviços públicos devem ser prestados
independentemente da presença de pessoa individualmente considerada, não podendo o
bom funcionamento de um órgão ou empresa pública ficar condicionado à presença de
pessoa determinada.
Assim, DEFIRO o pedido de tutela de evidência pleiteado na exordial para suspender
os efeitos do ato de posse do segundo requerido no cargo de presidente da Companhia de
Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB.
Deixo de designar audiência de conciliação, nos termos do art. 334, §4º, Inc. II, do
Código de Processo Civil.
CITEM-SE os requeridos para, querendo, OFERECER DEFESA no prazo legal, contados
da juntada da carta/mandado de citação, na forma do art. 231, I e II do CPC, oportunidade
em que deverá se manifestar acerca das provas que pretende produzir.
Transcorrido o prazo acima, intime-se o autor para apresentar réplica no prazo de
15 (quinze) dias, momento em que deverá informar o interesse na produção de provas,
especificando-as e informando a finalidade.
Cumpridas as diligências acima, venham os autos conclusos para decisão.
Intimem-se
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19040214004025100000030020980
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