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BIOLOGIA HUMANA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD


Biologia Humana — Prof.ª Dra. Camila Tavares Valadares da Silva

Olá! Meu nome é Camila Tavares Valadares da Silva. Sou Fisiote-


rapeuta graduada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Mestre e Doutora em Ciências (área de concentração: Psicobio-
logia) pela Universidade de São Paulo (USP) campus de Ribeirão
Preto. Em minha dissertação de mestrado, investiguei os efeitos da
Desnutrição Protéica em estágios precoces da vida sobre a memória
e aprendizagem em ratos. A minha tese de doutorado foi em cima
do mesmo assunto, porém, a desnutrição ocorreu em outra fase da
vida e foram analisados outros parâmetros de comportamentos e
neurológicos. Já atuei como docente na Universidade de Uberaba (UNIUBE) nos cursos
de Fisioterapia e também na Universidade Paulista (UNIP) campus de Araraquara nos
cursos de Enfermagem e Farmácia Bioquímica. No Centro Universitário Claretiano, sou
professora nas áreas de Anatomia e Neuroanatomia no curso de Fisioterapia, Biologia
Humana, Anatomia Humana Geral e Fisiologia Humana Geral e Aplicada no curso de
Licenciatura em Educação Física e Fundamentos Biológicos no curso de Bacharelado em
Educação Física. Sou uma apaixonada pelo corpo humano e será um imenso prazer parti-
cipar da construção de seu conhecimento e sua formação profissional.
e-mail: camilatv@yahoo.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Camila Tavares Valadares da Silva

BIOLOGIA HUMANA
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Clare ana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
574 S578b
Silva, Camila Tavares Valadares da
Biologia humana / Camila Tavares Valadares da Silva – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
136 p.

ISBN: 978-85-67425-25-2

1. Níveis de organização dos seres vivos. Organização da célula eucariótica. 2.


Membranas celular: estrutura e função. 3. Transporte entre membranas: difusão,
difusão facilitada, bomba de Na+ e K+. 4. Organelas celulares: estrutura e função.
Mitocôndrias e a produção de energia na célula: aspectos gerais dos processos
anaeróbios e aeróbios e a fisiologia celular. 5. Síntese de Proteínas. 6. Síntese de
Lipídeos. 7. Tecidos: definição e classificação: aspectos gerais. 8. Tecido Epitelial. 9.
Tecido Conjuntivo. 10. Tecido Ósseo. 11. Tecido muscular. 12. Tecido Nervoso.
I. Biologia humana.

CDD 574

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material DidáƟco Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cá a Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Mar ns
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 10

UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À BIOLOGIA CELULAR


1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 33
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 34
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 34
5 BREVE HISTÓRICO SOBRE A DESCOBERTA DAS CÉLULAS ............................. 35
6 AS CÉLULAS: PROPRIEDADES BÁSICAS E ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL ..... 38
7 AS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS ............................................ 41
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 44
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 44
10 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 45

UNIDADE 2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÉLULA


1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 47
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 47
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 48
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 48
5 ÁGUA ................................................................................................................. 49
6 CARBOIDRATOS ................................................................................................ 51
7 LIPÍDIOS ............................................................................................................ 56
8 PROTEÍNAS ....................................................................................................... 60
9 ÁCIDOS NUCLEICOS ......................................................................................... 64
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 68
11 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 68
12 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 69
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 70

UNIDADE 3 MORFOLOGIA CELULAR


1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 71
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 71
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 71
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 72
5 MEMBRANA PLASMÁTICA ............................................................................... 73
6 SISTEMAS DE ENDOMEMBRANAS CITOPLASMÁTICAS ................................. 81
7 MITOCÔNDRIO ................................................................................................ 86
8 O NÚCLEO DA CÉLULA EUCARIÓTICA ............................................................. 89
9 CICLO CELULAR E MEIOSE ............................................................................... 93
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 97
11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 98
12 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 99
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 100

UNIDADE 4 FUNDAMENTOS DE HISTOLOGIA


1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 101
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 101
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 101
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 102
5 HISTOLOGIA ...................................................................................................... 103
6 TECIDO EPITELIAL............................................................................................. 104
7 TECIDO CONJUNTIVO ...................................................................................... 111
8 TECIDO MUSCULAR .......................................................................................... 122
9 TECIDO NERVOSO ............................................................................................ 128
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 134
11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 134
12 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 136
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 136

Claretiano - Centro Universitário


Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Níveis de organização dos seres vivos. Organização da célula eucariótica. Mem-
branas celulares: estrutura e função. Transporte entre membranas: difusão, di-
fusão facilitada. Bomba de Na+ e K+. Organelas celulares: estrutura e função.
Mitocôndrias e a produção de energia na célula: aspectos gerais dos processos
anaeróbios e aeróbios e a fisiologia celular. Síntese de Proteínas. Síntese de Lipí-
deos. Tecidos: definição, classificação e aspectos gerais. Tecido Epitelial. Tecido
Conjuntivo. Tecido Ósseo. Tecido Muscular. Tecido Nervoso.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará
as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância
dos conhecimentos básicos da biologia humana celular e tecidu-
al como pré-requisito para outras disciplinas e para a formação
de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde,
tanto na nossa sociedade de uma maneira geral como no contexto
8 © Biologia Humana

escolar de forma mais específica, dando subsídios para o planeja-


mento e implementação de programas de treinamento esportivo
apropriados.
A Biologia Humana faz parte do conteúdo básico de todos
os cursos voltados para a área biológica e da saúde, incluindo os
profissionais da Educação Física, uma vez que o objeto de estudo é
o corpo humano, constituído basicamente de células, que se agru-
pam para formarem tecidos, depois órgãos e assim sucessivamen-
te até a formação do organismo humano.
Vamos juntos conhecer a estrutura geradora e mantenedora
da vida, a célula, assim como seus componentes estruturais e quí-
micos. Estudaremos, também, os principais tipos de tecidos huma-
nos e suas funções.
O estudo de Biologia Humana em um curso de Graduação,
num primeiro momento, pode não parecer importante; no entan-
to, ela adquire uma enorme responsabilidade, na medida em que
estará preparando o aluno para as discussões em outras discipli-
nas, tais como Anatomia Humana Geral e Fisiologia Humana Ge-
ral.
Este caderno fornecerá o suporte básico para que você pos-
sa ter uma visão crítica dos mecanismos biológicos. Compreender
inicialmente a importância desse conhecimento parece uma tarefa
difícil, porém, é fundamental para a formação de um professor de
Educação Física diferenciado, com interesse em ter uma formação
completa e, assim, poder cuidar apropriadamente de seus futuros
alunos. Vamos juntos fazer esta viagem ao corpo humano e conhe-
cer estruturas tão pequenas, mas fundamentais para a sobrevivên-
cia dos seres vivos.
A Educação a Distância exigirá de você uma nova forma de
estudo, uma vez que você é o protagonista de sua aprendizagem.
Contudo, você não estará sozinho, tendo todo o suporte necessá-
rio para construção do seu conhecimento. Este será um desafio
que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o crescimento
profissional e pessoal acontecerá naturalmente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Não se esqueça de que você deverá participar e interagir


constantemente com seus professores (tutores), com seus colegas
de curso, assim como fazer a leitura não só deste material, como
também das bibliografias indicadas.
O conteúdo deste material está organizado didaticamente
em quatro unidades.
Na Unidade 1, será feita uma introdução ao estudo da bio-
logia celular. Você tomará o conhecimento da origem celular, dos
seres vivos unicelulares e multicelulares, da interdependência en-
tre as células dos organismos multicelulares e dos tipos básicos
celulares (eucariontes e procariontes).
Seguindo nossa jornada, na Unidade 2, serão abordados os
principais componentes químicos celulares, isto é, as biomoléculas
construtoras das células e sua importância para sobrevivência e
perpetuação dos seres vivos.
A Unidade 3 estará focada na morfologia celular, descreven-
do os compartimentos celulares e suas funções, com o objetivo da
compreensão da estrutura e do funcionamento celular.
Finalmente, a Unidade 4 tratará da Histologia, isto é, o estu-
do da organização dos tecidos. O aluno tomará conhecimento so-
bre os principais tecidos do corpo humano, sua estrutura e função,
dando base para a compreensão de diversos mecanismos fisioló-
gicos, como, por exemplo, a reconstituição de uma fratura, uma
lesão muscular etc.
A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é des-
pertar para a compreensão dos princípios básicos da constituição
da vida humana, como a estrutura e a função das células e dos te-
cidos, assim como a importância desses elementos fundamentais
no desenvolvimento da prática esportiva.
O convite está feito; agora, só depende de você. O êxito de
sua aprendizagem dependerá principalmente de seu empenho em
cumprir as atividades propostas e interagir de maneira apropriada

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10 © Biologia Humana

com seu tutor e colegas de turma. Portanto, venha adquirir os


conhecimentos básicos capazes de beneficiar e potencializar sua
atuação como professor de Educação Física.
Após essa introdução aos conceitos principais apresentare-
mos, a seguir, no Tópico Orientações para o estudo, algumas orien-
tações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendiza-
gem que poderão facilitar o seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan-
to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico
necessário a partir do qual você possa construir um referencial te-
órico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro
exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti-
va, ética e responsabilidade social.
Para apresentarmos uma síntese deste caderno, dividimos
este estudo em três partes. A primeira delas trata da visão geral
da biologia humana, iniciando com a descoberta do microscópio
e das células e sua importância para as ciências da saúde. Além
disso, veremos os tipos básicos de células e suas constituições.
A segunda parte de conteúdos apresenta alguns conceitos
sobre citologia, fazendo uma breve análise da composição química
e da morfologia de uma célula humana. Além desses conceitos,
verificaremos a importância deste estudo para os profissionais da
Educação Física.
Na terceira e última parte, estudaremos a Histologia, que é o
estudo dos tecidos que compõem o organismo humano. Faremos
a conceituação de cada tipo tecidual, sua constituição, organização
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

e função, sempre fazendo uma análise crítica sobre a importância


deste conhecimento para a formação de um profissional diferen-
ciado e comprometido com seu trabalho, que é a promoção e a
manutenção da saúde.
Começaremos conhecendo um pouco sobre a descoberta do
microscópio e das células, fazendo a seguinte pergunta: qual foi
a importância da descoberta do microscópio e das células para o
avanço da ciência?
Desde crianças, temos a curiosidade de saber como somos
formados, porque ficamos doentes, como crescemos. Todas essas
perguntas podem ser respondidas hoje graças aos cientistas, que
há séculos tentam descobrir a origem da vida. No entanto, há sé-
culos atrás algumas respostas eram impossíveis de ser dadas devi-
do ao tamanho reduzido das células, que não podiam ser visuali-
zadas a olho nu. Assim, perceberam a necessidade de desenvolver
um instrumento que possibilitasse essa visualização. Somente no
século 17 surgiu o primeiro microscópio, o qual era muito dife-
rente do que temos hoje. Na verdade, era um conjunto de lentes
acopladas em um tubo, semelhante a uma lupa.
Não se sabe com exatidão quem foi o inventor do microscó-
pio, mas, em 1665, o inglês Robert Hooke observou nesse apare-
lho cortes feitos em rolhas e relatou a existências de pequenas ca-
vidades vazias, denominadas por ele de "cel”, palavra inglesa que
significa "cela” ou "cavidade", originando, assim, o termo "célula”,
diminutivo de "cela”. A descoberta da célula, portanto, é atribuída
a Robert Hooke.
A partir daí, as pesquisas não pararam mais e, no início do
século 19, foi formulada a Teoria Celular, na qual se afirmava que
todos os seres vivos são constituídos de uma ou mais células que,
portanto, são as unidades funcionais e estruturais fundamentais
da vida. Todas essas descobertas foram de grande importância
para a descoberta de doenças, podendo, assim, interferir no seu
curso e até mesmo proporcionar sua cura ou prever seu desenvol-
vimento. Nesse sentido, perguntamos: será que isso é importante

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12 © Biologia Humana

para o profissional da Educação Física? Uma vez que esses profis-


sionais estão incluídos nas ciências da saúde, tudo que envolve a
manutenção ou o estabelecimento da saúde é importante.
Depois desses breves relatos, podemos iniciar nosso estu-
do da biologia celular. Mas, antes, queremos fazer outra pergunta:
você seria capaz, neste momento, de dizer o que é uma célula?
Bem, a resposta é simples: célula é a unidade estrutural e funcio-
nal fundamental dos seres vivos. Portanto, todos os organismos
vivos são compostos por células, de acordo com a Teoria Celular.
A célula pode ocorrer isoladamente, como acontece nos se-
res unicelulares (bactérias), ou se agrupar com outras células de
mesma função e formar os tecidos nos seres pluricelulares(seres
humanos).
O organismo humano apresenta uma organização estrutural
muita complexa, que se inicia em níveis químicos, incluindo todas
as substâncias químicas necessárias para seu funcionamento, até a
formação dos diversos sistemas que compõem o organismo, como,
por exemplo, o sistema cardiorrespiratório e o sistema musculoes-
quelético. Dentre esses níveis, estão os nossos objetos de estudos,
que são as células e os tecidos.
Embora exista uma infinidade de células, que podem se dife-
rir pelo tamanho, função e forma, todas apresentam propriedades
básicas comuns que garantem sua manutenção, como a utilização
de glicose como fonte de energia, a realização de mitose para mul-
tiplicação e responder a estímulos como luz, calor e hormônios.
Com relação à sua constituição, todas as células possuem
uma membrana que as envolve e seleciona o que vai entrar ou sair
dela, chamada de membrana plasmática. Essa membrana delimi-
ta uma substância fluida composta de água e proteína, chamada
citoplasma, em que estão mergulhadas as organelas responsáveis
por todas as funções metabólicas celulares. Há, também, o nú-
cleo, em que estão localizados os cromossomos responsáveis pela
transmissão das informações genéticas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Baseado nisso, os cientistas conseguiram diferenciar os dois


tipos básicos de células, as células procarióticas e as células euca-
rióticas. De maneira geral, podemos dizer que as células procari-
óticas são pobres em membranas e em organelas, e o seu núcleo
não está organizado pelo envoltório nuclear, conhecido também
por carioteca. Dessa maneira, seu material genético está disperso
em seu citoplasma. Já a célula eucariótica é composta por um rico
sistema de membranas, organelas, e o seu núcleo está envolvido
pela carioteca, protegendo seu material genético.
Agora, veremos a composição química e estrutural das cé-
lulas eucarióticas, sempre enfatizando seu papel na sobrevivência
das células e do organismo. Vamos começar pela composição quí-
mica básica das células.
A célula, para sua sobrevivência, necessita realizar uma série
de reações, que chamaremos de reações metabólicas. Entre es-
sas reações, citamos: respiração celular, digestão, divisão,secreção
celular e sínteses de proteínas, de lipídios,entre outras.Para que
essas reações ocorram, é necessária a presença de moléculas,
que chamamos de biomoléculas, isto é, moléculas da vida. Es-
sas biomoléculas atuam como unidades construtoras das células
animais;são elas: a água, os carboidratos, os lipídios, as proteínas
e os ácidos nucleicos, conhecidos por DNA e RNA.
Vale destacar que o nosso objetivo não é fazer um estudo
aprofundado dessas moléculas, mas, sim, conhecer suas compo-
sições básicas e funções metabólicas, que são muito importantes
para o funcionamento do organismo. Sem elas, seríamos incapa-
zes de realizar funções simples, como respirar, correr ou praticar
qualquer outra atividade física. Podemos dizer que essas molécu-
las são como combustíveis para nossas células.
Todas essas biomoléculas são formadas basicamente por
oxigênio, hidrogênio, carbono e nitrogênio. Nesse contexto, come-
çaremos pela água. Não é difícil imaginar sua importância, não é
mesmo?

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14 © Biologia Humana

Com frequência, ouvimos dizer que devemos tomar cerca de


dois litros de água por dia. Isso porque a água é o maior constituin-
te do organismo humano, constituindo cerca de 70% da composi-
ção corporal e sendo, assim, indispensável para todas as ativida-
des metabólicas.
A água é composta por duas moléculas de hidrogênio e uma
de oxigênio, constituindo o famoso H2O, que aprendemos desde
o Ensino Fundamental. A ligação entre esses átomos não é linear,
mas, sim, angulada, formando um triângulo no qual os hidrogê-
nios formam a base e o oxigênio, o ápice do triângulo. Por esse
motivo, a água é considerada um dipolo, ou seja, apresenta um
polo positivo, representado pelos hidrogênios, e um polo negativo,
representado pelo oxigênio. Essa propriedade da água faz dela o
principal solvente celular, sendo capaz de se ligar a várias outras
moléculas, pois a tendência dos íons é se combinar com outros
eletricamente inversos.
Em condições normais, perdemos água pela respiração, na
urina, nas fezes e na transpiração, o que dá um total de cerca de
dois litros e meio por dia. Por isso, é indicado que se beba dois
litros de água por dia. O resto poderá ser consumido por meio dos
alimentos.
Agora, veremos os carboidratos, que são considerados as
maiores fontes de energia para o metabolismo celular. Eles são os
açúcares encontrados em abundância na natureza, sendo constitu-
ídos basicamente por um átomo de carbono, dois de hidrogênio e
um de oxigênio. Portanto, é composto por carbono(daí o "carbo”)
e por uma molécula de água(daí o "hidrato” –CARBO-HIDRATO).
Os carboidratos podem ser encontrados sobre a forma de
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Os monossa-
carídeos são os açúcares mais simples, incluindo a glicose, que é
o açúcar encontrado na maioria dos seres vivos, a frutose, que o
açúcar da fruta, e a galactose, a do leite. Não podemos deixar de
mencionar, também, a ribose e a desoxirribose, que são encontra-
das na constituição do RNA e do DNA, respectivamente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Os dissacarídeos são formandos pela união de dois monos-


sacarídeos; assim, temos a sacarose, que é a união da glicose com
a frutose, sendo encontrada na beterraba e na cana-de-açúcar; a
lactose, que é a união da glicose com a galactose, encontrada no
leite; e a maltose, que é a união de duas glicoses, encontrada nos
cereais.
Os polissacarídeos, por sua vez, são abundantes na natureza
e podem ter tanto função de reserva energética, como estrutu-
ral. São formados por uma longa cadeia de monossacarídeos. O
amido, por exemplo, é um polissacarídeo de reserva energética,
presente em vegetais como batata e a mandioca. O outro tipo de
polissacarídeo de reserva energética é o glicogênio, que é exclusi-
vo das células animais e está armazenado no fígado e nos múscu-
los estriados esqueléticos. Os animais ingerem o amido contido na
batata e na mandioca, que é armazenado em forma de glicogênio
no fígado e nos músculos esqueléticos. Quando a célula animal
necessita de energia, ocorre uma reação química que converte o
glicogênio em glicose, que é utilizada pelas células em seus proces-
sos metabólicos.
Outra importante fonte de energia celular são os lipídios,
mas suas funções não param por aqui. Os lipídios são as gorduras
encontradas no corpo humano. Sua característica básica é que são
insolúveis em água e solúveis somente em solventes orgânicos,
como o éter e o álcool. Além da função de reserva energética, os
lipídios são importantes na manutenção da temperatura corporal
e, também, são os principais componentes das membranas celula-
res. Os principais grupos de lipídios são os ácidos graxos, que são
os lipídios de reserva energética; os fosfolipídios, que são os com-
ponentes das membranas celulares; e, por último, os esteroides,
sendo o mais conhecido deles o colesterol, também responsáveis
pela síntese de vários hormônios, como a testosterona, o estrogê-
nio e a progesterona.

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16 © Biologia Humana

Falaremos, agora, das proteínas, que são consideradas as


moléculas mais importantes do corpo humano, necessárias para
todas as funções básicas das células. Elas são compostas por uni-
dades repetidas de aminoácidos, cujo número, tipo e sua sequ-
ência de ligação na cadeia podem diferenciar inúmeros tipos de
proteínas. Esses aminoácidos podem ser obtidos pela alimentação
ou são sintetizados pelo próprio organismo, a partir de açúcares,
ou transformar alguns aminoácidos em outros. Os alimentos como
leite, carne e ovos são ricos em proteínas e podem ser utilizados
pelo organismo como fonte de aminoácidos.
Para finalizarmos esta parte, não podemos deixar de falar
dos ácidos nucleicos, conhecidos por DNA, que significa "ácido de-
soxirribonucleico”, e RNA, que significa "ácido ribonucleico”. Pro-
vavelmente, você já ouviu falar deles na escola ou na mídia, pois
têm grande importância biológica, uma vez que estão relaciona-
dos com o controle da atividade celular e com o armazenamento
das informações genéticas.
Agora que já fizemos uma análise química da célula, fare-
mos uma análise da morfologia celular, relacionando as estrutu-
ras encontradas em uma célula animal com sua função. Como já
comentamos anteriormente, uma célula eucariótica é constituída
basicamente pela membrana plasmática, pelo citoplasma e pelo
núcleo; porém, devemos nos perguntar: como será que são com-
postas essas estruturas e qual a importância de cada uma para o
funcionamento das células? É o que veremos a seguir.
Vamos começar fazendo uma análise sobre a composição e a
função da membrana plasmática.
A membrana plasmática envolve a célula separando o meio in-
tracelular do extracelular, controlando, assim, a passagem de subs-
tância entre esses meios. Sua espessura é tão pequena que a torna
impossível de ser observada em microscópio óptico. No microscópio
eletrônico, porém, pode-se observar a presença de uma dupla ca-
mada de lipídios, tendo carboidratos ligados em sua face externa e
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

proteínas inseridas na dupla camada formando canais importantes


para o transporte de substâncias. Essa organização da membrana
plasmática é conhecida como "modelo mosaico fluido” e, baseado
nele, podemos dizer que a membrana é fluida, assimétrica e com
permeabilidade seletiva. Essa permeabilidade seletiva determina
quais substâncias poderão entrar e sair na célula. Assim, para que
uma substância consiga entrar na célula, ela precisará passar pela
dupla camada de lipídios. Para entendermos melhor esse processo,
é preciso conhecer os dois tipos de transporte entre a membrana: o
transporte passivo e o transporte ativo.
No transporte passivo, não há gasto de energia, uma vez que
a substância passa do meio mais concentrado para o menos con-
centrado e pode ser subdividida em três tipos: a difusão simples,
a difusão facilitada e a osmose. Na difusão simples, a substância
consegue atravessar a membrana plasmática, enquanto,na difusão
facilitada,necessita de um canal proteico para conseguir passar. A
osmose é o transporte exclusivo de água, que passa do meio em
que há maior concentração de água para o de menor concentração.
No transporte ativo, há gasto energético para transportar a
molécula contra o gradiente de concentração. É como se remásse-
mos contra a correnteza de um rio. O transporte ativo mais conhe-
cido é a Bomba de Sódio e Potássio, que é o meio de transporte
de sódio para fora da célula e de potássio para dentro. Como o
sódio está em maior concentração no meio extracelular, necessita
gastar energia para vencer sua concentração e levá-lo para fora e,
na sequência, trazer o potássio para dentro.
Com relação à composição estrutural das células eucarióti-
cas, vale dizer que as principais características dessas células são:
riqueza em membranas, citoplasma com inúmeras organelas e nú-
cleo organizado. A membrana plasmática é apenas uma das mem-
branas encontradas nas células eucarióticas. Além dela, existe um
sistema de endomembranas no interior do citoplasma que forma

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18 © Biologia Humana

um conjunto de organelas conectadas funcionalmente. Esse siste-


ma é composto pelo retículo endoplasmático rugoso, pelo retícu-
lo endoplasmático liso, pelo complexo de Golgi e por elementos
associados, como lisossomos e ribossomos. A mitocôndria é uma
organela que se encontra fora desse sistema de endomembranas,
mas é essencial para o metabolismo celular.
O retículo endoplasmático rugoso é formado por uma ex-
tensão da membrana nuclear que constitui um sistema de tubos
conectados, com muitos ribossomos aderidos; por esse motivo é
chamado de rugoso, e a sua função, juntamente com os ribosso-
mos, é sintetizar proteína. Já o retículo endoplasmático liso, que
também é composto por um sistema de membranas, não apresen-
ta ribossomos aderidos; por isso, é chamado de liso e sua função
é a síntese de lipídios.
O complexo de Golgi, descrito por Camilo Golgi em 1898,
é formado por vários sacos achatados e empilhados e está rela-
cionado com o retículo endoplasmático e com a membrana plas-
mática. Suas funções estão associadas com o armazenamento e
com o transporte de substâncias. Além disso, são responsáveis
pela formação dos lisossomos, que são como bolsas que contêm
enzimas capazes de digerir substâncias orgânicas e outros micro-
-organismos que penetram na célula; portanto, são responsáveis
pela digestão celular.
Para finalizar, falaremos da mitocôndria, que, talvez, seja
uma das organelas celulares mais importantes, por ser responsá-
vel pela respiração celular. Na verdade, as mitocôndrias são es-
pecializadas na produção de energia celular, a partir da síntese
de ATP. A produção dessa energia ocorre a partir da retirada de
substratos do alimento, como os lipídios e os carboidratos, além
do oxigênio, que é conseguido por meio da respiração. Para você,
futuro professor de Educação Física, é importantíssimo entender
a composição estrutural e funcional da mitocôndria, devido à sua
importância na produção de ATP, que é utilizada pelas células em
diversas atividades, entre elas, na prática de atividades físicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Até agora, estudamos a membrana plasmática e os compo-


nentes citoplasmáticos mais importantes; porém, ainda não fa-
lamos do núcleo, que simplesmente carrega todo o material ge-
nético celular. O núcleo é uma das diferenças mais marcantes da
célula eucariótica, sendo extremamente organizado e envolvido
pelo envoltório nuclear ou carioteca, que tem a função de separar
e proteger o material genético. O núcleo interfásico, por sua vez,
apresenta, além do envoltório nuclear, o nucléolo, o nucleoplasma
e a cromatina, que nada mais são que um complexo formado por
DNA, proteínas histonas e proteínas não histonas, compondo, as-
sim, os cromossomos.
Então, quer dizer que os cromossomos estão dentro do nú-
cleo celular? A resposta é sim. E a espécie humana apresenta 46
cromossomos em cada uma de suas células somáticas. O estudo
dos cromossomos é muito importante para a detecção de várias
anomalias cromossômicas, entre elas, a Síndrome de Down.
As células apresentam a capacidade de crescer e multiplicar-
se para o desenvolvimento do organismo logo após a fecundação
e, também, para a reposição de células mortas e para a regene-
ração em indivíduos adultos,mantendo, dessa forma, a vida. Para
isso, a célula passa pelo que nós chamamos de ciclo de reprodução
celular, sendo divididos em dois períodos fundamentais: a interfa-
se e a mitose.
A interfase é a fase de preparação para a divisão celular; as-
sim, a célula aumenta seu volume, tamanho, número de organe-
las, sintetiza mais proteínas e duplica seu DNA. É dividida em três
etapas: G1, S e G2.
Já a mitose é o processo de divisão celular no qual uma cé-
lula denominada célula-mãe se divide em duas células-filhas ge-
neticamente idênticas. Seu processo é dividido em quatro etapas:
a prófase, a metáfase, a anáfase e a telófase. Nosso organismo
pode realizar mitose a todo o momento para reconstituir as células
perdidas naturalmente, ou após uma lesão.

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20 © Biologia Humana

Agora, trataremos do estudo dos tecidos corporais humanos,


conhecido por Histologia. O objetivo desse estudo é proporcionar
para o futuro professor de Educação Física o conhecimento básico
da composição e da função dos tecidos corporais, capacitando-o a
desenvolver práticas seguras.
Para começarmos a falar de Histologia, perguntamos: o que
são os tecidos? Tecidos são conjuntos formados por células que
desempenham as mesmas funções e que, consequentemente, for-
marão os órgãos que compõem os sistemas orgânicos.
Os tecidos são basicamente constituídos de células e um ma-
terial extracelular produzido pelas próprias células. Embora o cor-
po humano seja bastante complexo, somos formados por apenas
quatro tipos de tecidos que geralmente não acontecem isolada-
mente, ou seja, associam-se uns aos outros para formarem os ór-
gãos. Os quatro tipos básicos de tecidos são: tecido epitelial, teci-
do conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. Neste momento,
você poderá se perguntar: mas como esses tecidos são formados?
A resposta não é tão simples e realizaremos uma breve ex-
plicação. Logo após a fecundação, ocorre a formação do zigoto,
que passa por vários processos de mitose e se transforma em um
blastômero, que tem a capacidade de gerar todos os tipos celula-
res que comporão os tecidos do organismo.
Vamos agora estudar, sucintamente, algumas características
de cada tecido.
Começaremos pelo tecido epitelial, que é formado por cé-
lulas justapostas, ou seja, intimamente aderidas umas às outras,
com pouco material extracelular entre elas. Existem dois tipos de
epitélios: o epitélio de revestimento, que, como o próprio nome
diz, reveste as superfícies externas e as cavidades corporais, como
pele, cavidade bucal, tubo digestório etc.; e os epitélios glandula-
res, formados por células com capacidade de secreção, como, por
exemplo, glândulas salivares e as glândulas sudoríparas. Existe,
ainda, um tipo especial de epitélio chamado neuroepitélio, com a
capacidade de captar estímulos externos como luz, odor e gosto.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

O epitélio de revestimento pode ser classificado quanto à


forma de suas células em cuboidal, prismático, pavimentoso e de
transição. Também pode ser classificado quanto ao número de
camadas celulares em simples, quando só tem uma camada de
células, estratificado, quando tem mais de uma camada celular, e
em pseudoestratificado quando tem a aparência de estratificado,
porém, todas as suas células estão presas à lâmina basal. Pode,
apresentar, ainda, algumas especialidades, como, por exemplo, a
presença de queratina – daí o nome "queratinizado”. Para nomear
o tecido epitelial, podemos utilizar todos os critérios; assim, te-
mos, por exemplo, o "epitélio pavimentoso estratificado queratini-
zado”, que é encontrado na pele.
O epitélio glandular forma as diversas glândulas corporais,
cuja função é secreção. Elas podem ser divididas em exócrinas ou
endócrinas. As glândulas exócrinas secretam seus produtos para
a superfície epitelial, enquanto as endócrinas secretam no meio
extracelular, sendo levado pelo sangue.
O tecido conjuntivo apresenta diversos tipos celulares sepa-
rados por abundante material extracelular ou matriz extracelular.
A matriz extracelular é composta pelas fibras colágenas e elásti-
cas e por um gel semifluido, denominado substância fundamental
amorfa.
A principal célula do tecido conjuntivo é o fibroblasto, que
tem a função de sintetizar as fibras e a matriz extracelular. Do pon-
to de vista funcional, o tecido conjuntivo proporciona a sustenta-
ção estrutural e metabólica para os tecidos e órgãos do corpo hu-
mano. Além disso, ele estabelece a integração entre os diferentes
tecidos corporais, bem como regula a troca de nutrientes, gases e
metabólitos entre os tecidos e o sistema circulatório. É, também,
o grande responsável pelo processo de cicatrização. Pode ser clas-
sificado em tecido conjuntivo propriamente dito, tecido cartilagi-
noso, tecido ósseo e tecido com propriedades especiais, como o
adiposo.

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22 © Biologia Humana

O tecido ósseo, portanto, é um tipo de tecido conjuntivo


especializado, constituído de células e matriz extracelular calcifi-
cada, proporcionando sua rigidez e dureza. As células do tecido
ósseo são: células osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitose
osteoclastos. Todas essas células são importantes para a manu-
tenção do osso, para o processo de reparo após fraturas e para
oremodelamento ósseo.
O tecido cartilaginoso também e um tipo de tecido conjunti-
vo especializado, constituído de células(os condroblastos e oscon-
drócitos) e de abundante matriz extracelular. Sua maior caracterís-
tica é a rigidez, devido à mineralização de sua matriz extracelular
e à presença das fibras colágenas. São também capazes de absor-
ver impactos graças à presença de fibras elásticas. Para atender
às necessidades do organismo, podemos encontrar três tipos de
cartilagens: a cartilagem hialina,a cartilagem elástica e a cartila-
gem fibrosa.As principais funções das cartilagens são: revestiras
superfícies ósseas, absorver impactos, facilitar o deslizamento en-
tre as superfícies ósseas e servir de molde para o desenvolvimento
e crescimento dos ossos.
O tecido muscular é constituído de células especializadas
em contração, proporcionando os movimentos corporais ou a mu-
dança na forma dos órgãos. Essas células apresentam uma enor-
me capacidade de transformar energia química em mecânica, por
intermédio da quebra do ATP. De acordo com suas características
morfológicas e funcionais, pode ser classificado em: tecido mus-
cular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e
tecido muscular liso. O tecido muscular estriado esquelético está
preso aos ossos e possui uma contração rápida, potente e voluntá-
ria, isto é, contrai de acordo com a nossa vontade. Já o tecido mus-
cular estriado cardíaco é o músculo do coração e também possui
uma contração rápida e potente, porém seu controle é involuntá-
rio, ou seja, não precisa de nossa vontade para contrair. O tecido
muscular liso, por sua vez, possui uma contração lenta, fraca e in-
voluntária, e constitui a parede dos órgãos, como o estômago, os
intestinos, o fígado, entre outros.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Para finalizarmos a apresentação deste conteúdo, vamos es-


tudar a composição e a função do tecido nervoso, que é conside-
rado o mais complexo de todos.
O tecido nervoso consiste num complexo sistema de comu-
nicação entre o meio ambiente e o organismo, denominado siste-
ma nervoso. Esse sistema recebe as informações sensoriais(como
dor, tato, visão, audição, entre outras) do meio ambiente e do pró-
prio organismo, processa essas informações e produz uma respos-
ta que pode ser uma contração muscular, uma secreção hormonal
ou até mesmo uma contração visceral.
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quanti-
dade de matriz extracelular. As suas células são os famosos neu-
rônios e os vários tipos de células da glia. O neurônio é a unidade
funcional do sistema nervoso, responsável pela recepção e trans-
missão das informações sensoriais e motoras. Ele é constituído de
um corpo, em que estão localizados o núcleo, o citoplasma e as
organelas; além disso, e é dele que partem dois prolongamentos,
os dendritos e o axônio, responsável pela transmissão da informa-
ção de um neurônio para outro. Essa transmissão de informações
é conhecida por sinapse. As células da glia estão localizadas entre
os neurônios, e suas funções não são de gerar os impulsos nervo-
sos, mas sim de dar suporte estrutural e funcional para os neurô-
nios. Uma importante função atribuída às células gliais é formar
uma bainha isolante e protetora ao redor dos axônios, chamada
de bainha de mielina, cuja função é isolar o axônio, aumentando a
velocidade de condução do impulso nervoso.
Aqui terminamos esta breve apresentação.Desejamos que
este estudo contribua de fato para sua formação profissional. Que
a compreensão da constituição do corpo humano nonível celular
e tecidual por meio do estudo da biologia humana possibilite uma
reflexão sobre o papel e a importância da Educação Física na ma-
nutenção da saúde e auxilie você na sua futura profissão. Tenha
sempre em mente que seu objeto de trabalho é o corpo humano;

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24 © Biologia Humana

portanto, a compreensão de sua constituição e funcionamento é


importante para a prática de uma atividade física segura e que per-
mita a manutenção e o desenvolvimento corporal.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do-
mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Autótrofos: são os seres vivos, como as plantas e algas,
capazes de utilizar a energia solar, que, por meio de um
processo chamado fotossíntese, transformam CO2 e H2O
em carboidratos.
2) Biomoléculas: são compostos químicos sintetizados pe-
los seres vivos que participam da estrutura e do funcio-
namento do organismo vivo.
3) Carioteca: é o nome dado à membrana dupla que envol-
ve o núcleo das células eucarióticas.Também pode ser
chamada de envoltório ou invólucro nuclear.
4) Célula: é a unidade estrutural e funcional fundamental
dos seres vivos. É a menor porção do organismo vivo
5) Citologia: é o ramo da biologia que estuda a composição
e o funcionamento das células.
6) Citosol: também conhecido por matriz citoplasmáti-
ca, é a porção líquida do citoplasma, compreendendo
o espaço entre a membrana plasmática e o núcleo, em
que estão localizadas as organelas. O citosol é compos-
to por água, íons, aminoácidos, precursores de ácidos
nucleicos,enzimas, incluindo as que participam da de-
gradação e síntese de carboidratos, ácidos graxos e ou-
tras moléculas importantes para a célula.
7) Divisão binária: é o tipo de reprodução assexuada, no
qual ocorre a separação da célula-mãe em duas partes.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

8) Enzimas: são substâncias orgânicas de natureza proteica


responsáveis pelas reações catalisadoras, isto é, pela re-
ação química de degradação das moléculas.
9) Glicocálice: é uma camada externa à membrana plas-
mática das células animais, constituída por uma rede
de carboidratos em forma de cálice que interagem ora
com lipídios (glicolipídios), ora com proteínas (glicopro-
teínas), cujas funções são de proteção celular contra
agentes químicos e físicos, participar do processo de re-
conhecimento e adesão intercelular.
10) Heterótrofos: são os seres vivos, como os animais, que
só conseguem energia por meio do consumo de carboi-
dratos, proteínas e lipídios produzidos pelos organismos
autótrofos.
11) Histologia: ramo da biologia que estuda a formação, a
composição e a função dos tecidos humanos.
12) Matriz extracelular: é uma massa complexa que rodeia
as células animais, composta por colágeno, glicosami-
noglicanas (polissacarídeos) e proteoglicanas (glicopro-
teína), que é a substância fundamental do tecido con-
juntivo. Suas funções são: preencher os espaços entre
as células, dar resistência aos tecidos, ancoraras células,
nutrir e eliminar dejetos metabólicos e transportes in-
tercelulares.
13) Metabolismo: conjunto de transformações, em um or-
ganismo vivo, pelas quais passam as substâncias que o
constituem: reações de síntese (anabolismo) e reações
de degradação (catabolismo) que liberam energia.
14) Neurotransmissores: são substâncias químicas produzi-
das e liberadas pelos neurônios com a função de enviar
as informações nervosas para outras células, seja para
outro neurônio, seja para uma célula efetuadora, como
a muscular e glandular.
15) Quiescência: é a fase em que as células estão tempo-
rariamente fora do ciclo de divisão celular, também de-
nominada de G0 (zero), estando aparentemente em re-
pouso.

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26 © Biologia Humana

16) Sarcômero: é a unidade funcional do músculo estriado


esquelético que permite a contração muscular, constitu-
ída por um complexo de proteínas contrácteis conheci-
das por actina, miosina, troponina e tropomiosina, ali-
nhadas em série, para formar a miofibrila, no interior da
fibra muscular.
17) Teoria Celular: é uma teoria idealizada pelos cientistas
alemães Matthias Jakob Schleidlen e Theodor Schwann,
que preconizava que todos os seres vivos são constituí-
dos por células.
18) Totipotentes: são células capazes de se diferenciar em
todos os tipos de tecidos humanos, incluindo a placenta
e os anexos embrionários.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-


colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem” não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno;é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 3 ago. 2010).

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28 © Biologia Humana

Biologia CÉLULAS
Microscópio
Celular Menor unidade
dos seres vivos

Seres Unicelulares Água


Descoberta
X Carboidratos
da célula:
Seres pluricelulares Proteínas
Microscópio Robert Hooke
Lipídios
eletrônico

Células Células
Citoplasma
rico em
organela

Riqueza em Núcleo
membranas organizado: Ausência de Nucleóide e
Carioteca e membranas citoplasma
com poucas

TECIDOS Nervoso
Epitelial Histologia

Muscular
Neurônio e
Células da
e glandular
Gila

Propriamente Disposição das


dito e Ósseo
Estriado
Adiposo
Estriado Cardíaco

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Biologia


Humana.

Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
© Caderno de Referência de Conteúdo 29

portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre


um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o conceito de
biologia humana implica conhecer a composição estrutural e quí-
mica celular, e como essas células se associam para a formação
tecidual do organismo humano, fator importante para a nossa so-
brevivência. Esse domínio conceitual vai lhe ajudara compreender
as interações dinâmicas entre as células e os tecidos para o fun-
cionamento do organismo humano, que será completado com o
estudo de Anatomia Humana e Fisiologia Humana. Os processos
metabólicos ocorrem no interior das células e sua função é manter
a homeostase, fator importante para que estejamos vivos. Além
disso, conhecer a biologia humana permite aos professores de
Educação Física Escolar trabalhar de forma adequada e segura, a
fim de contribuir para o desenvolvimento de todos os sistemas e,
consequentemente, melhorar a qualidade de vida das crianças e
dos adolescentes.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.

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30 © Biologia Humana

Responder, discutir e comentar essas questões, bem como


relacioná-las com a prática do ensino de Educação Física Escolar
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado,
você estará se preparando para a avaliação final, que será disser-
tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua
prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpre-
tação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacio-
nado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas
com o seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
© Caderno de Referência de Conteúdo 31

científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem


como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EAD
e futuro profissional da Educação, necessita de uma formação con-
ceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do
tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com
seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e rea-
lize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

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EAD
Introdução à Biologia
Celular

1
1. OBJETIVOS
• Entender a conceituação de célula para a compreensão
de suas funções.
• Compreender as propriedades básicas das células.
• Conhecer a organização estrutural das células.
• Distinguir os diferentes tipos celulares.

2. CONTEÚDOS
• Descoberta do microscópio e das células.
• Propriedades básicas da célula animal e sua organização
estrutural.
• Células procarióticas e eucarióticas.
34 © Biologia Humana

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicita-
dos no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Concei-
tos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC.
Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho.
2) Nesta primeira unidade, iniciaremos o estudo de Biolo-
gia Humana com alguns breves relatos históricos sobre
a invenção do microscópio e a descoberta das células,
assim como os impactos dessas descobertas sobre as ci-
ências biológicas e da saúde. Iniciaremos, também, o es-
tudo de biologia celular, conceituando células e conhe-
cendo seus principais componentes. É muito importante
iniciarmos nosso estudo com esses conceitos, que são a
base de todos os mecanismos fisiológicos, para que pos-
samos unificar a linguagem que será utilizada em toda o
caderno.
3) Não se contente somente com o conteúdo exposto no
seu CRC; pesquise, também, em livros ou na internet o
assunto abordado nesta unidade e selecione as informa-
ções que considerar mais interessantes ou importantes
para sua formação, e disponibilize-as para seus colegas
na Lista ou no Fórum. Lembre-se de que você é o prota-
gonista do seu processo de formação.
4) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes e anotando as suas dúvidas, de forma que
você não vá para a próxima unidade com incertezas. Pro-
cure solucionar suas dúvidas por intermédio do nosso
sistema de interatividades (Lista e Fórum) ou fale direta-
mente com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Inicialmente, será feita uma breve apresentação de alguns
aspectos interessantes de correlatos históricos sobre a microsco-
© U1 - Introdução à Biologia Celular 35

pia e a descoberta das células, como também de seus principais


pesquisadores, que foram fundamentais para o desenvolvimento
dessa ciência. Em seguida, teremos uma explicação rápida sobre
os níveis organizacionais em biologia celular para compreensão da
constituição do organismo humano.
Na segunda parte desta unidade, conceituaremos as células
e falaremos sobre as propriedades básicas existentes em todas as
células, assim como sobre a diferenciação entre os dois tipos celu-
lares básicos.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de
reconhecer, compreender e analisar os principais conceitos da
biologia celular, as propriedades básicas existentes nas células e a
importância de sua descoberta para a compreensão do funciona-
mento do organismo.
Que o estudo seja estimulante. Bom trabalho!

5. BREVE HISTÓRICO SOBRE A DESCOBERTA DAS CÉͳ


LULAS
Quem nunca se perguntou de onde veio ou do que é forma-
do o corpo?
Parecem perguntas bobas, mas desde crianças temos essa
curiosidade.
Hoje em dia, graças aos inúmeros avanços da ciência, pode-
mos responder com exatidão a essas perguntas. Porém, não foi
sempre assim. Há séculos, os homens também tinham essa curio-
sidade, mas, devido ao pequeno tamanho das células, não sendo
possível sua visualização a olho nu, o seu estudo era impossível.
Havia a necessidade em se descobrir algum instrumento que pu-
desse possibilitar essa visualização.

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36 © Biologia Humana

Somente no século 17 que um conjunto de lente foi agru-


pado em um tubo, surgindo, assim, o microscópio, um aparelho
capaz de aumentar a imagem de objetos muito pequenos; a partir
de então, tiveram início os estudos sobre as células.
Não se sabe com exatidão quem foi o inventor do microscó-
pio, mas acredita-se que foi um óptico holandês, Zacarias Janssen,
que, em 1590, deu um de presente ao arquiduque da Áustria. No
entanto, o seu microscópio aumentava a imagem somente de 10 a
30 vezes, sendo útil apenas para observar insetos.
Anos mais tarde, o também holandês Anton Van Leeuwe-
nhoek observou pela primeira vez uma gota de água de um lago
em um de seus microscópios, que era, na verdade, um simples sis-
tema de lentes, e identificou inúmeros micro-organismos que ele
denominou de animáculos. Suas descobertas só foram aceitas pela
Royal Society (principal Academia Científica Inglesa) depois de se-
rem averiguadas por Robert Hooke.
Em 1665, influenciado pelas descobertas de Leeuwenhoek, o
inglês Robert Hooke (1635-1703) observou no microscópio cortes
feitos em rolhas (cortiça) e relatou a existência de pequenas cavi-
dades vazias. Hooke denominou cada cavidade de “cel”, palavra
inglesa que significa cela ou cavidade, originando, assim, o termo
“célula”, diminutivo de “cela”. A descoberta da célula, portanto, é
atribuída a Robert Hooke.
Continuando as investigações sobre as células, em 1831, o
botânico inglês Robert Brown descreveu o núcleo celular ao obser-
var as células de orquídeas.
No início do século 19, mais precisamente em 1838, Mat-
thias Schleiden (botânico alemão) e Theodor Schwann (zoólogo
alemão) formularam a teoria celular. Segundo essa teoria, todos
os organismos são constituídos de uma ou mais células, que são
as unidades estruturais da vida. Em 1858, o patologista alemão
Rudolf Virchow acrescentou mais um princípio à teoria celular: o
de que as células só podem surgir pela divisão de uma célula pre-
existente.
© U1 - Introdução à Biologia Celular 37

O instrumento utilizado por esses pesquisadores foi sendo


aperfeiçoado e é conhecido por microscópio óptico, constituído
por dois sistemas de lentes conhecidas por oculares e objetivas, as
quais podem ampliar as imagens de 100 a 1000 vezes.
Mesmo com todas essas descobertas e com a formulação da
teoria celular, o microscópio óptico não permite a visualização de
detalhes da estrutura da célula. Assim, após a descoberta dos elé-
trons no século 19, o físico alemão Ernst Ruska, em 1931, desen-
volveu o microscópio eletrônico, que utiliza feixes desses elétrons
para ampliar o objeto de cinco mil a 500 mil vezes. Por esse inven-
to, ele recebeu o prêmio Nobel de física em 1986. Veja, a seguir, na
Figura 1, a ilustração de Robert Hooke e seus microscópios, e, na
Figura 2, a ilustração de Anton Van Leeuwenhoek.

Figura 1 Gravura de Robert Hooke, seu microscópio e as células da cortiça.

Figura 2 Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio.

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38 © Biologia Humana

Assim, a partir de todas essas descobertas e dos conheci-


mentos dos processos vitais que ocorrem em todas as células, po-
deremos entender melhor o funcionamento do organismo como
um todo.

6. AS CÉLULAS: PROPRIEDADES BÁSICAS E ORGANIͳ


ZAÇÃO ESTRUTURAL
Depois dessa viagem que fizemos pela história do micros-
cópio e da descoberta das células, será que você seria capaz de
definir o que é uma célula?
A célula, por definição, é a unidade estrutural e funcional
fundamental dos organismos vivos. Dessa maneira, de acordo com
a teoria celular, todos os organismos vivos são compostos por cé-
lulas.
A célula pode se apresentar isoladamente em seres que
conhecemos como unicelulares, ou unir-se a outras células para
formar os tecidos que compõem o organismo de seres pluricelu-
lares.
Nos seres unicelulares, como as bactérias, uma única célula
é capaz de realizar todas as funções básicas (digestão, respiração).
Já os seres pluricelulares, como os seres humanos, apresentam
inúmeras células. Nesses seres, as células com funções comuns
agrupam-se de maneira organizada para formar tecidos, os quais,
por sua vez, formam os órgãos.
Os animais pluricelulares apresentam uma organização es-
trutural complexa que se inicia em níveis químicos, incluindo todas
as substâncias químicas necessárias para seu funcionamento (oxi-
gênio, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, sódio etc.) e termina
em níveis sistêmicos, formados pelos órgãos que possuem funções
em comum, como, por exemplo, respiração (sistema respiratório),
digestão (sistema digestório), circulação (sistema circulatório), lo-
comoção (sistema musculoesquelético), entre outros. Entre esses
© U1 - Introdução à Biologia Celular 39

dois níveis, nós ainda temos o nível celular, composto pelas célu-
las que apresentam funções específicas de acordo com a região
em que se encontram; nível tecidual, no qual as células com as
mesmas funções se unem para formar os tecidos (tecido epitelial,
tecido conjuntivo, tecido nervoso, tecido muscular); e o nível or-
gânico, composto pelos órgãos constituídos pelos tecidos com as
mesmas funções (coração, intestino, pulmão, rim etc.). Os seres
humanos apresentam cerca de 75 trilhões de células que, embora
possam se diferir pelo tamanho, função e forma, apresentam pro-
priedades básicas comuns que garantem sua manutenção.
Com relação à sua organização estrutural e química, pode-
mos observar no microscópio que as células apresentam certa
complexidade, demonstrada mediante as diferenças entre a distri-
buição e a forma de suas organelas em espécies diferentes.
Mesmo apresentando essa complexidade, a maioria das cé-
lulas (eucarióticas) é capaz de se reproduzir por meio de um pro-
cesso chamado mitose, no qual uma célula-mãe duplica seu ma-
terial genético (DNA) e o divide em duas células-filhas idênticas à
célula-mãe.
Além disso, as células são capazes de:
1) Adquirir e utilizar a glicose como fonte de energia neces-
sária para realização de atividades metabólicas que re-
querem gasto energético, como, por exemplo, no trans-
porte ativo de substância para fora da célula.
2) Realizar reações químicas através de enzimas, que são
proteínas específicas.
3) Responder a estímulos como luz, calor e hormônios, e,
assim, se preparar para se contrair, se dividir ou se des-
locar.
4) Locomover ou alterar sua forma através de proteínas
motoras.
Essas propriedades são um resumo do que uma célula é ca-
paz de realizar, sendo necessária a realização de leituras comple-
mentares para sua melhor compreensão.

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Além dessas propriedades em comum, no que diz respeito à


sua constituição, toda célula apresenta:
• Membrana plasmática: envolve as células e seleciona as
substâncias que vão entrar ou sair do seu interior
• Citoplasma: região compreendida entre a membrana
plasmática e o núcleo, formada por uma substância fluida
constituída de água e proteínas. É o local onde estão mer-
gulhadas as organelas (órgãos celulares) responsáveis por
algumas funções importantes, como digestão, secreção,
respiração e síntese proteica.
• Núcleo: local onde se encontram os cromossomos (DNA
e RNA), responsáveis pela duplicação celular. Quase todas
as células são mononucleadas (um único núcleo); porém,
existem células binucleadas (células hepáticas e cartilagi-
nosas) e polinucleadas (célula muscular esquelética).
Vale ressaltar aqui que essas características estão presentes
nas células animal e vegetal.
Com o avanço da biologia celular, pôde-se descobrir uma gran-
de variabilidade genética entre as espécies. Essas espécies podem
se reunir em grupos progressivamente mais abrangentes – gêneros,
ordens, famílias – até o nível dos reinos clássicos, vegetal e animal.
Um dos esquemas de classificação, o de Whittaker, postula a divisão
em cinco reinos – monera, protista, fungi, plantaee animalia, com as
suas correspondentes subdivisões (DE ROBERTIS, 2001).
No entanto, podemos simplificar toda essa complexidade
classificando as células em dois tipos básicos, as procarióticas e
as eucarióticas, de modo que a principal diferença entre elas é a
ausência de um envoltório nuclear nas células procarióticas, en-
quanto as eucarióticas apresentam um núcleo verdadeiro com um
envoltório nuclear elaborado, denominado carioteca.
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7. AS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS


Como dito anteriormente, com o avanço da biologia celular
e a descoberta do microscópio eletrônico, foi possível verificar que
há basicamente dois tipos de células: as procarióticas (ou proca-
riontes) e as eucarióticas (ou eucariontes).
De maneira geral, essas duas células se diferenciam pela pre-
sença ou ausência de membranas. Contudo, há outras particularida-
des de cada uma que veremos a partir de agora.
O termo “procariontes”, ao pé da letra, significa “núcleo pri-
mitivo” (pro = primeiro, antes; e Karyon= núcleo), isso porque es-
sas células não apresentam núcleo organizado pelo envoltório nu-
clear. Seu material genético (cromossomo) está em contato direto
com o citoplasma, ocupando um espaço denominado nucleoide.
Portanto, podemos dizer que a principal característica dessas cé-
lulas é uma certa pobreza em membranas, apresentando somente
a membrana plasmática. Elas apresentam, também, um citoplas-
ma simples contendo poucas organelas. De modo geral, as células
procarióticas possuem os chamados polirribossomos, constituídos
por ribossomos ligados a moléculas de RNA mensageiro.

Alguns pesquisadores afirmam que as células procarióticas são


antecessoras às células eucarióticas. Essa afirmação se deve ao
fato de as células procarióticas terem sido encontradas em fósseis
de mais de três bilhões de anos, enquanto as células eucarióti-
cas apareceram por volta de um bilhão de anos (DE ROBERTIS,
2001).

Os seres que são formados pelas células procarióticas são


chamados de procariontes (ou procariotas), sendo representados
pelo reino monera, formado pelas bactérias. Essas células não se
dividem por mitose, e sim pela chamada divisão binária, na qual
há a formação de septos da superfície para o interior da célula, di-
vidindo-a em duas células-filhas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).

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As bactérias, frequentemente, apresentam prolongamentos


que podem ser de dois tipos: os flagelos, responsáveis pela loco-
moção das bactérias, e as fímbrias, que participam da transferência
unidirecional de DNA entre as células, como também promovem a
aderência da bactéria na célula eucariótica agredida (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005). Para compreender melhor a estrutura de uma
célula procariótica, observe a Figura 3.
As células eucarióticas (eu = verdadeiro; Karyon = núcleo)
são mais complexas que as células procarióticas e, como o próprio
nome diz, apresentam um núcleo verdadeiro organizado e limita-
do por uma membrana chamada envoltório nuclear ou carioteca.
Aliás, a presença de membranas é sua principal característica. Es-
sas membranas dividem as células em compartimentos respon-
sáveis por funções especializadas essenciais para manutenção e
divisão da célula. Essas células apresentam, também, o núcleo e o
citoplasma bem distintos. Os seres constituídos por elas são cha-
mados de eucariontes (ou eucariotas) e são representados pelos
reinos protista (protozoários), plantae (plantas), fungi (fungos) e
animalia (animais), no qual os humanos estão incluídos.
O núcleo das células eucarióticas contém os cromossomos,
constituídos de DNA associado a proteínas histônicas. O citoplasma
é bem complexo, delimitado pela membrana plasmática e divido em
compartimentos, nos quais são encontradas as organelas. Dentre as
organelas, estão as mitocôndrias, o retículo endoplasmático liso e
rugoso, o lisossomo, o complexo de Golgi e os ribossomos, responsá-
veis pelas atividades metabólicas das células como digestão, respira-
ção, secreção e síntese proteica. Outra característica distinta do seu
citoplasma é a presença de filamentos e túbulos do citoesqueleto,
que têm como funções: estabilização da forma celular, organização
do citoplasma, locomoção e suporte mecânico.
A membrana plasmática envolve a célula e separa o meio in-
tracelular do meio extracelular, controlando a passagem de subs-
tâncias entre esses meios (permeabilidade seletiva e transporte de
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moléculas) e mantendo a constância do meio intracelular. É também


responsável pela interação entre as células e proporciona suporte
mecânico para a célula. A membrana plasmática é muito importante
para as células e, por isso, será mais bem estudada na Unidade 3.
Para melhor compreensão das células eucarióticas, observe
a Figura 4 e faça uma comparação com a célula procariótica repre-
sentada na Figura 3.

Figura 3 Desenho esquemático da célula procariótica representada pela bactéria


Escherichia Colli.

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Figura 4 Desenho esquemático da célula eucarionte animal.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos aproveitar para verificar como está a sua aprendiza-
gem por meio de uma autoavaliação. Tente responder para si mes-
mo às seguintes questões:
1) O que é uma célula?

2) Qual a constituição básica de uma célula?

3) Quais os dois tipos básicos de células?

4) Quais as diferenças entre esses dois tipos celulares básicos?

9. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, foram feitas breves considerações
iniciais sobre a biologia humana, começando com a invenção do
microscópio e a descoberta das células, assim como seus principais
pesquisadores. Ficou claro que a invenção do microscópio possibi-
litou a descoberta da célula, que é a unidade estrutural e funcional
fundamental dos seres vivos, e isso foi de grande importância para
© U1 - Introdução à Biologia Celular 45

as ciências biológicas, pois, a partir daí, foi possível um estudo mais


detalhado do organismo vivo, esclarecendo seu funcionamento e
até mesmo os mecanismos de manifestações das doenças.
Nas próximas unidades, faremos um estudo mais detalhado
da estrutura e das funções das células, iniciando com a composi-
ção química das células.Esse conhecimento é fundamental para a
compreensão do funcionamento do corpo humano.

10. EͳREFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 –Gravura de Robert Hooke, seu microscópio e as células da cortiça: disponível
em:<http://www.nndb.com/people/356/000087095>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 –Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio: disponível em:
<http://www.clt.astate.edu/mhuss/toppage6.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 –Desenho esquemático da célula procariótica representada pela bactéria
Escherichia Colli: disponível em:<http://www.marcobueno.net/resumos/resumo.asp?f_
id_resumo=42>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 –Desenho esquemático da célula eucarionte animal:disponível em: <http://fai.
unne.edu.ar/biologia/cel_euca/images/celulaaldea.gif>. Acesso em: 3 maio 2009.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DE ROBERTIS, E. D. P.; ANDRADE, C. G. T. J. Bases da biologia celular e molecular. 2. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 2005.
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2007.

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