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Legalidade e Legitimidade

A base do conceito de Estado Democrático é, sem dúvida, a noção de governo


do povo, revelada pela própria etimologia do termo democracia. Democracia, portanto,
é um Regime de Governo que revela a fonte do poder que o Estado possui. É o regime
democrático que revela de onde emana o poder estatal, da soberania popular.
No Estado Democrático De Direito, existem dois regimes em apenas um
regime. O Regime Democrático e o Regime de Direito. Dizer que o Estado é
democrático, significa dizer que o poder emana do povo, o poder é do povo. Já no
Estado de Direito, significa que o Estado é regido pelas leis. Assim, temos dois
limitadores para o poder estatal: a soberania popular e as Leis. Entretanto, a soberania
popular é quem legitima a democracia. Sendo assim, a soberania popular, pode ser
exercida tanto de forma direita quanto de forma indireta. A soberania popular exercida
de forma direta se dá, por exemplo, no Brasil, por meio de quatro instrumentos:

 O plebiscito: Consiste numa consulta prévia à opinião popular. Dependendo do


resultado do plebiscito é que se irão adotar providências legislativas, se
necessário;
 Referendo: Consiste na consulta à opinião pública para a introdução de uma
emenda constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um
interesse público relevante;
 Iniciativa Popular: É a possibilidade de se iniciar a criação de uma lei;
 Ação Popular: É um remédio Constitucional que permite ao cidadão fiscalizar o
poder público.
Ainda, a soberania popular exercida de forma direta, se dá quando os cidadãos escolhem
por meio do voto, seus representantes. Aqui, pode-se perceber que o poder soberano que
emana do povo é parcialmente transferido para seus representantes de forma legal e
aparentemente legítima. Assim, a efetiva participação popular é uma das características
da necessária construção do Estado de Legitimidade associado ao Estado de legalidade
na ordem legal constitucional legitimamente estabelecida.
Legalidade

A relação entre legalidade e legitimidade é tão estreita que muitas vezes são
usadas como sinônimos por parte da maioria da população, pois a palavra pode
denominar uma série de situações. Desde a autenticidade de algo até a justificação com
a vontade geral, por meio da lei. Segundo Bobbio, “legalidade é um atributo e um
requisito do poder. O poder legal é um poder que está sendo exercido de conformidade
com as leis”.
A legalidade está associada à forma, é termo de significado estrito, na
concepção positiva, refere-se a tudo que se faz segundo o que está de acordo com as
leis. De acordo com Wolkmer, “cumpre ressaltar que a legalidade reflete
fundamentalmente o acatamento de uma estrutura normativa posta, vigente e positiva”.
A legalidade se refere ao Direito.

O conceito de legitimidade

A legitimidade do governo encontra seu fundamento ao longo do processo


histórico, em doutrina e crenças que geralmente são aceitas. Na Idade Média, a crença
dava suporte à legitimidade, uma legitimidade dada por Deus. Contemporaneamente,
essa legitimidade é dada pelo povo, ou seja, pelo consentimento dos cidadãos.

[...] Numa cultura jurídica pluralista, democrática e participativa, a


legitimidade não se funda na legalidade positiva, mas resulta da
consensualidade das práticas sociais instituintes e das necessidades
reconhecidas como reais, justas e éticas. WOLKMER. Cadernos de Direito
Constitucional e Ciência Política 05, página 31.

Pode-se inferir que existe a presunção de uma identidade entre legitimidade e


juridicidade, em função de o Direito ser sempre, na democracia, uma expressão da
vontade geral.
Todo o governo é legal e legítimo ao mesmo tempo?

Existe governo legal e ilegítimo, por exemplo, o governo de Petain, na França,


que investido legalmente no poder, patenteou seu inteiro desacordo com os sentimentos
e esperanças e votos do povo francês. Daí resultou negar-lhe o país adesão e
consentimento, bases da legitimidade política.
Outro exemplo é a “tomada de poder” na Venezuela por Juan Guaidó que se
autoproclamou presidente interino da Venezuela. Do ponto de vista da Lei, sua ação é
ilegal, mas parte da população venezuelana que padece diante da escassez de alimentos,
da falta de trabalho, da miséria que assola o país, confere legitimidade à ação do Juan
Guaidó, quando reclamam um novo governo que ponha um fim nesses problemas. Por
outro lado, existe também o reconhecimento Internacional por parte de vários países,
dentre eles, o Brasil, os Estados Unidos, Argentina, Canadá, Chile e outros. Assim, há
uma suposta legitimidade a ação do Juan Guaidó.
Via de regra, governos que nascem das situações revolucionárias, dos golpes
de Estado, das conspirações triunfantes, são governos ilegais, mas eventualmente
legítimos, se abraçados pelo sentimento nacional de aprovação ao exercício do seu
poder. Se confirmada a viabilidade desses governos, a legitimidade fundará então, a
nova legalidade.

Legitimidade e Legalismo

A legitimidade, ao mesmo tempo em que constitui um caminho de ruptura com


o legalismo, pode ser desvirtuada para convergir com o legalismo.

[...] Na tradição política ocidental, dependendo do tipo de Poder Estatal,


sempre houve a necessidade de uma legitimidade, que estivesse sujeita a
critérios de consensualidade, jamais funcionando na absoluta liberdade, pois,
em grande parte, foi e tem sido um fenômeno forçado, deformado e
manipulado.WOLKMER, 1994. p. 179-184.

Ocorre que o próprio consenso social pode ter sua legitimidade questionada.
Isto se percebe facilmente com a constatação do poder da mídia moderna. E isto
complica muito a questão já que se o próprio consenso social não for legítimo, nada que
nele se embase o será. Segundo Luiz Fernando coelho, na obra Teoria Crítica do
Direito, "legitimidade então pressupõe consenso mais ou menos generalizado, a
legitimidade articula-se com o poder e a dominação".
E é justamente essa vinculação com o poder e a dominação que tornam
tormentosa a tarefa de se verificar a legitimidade do consenso social. A dificuldade está
em se certificar deste consenso, se nos vários sistemas sociais o silêncio e os
mecanismos de participação do povo (Plebiscitos, Referendo, Iniciativa Popular, Ação
Popular, a própria eleição, etc.) podem ser interpretados. Entende-se em razão de sua
previsão normativa, normalmente constitucional, é uma maneira de se perceber qual é a
vontade geral. No entanto, por questões de ordem prática e material, os mesmos não são
eficientes para todos os problemas que surgem. Neste ponto é que a legitimidade fica
menos visível, menos evidente. Só que questionar a legitimidade, a validade, do
consenso social é sempre uma atitude perigosa, pois pode advir daí um discurso de
incapacidade do povo se autogovernar, o que justificaria um regime totalitário. O
convencimento por força de argumentos não ilegítima o consenso social, o que o faz é o
apelo fácil do sensacionalismo e do sentimentalismo e mais ainda da informação parcial
e tendenciosa.
O consenso social será legítimo quando alcançado por um convencimento
ético, e, de outro lado, será ilegítimo quando atingido por manobras políticas de baixo
nível, pela manipulação e ocultação de informações, pelo sensacionalismo, pelas
chamadas à emotividade. Assim, por lógica, temos que se o consenso social é ético, é
legítimo, daí as leis são legítimas e, por fim, as condutas calcadas ou impostas pela lei
são legítimas.
Por fim a relação entre o Direito e a legitimidade pode ser tanto externa, vale
dizer, quando está em consonância com o consenso social, ponto em que a
principiologia jurídica se mostra importante, dado que, são os princípios o veículo
próprio para levar até o Direito aspectos sociais; como interna, quando se diz que é
legítima a regra produzida em conformidade com o próprio Direito, em especial a
Constituição.
A legalidade, como acatamento a uma ordem normativa oficial, não possui
uma qualidade de justa ou injusta. A ideologia legalista, por sua vez, parte da noção de
legalidade para distorcê-la e, aí sim, servir como instrumento de injustiça. O legalismo é
utilizado muitas vezes como uma estratégia autoritária, de impor uma ação estatal
justificada apenas na necessidade de cumprimento “da lei”. É o argumento que se
esconde na autoridade da lei estatal para ter validade, quando na verdade há interesses
que não podem ser expostos, devido à ausência de consenso. Pressupõe-se que, se a tese
está fundada numa lei, e as leis (conforme essa ideologia) são verdades absolutas, então
a tese nela fundada também é uma verdade absoluta.
A legitimação, como processo de dominação, é um processo inseparável da
dominação de classe, pois atua como um instrumento ideológico das classes dominantes
para tornar aceitáveis, pela dissimulação e ocultação, ou seja, pela alienação, essa
própria dominação que, sem esse processo, seria ilegítima. Vários governantes se
aproveitam do poder da lei para exprimir a sua vontade, surgindo então, a crise da
legalidade. Cabe, portanto, resgatar a definição de legitimidade como busca do direito
justo, tendo como referencial o interesse das classes populares, para além do direito
estatal.
Referências Bibliográficas

BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, 8. ed., Brasília: UnB, 1996, p. 28-
29.

BOBBIO, Norberto Dicionário de Política, V.2, Editora UNB, Página 674.

COELHO, Luiz Fernando. Teoria Crítica do Direito, 2ª edição, Editora Sergio Antonio
Fabris, página 360.

WOLKMER, Antonio Carlos. Uma Nova Conceituação Crítica de Legitimidade, RT


Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política 05, página 31.

WOLKMER, Antônio Carlos. Legitimidade e legalidade: uma distinção necessária. In:


Revista de Informação Legislativa, n. 124. Brasília, 1994. p. 179-184.

SILVA, Alexandre Rezende da. Legalidade e legitimidade. Revista Jus Navigandi,


ISSN 1518-4862, Teresina, ano 8, n. 63, 1mar. 2003. Disponível
em: <https://jus.com.br/artigos/3814>. Acesso em: 14 mar. 2019.

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