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Como chegou ao poder de Roma o Papa João Paulo II. Qual foi o papel de
Washington, da CIA, da ultradireita clerical e da mafia ítalo-
norteamericana em sua indicação e no assassinato do Pontífice que o
precedeu. Como estão ligados os interesses estratégicos de EEUU com seu
papado, e qual foi o papel do Vaticano no financiamento do aparato
paramilitar que assassinou e torturou militantes e a sacerdotes católicos
rebeldes na América Latina. Como se insere o Opus Dei na estrutura do
poder clerical de Roma, e qual é o cenário de poder real que se movia por
trás do "Papa mediático" mitificado e endeusado pelos governos e pelas
multidões.
Anos depois, o Papa polonês que sucedeu Luciani avalisou com seu silêncio
os ferozes bombardeios e a invasão da Iugoslávia, ponta de lança da
conquista dos mercados da Europa Oriental, lançada pela administração
Clinton no princípio dos anos 90.
"Debo reconhecer com certa tristeza que a versão oficial entregue pelo
Vaticano desperta muitas dúvidas", ressaltou o cardial brasileiro Aloisio
Lorscheider para o The Time, em 29 de setembro de 1998.
Dez anos antes, o irlandês John Magree, que havia sido secretário privado
de Luciani, negou que tinha sido ele quem encontrou o papa morto, mas sim
a irmã Vicenza.
Logo se disse que foi o próprio Wojtyla, já convertido em João Paulo II,
quem confirmou a Magree que, no momento da eleição papal, ele se
encontrava quase de frente a Luciani.
William Colby, chefe da CIA entre 1973 e 1976, declarou em suas memórias
que "a maior operação política assumida pela CIA foi prevenir o avanço
comunista em Itália nas eleições de 1958, impedindo assim que a OTAN
fosse ameaçada politicamente por uma quinta coluna subversiva: o PCI".
O sacerdote católico espanhol Jesus López Sáez relata em seu livro "El
dia da conta", que Paulo VI, com relação ao ingresso de Lício Gelli
dizia: "a fumaça de Satanás entrou na Igreja".
Segundo essa versão, esse dinheiro era utilizado para financiar operações
especiais da CIA com o terrorismo nos anos setenta, e sua origem eram o
tráfico de drogas e de armas controlado pela agência norteamericana, e
cujo objetivo se orientava a desestabilizar ou a derrubar governos "pró-
comunistas" ou hostis a Washington, principalmente no quintal latino-
americano.
"Aquela que se chama sede de Pedro e que se diz também santa não pode se
degradar até o ponto de misturar suas atividades financeiras com as dos
banqueiros.... Perdemos o sentido da pobreza evangélica: fizemos nossas
as regras do mundo", foram suas palavras ao chegar, segundo o jornalista.
Isso o converteu imediatamente no "homem que devia morrer".
Com a morte de Luciani, o polonês João Paulo II, o "Papa da Opus Dei", já
tinha o passe livre para realizar sua involução doutrinal e perseguir os
dois principais objetivos políticos traçados: repartir a extrema unção
aos regimes da Europa Oriental e abençoar os militares golpistas e
repressores que perseguiam os Teólogos da Libertação na América Latina.
João Paulo II nunca escutou o Monsenhor Romero em suas súplicas para que
intercedesse perante seus verdugos.
Como relata López Sáez em seu livro, Monsenhor Romeiro saiu chorando da
audiência papal, enquanto comentava "o Papa não me entendeu, não pode
entender, porque El Salvador não é a Polônia".
O cardeal Wojtyla era o candidato papal doa Opus Dei e em sua eleição
como Papa o cardeal König, arcebispo de Viena e homem próximo à
organização, cumpriu um papel determinante.
A figura de João Paulo II, por dizer de alguma maneira, "fechava" os dois
propósitos fundamentais de Washington: abrir o caminho à expansão de suas
transnacionais na Europa Oriental através da pregação "anticomunista" de
Wojtyla, e afinar o Vaticano à Doutrina de Segurança Nacional, sustento
motriz das ditaduras militares latino-americanas que combatiam o perigo
"subversivo vermelho" na região.