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Luciani: o Papa que devia morrer

A trama CIA-Opus Dei-mafia financeira no Vaticano

Como chegou ao poder de Roma o Papa João Paulo II. Qual foi o papel de
Washington, da CIA, da ultradireita clerical e da mafia ítalo-
norteamericana em sua indicação e no assassinato do Pontífice que o
precedeu. Como estão ligados os interesses estratégicos de EEUU com seu
papado, e qual foi o papel do Vaticano no financiamento do aparato
paramilitar que assassinou e torturou militantes e a sacerdotes católicos
rebeldes na América Latina. Como se insere o Opus Dei na estrutura do
poder clerical de Roma, e qual é o cenário de poder real que se movia por
trás do "Papa mediático" mitificado e endeusado pelos governos e pelas
multidões.

A ascensão ao trono de Pedro por Albino Luciani, em 1978, com seus


postulados "renovadores", representou um golpe inesperado para os setores
mais ultra-reacionários - vinculados a Washington, ao Opus Dei, à mafia e
à lavagem de dinheiro - que percorriam os corredores vaticanos fazendo
intrigas para impor o conservador arcebispo genovês Giussepe Siri.

João Paulo I, um "revolucionário" da Igreja Católica, segundo os


"vaticanistas", foi o primeiro Papa com dois nomes, gesto que adotou para
honrar a memória de seus dois predecessores, João XXIII e Paulo VI.

A abertura da Igreja para sua "esquerda renovadora" produziu os


pontificados de João XXIII e de Paulo VI, e ameaçava sua continuidade
expansiva com o apostolado de Albino Luciani, que se chocava com os
interesses entronizados da cúpula do poder mafioso incrustrado no
Vaticano, dos quais Washington se valia para irradiar suas estratégias de
expansão no seio da Igreja Católica.

Contrariamente ao que prognosticavam os conhecedores das intrigas


vaticanas, Luciani assumiu a chefia da Igreja Católica em 1978,
atropelando o polonês Wojtyla que muitos, incluindo o próprio Luciani,
consideravam carta marcada como futuro Papa imposto pelo establishment do
poder curial.

O secretário de Estado do Vaticano Jean Villot, um operador de Washington


e da mafia financeira na "Santa Sé", declarava publicamente antes da
ascensão de Luciani:" encontrei o futuro papa: será o cardeal Wojtyla".

Em setembro de 1978, Mino Pecorelli, um jornalista, escreveu um artigo


intitulado “A Grande Loja do Vaticano”.

A lista, em grande parte, era integrada por cardeais, bispos e prelados


de alto escalão. Os nomes de Jean Villot, seu Ministro de Assuntos
Exteriores, o cardeal Paul Marcinkus, chefe do Banco do Vaticano, e
Pasquale Macchi, seu secretário pessoal, estavam na nómina.

Graças ao trabalho realizado por Giovani, que havia sido homem de


confiança de Paulo VI, 89% dos votos do conclave foram a favor de Luciani
João Paulo I), cujo perfil continuador da política de seu antecessor
provocou a desilusão e a indignação do lobby dos cardeais mais
direitistas.

Para sorte destes setores, o "papa do sorriso" só durou 33 dias no


pontificado, o que deu lugar a versões de um complô contra sua vida,
alguns baseados em simples rumores e outros sustentados nas declarações
públicas de personagens-chave que desmentiram a versão oficial sobre o
súbito falecimento de Luciani.

Suas idéias de "mudança" nunca chegaram a se fazer realidade já que


morreu o 28 de setembro de 1978, apenas 33 dias depois de haver sido
eleito, tornando-se o segundo papado mais breve da história desde Leão
XI, que morreu em abril de 1605, menos de um mês depois de sua eleição.

A morte de Luciani ocorreu em pleno desenvolvimento da Guerra Fria


travada por Washington e Moscou para fortalecer suas áreas de influência.
Principalmente no contexto latino-americano onde a teologia da libertação
- nascida no calor do reformismo eclesiástico - havia se convertido na
bíblia dos chamados "padres rebeldes" do Terceiro Mundo.

Na América Latina, as ditaduras militares "anticomunistas" formadas na


Escola das Américas e na "Doutrina de Segurança Nacional", desenvolveram
sua "guerra antisubversiva" comungando com igrejas da ultradireita
católica.

A hierarquia católica conservadora latino-americana, imbuída da "Doutrina


de Segurança Nacional" impulsionada por Washington e pelo Pentágono,
acompanhava e santificava as andanças repressivas das ditaduras militares
nascidas por golpes de Estado promovidos pelo Departamento de Estado
norte-americano, tal como se demonstrou nos documentos revelados
recentemente.

Toda essa política do Vaticano, foi avalizada e consentida pelo sucessor


de Albino Luciani, João Paulo II, quem se prestou ao exterminio militar
do "comunismo ateu" na América Latina, da mesma maneira que pregou a
"guerra anticomunista" que Washington e a CIA haviam lançado para
desestabilizar à burocracia soviética e estabelecer o mercado capitalista
nas repúblicas socialistas de Europa Oriental.

Anos depois, o Papa polonês que sucedeu Luciani avalisou com seu silêncio
os ferozes bombardeios e a invasão da Iugoslávia, ponta de lança da
conquista dos mercados da Europa Oriental, lançada pela administração
Clinton no princípio dos anos 90.

Com a chegada de Ronald Reagan ao governo de EEUU, no princípio dos anos


80 (tendo como vice-presidente o pai do atual presidente, George Bush) se
aprofunda a relação das máfias das drogas e das armas com a estratégia de
Washington, em cuja trama a CIA transplantou, com os Contras
nicaragüenses, a metodologia operativa do Irãgate na América Latina.

Após sua morte em 1978, a teoria do "envenenamento" de Luciani (o Papa


João Paulo I) começou a circular em off, pelos corredores do Vaticano
convertendo-se na fofoca secreta e a meia-voz dos grandes círculos do
poder internacional.
Os rumores seguiram se acumulando e quase se converteram em evidência
pelo fato de Jean Villot, secretário de Estado do Vaticano, negar-se a
realizar a autópsia ao cadáver do Papa Albino Luciani.

"Debo reconhecer com certa tristeza que a versão oficial entregue pelo
Vaticano desperta muitas dúvidas", ressaltou o cardial brasileiro Aloisio
Lorscheider para o The Time, em 29 de setembro de 1998.

Dez anos antes, o irlandês John Magree, que havia sido secretário privado
de Luciani, negou que tinha sido ele quem encontrou o papa morto, mas sim
a irmã Vicenza.

Segundo sustenta Cristóbal Guzman em seu livro “Opus Dei, a entronização


do fanatismo”, a história foi recolhida por John Cornwell em “A thief in
the night”, onde sustenta que ninguém no Vaticano se preocupou com a
enfermidade que levou Luciani à morte. Por sua parte, o investigador
britânico David Yallop vai mais longe e é partidário da versão do
assassinato.

Segundo seus biógrafos, do momento em que assumiu o trono de Pedro, João


Paulo I fez constantes e obsessivas "predições" - a seus amigos e
colaboradores mais fiéis - de que seu papado seria curto.

O bispo irlandês John Magree (apontado no início como o descobridor do


cadáver de Luciani), lembra no livro “Um ladrão na noite: a morte do Papa
João Paulo I”: "Estava constantemente falando da morte, sempre nos
lembrando que seu pontificado iria durar pouco. Sempre dizendo que o
estrangeiro iria sucedê-lo". O "estrangeiro" era o polonês Wojtyla.

O próprio Magree, secretário pessoal de João Paulo I, e amigo do poderoso


cardeal Paul Marcinkus, conta que, pouco antes de morrer, o papa lhe
disse: "Eu partirei e o que estava sentado na Capela Sistina, em frente a
mim, ocupará meu lugar.

Logo se disse que foi o próprio Wojtyla, já convertido em João Paulo II,
quem confirmou a Magree que, no momento da eleição papal, ele se
encontrava quase de frente a Luciani.

Os irmãos Gusso, camareiros pontifícios e homens da confiança do Papa


Luciani, foram destituidos uns dias antes de seu falecimento, apesar da
oposição do secretário papal, Diego Lorenzo.

Ao parecer, também por aqueles dias uma pessoa conseguiu se introduzir


nos aposentos do Papa, deixando evidente a falta de segurança no
Vaticano.

Complementando estes estranhos sinais, um médico do vaticano percebeu que


o Papa dias antes de sua morte “tinha o coração fatigado".

Albino Luciani - dizem seus biógrafos - não levou em conta este


diagnóstico e continuou desenvolvendo suas atividades nos que seriam seus
últimos dias de vida.
A "Santa Mafia" e a CIA
Nem bem assumiu seu apostolado, o Papa João Paulo I (Albino Luciani),
eleito no próprio ano de 1978, havia decidido que a Igreja não devia
intrometer-se em assuntos políticos, afastando o Vaticano da trama do
dinheiro sujo que ingressava através da política italiana, principalmente
da democracia cristã, que tradicionalmente se valeu do Vaticano para
chegar ao governo.

Segundo denuncia o jornalista alemão Jürgem Roth, desde 1983 "Bettino


Craxi, ex-presidente italiano socialista, também foi corrompido com
milhões de dólares, em seus quatro anos no cargo assegurou mediante
decretos do Governo, entre outras coisas, o império midiático de Silvio
Berlusconi", hoje à frente do governo italiano.

William Colby, chefe da CIA entre 1973 e 1976, declarou em suas memórias
que "a maior operação política assumida pela CIA foi prevenir o avanço
comunista em Itália nas eleições de 1958, impedindo assim que a OTAN
fosse ameaçada politicamente por uma quinta coluna subversiva: o PCI".

Em 1972, atuando como cardeal da diocese de Veneza, Albino Luciani toma


consciência da corrupção mafiosa que imperava no Vaticano, durante um
encontro com o poderoso monsenhor Paul Marcinkus.

O chefe da administração vaticana havia vendido o Banco Católico do


Veneto ao Banco Ambrosiano, de Roberto Calvi, sem consultar o bispado
daquela região, ou seja, o bispado comandado pelo próprio Luciani.

Quando se converteu em Papa, Luciani perguntou por que a Igreja se


desfazia de um banco que se dedicava a ajudar aos mais necessitados com
empréstimos a juros subsidiados.

O então secretário de Estado, Giovani Benelli, lhe contou da existência


de um acordo secreto entre Roberto Calvi, Michele Sindona e Marcinkus
para aproveitar a ampla margem de manobra que o Vaticano tinha para
realizar evasão de impostos, movimento legal de ações, etc.

A reação de Luciani, recolhida no livro "Com o coração posto em Deus:


intuições proféticas de João Paulo I", é de uma enorme decepção: "O que
tem tudo isto a ver com a igreja dos pobres? Em nome de Deus..."
perguntou Luciani. Benelli, lhe interrompeu com um "não, Albino, em nome
do dividendo".

Uns anos antes, no começo da década de setenta, Roberto Calvi havia


começado uma bem sucedida ascensão no mundo das finanças italianas pelas
mãos de seu benfeitor, Michele Sindona.

Segundo diversas investigações, foi Sindona quem introduziu Calvi nos


círculos do poder vaticano, em associação com monsenhor Marcinkus, um dos
mais firmes aliados da máfia italo-norteamericana no Vaticano.

De acordo com as investigações realizadas por Yallop, Gurwim, Sisti,


Modolo, Di Fonzo, Piazzesi, Bonsanti, Doménech e Rupert Cornwell, a mafia
italo-norteamericana utilizou as instituições financeiras do Vaticano
para lavar dinheiro sujo procedente do tráfico de drogas e de armas,
assim como de outras atividades criminosas.

As investigações do processo empreendido pela Justiça Italiana,


demonstraram que o Estado do Vaticano serviu durante mais de uma década
como paraíso fiscal, sendo o IOR (Instituto para as Obras de Religião,
também chamado Banco Vaticano), aproveitado pela Maçonaria para enviar o
dinheiro para contas na América do Sul (sobretudo Argentina) e América
Central.

Segundo ficou demonstrado no processo instaurado na Itália no princípio


dos anos oitenta, a conexão Banco Ambrosiano-Banco Vaticano foi a via
através da qual Lício Gelli, chefe agente da CIA, ingressou no núcleo de
pessoas influentes na Santa Sé.

O sacerdote católico espanhol Jesus López Sáez relata em seu livro "El
dia da conta", que Paulo VI, com relação ao ingresso de Lício Gelli
dizia: "a fumaça de Satanás entrou na Igreja".

Segundo afirma López Sáez em seu livro, a aliança Vaticano-EEUU-máfia


siciliana-Cosanostra foi gerada no começo da Guerra Fria impulsionada
pela necessidade de enfrentar ao inimigo comum: o comunismo soviético.

Documentando-se em livros como "El fantasma do passado", de Flamigni,


Sáez afirma que a mafia siciliana foi uma espécie de governo secreto
estadounidense ao término da II Guerra Mundial, estabelecido para impedir
a expansão do comunismo.

Segundo López Sáez, a estrutura mafiosa do Vaticano seria controlada


diretamente pela CIA, à qual teria pertencido Lício Gelli, o "príncipe
das trevas", naquela época da história Italiana.

Segundo o jornalista Italiano Ênio Remondino, o ex-colaborador da CIA,


Richard Breneke, afirmava que "Gelli havia trabalhado para a CIA
recebendo em troca enormes somas de dinheiro" .

Segundo essa versão, esse dinheiro era utilizado para financiar operações
especiais da CIA com o terrorismo nos anos setenta, e sua origem eram o
tráfico de drogas e de armas controlado pela agência norteamericana, e
cujo objetivo se orientava a desestabilizar ou a derrubar governos "pró-
comunistas" ou hostis a Washington, principalmente no quintal latino-
americano.

Uma grande parte das operações do "Contra-Gate" (segundo se diz, dirigida


nas sombras pelo então vice-presidente de Reagan, George Bush, pai do
atual presidente) foi realizada através das redes financeiras da máfia
ítalo-norteamericana infiltrada no Vaticano.

No processo aberto contra Roberto Calvi, fala-se que o Banco Ambrosiano


teria sido um trampolim à serviço da CIA e da máfia para distribuir somas
astronômicas às formações paramilitares "anticomunistas" controladas pela
CIA, com a cumplicidade das vantagens fiscais do Vaticano.

Essas fabulosas somas de dinheiro foram canalizadas através de paraísos


fiscais como Panamá ou Nassau, que depois serviriam para financiar todo
tipo de operações secretas (assassinatos de militantes e dirigentes de
esquerda, golpes de Estado, desestabilização de governos, etc.),
fundamentalmente em América Latina.

O ex-ditador panamenho Noriega, um agente da CIA , tentou sem sorte que o


Vaticano intercedesse para sua libertação após ser derrubado da
presidência do Panamá.
Segundo seus biógrafos, quando chegou a Roma o Papa Luciani, que sonhava
com uma reforma profunda da Igreja, vinha disposto a cortar pela raiz as
conexões financeiras, políticas e doutrinais da máfia italo-
norteamericana no Vaticano.

No livro de Camilo Bassoto "Mi corazón está todavia en Venecia", são


transcritas as seguintes palavras do Papa Luciani: "sei muito bem que não
serei eu quem vai mudar as regras estabelecidas há séculos, mas a Igreja
não deve ter poder nem possuir riquezas".

Quando João Paulo I assume a chefia da Igreja Católica, decide destituir


a Paul Marcinkus e renovar integramente o Banco Vaticano.

Segundo relata Camilo Bassoto, jornalista veneziano e amigo pessoal de


João Paulo I, Luciani "pensava em tomar aberta oposição, inclusive diante
de todos, à mafia, publicar cartas pastorais sobre a mulher na igreja e a
pobreza no mundo".

Luciani se dispunha, em definitivo, a revisar toda a estrutura da Curia


contaminada pela máfia e pelos serviços de inteligência com sede em
Washington.

"Aquela que se chama sede de Pedro e que se diz também santa não pode se
degradar até o ponto de misturar suas atividades financeiras com as dos
banqueiros.... Perdemos o sentido da pobreza evangélica: fizemos nossas
as regras do mundo", foram suas palavras ao chegar, segundo o jornalista.
Isso o converteu imediatamente no "homem que devia morrer".

Washington, a Opus Dei e o Papa "anticomunista"


Eliminado (por "morte súbita") o Papa Luciani, e com a promoção do
polonês Wojtyla ao trono de Pedro, a saída que era buscada pela Opus Dei
e outros movimentos integristas vinculados à máfia italo-norteamericana
foi favorecida “casualmente” para seguir expandindo seu controle sobre o
corpo corrupto da cúpula do Vaticano.

Quatro anos depois, a Opus Dei e seus sócios da ultradireita clerical


viram dissipar a última nuvem com a desaparição de Giovani Benelli, o
último opositor da influência crescente da organização de Escrivá com
suas redes mafiosas estendidas até Washington.

Após a morte de Luciani, João Paulo II alcança a chefia do Vaticano no


ano 1978, em pleno desenvolvimento da Guerra Fria entre Washington e
Moscou.

O perfil "anticomunista" de Wojtyla, seu apostolado "anti-vermelho" na


Polônia, caía sob medida nos interesses de Washington e das máfias
financeiras e das drogas que faziam seus negócios com os governos
ultradireitistas envolvidos na "guerra contra o comunismo", tanto na
América Latina como no resto dos chamados países do Terceiro Mundo.

Com a morte de Luciani, o polonês João Paulo II, o "Papa da Opus Dei", já
tinha o passe livre para realizar sua involução doutrinal e perseguir os
dois principais objetivos políticos traçados: repartir a extrema unção
aos regimes da Europa Oriental e abençoar os militares golpistas e
repressores que perseguiam os Teólogos da Libertação na América Latina.

Nessa perseguição feroz foram assassinados, entre outros, os monsenhores


Oscar Romero (1980) e Ignacio Ellacuría (1989), este junto a outros cinco
jesuítas da UCA e duas mulheres, que foram massacrados pelos esquadrões
da morte com a cumplicidade do exército salvadorenho.

João Paulo II nunca escutou o Monsenhor Romero em suas súplicas para que
intercedesse perante seus verdugos.

Curiosamente, João Paulo II havia se despedido de Monsenhor Romero, uns


meses antes de sua morte, depois de uma audiência em torno das violações
dos direitos humanos com um "não me traga muitas folhas porque não tenho
tempo para lê-las... e além disso, procure agir de acordo com o governo".

Como relata López Sáez em seu livro, Monsenhor Romeiro saiu chorando da
audiência papal, enquanto comentava "o Papa não me entendeu, não pode
entender, porque El Salvador não é a Polônia".

A conexão entre o Vaticano, os EEUU e a mafia ítalo-norteamericana foi


favorecida, com o Papa João Paulo II, pela obsessão que atenazou Wojtyla
desde muito antes de sua chegada ao poder: acabar com o comunismo "ateu",
o sistema no qual havia vivido e que ainda seguia vigente em sua pátria.

A aliança do Vaticano com Washington - impulsionada pelos lobistas da


Opus Dei e da Casa Branca - ajudou a garantir a vitória do capitalismo
sobre a URSS. João Paulo II foi o cruzado da guerra contra o "ateísmo
vermelho" nos países sob a órbita sovieitica e sua prédica contribuiu
para legitimar "espiritualmente" a invasão capitalista às regiões
comunistas da ex-URSS.

Durante a gestão de João Paulo II a Opus Dei adquiriu um enorme poder em


Roma. Sua ascensão se viu coroada em 1992 pela beatificação de Escrivá de
Balaguer (o fundador da Opus Dei) por parte de João Paulo II - amigo de
longa data da organização - apenas dezessete anos depois de sua morte e
de um processo rápido, onde só se tiveram em conta os testemunhos
positivos.

Sanjuana Martínez, em um artigo referente ao livro “Opus Dei, a Teia do


Poder”, assinala que durante o papado de João Paulo II há um
beneficiário: a Opus Dei. Seu status de "diócese supranacional"
institucionalizou seu poder e radicalizou a guerra intestina no Vaticano.

Os exemplos concretos - assinala Martinez - são contados pelo grupo Os


Discípulos da Verdade no livro “À Sombra do Papa Enfermo - Os escândalos
no pontificado de João Paulo II e a luta pela sucessão”, publicado por
Edições B.

No capítulo intitulado “Os pecados do Papa Wojtyla” o livro faz um


percurso pelos escândalos de corrupção, negócios ilegais e apoios do
Vaticano aos regimes ditatoriais da América do Sul, entre outros.

No apêndice intitulado "El bispo 007" detalha as responsabilidades de


João Paulo II no escãndalo financeiro do banco pontifício IOR-Ambrosiano,
dirigido por Monsenhor Paul Marcinkus, confirmado em seu posto por
Wojtyla.
"A quebra do Banco Ambrosiano foi uma colossal tramóia que custou aos
credores e aos contribuintes italianos 287 milhões de dólares e aos fiéis
da Igreja pelo menos 241 milhões de dólares. A tramóia só foi possível
pela objetiva conivência do banco papal, e o IOR só pode ser cúmplice
graças à anuência - implícita ou explícita - de João Paulo II.

O escãndalo do IOR-Ambrosiano custou a vida a Roberto Calvi. Se f de um


suicídio, "o monsenhor Marcinkus esteve entre aqueles que levaram Calvi a
seu desatinado gesto".

De qualquer forma, "o pontífice polonês não pronunciou uma só palavra de


aflição cristã nem de piedade humana pela morte violenta do banqueiro
católico, que durante tantos anos havia negociado em nome e por conta das
finanças vaticanas, assinala Martínez em seu artigo”.

O misterioso poder da Opus Dei, seus tentáculos nas sombras, é, segundo


os especialistas, o que impõe a agenda dentro do sinuoso mundo dos
negócios e do controle político sobre o Vaticano na era de João Paulo II.

Sua vinculação com a CIA e com a máfia italo-norteamericana se


intensificou na era da administração Reagan-Bush, devido a seus contatos
com a cúria ultradireitista latino-americana, principalmente no Chile,
Argentina, Paraguai e América Central.

O cardeal Wojtyla era o candidato papal doa Opus Dei e em sua eleição
como Papa o cardeal König, arcebispo de Viena e homem próximo à
organização, cumpriu um papel determinante.

Sendo bispo de Cracóvia, o monsenhor Karol Wojtyla já viajava a Roma


convidado pela Opus Dei, que o alojava na bela residência da via Bruno-
Bozzi n° 73, em um elegante subúrbio de Roma.

Além da categorização da Obra e da beatificação de Escrivá de Balaguer


-duas decisões que levantaram uma onda de críticas em todo o mundo - o
Papa João Paulo II se fez rodear de membros da Opus Dei, assinalados como
vinculados aos distintos vasos-comunicantes desta organização com
Washington e com as redes da máfia italo-norteamericana.

Segundo diversas investigações refletidas no livro do sacerdote católico


López Sáez, com João Paulo II no poder do Vaticano se desviariam fundos
ilegalmente do IOR, via Banco Ambrosiano, para financiar o sindicato
polonês Solidaridade com 500 milhões de dólares entregues a Lech Wallesa,
o equivalente político de Wojtyla na Polônia.

O general Vernon Walters, antes de morrer disse, referindo-se a Ronald


Regan, que "talvez tenha sido ele que ajudou ao Espírito Santo na eleição
de Wojtyla e para que colaborasse na morte do Papa Luciani".

Por seu lado, Richard Allem, que foi conselheiro de segurança do


presidente Reagan, afirmou que "a relação de Reaga com o Vaticano foi uma
das maiores alianças secretas de todos os tempos".

Na realidade, e como fica exposto no livro do sacerdote López Sáez, a


ascensão de Wojtila ao trono de Pedro havia sido decidida ao longo da
década de setenta, na Casa Branca e nos círculos do poder econômico dos
EEUU.
López Saez assinala que com a ajuda de uma profesora universitária bem
"conectada", Wojtyla foi introduzido nos círculos próximos ao poder de
Washington através do cardeal da Filadelfia, Krol, e do renomado político
Zbigniew Brzezinski (ambos, de ascendência polonesa).

Outras fontes no Vaticano assinalam que o outro aspecto decisivo na


conexão de João Paulo II com Washington foi formada pela relação de seu
secretário privado, o arcebispo polonês Stanislaw Dziwisz (assinalado
como o chefe do "grupo polonês" que controlava a Wojtyla) com o
establishment do poder norteamericano "trilateralista" que girava ao
redor de Brzezinski durante a administração Carter, no final dos anos 70.

Brzezinski, um personagem dos "tanques de pensamento" (Think Tank)


norteamericanos, ligado intelectualmente ao republicano Henry Kissinger,
foi conselheiro de segurança do presidente Carter e se comunicava
epistolarmente com Wojtyla de forma regular, quando este já era o Papa
João Paulo II.

Grande admirador de Henry Kissinger, Zbigniew Brzezinski preconizava uma


teoria para debilitar e acurralar militarmente à União Soviética (tese
que continuou desenvolvendo após a queda da URSS) que sustentava que a
melhor maneira era a desestabilização de suas regiões fronteiriças e a
penetração ideológica, principalmente através da fé católica postergada
desde a instalação do comunismo nas repúblicas soviéticas.

Nesse tabuleiro estratégico se encaixava perfeitamente a ascensão do


"anticomunista" Wojtyla à chefia do Vaticano, que Brzezinski e o
republicano Kissinger, aliado com a Opus Dei e os setores conservadores
da Igreja Católica, operaram em Washington e nos cenáculos do
establishment do poder norteamericano.

A figura de João Paulo II, por dizer de alguma maneira, "fechava" os dois
propósitos fundamentais de Washington: abrir o caminho à expansão de suas
transnacionais na Europa Oriental através da pregação "anticomunista" de
Wojtyla, e afinar o Vaticano à Doutrina de Segurança Nacional, sustento
motriz das ditaduras militares latino-americanas que combatiam o perigo
"subversivo vermelho" na região.

Com a chegada de Reagan ao poder, a conexão entre o Vaticano e a Casa


Branca se tornaria ainda mais estreita, quando o ex-ator designou, entre
seus representantes de política exterior, católicos militantes da Opus
Dei, em uma estratégia para aproximar-se do estado maior que controlava a
política do Vaticano.

A Opus Dei após a sucessão de João Paulo II

Anos depois da ascensão do polonês Wojtyla ao poder, um membro da Opus


Dei, o espanhol Joaquin Navarro Valls, a cara midiática e o elaborador da
estratégia de comunicação de João Paulo II, se converteu em uma das
ligações principais da administração de George W. Bush (o filho do ex-
presidente George Bush, vice de Reagan) com o Papa recentemente falecido.
Assim, Navarro Valls desempenhou um papel chave para que o Vaticano e a
cúria espanhola majoritariamente "opudeísta" acolhessem como sua a
aliança do ex-presidente de Espanha, José Maria Aznar, com o governo de
Washington.

Em dezembro de 1984, João Paulo II nomeou como novo diretor do Escritório


de Imprensa da Santa Sé - e como único porta-voz papal - o jornalista
espanhol Joaquim Navarro-Valls, membro numerário do Opus Dei.

Esta designação - assinalam os especialistas em vaticano - provocou


fortes resistências no interior da estrutura do poder curial, já que a
influência da Opus Dei sobre Papa Wojtyla havia se convertido em vox
populi nos corredores do Vaticano.

O poder e as facções mafiosas estavam exultantes pela estratégia do Opus,


mediante a qual o "Papa midiático" se dirigia ao mundo através de um
porta-voz da Opus Dei.

"De fato, o Escritório de Imprensa da Santa Sé se transformou em seguida,


por obra de Navarro-Valls, em um gabinete de direção midiática.

Navarro-Valhs se se converteu assim no "homem de confiança" do Papa,


mantendo uma situação de contato permanente só igualada pelo histórico
secretário privado de Wojtyla, o chamado "chefe do grupo polonês",
monsenhor Dziwisz.

Nos círculos do poder curial se afirmava que o responsável da nomeação de


Navarro-Valhs como porta-voz do Papa havia sido o monsenhor Martínez
Somalo, operador político da Opus Dei, contando com a anuência do
secretário Dziwisz.

Segundo os especialistas, a Escritório de Imprensa, em mãos da Opus Dei,


se separou da então Pontificia Comissão para as Comunicações Sociais e se
converteu em um departamento autônomo da Secretaria de Estado, sob as
diretas ordens de João Paulo II.

Joaquim Navarro-Valhs reestruturou o Escritório de Imprensa, que


transformou em um instrumento opusiano dedicado à projeção de João Paulo
II e à mistificação das "verdades oficiais" de seu apostolado meidiático.

O porta-voz papal do Opus Dei se converteu no estrategista midiático de


João Paulo II no Vaticano, e, sobretudo, de seus giros pelo mundo,
cobertos pelo aparato das grandes cadeias internacionais e com milhões de
dólares provenientes dos fundos da Igreja Católica.

Em um artigo o "vaticanólogo" Giancárlo Zizola afirma que: "Com o favor


do Papa Wojtyla, nos últimos tempos a Opus Dei tem se enriquecido com
novos acampamentos-base, a partir dos quais prosseguirá sua escalada para
mais sólidas posições de poder".

Os vaticanólogos dizem que a presença do atual Presidente Bush, e dos ex-


presidentes Clinton e Bush pai, no velório de João Paulo II, foi uma
operação urdida pela Opus Dei, contando com Joaquim Navarro Valls como
organizador e executor principal.

O objetivo seria apenas avalizar - com a presença do establishment


político de Washington - as operações secretas que estão sendo realizadas
pelos membros do chamado "quadrilátero vaticano" para impor um Papa
controlado pela Opus Dei no conclave de cardeais a realizar-se dentro de
duas semanas.

A Opus Dei se valeu desse lobby curial, a troyka do "quadrilátero"


(também integrado por monsenhor Dziwisz e pelo "grupo dos poloneses" que
se converteram em guardiões do Testamento do Pontífice falecido) para
controlar a maioria da decisões políticas do Papa João Paulo II desde que
fora instalado ao frente da Igreja Católica em 1978.

Seus operadores mais representativos no conclave para eleição papal são


os cardeais Sodano, Herranz, e Ratzinger, que se encarregarão para que no
Vaticano siga reinando um Papa (de qualquer ideologia) palatável às
decisões da conexão Washington-Opus Dei-mafia financeira italo-
norteamericana, que pretende seguir controlando os destinos da "Santa
Sé".

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