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Série Energia – GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO

SEGURANÇA EM
ELETRICIDADE
Série Energia – GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO

SEGURANÇA EM
ELETRICIDADE
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série Energia – GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO

SEGURANÇA EM
ELETRICIDADE
© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491s
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Segurança em eletricidade / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. -
Brasília: SENAI/DN, 2017.
176 p.: il. - (Série Energia - Geração, Transmissão e Distribuição).

ISBN 978-85-505-0250-2

1. Engenharia elétrica. 2. Medidas de segurança. 3. Eletricidade. 4. Segurança


do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. II. Departamento
Nacional. III. Departamento Regional da Bahia. IV. Segurança em eletricidade.
V. Série Energia - Geração, Transmissão e Distribuição.

CDU: 621.3

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Riscos elétricos...............................................................................................................................................19
Figura 2 -  Choque elétrico.............................................................................................................................................20
Figura 3 -  Choque elétrico dinâmico..........................................................................................................................25
Figura 4 -  Tensão de toque (caso 01)..........................................................................................................................26
Figura 5 -  Tensão de toque (caso 02)..........................................................................................................................27
Figura 6 -  Tensão de passo.............................................................................................................................................28
Figura 7 -  Trajetória da corrente...................................................................................................................................30
Figura 8 -  Descarga atmosférica..................................................................................................................................31
Figura 9 -  Descarga de eletricidade estática do caminhão................................................................................32
Figura 10 -  Campo eletromagnético..........................................................................................................................33
Figura 11 -  Influência eletromagnética em redes elétricas................................................................................34
Figura 12 -  Arco elétrico..................................................................................................................................................35
Figura 13 -  Vestimenta de proteção contra arco elétrico....................................................................................36
Figura 14 -  Queda..............................................................................................................................................................36
Figura 15 -  Acidentes de origem elétrica..................................................................................................................39
Figura 16 -  Situação de perigo ....................................................................................................................................40
Figura 17 -  Controle do risco elétrico .......................................................................................................................41
Figura 18 -  Trabalho em altura.....................................................................................................................................42
Figura 19 -  Ambiente confinado..................................................................................................................................43
Figura 20 -  Luminária para área classificada............................................................................................................44
Figura 21 -  Iluminação de uma refinaria de petróleo...........................................................................................45
Figura 22 -  Descarga atmosférica sobre a rede elétrica......................................................................................46
Figura 23 -  Risco de animais perigosos no ambiente de trabalho .................................................................48
Figura 24 -  Rede elétrica dentro da vegetação......................................................................................................49
Figura 25 -  Choque elétrico dinâmico de contato direto...................................................................................52
Figura 26 -  Choque elétrico dinâmico de contato indireto...............................................................................52
Figura 27 -  Medidas de controle de risco elétrico.................................................................................................59
Figura 28 -  Desligamento da rede secundária........................................................................................................61
Figura 29 -  Bloqueio com cadeados...........................................................................................................................62
Figura 30 -  Equipotencialização...................................................................................................................................63
Figura 31 -  Equipotencialização em uma edificação............................................................................................64
Figura 32 -  Fuga de corrente pela carcaça do motor...........................................................................................65
Figura 33 -  Barreira...........................................................................................................................................................67
Figura 34 -  Invólucro representado por um painel elétrico...............................................................................67
Figura 35 -  Placa isolante representando um obstáculo....................................................................................68
Figura 36 -  Mantas vermelhas representando o anteparo.................................................................................68
Figura 37 -  Isolação de uma emenda.........................................................................................................................69
Figura 38 -  Símbolo de dupla isolação......................................................................................................................70
Figura 39 -  Condutores fora de alcance....................................................................................................................71
Figura 40 -  Separação elétrica......................................................................................................................................72
Figura 41 -  Atuação do DR.............................................................................................................................................73
Figura 42 -  Dispositivo diferencial residual (DR)....................................................................................................74
Figura 43 -  Aterramento temporário..........................................................................................................................76
Figura 44 -  Aterramento de proteção........................................................................................................................76
Figura 45 -  Esquema TN-S..............................................................................................................................................77
Figura 46 -  Esquema TN-C..............................................................................................................................................78
Figura 47 -  Esquema TM - C – S....................................................................................................................................78
Figura 48 -  Esquema TT...................................................................................................................................................79
Figura 49 -  Esquema IT....................................................................................................................................................80
Figura 50 -  Equipamentos de segurança e proteção...........................................................................................85
Figura 51 -  Conjunto para aterramento temporário............................................................................................87
Figura 52 -  Tapete de borracha isolante....................................................................................................................88
Figura 53 -  Cones e fita de sinalização.......................................................................................................................89
Figura 54 -  Placas de sinalização..................................................................................................................................89
Figura 55 -  Protetores isolantes...................................................................................................................................90
Figura 56 -  Bota de segurança......................................................................................................................................91
Figura 57 -  Luvas isolantes para eletricista..............................................................................................................92
Figura 58 -  Inflador para teste de luvas de proteção elétrica............................................................................92
Figura 59 -  Capacete........................................................................................................................................................93
Figura 60 -  Cinto de segurança para eletricista......................................................................................................94
Figura 61 -  Talabarte.........................................................................................................................................................95
Figura 62 -  Trava queda...................................................................................................................................................95
Figura 63 -  Linha da vida com trava queda.............................................................................................................96
Figura 64 -  Protetor auricular........................................................................................................................................96
Figura 65 -  Óculos de segurança.................................................................................................................................97
Figura 66 -  Uniforme para eletricista..........................................................................................................................98
Figura 67 -  Rotinas e procedimentos de trabalho.............................................................................................. 103
Figura 68 -  Procedimentos de trabalho................................................................................................................. 104
Figura 69 -  Modelo de ordem de manutenção................................................................................................... 105
Figura 70 -  Procedimento de trabalho................................................................................................................... 106
Figura 71 -  Ordem de serviço.................................................................................................................................... 108
Figura 72 -  Permissão de trabalho........................................................................................................................... 109
Figura 73 -  Sinalização.................................................................................................................................................. 113
Figura 74 -  Socorristas atendendo vítima de acidente..................................................................................... 122
Figura 75 -  Vítima de acidente com eletricidade................................................................................................ 124
Figura 76 -  Hemorragia................................................................................................................................................ 126
Figura 77 -  Tipos de hemorragias............................................................................................................................. 126
Figura 78 -  Respiração artificial................................................................................................................................. 128
Figura 79 -  Massagem cardíaca................................................................................................................................. 129
Figura 80 -  Massagem cardiorrespiratória............................................................................................................ 130
Figura 81 -  Pontos para verificação de pulsação................................................................................................ 130
Figura 82 -  Técnicas de transporte de vítima....................................................................................................... 131
Figura 83 -  Tipos de combustível.............................................................................................................................. 135
Figura 84 -  Tetraedro do fogo.................................................................................................................................... 136
Figura 85 -  Sistemas de combate a incêndio....................................................................................................... 140
Figura 86 -  Proteção Individual para atividades envolvendo eletricidade................................................ 146
Figura 87 -  Reunião da CIPA....................................................................................................................................... 147
Figura 88 -  Utilização dos EPI..................................................................................................................................... 149
Figura 89 -  Postura inadequada................................................................................................................................ 152
Figura 90 -  Espaços confinados................................................................................................................................. 154
Figura 91 -  Trabalho em altura.................................................................................................................................. 156
Figura 92 -  Segurança nas atividades do eletrotécnico................................................................................... 159
Figura 93 -  Tomada sobrecarregada........................................................................................................................ 162

Quadro 1 - Efeitos da corrente elétrica.......................................................................................................................22


Quadro 2 - Classificação de zonas conforme concentração de gases inflamáveis.....................................42
Quadro 3 - Classe de isolação elétrica de luvas de segurança...........................................................................73
Quadro 4 - Medidas e equipamentos de proteção coletiva...............................................................................85
Quadro 5 - Análise preliminar de risco elétrico.................................................................................................... 109
Quadro 6 - Materiais do kit de primeiros socorros.............................................................................................. 118
Quadro 7 - Tipos de extintores................................................................................................................................... 137
Quadro 8 - Classificação dos agentes de riscos.................................................................................................... 160

Tabela 1 - Percurso da corrente de choque elétrico..............................................................................................30


Tabela 2 - Classe de isolação para luvas de proteção elétrica............................................................................93
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade.............................................................................19


2. 1 Choque elétrico...........................................................................................................................................20
2.1.1 Mecanismo do choque elétrico............................................................................................21
2.1.2 Fatores agravantes do choque elétrico..............................................................................23
2. 2 Tipos de choques elétricos.......................................................................................................................25
2.2.1 Choque elétrico dinâmico .....................................................................................................25
2.2.2 Choque elétrico de descarga atmosférica........................................................................31
2.2.3 Choque elétrico com eletricidade estática.......................................................................32
2.3 Campos eletromagnéticos . .....................................................................................................................33
2.4 Arco elétrico...................................................................................................................................................34
2.4.1 Queimaduras ..............................................................................................................................35
2.4.2 Quedas . ........................................................................................................................................36

3 Acidentes de origem elétrica......................................................................................................................................39


3.1 Conceito legal de acidente do trabalho...............................................................................................40
3.1.1 Perigo e risco ..............................................................................................................................40
3.2 Riscos adicionais...........................................................................................................................................41
3.2.1 Altura..............................................................................................................................................41
3.2.2 Ambiente confinado.................................................................................................................43
3.2.3 Área classificada.........................................................................................................................43
3.2.4 Condições atmosféricas...........................................................................................................45
3.3 Causas de acidentes relacionadas ao trabalho..................................................................................49
3.3.1 Causas imediatas de acidentes.............................................................................................49
3.3.2 Causas básicas de acidentes ................................................................................................50
3.4 Causas de acidentes com eletricidade.................................................................................................51
3.4.1 Causas diretas de acidentes com eletricidade ...............................................................51
3.5 Causas indiretas de acidentes com eletricidade . ............................................................................53
3.6 Discussão de casos.......................................................................................................................................53

4 Medida de controle de risco elétrico.......................................................................................................................59


4.1 Proteção contra choque elétrico............................................................................................................60
4.2 Desenergização.............................................................................................................................................60
4.3 Bloqueio e impedimentos.........................................................................................................................62
4.4 Equipotencialização ...................................................................................................................................63
4.5 Seccionamento automático da instalação..........................................................................................65
4.6 Extra baixa tensão........................................................................................................................................66
4.7 Barreira e invólucro......................................................................................................................................67
4.8 Obstáculo e anteparo.................................................................................................................................68
4.9 Isolamentos das partes vivas...................................................................................................................69
4.10 Isolação dupla ou reforçada...................................................................................................................70
4.11 Colocação fora do alcance . ...................................................................................................................71
4.12 Separação elétrica.....................................................................................................................................72
4.13 Dispositivo a corrente de fuga..............................................................................................................73
4.14 Aterramento................................................................................................................................................75

5 Equipamento de segurança e proteção.................................................................................................................85


5.1 Equipamento de proteção coletiva.......................................................................................................86
5.2 Equipamento de proteção individual...................................................................................................90

6 Rotinas de trabalho – procedimentos.................................................................................................................. 103


6.1 Procedimentos de trabalho................................................................................................................... 104
6.2 Liberação para serviço............................................................................................................................. 107
6.2.1 Ordem de serviço .................................................................................................................. 107
6.2.2 Permissão para execução de trabalho............................................................................. 109
6.2.3 Técnicas de Análise de Risco (APR)................................................................................... 110
6.3 Inspeções de área, serviço, ferramental e equipamentos.......................................................... 112
6.4 Sinalização................................................................................................................................................... 113
6.5 Responsabilidades ................................................................................................................................... 113

7 Primeiros socorros....................................................................................................................................................... 119


7.1 Definição...................................................................................................................................................... 121
7.2 Socorrista...................................................................................................................................................... 122
7.3 Importância dos primeiros socorros.................................................................................................. 123
7.4 Noções sobre lesões................................................................................................................................. 124
7.5 Priorização do atendimento.................................................................................................................. 125
7.6 Hemorragias................................................................................................................................................ 126
7.7 Respiração artificial................................................................................................................................... 127
7.8 Massagem cardíaca.................................................................................................................................. 128

8 Proteção e combate a incêndios............................................................................................................................ 135


8.1 Noções básicas........................................................................................................................................... 137
8.2 Medidas preventivas................................................................................................................................ 137
8.3 Métodos de extinção............................................................................................................................... 138

9 Regulamentação do Ministério do Trabalho e Previdência Social............................................................. 145


9.1 NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).................................................. 147
9.2 NR 06 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)...................................................................... 148
9.3 NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade................................................ 151
9.4 NR 17 – Ergonomia................................................................................................................................... 152
9.5 NR 21 – Trabalho a céu aberto.............................................................................................................. 153
9.6 NR 33 – Espaço confinado...................................................................................................................... 154
9.7 NR 35 – Trabalho em altura.................................................................................................................... 156
10 Segurança do trabalho............................................................................................................................................ 159
10.1 Organização do local de trabalho..................................................................................................... 160
10.2 Organização dos dados e informações coletadas....................................................................... 161
10.3 Procedimentos de segurança............................................................................................................. 162

Referências......................................................................................................................................................................... 167

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 169

Índice................................................................................................................................................................................... 173
Introdução

Prezado(a) aluno(a),

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) apre-
senta o livro didático de Segurança em Eletricidade.
Este livro tem o objetivo de fornecer os conhecimentos necessários de segurança em eletri-
cidade, pretendendo desenvolver em você capacidades técnicas para prevenção de acidentes
relacionados com serviços de eletricidade, com base na norma regulamentadora NR 10, bem
como capacidades sociais, organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação do técnico
no mundo do trabalho.
Este material didático foi fundamentado, durante todo processo de elaboração, na norma
técnica NBR5410, Instalações elétricas em baixa tensão e na Norma Regulamentadora NR10
- Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. A NR10 sustenta os princípios de se-
gurança no trabalho com eletricidade. Ela tem força de lei e, sem dúvida, é uma das grandes
conquistas dos trabalhadores do setor elétrico.
Os conhecimentos apresentados neste material poderão ser aplicados na segurança no tra-
balho, na elaboração de projeto, em primeiros socorros e no combate a princípio de incêndio.
Também deverão ser usados na orientação de pessoas não avisadas sobre os riscos elétricos,
visto que as estatísticas de acidentes no trabalho com eletricidade e na população ainda são
alarmantes.
Neste livro, inicialmente estudaremos o choque elétrico, seus efeitos, mecanismos e as con-
sequências nos diversos níveis de tensão. Faremos a distinção entre perigo e risco e avançare-
mos no estudo dos riscos adicionais.
Estudaremos alguns acidentes reais e que tiveram a eletricidade como principal causador.
Ao obter informações sobre acidentes de natureza elétrica, e com os conhecimentos adquiri-
dos deste material, estaremos aptos a analisar um acidente, indicando, corretamente, as cau-
sas relacionadas ao trabalho e à eletricidade.
Estudaremos, também, as várias medidas de controle de riscos elétricos, EPI e EPC e do-
cumentos e procedimentos estabelecidos pela norma NR10 para o trabalho seguro com ele-
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
14

tricidade. Conheceremos as técnicas de primeiros socorros, vistas de maneira fundamental na ajuda de


acidentados com eletricidade e veremos os principais meios de combate a princípio de incêndio.
Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades sociais, organizativas, metodo-
lógicas e técnicas. Queremos que você se preocupe com sua qualidade de vida e com os impactos que a
eletricidade traz na sua vida profissional e na população de modo geral.
Os estudos desta unidade curricular lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Comunicar-se com clareza;


b) Demonstrar atitudes éticas;
c) Ter proatividade;
d) Ter responsabilidade;
e) Trabalhar em equipe;
f) Comunicar-se com clareza;
g) Demonstrar atitudes éticas;
h) Ter proatividade;
i) Ter responsabilidade;
j) Trabalhar em equipe;
k) Cumprir normas e procedimentos;
l) Identificar diferentes alternativas de solução nas situações propostas;
m) Manter-se atualizado tecnicamente;
n) Ter capacidade de análise;
o) Ter senso crítico;
p) Ter senso investigativo;
q) Ter visão sistêmica.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Elaborar e seguir Análise Preliminar de Risco (APR);


b) Identificar a área a ser sinalizada e isolada;
c) Identificar as condições de segurança para execução do projeto;
d) Identificar as etapas de desenergização, conforme norma;
1 INTRODUÇÃO
15

e) Identificar as normas técnicas e de segurança;


f) Identificar e aplicar técnicas e métodos de primeiros socorros;
g) Identificar e utilizar EPI e EPC adequados à atividade e à classe de tensão;
h) Identificar lesões causadas por acidentes elétricos;
i) Identificar medidas preventivas de proteção e combate a incêndios;
j) Identificar métodos de princípios de incêndios;
k) Identificar os riscos inerentes ao trabalho com a eletricidade;
l) Identificar prioridade de atendimento;
m) Interpretar e executar os procedimentos de trabalho;
n) Interpretar e executar serviços de acordo com a Ordem de Serviço (OS);
o) Interpretar índices de acidentes no trabalho;
p) Interpretar informações técnicas;
q) Reconhecer normas técnicas e regulamentadoras vigentes;
r) Reconhecer princípios de saúde, segurança e combate a incêndio do trabalho em eletricidade.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
Riscos em instalações elétricas e
serviço com eletricidade

A eletricidade quando usada e controlada adequadamente proporciona grandes benefí-


cios às pessoas e, certamente, utilizamos muito bem suas vantagens, pois a eletricidade está
presente em nossas residências proporcionando bem-estar, na indústria acionando os moto-
res no processo de produção, nos hospitais ajudando a manter a saúde e a vida, enfim, ela é
importante em nosso dia a dia. Mas, é preciso saber lidar com a eletricidade, esta força útil e
poderosa que a cada ano provoca milhares de acidentes em todo mundo.

Figura 1 -  Riscos elétricos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Neste capítulo, abordaremos as frequentes situações de riscos em instalações e serviço com


eletricidade, detalhando os fatores causadores de acidentes, incluindo queimaduras e quedas.
Estudaremos o choque elétrico como a principal causa de acidentes com eletricidade, visando
conhecer melhor seus efeitos e consequência, e, com isso, entender claramente o que aconte-
ce com a corrente elétrica dentro do corpo humano em caso de acidentes.
Estamos certos da importância deste capítulo e dos conhecimentos para o entendimento
sobre os mecanismos e consequências de choque elétrico. Com dedicação, você, com certeza,
desenvolverá a consciência dos riscos elétricos tanto no trabalho como no convívio doméstico,
orientando, trabalhando e informando sobre o uso seguro da eletricidade.
Bom estudo!
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
18

2. 1 CHOQUE ELÉTRICO

O movimento de uma corrente elétrica de intensidade razoável através do corpo humano provoca sen-
sações insuportáveis, que estão entre uma simples sensação de formigamento no corpo até a inconsciên-
cia e morte.
Veja, na figura apresentada a seguir, que a corrente elétrica entra por uma mão e sai por um pé, estabe-
lecendo um choque elétrico.

Figura 2 -  Choque elétrico


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

As sensações e danos da corrente elétrica no corpo humano caracterizam o choque elétrico, que é de-
finido como sendo um distúrbio físico de efeitos diversos que se manifestam no organismo humano ou
animal quando este é percorrido por uma corrente elétrica.

Os dados estatísticos de acidentes no setor elétrico são apresentados a cada ano nos
SAIBA relatórios da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
(ABRACOPEL). Busque pela internet o site oficial dessa associação para acompanhar e
MAIS entender, através desses relatórios, o que está acontecendo e o que está sendo feito
sobre segurança em eletricidade no Brasil.

Veja, a seguir, a reação dos principais distúrbios de um choque elétrico no corpo humano.
a) Contração muscular (tetanização);
b) Parada respiratória;
c) Fibrilação ventricular no coração;
d) Parada cardíaca;
e) Queimaduras.
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
19

O agravamento dos distúrbios citados pode levar o corpo a desenvolver outras reações a exemplo de:
a) Necrose: perda de tecidos, músculo, osso, órgãos provocados pelas queimaduras;
b) Asfixia: provocada pela tetanização1 dos músculos da respiração;
c) Morte: parada cardiorrespiratória;
d) Eletrólise no sangue: o movimento da corrente contínua pelo sangue que provoca a junção de
sais minerais em determinados órgãos, a exemplo do coração, provocando coágulo que pode
bloquear ou reduzir a circulação de sangue.

Danos a órgãos:
a) Insuficiência renal: durante a ocorrência das queimaduras de choque elétrico, pode haver a
liberação de toxinas, como a mioglobina. Os rins trabalham mais para eliminar estas toxinas e
limpar o sangue. Nestas condições, os rins podem saturar, deixando de fazer o seu papel de filtrar
o sangue e, dessa forma, provocar a insuficiência renal;
b) Prolapso: caracteriza-se pelo deslocamento total ou parcial de um órgão, comprometendo seu
funcionamento.

Muitos órgãos no corpo humano, aparentemente sadios, que se envol-


vem em um choque elétrico, podem depois de dias ou meses apresentar
CURIOSIDADES sintomas anormais devido ao efeito da corrente elétrica. Estes sintomas,
no futuro, muitas vezes não são associados ao choque elétrico.

Agora que entendemos o choque elétrico e suas reações no corpo humano, vamos continuar analisan-
do a forma como o choque elétrico se estabelece.

2.1.1 MECANISMO DO CHOQUE ELÉTRICO

Para que ocorra o choque elétrico, é necessário que exista uma diferença de potencial elétrico (d.d.p),
que são potenciais elétricos com diferentes concentrações de cargas elétricas, assim, no potencial negati-
vo existe uma maior contração de elétrons e no potencial positivo uma menor contração. Estes potenciais
estão sempre prontos para estabelecer o equilíbrio entre eles. Esta tentativa de equilíbrio acontece no
momento em que uma pessoa entra em contato com estes dois pontos fluindo cargas elétricas pelo corpo
e formando o choque elétrico.
Tome como exemplo uma criança em pé, que consegue colocar um grampo metálico no furo fase da
tomada. A d.d.p está entre a mão e os pés da criança. Como isto, a corrente elétrica entra pela mão, atra-
vessa o corpo e sai pelos pés, nestas condições, temos um circuito elétrico fechado e a confirmação de um
choque elétrico.
1 Tetanização: violenta contração e paralisia muscular causada pela corrente elétrica muito parecida com câimbra.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
20

Os valores de tensão residencial no Brasil, segundo a Agência Nacional


de Energia Elétrica (ANEEL), estão entre 127 V e 220 V. Portanto, pode-
CURIOSIDADES mos afirmar que quando é usada a tensão de 220 V, a corrente, os efeitos
e os riscos são maiores com relação ao uso de 127 V.

Em caso de choque elétrico, nos locais de entrada e saída da corrente, que geralmente são as mãos e os
pés, as resistências elétricas são maiores. Nestes locais, têm-se também um maior consumo de energia por
efeito Joule2 e, consequentemente, maiores danos físicos (queimaduras, carbonização), principalmente no
contato com alta-tensão onde a corrente é intensa. No caso do choque elétrico da criança citada, mesmo
em baixa tensão existe a possibilidade de ocorrer queimaduras nas regiões de contato, mãos e pés, devido
à sensibilidade da pele nestes pontos.

Veja, na fórmula a seguir, que a potência elétrica nos locais de contato é o que resulta do quadrado da
corrente (I) multiplicado pela resistência oferecida (R) nos pontos de entrada e saída da corrente, isto é, as
mãos e os pés.
P = I2 x R
P – potência no ponto de contado
I – corrente do choque elétrico
R – resistência de contato

Vamos continuar, pois já entendemos que a diferença de potencial elétrico é importante na formação
do choque elétrico, assim, vamos prosseguir para compreender com a Lei de Ohm. Essa lei envolve três
grandezas elétricas: tensão, corrente e resistência; e diz, através de uma relação matemática, que a corrente
elétrica está diretamente proporcional à tensão elétrica e inversamente proporcional à resistência elétrica.

Dinâmica do choque elétrico

Para simplificar o entendimento da dinâmica do choque elétrico, usaremos uma das fórmulas origina-
das da Lei de Ohm. Veja a seguir.

U
I =
R

Observe, a seguir, a explicação detalhada da fórmula apresentada.

2 Efeito Joule: é a transformação de energia elétrica em energia térmica, este efeito é minimizado quando o meio condutor
facilita a passagem da corrente elétrica.
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
21

a) A tensão elétrica “U”: conforme fórmula matemática anterior, é a força que empurra a corrente
elétrica através do corpo, desta maneira, a corrente elétrica está diretamente proporcional à ten-
são elétrica, assim quanto maior o valor da tensão, maior será a corrente e os efeitos;
b) A resistência elétrica “R”: tem relação inversa com os efeitos no corpo, isto é, o aumento da re-
sistência diminui a corrente e, consequentemente, os efeitos no corpo humano. Por isso, ela tem
associação direta com a segurança pessoal no aumento da isolação ou no uso dos equipamentos
de proteção individual;
c) A corrente elétrica “I”: essa corrente, como sendo o movimento das cargas elétricas, depende
da tensão e da resistência elétrica e provoca os efeitos danosos no corpo humano. Com isto, po-
demos observar que entre as grandezas elétricas vistas na fórmula da Lei de Ohm, a corrente é
que realmente provoca todos os danos nos choques elétricos.
Vamos, a seguir, analisar os fatores que podem aumentar os efeitos prejudiciais de um choque elétrico.

2.1.2 Fatores agravantes do choque elétrico

Quem nunca se envolveu em um choque elétrico? A maioria das pessoas, com maior ou menor inten-
sidade, já se envolveu em um choque elétrico. Mas é importante que correntes elétricas externas não en-
trem em nosso corpo, pois o coração, órgão autônomo, gera seu próprio pulso elétrico no nodo sinoatrial3,
para contrair e bombear sangue. Uma corrente externa passando pelo coração, sobreposta aos seus pulsos
elétricos, pode parar ou colocar o coração fora de ritmo.
Veja, a seguir, os fatores que influenciam na gravidade de um choque elétrico.
a) Tipo da corrente elétrica (alternada ou contínua);
b) Frequência da corrente elétrica;
c) Tempo de duração do choque elétrico;
d) Área de contato do choque elétrico;
e) Pressão do contato;
f) Intensidade da corrente elétrica;
g) Trajeto da corrente elétrica pelo corpo humano;
h) Condições da pele do corpo humano (seca, úmida, molhada);
i) Constituição física do indivíduo;
j) Estado de saúde do indivíduo;
k) Presença no corpo de equipamento eletrônico para manter a vida;
l) Nível de tensão elétrica.

3 Nodo sinoatrial: é um local do coração autônomo onde são gerados os pulsos elétricos para a própria contração do coração.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
22

A seguir, veja o quadro com os possíveis efeitos da corrente elétrica em caso de um choque elétrico com
baixa tensão.

EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO DEPENDENTE DA CORRENTE

0,1 a 0,5mA • Leve percepção superficial; habitualmente nenhum efeito.

• Ligeira paralisia nos músculos do braço, com início de tetanização; habitualmente


0,5mA a 10mA
nenhum efeito perigoso.

10mA a 30mA • Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no máximo, 200ms.

30mA a 500mA • Paralisia estendida aos músculos do tórax com sensação de falta de ar e tontura;

• Possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga elétrica se manifestar na fase crítica


do ciclo cardíaco e por tempo superior a 200ms.

• Trauma cardíaco persistente; nesse caso, o efeito é letal, salvo intervenção imediata de
Acima de 500mA
pessoa especializada com equipamento adequado.

Quadro 1 - Efeitos da corrente elétrica


Fonte: IEC 61140, 2016.

Leia o Casos e Relatos a seguir e reflita sobre os riscos em instalações elétricas e serviços com eletricida-
de. Perceba, a partir da situação contada, os efeitos que uma corrente elétrica pode ter no corpo humano
e a necessidade de cuidado ao realizar serviços que envolvam a eletricidade.

CASOS E RELATOS

Acidente com estrutura metálica próxima a rede elétrica.


Em uma cidade do interior, um comerciante resolveu instalar um ponto de alto-falante para divulgar
seu comércio. Conseguiu vários pedaços de tubos metálicos e levou para um soldador emendar. Fei-
to isto, adaptou o alto-falante em uma das extremidades do tubo e fez um buraco no chão a alguns
metros da rede elétrica de alta-tensão, para fixar o tubo que foi emendado.
Estava tudo certo, os tubos emendados estavam na altura desejada, o buraco para fixar os tubos
estava feito, o alto-falante estava fixado. No entanto, a estrutura de tubos ficou muito pesada e o co-
merciante sozinho não conseguia levantar. Saiu atrás de amigos na vizinhança para ajudar a levantar
e fixar o tubo. Conseguiu três pessoas. Com o peso da estrutura, as quatro pessoas realizavam muito
esforço para tentar manter o tubo na posição vertical.
O tubo balançava muito e a preocupação do comerciante era não deixá-lo tocar na rede elétrica. Em
um determinado instante, o tubo começa a inclinar para o lado da rede elétrica. O comerciante faz
um forço intenso para que o tubo não tocasse na rede elétrica, mas ele não consegue evitar o pior, o
tubo faz contato com a rede elétrica de alta-tensão com as quatro pessoas em contato com o tubo.
O comerciante fica preso ao tubo e seu corpo começa a queimar, uma das outras três pessoas têm
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
23

morte imediata e as outras duas caem agonizando. O desfecho desse caso é que duas pessoas mor-
rem e duas ficaram feridas com queimaduras nas mãos e nos pés.
Este tipo de situação que acabamos de ler é muito comum com estruturas metálicas, tubos ou ante-
nas e geralmente resulta em acidente grave. Havendo necessidade de realizar um serviço próximo a
uma rede elétrica, é importante solicitar ajuda da concessionária de energia para fazer o desligamen-
to, a fim de que haja segurança no serviço a ser realizado.

Após analisarmos os mecanismos do choque elétrico e os mecanismos que o agravam, estamos prepa-
rados para analisar os tipos de choques elétricos existentes.

2. 2 TIPOS DE CHOQUES ELÉTRICOS

A seguir, veremos os três tipos de choques elétricos, o choque elétrico dinâmico, o choque de descarga
atmosférica e o choque elétrico com eletricidade estática. O entendimento sobre os tipos de choques exis-
tentes é importante para a proteção dos riscos em instalações e serviços com eletricidade.

2.2.1 Choque elétrico dinâmico

Choque elétrico dinâmico é o contato com partes energizadas de uma instalação elétrica com tensão
elétrica perigosa, isto é, valores de tensão acima de 50V alternado ou 120V contínua. O choque elétrico
dinâmico é o tipo de choque elétrico mais perigoso, pois ele permanece constante enquanto a pessoa
acidentada estiver em contato com a parte energizada.

Figura 3 -  Choque elétrico dinâmico


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
24

O choque dinâmico está condicionado a uma tensão de toque ou uma tensão de passo, conforme ve-
remos a seguir;

Tensão de toque

Tensão de toque é a tensão da diferença de potencial nos pontos de contato quando a corrente elétrica
circula pelo corpo. Geralmente, essa tensão envolve os membros superiores e inferiores do corpo.
Na tensão de toque, podemos ter situações diversas com relação aos pontos de entrada e saída da cor-
rente. Vamos estudar duas condições muito comuns.
A primeira condição de choque é quando a tensão de toque provoca um choque elétrico em relação à
terra, isto é, quando a corrente entra por uma mão e sai pelos pés. Os pontos de contato, portanto, seriam
uma mão e os dois pés, conforme demonstrado na figura a seguir.

Neutro

Fase U
Rc1
Ic

Ut

Rc

Rcp1 Rcp2

Terra
Rt

Figura 4 -  Tensão de toque (caso 01)


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Rc1: resistência de contato da mão.


Rpc1:resistência de contado do pé esquerdo
Rcp2: resistência de contato do pé direito
Rt: resistência de terra
Ic: corrente do choque elétrico
U: tensão da instalação
Ut: tensão de toque
Re: resistência equivalente
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
25

Observe na imagem sobre a tensão de toque que ao se deslocar pelo corpo a corrente será limitada pela
resistência de contato da mão (Rc1), resistência interna do corpo (Rc), resistências dos pés (Rcp1 e RCp2) e
a resistência de terra (Rt).
A fórmula a seguir explica bem a situação da figura anterior.
Considerando que: Rcp1 = Rcp2 = Re

U
Ic = Ut = (Rcm + Rc + ( Re )) x Ic
Rcm + Rc + ( Re ) + Rt 2
2

A segunda condição de contato é quando uma estrutura metálica aterrada é acidentalmente energiza-
da, configurando um curto-circuito monofásico à terra. A corrente (It), nesta condição, passará pela estru-
tura metálica e, através do aterramento, invadirá o solo em direção à malha de aterramento. A corrente (It)
e a resistência (Rt1) geram potenciais de tensão no solo. Uma pessoa em contato com a estrutura metálica
e sobre o solo ficará submetida a um choque elétrico com a tensão de toque, conforme figura seguinte.

lf

Rcm
Ic

Ut Rc
Estrutura
metálica
Rcp1

lt Rt1 Rt

Figura 5 -  Tensão de toque (caso 02)


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

If: corrente de falta ou corrente no momento do curto-circuito com estrutura


Rcm: resistência de contato da mão
Ic: corrente do choque elétrico
Ut: tensão de toque
Rc: resistência interna do corpo
Rcp1: resistência de contato dos pés
Rt1: resistência de terra 1
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
26

Observe a fórmula seguinte para entender melhor a situação apresentada na figura anterior.

Rt1 x (Rcm + Rc + Rcp1) Ut


Ut = x If Ic =
Rt1 + Rcm + Rc + Rcp1 Rcm + Rc + Rcp1

No uso da chave teste neon, é necessário colocar o dedo em uma parte metálica da
FIQUE chave para a lâmpada neon sinalizar o condutor fase da instalação. Veja que nesta
operação você é parte importante de um circuito elétrico. Este procedimento é total-
ALERTA mente inadequado, pois nenhuma parte do seu corpo pode ser usado para comple-
tar um circuito elétrico.

Após analisar as condições de contato da tensão de toque, vamos analisar mais uma condição relacio-
nada ao choque dinâmico, a tensão de passo.

Tensão de passo

A tensão de passo é a diferença de potencial encontrada entre os dois pés de uma pessoa no instante
em que uma intensa corrente elétrica se movimenta no solo.
Esta corrente no solo pode ser originada de um curto-circuito em alta-tensão em relação à terra ou de
uma descarga atmosférica surgida de um raio.
A tensão de passo tem valor máximo quando está junto ao ponto de origem e o valor reduzido quan-
do muito afastado dele. Se uma pessoa estiver em pé em qualquer ponto dentro da região onde há essa
distribuição de potencial, entre seus pés haverá uma diferença de potencial chamada de tensão de passo.
A tensão de passo, matematicamente, depende da multiplicação da resistência no solo (Rt2) pela cor-
rente de terra (It), assim, quanto maior a distância entre um pé e outro, maior o valor de RT2 e, consequen-
temente, maior o valor de tensão (Up), conforme representado na figura a seguir.

lf

Rc
Estrutura
metálica

Rcp1 Up Rcp2
lc Rt
Rt1 Rt
Solo

Figura 6 -  Tensão de passo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
27

Veja a fórmula a seguir que explica a tensão de passo apresentada na figura anterior.

Up Rt2 x (Rcp1 + Rc + Rcp2)


Ic = Ut = x If
Rc1 + Rcp1 + Rcp2 Rt2 + Rcp1 + Rc + Rcp2

Ic: corrente elétrica do choque elétrico


If: corrente de falta ou corrente no momento do curto-circuito com estrutura metálica
Up: tensão de passo
Rt1: resistência de terra 1
Rt2: resistência de terra 2
Rt: resistência de terra
Rcp1: resistência de contato dos pés 1
Rcp2: resistência de contato dos pés 2
Rc: resistência interna do corpo

Se um fio de alta-tensão cai no solo ou no teto de um carro e você notar que tem
FIQUE corrente fluindo para o solo, é possível que existam potenciais elétricos de tensão no
ALERTA solo, nesta situação se deve andar com os pés bem juntos um do outro até um local
seguro para evitar choque elétrico de tensão de passo.

Veremos, a seguir, como as correntes se movimentam no corpo quando ocorre o choque elétrico.

Espraiamento da corrente de choque elétrico

O espraiamento é a distribuição da corrente elétrica dentro do corpo humano no instante do choque


elétrico. Assim, a corrente elétrica quando entra no corpo encontra regiões com resistências elétricas e
áreas transversais4 diferentes. Isto significa que o total da corrente que entra por uma mão percorre o braço
e se espalha quando chega no tronco, portanto, uma possível corrente que chega no coração é uma parte
da corrente total que entrou no corpo pela mão.

4 Áreas transversais: corte transversal em uma parte do corpo, a exemplo do tronco onde encontraríamos órgãos, pele, ossos
e músculos ou no braço onde encontraríamos pele, ossos e músculos, isto faz com que a corrente elétrica circulando dentro
do corpo encontre regiões com diferentes resistências elétricas.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
28

O espraiamento da corrente de um choque elétrico pode se apresentar na forma de microchoque ou


macrochoque.
a) Macrochoque: é quando uma corrente elétrica externa entra no corpo. Esta é a forma mais co-
mum de um choque elétrico;
b) Microchoque: acontece quando uma corrente elétrica é gerada dentro do corpo, geralmente
por defeito de equipamento médico–hospitalar.
A tabela a seguir apresenta a trajetória e o valor da corrente de espraiamento no corpo e, com isso, o
percentual da corrente que passa pelo coração.

LOCAL DE ENTRADA TRAJETÓRIA PORCENTAGEM DA CORRENTE

Figura A Da cabeça para o Pé direito 9,7%

Figura B Da mão direita para o pé esquerdo 7,9%

Figura C Da mão direita para a mão esquerda 1,8%

Figura D Da cabeça para a mão esquerda 1,8%

Figura E Tensão de Passo 0%

Tabela 1 - Percurso da corrente de choque elétrico


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Com base na tabela apresentada, observe, na figura seguinte, a representação da trajetória da corrente
no corpo humano.

A B C D E

Figura 7 -  Trajetória da corrente


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Agora, iniciaremos os estudos sobre os choques elétricos relacionado a fenômenos atmosféricos.


2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
29

2.2.2 Choque elétrico de descarga atmosférica

Vamos entender como se forma a diferença de potencial entre a nuvem e o solo, que antecede a des-
carga atmosférica, isto é, raio. A compreensão sobre esse assunto é importante para a proteção nos dias
de chuva, principalmente quando o profissional eletrotécnico estiver realizando serviços em áreas abertas
e ao ar livre.
O raio é um arco elétrico que se forma entre a nuvem e o solo. Para isto acontecer, é necessária a for-
mação de uma diferença de potencial entre nuvem e solo, esta d.d.p começa com o atrito de partículas
de água e gelo agitadas dentro da nuvem. No atrito, estas partículas ganham ou perdem elétrons, ficando
eletrizadas, e uma delas torna-se positiva e a outra negativa. Dentro da nuvem, estas partículas eletrizadas
se separam, as positivas se deslocam para a parte superior da nuvem e as negativas acumulam-se na parte
inferior, próxima ao solo.
O campo elétrico negativo na região inferior da nuvem influencia as partículas no solo deixando a su-
perfície terrestre na direção da nuvem positiva. Temos um grande capacitor onde a nuvem e solo são as
placas e o ar o dielétrico. Nestas condições, a d.d.p entre nuvem e solo é estabelecida de forma intensa e
crescente até acontecer o raio, que provoca a descarga e equilíbrio entre nuvem e solo, conforme figura
apresentada a seguir.
O choque elétrico de descarga atmosférica acontece quando uma pessoa diminui o dielétrico ou a dis-
tância entre a nuvem e o solo, antecipando a descida das cargas negativas em direção a terra, que nestas
condições é um potencial positivo. Neste instante, a pessoa é atingida pela corrente elétrica de um raio no
processo de equilíbrio de cargas elétricas entre a nuvem e o solo.

+ + +
+ + ++

_
___ _ _ _ _ _

+ + + + + + + + +
Figura 8 -  Descarga atmosférica
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Com o estudo a seguir, vamos compreender que podemos acumular carga elétrica em nosso corpo
atritando com o ar ou com materiais isolantes e isto pode ser um risco em instalações e serviço com eletri-
cidade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
30

2.2.3 Choque elétrico com eletricidade estática

A eletricidade estática é gerada a partir do atrito entre dois corpos, deixando os mesmo com cargas
elétricas opostas. Esta situação pode acontecer no nosso corpo quando andamos sobre um piso de carpete
com um calçado isolante em ambiente de baixa umidade do ar ou em linhas de transmissões desligadas
com atrito de fortes ventos. Por isso, nos casos de serviços em linha de transmissão desligada, o aterramen-
to apropriado (no início e no fim da linha) é muito importante.
O choque estático é uma descarga rápida que acontece quando entramos em contato com os poten-
ciais estáticos (positivo e negativo) e, na maioria das vezes, ele causa apenas certo desconforto, leve cho-
que elétrico.
Em locais onde o ar é muito seco, os valores de tensão estáticas geradas crescem muito, aumentando os
riscos de acidentes em áreas explosivas, em função de uma centelha5 existente no momento da descarga.
Uma situação muito comum de acúmulo de eletricidade estática é quando um caminhão tanque trans-
porta líquido inflamável. Durante o seu deslocamento, atritando com o ar, a lataria do caminhão perde
carga elétrica ficando eletrizada de forma positiva. Esta situação é uma condição insegura e requer muito
cuidado. Por isso, para descarregar o líquido inflamável, o procedimento correto é aterrar a lataria do ca-
minhão para retirar possíveis cargas acumuladas. Sem esta rotina de previamente aterrar a lataria do ca-
minhão, pode acontecer uma descarga elétrica estática no momento da saída do líquido inflamável, o que
provocará uma centelha e, consequentemente, uma explosão.

GASOLINA

Figura 9 -  Descarga de eletricidade estática do caminhão


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Para dar continuidade ao assunto sobre os riscos em instalações e serviços com eletricidade, veremos,
a seguir, os campos eletromagnéticos e sua influência nos trabalhadores, nas redes elétricas e nos equipa-
mentos eletrônicos.

5 Centelha: movimento de carga elétrica pelo ar com consequente emissão de calor e luz.
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
31

2.3 CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS

Os campos eletromagnéticos estabelecem uma região no espaço com capacidade de modificar a es-
trutura atômica de um corpo, isto é, eles agem diretamente no átomo de um material. Isso acontece por
interferência de um campo elétrico e de um campo magnético, cada qual efetivamente agindo de forma
independente.
O campo elétrico interage sobre cargas elétricas criando corpos eletrizados, a exemplo do deslocamen-
to de cargas elétricas através do ar quando um corpo se aproxima de uma linha de alta-tensão. A intensi-
dade do campo elétrico depende muito da distância em relação ao corpo eletrizado.
O campo magnético produz um fluxo magnético que interfere nos fios condutores agindo diretamente
sobre os átomos-imãs para criar polos magnéticos.

Figura 10 -  Campo eletromagnético


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

A variação do campo magnético agindo sobre um condutor gera uma tensão elétrica no mesmo, isto é
normal nos enrolamentos de um transformador. Mas, o campo eletromagnético de um raio, quando atinge
uma rede elétrica ou de telecomunicação, pode gerar uma tensão mais elevada, de curta duração, que é
sobreposta à tensão normal criando um distúrbio nesta rede. Esta tensão gerada nesta rede por campo
eletromagnético é chamada de tensão transitória e pode provocar danos a equipamentos elétricos e ele-
trônicos.
Outra situação que deve ser bem observada é quando temos redes de alta-tensão muito próximas uma
da outra. O campo eletromagnético de uma rede energizada pode induzir uma tensão em uma rede que
esteja próxima. Portanto, em função desta situação, no caso de manutenção em redes elétricas que já
foram desligadas, é importante seguir os procedimentos de segurança apropriados, como, por exemplo,
verificar a ausência de tensão na rede e fazer o aterramento apropriado.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
32

Figura 11 -  Influência eletromagnética em redes elétricas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Com relação a seres humanos, um campo eletromagnético provoca a formação de uma carga elétrica
sobre a superfície da pele, desarrumando a estrutura atômica da célula e provocando um pequeno fluxo
de corrente. Normalmente, estes efeitos não são prejudiciais aos seres humanos, no entanto, dentro de
um campo eletromagnético muito intenso, em determinadas pessoas, pode ocorrer um funcionamento
anormal de implantes eletrônicos como marca-passo e também na circulação de corrente em próteses
metálicas, a ponto de provocar aquecimento, o que pode acarretar lesões internas.
No setor elétrico, nos serviços e manutenção, os riscos relacionados a um arco elétrico são vistos com
muita apreensão devido ao grande poder térmico que ele possui. A seguir, você vai poder compreender
melhor este assunto.

2.4 ARCO ELÉTRICO

O arco elétrico é o movimento da corrente elétrica pelo ar ionizado6, liberando grande quantidade de
energia e gerando calor intenso.
Os acidentes com arco elétrico são comuns e envolve, na maioria das vezes, profissionais experientes
da área elétrica. Esses acidentes geralmente acontecem devido a fatores do ambiente de trabalho listados
seguir.
a) Curto-circuito entre cabos energizados;
b) Aproximação de dois condutores com tensão elevada;
c) Falhas de equipamentos energizados;
d) Manipulação desatenta de ferramentas ou instrumentos com circuito ligado;
e) Poeira em suspensão em quadro de barramento ou conexão de dispositivos elétricos;

6 Ar ionizado: é o ar com existência de íons positivo ou negativo de seus elementos.


2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
33

f) Animais em subestações7 ou painéis elétricos.

Figura 12 -  Arco elétrico


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Os acidentes com arco elétrico geram várias formas de energias, como aumento da temperatura, mo-
vimento do ar, luz intensa e ruído elevado. O aumento da temperatura provoca a fusão dos metais e con-
sequentes respingos destes que são projetados em todas as direções causando ferimentos graves, como
queimaduras, conforme veremos a seguir.

2.4.1 QUEIMADURAS

O calor gerado no momento de um o arco elétrico chega a temperaturas de 6000° a 30000° célsius,
provocando queimaduras graves. O tempo de exposição ao calor de um arco elétrico é um dos fatores que
agravam as consequências de uma queimadura. Assim, para minimizar esse tipo de acidente, é necessária
a instalação de dispositivos de seccionamento8 com proteção para abertura sob carga, que tenham sido
bem dimensionados e tenham sensibilidade de abertura rápida em caso de curto-circuito.
O profissional da área de elétrica que trabalha em instalações com possibilidade de formação de arco
elétrico, conforme NR10 - Segurança em Instalações e Serviço com Eletricidade, deve estar equipado de
vestimentas antichamas dimensionadas a partir de um estudo térmico que tenha como base proteger o
profissional do arco elétrico mais perigoso existente no ambiente de trabalho.
Em muitos ambientes de trabalho, como subestações, a vestimenta antichama deve incluir máscara
que proteja o pescoço, cabeça e cabelos do arco elétrico e suas consequências. Veja na figura a seguir.

7 Subestações: é o local composto de equipamentos de controle e proteção, delimitado, podendo ser classificadas em
elevadora de tensão ou abaixadora.
8 Seccionamento: significa abertura de contatos de dispositivos elétricos ou desligamento. Os dispositivos com esta função são
os disjuntores, interruptores, chaves facas e chaves secionadoras.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
34

Figura 13 -  Vestimenta de proteção contra arco elétrico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Outro tipo de acidente que pode ser gerado pelo arco elétrico são as quedas. Aprenda mais sobre isso
a seguir.

2.4.2 QUEDAS

O efeito da expansão do ar em volta do local gerador do arco elétrico cria forças intensas capazes de
deslocar equipamentos e pessoas, provocando queda. As quedas podem resultar em lesões graves se o
trabalho estiver sendo realizado em condições de risco adicional como a altura.
Para serviços em altura, principalmente com circuito energizado, deve-se adotar medidas preventivas
sobre a possibilidade de queda, utilizando os EPI necessários e os conhecimentos da NR35 (Trabalho em
altura), visto que o treinamento desta norma é obrigatório para serviço em altura conforme o Ministério
do Trabalho (MT).

Figura 14 -  Queda
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
2 Riscos em instalações elétricas e serviço com eletricidade
35

Através do estudo mais detalhado sobre o choque elétrico, poderemos contribuir pra redução da triste
estatística de acidentes no setor elétrico.
Estamos encerrando este capítulo convicto de que você possui conhecimentos importantes sobre se-
gurança em eletricidade. Conhecimentos esses de abrangência doméstica e profissional, que são suficien-
tes para sua segurança e de pessoas do seu convívio. Esperamos que através do estudo desse capítulo
você esteja ciente do poder da eletricidade e dos benefícios que ela proporciona, e conscientes dos riscos
envolvidos na sua utilização.

RECAPITULANDO

Abordamos o choque elétrico e entendemos o mecanismo de como ele é formado, desta forma, ana-
lisamos que é possível se proteger, tomar medidas de prevenção e evitar acidentes com eletricidade.
A preocupação principal no choque elétrico é o coração, que não deve ser percorrido por correntes
elétricas externas visto que ele é um órgão que produz seu próprio pulso elétrico para funcionar
corretamente e manter a vida.
Estudamos os tipos de choques elétricos e vimos que o choque dinâmico é mais perigoso, mais
comum e mais fácil de ser formado em função dos possíveis acessos a partes energizadas. E os
choques elétricos estáticos menos perigosos em relação aos efeitos no corpo, mas a eletricidade
estática é indesejável em ambientes explosivos e em áreas classificadas onde pode existir atmosfera
explosiva.
Estendemos bem as descargas atmosféricas previsíveis na sua formação e imensuráveis nos danos
causados em pessoas e patrimônios.
Encerrando, vimos o arco elétrico causador de graves acidentes com queimaduras e quedas, e des-
cobrimos que é muito frequente acidente em profissionais experientes.
Acidentes de origem elétrica

O acidente de trabalho acontece quando existe uma situação na qual o trabalhador, no


exercício das suas atividades, é acometido de dano físico, que o impede de prosseguir com o
seu serviço de forma permanente ou temporária.
Neste capítulo, teremos a oportunidade de estudar as causas relacionadas ao acidente no
trabalho e as causas elétricas formadoras dos acidentes com eletricidade, que geralmente
acontecem por contato com partes energizadas da instalação. Como vimos ao estudar sobre
os riscos em instalações elétricas e serviços com eletricidade, energizar o corpo pode trazer
consequências graves.
Todo ano no Brasil ocorrem centenas de mortes devido a acidentes com eletricidade. Além
disto, esses acidentes têm índices elevados na construção civil e na manutenção e montagem
de redes de distribuição de energia. Ciente desta situação, este capítulo possibilitará uma aná-
lise geral sobre os acidentes de origem elétrica que ocorrem em ambientes urbanos, indústrias
e doméstico.

Figura 15 -  Acidentes de origem elétrica


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
38

Apresentaremos, também, neste capítulo, casos de acidentes para discussão e análise. Todos os aciden-
tes que serão mostrados foram descritos a partir de uma situação real.
Faremos um estudo que possibilitará entender bem o conceito de perigo e risco, termos muito comuns
em situações de apreensão preocupantes que somos acometidos no dia a dia ou no trabalho. Veremos
também os riscos adicionais, que estão presentes no ambiente do trabalho com eletricidade, mas sempre
considerando o risco elétrico com o principal.
Aproveitem bem os conhecimentos propostos neste capítulo, pois eles serão muito importantes na sua
vida profissional e diária.

3.1 Conceito legal de acidente do trabalho

Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional, que cause a morte ou perda, ou ainda a redução permanente ou
temporária da capacidade para o trabalho.
As expressões perigo e risco são muito utilizadas quando se trata do tema acidentes de trabalho. É
muito importante que o profissional da área de eletricidade saiba definir e interpretar cada uma dessas
expressões para que ele trabalhe de um modo que minimize os acontecimentos dos perigos e riscos.

3.1.1 Perigo e risco

O perigo é uma condição ambiental que pode causar danos à saúde, ferimentos, agressão física ou até
a morte.

Figura 16 -  Situação de perigo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Um bom exemplo de perigo é quando cabos ou barramentos expõem os condutores (cobre, alumínio)
energizados. Nesse cenário, existe uma condição de perigo, pois o contato com essas partes expostas pode
causar ferimentos e até a morte.
3 Acidentes de origem elétrica
39

O risco depende da existência do perigo. Se o perigo for eliminado, con-


CURIOSIDADES sequentemente o risco deixa de existir.

O risco é a exposição ou aproximação de um perigo. Como sabemos, a eletricidade é perigosa e a apro-


ximação de instalações elétricas oferece risco, no entanto, os riscos podem ser controlados quando os
condutores energizados são isolados, cobertos ou colocados fora do alcance. É importante saber que esta
ação não elimina o perigo, mas faz o controle do risco elétrico.

Figura 17 -  Controle do risco elétrico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Agora que sabem quando estamos em condições de risco, vamos ampliar nosso conhecimento estu-
dando sobre os riscos adicionais.

3.2 Riscos adicionais

Os riscos adicionais são todos os fatores de risco, além do elétrico, específicos da condição de trabalho,
que possam contribuir ou causar acidentes.
Estudaremos, a seguir, os principais riscos adicionais envolvidos no trabalho com eletricidade, conside-
rando o risco elétrico como o principal.

3.2.1 Altura

A altura como risco adicional da eletricidade merece especial atenção em função das graves conse-
-quências originadas das quedas. Vamos entender o motivo da altura ser um risco adicional.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
40

As perdas de controle dos movimentos do corpo no momento do choque elétrico ou o movimento


brusco do ar em caso de arco elétrico são fatores determinantes para estabelecer o desequilíbrio no traba-
lho em altura, e, consequentemente, provocar quedas. Por este motivo, no trabalho com eletricidade em
altura, é importante o uso do cinto de segurança.
O trabalho em altura atualmente requer a obrigatoriedade no treinamento da norma regulamentadora
NR35 - Trabalho em Altura, nela se encontram todas as regras de segurança para o trabalho seguro em
altura.

SAIBA Acesse o site oficial do Ministério do Trabalho e tenha acesso a NR35 para obter mais
MAIS conhecimento sobre o trabalho em altura.

Seguem algumas regras que devem ser observadas para trabalho em altura em eletricidade.
a) É obrigatório o cinto de segurança tipo paraquedista com ponto para fixação de trava queda;
b) É obrigatório o uso de capacete com jugular;
c) É obrigatório o uso de trava queda com linha da vida (mencionados no capítulo 5, item 5.3.4 da
NR35);
d) Todos os equipamentos responsáveis pela elevação do profissional até o ponto de trabalho de-
vem ser rigorosamente inspecionados;
e) Equipamentos e ferramentas devem ser levados para o alto através de uma bolsa específica.

Figura 18 -  Trabalho em altura


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Veremos, a seguir, mais um risco adicional, o ambiente confinado.


3 Acidentes de origem elétrica
41

3.2.2 Ambiente Confinado

Ambiente confinado é um local em forma de caixa ou tubo, geralmente com uma pequena entrada e
pouca ventilação, onde com dificuldade é possível o acesso de pessoas.

FIQUE Os acidentes em ambientes confinados, geralmente, envolvem uma atmosfera agres-


siva9 e muitos socorristas desavisados acabam respirando o ar deste ambiente fican-
ALERTA do na mesma situação do acidentado.

Os ambientes confinados não são projetados para ocupação contínua de pessoas, visto que eles têm
meios limitados de entrada e saída e a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes
perigosos.

Figura 19 -  Ambiente confinado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Trabalhadores que necessitam adentrarem em ambiente confinado necessitam obrigatoriamente de


treinamento na norma regulamentadora NR33 - Espaço Confinado.

3.2.3 Área classificada

Áreas classificadas são locais dentro de uma empresa ou estabelecimento com possibilidade de forma-
ção, ou existência, de uma atmosfera explosiva por presença contínua ou eventual de gases inflamáveis.
Áreas com essas características são consideradas de alto risco para o trabalho com eletricidade.
As instalações elétricas em áreas classificadas especiais, os equipamentos, tubulações e caixas devem
ser à prova de explosão, conforme norma, pois a presença de eletricidade nessas áreas pode ser a única
fonte potencial de calor e centelha, essenciais para ignição10 do processo explosivo.

9 Atmosfera agressiva: é uma atmosfera com teor de oxigênio não apropriado à respiração (excesso maior de 23% ou menor
que 20,9%) e/ou com presença de contaminantes tóxicos como monóxido de carbono e Gás Sulfídrico.
10 Ignição: é o meio pelo qual é iniciado o processo de inflamação de uma substância combustível. Em um ambiente composto
por combustível e oxigênio, por exemplo, uma centelha elétrica pode ser o meio de ignição para produzir o fogo ou uma
explosão.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
42

As instalações elétricas e equipamentos contidos em áreas classificadas devem ser projetados para limi-
tar o calor e a supressão de arco elétrico, de maneira que elimine possibilidade de inflamação de possíveis
gases inflamáveis contidos nessas áreas. Observe, na figura da luminária apresentada a seguir, um exemplo
desse tipo de equipamento, uma luminária à prova de explosão para ambiente de área classificada.

Figura 20 -  Luminária para área classificada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Nas áreas classificadas, a concentração ou não de gases em determinadas regiões pode ser avaliada
com o objetivo de limitar o acesso de pessoas e de realizar ações que previnam acidentes. Os trabalhadores
da área elétrica, dentro de uma área classificada, estão submetidos a um risco adicional e devem ser instru-
ídos sobre esses riscos, de maneira que exerçam suas atividades com segurança.
No quadro a seguir, veja a classificação em zonas das áreas classificadas por concentração de gases
inflamáveis segundo a IEC 60079-10: 2016.

Área na qual uma mistura de gás e ar, potencialmente explosiva, pode estar presente
Zona 0
continuamente ou por grandes períodos de tempo.
Área na qual uma mistura de gás e ar, potencialmente explosiva, pode estar presente
Zona 1
durante o funcionamento normal do processo.
Área na qual uma mistura de gás e ar, potencialmente explosiva, pode não estar presente.
Zona 3
Caso esteja, será por curtos períodos.

Quadro 2 - Classificação de zonas conforme concentração de gases inflamáveis


Fonte: IEC 60079-10, 2016.

Veja, a seguir, a imagem de uma instalação elétrica de uma refinaria de petróleo que pode ser conside-
rada uma área classificada. Essa refinaria teve o sistema de iluminação construído com luminárias à prova
de explosão.
3 Acidentes de origem elétrica
43

Figura 21 -  Iluminação de uma refinaria de petróleo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Agora, veremos que as condições atmosféricas no trabalho com eletricidade é um risco adicional, prin-
cipalmente quando o trabalho é realizado ao ar livre.

3.2.4 Fauna

No trabalho com eletricidade em locais com possibilidade da presença de animais peçonhentos como
cobras, escorpiões, insetos e aranhas, devem ser realizadas inspeções minuciosas no ambiente de trabalho,
principalmente em caixas passagem, armários, quadros elétricos, postes, galerias, etc.

CASOS E RELATOS

Ataque de abelhas
Os eletricistas de prontidão, Marcos e Sérgio, trabalhadores de uma concessionária de energia, fo-
ram chamados para resolver um problema de falta de energia elétrica em uma localidade na zona
rural, a 10 km da cidade.
Chegando na região, procuraram o endereço escrito no formulário de ocorrência. Achando o ende-
reço, Sérgio sai do veículo e fala:
- Marcos, eu vou fazer a inspeção visual na rede elétrica.
Marcos fica no veículo preparando a documentação e inspecionando equipamento e ferramentas.
Depois de alguns minutos, Sérgio chega de volta. Marcos fala:
- Sérgio, você detectou algum problema?
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
44

- Sim, Marcos, temos porta-fusível aberto em uma chave de um poste na rede primária próximo
daqui.
Os dois eletricistas foram até o poste onde estava a chave com o porta-fusível aberto. Marcos, atra-
vés do rádio, informa o problema à central e pede autorização para realizar o trabalho de troca do
elo fusível. Marcos fala:
- Sérgio, recebi autorização para realizarmos o trabalho, vamos nos preparar.
Sérgio retira do veículo a escada, coloca-a corretamente no poste e faz as devidas amarrações. En-
quanto isso, Marcos, via rádio, verifica a potência do transformador e o tipo de elo fusível para subs-
tituição.
Sergio fala:
- Marcos, vou subir na escada para retirar o porta-fusível com o elo queimado.
Sérgio sobe na escada com os EPI necessários e, usando um bastão de fibra de vidro, retira o porta-
-fusível com elo queimado. Marcos posicionado no chão, junto à escada, recebe o porta-fusível. Ime-
diatamente ele realiza troca do elo fusível e entrega o porta-fusível recuperado para Sérgio. O poste
era de concreto redondo e oco na parte superior, local onde existiam abelhas, Sérgio, quando bate
o porta-fusível para fixação na chave, balança o poste estressando as abelhas. Neste momento, as
abelhas atacam os dois eletricistas.
Este acidente que envolve animal peçonhento poderia ser evitado se fossem tomadas as devidas
precauções com relação à análise preliminar de risco e a inspeção do ambiente de trabalho.

A fauna, nestes ambientes, estabelece um risco adicional podendo causas agressão física, interrupção
de energia, curto-circuito e arco elétrico.

Figura 22 -  Risco de animais perigosos no ambiente de trabalho


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

11 Indução magnética: se manifesta quando um campo magnético variável penetra em um fio condutor e desarruma a sua
estrutura atômica, forçando, em consequência, a saída de elétrons do átomo, o que produz uma tensão induzida neste
condutor.
3 Acidentes de origem elétrica
45

3.2.5 Flora

A vegetação quando cresce e envolve a rede elétrica pode causar choques elétricos, interrupção de
energia e incêndios. Em dias de chuvas, os riscos são maiores, pois as árvores podem entrar em contato
com a rede elétrica, ficando muito mais energizadas por causa da umidade.

FIQUE É bom evitar o plantio de árvores embaixo da rede elétrica, principalmente árvores
ALERTA de grande porte.

Quando uma árvore se aproximar da rede elétrica, a poda é recomendada, mas ela deve ser executada
com segurança e por um técnico especializado que deve atuar com procedimentos de segurança adequa-
dos.

Figura 23 -  Rede elétrica dentro da vegetação


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Agora, vamos iniciar o estudo das causas de acidentes relacionados a fatores de trabalho que envolvem
o comportamento humano e as condições do ambiente de trabalho.

3.2.6 CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

No uso da eletricidade em atividades como montagem e manutenção, a condição atmosférica pode


estabelecer fatores preocupantes, pois ela envolve fenômenos climáticos imprevisíveis e que não podem
ser controlados pelo homem. A umidade do ar, as descargas atmosféricas, a fauna e a flora são condições
que merecem atenção no trabalho com eletricidade, conforme estudaremos a seguir.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
46

Umidade

Podemos analisar a umidade em determinados ambientes com eletricidade em duas situações, a baixa
umidade do ar e alta umidade do ar.
a) Baixa umidade do ar: pode provocar, facilmente, o acúmulo de eletricidade estática. A descarga
destes potenciais elétricos estáticos podem provocar danificação de equipamentos eletrônicos
sensíveis e centalhamento em ambientes explosivos, causando acidentes graves, como a infla-
mação de gases e explosões;
b) Alta umidade do ar: é um grande problema no trabalho de manutenção elétrica em alta-tensão.
Os trabalhos com equipamentos energizados de alta-tensão só devem ser iniciados se as condi-
ções meteorológicas forem favoráveis, portanto, não é permitido o trabalho com chuvas e nebli-
nas densas, principalmente sobre ventos fortes.
Veremos, a seguir, mais uma condição atmosférica que se caracteriza como um risco adicional para o
trabalho com eletricidade, as descargas atmosféricas.

Descargas atmosféricas

Os raios são fenômenos elétricos, de ação rápida, imprevisíveis na sua capacidade energética e de gran-
de poder de danificação quando não são tomadas medidas que facilitem sua descarga segura para terra.
Os trabalhos em redes elétricas em condições atmosféricas desfavoráveis com possibilidade de formação
de raios estabelecem um risco adicional.
Os grandes valores e forma variável da corrente elétrica de um raio geram intensos campos eletromag-
néticos com poder de induzir tensões elétricas transitórias em estruturas metálicas ou na rede elétrica. Mas
o que são as tensões transitórias? As tensões transitórias são elevações de tensão de curtíssima duração em
um circuito elétrico, geradas a partir da manobra de carga de potência elevada, curto-circuito e descarga
atmosférica. No caso específico de descarga atmosférica, as tensões transitórias podem ser produzidas em
duas possibilidades:
a) Descarga direta: quando o raio atinge diretamente condutores da rede elétrica ou telefônica.
Esta formação de tensão transitória pode danificar equipamentos elétricos e, também, provocar
graves acidentes nas pessoas;
b) Descarga indireta: quando na descida de um raio, sem atingir diretamente uma rede elétrica,
mas próximo a ela, é estabelecido um campo eletromagnético intenso que se propaga no ar,
viajando e envolvendo a rede elétrica ou telefônica. Nesta condição, por indução magnética11,
aparecerá uma elevação de tensão de curta duração nestas redes. Esta forma de produzir tensão
transitória geralmente provoca danos a equipamentos elétricos.
3 Acidentes de origem elétrica
47

Atualmente, encontram-se à venda, no mercado, os Dispositivos de Pro-


CURIOSIDADES teção contra Surtos (DPS), que têm a função de proteger as instalações
elétricas contra tensões transitórias.

Perceba, na imagem a seguir, a descarga atmosférica sobre a rede elétrica.

Figura 24 -  Descarga atmosférica sobre a rede elétrica


Fonte: SENAI DR BA; SHUTTERSTOCK, 2017.

Veja a seguir que determinados animais e a vegetação também podem ser um risco adicional no traba-
lho com eletricidade.

3.3 Causas de acidentes relacionadas ao trabalho

As causas de acidentes no trabalho estão no comportamento inadequado do trabalhador quando ele


não respeita as regras de segurança ou, pior, essas causas podem estar ocultas no próprio ambiente de
trabalho. Veja, a seguir, as causas imediatas de um acidente de trabalho.

3.3.1 Causas imediatas de acidentes

As causas imediatas são as que efetivamente provocam o acidente ou de alguma maneira participam
para a sua formação. As causas imediatas de acidentes ocorrem devido a fatores pessoais que denomina-
remos de desvio comportamental e fatores que estão no ambiente indicados como condição insegura.
a) Desvio comportamental: é o comportamento humano contrário aos padrões normais de segu-
rança. Esse comportamento pode causar acidente. Veja alguns exemplos:
-- Dirigir veículos desobedecendo a sinalização;
-- Não proteger os olhos no uso de ferramentas que projeta resíduos metálicos;
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
48

-- Não planejar atividades que ofereçam risco de acidentes;


-- Não usar EPI em atividades de risco previsto;
-- Usar ferramentas inadequadas ou defeituosas;
-- Baipassar12 dispositivos de segurança em instalações elétricas;
-- Deixar de usar EPI.

b) Condição insegura: são circunstâncias de perigo presentes no ambiente de trabalho que po-
dem causar acidentes. Veja alguns exemplos:
-- Cabos expondo o cobre energizado e acessível;
-- Ambiente de trabalho mal iluminado;
-- Baixa isolação em equipamentos elétricos;
-- Falta de proteção em partes rotativas de máquina;
-- Local com alto nível de ruído;
-- Equipamento elétrico sem aterramento e alimentado com tensão perigosa;
-- Mau contato em conexões elétricas;
-- Máquinas em estado precário de manutenção.

3.3.2 Causas básicas de acidentes

A causa básica é a origem da causa do acidente, ou seja, as condições ou os fatores que originaram o
desvio comportamental ou a condição insegura.
A causa básica quando ligada ao desvio comportamental está relacionada a uma série de fatores pesso-
ais, por outro lado, quando a causa básica tem relação com uma condição insegura, ela envolve uma série
de fatores de trabalho.
Veja, a seguir, alguns fatores da causa básica.
a) Fatores pessoais
-- Atitude imprópria;
-- Hábito Impróprio;
-- Falta de experiência;
-- Problemas de saúde;
-- Falta de habilidade;

12 Baipassar: em eletricidade, baipassar significa que você fez uma ligação desabilitando um dispositivo com função de
proteção. Esta ação, aparentemente, não deve interferir no funcionamento normal do circuito elétrico.
3 Acidentes de origem elétrica
49

-- Falta no treinamento;
-- Falta de conhecimento.
b) Fatores do trabalho
-- Falha de montagem;
-- Falha de projeto;
-- Falha de planejamento;
-- Falha de gerenciamento;
-- Falha de construção;
-- Falha de treinamento;
-- Falha de manutenção.

Foram analisadas as causas gerais de acidentes relacionados ao trabalho. Veja, no tópico seguinte, as
causas específicas de acidentes no trabalho com eletricidade.

3.4 Causas de acidentes com eletricidade

No ambiente do trabalho com eletricidade, os profissionais ficam muito próximos de circuitos elétricos
ou de condições desfavoráveis, a exemplo de raios, eletricidade estática e a falta de atenção ou descumpri-
mento de regras de segurança que podem causar acidentes.
A seguir, veremos as causas diretas e causas indiretas dos acidentes com eletricidade.

3.4.1 Causas diretas de acidentes com eletricidade

A causa direta está condicionada ao contato de parte do corpo de uma pessoa com locais energizados
da instalação. Essas causas podem ser classificadas quanto à forma do contato físico, conforme veremos a
seguir.

Em média, no Brasil, existe um acidente fatal com eletricidade na popu-


CURIOSIDADES lação por dia, supostamente estes valores são bem maiores, pois muitos
acidentes desta natureza não são registrados.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
50

Contato direto

O contato direto é o toque do corpo com partes metálicas com tensão perigosa. Podemos citar como
exemplo o contato com o condutor exposto energizado de um cabo desencapado ou o contato direto
com um barramento energizado de um quadro de distribuição.

Neutro

Fase

Figura 25 -  Choque elétrico dinâmico de contato direto


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Contato indireto

O contato indireto consiste no toque do corpo humano em partes condutoras energizadas acidental-
mente ou energizadas por falha de isolamento elétrico. Como exemplo desse tipo de contato, podemos
citar o choque elétrico por contato com a carcaça de um motor elétrico por falha de isolação ou na caixa
metálica de uma máquina de lavar, energizada acidentalmente com tensão perigosa.

Neutro

Fase

Folha de
isolação
M1

Máquina de lavar

Figura 26 -  Choque elétrico dinâmico de contato indireto


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
3 Acidentes de origem elétrica
51

Após analisar as causas diretas de acidentes com eletricidade, veja no próximo tópico quais são as cau-
sas indiretas.

3.5 Causas indiretas de acidentes com eletricidade

As causas indiretas de acidentes com eletricidade envolvem condição atmosférica, equipamento que
acumula eletricidade e reação na aproximação de redes de alta-tensão. Essas causas podem levar ao cho-
que elétrico nas seguintes condições:
a) Por eletricidade estática. Exemplo: choque em capacitores;
b) Por descargas atmosféricas. Exemplo: acidentes com raios;
c) Por equilíbrio eletrostático. Exemplo: arco elétrico na zona de risco próximo a uma rede de alta-
-tensão;
d) Por tensão induzida em redes de alta-tensão. Exemplo: tensão induzida no cruzamento de duas
redes de alta-tensão.
Agora, vamos realizar a análise de acidentes com eletricidade que aconteceram de fato e para esta aná-
lise são necessários os conhecimentos adquiridos nos capítulos anteriores. Lembre-se que as causas ime-
diatas estão relacionadas ao desvio comportamental e condição insegura. Mas, quando no acidente existir
envolvimento de eletricidade, teremos as causas diretas e indiretas. Com isso, vamos fazer as análises.

3.6 Discussão de casos

No estudo dos acidentes que serão apresentados, identificaremos se o acidente possui as seguintes
causas:
a) Causa de trabalho: causa imediata, causa básica;
b) Causa elétrica: direta ou indireta.

Caso 1

Ao atender reclamação de falta de energia, compareceu ao local e notou que uma das fases estava des-
conectada. Quando subiu na escada de madeira, ao chegar na posição e trabalho, foi testar com a mão a
baixa tensão, sofrendo choque elétrico, caindo e, em consequência, tendo fraturas múltiplas.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
52

Análise

a) Causa imediata devido a:


-- Desvio comportamental: o desvio de comportamento do trabalhador foi quando usou sua
mão para testar a existência de tensão na rede elétrica;
-- Condição insegura: neste acidente, a rede elétrica energizada e a altura para trabalho são as
condições inseguras;
b) Causa básica: o texto mostra que existiu falha de planejamento, pois o profissional não tinha,
no momento, o instrumento adequado para medição de tensão, com isto, esta situação o levou a
cometer uma atitude imprópria estabelecendo um desvio de comportamento;
c) Causa direta: Foi um choque elétrico dinâmico, pois houve um contato direto com a rede elétri-
ca.

Caso 2

Uma equipe de linha viva realizava manutenção no SEP, em via vicinal a BR, local devidamente sinaliza-
do, quando um caminhão de combustíveis desgovernado tombou e atingiu o veículo da empresa, incen-
diando-o. O combustível incandescente atingiu a vítima.

Análise

a) Causa imediata devido a:


-- Condição insegura: a condição insegura para a equipe de trabalho estava no serviço executa-
do próximo a uma rodovia de trânsito intenso;
b) Causa básica: a causa básica deste acidente foi a falta de planejamento, pois nestas condições
de trabalho no planejamento do serviço seria necessário um controle do tráfego, realizado por
empresa ou órgão público responsável pela pista.

Caso 3

O eletricista estava no solo auxiliando a equipe de linha viva que realizava instalação de chaves de faca
na estrutura. Havia dois eletricistas no cesto aéreo duplo isolado (caminhão de linha viva) e dois eletricistas
no solo. O acidentado recebeu ordem do encarregado, que estava no cesto aéreo, para pegar material
no caminhão a ser utilizado pela equipe na próxima etapa da atividade. O veículo e a respectiva lança e
cesto aéreo estavam posicionados para a realização da instalação da terceira chave faca abaixo da rede de
MT, utilizando procedimentos de trabalho em rede desenergizada. O cotovelo da lança estava próximo à
rede energizada de MT, fora da região das coberturas rígidas. Com a aproximação ou toque da lança do
3 Acidentes de origem elétrica
53

veículo (parte não isolada) na rede de MT, ocorreu a energização do caminhão. Os eletricistas que estavam
no cesto aéreo escutaram um barulho como o de arco elétrico e o grito do eletricista acidentado. Quando
olharam para o solo, viram o eletricista caindo próximo ao caminhão.

Análise

a) Causa imediata devido a:


-- Desvio comportamental: neste acidente, a equipe de trabalho não tem um comportamento
adequado no posicionamento do caminhão, deixando parte dele em condições de entrar em
contato com e rede elétrica. Outro comportamento não adequado da equipe foi utilizar pro-
cedimento de trabalho em rede desenergizada, enquanto próximo ao local existia rede ener-
gizada.
-- Condição insegura: a condição insegura neste acidente acontece quando o caminhão é ener-
gizado e, como consequência, o eletricista que estava no solo se acidenta.
b) Causa básica: a atitude imprópria da equipe no posicionamento do caminhão e a falha de pla-
nejamento no trabalho com rede desenergizada foram importantes para formação do acidente;
c) Causa direta: choque dinâmico de contato indireto. O caminhão não é um equipamento que
deve ser energizado, por isso, um choque elétrico na estrutura do caminhão é considerado dinâ-
mico de contato indireto.

O estudo desse capítulo deixa uma reflexão sobre o uso da eletricidade e ao mesmo tempo sobre a
segurança das pessoas. Ele possibilitou uma análise geral sobre as causas de acidentes relacionados com
a eletricidade e as ações que são necessárias para evitá-los. Esse conhecimento é muito importante para a
atuação profissional, pois permite a identificação dos comportamentos individuais e das condições neces-
sárias à segurança no trabalho com eletricidade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
54

RECAPITULANDO

Neste capítulo, aprendemos que quando estamos expostos a uma situação de perigo consequente-
mente estamos em condições de risco.
Vimos, também, que existem outros riscos em serviços com eletricidade além dos elétricos, que cha-
mamos de riscos adicionais. Assim, tivemos a oportunidade de aprender que os riscos adicionais se
associam aos riscos elétricos, aumentando as preocupações, no trabalho, com eletricidade.
Estudamos que no trabalho ou atividade, quando acontece um acidente, as causas imediatas e bá-
sicas sempre estão envolvidas, pois associam fatores pessoais, desvio comportamental, fatores am-
bientais e condição insegura.
Aprendemos que quando os acidentes têm natureza elétrica ficam bem definidas as causas diretas e
indiretas. As causas diretas estão relacionadas com o contado direto ou indireto com partes energi-
zadas. E as causas de acidentes elétricos indiretos estão relacionadas com fenômenos elétricos, com
tensão transitória e descargas atmosféricas.
Concluímos este capítulo com uma análise de diversos acidentes que aconteceram no setor elétrico
e na população.
3 Acidentes de origem elétrica
55
Medida de controle de risco elétrico

A simples ação de ligar e desligar um interruptor para acender uma lâmpada oferece risco
elétrico que deve ser controlado. A partir desta situação, é preciso pensar o que fazer para
controlar bem o risco existente e encaixar uma ou várias medidas de controle de risco que
estudaremos neste capítulo.
As medidas de controle do risco elétrico são compreendidas como sendo a utilização de
dispositivos e métodos para uma intervenção segura em instalações elétricas. São medidas
que têm o objetivo de proteger as pessoas, visando neutralizar ou administrar com segurança
os riscos elétricos no trabalho com eletricidade ou no ambiente com instalações elétricas.

Figura 27 -  Medidas de controle de risco elétrico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

A norma NR10 de segurança em instalações e serviço com eletricidade tem como objetivo
estabelecer os requisitos e as condições mínimas para a implementação das medidas de con-
trole e sistemas preventivos, desta forma, as medidas de controle de riscos elétricos devem
ser antecipadas na fase de elaboração dos projetos de elétrica ou no instante que antecede o
planejamento de uma atividade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
58

Neste capítulo, veremos as principais medidas de controle de risco elétrico estabelecidas pela NR10 e
indicadas a seguir.
a) Desenergização;
b) Bloqueios e impedimentos;
c) Equipotencialização;
d) Seccionamento automático da alimentação;
e) Extra baixa tensão;
f) Barreiras e invólucros;
g) Obstáculos e anteparos;
h) Isolamento das partes vivas;
i) Isolação dupla ou reforçada;
j) Separação elétrica.

4.1 Proteção contra choque elétrico

A NBR 5410:2004 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão é uma norma técnica que regulariza a instala-
ção elétrica em baixa tensão, com isto ela estabelece dois princípios importantes de segurança que funda-
mentam as medidas de proteção contra choque elétrico sempre observadas nas medidas de controle de
risco elétrico. Veja quais são esses dois princípios.
a) Partes vivas da instalação elétrica não devem ser acessíveis;
b) Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, sejam em condições nor-
mais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as tornem acidentalmente vivas.
Agora que você foi informado sobre os princípios de segurança da norma técnica NBR5410, iniciaremos
nossos estudos sobre as principais medidas de controle do risco elétrico.

4.2 Desenergização

Desligar um circuito para serviço com eletricidade é um controle de risco muito eficiente, visto que esta
medida elimina o perigo da eletricidade no ponto de trabalho. É uma medida de proteção coletiva priori-
tária da NR10, mas que deve ser associada a outras medidas para garantia de maior proteção.
Para realizar o desligamento, é necessário fazer o seccionamento ou abertura de contatos de um dispo-
sitivo de manobra (disjuntores, chaves secionadoras), provocando a interrupção da alimentação elétrica
em um circuito ou equipamento. O ideal, se possível, é ter as aberturas visíveis dos contatos com afasta-
mento de abertura seguro e dispositivo acoplado de extinção de arco elétrico.
4 Medida de controle de risco elétrico
59

Figura 28 -  Desligamento da rede secundária


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A NR10 dispõe de um subitem (NR 10.5.1) específico com regras claras sobre desligamento de circuito.
De acordo com esse subitem, somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas libera-
das para trabalho mediante os procedimentos descritos a seguir.
a) Seccionamento: é o desligamento do dispositivo que alimenta o circuito. Esse desligamento é
feito através da abertura dos contatos;
b) Impedimento de reenergização13: é a ação de bloqueio mecânico do dispositivo que foi desli-
gado;
c) Constatação da ausência de tensão: é o ato de verificar se os condutores do circuito foram re-
almente desligados. Essa confirmação deve ocorrer através de instrumentos de medidas elétricas,
geralmente utilizamos o multímetro ou um detector de tensão;
d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circui-
tos: é o ato de aterrar temporariamente os condutores do circuito que foi desligado, para garantir
segurança no serviço;
e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada: é a ação de isolar possí-
veis condutores energizados próximo à área onde está sendo feito o serviço;
f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização: consiste em uma sinalização fi-
xada no bloqueio do dispositivo que foi desligado através de um cartão contendo, no mínimo, o
nome e o contato do profissional ou profissionais responsáveis pelo impedimento de reenergi-
zação.
Continuando nosso estudo sobre controle de risco elétrico, veja mais detalhadamente o próximo tópi-
co que fala sobre bloqueio e impedimento de reenergização.

13 Reenergização: significa que um dispositivo elétrico pode ser ligado a qualquer momento.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
60

4.3 BLOQUEIO E IMPEDIMENTOS

O bloqueio e impedimentos consistem da utilização de meios que impossibilitem o religamento de um


dispositivo de alimentação elétrica. Isso ocorre através do bloqueio dos meios de ligamento do dispositivo
que foi seccionado, evitando um religamento acidental ou não autorizado do circuito.
O bloqueio de reenergização deve ser feito pelos trabalhadores envolvidos na atividade, portanto, cada
profissional deve ter seu próprio dispositivo de lacre(cadeado), sendo assim, quando o serviço envolve
mais de um profissional, cada um é responsável por liberar sua parte no serviço. Veja o exemplo na figura
abaixo onde são utilizados um cadeado e uma trava múltipla, para evitar o religamento indevido de um
equipamento em manutenção.

Figura 29 -  Bloqueio com cadeados


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

A NR10 estabelece que, na medida do possível, os projetos devem prever dispositivos de manobra da
instalação, como chaves seccionadoras ou disjuntores que incorporem condições de impedimento de re-
energização do circuito. Estes impedimentos podem ser feitos através de bloqueios mecânicos, a exemplo
de:
a) Utilização de cadeado colocado na alavanca de manobra em chaves seccionadoras;
b) Utilização de cadeado travando a tecla de um disjuntor através de trava específica;
c) Retirada dos fusíveis de alimentação do circuito que deve ser desligado;
d) Extração do disjuntor quando for possível.
Continuando nosso estudo sobre medidas de controle de risco elétrico, veremos os processos de equi-
potencialização.
4 Medida de controle de risco elétrico
61

4.4 Equipotencialização

Visando a segurança no serviço com eletricidade, a equipotencialização é a ação de unir e conectar em


um mesmo potencial, que geralmente é um ponto de aterramento, condutores de um circuito não energi-
zados que foram desligados para serviço.
A NR10, quando aborda o processo seguro de desligamento para trabalho com eletricidade, sinaliza
que seja executada a instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores do
circuito que foi desligado. Veja, na figura a seguir, a ilustração da equipotencialização dos condutores da
rede elétrica usando o aterramento como potencial comum.

A B C

EQUIPOTENCIALIZAÇÃO

ATERRAMENTO

Figura 30 -  Equipotencialização
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
62

Observe, na figura apresentada a seguir, a equipotencialização de uma edificação.

Elementos metálicos da
construção

Tubulações metálicas
Neutro
não elétricas

Condutores de proteção
Condutores de
alimentação Para instalação de
Condutor de telecomunicação
proteção
principal
Ao eletrodo de aterramento do
SPDA e da antena de TV

Terminal de
aterramento
Condutor de
Blindagem aterramento
metálica
do cabo

Água Esgoto

Gás

Ligação para o sistema de aterramento da


fundação do prédio

Figura 31 -  Equipotencialização em uma edificação


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Outra forma de utilizar o processo de equipotencialização é quando em uma edificação todas as massas
metálicas (ferragens estruturais, bandejas, eletrocalhas, grades, guarda-corpo, corrimões, portões, base
de antenas, carcaças de equipamentos elétricos, reservatórios, tubulação de gás, água, esgoto e hidrante,
se metálicos, e inclusive os condutores do sistema de para-raios e antena de TV) são unidas através de
condutores e aterrados em um sistema de aterramento central feito na própria estrutura de ferragem na
fundação do prédio, conforme mostra a figura anterior.
Agora, veremos a medida de controle de risco elétrico onde deve acontecer o desligamento automático
da instalação em caso de choque elétrico.
4 Medida de controle de risco elétrico
63

4.5 SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA INSTALAÇÃO

Na impossibilidade de realizar a desenergização do circuito, o seccionamento automático da instalação


é uma medida de controle de risco elétrico para segurança coletiva, conforme NR10, subitem 10.2.8.2.1.
O seccionamento automático da instalação deve acontecer sempre que uma estrutura metálica ater-
rada for energizada, conforme ABNT NBR 5410:2004 item 5.1.2.2.4.3, estabelecendo uma tensão de toque
perigosa (Ut).
No exemplo apresentado na figura a seguir, temos um motor elétrico que por falha de isolação tem a
carcaça metálica energizada. Uma pessoa em contato com a carcaça do motor (M1) está envolvida em um
choque elétrico dinâmico de contato indireto. Nessa situação, é necessário o disparo imediato do disposi-
tivo de proteção (DR). Ele deverá atuar seccionando automaticamente a instalação no instante da energi-
zação da estrutura metálica do motor M1. Neste momento, se estabelece a corrente de fuga (If) entrando
no DR1 juntamente com a corrente nominal do motor (In).
Analisando o percurso das correntes na figura a seguir, fica evidente que a corrente que entra no DR1
(In+If) é diferente da corrente que sai (In), desta maneira, o DR automaticamente desliga a alimentação do
motor, fazendo a proteção adicional contra choque elétrico. O disjuntor (D1) no circuito é mais eficiente
na proteção da instalação contra sobrecarga e curto-circuito, desta maneira, também fazendo a proteção
do próprio DR1.

In + If
Neutro

In + If
Fase

In + If

DR1
If In

D1

Falha de
Isolação

Motor
If Ut
M1

SOLO
If

Figura 32 -  Fuga de corrente pela carcaça do motor


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
64

Ut - tensão de toque
In - corrente nominal do motor
If - corrente de fuga

O tempo de atuação do dispositivo de seccionamento automático depende da corrente (If+In) que é


limitada pelo sistema de aterramento. Com isso, o sistema de aterramento deve ser executado atendendo
a norma técnica.
Veremos, a seguir, mais uma medida de controle do risco elétrico relacionada ao trabalho com tensão
elétrica de valor seguro.

4.6 EXTRA BAIXA TENSÃO

A extra baixa tensão são valores de tensões seguras para trabalho. E estão nos limites igual ou inferior a
50V em corrente alternada e igual ou inferior a 120V em corrente contínua. Acima destes valores se encon-
tram as baixas tensões e, com isto, os valores de tensões perigosas.
Para trabalho de manutenção com extra baixa tensão, a NR10 não exige treinamento de segurança,
visto que com estes valores de tensão não existe a possibilidade de um acidente grave, principalmente os
que envolvem danos no coração.
É comum o uso de tensão de 24V em circuitos lógicos ligados a botões ou botoeiras em máquinas que
sejam manuseadas em ambientes de trabalho úmidos. São ambientes em que a resistência elétrica do cor-
po das pessoas e da isolação dos equipamentos estão reduzidas, proporcionando risco elevado de choque
elétrico se a tensão elétrica estiver dentro dos valores acima da extra baixa tensão.

SAIBA Saiba mais sobre extra baixa tensão lendo o item 5.1.2.5 da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro,
MAIS 2004 Versão corrigida: 2008.

Veremos, agora, mais uma medida de controle de risco elétrico relacionada a guarda segura de partes
energizadas da instalação elétrica.
4 Medida de controle de risco elétrico
65

4.7 BARREIRA E INVÓLUCRO

As barreiras são dispositivos que impedem qualquer contato com partes energizadas da instalação.
Elas devem ter boa qualidade e uma estrutura robusta e durável, e devem ficar a uma distância segura o
suficiente das partes energizadas para manter alto grau de proteção dos riscos elétricos.

Figura 33 -  Barreira
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O invólucro são caixas de material de PVC14 ou metálicas, que envolvem partes energizadas a fim de im-
pedir qualquer contato com as partes internas, a exemplo de quadros ou painéis elétricos que acomodam
de forma segura e garante dificuldade de acesso às partes energizadas.
Veja, na figura a seguir, um exemplo de invólucro representado por um painel elétrico industrial.

Figura 34 -  Invólucro representado por um painel elétrico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

14 PVC: é a sigla de policloreto de polivinila. Trata-se de um material que pela propriedade antichama e por ser um bom isolante
elétrico é utilizado na fabricação de fios isolantes, cabos elétricos, eletrodutos e quadros elétricos.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
66

Agora, você verá a medida de controle do risco elétrico que estabelece um obstáculo para o acesso às
partes energizadas da instalação, evitando o contato não intencional.

4.8 OBSTÁCULO E ANTEPARO

O obstáculo é uma peça isolante colocada entre o trabalhador e uma parte metálica energizada de uma
instalação elétrica, de maneira que impeça o contato acidental, mas não o contato intencional deliberado.

Figura 35 -  Placa isolante representando um obstáculo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O Anteparo é uma peça isolante que envolve uma parte metálica energizada da instalação, oferecendo
proteção para um possível contato acidental. Observe, na imagem apresentada a seguir, que as mantas
vermelhas representam o anteparo.

Figura 36 -  Mantas vermelhas representando o anteparo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
4 Medida de controle de risco elétrico
67

Para dar continuidade aos estudos, veremos como deve ser a isolação elétrica das partes energizadas
acessíveis de uma instalação elétrica, visto que o isolamento é uma medida de controle de risco muito
importante na prevenção do choque elétrico.

4.9 ISOLAMENTOS DAS PARTES VIVAS

O isolamento das partes vivas é a ação de recobrimento de contatos elétricos ou partes energizadas da
instalação com o uso de material isolante capaz de suportar solicitações térmicas, elétricas e químicas, a
exemplo da fita isolante usada para isolar emenda de fios ou cabos.

Figura 37 -  Isolação de uma emenda


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

O procedimento correto para isolar uma emenda é enrolar a fita isolante


sobre o cobre exposto formando três camadas de fita. As duas primeiras
CURIOSIDADES camadas devem ser executadas esticando a fita isolante, mas é preciso
cuidado para não romper a fita. Na última camada, enrolar a fita sem
esticar.

Você verá, a seguir, que reforçar ou duplicar a isolação elétrica de um equipamento ou dos condutores
da instalação elétrica é sem dúvida uma medida de controle de risco elétrico.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
68

4.10 ISOLAÇÃO DUPLA OU REFORÇADA

A isolação dupla ou reforçada tem a finalidade de proporcionar um nível maior de isolação e proteção
através da aplicação de duas isolações, uma básica e uma complementar ou uma única reforçada.
A isolação básica está diretamente ligada ao metal condutor, oferecendo o mínimo de isolação elétrica.
Como exemplo de isolação básica, temos o PVC que cobre os condutores ou a fita isolante.
A isolação complementar é independente e deve assumir a proteção de isolação elétrica em caso de
falha da isolação básica. Como isolação complementar, temos os eletrodutos e canaletas isolantes.
A isolação reforçada é uma isolação única sobre as partes metálicas do condutor. A isolação reforçada
equivale a isolação proporcionada por uma dupla isolação. Ela é utilizada em locais onde não é possível
fazer uma proteção complementar de eletrodutos, calhas ou canaletas.
Alguns eletrodomésticos e ferramentas elétricas portáteis, como furadeira e parafusadeiras manuais,
utilizam isolação dupla. Quando um equipamento adota no seu processo de fabricação a dupla isolação,
na placa de identificação desta ferramenta deve aparecer um símbolo na forma de dois quadrados de ta-
manhos diferentes, um dentro do outro como indicado na figura a seguir.

Figura 38 -  Símbolo de dupla isolação


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Nós estudamos a isolação dos condutores acessíveis que podem estar energizados. Agora, no tópico
seguinte, veremos que manter inacessíveis as linhas áreas com condutores sem isolação é uma medida de
controle de risco elétrico.
4 Medida de controle de risco elétrico
69

4.11 COLOCAÇÃO FORA DO ALCANCE

A colocação fora do alcance de partes energizadas de uma instalação ou equipamento elétrico é uma
medida empregada para impedir o contato involuntário com partes energizadas e, assim, evitar um cho-
que elétrico de contato direto.
Veja, na figura seguinte, que geralmente as redes elétricas ficam a uma altura não acessível para as
pessoas.

8 metros

Figura 39 -  Condutores fora de alcance


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Agora, veremos uma forma diferente de controle do risco elétrico, é a criação de um novo circuito.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
70

4.12 SEPARAÇÃO ELÉTRICA

A separação elétrica é composta de um circuito independente de neutro não aterrado, criado a partir de
uma fonte de separação elétrica.
É comum utilizar como fonte de separação elétrica um transformador de isolação com o seu enrola-
mento primário alimentado com tensão da rede elétrica e o enrolamento secundário com seus potenciais
não aterrados. Assim, no circuito secundário não haveria possibilidade de choque elétrico entre seus po-
tenciais e o solo. No entanto, o choque elétrico pode acontecer no contato entre os próprios potenciais do
secundário do transformador.

FIQUE Não devemos utilizar autotransformadores quando desejamos a separação elétrica


de circuitos. A separação elétrica de circuitos deve ser realizada com o uso de trans-
ALERTA formadores com primário e secundário bem definidos e isolados um do outro.

Veja a figura a seguir que ilustra a situação de uma separação elétrica e verifique que a pessoa “A” é
acometida por um choque elétrico dinâmico de contato direto, pois ela fecha um circuito perfeito em rela-
ção à terra pelo motivo do neutro que alimenta o circuito primário do transformador estar aterrado. Veja o
movimento da corrente Ic através do corpo em direção ao solo à procura do neutro aterrado.
Observe a condição da pessoa “B”, verifique que ela, também, está em contato com o condutor fase do
secundário do transformador, no entanto, não circula corrente em seu corpo e, portanto, não é estabele-
cido o choque elétrico, pois o neutro deste lado do transformador não é aterrado no circuito secundário.

It Im
Neutro
Fase
It
It Im

127V

lc B
A
lc Fase
127V
Neutro

lc

Terra

Figura 40 -  Separação elétrica


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
4 Medida de controle de risco elétrico
71

It - corrente elétrica total (Im + Ic)


Im - corrente de magnetização do transformador.
Ic - corrente do choque elétrico

Continuando o estudo das medidas de controle de risco elétrico, veremos que existem dispositivos
muito eficientes para desligamento do circuito em caso de choque elétrico.

4.13 DISPOSITIVO A CORRENTE DE FUGA

O dispositivo a corrente de fuga ou dispositivo diferencial residual, conhecido como DR, é utilizado para
proteção das pessoas contra correntes perigosas de um choque elétrico. Para isso, ele deve ter sensibili-
dade de, no momento do choque elétrico com valor máximo de até 30 mA, desligar o circuito elétrico. O
DR não evita o choque elétrico, mas desliga a instalação quando a corrente, nestas condições, evolui para
valores que possam provocar um acidente grave.

Quando acontece uma fuga de corrente para terra por baixa isolação e
com um DR instalado neste circuito, automaticamente haverá o desliga-
mento se a corrente de fuga for suficiente para disparar o DR, próximo
CURIOSIDADES a 30mA. Se a corrente de fuga for insuficiente, o DR não irá atuar e, com
isso, haverá um aumento do custo na conta de energia elétrica, provoca-
do pelas perdas indesejáveis da corrente de fuga.

Observe, na imagem apresentada a seguir, a atuação do DR.

Circuito em funcionamento normal Circuito com disparo do DR

F 10A F 10,03A
N 10A N 10A
10A 10A 10,03A
- A corrente que - A corrente que
A entra no circuito é A entra no circuito é
a mesma que sai. diferente da que sai.
DR DR
- O DR não dispara. - O DR dispara.

EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO 0,03A

In = 10A In = 10A

Figura 41 -  Atuação do DR
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
72

Na imagem apresentada, é possível perceber que o esquema da esquerda indica a não atuação de um
DR e o esquema da direita indica a condição de atuação do DR.

FIQUE Os DR têm um botão para teste que simula a situação de um choque elétrico, é reco-
mendado o acionamento deste botão, testando o DR, pelo menos uma vez por mês
ALERTA ou sempre que for acontecer uma manutenção na instalação elétrica.

Atualmente, é comum encontrar DR bipolar para circuito monofásico (fase + neutro) e tetrapolar para
circuito bifásico e trifásico (2 fases + neutro ou 3 fases + neutro).

In 32A
In 63A Un 230/400V
Un 230V
Ian 30 mA Ian 30 mA
IEC41508
0810014

Figura 42 -  Dispositivo diferencial residual (DR)


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

No tópico seguinte, você estudará a medida de controle de risco elétrico que utiliza ligações elétricas
no solo.
4 Medida de controle de risco elétrico
73

4.14 ATERRAMENTO

O aterramento é uma instalação composta de uma haste de aterramento fincada no solo de onde é
fixado um cabo denominado de Condutor de Proteção (PE, do inglês - protection earth ou proteção terra).
O condutor de proteção geralmente é conectado a um barramento em quadro elétrico de onde é deriva-
do para as estruturas metálicas dos vários equipamentos da instalação que necessita de proteção contra
choque elétrico.
Para conexão do sistema de aterramento em um equipamento elétrico, é importante que seja obser-
vada a classe de isolamento elétrico do equipamento e, com isto, verificar se é necessário e como fazer o
aterramento. O quadro a seguir mostra as classes de isolamento elétrico, como base na norma IEC 61140,
onde são classificados os equipamentos por nível de proteção contra choque elétrico.

Aparelho que funciona com tensão perigosa, acima de 50V, de isolamento simples, com
Classe 0
chassi metálico sem condições de ligação à terra.
Aparelho que funciona com tensão perigosa, acima de 50V, de isolamento simples, com
Classe I
chassi metálico com condições de ligação à terra.
Aparelho que funciona com tensão perigosa, acima de 50V, de isolamento duplo, sem
Classe II
condições de ligação à terra.
Aparelho que funciona com tensão segura igual ou abaixo de 50V. Aparelho de classe III
Classe III
não precisa de aterramento.

Quadro 3 - Classe de isolação elétrica de luvas de segurança


Fonte: IEC 61140, 2016.

O sistema de aterramento pode ser apresentado de três formas dependendo da função que vai exercer
na instalação. Os tipos apresentados são:
a) Aterramento temporário;
b) Aterramento de proteção;
c) Aterramento funcional.
O aterramento temporário é a equipotencialização e aterramento dos condutores de um circuito dese-
nergizado, geralmente para manutenção. Esse aterramento é realizado visando a proteção de uma even-
tual energização acidental dos condutores, seja uma energização direta, indireta ou por indução eletro-
magnética.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
74

Figura 43 -  Aterramento temporário


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

O aterramento de proteção é feito através da ligação de um condutor de proteção denominado de “PE”,


que tem uma extremidade ligada em uma haste de aterramento ou uma malha de aterramento15 e a outra
extremidade ligada à estrutura metálica do equipamento que se quer aterrar. A sua função básica é fazer a
proteção contra choque elétrico.

Condutor de proteção (PE)

Haste de aterramento

Conector de aterramento

Figura 44 -  Aterramento de proteção


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O aterramento funcional é a ligação à terra de um dos fios do sistema de fornecimento de energia, ge-
ralmente o neutro.

15 Malha de aterramento: a malha de aterramento é a utilização de mais de uma haste de aterramento no sistema.
4 Medida de controle de risco elétrico
75

O aterramento funcional combina a proteção das pessoas contra choque elétrico e o correto funciona-
mento da instalação. Com isso, ele pode interferir na estabilização da tensão da alimentação em relação à
terra e na proteção de descarga atmosféricas. Veremos, a seguir, os diferentes tipos de aterramento.

Esquema TN-S

O esquema TN-S, na figura seguinte, apresenta as seguintes características:


a) Neutro aterrado na origem da alimentação;
b) O condutor neutro e o condutor de proteção “PE” são separados ao longo da instalação.

A
B
C
N
PE

PE PE

Esquema TN - S
Figura 45 -  Esquema TN-S
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Esquema TN-C

O esquema TN-C, da figura seguinte, apresenta as seguintes características:


a) Neutro aterrado na origem da alimentação;
b) As funções de neutro e condutor de proteção são combinadas em um único condutor em toda
instalação, veja a indicação “PEN” e observe que existe trecho em que ele é neutro e trecho em
que ele é condutor de proteção “PE”.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
76

A
B
C
PEN

PE PE N

Esquema TN - C
Figura 46 -  Esquema TN-C
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Esquema TN - C- S

O esquema TN - C - S apresenta as seguintes características:


a) Neutro aterrado na origem da alimentação;
b) Em partes da instalação, a função de neutro e condutor de proteção é combinada em um único
condutor.
Veja, na imagem a seguir, o trecho do circuito indicado com “PEN” e observe que dele deriva neutro
para ligar o motor e o condutor de proteção PE que faz o aterramento.

A
B
C
PEN

PEN
PE N
PE

Esquema TN - C - S
Figura 47 -  Esquema TM - C – S
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
4 Medida de controle de risco elétrico
77

Esquema TT

O esquema TT apresenta as seguintes características:


a) Neutro aterrado na origem da alimentação;
b) As massas são ligadas diretamente a um condutor de proteção “PE” que é conectado a um siste-
ma de aterramento.

A
B
C
N

PE PE

Esquema TT
Figura 48 -  Esquema TT
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Esquema IT

O esquema IT apresenta as seguintes características:


a) Neutro da alimentação não é diretamente aterrado;
b) Existe uma impedância16 acoplando neutro e terra, limitando as correntes de falta;
c) As massas metálicas são ligadas diretamente a um sistema de aterramento através dos conduto-
res PE, conforme pode ser visto no esquema a seguir.

16 Impedância: é a oposição total à passagem da corrente elétrica alternada em um circuito elétrico. Associa de maneira
vetorial a soma da resistência ôhmica e as oposições das correntes de reatâncias.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
78

A
B
C
Impedância N

PE PE

Esquema IT

Figura 49 -  Esquema IT
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe no Casos e Relatos a seguir como realizar o processo de aterramento de forma adequada e
perceba que muitos detalhes são importantes para realização de um bom aterramento.

CASOS E RELATOS

Sistema de aterramento
Depois de uma aula teórica sobre aterramento, o professor e a turma se preparam para executar
uma atividade prática de execução e medição de aterramento. O professor Pedro, com o auxílio dos
alunos, separa as hastes de aterramento, uma marreta de 500 gramas, um cavador, uma caixa de
inspeção de aterramento, um balde com água e o aparelho de medição terrômetro. Ele reuniu sua
turma para em um local na escola não pavimentado, com solo à vista, apropriado para a atividade
prática de aterramento. Apresentou o terrômetro e explicou à turma como ele funcionava e como
deveria ser utilizado naquele momento.
O aluno José, com a haste de aterramento na mão, pergunta:
- Professor, esta haste de aterramento é de cobre?
- Não, José, as hastes de aterramento geralmente são ferro revestido com uma pequena camada de
cobre. O cobreamento é realizado na fabricação da haste através de um processo eletrolítico, e esta
cobertura de cobre não dever ser menor que 0,254mm.
4 Medida de controle de risco elétrico
79

O professor Pedro escolhe o local apropriado para fazer o aterramento e reúne os alunos em volta
para dar início ao processo de execução. Ele explica que farão um buraco no solo de aproximada-
mente 40 cm de profundidade e 30 cm de diâmetro para instalar a caixa de inspeção. Os alunos fize-
ram o buraco no solo e instalaram a caixa de inspeção. O professor Pedro orienta a turma a colocar
um pouco de água dentro da caixa de inspeção para facilitar a introdução da haste de aterramento
no solo.
O professor Pedro faz a demonstração da colocação da haste no solo e consegue introduzir aproxi-
madamente 70% da haste apenas com esforço físico. Para a introdução total da haste, o professor
utiliza uma marreta, golpeando uma madeira sob a ponta da haste e feito isso prepara o instrumento
terrômetro para fazer a medição da resistência de terra. Ele abre o instrumento separando as três
pontas e explicando a função de cada ponta de prova para os alunos. Depois fala:
- José, coloque a ponta verde na haste de aterramento.
- João, finque a haste de ensaio com o cabo amarelo a 5 metros de distância da haste.
- Carlos, finque a haste de ensaio do cabo vermelho alinhada com haste do cabo amarelo e a haste
principal a uma distância de 10 metros.
Depois da instalação das pontas de prova, o professor Pedro reuniu os alunos em volta do instru-
mento, criou uma expectativa e apertou o botão de teste e fez a medição de aterramento. A resis-
tência encontrada foi de 23Ω. Os alunos ficaram um pouco desapontados, pois achavam que com
todo esforço iriam encontrar uma resistência de terra abaixo de 10Ω. Valor de referência para um
bom nível de aterramento ensinado na aula teórica pelo professor Pedro. O professor Pedro explica
que esta medição é normal, e o que precisavam fazer para melhorar a resistência de terra eles viram
nas aulas teóricas.
- Fale, Carlos, o que você faria.
- Eu faria o tratamento do solo ou aprofundava a haste.
- E você, José?
- Fincava mais hastes, interligando uma as outras para fazer uma malha de aterramento.
O professor concluiu dizendo que todos estavam certos e de parabéns.

Podemos concluir, com base no que foi estudado nesse capítulo, que as medidas de controle de risco
elétrico como as citadas na NR10 têm muita importância na segurança individual e coletiva, seja no traba-
lho ou no dia a dia da população. Com base nesse estudo, a partir de agora, você pode identificar as etapas
de desenergização, conforme a norma NR10, os riscos inerentes ao trabalho com a eletricidade, as normas
técnicas e de segurança e as condições de segurança para execução do projeto.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
80

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos que os perigos e consequentes condições de risco no uso da eletricidade
são minimizados, controlados e até eliminados através do emprego das medidas de controle de
risco.
A segurança prioritária na intervenção ou em serviço nas instalações elétricas é o desligamento do
circuito. Dessa forma, a eletricidade é interrompida no dispositivo de manobra, portanto, o risco é
controlado, mas o perigo da eletricidade continua existindo. Verificamos, portanto, que desligar a
instalação não é suficiente para intervenção imediata, é necessário verificar a real ausência de ten-
são, fazendo medições apropriadas. Além de tudo, o aterramento precedido da equipotencialização
do circuito que foi desligado e o bloqueio do dispositivo alimentador garantem ao trabalhador tran-
quilidade e segurança no trabalho propriamente dito.
Estudamos o seccionamento automático da instalação como uma medida de proteção coletiva,
principalmente na proteção da energização de massas metálicas de equipamentos elétricos. Neste
caso, é preciso que os dispositivos supervisores de segurança como fusíveis, disjuntores, DR e outros,
associados a um bom sistema de aterramento, provoquem o desligamento automático em caso de
correntes anormais perigosas.
Verificamos, também, que o trabalho com extra baixa tensão menor ou igual a 50V em corrente
alternada é seguro e não necessita de treinamento de segurança. Assim, entendemos que o uso de
ferramentas alimentadas extra baixa tensão ou dupla isolação torna o trabalho mais seguro com
relação a choque elétrico.
Agora, podemos diferenciar barreira ou invólucro de obstáculo e anteparo. Sabendo que barreira
ou invólucro guardam de forma segura as partes energizadas, enquanto que obstáculo e anteparo
obstruem as partes energizadas, mas não impedem o contato acidental.
4 Medida de controle de risco elétrico
81
Equipamento de segurança e proteção

Os equipamentos de proteção são utilizados na realização de serviços em instalações elétri-


cas para garantir segurança e saúde aos trabalhadores que diretamente e indiretamente estão
envolvidos nesses serviços e, também, para as pessoas que estão próximas a esses locais de
trabalho.
Cada equipamento de segurança e proteção para uso em eletricidade é projetado para,
especificamente, proteger uma parte definida no corpo, como os membros superiores e infe-
riores do corpo, das consequências de um acidente.

Figura 50 -  Equipamentos de segurança e proteção


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Nos capítulos anteriores, podemos constatar que, apesar de ser muito importante em nos-
sas vidas, a eletricidade é perigosa, com isso é necessário adotar medidas preventivas do con-
trole dos riscos elétricos. Os equipamentos de proteção e segurança são os meios empregados
para fazer o controle destes riscos elétricos durante a realização de serviços com eletricidade.
Portanto, para a proteção coletiva, estudaremos os chamados Equipamentos de Proteção Co-
letiva (EPC), enquanto que para a proteção individual veremos os Equipamentos de Proteção
Individual (EPI).
O uso dos EPC, de acordo com as normas, é uma medida prioritária para garantir a segu-
rança e saúde dos trabalhadores e pessoas não orientadas que estejam próximas a um serviço.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
84

O uso dos EPI é obrigatório quando o serviço a ser executado de alguma forma expuser exclusivamente
o corpo do trabalhador a riscos. A necessidade dos EPI deve ser analisada nos métodos de prevenção de
acidentes que antecedem um serviço elétrico, portanto, os empregadores e trabalhadores devem estar
conscientes da disponibilidade e uso desses equipamentos.
Como relação ao trabalhador, o não uso do EPI é considerado negligência com as leis trabalhistas, e essa
conduta, consequentemente, pode gerar demissão por justa causa17. Portanto, neste capítulo, você deve
ficar atento às informações apresentadas para um trabalho tranquilo e seguro.

5.1 Equipamento de proteção coletiva

A NR10 alerta que:

Em todos os serviços executados em incitações elétricas deve ser prevista e adotada,


prioritariamente, medidas de proteção e controle aplicáveis, mediante procedimentos,
às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos tra-
balhadores. (BRASIL, 2004).

As medidas previstas na NR10 visam à proteção não só dos trabalhadores envolvidos com a atividade
principal que será executada e que gerou o risco, como também a proteção de outros funcionários que
possam executar atividades paralelas nas redondezas ou até de passantes, cujo percurso pode levá-lo à
exposição ao risco existente.
Conforme NR10, as medidas de proteção coletiva no serviço com eletricidade compreendem priorita-
riamente a desenergização elétrica e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança18, o que
significa que as seguintes medidas podem ser tomadas, como:
a) Isolação das partes vivas;
b) Obstáculos;
c) Barreiras;
d) Sinalização;
e) Sistema de seccionamento automático de alimentação;
f) Bloqueio do religamento automático.
As medidas e proteção coletivas não devem ser confundidas com equipamento de proteção coletiva
(EPC), veja o quadro a seguir.

17 Demissão por justa causa: é a demissão do empregado por um motivo previsto em lei, que isenta o empregador do
pagamento de alguns direitos trabalhistas.
18 Tensão de segurança: é o valor de tensão igual ou menor que 50V em corrente alternada ou igual ou menor que 120v em
corrente contínua.
5 Equipamento de segurança e proteção
85

MEDIDA DA PROTEÇÃO COLETIVA EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

• Fazer Isolamento de área de trabalho • Uso de cones, fita zebrada

• Uso de mantas isolantes


• Fazer a proteção conta choque elétrico. • Uso aterramento temporário.
• Uso de tapete isolante

• Uso de DR (dispositivo diferencial- residual) e


• Seccionamento automático da instalação
disjuntores na instalação elétrica

• Fazer o bloqueio de equipamento responsável pela • Uso de cadeados para travamento do dispositivo de
energização do circuito. seccionamento

• Fazer sinalização de área de trabalho, equipamentos • Uso de placas de sinalização


e ambiente com tensão perigo. • Uso de sinalizadores luminosos

Quadro 4 - Medidas e equipamentos de proteção coletiva


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O quadro mostra que as medidas de proteção coletiva se utilizam dos EPC, quando necessário, para
alcançar seus objetivos. E os EPCs sempre são criados para atender às medidas de proteção coletiva.
A seguir, faremos um estudo detalhado dos principais equipamentos de proteção coletiva utilizados no
trabalho com eletricidade.

Conjunto de aterramento temporário

A instalação do conjunto de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores do cir-


cuito, mencionado na NR10, deve acontecer após a desenergização do circuito para serviço. Este proce-
dimento estabelece a proteção de todos os profissionais envolvidos no trabalho. Com isso, é garantido
proteção contra uma energização indevida no circuito em manutenção.

Figura 51 -  Conjunto para aterramento temporário


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
86

O conjunto de aterramento temporário é composto de um conjunto de “garras” metálicas interligadas


através de cabos para fixação nos condutores da rede e a um eletrodo de aterramento ou um ponto de
estrutura aterrado, conforme figura apresentada.

TAPETE DE BORRACHA ISOLANTE

O tapete isolante é um acessório adicional em manobra de equipamentos em alta-tensão. Ele protege


contra contatos indiretos ou tensão de passo.

Figura 52 -  Tapete de borracha isolante


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

CONE E FITA DE SINALIZAÇÃO

Os cones e fitas de sinalização são utilizados para demarcar uma região de trabalho, proporcionando o
isolamento dos profissionais, equipamentos e ferramentas. Dessa forma, restringindo o acesso de pessoas
não autorizadas às regiões de risco no próprio ambiente de trabalho.
5 Equipamento de segurança e proteção
87

Figura 53 -  Cones e fita de sinalização


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Os cones e fitas de sinalização devem ser resistentes a intempéries como sol e chuva. Além disso, é im-
portante que esses equipamentos tenham partes refletivas, isso significa que eles podem ser visualizados
à noite e em locais mal iluminados.

Placas DE sinalização

As placas de sinalização devem informar ou sinalizar a existência de um perigo. Elas têm como objetivo
chamar a atenção de forma rápida e inteligível para objetos ou situações que coloquem em risco a segu-
rança das pessoas.

PERIGO
RISCO DE
CHOQUE ELÉTRICO

Figura 54 -  Placas de sinalização


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

As placas de sinalização devem ser utilizadas em locais onde haja situação de risco de morte ou aciden-
tes graves, além de informar e advertir sobre os riscos do contato direto ou indireto com a eletricidade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
88

Protetores isolantes de borracha ou PVC para redes

Os protetores isolantes de borracha ou PVC para redes são anteparos que visam encobrir um condutor
da rede elétrica energizada, ou que passa a ser energizado. Esses tipos de protetores evitam que durante o
trabalho o profissional tenha o contato acidental com a rede elétrica energizada.

Figura 55 -  Protetores isolantes


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Além do uso dos equipamentos que objetivam a proteção coletiva, a utilização dos equipamentos para
proteção individual é essencial para a segurança e saúde, conforme veremos no tópico a seguir.

5.2 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Os equipamentos de proteção individual são projetados para proteger o trabalhador em serviço de


forma pessoal.
Nos serviços em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem insuficientes ou
inviáveis para controle do risco elétrico, devem ser adotados equipamentos de proteção individual espe-
cífico e adequado à atividade desenvolvida, em atendimento a NR-6 Equipamento de Proteção Individual.
Os EPI fabricados devem ser testados, avaliados e certificados por um órgão credenciado do Ministério
do Trabalho e Emprego que emitirá o certificado de Aprovação (CA).

Os fabricantes de EPI fazem os devidos ensaios dos seus equipamentos


depois de fabricados, mas estes ensaios não têm validade para venda do
CURIOSIDADES produto. Os equipamentos de proteção só podem ser comercializados
após ensaios e aprovação realizados por órgão credenciado pelo Minis-
tério do Trabalho e Emprego.
5 Equipamento de segurança e proteção
89

Somente após esse procedimento os EPI poderão ser colocados à venda. Além disto, o EPI dever ser
fornecido ao trabalhador pelo empregador.

SAIBA É possível verificar a situação do Certificado de Aprovação (CA) de um EPI no site oficial
do Ministério do Trabalho. Acesse o site, busque por Certificado de Aprovação de Equi-
MAIS pamento de Proteção Individual (CAEPI) e boa consulta.

Veremos, nos tópicos a seguir, os vários EPI básicos para o serviço com eletricidade.

Calçado de segurança (Botina para Eletricista)

As botas de segurança fazem a proteção dos pés contra ferimentos. Por ter solado fabricado de material
isolante elétrico, elas minimizam os efeitos de um choque elétrico de contato direto ou indireto. Mas elas
não podem assumir a proteção total contra choque elétrico.
A bota de segurança é um EPI que se desgasta constantemente, portanto, ela atua como dispositivo
auxiliar quando se usa luvas isolantes.

Figura 56 -  Bota de segurança


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Luvas isolantes

As luvas isolantes são fabricadas especificamente para a proteção das mãos e punhos contra o choque
elétrico. A luva isolante é confeccionada com borracha e, por isso, sempre é necessário utilizar uma luva de
couro por cima dela, a fim de protegê-la contra rasgos ou furos.
Diferente das botas de segurança, as luvas isolantes devem proporcionar proteção total contra choque
elétrico, portanto, a liberação desse tipo de luva para venda depende da realização de ensaios elétricos
rigorosos, conforme norma NBR 16295:2014 - Luvas de material isolante.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
90

Luva isolante Luva couro


de borracha Luva couro cobrindo a de borracha

Figura 57 -  Luvas isolantes para eletricista


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

As luvas isolantes devem ser submetidas à inspeção visual para detectar a existência de condições que
podem reduzir sua capacidade de isolação elétrica, como rasgos, furos ou materiais cravados, como pe-
quenas peças metálicas.

Antes de iniciar um trabalho, é necessário, no mínimo, realizar uma inspeção visual


FIQUE nos EPI e ferramentas tentando detectar rachadura, rasgos, furos, trincas, descostu-
ALERTA ras e metal cravado indevidamente. Qualquer uma destas condições, se confirmada,
deve impossibilitar o uso do equipamento ou ferramenta.

Outro teste realizado para garantir a integridade da luva é inflá-la com ar a uma determinada pressão
e verificar se existe vazamentos. Neste procedimento, é utilizado o equipamento chamado de inflador de
luvas, conforme mostra a figura a seguir.

Figura 58 -  Inflador para teste de luvas de proteção elétrica


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
5 Equipamento de segurança e proteção
91

As luvas isolantes trazem no punho, de uma forma que não podem ser apagadas, as informações com
relação à tensão de uso ou elas são confeccionadas na cor que representa a classe de isolação a qual são
recomendadas. Veja, na tabela a seguir, as tensões de ensaio e a tensão para uso das luvas.

TENSÃO DE TENSÃO DE TENSÃO DE


CLASSE COR
USO (V) ENSAIO (V) PERFURAÇÃO (V)

00 Bege 500 2.500 5.000

0 Vermelha 1.000 5.000 6.000

1 Branca 7.500 10.000 20.000

2 Amarela 17.500 20.000 30.000

3 Verde 26.500 30.000 40.000

4 Laranja 36.000 40.000 50.000

Tabela 2 - Classe de isolação para luvas de proteção elétrica


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

CAPACETE DE SEGURANÇA

O capacete de segurança é destinado à proteção da cabeça contra queda de objetos e contato acidental
com partes energizadas. O capacete evita o choque elétrico na cabeça, pois caso ocorra o contato, quando
a corrente elétrica entrar pela cabeça, no espraiamento, aproximadamente 10% da corrente atravessa o
coração e dependendo do valor pode haver um acidente grave.

Figura 59 -  Capacete
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Os capacetes têm classificação A e B.


a) O capacete classe A é de uso geral, exceto para trabalhos com eletricidade;
b) O capacete classe B é de uso geral, inclusive trabalhos com eletricidade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
92

Os capacetes classe B são próprios para atividades energizadas por serem submetidos ao ensaio de
rigidez dielétrica com tensão 20kV.

CINTO DE SEGURANÇA E ACESSÓRIOS

O cinto de segurança é um equipamento destinado à proteção contra quedas de pessoas durante o


trabalho em altura. Ele é obrigatório em trabalhos executados acima de 2 metros. O cinto de segurança
ideal para o trabalho com eletricidade é o de três pontos, tipo paraquedista, com talabarte e com engate
para trava queda.

Visão de frente Visão de costas

Figura 60 -  Cinto de segurança para eletricista


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

TALABARTE

O talabarte é um equipamento de proteção individual que faz a união do cinto de segurança a um pon-
to de ancoragem19. É utilizado para evitar quedas e, principalmente, proporcionar uma posição confortável
e adequada do profissional, quando ele necessita do uso das duas mãos.

19 Ponto de ancoragem: o ponto onde o talabarte é preso, pode ser o poste ou um ponto firme de uma estrutura metálica.
5 Equipamento de segurança e proteção
93

Figura 61 -  Talabarte
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

TRAVA QUEDA

O trava queda é um dispositivo conectado ao cinto de segurança tipo paraquedista e a um cabo de


segurança (linha da vida) para garantir a proteção contra queda em qualquer instante de subida e descida
em altura.

Figura 62 -  Trava queda


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

LINHA DA VIDA

A linha da vida consiste na instalação de uma corda firmemente ancorada na parte superior do ponto
em altura.
O trava queda fixado na linha da vida e associado ao cinto de segurança oferecem uma ótima prote-
ção contra quedas. A linha da vida deverá permitir que o trava queda, instalado no cinto de segurança do
trabalhador, deslize facilmente para cima e para baixo com movimentos lentos. No entanto, se acontecer
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
94

movimentos bruscos, principalmente de descida, o trava queda deverá travar na linha da vida impedindo
a queda do trabalhador.

Figura 63 -  Linha da vida com trava queda


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

PROTETOR AURICULAR

O protetor auricular tem a função de proteger os ouvidos de ruídos excessivos e entrada de corpos es-
tranhos no ambiente de trabalho.

Figura 64 -  Protetor auricular


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
5 Equipamento de segurança e proteção
95

ÓCULO DE SEGURANÇA

Os óculos de segurança são equipamentos que protegem os olhos contra penetração de partículas
volantes20, luminosidade intensa e radiação infravermelho ou ultravioleta. Os óculos para serviços com
eletricidade não devem ter partes metálicas e suas lentes devem ser confeccionadas em policarbonato

Figura 65 -  Óculos de segurança


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

UNIFORME PARA ELETRICISTA

As queimaduras de arco elétrico representam uma grande parcela dos acidentes graves em serviço com
eletricidade, por isso, a inflamabilidade é uma característica importante nos uniformes para profissionais
que executam serviço próximo a instalações elétricas com tensão perigosa.
O uniforme exigido pela norma NR10 deve ter a possibilidade de proteção contra as consequências da
formação acidental de um arco elétrico intenso. Ele deve ser confeccionado com tecido resistente a arco
elétrico e com tratamento antichama. Estes uniformes são fornecidos a partir da análise da Performance
Térmica de um Arco APTV (Arc Thermal Performance Value), expressa em Cal/cm2.
A análise APTV é feita por profissional habilitado21 da área elétrica através de cálculos apropriados. Essa
análise deve ser realizada nos vários pontos de exposição de um possível arco elétrico dentro da empresa.
O maior valor calculado servirá de referência para fornecimento do uniforme.
O cálculo da APTV considera, no ponto da instalação em análise, os seguintes critérios.
a) A tensão elétrica;
b) A corrente do curto-circuito;
c) A distância do trabalhador ao ponto de geração do arco elétrico;
d) A duração do arco.

20 Partículas volantes: são fragmentos de materiais que se deslocam no ar e podem atingir os olhos.
21 Profissional habilitado: é um profissional previamente qualificado com formação técnica ou superior na área elétrica e
obrigatoriamente com registro no Conselho Regional de Engenharia e arquitetura (CREA).
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
96

ATPV 8,6 CAL / CM2


ATPV 8,6 CAL / CM2
RISCO 2 RISCO 2

Figura 66 -  Uniforme para eletricista


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O caso a seguir mostrará as consequências de um trabalhador que negligencia a utilização dos EPI. Leia
com atenção.

CASOS E RELATOS

No estado de Santa Catarina, são registradas cerca de 40 mil mortes em acidentes de trabalho por
ano, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com um levantamento da Pre-
vidência Social, um empregado morre no estado a cada 29 horas, como mostrou reportagem do RBS
Notícias desta sexta-feira. “Os dados ainda são mais alarmantes se considerarmos que a Previdência
Social só registra casos com carteira assinada. Ou seja, o empregado informal não está nessa conta”,
explicou o advogado trabalhista.
A construção civil é um dos setores em que são registrados mais acidentes. Três anos atrás, uma
queda mudou a vida do pedreiro Esmael Lourenço Miranda. Ele estava construindo uma casa de dois
pisos quando caiu de cima do telhado. Uma queda de oito metros de altura.
“Logo após o acidente, os meus colegas de trabalho, não sabendo como reagir, me juntaram do
chão, coisa que não deveriam ter feito, e me levaram até o pronto-socorro”, contou o pedreiro. Nem
a cirurgia foi capaz de reverter os danos. Ele perdeu os movimentos da perna esquerda e acha que
nunca mais vai conseguir voltar ao trabalho.
5 Equipamento de segurança e proteção
97

EPI
A advogada de direito do trabalho Amanda Mendes lembra que o Equipamento de Proteção Indivi-
dual (EPI) é dever da empresa. “O empregador tem a responsabilidade não só de entregar o EPI, mas
de treinar o seu funcionário e cobrar o uso desse equipamento individual”.
Porém, nem sempre é fácil convencer o empregado. “Tem trabalhador que fala assim para mim: ‘eu
trabalho há 30 anos, 40 anos na construção civil. Quem és tu para dizer que eu vou ter que colocar
um calçado de segurança nos meus pés, né?’”, disse a técnica do trabalho Emanuela da Silva.
(Fonte: PORTAL G1, 2015).

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) e individual (EPI) têm muita importância no controle dos
riscos relacionados a cada atividade ou serviço. Esses equipamentos protegem a vida dos trabalhadores
e pessoas desavisadas que estão presentes nas proximidades de um ambiente de risco. Por isso, nesse
capítulo, foi possível obter conhecimento dos meios que garantem segurança e tranquilidade no trabalho
com eletricidade.
Tenha em mente que o trabalho seguro agora só depende de você, visto que as informações deste
capítulo devem ser usadas com responsabilidade para sua proteção, de pessoas desavisadas ou colegas
de trabalho.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
98

RECAPITULANDO

Neste capítulo, destacamos as medidas de proteção coletiva como sendo a maneira mais correta de
proteção em situações de perigo, pois elas podem proteger várias pessoas. Com isso, você percebeu,
através de um quadro comparativo, que os equipamentos de proteção têm importância fundamen-
tal para o sucesso das medidas de proteção.
Destacamos vários equipamentos de proteção coletiva, a exemplo do conjunto de aterramento tem-
porário, tapete de borracha isolante e protetores isolantes que servem para a proteção de vários
profissionais em instalações energizadas. Analisamos também os equipamentos de sinalização e iso-
lamento de área para trabalho, como cones, fitas e placas de sinalização.
Você, neste capítulo, deve ter chegado à conclusão que em determinadas situações de trabalho
é necessária a proteção pessoal do trabalhador através dos equipamentos de proteção individual.
Com isto, você estudou os equipamentos de proteção que cobrem parte do corpo do trabalhador
com o objetivo de proteção localizada, como as luvas, calçados de segurança, capacete, óculos, pro-
tetor auricular e os uniformes para eletricista. E, também, o cinto de segurança e seus acessórios para
proteção contra quedas.
5 Equipamento de segurança e proteção
99
Rotinas de trabalho – procedimentos

A rotina de trabalho bem administrada é importante na organização do tempo e dos pro-


cedimentos que deverão ser utilizados para elaboração de um serviço. Nesse momento de
organização, a segurança deve ser prevista para garantir a proteção dos trabalhadores e a con-
tinuidade do serviço.
É fundamental que os serviços em instalações elétricas sejam planejados e realizados se-
guindo os seguintes critérios.
a) Estejam em conformidade com procedimentos de trabalho específicos;
b) Estejam padronizados;
c) Tenham descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo;
d) Sejam assinados por profissional habilitado e autorizado.

Figura 67 -  Rotinas e procedimentos de trabalho


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

A rotina de trabalho deve priorizar a segurança e a informação a todos os envolvidos na


atividade que será executada, como também de pessoas que indiretamente possam ter influ-
ência em algum procedimento de trabalho. Portanto, neste capítulo, você terá informações so-
bre os procedimentos de segurança nos serviços realizados com eletricidade e os documentos
necessários para iniciar o processo de execução.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
102

Veremos, nesse capítulo, que para a realização do serviço, a rotina de trabalho exige a elaboração de
procedimentos de segurança como: sinalização, inspeção (áreas, ferramenta e equipamento) e a análise
preliminar de risco. Por fim, você verá como o Ministério do Trabalho e Emprego reconhece o trabalhador
da área elétrica e as responsabilidades determinadas na NR10.

6.1 PROCEDIMENTOS DE TRABALHO

Os procedimentos de trabalho estabelecem ordens sucessivas de operações que devem ser rigorosa-
mente seguidas para realização e conclusão de um trabalho. Esses procedimentos devem incluir meios
materiais e humanos, medidas de segurança e possíveis problemas que possam dificultar ou impossibilitar
a realização da atividade planejada.
A imagem a seguir apresenta os itens que devem fazer parte de um procedimento de trabalho.

Procedimentos de trabalho

Objetivo

Campos de aplicação

Base técnica
Competências e
responsabilidades
Material necessário

Medidas de controle

Disposições gerais

Orientações gerais

Figura 68 -  Procedimentos de trabalho


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Antes de iniciar os procedimentos de trabalho, os participantes da equipe, em conjunto com o respon-


sável pela execução do trabalho, devem realizar uma avaliação prévia através do estudo e do planejamen-
to das atividades, para com isto estabelecer ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os
princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço. Para garantir a super-
visão e condução dos trabalhos, toda equipe deve indicar um de seus membros para liderança do grupo.
Para melhor compreensão sobre o que são os procedimentos de trabalho de acordo com a rotina de
trabalho, analisaremos, a seguir, como seria o desenvolvimento em uma indústria, de um procedimento de
trabalho de substituição de uma lâmpada em uma luminária localizada em altura perigosa.
Veja a problemática:
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
103

A luminária acima de determinada máquina não acende e esse problema logo é percebido pelo opera-
dor da máquina que comunica ao encarregado de produção.
O encarregado de produção emite uma nota de manutenção detalhando o problema ao encarregado
de manutenção. O encarregado de manutenção preenche uma ordem de manutenção e entrega ao profis-
sional responsável pela execução da manutenção da luminária. A ordem de manutenção é um documento
interno da empresa que formaliza um determinado serviço.
Veja ordem de manutenção a seguir.

Empresa Ordem de manutenção Página 01


Data : 01.07.2016

Ordem Nº: 103/2016


Descrição: Manutenção de luminária.
Troca de lâmpada. Data de início/final: 02.07.2016 /02072016
Tipo de Ordem: manutenção corretiva Prioridade: alta
Área responsável: Setor de produção
Pessoa responsável:
Marcos/Eletricista

Local do serviço/ equipamento/descrição


Luminária do setor de produção, acima da máquina 1 não acende.

Figura 69 -  Modelo de ordem de manutenção


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A ordem de manutenção é entregue ao profissional que executará o serviço, obedecendo a procedi-


mentos previamente estabelecidos.
Veja, a seguir, um exemplo de formulário com o procedimento para substituição de lâmpada.

Empresa PROCEDIMENTO 00001 - SUBSTITUIÇÃO DE Página 1 / Revisão 0


LÂMPADA VAPOR METÁLICO DE 1000W.

1 - OBJETIVO
• Padronizar a troca de lâmpada de 1000w vapor metálico para toda a fábrica.
2 - CAMPO DE APLICAÇÃO
• Área de manutenção e empresas terceirizadas.

3 - BASE TÉCNICA
• Catálogo do fabricante da lâmpada de 1000W vapor metálico localizado na sala de manutenção.
Projeto elétrico de iluminação da empresa localizado na sala de manutenção.

4 - COMPETÊNCIAS
• Ser profissional da área elétrica da própria empresa ou terceirizado com treinamentos
comprovados e atualizados de NR10 e NR35.

5 - RESPONSABILIDADES
• A responsabilidade por elaborar e revisar este documento é da manutenção elétrica e a
responsabilidade por executar o serviço é do profissional autorizado para realizar o trabalho
conforme registro na ordem de serviço

6 - MATERIAL NECESSÁRIO
• EPI padrão;
• Escada;
• Lâmpada de vapor metálico de 1000W;
• Cadeado e trava para bloqueio de disjuntor bipolar no quadro de distribuição;
• Placa de sinalização “MANUTENÇÃO”.

7 - MEDIDAS DE CONTROLE
2 - CAMPO DE APLICAÇÃO
• Área de manutenção e empresas terceirizadas.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
104 3 - BASE TÉCNICA
• Catálogo do fabricante da lâmpada de 1000W vapor metálico localizado na sala de manutenção.
Projeto elétrico de iluminação da empresa localizado na sala de manutenção.

4 - COMPETÊNCIAS
• Ser profissional da área elétrica da própria empresa ou terceirizado com treinamentos
comprovados e atualizados de NR10 e NR35.

5 - RESPONSABILIDADES
• A responsabilidade por elaborar e revisar este documento é da manutenção elétrica e a
Empresa responsabilidade por executar o serviço
PROCEDIMENTO 00001é do profissional autorizado
- SUBSTITUIÇÃO DEpara realizar
Página 1o /trabalho
Revisão 0
LÂMPADA
conforme registro VAPOR
na ordem METÁLICO DE 1000W.
de serviço
16 -- OBJETIVO
MATERIAL NECESSÁRIO
•• EPI
Padronizar
padrão;a troca de lâmpada de 1000w vapor metálico para toda a fábrica.
2 - CAMPO •DE
Escada;
APLICAÇÃO
•• Área de manutenção
Lâmpada e empresas
de vapor metálico terceirizadas.
de 1000W;
• Cadeado e trava para bloqueio de disjuntor bipolar no quadro de distribuição;
3 - BASE TÉCNICA
•• Catálogo
Placa de sinalização “MANUTENÇÃO”.
do fabricante da lâmpada de 1000W vapor metálico localizado na sala de manutenção.
7 - MEDIDAS DE CONTROLE
Projeto elétrico de iluminação da empresa localizado na sala de manutenção.
• Utilizar os EPIs padrão definidos pela área de segurança;
4 - COMPETÊNCIAS
• Verificar no projeto de iluminação o circuito correto para desligar a luminária;
• Ser profissional da área elétrica da própria empresa ou terceirizado com treinamentos
• comprovados
Fazer o desligamento do de
e atualizados circuito
NR10 padronizado
e NR35. conforme NR10;
• Verificar instruções do fabricante sobre a instalação da lâmpada;
5 - RESPONSABILIDADES
•• Roscar a lâmpada utilizando a base fixa;
A responsabilidade por elaborar e revisar este documento é da manutenção elétrica e a
• Utilizar o cinto de
responsabilidade porsegurança, trava queda
executar o serviço e linha da autorizado
é do profissional vida; para realizar o trabalho
conforme registro na ordem de serviço
• Inspecionar a escada;
6 - MATERIAL NECESSÁRIO
• Inspecionar a escada, fixá-la em local seguro e isolar área de trabalho.
• EPI padrão;
8 - DISPOSIÇÕES
• Escada; GERAIS
Requisitar
•• Lâmpada delâmpada de vapor
vapor metálico metálico de 1000W;
de 1000W;
• Testar a lâmpada na oficina de manutenção;
• Cadeado e trava para bloqueio de disjuntor bipolar no quadro de distribuição;
• Limpar área onde haverá o deslocamento da escada;
•• Placa de sinalização “MANUTENÇÃO”.
Dirigir-se ao quadro de distribuição e desligar o disjuntor que alimenta o circuito
7 - MEDIDAS daDEluminária
CONTROLE e fazer o respectivo bloqueio e sinalização;
•• Utilizar
VerificarosaEPIs
ausência de definidos
padrão tensão no pela
circuito
áreaque foi desligado;
de segurança;
• Transportar escada para substituição da lâmpada e posicioná-la corretamente para
• Verificar
retirada danolâmpada;
projeto de iluminação o circuito correto para desligar a luminária;
• Fazer o desligamento
Desconectar o pluguedodacircuito
luminária padronizado
da tomadaconforme
fixa; NR10;
•• Verificar
Retirar a instruções
lâmpada; do fabricante sobre a instalação da lâmpada;
• Instalar a nova lâmpada;
•• Roscar a lâmpada
Conectar o plugueutilizando a base
da luminária fixa; fixa;
na tomada
Retirar ao escada,
• Utilizar transportar e guardar
cinto de segurança, trava queda emelocal
linhaapropriado;
da vida;
• Identificar e descartar a lâmpada queimada;
•• Inspecionar a escada;
Retirar o bloqueio do disjuntor e religar o circuito;
Verificar o funcionamento
• Inspecionar a escada, fixá-ladaemluminária;
local seguro e isolar área de trabalho.
• Caso a lâmpada não funcione, repetir os procedimentos.
8 - DISPOSIÇÕES GERAIS
9 - ORIENTAÇÕES FINAIS
• Requisitar lâmpada de vapor metálico de 1000W;
• Testar a lâmpada na oficina de manutenção;
• O profissional executor deve informar aos envolvidos qualquer problema relacionado
• Limpar área onde
à substituição haverá o deslocamento da escada;
da lâmpada.
• Dirigir-se ao quadro de distribuição e desligar o disjuntor que alimenta o circuito
da luminária e fazer o respectivo bloqueio e sinalização;
• Verificar a ausênciaFigura
de tensão
70 -  no circuito quede
Procedimento foitrabalho
desligado;
• Transportar escada para substituição
Fonte: SENAIda DRlâmpada
BA, 2017.e posicioná-la corretamente para
retirada da lâmpada;
• Desconectar o plugue da luminária da tomada fixa;
• Retirar a lâmpada;
• Instalar a nova lâmpada;
Uma etapa essencial na• rotina
Conectar de trabalho
o plugue é anadefinição
da luminária tomada fixa; de procedimentos necessários à realização de
• Retirar a escada, transportar e guardar em local apropriado;
uma atividade. No tópico a• Identificar
seguir, eestudaremos
descartar a lâmpadacomo queimada;ocorre a liberação para serviços em circuitos e ins-
• Retirar o bloqueio do disjuntor e religar o circuito;
talações elétricas. • Verificar o funcionamento da luminária;
• Caso a lâmpada não funcione, repetir os procedimentos.

9 - ORIENTAÇÕES FINAIS

• O profissional executor deve informar aos envolvidos qualquer problema relacionado


à substituição da lâmpada.
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
105

6.2 LIBERAÇÃO PARA SERVIÇO

A liberação para serviço necessita de documentos administrativos relacionados ao trabalho elétrico,


com conteúdo de controle geral que envolve, principalmente, quem autoriza e quem executa a atividade.
Para que ocorra a liberação do serviço, é necessária a participação do setor de segurança do trabalho e o
trabalho a ser realizado deve estar de acordo com a ordem de serviço do profissional executor.
A liberação para o serviço deve ser acompanhada de uma permissão para execução de trabalho que en-
volva o solicitante, o executor e o representante do setor de segurança, pois é preciso obedecer a critérios
de segurança para execução de uma atividade. Cabe ao solicitante acompanhar a elaboração da permis-
são de execução de trabalho, liberando o local onde será realizado o serviço.
O executor do serviço deverá estar de posse da ordem de serviço, permissão de trabalho, ordem de
manutenção, que estudamos no início do capítulo, e da análise preliminar de risco. Veremos, a seguir, cada
um desses documentos necessários para a liberação do serviço.

6.2.1 ORDEM DE SERVIÇO

A ordem de serviço é um documento legal que tem o objetivo de informar o trabalhador sobre sua
função, dos riscos presentes no ambiente de trabalho e, também, apresentar as medidas adotadas pela
empresa sobre segurança no trabalho. Portanto, a ordem de serviço deve instruir legalmente o trabalha-
dor com relação às limitações e abrangências da sua função dentro da empresa, para isso esse documento
apresenta os regulamentos e procedimentos internos de segurança e saúde no trabalho.

SAIBA Acesse o site oficial do Ministério do Trabalho, faça a leitura sobre a NR01 e saiba mais
MAIS sobre ordem de serviço.

A obrigatoriedade da ordem de serviço está incluída no artigo 157, inciso II da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), que nos diz: “instruir os empregados, através de Ordens de Serviço, quanto às precau-
ções a tomar o sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais22;” Portanto, a ordem de
serviço é um documento com força de lei e o seu descumprimento pode gerar punições ou demissão por
justa causa.

22 Doenças ocupacionais: são doenças profissionais típicas que são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional
relacionado à determinada atividade, ou seja, são doenças que decorrem necessariamente do exercício de uma profissão.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
106

Veja, na figura a seguir, um exemplo de ordem de serviço.

Empresa ORDEM DE SERVIÇO


SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
Pela presente Ordem de serviço, objetivamos informar os trabalhadores que executam suas atividades laborais nesse setor,
conforme estabelece a NR-1, item 1.7, sobre as condições de segurança e saúde às quais estão expostos, como medida preventiva e
,tendo como parâmetro os agentes físicos, químicos, e biológicos citados na NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais(Lei nº
6514 de 22/12/1977, Portaria nº 3214 de 08/06/1978), bem como os procedimentos de aplicação da NR-6 - Equipamento de Proteção
Individual – EPI , NR-17 – Ergonomia, de forma a padronizar comportamentos para prevenir acidentes e/ou doenças ocupacionais.
Nome: MARCOS xxxxxxxxxxxxxxx Código: 00000
Setor: manutenção elétrica Função: eletricista
Atividades
Realizar serviços de montagem e manutenção na instalação elétrica predial nos circuitos elétricos, terminais de tomadas, iluminação,
segurança eletrônica e refrigeração obedecendo as normas de segurança.
Risco e Avaliação

Físico: Não Identificado;

Químico: Não Identificado;

Elétrico: choque elétrico, arco elétrico;

Ergonômicos: Postura Inadequada de trabalho.


Equipamentos de Proteção Individual(EPI) Necessários e/ou Utilizados
Capacete;

Sapato de segurança;

Óculos de segurança (durante o corte da alvenaria para instalação dos eletrodutos);

Protetor auricular;

Luvas isolantes para 500V (utilizar luvas de vaqueta para proteção da luva isolante);

Uniforme antichama 9cal/m2;

Medidas Preventivas para os Riscos de Ambientais


Antes de manusear ou fazer qualquer trabalho em circuitos elétricos, desligue a energia elétrica. Não faça reparos ou
instalações em circuitos energizados;
Treinamento para execução das tarefas;

Treinamento de NR10 atualizado;

Use seus EPI apenas para a finalidade a que se destinam e mantenha-os sob sua guarda e conservação;

Observe atentamente o meio ambiente do trabalho ao circular na fábrica, e corrija as condições inseguras encontradas,
imediatamente;

Orientações de Segurança do Trabalho e recomendação

Não realize trabalhos em circuitos ou equipamentos energizados. Quando não for possível desligá-los, use luvas de borracha
e calçados especiais;

Use ferramentas manuais, adequadamente, e as mantenha em boas condições para o emprego;

Somente ligue máquinas em equipamentos por intermédio de disjuntores e/ou botoeiras;

Obedeça as sinalizações existentes na fábrica;

Não realizar serviço de outras áreas a exemplo de mecânica, eletrônica, instrumentação e operação de máquinas de produção;

Não fazer manobra em equipamentos da subestação.

Recebi treinamento de segurança e saúde no trabalho, bem com todos os equipamentos de proteção individual para neutralizar a
ação dos agentes nocivos presentes no meu ambiente de trabalho.
Serei cobrado conforme amparo legal com relação ao uso destes equipamentos e estou ciente de que a não utilização é passível de
Sansões Legais.
xxxxxxx, xxx de julho de 2017.

Assinatura do Empregado

Figura 71 -  Ordem de serviço


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A seguir, conheça mais um documento que faz parte da liberação para o serviço, a permissão para exe-
cução de trabalho.
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
107

6.2.2 PERMISSÃO PARA EXECUÇÃO DE TRABALHO

A permissão para execução de trabalho é um documento para liberação do serviço, preenchido em


formulário específico, com o objetivo de registrar a autorização para início de uma atividade que apresente
risco potencial de acidentes.
O objetivo da permissão para execução de trabalho é assegurar que qualquer serviço considerado pe-
rigoso seja acompanhado de ações para evitar incidentes de qualquer natureza. Como exemplos de servi-
ços considerados perigosos podemos citar atividades que envolvam: energia elétrica, trabalho em altura,
contato com produtos químicos, espaço confinado, trabalho a quente23 e demolição. Os serviços citados
devem ser analisados e liberados por um técnico de segurança do trabalho.
Veja, a seguir, uma permissão de trabalho para manutenção de uma luminária instalada em altura pe-
rigosa.

Permissão de Trabalho
Tipo de trabalho Altura
Condições que determinam a anulação desta permissão:

a) Qualquer condição que mude o planejamento do trabalho deixando dúvidas com relação a segurança.

b) Atraso do início da atividade (atraso máximo permitido de 1h e 30 minutos)


Observação: Esta permissão é válida até o final do turno.
Autorização para realização do trabalho. Nº PT
Data...x..../....x..../...x.........
Área: Produção Setor: Embalagem
Atividade: manutenção na luminária
Responsável: Nome do encarregado do executante
Avaliação das condições de trabalho
S N P N/A
1 O serviço será executado por no mínimo duas pessoas? x
2 É necessária a colocação de redes para proteção contra quedas de pessoas? x
3 Na existência de rede elétrica próxima e acessível, serão tomadas as devidas x
precauções?
4 Requer uso de plataforma elevatória elétrica e/ou hidráulica? O equipamento foi x
inspecionado e está em boas condições (cabos de aço, fiação elétrica, roldanas,
motores elétricos, dispositivos de emergência e base da plataforma)?

5 O cinto será ancorado em superfície fixa e independente dos andaimes? x


6 Existem pessoas preparadas para prestarem apoio em casos de emergência? x
7 Os EPI necessários para execução do serviço são adequados e estão em boas x
condições?
8 A linha de vida, cabo de aço e/ou corda estão em boas condições de uso e fixadas x
na estrutura da edificação?
9 Os executantes do serviço têm treinamento de NR35 atualizado? x
10 Existem meios seguros para subida e descida de materiais e/ou ferramentas? x
11 Os pés (base) da escada são antiderrapantes e ela está bem fixada e amarrada? x
12 Todas as ferramentas (elétricas, pneumáticas e manuais) foram inspecionadas e x
estão em boas condições de uso?
13 Requer uso de plataforma elevatória elétrica e/ou hidráulica? O equipamento foi x
inspecionado e está em boas condições (cabos de aço, fiação elétrica, roldanas,
motores elétricos, dispositivos de emergência e base da plataforma)?

14 Requer uso de cadeira suspensa? O equipamento foi inspecionado e está em x


boas condições, ex: roldanas, cabo de aço, cinto, cordas e trava quedas)?
Recomendações/ observações:
P – parcial S – sim N- não NA – não se aplica

Autorizações: Realização do serviço:


Certifico que tenho pleno conhecimento do Concordo com todas as normas impostas nesta permissão de
Procedimento de Segurança para Trabalho em serviço.
Altura, preenchido de maneira verídica as
informações desta ficha e todas as precauções ................assinatura do executante...............................
foram tomadas para propiciar segurança à equipe Executante
de trabalho.
....assinatura do encarregado...... Término do trabalho:
Encarregado
Horas....xxxx..............Data..x...../....x..../....xxxx.........
....assinatura do técnico de segurança...........
Técnico de segurança

Figura 72 -  Permissão de trabalho


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

23 Trabalho a quente: de acordo com a NR-34, trabalho a quente são as atividades de soldagem, esmerilhamento, corte ou
outras que possam gerar fontes de ignição tais como aquecimento, centelha ou chama.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
108

Outro aspecto relacionado à liberação para o serviço é a análise preliminar de risco. Veremos, no tópico
a seguir, como ela é realizada.

6.2.3 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO (APR)

A análise preliminar de risco é um conjunto de método e técnica de avaliação prévia dos riscos envolvi-
dos na realização de um determinado trabalho.
Conforme a NR10 no item 10.2.1 “em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adota-
das medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de
análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho”. (BRASIL, 2004).
A análise preliminar de risco deve ser preenchida em formulário próprio pelos trabalhadores envolvidos
na execução da atividade que será realizada. Para elaborar a APR, é importante visitar o local onde será re-
alizado o serviço, procurando identificar risco e estabelecer as medidas de controle, que têm relação com
o trabalho que será realizado. A aprovação da análise preliminar de risco compete ao líder do setor elétrico
e do setor de segurança da empresa.
A análise preliminar de risco é um documento de segurança e proteção para os trabalhadores que an-
tecede a execução de uma atividade.
A elaboração de uma APR envolve os seguintes aspectos.
a) Identificar a atividade a ser executada;
b) Dividir as atividades em etapas ou passos;
c) Identificar riscos em cada etapa da atividade;
d) Avaliar e controlar os riscos identificados;
e) Fazer recomendações se necessário.
Veja, a seguir, uma APR elaborada para uma atividade de medição de tensão elétrica com uso de um
multímetro.
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
109

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

Atividade: Medir tensão na saída do disjuntor do circuito 1 do quadro de distribuição QD1.

Equipamento: Quadro de distribuição (QD1)/disjuntor bipolar

MEDIDAS DE CONTROLE/
ETAPA DA ATIVIDADE RISCO
RECOMENDAÇÕES

Abrir o quadro QD1 Nada consta Nada consta

Usar EPI apropriados: luvas isolantes,


Retirar a placa metálica que cobre o Choque elétrico
bota de segurança, protetor facial e
disjuntor Arco elétrico
uniforme para eletricista.

Usar EPI apropriados: luvas isolante, bota


de segurança, protetor facial e uniforme
para eletricista.
Choque elétrico
Medir tensão Conferir a posição da chave seletora do
Arco elétrico
instrumento.
Conferir a posição das pontas de prova
do instrumento.

Usar EPI apropriados: luvas isolante, bota


Colocar a placa metálica que cobre o Choque elétrico
de segurança, protetor facial e uniforme
disjuntor Arco elétrico
para eletricista.

Fechar o quadro QD1 Nada consta Nada consta

RESPONSÁVEIS

........................................................................ ........................................................................ ........................................................................


Responsável pelo serviço Técnico de segurança Líder do setor elétrico

Quadro 5 - Análise preliminar de risco elétrico


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O caso e relato a seguir mostrará para você que o Ministério do Trabalho e Emprego, no seu papel de
fiscalizar as empresas, ainda encontra muitas anormalidades ligadas à segurança do trabalho. Leia com
atenção.

CASOS E RELATOS

Importância da Análise preliminar de risco e da Permissão de trabalho


Uma fiscalização do Ministério do Trabalho constatou uma série de irregularidades, entre elas risco
grave e iminente à integridade física de trabalhadores em estaleiros de Manaus. Ao todo, 320 autos
de infração foram aplicados e oito estabelecimentos foram fiscalizados.
A operação realizada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Trabalho Portuário e Aquaviário
durou um mês.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
110

A fiscalização foi realizada com o objetivo de fiscalizar as condições de trabalho, como riscos relacio-
nados a trabalho em altura, e análise de documentos.
Foram verificadas diversas irregularidades, como plataformas e andaimes inadequados (sem forra-
ção completa, guarda-corpo, rodapé e escadas de acesso); ausência de sistema de proteção contra
incêndio em áreas de trabalho a quente; falta de válvulas de retrocesso nos circuitos de solda; manô-
metros quebrados; falta de indicação e sinalização de espaços confinados; cabos elétricos dispostos
no solo podendo ter contato com materiais e intempéries, além de instalações elétricas inseguras.
“A equipe verificou ainda ausência de análise preliminar de riscos e de emissão de permissões de
entrada e trabalho em espaços confinados, falta de capacitação para trabalho a quente, altura e es-
paços confinados, entre outras infrações”, informou o Ministério.
“Durante a operação, o Grupo Móvel também identificou risco grave e iminente à integridade física
dos trabalhadores em alguns estabelecimentos, nos quais foram lavrados termos de interdição para
determinadas atividades”, informou.
(Fonte: PORTAL G1, 2016).

Você verificou que a execução dos serviços deve ser autorizada através de documentos como ordem
de serviço, permissão de trabalho e análise preliminar de risco. Esses documentos formalizam o processo
de execução, visando controle e segurança. Você verificará a seguir que após a elaboração de toda essa
documentação, para início de uma atividade, os trabalhadores devem ter cuidados próprios.

6.3 Inspeções de área, serviço, ferramental e equipamentos

A rotina de inspeções em área, ferramental e equipamento deve ocorrer antes da execução de um ser-
viço. Sendo assim, essa é uma medida importante que funciona como controle de risco no trabalho.
A inspeção pode identificar e neutralizar situações perigosas que ofereçam risco no local de trabalho,
nos equipamentos e nas ferramentas que serão manuseadas durante a execução do serviço. Dessa forma,
é possível evitar surpresas que podem atrasar o andamento da atividade ou, pior, causar acidente.
A NR10 coloca nos itens 10.4.3 e 10.4.3.1 respectivamente:

Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem


estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo
com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes. [...] as insta-
lações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sis-
temas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo
com as regulamentações existentes e definições de projetos. (BRASIL, 2004).
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
111

O isolamento elétrico dos equipamentos e ferramentas e os sistemas de proteção elétrica são fatores
preocupantes de segurança, por isso a rotina de inspeção destes itens deve ser programada e executada
periodicamente obedecendo critérios dos fabricantes.

6.4 SINALIZAÇÃO

Depois da liberação para serviço, é necessária a delimitação da área onde será executada a atividade a
fim de proteger os trabalhadores envolvidos no trabalho e pessoas que estejam próximas. Assim, é feita a
sinalização no entorno do local de trabalho. A sinalização pode ser feita através de cones, fitas zebradas e
placas de advertência, recomendação e aviso.

Figura 73 -  Sinalização
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Nos tópicos anteriores, você aprendeu todas as formalidade relacionadas a um serviço, a seguir, você
compreenderá as responsabilidade dos trabalhadores da área elétrica, conforme Ministério do Trabalho e
Emprego que são detalhadas pela norma regulamentadora NR10.

6.5 RESPONSABILIDADES

A partir de um contrato de trabalho, são definidas as atribuições, limitações e responsabilidades do


cargo que cada trabalhador exerce dentro de uma empresa, conforme definido na ordem de serviço. A
NR 10 no item 10.8 estabelece que os trabalhadores autorizados para intervenção na área elétrica sejam
enquadrados nas seguintes categorias.
a) Trabalhador qualificado;
b) Profissional habilitado;
c) Trabalhador capacitado;
d) Trabalhador autorizado.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
112

Para cada categoria, a partir desta distinção, é estabelecida as responsabilidades funcionais, veja a se-
guir:
a) Trabalhador qualificado: é considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclu-
são de curso específico na área elétrica, reconhecido pelas instituições de ensino regulamentadas
pelo Ministério da Educação;
b) Profissional habilitado: é considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previa-
mente qualificado e com registro no conselho de classe de seu estado, isto é, os Conselhos Regio-
nais de Engenharia e Arquitetura (CREA);

Todo profissional habilitado é primeiramente qualificado. Um engenhei-


ro eletricista, por exemplo, ou um técnico em eletrotécnica recentemen-
CURIOSIDADES te formado, são profissionais qualificados. Eles só se tornam habilitados
quando registram seus diplomas no concelho de classe (CREA).

c) Trabalhador capacitado: é considerado trabalhador capacitado aquele que recebe capacitação


sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado, e trabalhe sob a res-
ponsabilidade de profissional habilitado. É bom compreender, conforme NR10, item 10.8.3.1, que
a capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo
profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação;
d) Trabalhador autorizado: o trabalhador autorizado é um profissional da área elétrica qualifica-
do, habilitado ou capacitado. Ele comprova ter treinamento específico sobre os riscos decorren-
tes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instala-
ções elétricas (curso de NR10 básico e se necessário o curso de NR10 complementar) e deve estar
devidamente registrado na empresa que presta serviço, com seu prontuário médico de saúde
atualizado em função das atividades que realiza.

As intervenções em instalações elétricas em baixa tensão só devem ser permitidas a


FIQUE profissionais autorizados. Portanto, para ser um profissional da área elétrica é neces-
sário que você tenha participado do curso de NR10 e assim conhecer os riscos elétri-
ALERTA cos. Saiba também que a cada dois anos deve ser feita uma reciclagem para atualizar
o curso.

A NR10, como norma de segurança do setor elétrico no item 10.13.1, estabelece que “as responsabilida-
des quanto ao cumprimento desta NR10 são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos” (BRASIL,
1978), isto quer dizer que a NR10 exige que haja o envolvimento de todas as pessoas ligadas diretamente
ou indiretamente ao sistema elétrico da empresa, portanto, o proprietário da empresa, o gerente, o en-
carregado da área elétrica e o eletricista devem ter responsabilidade jurídica pelo não cumprimento dos
artigos da NR10.
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
113

O trabalhador deve ter a responsabilidade de zelar pela sua segurança e saúde, como, também a de
seus companheiros e terceiros. Isto o obriga a cumprir os procedimentos de segurança, procedimentos
legais e regulamentos da empresa e a informar possíveis situações de riscos que possam afetar a sua inte-
gridade física ou a de outras pessoas.
Conforme NR10.14.1, é de responsabilidade do trabalhador interromper suas tarefas exercendo o direi-
to de recusa sempre que constatar evidências de riscos graves a sua segurança e saúde ou a de outras pes-
soas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que tomará as medidas necessárias.
O dia a dia no ambiente organizacional do trabalho fixam, em muitos casos, rotinas de trabalho para
execução de uma atividade. No contexto do planejamento da execução de um trabalho seguro, as rotinas
devem exigir a elaboração de procedimentos que possibilitem a execução e conclusão das atividades,
garantindo a preservação da integridade física, da segurança e saúde do trabalhador. Devido a essa neces-
sidade de um trabalho seguro, a segurança do trabalho tem evoluído com o passar do tempo, impondo a
elaboração de documentos necessários à execução de uma atividade.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
114

RECAPITULANDO

Como todo trabalho, o que envolve eletricidade também deve ser registrado, programado, planeja-
do e realizado conforme os procedimentos adequados e específicos e sempre visando a segurança
do executor e de pessoas que estarão próximas ao local da atividade que será realizada.
Os serviços de manutenção são iniciados a partir de uma necessidade corretiva ou preventiva. Você
aprendeu neste estudo que esses serviços são solicitados através de notas de manutenção e a partir
dessa formalização é emitida para o executor uma ordem de manutenção.
Para liberação do serviço, estudamos que o trabalhador tem que obedecer uma ordem de serviço,
precisa solicitar a permissão de trabalho e fazer a análise preliminar de risco. Depois disso, é necessá-
rio a inspeção do ambiente de trabalho, equipamentos e ferramentas e a sinalização para o início do
serviço. Você aprendeu que toda esta rotina de trabalho garante um controle e segurança no serviço
que será executado.
Passamos a entender como o Ministério do Trabalho observa o trabalhador da área elétrica distin-
guindo os profissionais como trabalhador qualificado, profissional habilitado, trabalhador capacita-
do e trabalhador autorizado.
Concluindo, você percebeu que, apesar de colocar os profissionais em diferentes classificações, o Mi-
nistério do Trabalho e Emprego exige que no setor elétrico todos eles sejam treinados em segurança
em instalações e serviços com eletricidade, conforme a NR10.
6 Rotinas de trabalho – procedimentos
115
Primeiros socorros

Os acidentes são sempre eventos inesperados e não programados que causam danos à saú-
de e integridade física das vítimas. Nos ambientes de trabalho, a situação não é diferente, pois
para execução das suas atividades diárias, os trabalhadores se expõem a riscos que, em função
da sua natureza, concentração e intensidade, poderão causar sérios danos.
Na ocorrência de um acidente, o atendimento rápido e preciso é essencial para que a víti-
ma tenha sua integridade física preservada, de modo que os danos sejam minimizados. Esse
atendimento, chamado de primeiros socorros, tem a função de manter a vítima estável até a
chegada do socorro especializado.
Os primeiros socorros são procedimentos realizados por pessoas treinadas e habilitadas a
prestar os primeiros atendimentos ao acidentado de maneira segura e eficaz. Esses procedi-
mentos deverão ser executados de forma consciente e responsável, para que as condições da
vítima não sejam agravadas.
O primeiro passo ao se deparar com uma situação de emergência é avaliar as causas que
motivaram o acidente e os danos causados ao acidentado. A conduta do profissional socorrista
dependerá desta avaliação inicial, onde será observado o estado da vítima, identificando as
lesões, sinais e sintomas apresentados por ela.
Ao enfrentar uma situação de emergência como o choque elétrico, é necessário analisar os
possíveis riscos e estar sempre alerta. Atualmente, no Brasil, há uma estimativa que, por dia,
cerca de quatro pessoas são vítimas de acidente com eletricidade e sofrem os efeitos do cho-
que elétrico, ficando com graves sequelas ou perdendo a vida. Na maioria das vezes, a falta de
atenção e falta de conhecimento para execução de certas atividades são os fatores que geram
os acidentes e o agravamento das lesões provocadas pelos mesmos.
A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes graves e fatais. Sabendo
disso, as empresas têm buscado aprimorar e planejar rotinas seguras nas atividades envolven-
do este risco, e os profissionais envolvidos nestas atividades devem estar sempre atentos aos
procedimentos que devem ser seguidos para evitar acidentes, o que muitas vezes não aconte-
ce, provocando, assim, sérias consequências.
Para evitar o agravamento das consequências de um acidente, o atendimento adequado
à vítima de acidente depende das ações praticadas pelo socorrista até a chegada do socorro
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
118

especializado. O atendimento de primeiros socorros dependerá dos conhecimentos básicos do socorrista,


e também dos materiais que compõem seu kit de primeiros socorros, conforme figuras apresentadas a
seguir.

Realizando
Prancha resgate
com dois cintos curativo
Máscara para
reanimador
manual (AMBU)

Reanimador
Manual (AMBU)
Esparadrapo
e tesoura

Gaze

Colar cervical

Quadro 6 - Materiais do kit de primeiros socorros


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Neste capítulo, estudaremos técnicas e procedimentos utilizados nos atendimentos de emergência, ou


seja, os primeiros socorros prestados à vítima com objetivo de salvar a vida e evitar maiores danos enquan-
to a chegada do atendimento especializado é aguardada.
7 Primeiros Socorros
119

7.1 Definição

Os primeiros socorros são procedimentos básicos prestados pelo socorrista à vítima ainda no local do
acidente, com objetivo de prevenir ou minimizar os danos à saúde e integridade física da mesma, evitando
que seu estado seja agravado, além de salvar sua vida através da preservação dos sinais vitais. Este tipo de
socorro deve ser prestado toda vez que a vítima não possua condições de reagir à circunstância em que se
encontra, não podendo cuidar de si.
Os atendimentos prestados no momento seguinte do acidente são essenciais, e, portanto, os mais im-
portantes para impedir o agravamento das lesões e garantir a recuperação e a sobrevivência do acidenta-
do. Ao realizarmos este atendimento, precisamos manter a calma diante da situação, que algumas vezes
provoca nervosismo num momento em que é necessário agir com muita atenção e cuidado. Chegando
ao local, caso haja mais pessoas, o socorrista deve assumir a liderança e solicitar ajuda, orientando a todos
sobre o que fazer.
Caso ocorra um atendimento mal prestado, a vítima poderá ter sua situação agravada, podendo provo-
car-lhe danos irreparáveis, ou até mesmo a morte. Então, devemos saber que o atendimento de primeiros
socorros não substitui o socorro especializado e, por isso, a vítima deve ser levada para uma avaliação e
assistência médica.
Vejamos a situação relatada no Casos e Relatos a seguir e imagine se ela de fato acontecesse.

CASOS E RELATOS

O caso de João
Numa tarde de sexta - feira, João foi convocado para realizar a manutenção no quadro elétrico do
setor de produção da empresa onde trabalha, a Móveis Novos LTDA.
Raimundo, encarregado do setor de manutenção elétrica, expediu a ordem de serviço e de manu-
tenção para realização do serviço.
João recebeu a documentação e as orientações do seu encarregado, e seguiu para o setor onde esta-
va o quadro elétrico. Chegando ao local onde realizaria o serviço, começou a atividade sem observar
e cumprir as recomendações para a manutenção solicitada. Ele não desenergizou o equipamento,
pois confiou apenas no seu conhecimento e experiência de mais de vinte de profissão. Para João,
atender às recomendações levaria tempo e atrasaria sua atividade.
João tinha o hábito de não obedecer aos procedimentos e sempre era alvo de vários incidentes.
Nesta sexta-feira, como mais um dia de descumprimento de normas e procedimentos, lá estava ele
diante do equipamento, quando sofreu um choque elétrico ficando “grudado”.
Paulo, seu colega de trabalho e operador de máquina de laminação, ouviu os gritos de João, e, ao
chegar ao local, se depara com o colega sofrendo um choque elétrico. Ao observar o desespero dele,
resolve ajudá-lo, e também recebe choques por não saber a forma correta de ajudar.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
120

Os dois tiveram lesões leves e foram socorridos por Pedro, técnico de segurança da empresa, bri-
gadista e socorrista, que chegando ao local colocou em prática seus conhecimentos adquiridos no
treinamento de primeiros socorros, e conseguiu evitar uma ocorrência mais grave.

Observamos que no caso relatado os procedimentos corretos e adequados à situação não foram adota-
dos pela primeira pessoa que chegou ao local do acidente. Podemos analisar os fatos e entender o quanto
os conhecimentos de primeiros socorros são importantes e essenciais para preservar a vida do acidentado
e evitar danos mais graves.
Vejamos, a seguir, o profissional habilitado a prestar estes atendimentos e sua importância diante de
um acidente.

7.2 Socorrista

Socorrista é o profissional que possui conhecimento e técnica para atendimento básico em situações
de emergência, devendo prestar os primeiros cuidados às vítimas de acidentes até a chegada do socorro
especializado, tais como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e o Corpo de Bombeiros.
Os procedimentos adotados pelo socorrista e os cuidados prestados devem ser adotados rapidamente.
Eles devem assegurar a estabilidade da vítima até a chegada do socorro especializado, que assumirá o
controle da situação, devendo o socorrista informar à equipe o que aconteceu e quais os procedimentos
utilizados com a vítima, conforme imagem a seguir.

Figura 74 -  Socorristas atendendo vítima de acidente


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Na figura anterior, podemos observar um acidentado sendo socorrido após sofrer um acidente de trân-
sito. As técnicas e procedimentos utilizados num atendimento de primeiros socorros devem garantir e
7 Primeiros Socorros
121

preservar a integridade física da vítima até a chegada do socorro especializado ou até que ela seja levada
à unidade hospitalar.

Se uma pessoa não possui condições técnicas, físicas e psicológicas, além dos conhe-
FIQUE cimentos adequados para realizar os primeiros socorros, deve procurar ajuda. Evite
ALERTA realizar procedimentos ao qual não esteja preparado! Caso contrário, você poderá
causar sérios danos ao acidentado!

Os procedimentos de primeiros socorros são essenciais para preservar a vida de vítimas de acidente.
Portanto, todo socorrista deve conhecer a importância deste atendimento.

7.3 Importância dos primeiros socorros

O maior desafio dos socorristas diante de uma vítima de acidente é assumir a situação de maneira cal-
ma e tranquila, evitar o pânico das pessoas e controlar toda a situação de forma segura após avaliação do
ocorrido através da obtenção do máximo de informações. O socorrista deve manter também:
a) A integridade do acidentado;
b) O acidentado distante das pessoas que podem atrapalhar os procedimentos, e orientá-las sobre
o que fazer para ajudar através de ordens claras e objetivas;
c) Os curiosos afastados para ter espaço suficiente para atendimento;
d) A calma e a serenidade, transmitindo confiança diante da situação.
Uma das principais causas de mortes pré-hospitalar deve-se a falta de atendimento e ao socorro ina-
dequado. A prestação de atendimentos emergenciais através de conhecimentos simples diminui o sofri-
mento e evita que a situação seja agravada, podendo em alguns casos salvar vidas. É necessário saber que
em primeiro lugar deve-se manter a calma, analisar se o atendimento que será prestado não trará riscos, e
nunca esquecer que este primeiro atendimento não exclui a importância da avaliação médica. Desta for-
ma, podemos observar a importância dos primeiros atendimentos prestados às vítimas de acidente, com
objetivo de evitar danos ou agravos das lesões.

Todo cidadão é obrigado a ajudar quem esteja necessitando, sem trazer-lhe prejuízos,
SAIBA de três formas: atendendo, auxiliando no atendimento ou solicitando ajuda de alguém.
Portanto, o auxílio ao colega, vítima de acidente de trabalho, seja de qualquer das três
MAIS formas citadas, é obrigação e responsabilidade de todos. Para saber mais sobre essa
obrigação, acesse o site do Planalto e consulte o artigo 135 do Código Penal.

Os cuidados necessários, o conhecimento técnico adequado e a conduta correta do socorrista garanti-


rão a preservação da integridade da vítima e o não agravo das lesões.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
122

7.4 Noções sobre lesões

Podemos definir lesão como deformações de um tecido biológico, podendo ser um simples corte, quei-
madura ou ferida. A ruptura do tecido corporal, podendo ser acidental ou para tratar uma doença, a exem-
plo das cirurgias.
As lesões são classificadas em traumáticas e atraumáticas. Traumáticas são a contusão, estiramento e a
laceração ou ruptura, que pode ser parcial ou total. Já as atraumáticas são lesões em que não há ruptura,
como acontece com as cãibras.
As lesões decorrentes de acidentes de trabalho são, na sua maioria, traumáticas. As originadas por ex-
posição à eletricidade trazem sérios danos à vítima, podendo ser, dependendo da sua gravidade, fatais.
A figura a seguir trata-se de uma vítima de acidente envolvendo eletricidade.

Figura 75 -  Vítima de acidente com eletricidade


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Os acidentes envolvendo a eletricidade são geralmente graves ou fatais, por isso os profissionais envol-
vidos nas atividades com eletricidade devem ter bastante cautela e obedecer aos procedimentos, para que
suas atividades sejam desenvolvidas de maneira segura.
Os procedimentos são normas que deverão ser atendidas pelo socorrista, priorizando sempre as vítimas
mais graves.
7 Primeiros Socorros
123

7.5 Priorização do atendimento

A primeira coisa a fazer no local do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a inte-
gridade física e a vida da pessoa prestadora dos primeiros socorros. Caso haja perigo, o socorrista deve
aguardar a chegada do socorro especializado. Enquanto aguarda, deverá levantar dados e informações
que auxiliarão e ajudarão no socorro, como a (s) causa (s) do acidente, quantidade de vítimas e a gravidade
das mesmas, além de outras informações que poderão ser úteis para agilizar o atendimento.
Na avaliação e levantamento das informações que auxiliarão no atendimento, o socorrista deve estar
atento às condições da vítima, de forma que sejam prestados os primeiros atendimentos aos que estão
mais graves, portanto, essas vítimas serão prioridade.

FIQUE As vítimas que estiverem com grandes hemorragias, inconscientes, com parada car-
diorrespiratória e em estado de choque devem ser atendidas prioritariamente, pois
ALERTA exigem socorro imediato.

No atendimento de primeiros socorros, alguns procedimentos devem ser seguidos para que o socorris-
ta obtenha êxito na sua atuação. A seguir, listamos algumas recomendações.
a) A vítima deve ser mantida deitada de forma confortável e o socorrista deve observar a gravidade
das lesões;
b) As hemorragias são prioridade no atendimento, então investigue a vítima observando se há san-
gramentos, qual local e característica do sangue, como cor e quantidade;
c) As lesões no crânio geralmente são perigosas, caso a vítima esteja inconsciente, verifique se há
hemorragia pelo nariz ou pelos ouvidos;
d) O socorrista deve garantir que o atendimento prestado não irá agravar o estado da vítima;
e) Ao solicitar o socorro especializado, deve-se informar local, horário e as condições em que as víti-
mas se encontram, e os primeiros socorros que foram prestados;
f) Em caso de amputação, deve-se recolher a parte amputada, envolvendo-a num pano limpo;
g) Em caso de queimaduras e perfurações, não se deve retirar as vestes da vítima ou qualquer obje-
to que esteja nas lesões.
Após verificar o estado das vítimas e as lesões apresentadas, o socorrista deve atender às hemorragias,
que como já vimos, são prioridades.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
124

7.6 Hemorragias

As hemorragias possuem causas variadas e são a perda de sangue em consequência do rompimento de


um vaso sanguíneo, que pode acontecer dentro do organismo (interna) ou fora dele (externa). As hemor-
ragias acontecem, geralmente, após um acidente ou trauma.

Figura 76 -  Hemorragia
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

As hemorragias podem ser pequenas e insignificantes ou importantes, neste último caso, o socorro
imediato poderá salvar uma vida.
Podemos classificar as hemorragias como arteriais, venosas e capilares. Essa classificação é feita de acor-
do com o vaso sanguíneo que foi rompido, o que implicará na quantidade de sangue que sairá do ferimen-
to. Caso a quantidade de sangue seja pouca, trata-se de uma hemorragia capilar. Se o fluxo de sangue for
grande e contínuo, é venosa. Quando trata-se de um fluxo grande e em jatos, é arterial.

Capilar

Venosa

Arterial

Figura 77 -  Tipos de hemorragias


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
7 Primeiros Socorros
125

Ao detectar uma hemorragia externa, o socorrista deverá estancar, ou seja, parar o sangramento ime-
diatamente utilizando pano limpo, aplicando leve compressão no local, caso não haja objetos que impe-
çam a compressão ou agravem o sangramento.
As hemorragias internas são mais difíceis de detectar, pois o sangramento não é visível. Porém, existem
alguns sinais que deverão ser observados para que ela seja identificada, são eles:
a) Palidez;
b) Sudorese (suor excessivo);
c) Manchas roxas na pele;
d) Dor na região abdominal;
e) Sede ou boca ressecada;
f) Vômito ou evacuação com sangue.
Tanto em caso de hemorragia externa como interna, o socorro especializado deve ser acionado com
urgência. É necessário, também, observar os sinais vitais da vítima (respiração e pulsação), pois, no caso de
uma parada cardiorrespiratória, o atendimento deverá ser rápido.
Outra circunstância comum em casos de acidente grave é que a vítima esteja ou evolua para uma para-
da respiratória. No tópico a seguir, analisaremos o que fazer nessa situação.

7.7 Respiração artificial

Quando a vítima não respira, ou seja, está com parada respiratória, os primeiros atendimentos devem
ser rápidos para que ela não tenha uma parada cardíaca, piorando consideravelmente o seu estado. Por-
tanto, o socorrista deverá proceder com a respiração artificial fazendo com que o acidentado seja estimu-
lado a voltar a respirar.
A respiração artificial é um processo de movimentos mecânicos utilizados para restabelecer a respira-
ção. Ela deve ser ministrada imediatamente para garantir a oxigenação pulmonar. O socorrista só terá êxito
na realização da respiração artificial se o atendimento à vítima for realizado nos primeiros dois minutos,
pois a chance de salvamento é cerca de 90%. O socorrista não deve interromper a respiração até que a
morte da vítima seja constatada por um médico, ou até que ela volte a respirar.
A respiração artificial pode ser realizada por um socorrista utilizando a técnica que veremos a seguir.

Respiração Artificial (Boca a boca ou tipo Ambu)

A respiração artificial boca a boca ou tipo ambu é uma técnica em que o socorrista procura encher os
pulmões da vítima, soprando fortemente sua boca. Para isso, é utilizado um respirador artificial utilizando
máscara artificial descartável ou utilizando ambu:
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
126

Respiração boca a boca Respiração artificial


com máscara artificial descartável utilizando ambu

Figura 78 -  Respiração artificial


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Durante a respiração artificial, o pescoço da vítima deve ser levemente flexionado para trás, garantindo
a estabilização da cervical, para que as vias aéreas estejam livres e desobstruídas. Esta manobra deve ser
repetida até que a vítima volte a respirar, ou até o médico atestar seu óbito.
Quando a vítima também está com parada cardíaca, ou seja, parada cardiorrespiratória, deve-se fazer
a respiração artificial. Os problemas mais comuns que ocasionam uma parada respiratória são: choque
elétrico, afogamento, asfixia, inalação de gases tóxicos, dentre outros.
As vítimas de parada cardiorrespiratória apresentam alguns sinais e sintomas, tais como:
a) Respiração ofegante, rápida ou lenta;
b) Ruídos incomuns como roncos;
c) Dor no peito, vertigem e tonturas;
d) Pele úmida e fria;
e) Palidez ou cianose (pele azulada).
Quando não há o suprimento de oxigênio, ou seja, quando ocorre a parada respiratória, o coração da
vítima continua batendo por um curto espaço de tempo, isto é, devido ao oxigênio que foi armazenado
nos pulmões e no sangue. Caso não haja o socorro rápido, o coração irá parar, necessitando assim de mas-
sagem cardíaca para restabelecer seus sinais vitais.

7.8 Massagem cardíaca

A vítima que se encontra em parada cardíaca deverá receber atendimento tão logo seja identificada
a falta de pulsação. Para analisar a ausência de pulsação e, portanto, a parada cardíaca, deve-se observar
alguns sinais clínicos, são eles:
a) Estado de inconsciência da vítima;
b) Batimentos cardíacos fracos ou ausentes;
7 Primeiros Socorros
127

c) Ausência de respiração;
d) Extremidades (dedos das mãos) arroxeadas;
e) Palidez;
f) Dilatação da pupila.
Imediatamente após a verificação dos sinais listados, deve-se iniciar a massagem cardíaca, até a chega-
da do médico. A massagem cardíaca é de fácil aplicabilidade e pode ser realizada por qualquer pessoa. Ela
é feita pela compressão do tórax, na altura do coração, através de pressão mecânica.
A seguir, você verá a técnica utilizada para o procedimento:
a) A vítima deve estar deitada de costas em uma superfície rígida e plana;
b) Prossiga com pressão sobre a extremidade inferior do esterno (apêndice xifoide);
c) Siga um ritmo de cerca de 60 manobras por minutos, até a volta dos batimentos, ou chegada do
médico.

Parte inferior do
esterno
Apêndice xifoide Coração

Figura 79 -  Massagem cardíaca


Fonte: SENAI DR BA; SHUTTERSTOCK, 2017.

Caso a vítima esteja com parada cardiorrespiratória, ou seja, caso haja ausência de respiração e pulsa-
ção, devem-se combinar as massagens com a respiração artificial. O socorrista deve iniciar o atendimento
com duas respirações, e, na sequência, 30 massagens seguidas, devendo continuar a respiração e massa-
gens, até que o ritmo cardiorrespiratório seja restabelecido, ou até que o acidentado seja transportado
para atendimento especializado, conforme imagem a seguir.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
128

Figura 80 -  Massagem cardiorrespiratória


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A massagem cardíaca só deverá ser iniciada tão logo seja identificada a ausência de pulso da vítima,
pois, caso contrário, ela poderá causar sérios danos ao acidentado. A verificação de pulso é realizada atra-
vés de palpação, que é o toque de pontos onde existem artérias que possibilitam verificar a pulsação con-
forme os batimentos cardíacos.

A verificação do pulso definirá a frequência cardíaca do indivíduo, que é


avaliada de acordo com os batimentos por minuto (bpm). A frequência
varia conforme sexo e idade, vejamos a seguir:
Homem adulto - 60 a 70 bpm
Mulher adulta - 70 a 80 bpm
CURIOSIDADES Criança acima de 7 anos - 80 a 90 bpm
Criança de 1 a 7 anos - 80 a 120 bpm
Criança abaixo de 1 ano - 110 a 130 bpm
Recém-nascido - 130 a 160 bp
(Fonte : BRASIL, 2003).

Para verificação da pulsação, o socorrista deve utilizar o dedo indicador e médio sobre as artérias radial
e carótida, conforme figura a seguir:

Artéria radial Artéria carótida

Figura 81 -  Pontos para verificação de pulsação


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
7 Primeiros Socorros
129

As artérias se encontram em espaços denominados depressões, que são geralmente cavidades entre
ossos. Essa localização das artérias é importante, pois elas são vasos importantes que necessitam de pro-
teção caso haja trauma. Estes espaços dificultam acesso e exposição das artérias, portanto, em caso de
acidentes elas são protegidas. Com isso, para localizá-las, deve-se procurar entre ossos, em espaços pro-
fundos, e exercer com os dedos uma leve pressão nessa cavidade. É preciso ter cuidado, pois caso a pressão
exercida seja muito forte, o socorrista poderá interromper o fluxo de pulsação, o que impossibilitará uma
avaliação eficaz.

Você sabia que o dedo polegar nunca deverá ser utilizado para verifi-
CURIOSIDADES cação de pulso de uma vítima? O polegar possui pulsação própria que
poderá ser confundida com a da vítima.

Os primeiros atendimentos prestados à vítima são essenciais e importantes, porém não substituem o
atendimento especializado prestado por equipe médica.
Após os procedimentos, o socorrista deve transportar o acidentado para unidade de saúde. É o que
veremos no próximo tópico.

Figura 82 -  Técnicas de transporte de vítima


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

O transporte de vítimas é um procedimento que requer muito cuidado, pois há riscos de, na tentativa
de ajudar, acabar agravando um quadro estável através de movimentos de transportes inadequados, que
podem comprimir a medula óssea e provocar paralisia.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
130

Acidentes com eletricidade são geralmente fatais, ou deixam sequelas graves e irre-
FIQUE versíveis. Fique atento a qualquer situação de perigo em redes, instalações e cone-
ALERTA xões elétricas. Na dúvida sobre como socorrer uma vítima, solicite ajuda de um pro-
fissional habilitado e qualificado ou às autoridades competentes.

Neste capítulo, aprendemos conceitos e procedimentos que são importantes para o profissional da
área de eletrotécnica no exercício da sua função.
7 Primeiros Socorros
131

RECAPITULANDO

Os acidentes com vítimas são frequentes no dia a dia. Tais ocorrências acontecem também, com
certa frequência, nos ambientes de trabalho.
Quando os acidentes acontecem e possuem vítimas, os primeiros atendimentos são essenciais para
preservar a vida e integridade física dos acidentados.
Vimos, neste capítulo, que as técnicas de primeiros socorros utilizadas pelos socorristas possuem
importância vital no atendimento de emergência.
A área de atuação do profissional de eletrotécnica possui riscos inerentes às atividades e caso não
haja um controle desses riscos eles podem causar sérios danos.
Neste capítulo, observamos também que diante de uma ocorrência o profissional que possui os
conhecimentos básicos para atender às emergências (socorristas) tem a responsabilidade de avaliar
o ocorrido e aplicar as técnicas adequadas a cada situação, mantendo a calma e orientando aos de-
mais presentes sobre os procedimentos que serão adotados.
A função do socorrista é manter a vítima nas melhores condições possíveis até a chegada do socorro
especializado, não podendo piorar seu estado e causar-lhe outros danos.
Depois de observada as circunstâncias, o socorrista deverá estar seguro dos procedimentos e aplicá-
-los conforme análise preliminar e definição das prioridades para atendimento.
Os primeiros atendimentos envolvem técnicas para atendimento pré-hospitalar, pois, em algumas
situações, não há tempo para aguardar a chegada do socorro especializado.
O atendimento é iniciado na avaliação da ocorrência, desta forma, o socorrista irá identificar, com
precisão, os procedimentos e técnicas a serem adotados. Além também de levantar dados e infor-
mações que serão passados à equipe de socorro especializado. Desta forma, podemos observar o
quanto estes procedimentos são importantes e essenciais no dia a dia e nos ambientes de trabalho.
Proteção e combate a incêndios

O fogo é necessário para a vida do ser humano, pois sua aplicação é importante em várias
atividades do dia a dia em que ele está sob controle, e os riscos oferecidos são mínimos. Um
exemplo prático é o acionamento para acender o fogão onde o controle é possível porque
nós conseguimos manipular com segurança. Imagine que esse fogo acionado no fogão passe
para um material combustível que esteja próximo e as chamas são propagadas. Observamos,
neste caso, que estamos diante de um princípio de incêndio, em virtude da ocorrência que não
foi programada, do volume das chamas e dos danos causados. Com isso, concluímos que o
incêndio é o fogo descontrolado, onde houve a falha na manipulação por conta de normas de
prevenção que não foram atendidas.
O incêndio é uma reação química, chamada de combustão, resultante da reação do oxigê-
nio com o calor (temperatura) e o combustível, gerando energia luminosa (fogo).
Para que exista o fogo, são necessários três elementos: o combustível (material que irá quei-
mar), o comburente (oxigênio presente no ar) e o calor (ignição).
O combustível é toda substância (material) com capacidade de queimar, servindo de base
para propagação do fogo. Os combustíveis são condutores de calor e são classificados confor-
me seu estado físico:
a) Sólido: material, papel, plástico, tecido, etc.
b) Líquido: gasolina, álcool, acetona, diesel, etc.
c) Gasoso: GLP, hidrogênio, acetileno, etc.
Observe a imagem a seguir:

Sólido Líquido Gasoso

Figura 83 -  Tipos de combustível


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
134

As características de cada estado físico em que se encontram os combustíveis definirão seu grau de
inflamabilidade, ou seja, a concentração mínima e máxima para que haja combustão. A inflamabilidade é
definida como o que queima com menos ou mais facilidade.
O comburente é o oxigênio presente no ar.
O calor é a energia que aumenta a temperatura através de processo físico ou químico, favorável para
que haja combustão.
Observamos que na reação química da combustão, o comburente reage com o combustível após ser
exposto a uma temperatura ou fonte de ignição (calor) que denominamos tetraedro do fogo, conforme
figura a seguir. O comburente mais comum é o oxigênio, encontrado na atmosfera numa quantidade de
aproximadamente 21%. O ritmo da combustão dependerá da quantidade de oxigênio, sendo que ela será
plena na quantidade de 21% e inexistirá quando o oxigênio estiver abaixo de 4%. Existem outros tipos de
comburente, como o gás cloro e o gás flúor.
IO

CA
ÊN

LO

REAÇÃO
IG

R
OX

EM CADEIA

COMBUSTÍVEL

Figura 84 -  Tetraedro do fogo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A reação entre o combustível, o calor e o oxigênio é o que possibilita a propagação do fogo e ocorrência
de incêndios.
As atividades desenvolvidas na área da eletrotécnica possuem características que favorecem a ocorrên-
cia de princípios de incêndios ou explosão, e esse risco é aumentado caso haja inexistência ou não cumpri-
mento dos procedimentos adequados à realização das atividades de trabalho.
As atividades que envolvem eletricidade devem ser realizadas de forma segura. As fiações, equipamen-
tos, tomadas e ferramentas devem estar dentro dos padrões de segurança estabelecidos.

FIQUE Não faça improvisações ou consertos em fios, equipamentos ou máquinas, sem estar
ALERTA devidamente habilitado.
8 Proteção e combate a incêndios
135

Os trabalhadores envolvidos na área de eletricidade devem saber prevenir o surgimento do fogo, po-
rém, caso ocorra um princípio de incêndio, devem saber debelar através das seguintes ações:
a) Identificação dos materiais que estão queimando (classe do incêndio);
b) Identificação o tipo de ocorrência;
c) Identificação dos equipamentos que devem ser utilizados no combate ao fogo.
Nesse capítulo, abordaremos técnicas e noções básicas que ajudarão os profissionais na prevenção do
incêndio e no seu combate. Essas técnicas são de extrema importância para a segurança nos ambientes de
trabalho.

8.1 Noções básicas

O incêndio é um evento que a depender da sua gravidade resulta em sérios prejuízos, desde perdas
materiais até humanas. Ele já foi responsável pela morte de várias pessoas e também pela destruição de
muitos bens. Desta forma, percebemos que uma boa gestão dos riscos que provocam estes eventos é de
extrema importância, sobretudo nas atividades do profissional da área de eletrotécnica, visto que ele está
sempre exposto a situações que se não forem controladas, poderão levar a ocorrência de incêndio. Esse
profissional deve possuir um amplo conhecimento das condições em que seu trabalho é realizado, além
de possuir conhecimento sobre a prevenção e combate a princípios de incêndios.
Conhecer os aspectos e condições para existência e propagação do fogo é essencial para ter sucesso
nas ações de prevenção e combate ao princípio de incêndio. Caso haja alguma intercorrência e surja um
princípio de incêndio, o profissional deverá avaliar as causas do surgimento das chamas e propagação do
fogo para iniciar com o combate adequado.
É necessário que o eletrotécnico possua as habilidades necessárias e o conhecimento técnico para exer-
cício da sua profissão, pois o cumprimento dos procedimentos e das ordens de serviço são medidas pre-
ventivas que evitarão qualquer tipo de intercorrência.

8.2 Medidas preventivas

Em todos os locais, e principalmente nos ambientes de trabalho, é indispensável que as pessoas colo-
quem em prática normas e procedimentos para prevenir incêndios. Os profissionais da área de eletrotécni-
ca certamente evitarão estas ocorrências através do cumprimento de todos os procedimentos que devem
ser obedecidos em suas rotinas de trabalho. Dentre elas, podemos citar as diretrizes estabelecidas pelas
Ordens de Serviços (OS) e a elaboração da Análise Preliminar de Riscos (APR), que informam aos profissio-
nais quais as medidas que devem ser adotadas.
Tão importante quanto saber prevenir incêndios, é saber combatê-los. Para isso, as pessoas precisam
estar treinadas e os equipamentos devem estar em condições de uso. A NR-10 determina que os equi-
pamentos, materiais, dispositivos, as peças e os sistemas que serão utilizados nos serviços envolvendo
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
136

eletricidade e em ambientes com atmosferas potencialmente explosivas, devem ser avaliados, testados e
aprovados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Você sabia que a explosão é provocada através do arco elétrico ou de


centelhas de máquinas, equipamentos ou fiações elétricas e curto-circui-
CURIOSIDADES to, que em presença de materiais combustíveis provocam incêndios? Os
procedimentos para execução das atividades envolvendo eletricidade
são essenciais para evitar este tipo de ocorrência.

É importante salientar que nas atividades que envolvem eletricidade existe risco de explosão, e as ações
de controle para este risco são a prevenção e, em seguida, o combate dos focos de incêndio que podem
vir a ocorrer.

8.3 Métodos de extinção

Os incêndios são classificados conforme as características do material que está queimando, ou seja, do
seu combustível. Cada material possui características próprias de inflamabilidade, portanto, seu combate
e método de extinção variam conforme os produtos que estão queimando.
Veremos, a seguir, a classificação dos incêndios de acordo com o material que é queimado.
a) Incêndio classe A: quando acontecem em materiais sólidos e possuem a característica de quei-
mar em profundidade. Exemplo: plástico, madeira, papel e tecido;
b) Incêndio classe B: quando ocorre em combustíveis líquidos inflamáveis e possui a característica
de queimar em superfície. Exemplo: gasolina, álcool, GLP e graxas;
c) Incêndio classe C: fogo em equipamentos energizados e possui característica de queimar em
superfície e profundidade. Exemplo: computador, quadro elétricos e máquinas;
d) Incêndio classe D: fogo em materiais pirofóricos, que são materiais que se inflamam espontane-
amente apenas em contato com o ar e são difíceis de controlar.
A extinção do fogo se dá a partir da retirada de um dos elementos que levam ao seu surgimento. Para
que isso ocorra, pode ser utilizado o resfriamento, o abafamento ou a retirada do material. Além destes
métodos, existe também a extinção química que ocorre através do uso dos extintores, conforme o quadro
a seguir mostra.
8 Proteção e combate a incêndios
137

Extintor de água
pressurizada

É utilizado nos incêndios de


classe A (plástico, madeira,
papel e tecido), é indicado o
agente extintor de água que
age por resfriamento ou
abafamento.

Extintor de pó químico
seco (PQS)

O extintor de pó químico
seco (PQS) é indicado nos
incêndios da classe B
(líquidos inflamáveis).

Extintor de gás carbônico

Nos incêndios de classe C


(equipamento elétrico
energizado), é mais adequa-
do utilizar o extintor de gás
carbônico.

Quadro 7 - Tipos de extintores


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Os extintores citados são os mais comuns e mais utilizados nas empresas. Porém, vale ressaltar que
existem outros tipos de extinção química. A seguir, abordaremos sobre dois tipos de extinção química que
são utilizados em grandes empresas.
a) Extintores de pó químico especial: são indicados para incêndios classe D e agem por abafa-
mento;
b) Espuma: é indicada para incêndios classe A e B, não podendo ser utilizada para classe C. Age, no
início, por abafamento e, em seguida, pelo resfriamento.
Para maior segurança, outros dispositivos devem ser utilizados nas empresas, que também devem pre-
parar pessoas que estejam aptas ao combate de um princípio de incêndio.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
138

Os sistemas de combate a incêndios devem ser dimensionados e planejados em projetos, e instalados


na planta (empresa). Existem os sistemas de combate denominados sprinklers e hidrantes. Sprinklers são
também denominados de chuveiros automáticos que são instalados no teto dos ambientes, e quando há
elevação da temperatura interna do local, eles são acionados automaticamente para combater os focos de
incêndio.
Os hidrantes ou boca de incêndio são equipamentos hidráulicos dotados de um registro, mangueira e
esguicho. São instalados em paredes, corredores e área externa (pátios, estacionamentos, etc).

Figura 85 -  Sistemas de combate a incêndio


Fonte: SENAI DR BA; SHUTTERSTOCK, 2017.

A equipe que possui conhecimentos para utilização destes dispositivos é denominada brigadistas. São
brigadistas os profissionais treinados para atuar em caso de ocorrência de incêndio. Porém, os profissionais
da área de eletrotécnica devem possuir conhecimentos e devem estar treinados e preparados para com-
bater focos de incêndios, pois estão diretamente envolvidos em áreas com riscos e probabilidade de acon-
tecer incêndios. Eles deverão conhecer as classes de incêndio e as técnicas para utilização dos extintores.
Como vimos, para cada classe existe um extintor adequado. O profissional deverá pegar o extintor ade-
quado, quebrar o lacre e direcionar a mangueira para base do fogo. Os brigadistas são profissionais capa-
citados para exercer esta função na empresa e atuam no combate ao incêndio, na evacuação e prestação
de primeiros socorros.
O dimensionamento, ou seja, a quantidade de pessoas que irá compor a equipe de brigada da empresa
varia conforme o número de edificações, número de pavimentos e o número de empregados em cada
pavimento.

No Brasil, os dispositivos e a equipe capacitada como brigadista para o combate ao


princípio de incêndio são regulamentados pela Norma Regulamentadora NR 23 (Pro-
SAIBA teção contra incêndio) e pelas Normas Brasileiras NBR’ 12962 (Inspeção, manutenção
MAIS e recarga em extintores de incêndio), 13714 (sistemas de hidrantes e mangotinhos e
acessórios) e 14276 (programa de brigada de incêndio). Busque essas normas na inter-
net e as conheça melhor.
8 Proteção e combate a incêndios
139

Leia o Casos e Relatos a seguir e observe que em caso de falha nas normas de prevenção e consequente
princípio de incêndio, ações imediatas devem ser adotadas para evitar que as chamas tomem uma propor-
ção de difícil controle.

CASOS E RELATOS

Vidas em risco
Juracy é eletrotécnico de uma empresa de instalação e manutenção de ar condicionado. Numa tar-
de de terça-feira, Juracy e seus colegas José e Marcos foram instalar uns equipamentos nas salas de
aulas de uma escola de ensino médio.
Para fazer a instalação dos equipamentos, eles precisavam requisitar ao seu chefe imediato a ordem
de serviço, o que não aconteceu.
Durante a manhã, eles estavam em uma rua próxima à escola e, desta forma, acharam que iriam
perder tempo indo solicitar o documento. Portanto, decidiram ir direto ao local, já que estavam
acostumados a realizar o procedimento.
Ao chegar ao local, percebem que o serviço não poderia ser realizado naquele momento, pois neces-
sitava do desligamento da energia, o que não era possível, pois as turmas estavam em aula.
De repente, José, o mais experiente na atividade, decidiu fazer o serviço com o sistema energizado,
pois estava seguro que sua experiência era suficiente para prevenir ocorrências indesejadas.
Os outros dois ficaram confiantes, pois sabiam o quanto José conhecia o serviço e muito tinham
aprendido com ele.
Assim decidido, começam a realizar o procedimento. Após instalar o equipamento, quando foram
ligá-lo ao sistema elétrico, ocorreu uma explosão e, em seguida, iniciou-se o incêndio, ferindo gra-
vemente todos os três.
José teve lesões no rosto e pescoço, Juracy, nas mãos e braços e Marcos, rosto e região dos ombros.
Ao perceber o acidente e os gritos de socorro das vítimas, o segurança da escola pegou o extintor
de água, direcionou para eles e acionou o jato que atingiu as lesões, piorando ainda mais as lesões
provocadas pelo acidente.

Percebemos no caso e relato acima citado que as atividades devem ser desenvolvidas conforme proce-
dimentos estabelecidos por documentos que são elaborados conforme normas específicas para realização
do processo de forma correta e segura.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
140

É comum os trabalhadores desobedecerem aos procedimentos, colocando em risco a sua integridade


física e a dos seus colegas, comprometendo também a qualidade dos serviços prestados.

Nunca utilize extintor em uma pessoa que esteja em chamas. Neste caso, o correto
FIQUE é utilizar o abafamento através de tecido molhado ou seco, ou ainda solicitar que a
vítima role no chão para que o fogo seja propagado. Se as vestes não estiverem gru-
ALERTA dadas nas lesões (queimaduras), é recomendado auxiliar a vítima a retirá-la, caso haja
segurança para isso.

No caso citado, ainda podemos perceber que quando há falha nos procedimentos de prevenção e de
execução da atividade, é possível acontecer algo inesperado e com consequências graves ou fatais.
A ocorrência de uma explosão, seguida de um princípio de incêndio, são ocorrências que precisam de
um atendimento apropriado. As empresas devem estar preparadas para atender a este tipo de ocorrência.
Para tanto, é necessário possuir os equipamentos que foram estudados neste capítulo, e pessoas treinadas
para utilizá-los.
8 Proteção e combate a incêndios
141

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos que os incêndios são eventos indesejados que trazem grandes prejuízos,
e, para evitar estas ocorrências, as empresas devem possuir recursos disponíveis que devem estar
sempre em condições adequadas para atender às emergências.
Os profissionais da área da eletrotécnica devem possuir vasto conhecimento dos riscos presentes
em suas atividades, assim como também conhecer as formas de preveni-los. Além de saber atuar
caso haja alguma ocorrência.
Vimos também a dinâmica do fogo, seus elementos, classes e formas de extinção.
Observamos que diante de um incêndio é importante analisar qual o tipo de material que está quei-
mando, pois esta informação é indispensável para o sucesso do combate. Conforme cada tipo de
material que está queimando, classificamos o incêndio e verificamos qual a forma mais adequada
de combatê-lo.
O uso correto das técnicas de prevenção descritas nos procedimentos para execução das atividades
garantirá a não ocorrência de incêndio. Porém, caso ocorra, os profissionais deverão estar aptos e
habilitados a combater de forma segura e eficaz.
Regulamentação do Ministério do Trabalho

Como vimos ao estudarmos sobre as medidas para prevenir incêndios, para evitar os aci-
dentes e minimizar os seus danos, algumas medidas de prevenção e controle dos riscos devem
ser adotadas. Tais medidas deverão ser implantadas pelas empresas e cumpridas pelos seus
trabalhadores, e são determinadas através de políticas e procedimentos de segurança esta-
belecidos e fundamentados pelas Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho
(MT).
As normas e procedimentos estabelecidos pelas NR são dispositivos legais aplicáveis às em-
presas com objetivo de prevenir acidentes e doenças decorrentes das exposições aos riscos
presentes nos ambientes de trabalho.
As ações de segurança para promoção da saúde e preservação da vida e dos bens da em-
presa são determinadas pelas NR que estabelecem os requisitos mínimos e complementares a
serem observados por parte das empresas e de seus trabalhadores. O cumprimento dos requi-
sitos é de caráter obrigatório. Todos os procedimentos realizados pela empresa devem conter
documentos que comprovem que ela está cumprindo, e também que os trabalhadores estão
obedecendo às solicitações e recomendações citadas nas NR. Podemos perceber claramente
isto nos capítulos anteriores, quando estudamos sobre os procedimentos de trabalho.
As NR se encontram no capítulo V da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e fazem parte
de um conjunto amplo de ações que as empresas deverão estabelecer e colocar em prática,
com objetivo de proporcionar aos seus trabalhadores um ambiente de trabalho saudável e
seguro, através do gerenciamento dos riscos e das medidas de proteção que podem ser ad-
ministrativas (documentos e procedimentos), coletiva (aterramentos, seccionamento, por
exemplo) ou individuais (Equipamento de Proteção Individual). A figura a seguir apresenta um
trabalhador utilizando os equipamentos de proteção obrigatórios para atividades envolvendo
eletricidade, conforme previsto pelas NR.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
144

NR
10

Figura 86 -  Proteção Individual para atividades envolvendo eletricidade


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

É de extrema importância que os profissionais conheçam seus direitos e deveres quando falamos de
saúde e segurança do trabalho. Eles precisam conhecer os conceitos e definições que são necessários na
execução dos processos de trabalho com objetivo de orientar aos trabalhos na adoção de medidas seguras
no desenvolvimento das atividades laborais.

As NR são elaboradas e discutidas por uma comissão chamada Comissão Tripartite (três
partes). É formada por representantes da empresa, representantes do governo e repre-
SAIBA sentantes dos trabalhadores. Após discussão, e utilizando o consenso nas decisões, as
MAIS normas são editadas e publicadas, ficando à disposição para consulta pública antes de
serem aprovadas. Para saber mais, acesse o site oficial do Ministério do Trabalho e Em-
prego.

Neste capítulo, estudaremos quais são as diretrizes aplicáveis às atividades do profissional da área da
eletrotécnica, estabelecidas pelas normas. A obediência aos procedimentos estabelecidos pelas normas
garantirá ao profissional êxito na sua área de atuação, pois isso proporcionará um ambiente saudável e
seguro, prevenirá ocorrências indesejadas e interferirá diretamente na qualidade dos serviços prestados e
na eficiência dos resultados.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
145

9.1 NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

A NR 05 relata sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que é uma comissão formada por
representantes da empresa e do trabalhador, cujo objetivo é trabalhar em prol da segurança e saúde de
todos os trabalhadores da empresa.
Para dimensionamento, ou seja, para estabelecer a quantidade dos representantes da comissão, é ne-
cessário verificar a atividade econômica da empresa através da sua Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE), o grupo ao qual a empresa pertence e a quantidade de trabalhadores que ela possui.
Em seguida, a empresa determina seus representantes, enquanto o trabalhador elege os trabalhadores
que eles querem que os representem através do voto secreto. O presidente da comissão é escolhido pela
empresa, enquanto o vice é eleito pelos trabalhadores. A comissão possui também um (a) secretário (a)
que convocará os membros para reunião mensal dos cipistas, e, após, redigirá a ata apresentando-a para
aprovação e assinatura aos membros que estavam presentes.
O mandato da Cipa terá duração de um ano e é permitida apenas uma reeleição dos membros. Os
membros eleitos terão estabilidade de um ano referente ao seu mandato e mais um após o fim do seu
mandato, somando, no total, dois anos de estabilidade na empresa. A estabilidade é garantida para os
membros da Cipa que obedecerem aos requisitos estabelecidos por esta norma regulamentadora.
As reuniões da Cipa são mensais e as reuniões extraordinárias ocorrem no momento em que houver de-
núncia de risco iminente, quando acontecer acidente grave ou fatal, ou quando solicitado pelo presidente
ou vice-presidente da comissão.
A Cipa deve possuir espírito de equipe, o que significa que suas decisões deverão ser tomadas preferen-
cialmente por consenso. Não havendo consenso e frustradas as tentativas por negociação ou mediação, as
decisões deverão ser tomadas por processo de votação, que deverá ser registrado na ata de reunião.
Se a empresa tiver seu quadro de funcionários reduzido, a Cipa não poderá ter o número de represen-
tantes modificado antes do fim do mandato que é de um ano após a posse. Esta norma aplica-se também
às empresas terceirizadas, que são as empresas prestadoras de serviço. As empresas contratantes e as con-
tratadas deverão garantir que os requisitos desta norma sejam cumpridos, e que seja garantido o mesmo
nível de proteção a todos os trabalhadores que desenvolvam atividades no mesmo estabelecimento.

CIPA

S
A

EG
URAN
Ç

Figura 87 -  Reunião da CIPA


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
146

Os membros da Cipa são responsáveis pelas ações de saúde e segurança, e devem contribuir para que
os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho não aconteçam. Dentre as ações, podemos citar as cons-
cientizações através da divulgação de informações sobre prevenção de acidentes e doenças e uso dos
equipamentos de proteção individual.

9.2 NR 06 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Já sabemos que as atividades e os ambientes de trabalho possuem agentes de riscos capazes de causar
danos à saúde do trabalhador. As empresas são obrigadas a adotar ações e medidas de prevenção com
objetivo de gerenciar estes riscos, para que os trabalhadores não sejam acometidos de problemas de saú-
de decorrentes da exposição aos riscos. Dentre as medidas de gerenciamento de riscos, destacamos os
equipamentos de proteção individual, que são dispositivos que devem ser utilizados pelos trabalhadores,
com objetivo de protegê-los de possíveis ameaças à sua saúde e integridade física.

FIQUE É importante salientar que os EPI não evitam os acidentes, porém é importante saber
que seu uso é extremamente importante, pois, caso o acidente ocorra, os dispositi-
ALERTA vos são capazes de reduzir os danos.

A norma regulamentadora 06, NR 06 - EPI aborda sobre as obrigações dos empregados e empregadores
quando se trata dos equipamentos de proteção individual.

O EPI deve possuir o Certificado de Aprovação (CA) para ser considerado


dispositivo de proteção. Esta certificação é que garante a eficácia do
CURIOSIDADES equipamento, pois comprova que foi testado e aprovado pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e pelo MTE.

Dentre as obrigações dos empregadores, podemos destacar a responsabilidade de adquirir e fornecer,


gratuitamente, o EPI adequado ao risco de cada atividade; treinar e orientar os trabalhadores quanto ao
uso correto, guarda e conservação; e tornar obrigatório o uso. Já os trabalhadores têm a responsabilidade
de usar, adequadamente, guardar e conservar os equipamentos fornecidos pelos empregadores.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
147

Capacete com aba


Luva de cobertura
eletricista

Cinto de segurança
Óculos de proteção Bota de tipo paraquedista
segurança

Protetor auricular
Protetor auricular Luvas de borracha
tipo concha
tipo inserção

Figura 88 -  Utilização dos EPIs


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A utilização dos EPI é fundamental para garantir a saúde e a segurança nos ambientes de trabalhado,
evitando assim consequências negativas e graves em casos de acidentes, além de garantir que o traba-
lhador não será acometido de doenças ocupacionais, que poderão comprometer a capacidade de realizar
suas atividades laborais de forma permanente ou temporária.
Analisemos a situação a seguir.

CASOS E RELATOS

Eletricidade! Risco Invisível!


O jovem Sebastião trabalhava há três anos em uma indústria de fabricação de embalagens. Ele era o
mais novo membro de uma equipe de seis experientes eletrotécnicos da empresa, e tinha o sonho
de tornar-se um profissional habilitado tanto quanto os demais.
Certo dia, Sebastião já havia finalizado seu expediente de trabalho, e, na saída, já na portaria da em-
presa, fora chamado para realizar um procedimento numa máquina que parou após uma queda de
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
148

energia, pois o gerador foi acionado e todas as máquinas e equipamentos retornaram a funcionar
normal, exceto a máquina onduladeira de papel.
Sebastião estava acostumado com esse tipo de procedimento e tinha experiência na execução do
serviço. Rapidamente desloucou-se para o setor de produção com o objetivo de sanar o problema,
pois sabia que a parada da máquina traria sérios prejuízos financeiros à empresa.
A preocupação de Sebastião com a rapidez no atendimento, o fato de já ter guardado os seus dispo-
sitivos de segurança e a simplicidade do que seria executado, fizeram-no crer que poderia negligen-
ciar os procedimentos operacionais e as normas de segurança. Assim fez, dirigiu-se até a máquina e
tentando alimentar a energia para funcionamento da mesma, sofreu um choque elétrico e desmaiou.
Os colegas ao observarem a cena acionaram os socorristas da empresa que prestaram os primeiros
atendimentos e, em seguida, encaminhou-o à unidade hospitalar. Chegando lá ele foi submetido a
exames que constataram que o choque provocou lesões nas mãos (queimaduras de segundo grau)
e alterações cardíacas.
Sebastião ficou internado por oito dias, porém só retornou ao trabalho após ficar afastado por qua-
renta e cinco dias para restabelecer sua saúde e capacidade para o trabalho.

No caso citado, podemos perceber que o uso dos equipamentos de proteção individual é necessário
para preservação da vida dos profissionais da área de eletrotécnica. Observamos que se o jovem Sebastião
estivesse utilizando os dispositivos que o protegiam do risco de eletricidade, ele não teria sofrido as sérias
consequências da exposição a este agente.
As vestimentas, os calçados e as luvas utilizadas pelos eletrotécnicos, e por todos os profissionais que
trabalham com o risco da eletricidade, possuem sistema de isolamento, que protegem em situações como
a relatada no caso de Sebastião, por exemplo. Com isso, podemos concluir que caso ele estivesse usando
os EPI não teria sofrido as consequências da exposição, pois o dispositivo iria protegê-lo e minimizar os
efeitos do choque elétrico que ele recebeu.
Além dos EPI, é importante o curso de Segurança em Instalações e Serviços em eletricidade, para pre-
venção dos acidentes, conforme estudaremos a seguir.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
149

9.3 NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

A NR 10 refere-se ao controle dos riscos inerentes às atividades envolvendo eletricidade, e tem como
objetivo orientar e conscientizar profissionais que atuam nestas áreas. Percebemos que com a implantação
desta norma, foi possível organizar melhor as atividades dos profissionais da área, pois possibilitou adotar
medidas de proteção e de execução das atividades, através do planejamento das atividades e controle dos
riscos. Ou seja, foi possível prevenir os acidentes de trabalho e reduzir a adoção de práticas equivocadas
no manuseio de equipamentos elétricos. Essas ações melhoraram de maneira significativa o desempenho
dos profissionais, elevando a qualidade dos serviços prestados e a eficiência nos resultados, aumentando
a segurança dos profissionais e dos processos de trabalho.
Podemos observar que num contexto geral, o cumprimento da NR 10 objetiva prevenir os acidentes
graves e fatais envolvendo equipes e profissionais da área de eletricidade, que em função da gravidade
de um acidente, poderão sofrer danos permanentes que poderão impossibilitá-los de desenvolver suas
atividades em instalações elétricas de baixa, média ou alta tensão.
Como vimos nos capítulos anteriores, a norma determina procedimentos sobre a execução das ativida-
des, os equipamentos de trabalho seguros, as medidas de proteção, os dispositivos de proteção individual
e coletivo, dentre outras medidas que garantirão a segurança dos processos.
A seguir, destacaremos três tópicos da NR 10 referentes aos profissionais eletrotécnicos.
O item 10.2.1 determina que:

Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas pre-


ventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de
análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. (BRASIL, 2004).

O item 10.2.8.1 estabelece que:

Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adota-


das, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimen-
tos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores. (BRASIL, 2004).

Para complementar, o item 10.2.9.1 estabelece que:

Os trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem


tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados eq-
uipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvi-
das, em atendimento ao disposto na NR 06. (BRASIL, 2004).
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
150

A NR 10 determina que os trabalhadores que exercem suas atividades em instalação e serviços que
envolvam a eletricidade, devem possuir treinamento e comprovada capacitação, qualificação, habilitação
e autorização. A capacitação destes profissionais deve contemplar os assuntos estabelecidos pela referida
norma, que são a identificação, reconhecimento e controle dos riscos, técnicas de primeiros socorros e
combate a princípios de incêndios decorrentes da exposição ao risco.
As causas mais comuns dos acidentes fatais são a falta de planejamento e falta de cumprimento dos
procedimentos básicos de segurança. Portanto, ao atender os requisitos aplicáveis e regulamentares da
NR10, os acidentes serão reduzidos. Além disso, devemos pontuar que a norma determina que as empre-
sas também possuam programas de proteção ao profissional e Programa de Prevenção de Riscos Ambien-
tais (PPRA), com objetivo de identificar e controlar os riscos que os trabalhadores estarão expostos.
Outro problema que os profissionais da área da eletrotécnica enfrentam são os ergonômicos, decorren-
tes das posturas e movimentos do corpo durante as atividades.

9.4 NR 17 – Ergonomia

A NR 17 - Ergonomia trata sobre as condições e organização do trabalho, de modo a torná-lo compatível


às condições psicofisiológicas dos trabalhadores. Ou seja, que não exponha os trabalhadores a riscos que
possam desenvolver problemas físicos e psicológicos.
Estudamos nas NR 06 e 10 sobre os dispositivos de segurança para os profissionais que desenvolvem
serviços em eletricidade, e um item que deve ser observado quando nos referimos a essa norma é o con-
forto previsto pela Ergonomia na confecção das vestimentas de segurança, das rotinas e dos processos.
O trabalho desenvolvido por profissionais que atuam na área de sistemas elétricos é caracterizado por
relevantes demandas físicas e mentais. Por isso, a postura em que os trabalhadores desenvolvem suas ta-
refas diárias influencia diretamente na qualidade de vida. O trabalho é o ambiente onde passamos a maior
parte do nosso tempo e onde realizamos várias atividades que exigem esforço e movimentos repetitivos.
Ao analisarmos as atividades destes profissionais, podemos identificar riscos ergonômicos significativos
por ser necessária a adoção de posturas inadequadas, conforme figura a seguir:

Figura 89 -  Postura inadequada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
151

Podemos perceber que a atividade desenvolvida na área de atuação do eletrotécnico exige movimen-
tação inadequada dos membros superiores e inferiores, a exemplo das atividades em altura, transporte de
cargas, entre outras. Podemos citar também as pressões nos atendimentos de emergência e nos horários
e tempo para atendimento, como riscos ergonômicos aos quais estes profissionais estão expostos. Portan-
to, para evitar que os profissionais não sejam submetidos a problemas em consequência dos problemas
citados, é necessário cuidado na movimentação e na postura, para evitar rotações bruscas na estrutura do
músculo esquelético do corpo, e atenção e cautela nas situações de emergência para evitar sobrecargas
psicológicas.
Os atendimentos às emergências ocorrem, em sua maioria, em ambientes que não possuem uma estru-
tura física para proteger o profissional de chuva, sol e ventos. Para o trabalho a céu aberto, os cuidados são
essenciais para o desenvolvimento das atividades. É o que estudaremos no tópico seguinte.

9.5 NR 18 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

São estabelecidas, nesta norma, as diretrizes que a indústria e trabalhadores da construção civil devem
seguir, seja na ordem administrativa, de planejamento e organização.
Sendo como objetivo desta norma adotar medidas de controle e prevenção nas atividades que envol-
vem a construção civil. Seus principais tópicos são:
-- Comunicação prévia antes do início das atividades da obra;
-- Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT. Neste
programa são utilizadas as diretrizes abordadas na norma NR 9, que tem como objetivo a Prevenção
de riscos ambientais;
-- Área de vivência no canteiro de obra, sendo abordadas as principais adequações necessárias para
compor um canteiro como: vestuários, local de refeições, instalações sanitárias, dentre outras;
-- Demolições, a NR 18 aborda diretrizes para realização de demolições, por exemplo: retirada ou pro-
teção das linhas de fornecimentos de energia, água, infláveis e demais situações que apresentem
riscos no processo de demolições.

A norma ainda ressalta variadas diretrizes pertinentes a realização de serviços na construção civil, abor-
dando de forma geral todo o plano fundamental da construção civil.

9.6 NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

A NR 26 tem como objetivo padrões de cores que serão utilizadas em locais de trabalho, com intuito
de sinalização para advertir os trabalhadores acerca dos riscos existentes, tendo como principal objetivo
a prevenção de acidentes. Com intuito de identificar pelas cores os equipamentos de segurança, cana-
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
152

lizações na indústria na condução de gases e líquidos. A NR 26 prevê, ainda, a classificação e rotulagem


preventiva, visando a segurança do produto químico.
As cores adotadas na norma são:
Vermelha: indicada para equipamentos de combate a incêndio e também portas de emergência, ado-
tada também para botões de emergência, sempre na intenção de sinalizar perigo;
Alaranjada: esta cor é adotada para sinalizar as partes móveis dos equipamentos ou dispositivos;
Amarela: assim como no sinal de trânsito, a cor amarela sinaliza situações que necessitam de atenção,
cuidado, sendo aplicada em faixa de circulação e transporte de cargas;
Verde: esta cor é usada para equipamentos ou sinalização que expressem segurança, por exemplo: faixa
de delimitação de área segura, sinalização de portas de entrada, dentre outras;
Azul: empregada para indicar o uso obrigatório de utilização de EPI ou ainda para impedir a energização
de máquina ou equipamentos.

A NR 26, ainda, prevê a utilização de outras cores, por exemplo: púrpura, preta e branca, que você po-
derá consultar no site do MT.

9.7 NR 21 – Trabalho a Céu Aberto

Dentre as atividades desenvolvidas pelos profissionais da área de eletrotécnica, podemos observar que,
em algumas situações, as atividades deverão ser executadas em áreas sem cobertura de uma estrutura físi-
ca, ou seja, ambiente externo. Nestas condições, os trabalhadores ficam expostos às variáveis relacionadas
aos fenômenos da natureza (radiação solar e chuva), à presença e ações de animais, ao trânsito intenso, ao
ambiente público, entre outros.
A NR 21 dispõe sobre os cuidados nas atividades desenvolvidas sem a proteção de uma estrutura física,
indicando medidas que serão adotadas para proteger os trabalhadores das condições atmosféricas, do sol,
da chuva e dos ventos.
Outro ambiente que os profissionais também podem realizar atividades são os espaços confinados.

9.8 NR 33 – Espaço confinado

As atividades em espaços confinados oferecem sérios riscos à vida. Estes ambientes são espaços onde
há insuficiência de oxigênio que podem estar acima ou abaixo do limite suportável para permanência
humana, e possuem saídas e entradas limitadas, como silos, tanques, galerias, tubulações, digestores, etc.
Veja esses espaços na figura a seguir.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
153

Figura 90 -  Espaços confinados


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A NR 33 - Espaço confinado nos mostrará os requisitos que devem ser observados para desenvolver
atividades nos ambientes visualizados na imagem.
Já imaginou adentrar um ambiente onde não haja oxigênio suficiente para sua permanência? Pois bem,
existem ambientes nestas condições. Os profissionais da área de eletrotécnica certamente precisarão atuar
nestes ambientes, seja na instalação de equipamentos, máquinas, instalações elétricas para iluminação,
entre outros.

Um ambiente é considerado com deficiência de oxigênio quando a


CURIOSIDADES concentração do gás no ambiente encontra-se menor do que 20,9% ou
superior a 23%.

A norma estabelece os cuidados essenciais para realização de atividades nos espaços confinados, como
as características dos materiais que deverão ser utilizados, lembrando que estes materiais não devem pro-
duzir faíscas ou centelhas em caso de atritos.

FIQUE Os espaços confinados são ambientes perigosos. Nunca realize atividades sem a pré-
ALERTA via avaliação e autorização da entrada e da execução do serviço.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
154

Outras orientações importantes que essa norma traz referem-se:


a) Às medições para identificar presença de gases explosivos e insuficiência de oxigênio;
b) Aos equipamentos de proteção e práticas seguras para cada atividade a ser realizada;
c) Ao treinamento para os trabalhadores envolvidos nos processos: os vigias, trabalhador autoriza-
do e supervisor.
O vigia é o profissional que acompanhará, na área externa, as atividades que serão desenvolvidas. Ele
deverá se comunicar constantemente com o trabalhador autorizado e realizar o monitoramento do am-
biente para detectar presença de gases explosivos ou tóxicos.
O trabalhador autorizado é o responsável pela execução do serviço e adentrará ao espaço após verificar
se todos os requisitos para sua segurança foram atendidos através da verificação da Permissão de Trabalho
e Entrada (PET).
O supervisor é o responsável pelo preenchimento da Permissão de Trabalho e Entrada (PET).
Alguns espaços confinados possuem também os riscos decorrentes das atividades em altura, como
estudaremos em seguida.

9.9 NR 35 – Trabalho em Altura

Trabalhar em altura exige cuidado e bastante atenção. Nestas condições, imprevistos e acidentes po-
dem acontecer causando sequelas graves ou fatais.
Antes de iniciar o trabalho, os profissionais devem verificar as atividades que serão desenvolvidas, as
condições do ambiente de trabalho e possíveis ocorrências que podem impossibilitar ou prejudicar o an-
damento do processo de trabalho, como chuva, ventanias ou alterações na saúde, como hipertensão, dis-
túrbios gastrointestinais, entre outros estabelecidos pela norma.
É considerado trabalho em altura, conforme NR 35, as atividades desenvolvidas acima de dois metros,
onde haja risco de queda com consequências graves ou fatais. A norma também dispõe sobre os cuidados
e procedimentos que devem ser adotados, que são o planejamento dos serviços que serão executados, os
equipamentos que serão utilizados e o treinamento para os trabalhadores envolvidos.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
155

Figura 91 -  Trabalho em altura


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2008.

Toda empresa brasileira é obrigada a cumprir os requisitos estabelecidos pelas normas regulamenta-
doras estudadas neste capítulo. Elas trazem especificações sobre o planejamento, os procedimentos e as
medidas de proteção a todos os envolvidos direta ou indiretamente nas atividades elétricas. Todas as em-
presas e os trabalhadores que desenvolvem este tipo de atividade devem atender às Normas Regulamen-
tadoras, e principalmente aos requisitos estabelecidos da NR 10.
O conhecimento das recomendações estabelecidas pelas normas e o cumprimento dos requisitos le-
gais garantirão o bom desempenho nas atividades realizadas. O planejamento dos serviços e a adoção de
boas práticas seguras melhoram a imagem da empresa e posicionam o profissional no mercado.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
156

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu as condições mínimas estabelecidas pelas normas, para que um ser-
viço envolvendo eletricidade seja realizado de forma planejada e segura.
As normas regulamentadoras possuem características prevencionistas, que orientam às empresas e
aos seus colaboradores ações que devem ser adotadas com o objetivo de prevenir acidentes, doen-
ças e danos materiais às empresas.
Vimos que referente aos equipamentos em geral, seja de trabalho, de proteção à saúde e segurança,
combate a incêndios ou primeiros socorros, a norma determina que as empresas sempre os man-
tenha em boas condições de uso e adequados a cada tipo de situação que será enfrentada. Além
de possuir uma equipe treinada e preparada para atender caso haja necessidade numa situação de
emergência.
Aprendemos sobre a importância do cumprimento das normas e o quanto as orientações contidas
nelas são de extrema importância para garantir a saúde e segurança dos trabalhadores na execução
das suas atividades laborais.
9 Regulamentação do Ministério do Trabalho
157
Segurança do trabalho

10

O acidente de trabalho decorrente da exposição aos riscos envolvendo atividades com


eletricidade são sempre ocorrências graves, causando lesões graves e podendo chegar a ser
fatais. Podemos afirmar que no exercício de qualquer profissão sempre há riscos inerentes às
suas atividades, podendo expor os envolvidos direta e indiretamente ao risco de acidente.

Figura 92 -  Segurança nas atividades do eletrotécnico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2017.

Neste capítulo, veremos que a Saúde e Segurança no Trabalho envolvem técnicas e ações
conjuntas que se adotadas pelos envolvidos nas atividades laborais, através de planejamentos,
procedimentos e organização de trabalho, poderão evitar ou minimizar os acidentes de tra-
balho. Especialmente aqueles da área de atuação da eletrotécnica, protegendo a integridade
física e melhorando a capacidade de trabalho dos profissionais.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
160

10.1 Organização do local de trabalho

Investir em segurança é necessário e traz muitos benefícios para empregado e empregador. Melhora a
relação entre eles, pois um ambiente de trabalho seguro e organizado proporciona bem-estar e confian-
ça, o que é refletido nos resultados e imagem da empresa e evita custos desnecessários com acidentes e
os impactos negativos provocados por eles, como atraso na produção, processos judiciais trabalhistas e
indenizações. Para prevenir estas consequências, as empresas devem possuir uma boa gestão dos riscos
existentes nos seus ambientes laborais.
Os riscos são resultantes de condições ou comportamentos que, quando não administrados, causam
doenças ou acidentes. Estes riscos são classificados em físicos, químicos biológicos, ergonômicos e de aci-
dentes, conforme o quadro a seguir.

GRUPO 1: GRUPO 2: GRUPO 3: GRUPO 4: GRUPO 4:


RISCOS FÍSICOS RISCOS QUÍMICOS RISCOS BIOLÓGICOS RISCOS ERGONÔMICOS RISCOS ACIDENTES

Arranjo físico
Ruídos Poeira Vírus Esforço físico intenso
inadequado

Exigência de postura
Vibrações Fumos Bactérias inadequada (local de Piso escorregadio
trabalho inadequado).

Levantamento e Máquinas e
Radiações ionizantes
Névoas Protozoários transporte manual de equipamentos sem
(raio X, alfa gama)
peso proteção

Temperaturas extremas: Ferramentas


fio, calor, pressões Neblinas Fungos Postura inadequada inadequadas ou
anormais, umidade. defeituosas

Controle rígido de
- Gases Parasitas Iluminação inadequada
produtividade

Imposição de ritmos
- Vapores Bacilos excessivos de trabalho Eletricidade
em turno diurno e
noturno

Substâncias, compostos
Jornada de trabalho Probabilidade de
- ou produtos químicos Sangue
prolongada incêndio ou explosão
em geral.

Monotonia e Armazenamento
- - -
repetitividade inadequado

Outras situações de
risco que poderão
contribuir para a
Outras situações ocorrência de acidentes
- - - causadoras de stress
físico e/ou psíquico Outras situações de
risco que poderão
contribuir para a
ocorrência de acidentes

Quadro 8 - Classificação dos agentes de riscos


Fonte: BRASIL, 1978. (Adaptado).

Você deve conhecer relatos de pessoas que constantemente realizam procedimentos de forma inade-
quada, permitindo assim a exposição aos agentes ambientais de riscos. Tal exposição pode resultar em
10 Segurança do trabalho
161

acidente provocando lesões ou até morte. A identificação e, consequentemente, o controle destes riscos
são essenciais para prevenir a exposição do trabalhador.

FIQUE Os acidentes com eletricidade são, geralmente, graves ou fatais e, por isso, podem e
devem ser evitados. Seja profissional, obedeça aos procedimentos de segurança no
ALERTA trabalho e aja com cautela!

A organização do trabalho só é possível através do gerenciamento dos riscos presentes e da adoção de


medidas de controle adequados à natureza de cada um deles. O gerenciamento dos agentes de riscos é
possível através da adoção de medidas de prevenção estabelecidas pelas Normas Regulamentadoras que
estabelecem requisitos mínimos que devem ser praticados tanto pela empresa, quanto pelo trabalhador.
O profissional envolvido nas atividades com eletricidade deve seguir os procedimentos aprendidos ao
estudarmos sobre rotinas de trabalho. Essa rotina envolve a elaboração dos documentos necessários às
atividades que serão realizadas, sendo alguns deles:
a) As Ordens de Serviço;
b) Ordem de Manutenção;
c) Análise Preliminar de Riscos (APR) e os Procedimentos Operacionais (POP).
A elaboração desses documentos é de extrema importância para que o trabalhador desenvolva suas
atividades em um ambiente saudável e seguro, melhorando assim o desempenho da empresa.

10.2 Organização dos dados e informações coletadas

No início deste capítulo, vimos que os acidentes envolvendo eletricidade são ocorrências graves, desta
forma, podemos perceber o quanto é importante o gerenciamento dos riscos para evitar a incidência dos
acidentes de trabalho que acontecem com os profissionais desta área de atuação. Por isso, é preciso identi-
ficar estes riscos através da observação de todos os elementos e circunstâncias que favorecem a ocorrência
dos acidentes.
O procedimento de observação dos riscos é de extrema importância, e, portanto, obrigatório e essencial
nas atividades desenvolvidas pelos profissionais da área de eletrotécnica, como montagem e manutenção
de linhas de transmissão de energia elétrica. Após a observação, é necessário realizar a organização dos
dados e das informações coletadas e registradas. Esse registro será utilizado no planejamento das ativida-
des com o objetivo de identificar todos os riscos que existem ou possam existir no local onde as atividades
serão executadas, como também servem para prever os riscos inerentes à função do profissional da área.
Na elaboração da APR e OS, por exemplo, além das atividades que serão desenvolvidas e dos riscos pre-
sentes, as medidas de eliminação para cada risco identificado devem ser priorizadas, caso sejam possíveis
de serem realizadas. Não sendo, deve-se atender aos requisitos que estabelecem as medidas de controle
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
162

do risco na fonte, ou seja, administrar o risco para que o trabalhador não tenha nenhum tipo de exposição,
isso pode ser feito através das medidas de segurança que serão estudadas neste capítulo.
Após a finalização dos serviços, as informações contidas nos documentos deverão ser divulgadas para
que os profissionais envolvidos na atividade tomem conhecimento dos procedimentos de segurança a
serem observados e obedecidos para gerenciamento dos riscos existentes no processo e identificados no
documento.
O cumprimento dos procedimentos e das medidas de prevenção e controle dos riscos contidos no
planejamento das atividades garantirá a segurança de todos os envolvidos, evitando assim os acidentes
de origem elétrica.

10.3 Procedimentos de segurança

Podemos definir as possíveis causas dos acidentes através do estudo do fator pessoal de insegurança
que motivou e das condições ambientais de insegurança.
O fator pessoal de insegurança é a causa relacionada ao comportamento humano que ocasionou o
acidente. Enquanto as causas relativas às condições ambientais de insegurança referem-se aos meios em
que o acidente foi gerado.
Veja, a seguir, algumas situações que ilustram algumas condições e comportamentos inseguros.
Você deve conhecer pessoas que constantemente utilizam vários equipamentos em uma só tomada
como ilustra a figura a seguir. Este comportamento pode gerar o aquecimento dos equipamentos que
estão ligados na tomada e provocar incêndio. Imagine também que próximo a essa situação possa existir
materiais inflamáveis, facilitando assim a propagação das chamas. Nesse cenário, temos as duas situações,
tanto o comportamento inseguro por conta da sobrecarga da tomada, como também a condição insegura,
visto que a tomada está próxima a materiais inflamáveis.

Figura 93 -  Tomada sobrecarregada


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe, a seguir, uma situação baseada no exemplo da tomada que analisamos.


10 Segurança do trabalho
163

CASOS E RELATOS

Incêndio destrói escritório em Maringá


Numa tarde de sexta-feira, o bombeiro da cidade de Maringá foi acionado para atender uma ocor-
rência registrada no escritório da empresa Casa Bela.
A secretária, Francisca da Silva, estava no setor de produção recolhendo assinaturas dos funcionários
no momento em que o incêndio começou.
A fumaça se espalhou rapidamente provocando pânico e desespero nos trabalhadores e população
vizinha.
Após apagar o fogo, os bombeiros iniciaram o rescaldo e a investigação das causas que motivaram
o incêndio. Ficou constatado que as chamas começaram após uma tomada sobrecarregada esquen-
tar e queimar pilhas de papéis que estavam próximas. O fogo se espalhou rapidamente, pois havia
muito material combustível no local: piso, mesas, armários e cadeiras de madeira, assentos de tecido
e espuma e papéis.

Um ambiente de trabalho seguro só é possível através do controle e prevenção do contato dos riscos
com tensões e correntes elétricas. Além de evitar choques, o ambiente seguro reduz também possibilida-
des de incêndios, queimaduras e quedas.
A legislação de Saúde e Segurança que existe no Brasil assegura, através do cumprimento das suas dire-
trizes, a obtenção de condições favoráveis e seguras para realização das atividades que envolvem a eletri-
cidade, caso sejam atendidos os seguintes critérios, que devem ser adotados por profissionais autorizados
para realização dos procedimentos de trabalho.
a) Fazer bloqueio e identificação dos circuitos e máquinas;
b) Não sobrecarregar a fiação;
c) Realizar procedimentos conforme especificação correta de condutores;
d) Tratar todos os condutores, inclusive os desenergizados, como se estivessem energizados até
que sejam realizados bloqueio e identificação;
e) Observar se os circuitos estão desenergizados, realizando testes antes de começar a trabalhar.

Entenda o que significa o profissional ser autorizado. Conforme a NR10, são considera-
SAIBA dos autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habili-
MAIS tados, com aprovação formal da empresa. Acesse a norma NR10 através do site oficial
do Ministério do Trabalho e aprenda mais sobre esse assunto.
SEGURANÇA EM ELETRICIDADE
164

Conhecer as causas que provocam os acidentes elétricos e as consequências que podem acontecer é o
ponto de partida para se trabalhar com prevenção. E uma das ações indispensáveis para a prevenção no
trabalho com eletricidade é a desenergização, que é o conjunto de ações sequenciadas, coordenadas e
controladas, com objetivo de manter ausência de tensão no circuito, trecho ou ponto de trabalho durante
todo o tempo em atividades de intervenção, garantindo a segurança dos trabalhadores envolvidos.

A NR-10, no item 10.2.8.2ª, considera a desenergização uma medida de


proteção coletiva prioritária, pois permite controlar o risco elétrico e ga-
CURIOSIDADES rantir a segurança e a saúde do trabalhador.
(Fonte: BRASIL, 2004).

As instalações elétricas são consideradas desenergizadas quando são liberadas para realização do tra-
balho, através dos seguintes procedimentos:
a) Seccionamento que interrompe o fornecimento de energia através do isolamento adequado;
b) Impedimentos de reenergização que impossibilitam a reenergização do circuito ou equipamen-
to desenergizado, garantindo ao trabalhador o controle do seccionamento. Esses impedimentos
são realizados com travamentos mecânicos por meio de fechaduras, cadeados e dispositivos ou
com sistemas informatizados;
c) Constatação da ausência de tensão nos condutores do circuito elétrico. Essa verificação é feita
utilizando detectores de tensão, que são equipamentos que verificam a presença de tensão elé-
trica. Os detectores devem ser testados antes e após a verificação, que podem ser realizadas por
contato ou por aproximação, conforme especificação das normas.
Durante o estudo nesse capítulo e em todo esse livro didático, pudemos observar que a capacitação e
o aprendizado são fundamentais para o futuro do profissional.
As atividades realizadas na área de eletrotécnica estão presentes em todos os processos desenvolvidos
nas empresas, e fazê-las obedecendo aos procedimentos de segurança e saúde do trabalhador garantirão
aos profissionais sua inserção e permanência no mercado do trabalho.
Esse período de estudo certamente foi marcado por aprendizados que levaremos para nossa vida!
10 Segurança do trabalho
165

RECAPITULANDO

Nos serviços desenvolvidos em instalações elétricas, devem ser previstas e adotadas, prioritariamen-
te, as medidas de segurança que eliminem o risco na fonte, através da desenergização do equipa-
mento, conforme a NR 10.
Investir em segurança e atender às normas que estabelecem os requisitos mínimos previstos na
legislação de saúde e segurança existentes no Brasil garantem a preservação da vida e promoção da
saúde do trabalhador.
A organização do trabalho se dá através do gerenciamento das rotinas e dos riscos presentes nas
atividades desenvolvidas pelos profissionais envolvidos direta e indiretamente no serviço a ser exe-
cutado.
As ordens de serviço e de manutenção e a análise preliminar de riscos são documentos importantes
para organização do trabalho, pois detalham e informam para o trabalhador o serviço a ser executa-
do, os riscos presentes e as medidas de proteção adequadas a cada um deles. A elaboração desses
documentos é essencial para que o trabalho seja desenvolvido em um ambiente seguro.
Um ambiente seguro só é possível se houver controle do contato com tensões e correntes elétricas,
evitando, assim, choques, queimaduras, quedas, incêndios, etc.
REFERÊNCIAS

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commons.wikimedia.org/wiki/File:Utility_worker_4460.jpg>. Acesso em: 23 mar. 2008.
MINICURRÍCULO DOs AUTORes

JACINEIDE SANTOS MOTTA


Jacineide Santos Motta é técnica de segurança do trabalho, Pós-graduada em Enfermagem do
Trabalho pela Faculdade de Tecnologia e Ciência FTC, Graduada em Engenharia de Produção,
Faculdade Pitágoras em Feira de Santana - BA, assistente técnica em perícias judiciais trabalhistas,
instrutora de ensino do SENAI e CETEB, consultora de Saúde e Segurança do Trabalho em empre-
sas de Feira de Santana e região, na elaboração de documentos, treinamentos, palestras e cursos.

PEDRO RAIMUNDO SOARES DA CONCEIÇÃO


Pedro Raimundo Soares da Conceição é técnico em eletrotécnica e possui curso superior na área
de Ciências sociais e aplicadas pela Universidade estadual de Feira de Santana (UEFS). É responsá-
vel pela elaboração do material didático dos cursos da área elétrica, no SENAI DR BA, foi avaliador
na Olimpíada do conhecimento 2012, 2014, 2016, é professor no SENAI nas áreas de Eletrotéc-
nica, Automação, Eletrônica, Máquinas elétricas, Comandos elétricos, Bobinagem, Eletricidade
predial, Eletricidade industrial e Segurança em NR10, responsável pela implantação do curso de
NR10 básico e NR10 SEP na unidade do SENAI DR BA, unidade de Feira de Santana, 2007.
Índice

A
áreas transversais 27
ar ionizado 32
atmosfera agressiva 41

B
Baipassar 48

C
centelha 30

D
demissão por justa causa 84
doenças ocupacionais 105

E
efeito Joule 20

I
ignição 41
impedância 77
Impedimento de reenergização 59
indução magnética 46

M
malha de aterramento 74

N
nodo sinoatrial 21

P
partículas volantes 95
ponto de ancoragem 92
PVC 65, 68

S
seccionamento 33
subestações 33

T
tensão de segurança 84
tetanização 18, 19
trabalho a quente 107
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Jacineide Santos Motta


Pedro Raimundo Soares
Elaboração

Edeilson Brito Santos


Revisão Técnica

Edeilson Brito Santos


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Geovana Cardoso Fagundes Rocha


Design Educacional
Daniela Cunha de Santana
Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Leonardo Silveira
Vinicius Vidal da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Renata Oliveira de Souza CRB - 5 / 1716


Normalização - Ficha Catalográfica

Daiane Amancio
Revisão de Diagramação e Padronização

Edeilson Brito Santos


Flávio Roberto Chiapetti
Stuart Volkert
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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