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VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7

CC 63

Artefatos históricos: integrando saberes na formação docente

Rosalba Lopes de Oliveira


PPGEd/UFRN
lrosalba@ufrnet.br
Bernadete Barbosa Morey
bernadetemorey@gmail.com

Resumo

No estudo das antigas civilizações nos deparamos com objetos que fornecem informações sobre os acontecimentos
e transformações ocorridas ao longo de toda a história da humanidade. Apresentam valores e símbolos criados pelo
homem num determinado espaço e tempo da história, e são dotados de significados dentro de um contexto cultural e
social. Esses objetos são denominados de artefatos. O propósito desse texto é apresentar a atividade de ensino
desenvolvida com alunos do Curso Normal Superior do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy
(IFESP), Natal/RN, utilizando artefatos históricos como elemento de articulação e integração de saberes entre as
diferentes áreas do conhecimento. O conteúdo da atividade se refere ao estudo dos Sistemas de Numeração, em
especial, ao Sistema de Numeração Egípcio, que faz parte da ementa da disciplina Matemática I, que compõe a
matriz curricular do referido curso. O Curso Normal Superior, do IFESP, que tem como objetivo formar professores
para atuar na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Como os artefatos históricos contribuem
com a formação de professores que atuam nestes níveis de ensino? Esta foi a questão que norteou o trabalho
desenvolvido com alunos do 2º período do Curso Normal Superior. A atividade desenvolvida propiciou momentos
de manuseio, observação e interpretação de artefatos históricos, permitindo que o aluno realizasse inferências,
buscasse informações e ampliasse seus conhecimentos acerca dos aspectos gerais e matemáticos da civilização
egípcia. O artefato como elemento de mediação entre as áreas do conhecimento propicia o desenvolvimento de
competências essenciais na atuação do professor, uma vez que a partir dele, aprende-se a realizar pesquisa;
desenvolver a criatividade, quando lhe é solicitado a re-criação de outro artefato; a análise, leitura e interpretação de
documentos, imagens e outros documentos históricos; a curiosidade para buscar mais elementos sobre o tema
estudado e, conseqüentemente, a capacidade de elaboração de atividades de ensino que propiciem aprendizagens
significativas Os artefatos históricos, utilizados na atividade descrita, provavelmente, contribuíram com a formação
desses alunos, uma vez que proporcionaram à ampliação dos conhecimentos gerais e matemáticos desta civilização
e o estabelecimento de elos de integração entre as diversas áreas do saber, propiciando uma formação mais ampla e
o aperfeiçoamento dos aspectos relacionados ao saber, ao saber-fazer e ao saber-ser.

Palavras-Chave: Artefatos Históricos. Formação Docente. Ensino de Matemática.

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ISBN – 978-85-7691-081-7
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Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7

Artefatos históricos: integrando saberes na formação docente

Rosalba Lopes de Oliveira


Doutoranda do PPGEd-UFRN
lrosalba@ufrnet.br
Bernadete Barbosa Morey
(Orientadora)

Introdução

No estudo das antigas civilizações nos deparamos com objetos que fornecem informações sobre os
acontecimentos e transformações ocorridas ao longo de toda a história da humanidade. Apresentam
valores e símbolos criados pelo homem num determinado espaço e tempo da história, e são dotados de
significados dentro de um contexto cultural e social. Esses objetos são denominados de artefatos. São
considerados também artefatos, documentos escritos como: cópias de papiros, cópias de tábua de
multiplicação dos babilônios; réplicas de tabletes de argila, fotos, imagens, textos de livros de História da
Matemática, de livros didáticos das disciplinas História e Matemática, revistas, enciclopédias e outros
documentos históricos.
Este texto trata-se de um recorte da minha pesquisa de doutorado do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O propósito é apresentar a
atividade de ensino desenvolvida com alunos do Curso Normal Superior do Instituto de Educação
Superior Presidente Kennedy (IFESP), Natal/RN, utilizando artefatos históricos como elemento de
articulação e integração de saberes entre as diferentes áreas do conhecimento. O conteúdo da atividade se
refere ao estudo dos Sistemas de Numeração, em especial, ao Sistema de Numeração Egípcio, que faz
parte da ementa da disciplina Matemática I, pertencente à matriz curricular do referido curso. O Curso
Normal Superior, do IFESP, que tem como objetivo formar professores para atuar na Educação Infantil e
anos iniciais do Ensino Fundamental.
A atividade foi realizada com alunos do 2º período do Curso Normal Superior. e propiciou,
momentos de manuseio, observação e interpretação de artefatos históricos, que serviram como elementos
de mediação na construção de outros saberes, tendo em vista que permitiu que o aluno realizasse
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inferências, buscasse informações e ampliasse seus conhecimentos acerca dos aspectos gerais e
matemáticos da civilização egípcia. Foram usados nas atividades: fotografias, imagens, réplicas do Papiro
de Rhind, fotografias do Olho de Hórus, livros didáticos de História e Matemática, Enciclopédias, revistas
e outros textos escritos relacionados a essa civilização.
O texto foi organizado em três partes. Na primeira, nos detivemos sobre o significado do artefato e
o seu papel na formação de professores. Na segunda descreveremos a atividade desenvolvida na sala de
aula do Curso Normal Superior que teve como enfoque a Civilização Egípcia. Finalmente, teceremos
considerações acerca do trabalho desenvolvido apresentando alguns resultados da ação realizada.

ARTEFATOS: Objeto de mediação na formação docente


As variedades de informações contidas em diferentes fontes arqueológicas passaram a influenciar,
nas pesquisas históricas, fornecendo uma grande quantidade de informações sobre o funcionamento e as
transformações das sociedades ao longo do tempo. No estudo das civilizações antigas, nos deparamos com
objetos que representam valores simbólicos criados pelo homem num determinado espaço e tempo da
história, e que, portanto, são dotados de significados dentro de um contexto cultural e social. Esses objetos
são denominados de artefatos.
Para entender o papel dos artefatos no trabalho do professor fomos buscar no livro Arqueologia de
Pedro Paulo Funari (2003), que esclarece que a possibilidade de interpretação e compreensão de um
objeto de estudo se dar,

[...] pelo fato dos artefatos serem produto do trabalho humano, e, portanto, apresentarem
necessariamente duas facetas: terem uma função primária (uma utilidade prática) e
funções secundárias (simbólicas). [...] Artefatos, por outro lado, não é apenas um
indicador de relações sociais, mas, enquanto parte da cultura material, atua como
direcionador e mediador das atividades humanas. (FUNARI, 2003, p.33)

Com esse entendimento, podemos inferir que os artefatos buscam determinar comportamentos
específicos das pessoas no cerne de uma sociedade, a vida cotidiana das civilizações e a relação de poder e
prestígio exercido pelos os indivíduos no seu contexto social. Para Pinsky et al. (2006, p. 84) “[...] se
voltarmos aos historiadores antigos, Heródoto, Tucídides ou Salústio, nós perceberemos que para eles, a
História se faz com testemunhos, com objetos, com paisagens, não necessariamente com documento
escritos”. D’Ambrósio (1996) enfatiza que:

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Nosso objetivo é entender o homem como fato nessa realidade de artefatos e mentefatos
por ele próprio acrescentados e suprimidos, entender o homem como quase-criador, mas,
de perceber e manejar, e portanto, de modificar a realidade na qual ele se insere. A partir
do individuo como fato concebido de uma realidade nós procuramos compreender o
significado dos artefatos e mentafatos por ele mesmo concebidos e criados, e por ele,
agora integrado numa coletividade, transformados em fatos culturais. (D’AMBRÓSIO
1996, p.39)

Na dinâmica da construção do conhecimento matemático, provavelmente, foram necessários a


exploração ou reconstrução de alguns artefatos que permitiram uma nova forma de conhecer e explicar a
construção histórica desse conhecimento. Pensando assim, no nosso trabalho de pesquisa denominamos de
artefatos, como um conjunto de objetos, documentos escritos, imagens, fotografias e outros materiais que
dão sentido as ações do homem no passado e que representam o dito e o feito na história da humanidade.
São objetos que estejam ligados direta ou indiretamente à história das civilizações antigas, que possam ser
manuseados, que permitam buscar informações sobre as sociedades e a realização de inferências sobre
estes, de modo a ampliar o conhecimento do professor. Esses objetos podem ser considerados documentos
escritos (cópias de papiros, cópias de tábua de multiplicação dos babilônios), réplicas de tabletes de argila,
fotografias, imagens, textos de livros de História da Matemática, de livros didáticos das disciplinas
História e Matemática, revistas, enciclopédias entre outros documentos.
Entendemos que as fotografias, as imagens, as réplicas são objetos que têm a capacidade de
fomentar modelos de vida, de abstração das diferenças existentes nos ambientes, bem como elementos
desencadeadores de memórias e de histórias, que possibilitam a reconstrução da cultura de um
determinado período histórico.
Sobre o manuseio de objetos históricos defendemos a idéia que este exercício permite uma imersão
na cultura das antigas civilizações produzindo conhecimentos sobre aspectos até então desconhecido pelo
aluno, trazendo também, a possibilidades de conhecimentos das práticas culturais presentes no cotidiano
dessas civilizações, além de interrogações sobre a construção desses conhecimentos. O agir sobre os
objetos provoca uma nova forma de aprender diferente daquela em que o aluno ouve falar sobre
determinado artefato antigo.
No exercício do manuseio o aluno será capaz de lançar hipóteses, inferir sobre determinados
aspectos, observar detalhes até então não observados e mergulhar na cultura da civilização que o

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representa. Dessa forma, temos condições de pensar num trabalho interdisciplinar que conduzam a termos
atitudes de ver as coisas integradas, e ao mesmo tempo observar as suas especificidades.
Estes dois elementos (artefatos e manuseio) que serão incorporados nas atividades que elaboramos
fazem-nos conceber outra visão na Formação de Professores para a Educação Infantil e anos iniciais do
Ensino Fundamental. Nesta formação, devemos privilegiar a participação ativa do professor na construção
do seu conhecimento, refletindo sobre a ação que está sendo realizada e buscando alternativas
metodológicas para explorar os conteúdos matemáticos em sala de aula. Os artefatos e o seu manuseio,
provavelmente, vão promover reflexões e estímulos para que os professores possam criar seus próprios
artefatos, como também oferecer pistas de articulação com outras áreas do conhecimento.
Por meio do manuseio de objetos antigos o professor mergulha na ação de descobrir e prosseguir
numa viagem ao passado, na tentativa de entender o contexto cultural que os geraram, constituindo uma
importante fonte para criar novas formas de abordar a evolução do conhecimento matemático. Para
Lorenzato (2006) é conveniente que o professor perceba que:

Ao longo dos milênios, o ritmo de construção da matemática não foi sempre o mesmo. É
interessante, principalmente para nós professores, observar que aquilo que os
matemáticos demoraram em descobrir, inventar ou aceitar, são os mesmos pontos em que
os nossos alunos apresentam dificuldades de aprendizagem. Essa coincidência entre os
obstáculos cognitivos históricos e os pontos de maior dificuldade de aprendizagem em
sala de aula é reconhecida por muitos pensadores, matemáticos ou educadores de renome,
(...) Constitui-se em uma importante questão didática para todos os responsáveis pelo
ensino da matemática. (LORENZATO, 2006, p.107)

Ao professor compete despertar, no aluno, a vontade de aprender e, no nosso caso, aprender


matemática, que poderá ser feito se o professor pensar na matemática como um objeto de estudo em
movimento, interligado com os diferentes saberes e que sua aprendizagem ocorre na ação do aluno com
esse objeto, por meio de experimentação, de descoberta, de atividades lúdicas e outras.
Nesse sentido, Lorenzato (2006) esclarece ainda, que:

[...] a experimentação pode ser concebida como ação sobre objetos (manipulação), com
valorização da observação, comparação, montagem, decomposição, (separação),
distribuição. Mas, a importância da experimentação reside no poder que ela tem de
conseguir provocar raciocínio, reflexão, construção de conhecimento. (LORENZATO,
2006, p.72)

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Compreendemos que o ensino de matemática tem negligenciado sobre este aspecto de fazer o
aluno pensar, talvez porque o ato de ensinar, para o professor, ainda está baseado na transmissão do
conhecimento para um ser passivo que recebe esse saber sem contestação. Quando é dado ao professor o
espaço para descobrir regularidades, experimentar caminhos, pesquisar, inferir, refletir sobre suas
observações, estamos oportunizando momentos de reconstrução do conhecimento e de elevação da sua
auto-estima, uma vez que se sente capaz de realizar estudos relevantes para sua atuação docente e o seu
crescimento enquanto cidadão.
A utilização de artefatos, como fio condutor das atividades de ensino que desenvolvemos, tem
como respaldo as idéias de Marta Kohl de Oliveira (1993) quando busca o conceito de mediação
elaborado por Vygotsky:

Mediação, em termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento


intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada
por esse elemento. [...] Vygotsky trabalha, então, com a noção de que a relação do
homem com o mundo não é uma relação direta, mas, fundamentalmente, uma relação
mediada. (OLIVEIRA 1993, p.26-27)

Para Vygotsky citado por Oliveira (1993), existem dois tipos de elementos mediadores que são os
instrumentos e os signos. “O instrumento é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu
trabalho, ampliando as possibilidades de transformação da natureza” (OLIVEIRA, 1993, p.29), enquanto
que “signos podem ser definidos como elementos que representam ou expressam outros objetos, eventos,
situações”. (p.30)
No nosso trabalho vamos utilizar artefato associado à idéia de signo compreendido como
instrumento que auxilia na compreensão de fatos históricos, no armazenamento de informações que serão
utilizadas em outras situações. Os signos são elementos que permitem estabelecer relação entre o objeto e
a sua representação. Dessa forma, quando o indivíduo é capaz de lidar com símbolos que substituem o
objeto real, ele é capaz de libertar do espaço e do tempo presentes para imaginar, criar e estabelecer
relações entre os signos anteriores e os utilizados atualmente.
A História da Matemática (HM) nos apresenta uma gama de artefatos históricos que, certamente,
vão contribuir na formação de professores no que se refere à compreensão e ampliação do conhecimento
matemático construído ao longo de Humanidade. Por meio dos documentos históricos podemos pensar

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num projeto de formação de professores que vai além da parte específica do conhecimento matemático. A
HM permite estabelecer elos de integração entre diferentes saberes, propiciando uma formação mais
ampla tanto em nível de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, que contribui para uma
concepção de formação em que o professor aperfeiçoa o seu saber, o saber-fazer e saber-ser.
As razões que nos fez utilizar artefatos históricos, se assenta no fato de acreditar que no processo
de ensino e aprendizagem, desenvolvido de forma mais significativa, é necessário ter como ponto de
partida um componente motivador que funcione como orientação na construção do conhecimento. Sobre
isso, Miguel enfatiza que esses elementos motivadores são como “[...] um ponto de referência
emblemático que conferisse um sentido, ainda que inicialmente difuso e misterioso, à trajetória obscura a
ser percorrida pelo estudante em seu processo de busca” (MIGUEL, 2005, p.135). Por isso, foi preciso
uma seleção cuidadosa desses componentes motivadores, que permitiram um conhecimento mais
ampliado do tema em estudo.
Nas atividades que elaboramos, procuramos apresentar as mais variadas imagens, fotografias,
documentos e outros artefatos históricos, no intuito de possibilitar, ao professor em formação, a
oportunidade de redimensionar a sua visão acerca das civilizações em estudo, bem como, a possibilidade
de desenvolver competências e habilidades necessárias as ações docentes.
Tais competências serão direcionadas à mobilização de conhecimentos para a leitura e
compreensão de textos, fotografias e imagens; a utilização da língua materna na produção de textos, no
agir como arqueólogo diante de artefatos históricos; na sistematização da pesquisa; na busca de espaços de
aprendizagens (internet, livros, revistas e outros) e, principalmente, na possibilidade de criação, que
propicia a sensação de ser capaz de produzir conhecimento.

A Civilização Egípcia: um passeio na história

Foram vários dias de pesquisa e preparação para desenvolver esta atividade. Selecionados os
artefatos: fotografias, imagens, textos, livros didáticos de história e coleções que retratam a civilização
egípcia, passamos a pensar como seria a organização da sala para que pudesse fica bem atrativa e
convidativa para o alcance dos objetivos da atividade.
Definido o espaço em que seria o ambiente propicio para o desenvolvimento da atividade,
começamos a organizar a sala de aula: colamos papéis na parede para expor as fotografias e imagens,
expomos mapas, organizamos um espaço com livros e revistas e distribuímos as carteiras no espaço da
sala de aula de modo que facilitasse o passeio histórico que os alunos iriam fazer, bem como o
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planejamento para a exposição oral que seria feita no multimídia. Providenciamos recursos para filmagem
e fotografia da aula, com o objetivo de registrar o espaço e o desenvolvimento das atividades.
Tudo organizado chegou o momento de iniciar a aula. Primeiro, apresentamos o tema e objetivos
da aula, falamos do trabalho de pesquisa que estava desenvolvendo (já tinha falado antes com a turma
sobre a pesquisa) e colocamos no quadro a pauta com os pontos que seriam abordados. Começamos a
atividade fazendo alguns questionamentos sobre a civilização egípcia: Quando você houve a palavra
EGITO de que vocês se lembram? Vários alunos disseram que o Egito lembra: Pirâmides, Rio Nilo,
deserto; camelos; múmia, oásis, domador de serpente, Faraós, entre outros.
O que vocês sabem sobre o Egito? Já estudaram sobre essa civilização? Quando? Leram
algum livro sobre o Egito? Sobre o estudo desse tema, falaram que viram alguma coisa no “ginásio” há
muito tempo atrás. Não se lembram de nenhum aspecto relacionado a essa civilização.
Assistiram algum filme relacionado a essa civilização? Quais? Quanto aos filmes destacaram:
Cleópatra, Moisés, José, Os dez Mandamentos, A Múmia, o retorno da Múmia e o Escorpião Rei.
Questionamos também, sobre o período de formação da civilização e apenas um aluno falou que foi a
5.000 a.C.. Após essas discussões fizemos a leitura do texto introdutório, contido na atividade, convidando
a todos para conhecer aspectos gerais da civilização egípcia.
Passamos a realizar uma exposição oral, por meio de slides, sobre a civilização destacando a
formação da sociedade, seus limites geográficos, a religião, a economia, as ciências, a escrita além de
alguns artefatos utilizados pelos egípcios no desenvolvimento da sociedade (modelo de papiro, o alfabeto,
instrumentos de medição, entre outros). Nesta apresentação observamos a grande atenção e interesse que
os alunos demonstraram.
Após essa exposição convidamos os alunos a realizarem um passeio na história dessa civilização,
através das imagens, fotografias e referencias bibliográficas disponíveis na sala. Esse foi considerado o
momento mais significativo da aula, pois os alunos paravam nas imagens, liam, questionavam, chamava
os colegas para ver alguns aspectos considerados relevantes. Houve questionamentos sobre como
poderiam conseguir esses materiais, se podíamos emprestar para dar aula no estágio, se poderiam realizar
esse trabalho com outros temas na matemática. Isto foi importante, pois despertamos a idéia da pesquisa,
do planejamento de aula, de estudos complementares para contribuir com as aulas de matemática, na
perspectiva de desenvolver atividades que possam integrar diferentes áreas do conhecimento.
Dando prosseguimento a aula, dividimos as turmas em grupo e solicitamos que o grupo escolhesse
um dos artefatos expostos na sala, para realizar uma pesquisa sobre este, nas fontes bibliográficas expostas
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na sala e elaborar um texto síntese sobre o mesmo. Durante a realização dessa atividade, observamos as
dificuldades dos alunos em realizar a pesquisa. A habilidade dos alunos em buscar nas fontes o objeto de
pesquisa, ainda é muito restrita. Estavam sempre perguntando em que páginas, em que livro poderia
encontrar as informações. Isto nos mostra que os futuros professores e, até mesmo, aqueles que já atuam
como professores (número muito reduzido), não estão sabendo realizar um trabalho de pesquisa, onde
começar, o que registrar, apresentando assim, dificuldades na elaboração do texto síntese. Os artefatos
mais selecionados foram: a Paleta de Narmer, o Olho de Hórus, a esfinge, a Arte no Egito, os
passatempos antigos, comércio, entre outros. Foram elaborados textos sínteses sobre os artefatos
selecionados e entre eles destacamos dois destes que descreviam sobre a esfinge e o olho de hórus, os
quais buscaram ilustrar o texto com desenhos.
Partimos para outro momento da atividade. Entregamos a cada grupo uma copia do artefato
denominado cabeça de massa do Faraó Narmer para que eles observassem e analisassem. Sugerimos que
os grupos registrassem as observações feitas sobre o artefato, destacando o que ele representava,
estimativa do ano em que foi feito, os elementos que o constituía. Em seguida, questionamos se no
artefato tinha algo que representava número. E neste ponto foram interessantes os depoimentos dos
alunos. Uns colocavam que achavam que aquelas manchas pretas seria alguma representação numérica,
mas não sabia quanto, outros diziam que na poderia existir número ali, pois tratava de uma placa
comemorativa de um período muito distante e naquela época os povos não sabiam como registrar as
coisas.
Um grupo nos chamou atenção na conclusão da presença de número e os seus valores
aproximados, pois um dos componentes tinha trazido para sala de aula um texto que apresentava os
símbolos da numeração egípcia com os seus valores correspondentes. Foram fazendo comparações com o
que estava posto no texto com a cópia do artefato e chegaram a resultados bem aproximados. Outro grupo
voltou à exposição para olhar novamente uma imagem em que os símbolos egípcios estavam expostos.
Essas atitudes são consideradas importantes na formação de professores por demonstrar habilidades de
buscar alternativas para solucionar uma situação-problema proposta.
Após a apresentação das conclusões dos grupos e as discussões sobre a presença ou não de
números no artefato, apresentamos as considerações gerais sobre o artefato analisado e realizamos uma
exposição oral sobre o sistema de numeração egípcia, destacando a sua estrutura organizacional,
regularidades e simbologia. Em seguida, sugerimos que escrevessem alguns números utilizando os

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símbolos egípcios. Ficou evidenciado nos registros e nas discussões no coletivo, que houve uma
compreensão da forma como representar quantidades utilizando a simbologia egípcia.
Solicitamos ainda, que os grupos realizassem uma avaliação da aula, por escrito. De modo geral,
foi considerada significativa visto que propiciou momentos de recordações e de ampliação do
conhecimento sobre essa civilização, conforme está demonstrado nas falas de alguns alunos:

Entramos no túnel do tempo, voltamos a 4.000 a.C., conhecemos um pouco mais da


cultura egípcia, isto nos enriquece muito culturalmente. Nesta busca de conhecimento,
esta aula teve um grande proveito no aprendizado da História.

Essa viagem no tempo nos proporcionou uma melhor compreensão da civilização egípcia
e sua contribuição para o desenvolvimento da humanidade ate nossos dias.

Uma aula dinâmica! Com uma metodologia bastante eclética, onde resgatamos com um
nostálgico prazer a história de antigas civilizações. Em suma foi uma verdadeira viagem
no tempo – da época do ginásio. Temas como estes e a forma com que foi apresentado
nos fez assimilar de maneira objetiva todos os conteúdos expostos.

Sobre o conhecimento matemático exposto e desenvolvido nessa atividade, podemos inferir que
houve compreensão sobre a forma de registro numérico utilizando a simbologia egípcia. Houve momento
que os alunos buscavam comparar as regras do nosso sistema e o sistema de numeração egípcio,
descobrindo regularidades existentes nos dois sistemas. A atividade também propiciou curiosidade em
escrever outras quantidades numéricas e de efetuar operações utilizando as regras do sistema de
numeração egípcia, que foi assunto da atividade que foi desenvolvida posteriormente.

Considerações Finais
A nossa experiência como Professora Formadora de Matemática em cursos de Formação de
Professores nos faz refletir o quanto o nível de conhecimento dos professores que atuam nos anos iniciais
do Ensino Fundamental é limitado. Muitos não têm acesso a diferentes documentos, livros, filmes,
revistas, internet e outros elementos que contribuem para ampliação do seu conhecimento, e dessa forma,
como poderão desenvolver atividades de ensino que possibilitem a integração dos saberes? Com esse
estudo pretendemos mostrar que é possível criar e transformar a sala de aula de matemática, de forma que
o aluno tenha acesso a informações que possibilitem a formação de maneira mais ampliada.

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O artefato como elemento de mediação entre as áreas do conhecimento propicia o desenvolvimento
de competências essenciais na atuação do professor, uma vez que a partir dele, aprende-se a realizar
pesquisa, desenvolver a criatividade, quando lhe é solicitado a re-criação de outro artefato, a análise,
leitura e interpretação de documentos, imagens e outros documentos históricos, a curiosidade para buscar
mais elementos sobre o tema estudado e, conseqüentemente, a capacidade de elaboração de atividades de
ensino que propiciem aprendizagens significativas.
Compreendemos que o emprego de artefatos nas atividades de ensino permite que o professor
adquira informações culturais, históricas e sociais do tema em estudo e podem servir como elemento
desencadeador para evocar a memória de estudos já realizados, que auxiliam na construção de um trabalho
coletivo sobre o tema estudado.
Os artefatos históricos utilizados na atividade descrita, provavelmente, contribuíram com a
formação desses alunos no que se refere à compreensão e ampliação dos conhecimentos gerais e
matemáticos construídos ao longo de história dessa civilização, tendo em vista que possibilitou ao aluno
estabelecer elos de integração entre as diversas áreas do saber, propiciando uma formação mais ampla e o
aperfeiçoamento dos aspectos relacionados ao saber, ao saber-fazer e ao saber-ser.

REFERÊNCIAS
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. São Paulo: Papirus, 1996.
FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003. 124p.
LORENZATO, Sergio. Para aprender matemática. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. (Coleção
Formação de professores). 139p.
MIGUEL, Antonio. MIORIM, Maria Ângela. História na Educação Matemática: propostas e desafios. 1
ed., 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. 200p. (Coleção Tendências em Educação Matemática, 10).
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São
Paulo: Scipione, 1993. 111p.
PERCIVAL, Irene. An Artefactual Approach to Ancient Arithmetic. For the Learning of Mathematics,
21,3 ( November, 2001).
PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006. 302p.

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