Vous êtes sur la page 1sur 2

RESUMO: HAN, Byung-Chul. Melancolia. In:___. Agonia do Eros.

Petrópolis: Editora
Vozes, 2017, pp.7-35.
BRUNO CAMARGOS (CIÊNCIAS SOCIAIS, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA)

Byung-Chul Han é um professor e filósofo sul-coreano que se fixou na Alemanha,


onde estudou Filosofia na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na
Universidade de Munique, doutorando-se, em 1994, com uma tese sobre Martin Heidegger
em Friburgo. Atualmente é professor da Universidade das Artes em Berlim e tem se
destacado no pensamento contemporâneo em razão dos seus estudos sobre a sociedade atual.
Han tem lançado diversos livros desde 1996, os quais começaram a ser traduzidos no
Brasil recentemente pela Editora Vozes. Sociedade do Cansaço (2010), Topologia da
Violência (2011), Sociedade da Transparência (2012) e Agonia do Eros (2012) são, entre
outros, alguns dos títulos disponíveis por aqui. O último, com o qual trabalharemos neste
texto, nos apresenta um panorama sobre o que se pretende dizer com alguns dos conceitos
mais autênticos deste autor, como “sociedade do desempenho” e “sociedade da
transparência”, e se destaca por propor um diagnóstico sociológico para a depressão, o mal do
nosso século.
Tratando justamente deste assunto, o autor inicia o seu ensaio com o capítulo
“Melancolia”. Segundo Han, o Eros se aplica, em sentido enfático, “ao outro que não pode ser
abarcado pelo regime do eu” (Han, 2017, p. 8). Dessa forma, a experiência erótica, que
Sócrates chama de atopos, “pressupõe a assimetria e [a] exterioridade do outro” (idem, p. 8).
Na sociedade atual, a qual está “constantemente comparando tudo com tudo” (idem, p. 9) e
nivelando tudo ao “igual”, está cada vez mais difícil de encontrar a experiência da atopia do
outro – isto é, a experiência erótica, pois o outro é sem-lugar, “se retrai à linguagem do igual”
(idem, p. 9).
A erosão do outro, um processo que avança silenciosamente graças à “tendência da
sociedade de consumo [a] eliminar a alteridade atópica em prol de diferenças consumíveis,
sim, heterotópicas” (idem, p. 9), torna a sociedade cada vez mais narcisista. A “diferença”,
explica Han, é uma positividade em contraposição à “alteridade”, que é uma negatividade. “A
negatividade está desaparecendo por todo lado. Tudo é nivelado e se transforma em objeto de
consumo” (idem, p. 9).
É importante notar que, diferente do que é entendido no senso comum, o narcisismo
não é sinônimo do amor próprio.
O sujeito do amor próprio estabelece uma delimitação negativa frente ao outro em
benefício de si mesmo. O sujeito narcísico, ao contrário, não consegue estabelecer
claramente seus limites. Assim, desaparecem os limites entre ele e o outro. O mundo
se lhe afigura como sombreamentos projetados a partir de si mesmo. Ele não
consegue perceber o outro em sua alteridade e reconhecer essa alteridade (idem, p.
10).
A sociedade sem Eros é a sociedade narcisista e, do mesmo modo, a sociedade da
depressão, pois Eros e depressão se excluem mutuamente. Enquanto o Eros direciona o sujeito
para o outro, a depressão mergulha o sujeito em si mesmo. “A depressão é uma enfermidade
narcísica. O que leva à depressão é uma relação consigo mesmo exageradamente
sobrecarregada (...) o sujeito depressivo-narcisista está esgotado e fatigado de si mesmo”
(idem, p. 10).
Han afirma que a lógica de reconhecimento do “sujeito do desempenho” da nossa
contemporaneidade potencializa o aprofundamento deste em seu ego, pois este está em busca
do sucesso. O sucesso, por sua vez, traz a confirmação de um sujeito pelo outro. “O outro, que
é privado de sua alteridade, degrada-se em espelho do um, que confirma a esse em seu ego
(...). Com isso vai se criando uma depressão do sucesso” (idem, p. 11). O Eros, em
contrapartida, o resgata de seu inferno narcisista. O sujeito “é tomado por um tornar-se-fraco
todo próprio, que vem acompanhado ao mesmo tempo por um sentimento de fortaleza. Mas
esse sentimento não é o desempenho próprio de si mesmo, mas o dom do outro” (idem, p.
11).
Ao fim deste capítulo, Han apresenta uma belíssima análise da trama “Melancolia”
(2011) do cineasta Lars Von Trier, com a qual é possível relacionar suas ideias a partir do
enredo e das obras visuais que compõem o cenário das filmagens. Aqui, vale destacar a
analogia que o autor faz entre o desastre presente no filme e o Eros, com a qual ele pretende
ilustrar a chegada do Eros como uma negatividade, como uma desgraça desastrosa, mas que
“converte-se inesperadamente em graça ou salvação” (idem, p. 19).

Vous aimerez peut-être aussi