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Osvaldo DALBERIO
RESUMO
Palavras-chave
Doutor em Serviço social Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Franca São Paulo, Mestre
em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), filósofo pela PUC Campinas , professor
na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
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O DESAFIO HUMANO NA ELABORAÇÃO DO CONHECIMENTO
Osvaldo DALBERIO
Doutor em Serviço social, Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Franca São Paulo, Mestre
em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), filósofo pela PUC Campinas, professor
na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
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outros. Isso o habilita a usar símbolos para expressar-se e expressar as idéias e
as imagens que está contida em sua memória.
Nesse processo, ele pode ter contato com as idéias de outros, esse é o
conhecimento que denominamos de secundário (não no sentido de menor valor),
mas, de processo contínuo, evolutivo e acumulativo de conhecimento. Esse
aspecto do conhecimento secundário coloca o homem numa dimensão de
construção, principalmente, na relação com as idéias construídas pelos outros
homens. Assim, nesse exercício, ele, juntamente com os outros homens elabora
idéias a partir da relação com aquelas já elaboradas. Nesse sentido ele se
relaciona com conhecimentos produzidos em situações sociais, econômicos,
históricos, políticos, ideológicos, etc. Portanto, ele se torna nesse patamar, um ser
social porque se relaciona com os outros para construir novas idéias.
No conhecimento entendido por terciário queremos apresentar uma
discussão sobre as questões relacionadas à pesquisa e como advém dela o
conhecimento. Baseando-se nos processos anteriores, ou seja, primário (órgãos
dos sentidos), secundário (interação de idéias) podemos dizer que mediante a
pesquisa o homem constrói conhecimentos para responder pelo menos um
problema, tendo objetivos claros, estabelecendo procedimentos metódicos e
técnicos. Isso significa que a produção do conhecimento nesse aspecto é
intencional. Há alguns pressupostos na atividade científica que são denominadas:
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dados constatados, experimentados, na pesquisa qualitativa o pesquisador busca
aquilo que o fenômeno manifesta, revela, apresenta. Daí a discussão da
cientificidade de uma e de outra. O importante nesses casos é que ambas
produzem conhecimento a partir do contato do pesquisador com a realidade
entendida como objeto de investigação.
Outra classificação é aquela que apresenta a pesquisa como processos
sociais, históricos, ideológicos. A pesquisa de vertentes teóricas que se
manifestam nos tipos: materialismo histórico, dialético; fenomenológico e
positivismo, classificação feita por Triviños (1987). Ambas têm papéis
fundamentais no processo de produção do conhecimento. Embora, cada uma
possua características específicas, elas contribuem na produção de idéias sobre
os fenômenos da realidade. (real e/ou ideal).
A partir desse processo de construção de conhecimento, seja pelos órgãos
dos sentidos, seja pela capacidade racional de associar idéias, seja pela
construção mediante a pesquisa, fica evidente que tal sistematização não pode e
nem deve ficar apenas com o sujeito que conhece. É necessário que esses fatos
elaborados sejam comunicados aos outros para manifestar e evidenciar a
humanidade do sujeito. Assim é estabelecido um processo de comunicação
elaborando e solidificando a linguagem.
A comunicação
No processo de comunicação há dois pólos interligados por uma
mensagem: o emissor e o receptor. Ambos com papéis bem definidos. Assim,
emissor e receptor utilizando-se da linguagem, manifestam o fenômeno da
comunicação.
O emissor, para elaborar sua mensagem, necessita de um processo
anterior que daremos o nome de concatenação. Significa que ele deve
primeiramente decodificar uma série de símbolos, decodificar idéias codificados
pelos seus emissores. A partir daí, elaborar e organizar, segundo a sua
cosmovisão, construída com o conhecimento num ou nos três aspectos abordados
acima, um conjunto de códigos. Tais códigos expressam símbolos que revelam
idéias obtidas ou construídas.
Sabemos, por intermédio da evolução humana, da linguagem como veículo
de humanização e de hominização. Isso, graças ao fato de haver expressão dos
sentimentos, das emoções, dos desejos e das idéias. Somente o homem pode
codificar essas experiências e comunicá-las aos outros. Essa comunicação
provoca no receptor o exercício de decodificação da mensagem (não só dos
símbolos, mas, principalmente, das idéias manifestas nos símbolos).
Comparando-a com as suas experiências e, fazendo um juízo de valor, julga-a
como lhe convém. Julgando-a re-elabora, a partir dos códigos assimilados, outros
códigos para expressarem a semelhança ou a dessemelhança e, assim, se
configura o ato de comunicar-se.
A hominização é um processo pelo qual o homem-natureza passa a ser
homem-cultura. Nessa passagem muita coisa acontece no próprio organismo:
adaptação dos impulsos biológicos às satisfações forjadas pela cultura. O meio
social construído pelo homem faz com que o seu organismo biológico seja
satisfeito por outros mecanismos, criados e implantados como importantes. As
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necessidades básicas (alimento, sede, sono, sexo etc.) têm infinitas alternativas
para serem realizadas. Diante desse panorama, fica um pouco difícil entender o
homem como apenas natureza. Se ele cria cultura e junto dela um simbolismo
então ele (o homem) deve buscar a comunicação que é um fenômeno humano
social.
A mensagem, outro elemento do processo de comunicação, se estabelece
de forma sistemática através de um conjunto de símbolos lingüísticos,
transformados em códigos. Tal conjunto só é possível porque encerram em si as
idéias humanas de realidade (DUARTE JUNIOR, 1989) (conhecimento primário,
secundário e terciário).
É importante destacar que para cada área do conhecimento humano é
arregimentada uma gama de símbolos e códigos para expressarem a forma de
ver, julgar e agir no mundo. Toda mensagem carrega em si as idéias de quem a
manifesta. Desta forma, na filosofia há terminologia própria, bem como na
teologia, na mitologia, nas ciências humanas e sociais, etc. A mensagem então,
diante do exposto, para se concretizar deve revelar as expressões específicas de
cada área do saber.
Nas ciências há várias alternativas para manifestar a compreensão de
realidade. Na química existem códigos linguísticos expressando as ações e
reações bem como seus componentes. Assim sendo, um químico deve ter
conhecimento e domínio da terminologia de sua área para se comunicar com
outros eficazmente. Na Medicina, ou ciências da saúde, também há todo um
conjunto de nomenclatura específica para revelar o conhecimento produzido e em
produção. Nas ciências sociais há uma linguagem apropriada para manifestar o
conhecimento adquirido e produzido. Portanto, cada área possui elementos
codificados para efetivação da comunicação.
Há outras formas de mensagens: a erudita, específica para intelectuais e a
popular, própria do homem comum. Os cientistas utilizam a erudita, inclusive para
expressar o poder de conhecimento que a pesquisa científica estabelece em
determinado sistema econômico e social. Embora haja um predomínio de uma
sobre a outra em várias situações, há também, por assim dizer, a possibilidade de
transposição da do popular ao erudito e vice-versa.
O outro componente da comunicação é o receptor. O trabalho que lhe é
específico é o de receber a mensagem e decodificá-la. Essa tarefa se complica na
medida em que se intelectualiza a mensagem. Também depende da forma pela
qual a mensagem é emitida, para que seja entendida. A compreensão dos códigos
está intimamente relacionada com as experiências individuais do receptor. Quanto
maior sua cosmovisão, maior facilidade de entendimento, conseqüentemente,
maior facilidade de comunicação de suas ideias.
O receptor, em qualquer nível e em qualquer situação, decodifica e codifica
a mensagem segundo os seus parâmetros existenciais. No caso de mensagem
com atributos científicos, a compreensão vai depender do grau de informações
que se tem ao recebê-la. Se a pessoa que a recebe é humilde – no sentido de não
ter tido oportunidade de se desenvolver as habilidades próprias da escola – então,
cabe ao emissor facilitar o entendimento dela, decodificando e expressando de
modo simples, embora sem perder a cientificidade do conhecimento. De que vale
a comunicação se não há entendimento da mensagem?
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Por outro lado, se o receptor é suficientemente preparado para entender a
mensagem erudita e ao recebê-la codifica-a novamente com o mesmo padrão,
então houve a comunicação efetivamente. Assim, a linguagem manifesta em si as
idéias do emissor, carregada de simbolismo e codificação passível de ser
entendida por eruditos. Enquanto que, se essa mesma linguagem for dirigida a
uma pessoa comum, por não haver compreensão, não houve comunicação.
Portanto, somente há comunicação efetiva quando houver um emissor que
comunica uma mensagem entendível pelo receptor.
O emissor deve ter a postura de emitir uma mensagem para um receptor
definido. É necessário que a mensagem seja clara, revelando idéias através de
símbolos e códigos precisos, direcionada a um receptor específico. O receptor que
tiver contato com a mensagem deve decodificá-la, codificá-la novamente para que
possa assumir novamente o papel de emissor. Assim, a comunicação passa a ser
um ato contínuo. Comunicar é, portanto, a interligação de experiências
sistematizadas em símbolos e códigos entre o emissor e o receptor.
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propósito neste texto é apresentar um panorama a respeito da produção do
conhecimento e da comunicação dele, nos fixamos nas idéias que foram
explicitadas acima. Assim, a pesquisa aparece como coroamento e manifestação
de um patamar humano racional de alto nível, isso porque é produzido com
intenção de responder problemas evidenciados pela realidade no pesquisador e
pelo pesquisador sobre a realidade. È um processo em direção ao infinito do
conhecimento.
Assim, no processo de conhecimento o homem enquanto sujeito assume
posturas sociais e nelas se insere às vezes como expectador, às vezes como
construtor da realidade na interação com ela e com os outros homens. Nesse
aspecto, o Serviço Social contribui muito para a percepção e conseqüentemente, a
elaboração pelos homens da sua própria realidade, conhecendo e comunicando o
conhecimento seja no senso comum, nas ciências, na crendice, nos vários
aspectos das ideologias. O parâmetro básico é a produção humana do próprio
homem na relação com os outros homens, fazendo juntos uma rede de
conhecimentos que os coloca no patamar de humanização.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e Existência: problemas filosóficos da pesquisa
científica. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra., 1985.
TRIVIñOS, Augusto N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a
pesquisa qualitativa em educação. O positivismo, a fenomenologia, o marxismo.
São Paulo: Atlas, 1987.
WANDERLEY, Mariângela Belfiori. Metamorfoses do Desenvolvimento de
Comunidades. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1998.