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Permutações circulares
Autores
aula
06
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
ISBN 85-7273-298-5
Conteúdo: 01. Aprendendo a contar. – 02. Permutações simples. – 03. Combinações e arranjos. – 04. Permutações de
elementos nem todos distintos. – 05. Princípio da inclusão-exclusão. – 06. Permutações circulares. – 07. Combinações
completas. – 08. Permutações caóticas. – 09. Lemas de Kaplanski. – 10. Princípio da reflexão. – 11. Princípio das gavetas
de Dirichlet. – 12. Triângulo de Pascal. – 13. Binômio de Newton e Polinômio de Leibniz. – 14. Probabilidade. – 15.
Probabilidade condicional.
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
A
té o momento, estudamos situações nas quais estávamos interessados em distribuir
pessoas em uma fila, organizar objetos em gavetas, construir os anagramas de uma
palavra, ou seja, situações que tinham em comum a mesma estrutura do tipo fila, em
que a preocupação era: quem vem na frente de quem.
Muitas situações interessantes acontecem também em estruturas do tipo círculo, por
exemplo, uma artesã que faz pulseiras de conchas e que dispõe de três tipos de conchas para
trabalhar está interessada em saber quantas pulseiras diferentes ela pode fabricar utilizando
os três tipos. Ou ainda, de quantas maneiras diferentes uma pessoa pode pintar um gráfico
tipo pizza, dividido em 7 pedaços, com 7 cores distintas?
Objetivos
Nesta aula, apresentaremos situações relacionadas com
agrupamentos de elementos distribuídos ao longo de um círculo.
Esperamos que ao final você tenha percebido a diferença entre as
configurações tipo fila e as configurações tipo círculo.
Q
uem não conhece a famosa música cantada nas cirandas de roda de Olinda-PE:
“Esta ciranda quem me deu foi Lia que mora na ilha de Itamaracá ... ”. A música
pode ser bastante conhecida, mas o que não se discute muito, pelo menos nos
livros do Ensino Médio, é de quantas maneiras distintas podemos formar uma ciranda, ou
ainda, um círculo com um determinado número de objetos.
Comecemos com uma ciranda formada por três pessoas. Temos três posições, 1, 2 e 3,
a serem preenchidas por três pessoas: Fulana (F), Beltrana (B) e Cicrana (C).
que, na verdade, representam a mesma ciranda inicial, pois em qualquer delas temos a
mesma disposição posicional, a saber:
As duas configurações distintas, no caso, as duas cirandas obtidas, são o que chamamos
de permutação circular de 3 elementos.
Suponhamos agora que André (A) se junte a Fulana, Beltrana e Cicrana para brincar de
roda. Assumindo a Figura 7, como sendo a roda inicial, obtemos, ao girar a Figura, quatro
configurações equivalentes:
É interessante observar que quando formamos uma roda com 3 pessoas, ao girá-la,
obtemos 3 rodas iguais, já em uma roda com 4 pessoas, obtemos, girando, 4 rodas iguais.
Continuando dessa forma, podemos afirmar que, para n pessoas brincando de roda, teremos
a quantidade de n rodas iguais à inicial. Ou seja, ao computar o número de configurações
distintas, cada n delas representa na verdade uma mesma roda. E podemos assim encontrar
o número de configurações distintas ou, ainda, o número de permutações circulares com n
elementos através da seguinte equação:
n×(n−1)×···×3×2×1
x= n!
n = n = (n − 1) × (n − 2) × · · · × 2 × 1 = (n − 1)!
Solução
Ao final do trabalho, ela fecha a pulseira amarrando as pontas, formando assim uma
roda composta por 7 pedrinhas de cores distintas. Ou seja, estamos com um problema de
permutação circular com 7 elementos e, portanto,
(7 − 1)! = 6! = 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 720.
Exemplo 2
Numa escolinha, com 10 crianças, há, na hora, do recreio uma brincadeira que não
pode faltar: a roda. De quantas maneiras a professora pode montar uma roda?
Solução
Essa questão se encaixa exatamente com o número de cirandas que podem ser
montadas com 10 pessoas, que é um problema de permutação circular com 10 elementos e,
portanto, (10 − 1)! = 9! rodas diferentes podem ser montadas.
Exemplo 3
E, se na escolinha, do exemplo 2, dois coleguinhas estiverem brigados e, para evitar
problemas, a professora queira montar a roda sem que eles fiquem juntos. De quantas
maneiras ela pode formar essa roda?
Solução
A = {todas as rodas}
#A = #B + #C
O #A é exatamente a permutação circular dos 10 alunos, ou seja, #A = 9!.
Para encontrar #B, vamos considerar cada elemento que irá compor a roda como um
par de mãos, como os dois coleguinhas estarão obrigatoriamente juntos, ou seja, de mãos
dadas, iremos considerá-los um par de mãos na formação da roda. Dessa forma, podemos
pensar em montar rodas com esses coleguinhas juntos a partir de duas decisões:
d1 − juntar os dois coleguinhas a fim de serem vistos como um único par de mãos. Isso
pode ser feito de 2 maneiras distintas, ou seja,
1 2 ou
2 1
Figura 8
d2 − montar as rodas com os outros coleguinhas. Isto é, fazer uma permutação circular
de 9 pessoas (já que estamos considerando os dois coleguinhas que estão juntos
como um único elemento da roda), ou seja, 8!
#C = #A − #B = 9! − 2 × 8! = 9 × 8! − 2 × 8! = (9 − 2) × 8! = 7 × 8!
Outra forma de resolver essa questão é considerarmos todas as rodas que podemos
formar sem os coleguinhas que brigaram, ou seja, com os 8 coleguinhas. Isso pode ser feito
de 7! maneiras.
Agora, imaginemos os espaços em que os dois podem entrar na roda sem que fiquem
juntos.
Temos, então, 8 lugares que podem ser ocupados pelos 2 alunos, entretanto, a ordem
na qual eles ficaram importa na contagem final. Dessa forma, a quantidade de maneiras pelas
quais eles podem ocupar esses lugares é
8! 8!
A8 2 = = .
(8 − 2)! 6!
Então, pelo Princípio da Multiplicação, temos
8! 7 × 6! × 8!
7! = = 7 × 8!
6! 6!
Exemplo 4
Ainda falando de escolinha. Sabemos que existem aqueles coleguinhas que sempre
estão juntos em qualquer brincadeira, então, se entre os 10 (do exemplo 2), 3 são
inseparáveis, pergunta-se: sabendo que esses 3 estarão juntos na roda, quantas rodas
poderemos formar?
Solução
Como os três alunos estarão juntos na roda, podemos considerá-los como um único e,
com isso, temos duas etapas na construção dessa roda:
3! × 7! = 6 × 7!
d1 − Montar sem os três amigos. Isso é uma permutação circular de 7 pessoas, ou seja, 6!.
d2 − Colocar os três amigos em um dos lugares possíveis. No desenho abaixo, vemos que
isso pode ser feito de 7 maneiras
Figura 10
d3 − Fazer os três amigos variarem suas posições no lugar da fila em que se encontram.
Há 3! maneiras de se fazer isso, já que temos 3 amigos e 3 lugares a serem ocupados.
6! × 7 × 3! = 7! × 3! = 6 × 7!
Exemplo 5
Um cientista maluco estava fazendo o seguinte experimento: tomou 10 elementos
químicos distintos, dos quais classificou 5 como sendo P, para representar positivo, e 5
como N, para negativo. Ele imaginou uma ligação circular entre esses elementos, preocupado
apenas com o fato de não podermos ter 2 P nem 2 N juntos. Quantas ligações circulares são
possíveis atendendo a essa restrição?
Solução
d2 − Escolha do segundo elemento. Isso pode ser feito de 5 maneiras, uma vez que, se foi
escolhido P, só podemos escolher N e vice-versa.
d3 − Escolha do terceiro elemento. Isso pode ser feito de 4 maneiras, uma vez que já
escolhemos um (primeira posição) elemento desse tipo.
d4 − Escolha do quarto elemento. Isso pode ser feito de 4 maneiras, uma vez que já
escolhemos um (segunda posição) elemento desse tipo.
d5 − Escolha do quinto elemento. Isso pode ser feito de 3 maneiras, uma vez que já
escolhemos dois (primeira e terceira posições) elementos desse tipo.
d6 − Escolha do sexto elemento. Isso pode ser feito de 3 maneiras, uma vez que já
escolhemos dois (segunda e quarta posições) elementos desse tipo.
d7 − Escolha do sétimo elemento. Isso pode ser feito de 2 maneiras, uma vez que já
três (primeira, terceira e quinta posições) elementos desse tipo.
d8 − Escolha do oitavo elemento. Isso pode ser feito de 2 maneiras, uma vez que já
escolhemos três (segunda, quarta e sexta posições) elementos desse tipo.
d9 − Escolha do nono elemento. Isso pode ser feito de 1 maneira, uma vez que já escolhemos
quatro (primeira, terceira, quinta e sétima posições) elementos desse tipo.
d10 − Escolha do décimo elemento. Isso pode ser feito de 1 maneira, uma vez que já
escolhemos quatro (segunda, quarta, sexta e oitava posições) elementos desse tipo.
10 × 5 × 4 × 4 × 3 × 3 × 2 × 2 × 1 × 1 = 10 × 5! × 4!
Por estarem em uma roda, temos que cada configuração se repete na contagem 10
vezes, portanto, o número real de rodas distintas é
10 × 5! × 4!
= 5! × 4!
10
Resumo
A combinação circular calcula o número de cirandas distintas que podem ser
formadas com um dado número de elementos. Duas dessas cirandas são
consideradas iguais, se podemos obter uma a partir da outra apenas girando,
em qualquer sentido, os elementos da ciranda. Toda situação envolvendo
estruturas circulares em que duas delas são iguais, quando uma pode ser
obtida a partir da outra ao girar toda a estrutura, se encaixa no caso de
combinações circulares.
Note que em tudo que fizemos utilizamos elementos distintos, tente fazer o seguinte
2 experimento: suponha que você tenha 3 bolinhas vermelhas e 3 bolinhas azuis.
Quantas são as pulseiras distintas que você pode montar com essas bolinhas? (Se
não conseguir, não desanime, é difícil visualizar as configurações quando estamos
numa roda e com termos repetidos.)
Referências
MORGADO, A. C. O., et al. Análise combinatória e probabilidade. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Matemática, 2001. (Coleção professor de matemática)
aqui