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Descrição do Curso
Este curso irá introduzir conceitos e utilização de vetores, no espaço tridimensional, para a
resolução de vários problemas geométricos como determinar, por exemplo, distâncias entre
pontos, projeções, áreas e volumes. Para tais conceitos utilizaremos algumas ferramentas
algébricas, via resolução de sistemas lineares, matrizes e determinantes.
Depois da apresentação dos vetores, iremos utilizá-los como ferramenta para definir as
retas e os planos através de suas equações e trataremos os problemas de posições relativas,
distâncias e ângulos entre retas, entre retas e planos e entre planos.
Mostraremos as cônicas nas suas formas reduzidas e paramétricas, para depois introduzir
um método mais algébrico para a classificação das cônicas, usando autovalores e autovetores,
determinando, desta maneira, os novos eixos coordenados para a cônica.
Finalmente, as quádricas serão exibidas e classificadas a partir de suas equações
reduzidas, mostrando o processo de construção tridimensional da mesma, através de cortes com
os planos coordenados.
Objetivos
87
Determinar as posições relativas, os ângulos, as distâncias, as interseções entre as
retas, entre as retas e os planos e entre os planos;
Definir e classificar as cônicas nas formas reduzidas;
Trabalhar com polinômios característicos, autovalores e autovetores;
Classificar uma cônica dada na forma geral;
Definir e classificar as quádricas, superfícies cilíndricas e cônicas.
Projeto da Disciplina
A disciplina está estruturada em três Unidades Temáticas Integradas. Cada uma contém
itens e subitens que os remetem às outras unidades. Os temas abordados serão acompanhados
de uma exposição, uma animação, vídeos ou ilustrações, com indicação de textos de apoio e
problematização das questões do texto. Para cada Unidade será aberta uma discussão no fórum
e proposta uma atividade de avaliação.
Unidade I Vetores
Introdução
Segmentos Orientados
Norma, direção e sentido
Vetores
Operações elementares com vetores
Soma
Multiplicação por escalar
Combinação Linear
Dependência Linear
Ângulos entre vetores
Produtos entre vetores
Produto Interno
Produto Vetorial
Produto Misto
Vetores do R3 em coordenadas
Exemplos
88
Unidade II Retas e Planos
Introdução
O plano
Por três pontos
Por um ponto e dois vetores
Um ponto e um vetor perpendicular
A reta
Por dois pontos
Por um ponto e um vetor
Por dois planos
Posição relativa
Entre retas
Entre retas e planos
Entre planos
Ângulo
Nulo
Não nulo
Interseções
Vazia
Não vazia
Distâncias
Igual a zero
Diferente de zero
Exemplos
Introdução
Cônicas
Forma reduzida
Autovalores e autovetores
Classificando as cônicas
Quádricas
Esfera
Elipsóide
Hiperbolóide de uma folha
Hiperbolóide de duas folhas
Parabolóide elíptico
Parabolóide hiperbólico
89
Superfície cônica
Superfície cilíndrica
Exemplos
Cônicas
Quádricas
90
Unidade I Vetores
1. Situando a Temática
Nesta unidade estudaremos e definiremos vetores, bem como as operações com esses
vetores, obtendo resultados geométricos e analíticos, utilizando como base os conceitos básicos
da trigonometria, como triângulos retângulos e suas relações.
O tratamento vetorial de vários problemas matemáticos e físicos simplifica a compreensão
e o estudo destes problemas, possibilitando a ampliação, generalização e confirmação dos
conceitos e definições existentes.
2. Problematizando a Temática
3. Conhecendo a Temática
3.1 Introdução
Definição: Dados dois pontos distintos A e B quaisquer, que determinam uma reta r, chamaremos
de segmento AB , ao conjunto formado por todos os pontos da reta r entre A e B .
• Sentido: dois segmentos orientados AB e CD que tiverem a mesma direção e não forem
outro segmento auxiliar A' B' não colinear com CD e no mesmo sentido de AB , satisfaz
A' C I B' D = { }
92
a) Os segmentos orientados BG , GB , FC , CF , AH , HA , ED e DE possuem a mesma
norma;
Definição: Diremos que dois segmentos orientados MN e PQ, não nulos, são eqüipolentes se os
segmentos tiverem a mesma norma, mesma direção e mesmo sentido, e representaremos essa
e) AH é eqüipolente ao segmento BG ;
f) AC é eqüipolente ao segmento EG ;
g) AG é eqüipolente apenas a ele, pois não é eqüipolente a nenhum dos outros segmentos
formado por esses pontos.
Exercício: Encontrar todos os segmentos orientados eqüipolentes, que podem ser formados com
os pontos da figura 1.
PE5 Dado um ponto qualquer P, é possível determinar outro ponto Q de tal forma que MN~ PQ.
93
Observações:
• Note que, com as propriedades de eqüipolência, podemos construir em qualquer local do
espaço tridimensional, um segmento eqüipolente a um outro segmento dado qualquer.
• Toda relação que é reflexiva, simétrica e transitiva é chamada de relação de equivalência,
logo a eqüipolência é uma relação de equivalência.
3.4 Vetores
Observações:
• O vetor determinado pelo segmento orientado AB será representado por AB , ou por uma
r
letra minúscula a .
AB .
Definição: O vetor determinado por todos os segmentos orientados nulos, será chamado de vetor
r
nulo, denotado por 0 .
r
Definição: Um vetor a qualquer é chamado de vetor unitário, se a sua norma for igual a um, ou
r
seja, || a ||= 1 .
r r r
Exemplo: Da figura 2, considere os vetores u , v e w ,
como sendo representantes da classe dos segmentos
orientados eqüipolentes a AB , AC e AD
respectivamente, logo:
r
a) u pode ser representado por um dos elementos do
{
conjunto AB, DC, EF, HG ; } Figura 2 Paralelepípedo ABCDEFGH
r
b) v por um dos elementos do conjunto
94
r
ou seja, como representantes temos que os vetores são iguais, isto é u = AB = DC = EF = HG ,
r r
v = AD = BC = FG = EH e w = AE = BF = CG = DH .
3.5.1 Soma
r r
A soma de dois vetores u e v quaisquer, é obtida graficamente, da seguinte maneira (ver
figura 3):
Escolha um ponto qualquer A;
Do ponto A construa um outro representante para o
r r
vetor u , ou seja, u = AB ;
Do ponto B construa um outro representante para o
r r
vetor v , ou seja, v = BC ;
r r
r r Figura 3 Soma dos vetores u e v
O vetor soma u + v será representado pelo vetor AC .
r r r
Propriedade: Dados três vetores u , v e w quaisquer, temos que:
r r r r
PS1 Propriedade comutativa: v + u = u + v
Da figura 3, temos que:
r r
u + v = AB + BC = AC
r r
v + u = AD + DC = AC
r r r r r
PS2 Elemento neutro da soma: u = u + 0 = 0 + u
Da figura 3, temos que:
r r
u + 0 = AB + BB = AB
r r
0 + u = AA + AB = AB
r r r r r
PS3 Elemento oposto: u + (-u) = 0 = − u + u
Da figura 3, temos que:
r r
u + ( −u) = AB + BA = AA
r r
( −u) + u = BA + AB = BB
95
r r r
( )
(u + v ) + w = AB + BC + CD = AC + CD = AD e
r r r
( )
u + (v + w ) = AB + BC + CD = AB + BD = AD
r r r
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w (verifique os seguintes resultados!)
a) AB + EH = AC
b) HG + EH = AC
c) BC + AE + HG = AG
d) AB + DA + HD = HB
r
Definição: A multiplicação de um vetor a , não nulo, por um escalar α ∈ R , é o vetor,
r r r
representado por αa , que tem mesma direção do vetor a , norma igual a | α | . || a || , mesmo
sentido, se α > 0 e, se α < 0 , sentido oposto.
r r
Observação: Qualquer vetor multiplicado por α = 0 será o vetor nulo, ou seja, 0a = 0 e qualquer
r r
valor α ∈ R multiplicado pelo vetor nulo será o vetor nulo, isto é α 0 = 0 .
r r
Propriedade: Dados os vetores u e v quaisquer e os números α , β ∈ R , temos que:
96
1r r r r
Exemplo: Na figura 5, observe os vetores a , 2a , − 3a e a .
2
1r r r r
Figura 5 Vetores a , 2a , − 3a e a
2
Exemplo: Considere um triângulo ABC qualquer, e os pontos D e E como pontos médios dos
r r r
segmentos AB e BC respectivamente e u = AB , v = BC e w = AC , como exemplificado no
triângulo da figura 6, logo:
r r r
a) u + v = w ;
1r 1r
b) AD = DB = u e BE = EC = v , pois D e E são pontos médios;
2 2
1 1 r 1r 1r 1 r r 1 r
c) DE = AC = w , pois DE = DB + BE = u + v = (u + v ) = w , ou seja, além de mostrar
2 2 2 2 2 2
Exemplo: Dado um quadrilátero FGHI qualquer e pontos J, K, L e M como pontos médios dos
r r r 1 r
Exemplo: Dado um vetor a ≠ 0 qualquer, o vetor u = r a é unitário, ou seja, sua norma é igual
|| a ||
r 1 r 1 r 1 r
a 1, pois || u ||= r a = r || a ||= r || a ||= 1 .
|| a || || a || || a ||
97
3.6 Combinação Linear
r
Definição: Diremos que um vetor a é uma combinação linear dos (é gerado pelos) vetores
r r r r r
b1 , b2 , b3 , K , bn se existirem números reais α1 , α 2 , α 3 , K , α n , tais que o vetor a possa ser
formado pela soma:
r r r r r
a = α1b1 + α 2b 2 + α 3b3 + L + α nbn
r
Observação: Os números α1 , α 2 , α 3 , K , α n são chamados de coeficientes do vetor a em
r r r r
relação aos vetores b1 , b2 , b3 , K , bn .
r r r
Exemplo: Da figura 6, considerando os vetores u , v e w do triângulo, temos:
r r 1r 1r
a) DE é uma combinação linear dos vetores u e v , pois DE = u + v ;
2 2
r r r r r r
b) w é uma combinação linear dos vetores u e v , pois w = 1u + 1v ;
r r
c) w é uma combinação linear do vetor DE , pois w = 2DE ;
r r r
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos:
r r r r r r
a) AG é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois AG = 1u + 1v + 1 w ;
r r r r r r
b) BE é uma combinação linear dos vetores u , v e w , pois BE = −1u + 0v + 1 w ;
r r r r
c) BE é também uma combinação linear dos vetores u e w , pois BE = −1u + 1 w ;
r r
d) BE não é uma combinação linear dos vetores u e v pois, para determinar o vetor é
r
necessário usar o vetor w .
r r r
Exercício: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , verifique que:
r r r
a) BG é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?
r r
b) BG é uma combinação linear dos vetores v e w ?
r r r
c) CE é uma combinação linear dos vetores u , v e w ?
r r r r
Definição: Diremos que os vetores b1 , b2 , K , bi , K , bn , são linearmente dependentes (LD), se
r
um dos vetores, por exemplo, bi for cominação linear dos outros n − 1 vetores, caso contrário,
diremos que são linearmente independentes (LI).
98
Apesar da definição de dependência linear ser geral, no nosso texto trabalharemos no
máximo no espaço tridimensional, portanto teremos algumas relações geométricas, visíveis, em
relação à dependência linear, quais sejam:
r r
• Dois vetores u e v são LD se os mesmos tiverem a mesma direção, ou seja, se um for
r r
múltiplo do outro: u = αv ;
r r r
• Três vetores u , v e w são LD se são paralelos a um plano;
• Quatro vetores são sempre LD no espaço tridimensional.
r r r
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos que os vetores:
a) AB , AC e AD são LD;
b) AB e DC são LD;
r r r
c) u , v e w são LI (verifique!);
r r r
Definição: Diremos que o conjunto {a1, a 2 ,K, an } é uma base para o R n (espaço com n
r r r
dimensões) se a1 , a2 , K , an forem vetores LI de R n .
r r r
Exemplo: Da figura 2, considerando os vetores u , v e w , temos que:
r r
a) {u, v , w } é uma base do R 3 , pois são 3 vetores LI no espaço tridimensional;
r r r
Definição: Uma base {a1, a 2 ,K, an } para o R n é chamada de base ortogonal se dois a dois os
seus vetores são ortogonais e de base ortonormal se além de ser ortogonal, os seus vetores são
unitários, ou seja, de norma igual a 1.
r r r
Exemplo: Da figura 3, considerando os vetores u , v e w , temos que:
r r
a) {u, v , w } é uma base ortogonal do R 3 , pois seus vetores são perpendiculares dois a dois;
r r
u v w
b) r , , r é uma base ortonormal do R 3 , pois perpendiculares dois a dois e
|| u || || v || || w ||
unitários.
99
A vantagem de se trabalhar em uma base ortonormal é que a mesma facilita a visualização
tridimensional (pense na quina do chão de sua sala), bem como as futuras operações algébricas
que surgirão no decorrer da disciplina.
r r r r
Teorema: Os vetores b1 , b2 , b3 , K , bn são linearmente independentes (LI) se, e somente se, a
equação
r r r r r
α1b1 + α 2b2 + α 3b3 + L + α nbn = 0
possuir como única solução α1 = 0 , α 2 = 0 , α 3 = 0 , K , α n = 0 , ou seja, apenas a solução trivial.
r r r r
Hipótese: Vamos supor que os vetores b1 , b2 , K , bi , K , bn são LI.
r r r r r
Se a equação α1b1 + α 2b2 + L + α i bi + L + α nbn = 0 possuir uma solução não trivial, ou seja,
r
um dos coeficientes não é nulo α i ≠ 0 ( 1 ≤ i ≤ n ). Neste caso, temos bi com a seguinte
r α r α r α r α r
combinação linear bi = − 1 b1 − 2 b2 − 3 b3 − L − n bn o que é um absurdo, pois por
αi αi αi αi
hipótese os vetores são LI.
r r r r r
Hipótese: Vamos considerar que a equação α1b1 + α 2b 2 + L + α i bi + L + α nbn = 0 só admita a
solução trivial α1 = α 2 = L = α i = L = α n = 0 .
r r r r r
Se um dos vetores bi ≠ 0 for combinação linear dos n − 1 vetores b1 , b2 , K , bn , teremos
r r r r
bi = β1b1 + β 2b 2 + L + β nbn , logo podemos escrever a igualdade:
r r r r r
β1b1 + β 2b2 + L + ( −bi ) + L + β nbn = 0
ou seja, β1 , β 2 , K , β i = −1 , K , β n também é uma outra solução da equação, o que é um
absurdo pois, por hipótese, a equação só admite a solução trivial.
{ }
Exercício: Da figura 2, verifique que AC, AF, AH também é uma base do R 3 .
{ }
Solução: Para verificar que AC, AF, AH é base, basta ver que são 3 vetores LI em R 3 . A
quantidade de vetores está óbvia e para mostrar que são LI utilizaremos o teorema acima, mas
para tanto utilizaremos dois fatos:
100
r r r
Os vetores u , v e w são LI, pois não são paralelos a um plano, temos pelo teorema
r r r r
acima que uma equação α1u + α 2 v + α 3 w = 0 possui solução única α1 = α 2 = α 3 = 0 .
r r r
Os vetores AC , AF e AH são combinações lineares dos vetores u , v e w podemos
r r r r r r r r r
escrevê-los da forma: AC = 1u + 1v + 0 w , AF = 1u + 0v + 1w e AH = 0u + 1v + 1w .
Vamos montar a equação exigida no teorema e verificar que a equação
r
β1 AC + β 2 AF + β 3 AH = 0 possui solução única. De fato:
r
β1 AC + β 2 AF + β 3 AH = 0
r r r r r r r r r r
β1(1u + 1v + 0 w) + β 2 (1u + 0v + 1w ) + β 3 (0u + 1v + 1w ) = 0
r r r r r r r
β1(u + v) + β 2 (u + w ) + β 3 (v + w ) = 0
r r r r
( β1 + β 2 )u + ( β1 + β 3 )v + ( β 2 + β 3 )w = 0
Note que a última equação acima possui solução única, ou seja,
( β1 + β 2 ) = 0 , ( β1 + β 3 ) = 0 e ( β 2 + β 3 ) = 0
O que resulta em um sistema de três equações e três incógnitas:
β1 + β 2 = 0
β1 + β3 = 0 ,
β2 + β3 = 0
cuja solução é a trivial e única β1 = β 2 = β 3 = 0 .
r
Note que, independente da escolha dos representantes dos vetores a = AC = DF e
r ) )
b = AB = DE (ver figura 7), a medida θ do ângulo CAB é igual à medida θ do ângulo FDE ,
pois:
• a reta definida pelos pontos A e C é paralela à reta definida pelos pontos D e F e
• a reta definida pelos pontos A e B é paralela à reta definida pelos pontos D e E.
101
3.9 Produtos entre vetores
O produto interno está muito relacionado com uma medida de uma dimensão, um
comprimento, seja olhando como o tamanho de uma projeção de um vetor em relação a um outro,
seja vendo como o comprimento de um vetor qualquer.
r r
Definição: O produto interno entre dois vetores a e b não nulos, é o número denotado por
r v
a ⋅ b e definido pela expressão:
r v r v r v
a ⋅ b =|| a || . || b || . cos(a, b )
c cateto adjacente
cos(θ ) = = .
a hipotenusa
r Figura 8 Triângulos ABC e DEF
Considerando unitário o vetor b , temos do triângulo DEF
r r r r v r v
que a norma do vetor DF é DF =|| a || ⋅ cos(θ ) =|| a || ⋅ || b || ⋅ cos(a,b) = a ⋅ b , ou seja, podemos ver
r
este número como sendo o comprimento da projeção do vetor a em relação à direção do vetor
r
unitário b .
102
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r r r r
a) u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) = 1.1. cos(90 o ) = 0
r r r r r r
b) v ⋅ w =|| v || . || w || . cos(v ,w ) = 1.1. cos(90 o ) = 0
r r r r r r
c) w ⋅ u =|| w || . || u || . cos(w ,u ) = 1.1. cos(90 o ) = 0
r r r r r r
d) u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u,u ) = 1.1. cos(0o ) = 1
r r r r r r
e) ( −u ) ⋅ u =|| −u || . || u || . cos( −u,u ) = 1.1. cos(180 o ) = −1
r r r r r r
f) (5u ) ⋅ (2v ) =|| 5u || . || 2v || . cos(5u,2v ) = 5.2. cos(90 o ) = 0
r r r
Exercício: Encontre os produtos internos de todas as combinações entre os vetores u , v e w da
figura 9, bem como de seus opostos.
r r r
Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e os números α , β ∈ R , temos:
r r r r
PPI1 Propriedade comutativa: u ⋅ v = v ⋅ u
r r r r r r
Como as medidas angulares entre os vetores u e v são iguais, ou seja, (u,v ) = (v ,u ) , da
definição temos:
r r r r r r r r r r r r
u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) =|| v || . || u || . cos(v ,u ) = v ⋅ u
r r r r r r r r r
• B1C1 =|| w || . cos(u, w ) =|| u || . || w || . cos(u, w ) = u ⋅ w
r r r r r r r r r r r r r r
• AC1 =|| v + w || . cos(u, v + w ) =|| u || . || v + w || . cos(u, v + w ) = u ⋅ (v + w )
r r r r r r r
Como AC1 = AB1 + B1C1 , concluímos que u ⋅ (v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w .
Exercício: Mostre que a propriedade acima também é válida quando pelo menos um dos ângulos
r r r r
( u , v ) ou ( u , w ) é maior que 90o.
103
r r r r r r
PPI3 α (u ⋅ v ) = (αu ) ⋅ v = u ⋅ (αv )
r r r r r r
PPI4 u ⋅ u =|| u ||2 ou || u ||= u ⋅ u
r r
Como a medida angular entre os vetores u e u é zero, da definição temos:
r r r r r r r r
u ⋅ u =|| u || . || u || . cos(u , u ) =|| u ||2 . cos 0 o =|| u || 2
r r r
Exercício: Supondo que || u ||= 3 , || v ||= 2 e que 30o é medida do ângulo entre os vetores u e
r r r r r
v , determine u ⋅ v e || 3u - 2v || .
Solução:
r r r r r r
• Como u ⋅ v =|| u || . || v || . cos(u,v ) , temos que:
r r
u ⋅v = ( 3 ).(2). cos(30 ) = 2
o
3
3 2 3 3
2
=
2
= 1. 3 = 3
r r r r r r
• Como || 3u - 2v ||2 = (3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) e
r r r r r r r r
(3u - 2v ) ⋅ (3u - 2v ) =|| 3u || 2 −2(3u) ⋅ (2v )+ || 2v || 2 =
r r r r
= 9 || u || 2 −12(u ⋅ v ) + 4 || v || 2 = 27 − 36 + 16 = 7
r r
temos que: || 3u - 2v ||= 7
r r
Exemplo: Com base nestas propriedades e considerando os vetores unitários e ortogonais u , v
r
e w da figura 9, temos:
r r r r r r r r r r r
a) AB ⋅ AC = (5u ) ⋅ (5u + 2v ) = (5u ⋅ 5u ) + (5u ⋅ 2v ) = 25(u ⋅ u ) + 10(u ⋅ v ) =
AB ⋅ AC = 25 × 1 + 10 × 0 = 25
r r r r r r
b) AG ⋅ AG = (5u + 2v + 3w ) ⋅ (5u + 2v + 3w ) =
= [5u ⋅ 5u + 5u ⋅ 2v + 5u ⋅ 3w ] + [2v ⋅ 5u + 2v ⋅ 2v + 2v ⋅ 3w ] +
r r r r r r r r r r r r
+ [3w ⋅ 5u + 3w ⋅ 2v + 3w ⋅ 3w )] =
r r r r r r
= [25 + 0 + 0] + [0 + 4 + 0] + [0 + 0 + 9] = 38
104
c) AG = AG ⋅ AG = 38
r r r r r r
d) AG ⋅ CE = (5u + 2v + 3w ) ⋅ ( −5u − 2v + 3w ) =
= [− 25 − 0 + 0] + [− 0 − 4 + 0] + [− 0 − 0 + 9] = −25 − 4 + 9 = −20
(
AG ⋅ CE =|| CE || . || AG || . cos AG,CE )
(
– 20 = 38 . 38 . cos AG,CE )
(
cos AG , CE = ) − 20
38. 38
=
− 20 − 10
38
=
19
≈ −0,526
r r r r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw e b = xbu + y bv + zbw ,
r r
então o produto interno entre os vetores a e b é:
r r
a ⋅ b = xa xb + y a y b + za zb .
r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule AG ⋅ CE .
105
r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos
AG ⋅CE = (5).( −5) + (2).(−2) + (3 ).(3) = −25 − 4 + 9 = −20 , como já havíamos calculado
anteriormente.
O produto vetorial entre dois vetores é um vetor cuja norma está relacionada,
geometricamente, com uma medida em duas dimensões, ou seja, uma área. O fato de o produto
vetorial não ser o vetor nulo será um indicativo, por exemplo, de que:
Três pontos, que definem dois vetores, formam um triângulo, ou seja, não são colineares;
A distância entre duas retas paralelas é positiva (unidade 3);
Além disso, o produto vetorial tem muitos usos em Física como campo magnético, torção, etc.
r r r r
Definição: O produto vetorial entre dois vetores a e b não nulos, é o vetor denotado por a × b ,
definido pelas seguintes características:
• Direção:
r r r r r r r r
Perpendicular aos vetores a e b , ou seja, a × b ⊥ a e a × b ⊥ b ;
• Norma:
r r r r r r
|| a × b ||= || a || . || b || sen(a, b )
• Sentido:
r r r r
É dado pela regra da mão direita que é equivalente, algebricamente a {a, b, a × b } ser
Observações:
Analisando a figura 11 em relação à definição do produto vetorial,
• Note que apenas com a direção teríamos uma infinidade de vetores para representar o
r r
vetor a × b , pois qualquer vetor AD , onde D ∈ r , satisfaz a direção exigida, onde r é a
reta que contém o ponto A e é perpendicular aos
r r
vetores a e b ;
• Com a característica da norma, teríamos duas
r r
possibilidades para o vetor a × b , ou seja, o vetor
106
que escolher um deles. A escolha será feita usando a regra da mão direita, exibida no
r r
tópico a seguir, mas já adiantando o vetor a × b é o vetor AD .
• Note que o vetor AE , tem mesma direção, mesmo comprimento, mas sentido oposto, logo
r r r r
este vetor é o oposto do vetor a × b , ou seja, AE = −(a × b ) .
A regra da mão direita serve informalmente para definir se três vetores LI formam uma
base positiva ou orientação positiva e, no nosso caso em particular, para determinar o sentido do
r r
vetor a × b .
Esta regra consiste em usar a mão direita e os dedos desta mão da seguinte maneira,
conforme a figura 12:
Posicionar o dedo indicador na direção e sentido
r
do vetor a (primeiro vetor);
Posicionar o dedo médio na direção e sentido do
r
b (segundo vetor);
r r
O polegar indicará qual sentido o vetor a × b deve
ter, que será necessariamente perpendicular aos
r r Figura 12 Regra da mão direita
vetores a × b , por definição.
r r r r r r
Caso tenhamos três vetores a , b e c , tendo c a mesma direção de a × b mas sentido oposto,
dizemos que a orientação destes vetores é negativa.
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r
a) u × v = w , pois:
r r r
o w é perpendicular aos vetores u e v ;
r r r r r
o || w ||=|| u || . || v || sen(u, v ) = 1.1.sen(90o ) = 1 ;
o usando a regra da mão direita, confirmamos o resultado;
r r r
b) v × w = u , análogo ao anterior;
r r r
c) w × u = v , análogo aos anteriores;
r r r
d) v × u = −w , pela definição;
r r r
e) 3u × 2v = 6w , pois:
r r r
o 6w é perpendicular aos vetores 3u e 2v ;
r r r r r
o || 6w ||=|| 3u || . || 2v || sen(3u,2v ) = 3.2.sen(90o ) = 6 ;
o usando a regra da mão direita, confirmamos o resultado;
r r r
f) u × u = 0 , pois
r r r r r r
o || u × u ||=|| u || . || u || sen(u, u ) = 1.1.sen(0o ) = 0 ;
107
r r r
Propriedades: Dados três vetores u , v e w quaisquer e o número α ∈ R , temos que:
r r r r
PPV1 u × v = −(v × u ) segue da definição;
r r r r r r
PPV2 α (u × v ) = (αu ) × v = u × (αv )
r r r r r r r
PPV3 Propriedade distributiva: u × (v + w ) = u × v + u × w e
r r r r r r r
(u + v ) × w = u × w + v × w
r r r
Exercício: Encontre os produtos vetoriais de todas as combinações entre os vetores u , v e w
da figura 9, bem como de seus opostos.
Observações:
• Geometricamente o número associado à norma
r r
|| a × b || é exatamente a área do paralelogramo
r r
formado pelos vetores a e b , conforme a figura
Figura 13 Área do Paralelogramo ABCD
13.
Basta observar que a área de um paralelogramo qualquer é sempre comprimento da base
vezes a altura. Logo, no caso do paralelogramo ABCD formado pelos vetores, a área é
dada por A = base × altura = AB . DE , onde do triângulo retângulo ADE temos a seguinte
relação:
r r r
DE = AD .sen(θ ) =|| b || .sen(a, b ) ,
• Note que as áreas dos triângulos ABD e BCD são iguais à metade da área do
r r
A || a × b ||
paralelogramo A∇ = = .
2 2
r r
Exemplo: Com base nessas propriedades e considerando os vetores unitários e ortogonais u , v
r
e w da figura 9, temos:
r r r r r r r r r r r
a) AB × AC = (5u ) × (5u + 2v ) = (5u × 5u ) + (5u × 2v ) = 25(u × u ) + 10(u × v ) =
r r r
= 25 ⋅ 0 + 10w = 10w
r r r r r r
b) AG × AG = (5u + 2v + 3w ) × (5u + 2v + 3w ) =
108
= [5u × 5u + 5u × 2v + 5u × 3w ] + [2v × 5u + 2v × 2v + 2v × 3w ] +
r r r r r r r r r r r r
+ [3w × 5u + 3w × 2v + 3w × 3w )] =
r r r r r r
[ r r r
] [ r r r
] [r r
= 25(0 ) + 10(w ) + 15( −v ) + 10( −w ) + 4(0) + 6(u ) + 15(v ) + 6( −u ) + 9(0) =
r
]
[r r r
] [ r r r
] [ r r r
]r
= 0 + 10w − 15v + − 10w + 0 + 6u + 15v − 6u + 0 = 0u + 0v + 0w = 0
r r r
[r r r
] [
r r
= − 25(0) − 10(w ) + 15( −v ) + − 10( −w ) − 4(0) + 6(u ) +
r
]
r
[ r r
+ − 15(v ) − 6( −u ) + 9(0) = ]
r
[ r r
] [
r r r
] [
r r r
= 0 − 10w − 15v + 10w − 0 + 6u + − 15v + 6u + 0 = 12u − 30v + 0w
r
] r r
r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal positiva {u, v , w } qualquer, se a = xau + y av + zaw e
r r r r r
b = xbu + y bv + zbw , então produto vetorial entre os vetores a e b é o “determinante”1:
r r r
u v w
r r
a × b = xa y a za
xb y b zb
r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule a área do paralelogramo formado pelos
vetores AG e CE .
r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w e CE = −5u − 2v + 3w , usando a proposição acima, temos:
r r r
u v w
r r r r r r r r r
AG × CE = 5 2 3 = 6u − 15v − 10w + 6u − 15v + 10w = 12u − 30v + 0w
−5 −2 3
1
O determinante está entre aspas, para enfatizar que o cálculo é igual ao de um determinante qualquer, porém a primeira linha é
composta de vetores.
2
A simbologia u.a. significa unidade de área, por exemplo: m2 (metro quadrado), cm2 (centímetro quadrado), etc.
109
3.9.3 Produto Misto
O produto misto é uma junção dos dois produtos anteriores, e com um resultado
geométrico importante: o módulo do produto misto está relacionado, geometricamente, com uma
medida em três dimensões, ou seja, um volume. O fato que este volume ser positivo revelará, por
exemplo, que três vetores são LI.
r r r r r r
Definição: O produto misto entre os vetores a , b e c é o número, denotado por [a, b, c ] ,
definido pela expressão:
r r r r r r
[a, b, c ] = a × b ⋅ c
r r
Observação: Não é necessária a colocação de parênteses em a × b na definição, pois a única
r r r
maneira de se calcular este número é como sendo o produto interno do vetor a × b com o vetor c ,
r r r
já que o produto vetorial entre o vetor a e o número b ⋅ c não existe.
r r r
Exemplo: Considere os vetores unitários e ortogonais u , v e w da figura 9, então:
r r r r r r r r
a) [u, v , w ] = u × v ⋅ w = w ⋅ w = 1
r r r r r r r r
b) [w ,u,v ] = w × u ⋅ v = v ⋅ v = 1
r r r r r r r r
c) [v ,w ,u ] = v × w ⋅ u = u ⋅ u = 1
r r r r r r r r
d) [u,w ,v ] = u × w ⋅ v = −v ⋅ v = −1
r r r r r r r r
e) [u,w ,v ] = u × w ⋅ v = −v ⋅ v = −1
r r
f) [ AB, AD, AE ] = AB × AD ⋅ AE = 10w ⋅ 3w = 30
r r r r r r
g) [ AG,CE, BH ] = AG × CE ⋅ BH = (12u − 30v + 0w ) ⋅ ( −6u + 2v + 3w ) = 132
r r r
Observação: Geometricamente o número [a, b, c ]
110
r r r r r r
logo o volume do paralelepípedo é V = Abase .h =|| a × b || . || c || . cos(a × b, c ) , que por definição de
r r r r r r
produto interno implica que V = Abase .h = a × b ⋅ c = [a, b, c ] .
r r r r r
Proposição: Em uma base ortonormal positiva {u, v , w } , se a = xau + y av + zaw ,
r r r r r r r r r
b = xbu + y bv + zbw e c = xc u + y cv + zcw , então produto misto entre os vetores a , b e c é o
determinante:
xa ya za
r r
[a, b, c ] = xb yb zb
xc yc zc
r r
Exercício: Usando a base {u, v , w } da figura 9, calcule o volume do paralelepípedo gerado pelos
vetores AG , CE e BH .
r r r r r r r r r
Solução: Como AG = 5u + 2v + 3w , CE = −5u − 2v + 3w , BH = −6u + 2v + 3w e o volume é o
módulo do produto misto, pela proposição acima, temos:
5 2 3
[AG,CE,BH ] = − 5 − 2 3 = 132
−6 2 3
3
A simbologia u.v. significa unidade de volume, por exemplo: m3 (metro cúbico), l (litro), cm3 (centímetro cúbico), etc.
111
Indicaremos por Ox, Oy e Oz as três retas definidas pelos segmentos orientados OA , OB e
OC , respectivamente, que são chamadas usualmente de eixos dos x (das abscissas), eixos
dos y (das ordenadas) e eixos dos z (das cotas).
As setas na figura indicam o sentido positivo de cada eixo.
O = (0,0,0) ;
AB = ( xB − x A , y B − y A , zB − zA )
Observações:
Exemplo: Considerando os pontos da figura 17, temos que as coordenadas dos vetores são:
112
3.11 Exemplos
A partir deste momento iremos refazer, via exercícios e exemplos, todos os produtos entre
vetores, bem como calcular comprimentos, áreas, volumes e outras coisinhas mais, considerando
o sistema de coordenadas do R3 definido.
Em todos os exemplos abaixo, considere os pontos A = (3,0,1) , B = (2,1,2) e C = (0,−1,3) :
Para verificar que são vértices de um triângulo, basta verificar que os pontos não são
colineares, ou seja, que não estão na uma mesma reta.
− 1 = − 3λ λ = 1 / 3
(−1,1,1) = ( −3λ ,−λ ,2λ ) ⇒ 1 = − λ ⇒ λ = −1
λ = 1 / 2
1 = 2λ
r r
ou seja, é impossível existir um λ ∈ R , tal que u = λv , portanto os vetores são LI, logo os
pontos A , B e C são vértices de um triângulo.
Para determinar a altura relativa, temos que determinar primeiro qual é o maior lado e só
depois achar a altura.
BC = ( −2,−2,1) , logo:
113
AB = ( −1)2 + (1)2 + (1)2 = 1 + 1 + 1 = 3
é A = base ⋅ altura , basta encontrar a área, pois o comprimento da base, já sabemos que
∇
2
mede 14 , ou seja, como
r r r
i j k
r r r
AB × AC = − 1 1 1 = 3i − j + 4k , temos que a área é dada por:
− 3 −1 2
AB × AC (3 )2 + ( −1)2 + ( 4)2 26
A∇ = = = u.a.
2 2 2
2 A∇ 26 13
Concluímos finalmente que altura = = = u.c.
base 14 7
Lembrete: Dado o número a ∈ R , qualquer, é sempre possível achar dois números naturais
r r r
3.11.1.3 Encontrar um vetor w perpendicular aos vetores u e v .
r r r
3.11.1.4 Mostre que {u,v ,w } é uma base positiva do R3.
114
(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = (0,0,0)
que resulta no seguinte sistema linear:
− x − 3 y + 3z = 0
x − y − z = 0
x + 2y + 4z = 0
O sistema possui solução única, a trivial, pois o determinante da matriz dos coeficientes é
−1 − 3 3
det A = 1 − 1 − 1 = 26 ≠ 0
1 2 4
r r r
A base é positiva porque w = u × v .
r r r
3.11.1.5 Calcule o volume do paralelepípedo formado pelos vetores u , v e w .
r r r r
3.11.1.6 Escrever o vetor a = ( 4,2,4) na base {u,v ,w } .
(− x − 3y + 3z , x − y − z , x + 2y + 4z ) = (4,2,4)
que resulta no o sistema
− x − 3 y + 3z = 4
x − y − z = 2
x + 2y + 4z = 4
Como já sabemos que o sistema possui solução única, pois o determinante da matriz dos
coeficientes é 12, podemos resolvê-lo pela regra de Cramer;
Usando a regra, temos que determinar os seguintes três determinantes:
115
4 −3 3
det( Ax ) 52
det( Ax ) = 2 − 1 − 1 = 52 ⇒ x = = =2
det( A) 26
4 2 4
−1 4 3
det( Ay ) − 26
det( Ay ) = 1 2 − 1 = −26 ⇒ y = = = −1
det( A) 26
1 4 4
−1 − 3 4
det( Az ) 26
det( Az ) = 1
− 1 2 = 26 ⇒ z = = =1
det( A ) 26
1
2 4
r r r r
Concluímos então que a = 2u − 1v + 1w
(encontre esta mesma resposta usando escalonamento)
116
Unidade II Retas e Planos
1. Situando a Temática
2. Problematizando a Temática
Trataremos vários problemas geométricos, como por exemplo, posições relativas entre as
retas, entre as retas e os planos e entre planos, bem como calcularemos o ângulo, distâncias e
interseções entre estes elementos, utilizando as facilidades dadas pelas propriedades
encontradas nos vetores e suas operações elementares e seus produtos, com suas respectivas
características geométricas e algébricas.
3. Conhecendo a Temática
3.1 Introdução
Vamos primeiramente definir plano, pois uma das possibilidades para a definição de uma
reta é a interseção de dois planos não paralelos (pense na interseção do plano do chão com o
plano de uma parede: é uma reta).
Sempre que possível, tente desenhar, fazer um esboço, de uma reta, um plano, como será
mostrado aqui, mas mesmo se não tiver habilidades no desenho, imagine sempre planos, aqueles
que estão ao seu redor, como paredes, chão, teto, telhados e as retas, como sendo as quinas das
paredes, as linhas de uma quadra de jogo, etc., pois será muito importante ver, ou pensar, de
como essas retas e planos podem estar dispostos no espaço tridimensional.
3.2 O plano
plano é infinito, veja na figura 1. Usaremos letras gregas minúsculas para representar os planos,
exibidas nas colunas letra da tabela 1.
117
letra LETRA Nome letra LETRA Nome letra LETRA Nome
α Α Alfa ι Ι Iota ρ Ρ Rô
β Β Beta κ Κ capa σ Σ Sigma
γ Γ Gama λ Λ Lambda τ Τ Tau
δ ∆ Delta µ Μ Mi υ Υ Ípsilon
ε Ε Epsílon ν Ν Ni φ Φ Fi
ζ Ζ Dzeta ξ Ξ csi χ Χ Qui
ε Η Eta ο Ο Ômicron ψ Ψ Psi
θ Θ Teta π Π Pi ω Ω Ômega
Tabela 1 Letras gregas minúsculas, maiúsculas e nome.
[AP, AB, AC ] = 0
Os vetores AB , AC e AP são linearmente dependentes, logo existe uma combinação
AP = κ 1 AB + κ 2 AC
Definição: A equação
AP = κ 1 AB + κ 2 AC
AP = ( x − x A , y − y A , z − z A ) ,
4
Que não pertencem a uma reta ou que formam um triângulo.
118
Portanto:
Dá equação vetorial, temos:
AP = κ 1 AB + κ 2 AC
r r
AP = κ 1u + κ 2v
( x − x A , y − y A , z − z A ) = κ 1( xu , y u , zu ) + κ 2 ( xv , y v , zv )
1444424444 3 142 r
43 142 r
43
AP u v
x = xA + xu κ 1 + xv κ 2
π : y = y A + y u κ1 + y v κ 2
z = z + zuκ1 + zv κ 2
A
[AP, AB, AC ] = 0
[AP,ur,vr ] = 0
x − xA y − yA z − zA
xu yu zu =0
xv yv zv
( x − x A )( y u zv − y v zu ) + ( y − y A )( xv zu − xu zv ) + ( z − z A )( xu y v − xv y u ) = 0
144244 3 142 4 43 4 144244 3
a b c
Fazendo:
o a = ( y u zv − y v zu ) ,
o b = ( xv zu − xu zv ) ,
o c = ( x u y v − xv y u ) e
o d = −(ax A + by A + cz A )
119
Que resulta em nas equações paramétricas do plano π :
x = 3 − 1κ1 − 3κ 2
π : y = 0 + 1κ1 − 1κ 2
z = 1 + 1κ + 2κ
1 2
Para verificar que o ponto D = (1,−6,1) e a origem O = (0,0,0) , pertencem ao plano, basta
substituir as três coordenadas dos pontos na equação do plano π . Se a igualdade for
satisfeita, o ponto pertence ao plano, caso contrário, não pertence, logo:
o O = (0,0,0) ⇒ 3({
0) − ({ 0) − 13 = −13 ≠ 0 , logo O não pertence a π ;
0) + 4({
x y z
o D = (1,−6,1) ⇒ 3({
1) − ({ 1) − 13 = 0 , logo D pertence ao plano π .
−6 ) + 4({
x y z
Observações:
• Note que, nas equações paramétricas do exercício anterior, as coordenadas do ponto
A = (3,0,1) , estão “soltas” em uma coluna e as coordenadas dos dois vetores AB = (−1,1,1)
e AC = ( −3,−1,2) também estão nas colunas, porém multiplicadas pelos dois parâmetros
κ1 e κ 2 .
• Nas equações paramétricas do plano π , substituindo:
κ1 = 0 e κ 2 = 0 , temos o ponto A,
κ1 = 1 e κ 2 = 0 , temos o ponto B e
κ1 = 0 e κ 2 = 1, temos o ponto C;
• Para cada par de parâmetros κ 1 e κ 2 correspondem a um único ponto do plano e para
cada ponto P do plano corresponde um único par de parâmetros.
os vetores diretores AB e AC .
(a, b, c ) ⋅ ( x − x A , y − y A , z − zA ) = 0
12 r
3 1444 424444 3
nπ AP
a( x − x A ) + b( y − y A ) + c( z − zA ) = 0
ax + by + cz − (ax A + by A + czA ) = 0
(2,1,3) ⋅ ( x − 1, y − 1, z − 1) = 0
2( x − 1) + 1( y − 1) + 3( z − 1) = 0
121
Achar outros dois pontos, recaindo em um plano definido por três pontos, atribuindo
valores para as variáveis, encontrando pontos que satisfaçam à equação do plano ϕ ,
x = µ1 x = 0 + 1µ1 + 0 µ2
ϕ : y = 6 − 2 µ1 − 3 µ 2 ou na forma completa ϕ : y = 6 − 2µ1 − 3 µ2 .
z = µ z = 0 + 0 µ + 1µ
2 1 2
3.3 A reta
equação vetorial AP = τ AB
Definição: Qualquer vetor não nulo, que dá a direção de uma reta r , é chamado de vetor diretor
da reta r .
AP = ( x − x A , y − y A , z − z A ) ,
122
Portanto, da equação vetorial, temos:
AP = τ AB
r
AP = τu
( x − x A , y − y A , z − zA ) = τ ( xu , y u , zu )
1444 424444 3 142 r
43
AP u
r
Se nenhuma das coordenadas do vetor diretor u = AB , for nula, podemos isolar o
x − xA y − yA z − zA
parâmetro τ de cada uma das equações acima, obtendo τ = ,τ= eτ= , ou
xu yu zu
x − x A y − y A z − zA
seja, temos a seguinte igualdade τ = = = .
xu yu yu
x = 3 − 1τ
Que resulta em nas equações paramétricas da reta r : y = 0 + 1τ .
z = 1 + 1τ
Isolando o parâmetro τ das equações acima, obtemos as equações simétricas da reta:
x − 3 y − 0 z −1
r: = = , ou r : 3 − x = y = z − 1.
−1 1 1
Para verificar que o ponto E = (1,2,3) e a origem O = (0,0,0) , pertencem à reta, basta substituir as
três coordenadas dos pontos nas equações simétricas da reta, se as igualdades forem satisfeitas,
o ponto pertence à reta, caso contrário, não pertence, logo:
123
0 − 3 0 − 0 0 −1
O = (0,0,0) ⇒ = = ⇒ 3 ≠ 0 ≠ −1, não pertence a r;
1−
231 13 {
12 1
=3 =0 = −1
1− 3 2 − 0 3 − 1
E = (1,2,3) ⇒ = = ⇒ 2 = 2 = 2 , pertence à reta r.
{− 1 1213 { 1
=2 =2 =2
ax + by + cz + d = 0
r :
px + qy + rz + s = 0
Lembre-se que para definir uma reta, é necessário:
Dois pontos
Neste caso podemos achar duas soluções para o sistema acima, não necessariamente tendo
que resolver o sistema.
Como fazer isso?
“Será que esta reta tem algum ponto cuja primeira coordenada seja 0?”
o Fazendo x = 0 , o sistema acima, fica apenas com duas variáveis, que é bem mais fácil
by + cz + d = 0
de resolver, ou seja, r : . Se tiver solução, achamos o primeiro ponto,
qy + rz + s = 0
caso contrário, faça y = 0 , z = 0 ou qualquer outro valor para uma das coordenadas.
o Para achar o segundo ponto, siga a mesma idéia de achar o primeiro ponto.
124
Exercício: Determinar as equações paramétricas e simétricas da reta r dada pela interseção dos
planos α : x + y + z + 1 = 0 e β : 2 x + 3 y + z = 0 .
Solução:
x + y + z + 1= 0
Vamos primeiro determinar esta reta r, como solução do sistema , usando o
2 x + 3 y + z = 0
método do escalonamento, temos:
1 1 1 − 1 1 1 1 − 1 L1 → L1 − L2 ⇒ 1 0 2 − 3
L → L − 2L ⇒
2 3 1 0 2 2 1 0 1 − 1 2 0 1 − 1 − 2
x + 2z = −3
O que resulta no sistema equivalente , escolhendo z = τ e substituindo no
y − z = −2
x = − 3 − 2τ
sistema equivalente, obtemos as equações paramétricas da reta r : y = − 2 + 1τ e destas,
z = 0 + 1τ
x+3 y +2 z
obtemos as equações simétricas r : = = .
−2 1 1
x + y + 1= 0
o z = 0 , reduzindo o sistema para , tendo como solução x = −3 e y = 2 ,
2 x + 3 y =0
x = 1 − 4τ
reta são r : y = 0 + 2τ e, destas equações, obtemos as equações simétricas
z = − 2 + 2τ
x −1 y z + 2
r: = = .
−4 2 2
125
r r r
o Para determinar um vetor diretor, basta calcular u = nα × n β , logo
r r r
i j k
r r r r r r
u = nα × n β = 1 1 1 = −2i + j + k .
2 3 1
x = 1 − 2τ
Portanto as equações paramétricas da reta são r : y = 0 + 1τ e destas, obtemos as
z = − 2 + 1τ
x −1 y z + 2
equações simétricas r : = = .
−2 1 1
126
O vetor SR é paralelo aos vetores diretores;
A interseção entre as retas é a própria reta;
O ângulo (r , s ) entre as retas é 0o;
A distância d (r , s ) entre as retas é 0.
127
r r
O volume do paralelepípedo formado pelos vetores r , s e SR é positivo;
A distância d (r , s ) entre as retas é positiva.
Existem três possibilidades para a posição relativa entre uma reta e um plano.
r
O vetor AR é perpendicular ao vetor nα ;
r r r
Os vetores r , u e v , podem ser representados em um plano, logo são LD;
r r
O volume do paralelepípedo formado pelos vetores AR , u e v é 0;
A distância d (α , r ) entre a reta e o plano é 0.
128
Observando a reta r concorrente ao plano α , ou seja,
que o intercepta em apenas um ponto, na figura 15,
concluímos que:
r r
Os vetores r e nα não são perpendiculares, logo
r r
r ⋅ nα ≠ 0 ;
A interseção entre a reta e o plano é o ponto I; Figura 15 Reta concorrente ao plano
129
3.4.3.2 Planos paralelos
3.5 Ângulo
Para determinar ângulos entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, é
necessário primeiro, saber qual é a posição relativa entre eles, pois dependendo do caso, o
ângulo é nulo e nada para se fazer, mas quando não for nulo, o ângulo será calculando, usando o
cálculo do ângulo entre dois vetores (3.8 e 3.9.1 da Unidade II).
3.5.1 Nulo
130
Os planos α e β forem paralelos ou coincidentes (figuras 16 e 17)
3.6 Interseções
3.6.1 Vazia
131
O ponto I de interseção das retas é um ponto que deve satisfazer as duas equações
paramétricas, ou seja,
I = ( x R + x r τ , y R + y r τ , zR + zr τ ) ∈ r e I = ( xS + x sτ , y S + y sτ , zS + zsτ ) ∈ s
x R + x r τ = xS + x s ρ
I : y R + y r τ = y S + y s ρ
z + y τ = z + z ρ
R r S s
Uma vez determinado o valor de τ , basta substituir na equação da reta r, obtendo o ponto
de interseção I.
Os planos α e β forem paralelos coincidentes (figura 16).
Neste caso a interseção será o próprio plano α ou β .
Os planos α e β forem concorrentes (figura 18).
Neste caso a interseção será uma reta, vista em 3.3.3 desta unidade.
3.7 Distâncias
As distâncias entre as retas, entre as retas e os planos e entre planos, também depende
da posição relativa pois, se a distância for zero, nada a fazer, se não for zero, deve-se,
132
basicamente, calcular comprimentos (produto interno), áreas (produto vetorial) e volume (produto
misto).
Observação: A distância entre dois pontos A e B, quaisquer é calculado com a norma do vetor
AB , ou seja, d (a, b ) = AB .
Vamos considerar, antes de definir as demais distâncias, a distância entre um ponto e uma
reta e a distância entre um ponto e um plano, pois todos os outros casos recaem em um destes
dois.
r
r × RP Área
logo a distância do ponto P a uma reta r, é dada por d (P, r ) = h = r =
|| r || base
133
Da figura 20, temos que volume é dado pelo módulo do produto misto
r r
[r r
u,v , AP = u × v . h
1424 3 123 Altura
{ ]
Volume Áreabase
3.8 Exemplos
A partir deste momento iremos revisar, via exercícios e exemplos, todos os conhecimentos
anteriores, como definir retas, planos, determinar a posição relativa, a interseção, o ângulo e a
distância entre eles, e outras coisinhas mais, sempre considerando o sistema de coordenadas do
R3 definido.
Em todos os exemplos abaixo, considere os pontos A = (3,0,1) , B = ( 2,1,2) , C = (0,−1,3 ) e
x = 3 − 1τ
ponto genérico P = ( x, y , z ) , a reta r : y = 0 + 1τ e o plano α : 2 x + 1y + 3z − 6 = 0 .
z = 1 + 1τ
134
3.8.1.1 Determinar a reta s, que passa por C e é paralela à reta r.
Para determinar a reta s, ou seja, determinar as equações desta reta, você terá que achar
um vetor diretor da mesma.
x = 0 − 1ρ
Escrevendo as equações paramétricas da reta s, temos s : y = − 1+ 1ρ ;
z = 3 + 1ρ
Escrevendo as equações simétricas (isolando ρ nas paramétricas) obtemos:
x y +1 z − 3
s: = = ou s : − x = y + 1 = z − 3
−1 1 1
Para determinar o plano β , ou seja, determinar as equações deste plano, você terá que achar um
ponto e um vetor normal do plano β .
135
o Determinar dois vetores diretores do plano. Para tanto, acharemos outros dois
pontos, como por exemplo, os pontos C1 = (0,0,2) e C2 = ( −2,0,0 ) , achando os
x = 0 + 0 µ1 − 2µ 2
β : y = − 1+ 1µ1 + 1µ 2
z = 3 − 1µ − 3 µ
1 2
x = 2 + µ1 + µ2 x = − 2 + µ1 + µ 2
β : y = µ1 ou β : y = 0 + µ1 + 0 µ 2
z = µ2 z = 0 + 0 µ + 1µ
1 2
Pense na sua mesa como o plano (infinito) e o seu lápis como reta (infinita)
1. Coloque o lápis sobre a mesa (primeira possibilidade);
2. Afaste da mesa paralelamente o lápis (segunda possibilidade);
3. Encoste apenas a ponta do lápis na mesa (terceira possibilidade).
Finalmente para determinar a interseção, que já sabemos que é um ponto, basta pegar um
ponto qualquer I = (0 − 1ρ,−1 + 1ρ,3 + 1ρ ) da reta s e substituir na equação geral do plano
β , ou seja:
− 1(0 − 1ρ ) + 1( −1 + 1ρ ) + 1(3 + 1ρ ) − 2 = 0
136
3.8.1.4 Determinar a equação normal do plano φ que contenha o ponto A e seja paralelo ao
plano β.
Para determinar a equação deste plano, você terá que achar um ponto e vetor normal do
plano ϕ , ou dois vetores diretores do plano.
Para determinar a distância entre estes planos, vamos de fato calcular um volume.
Represente o vetor AC ;
r r
Observe que, o vetor nβ pode representar o produto vetorial de dois vetores diretores v 1 e
r r r r
v 2 do plano β , ou seja, n β = v 1 × v 2 ;
r r
O volume será gerado pelos vetores v 1 , v 2 e AC , portanto o volume será o módulo do
produto misto:
r r r r r
V = [v 1, v 2 , AC ] = v 1 × v 2 ⋅ AC = n β ⋅ AC = 4
4 4 3
d ( β ,ϕ ) = = u.c.
3 3
137
Foram introduzidos, nesta unidade, as retas e os planos e como olhar estes elementos de
uma maneira geométrica.
Definimos também as equações paramétricas das retas e dos planos, bem como a
equação simétrica da reta e a equação geral de um plano.
Foi bastante enfatizado que determinar a posição relativa entre as retas e os planos é, de
fato, muito importante, pois facilita a compreensão dos problemas e principalmente a sua
resolução.
Mostramos também como determinar ângulos, interseções e distâncias entre as retas,
entre retas e planos e entre planos.
1. Situando a Temática
138
Nesta unidade estudaremos e definiremos as cônicas, como por exemplo, circunferências,
elipses, hipérboles e parábolas, a partir das suas equações gerais dadas por equações do
segundo grau em duas variáveis, usando ferramentas algébricas, como matrizes, determinantes,
polinômios característicos, autovalores e autovetores, introduzidos nesta unidade.
Faremos também uma introdução às superfícies quádricas, bem como serão exibidas
algumas superfícies de revolução, cilíndricas e cônicas, com o intuito de fazer o aluno olhar os
objetos ao seu redor e tentar ver que tipo de superfície se trata tal objeto e que é possível existir
uma equação associada a tal superfície.
2. Problematizando a Temática
3. Conhecendo a Temática
3.1 Introdução
O tratamento mais básico, ou seja, considerando as cônicas com o eixo focal paralelo ao
eixo x ou ao eixo y , será tratado na disciplina Matemática Básica IV, porém seu conhecimento
será necessário para a distinção das cônicas aqui abordadas, pois nosso objetivo será sempre
obter as equações das cônicas na sua forma reduzida.
Para a classificação das cônicas, usaremos os conceitos básicos de como encontrar os
autovalores e autovetores, associados a uma determinada matriz. A definição e aplicações serão
objetos da disciplina Introdução à Álgebra Linear, mas aqui introduzidas parcialmente, apenas
para usá-las em nossos estudos.
No caso das superfícies ficaremos a maior parte do tempo na identificação, compreensão e
esboço das superfícies quádricas, cônicas e cilíndricas, nas suas formas mais conhecidas, apesar
de também ser possível, usando o mesmo procedimento para as cônicas, classificar as quádricas.
3.2 Cônicas
Vamos considerar, para o estudo das cônicas, o plano cartesiano, ou seja, o espaço de
duas dimensões R2.
139
Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y) ∈ R 2 que satisfazem à equação do segundo grau
em duas variáveis
Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0
é chamado de cônica.
• {
A cônica é o conjunto (x, y) ∈ R 2 Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 }
• Podemos escrever a equação Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 na forma matricial
(verifique):
A B 2 x x
[x y ]. . + [D E ]. + F = 0
B 2 C y y
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y - 1 = 0 ;
x2 y2
b) Elipse: + = 1 ⇔ 2x 2 + 3 y 2 = 6 , ou seja,
3 2
2x 2 + 0xy + 3y 2 + 0x + 0y - 6 = 0 ;
x2 y2
c) Hipérbole: − = 1 ⇔ 2x 2 − 3 y 2 = 6 , ou seja,
3 2
2x 2 + 0xy − 3y 2 + 0x + 0y - 6 = 0 ;
d) Parábola: x 2 − y = 0 , ou seja,
1x 2 + 0xy + 0y 2 + 0x − 1y + 0 = 0 ;
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
1x 2 + 0xy + 1y 2 + 0x + 0y − 1 = 0 ;
140
1x 2 + 2xy + 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
1x 2 + 0xy − 1y 2 + 0x + 0y + 0 = 0 ;
C = ( x0 , y 0 ) é o cento;
F1 , F2 e F são os focos;
A1 , A2 , B1 , B2 e V = ( xV , yV ) são os vértices;
Circunferência Parábola
C : CP = r CP : FP = d (P, r )
C : ( x − x0 )2 + ( y − y 0 )2 = r 2 CP : 4c( y − yV ) = ( x − xV )2
x = x0 + r . cos(τ ) x = xV + 2cτ
C: CP :
y = y 0 + r .sen(τ ) y = y V + cτ
2
r é a reta diretriz
Onde r é o raio. c = FV
Elipse Hipérbole
141
E : F1P + F2P = 2a H : F1 P − F2 P = 2a
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( x − x0 )2 ( y − y 0 )2
E: + =1 H: − =1
a2 b2 a2 b2
x = x 0 + a. cos(τ ) x = x0 + a. sec(τ )
E: H:
y = y 0 + b.sen(τ ) y = y 0 + b. tan(τ )
Onde: Onde:
2a = A1A2 (eixo maior) 2a = A1A2 (eixo maior)
2b = B1B2 (eixo menor) 2c = F1F2 (distância focal)
2c = F1F2 (distância focal) c 2 = a2 + b2
a2 = b2 + c 2
Observação: Nos casos em que na equação não conste do termo quadrático misto, a
classificação se dá através de operações como completamento de quadrados e operações
algébricas básicas (ver exemplos 3.4.1).
5 − 2
Exemplo: Considere a matriz A = . O polinômio característico da matriz A será o
− 2 8
5 − 2 1 0 5 − λ − 2
determinante de A2×2 − λI2 = − λ = , ou seja,
− 2 8 0 1 − 2 8 − λ
142
5−λ −2
p(λ ) = det( A − λI 2 ) = = (5 − λ )(8 − λ ) − 4 = λ2 − 13λ + 36 .
−2 8−λ
5 − 2
Exemplo: Considere a matriz A = como no exemplo anterior, com o seu polinômio
− 2 8
r
Definição: Chamaremos de autovetor v λ associado ao autovalor λ de uma matriz An× n , a uma
solução do seguinte sistema linear:
A. X = λX
t
Onde X = (x1 x2 ... xn) é uma matriz coluna composta de n variáveis. A solução X0 da equação
r
matricial acima nos dá as coordenadas de v λ em relação a uma base de Rn.
5 − 2
Exemplo: Considere os autovalores λ1 = 4 e λ2 = 9 da matriz A = do exemplo
− 2 8
anterior. Logo, para o autovalor:
5 − 2 x x 4 x
λ1 = 4 , temos: = 4 =
−4
1
2 8 y
243 { {y 4y
A X X
r 2 1 1
por v λ1 = , , considerando y = .
5 5 5
5 − 2 x x 9 x
λ1 = 9 , temos: = 9 =
−4
1
2 8 y
243 { {y 9 y
A X X
143
r
Obtendo os autovetores v λ1 = ( x,−2 x ) , com x ≠ 0 . Logo, um autovetor unitário será dado
r −1 2 1
por v λ2 = , , considerando x = − .
5 5 5
A B 2 x x
[x y ]. . + [D E ]. + F = 0
B 2 C y y
r r A B 2
2) Determinar autovetores unitários u e v da matriz dos termos quadráticos , que
B 2 C
darão a direção dos novos eixos coordenados para a cônica;
r r
3) Considerando os autovetores unitários u = (u x ,u y ) e v = (v x ,v y ) associados aos autovalores
λ 0 u x vx
D= u e P=
0 λu u y v y
4) Escrever a nova equação a partir da equação vetorial, fazendo a mudança das variáveis x e
y por x1 e y1 , ou seja,
λ 0 x1 u x v x x1
[x1 y 1]. u . + [D E ].u .
v y y1
+F =0
0 λu y1 y
r r
5) Esboçar o gráfico da cônica acima, considerando como eixos dados pelos autovetores u e v .
A B 2
os autovalores da matriz dos termos quadráticos M = , então:
B 2 C
a) λ1.λ2 = A.C − B 2 / 4 ;
144
Observação: Só utilizaremos este método de classificação nos casos em que o coeficiente do
termo quadrático misto for diferente de zero, pois caso contrário recai numa equação da forma
reduzida, via completamento de quadrados e operações elementares algébricos (“continhas”).
Veja os exemplos em 3.4.1.
3.3 Quádricas
Vamos considerar para o estudo das quádricas, o espaço tridimensional com o sistema de
eixos coordenados dado na unidade 3.
Definição: O lugar geométrico dos pontos (x, y, z) ∈ R 3 que satisfazem à equação do segundo
grau em três variáveis
Ax 2 + By 2 + Cz 2 + Dxy + Eyz + Fxz + Gx + Hy + Iz + J = 0
Exemplos:
a) Esfera: x 2 + y 2 + z 2 = 1 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 1 = 0 ;
x2 y2 z2
b) Elipsóide: + + = 1 ⇔ 2x 2 + 3 y 2 + 3z 2 = 6 , ou seja,
3 2 2
2x 2 + 3 y 2 + 3z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 6 = 0 ;
x 2 y 2 z2
c) Hiperbolóide: − + = 1 ⇔ 2x 2 − 3 y 2 + 3 y 2 = 6 , ou seja,
3 2 2
2x 2 − 3 y 2 + 3z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 6 = 0 ;
d) Parabolóide: x 2 + y 2 − z = 0 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 + 0z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y − 1z + 0 = 0 ;
e) Cone: x 2 + y 2 − z 2 = 0 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 − 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
f) Cilindro: x 2 + y 2 − 1 = 0 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 + 0z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z − 1 = 0 ;
g) Um ponto: x 2 + y 2 + z 2 = 0 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
h) Vazio: x 2 + y 2 + z 2 + 1 = 0 , ou seja,
1x 2 + 1y 2 + 1z 2 + 0 xy + 0 yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0 z − 1 = 0 ;
145
1x 2 + 2y 2 + 1z 2 + 2xy − 2yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
1x 2 + 1y 2 + 0 z 2 + 2xy + 0yz + 0 xz + 0 x + 0 y + 0z + 0 = 0 ;
k) Dois planos paralelos: (x + y + z)(x + y + z + 1) = 0 , ou seja,
1x 2 + 0 y 2 − 1z 2 + 0 xy + 0yz + 0 xz + 0x + 0y + 0z + 0 = 0 ;
Observações:
• Pelos menos um dos coeficientes dos termos quadráticos é diferente de zero;
• De modo análogo à classificação das cônicas, as quádricas também podem ter as suas
equações modificadas para uma forma reduzida, via autovetores e autovalores, porém
esta classificação não será objeto de estudos nesta disciplina;
• Vamos considerar o ponto C = ( x0 , y 0 , z0 ) como centro, nas quádricas chamadas
π 3 : z = 0 , ou com planos paralelos aos planos coordenados. Estes planos são escolhidos de
tal forma que a interseção resultante com a quádrica, seja uma curva conhecida, onde a idéia
básica é “fazer sumir” uma das variáveis da equação da quádrica;
2) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja uma das cônicas conhecidas,
classificar e observar quais são as características desta cônica em relação aos eixos paralelos
ao plano π n ;
3) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja um ponto ou vazia, deve-se encontrar
um outro plano α n paralelo ao plano π n , de tal forma que a interseção da quádrica com o
plano α n seja uma das cônicas conhecidas, voltando para o segundo item;
4) Caso a interseção da quádrica Q com o plano π n , seja uma circunferência, a superfície será
de revolução, ou seja, gira em torno de uma reta perpendicular ao plano π n , passando pelo
centro ou pelo vértice da quádrica;
146
3.3.1 Esfera
Observações:
• A esfera é um caso particular de elipsóide; Figura 1 Esfera com centro na origem.
3.3.2 Elipsóide
Observações:
Figura 2 Elipsóide com centro na origem
• A esfera é um caso particular de elipsóide,
bastando considerar os valores a = b = c = r , na equação acima;
• Todos os coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
positivos;
• Duas das interseções da quádrica QE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são elipses, por este motivo o nome é elipsóide;
o Se a outra interseção for uma elipse o nome será elipsóide elíptica;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será elipsóide circular ou
elipsóide de revolução.
147
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + =1
a2 b2 c2
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 1 : − + + =1
a2 b2 c2
Observações:
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
positivos;
• Duas das interseções da quádrica QH 1 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são hipérboles, por este motivo o nome é hiperbolóide;
o Se a outra interseção for uma elipse o nome será hiperbolóide elíptico de uma
folha;
o Se a outra interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular (ou
de revolução) de uma folha;
• O “sobrenome” uma folha é para diferenciar do hiperbolóide de duas folhas (compare as
figuras 3 e 4).
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QH 2 : − + − =1
a2 b2 c2 Figura 4 Hiperbolóide de duas folhas
com centro na origem
( x − x0 )
2
(y − y 0 ) ( z − z0 )
2 2
QH 2 : − 2
− 2
+ =1
a b c2
Observações:
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
negativos;
• Duas das interseções da quádrica QH 2 com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são hipérboles, por este motivo o nome é hiperbolóide;
• A outra interseção é vazia, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será hiperbolóide elíptico de duas
folhas;
o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será hiperbolóide circular
(ou de revolução) de duas folhas;
148
• O “sobrenome” duas folhas é para diferenciar do hiperbolóide de uma folha (compare as
figuras 3 e 4).
( x − x 0 ) 2 ( z − z0 ) 2
QPE : ± ± = b( y − y 0 )
a2 c2
Figura 5 Parabolóide elíptico com
vértice na origem
(y − y 0 )2
( z − z0 ) 2
QPE : ± 2
± = a( x − x0 )
b c2
Observações:
• Os dois coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação possuem o
mesmo sinal;
• Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são parábolas, por este motivo o nome é parabolóide;
• A outra interseção é um ponto, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será parabolóide elíptico;
o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será parabolóide circular
(ou de revolução);
( x − x0 )2 ( z − z0 )2
QPH : ± m = b( y − y 0 )
a2 c2
Figura 6 Parabolóide hiperbólico com
( y − y 0 ) 2 ( z − z0 ) 2 vértice na origem
QPH :± m = a( x − x0 )
b2 c2
Observações:
• Os dois coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação possuem
sinais opostos;
149
• Duas das interseções da quádrica QPE com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são parábolas, por este motivo o nome é parabolóide;
• A outra interseção são duas retas, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este,
cuja interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica.
• Esta nova interseção é uma hipérbole, logo o nome será parabolóide hiperbólico;
• Esta superfície também é conhecida como cela de cavalo.
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QSC : − + =0
a2 b2 c2
( x − x0 )2 ( y − y 0 )2 ( z − z0 )2
QSC : − + + =0
a2 b2 c2
Observações:
• A reta é chamada de geratriz, a curva é a diretriz e o ponto fixo o vértice da superfície
cônica;
• Vamos considerar o caso particular, onde a curva geratriz é uma elipse ou uma
circunferência;
• Dois dos coeficientes dos termos quadráticos do primeiro membro da equação são
positivos;
• Duas das interseções da quádrica QSC com os planos π 1 : x = x0 , π 2 : y = y 0 e π 3 : z = z0
são duas retas concorrentes no vértice.
• A outra interseção é um ponto, logo é necessário pegar outro plano, paralelo a este, cuja
interseção seja uma cônica, para classificar a quádrica;
o Se esta nova interseção for uma elipse o nome será cone elíptico;
o Se esta nova interseção for uma circunferência o nome será cone circular (ou de
revolução).
150
3.3.8 Superfície cilíndrica
3.4 Exemplos
3.4.1 Cônicas
3.4.1.1 C1 : 9 x 2 − 16 y 2 − 144 = 0
Os valores são a = 4 , b = 3 e c = 16 + 9 = 5 ;
As duas assintotas são dadas pelas retas r1 : y = 3 / 4 x e r2 : y = −3 / 4 x ;
3.4.1.2 C2 : 9 x 2 + 4 y 2 − 18 x + 16 y − 11 = 0
151
Completando os quadrados para ( x 2 − 2 x ) e ( y 2 + 4 y ) temos:
[ ] [
9 ( x 2 − 2 x + 1) − 1 + 4 ( y 2 + 4 y + 4) − 4 − 11 = 0]
[
9 ( x − 1)2 − 1] + 4[( y + 2) 2
]
− 4 − 11 = 0
9( x − 1)2 − 9 + 4( y + 2)2 − 16 − 11 = 0
9( x − 1)2 + 4( y + 2)2 − 36 = 0
De maneira análoga ao exemplo anterior,
dividindo toda a equação por 36, obtemos a
2 2
forma reduzida da cônica, dada por: Figura 10 Elipse: 9x + 4y - 18x + 16y – 11 = 0
Os valores são a = 3 , b = 2 e c = 9 − 4 = 5 ;
A excentricidade é e = 5 / 3 < 1.
3.4.1.3 C3 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 − 36 = 0
5 − 2 x x
equação na forma matricial é [x y ]. . + [0 0]. − 36 = 0 , ou simplesmente
− 2 8 y y
5 − 2 x
[x y ]. . − 36 = 0 ;
− 2 8 y
r r
Para determinar os autovetores unitários u e v da matriz dos termos quadráticos
5 − 2
, temos que determinar o polinômio característico, que é dado por
− 2 8
152
r 2 1 r −1 2
autovetores unitários são u = , e v = , respectivamente (ver exemplos
5 5 5 5
anteriores);
2 − 1
4 0 5 5
Sejam as matrizes D = e P= 1 2
0 9
5 5
Escrevendo
2 − 1
4 0 x1 5 . x1 − 36 = 0
[x1 y 1]. .
+ [0 0 ]
.
1
5
2 y1
0 9 y1
5 5
eixos x1 e y1 , que após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
x12 y 12
+ = 1 , que é uma elipse (ver figura 2).
9 4
20 80
3.4.1.4 C4 : 5 x 2 − 4 xy + 8 y 2 + x− y +4=0
5 5
5 − 2
Como é a mesma matriz dos termos quadráticos do exemplo anterior, temos
− 2 8
r 2 1 r −1 2
são λ1 = 4 e λ2 = 9 e, portanto os autovetores unitários são u = , e v = ,
5 5 5 5
respectivamente;
2 − 1
4 0 5 5
Considerando as matrizes D = e P= 1 2
0 9
5 5
153
Escrevendo na nova forma matricial:
2 − 1
4 0 x1 20 80
5 . x1 + 4 = 0
[x1 y 1]. . + − .
5
1 2 y 1
0 9 y 1 5 5
5 5
4( x12 − 2 x1 ) + 9( y 12 − 4 y1 ) + 4 = 0
4( x1 − 1)2 + 9( y1 − 2)2 − 36 = 0
que, após uma simples divisão, obtemos a cônica na forma reduzida
( x1 − 1)2 ( y 1 − 2)2
+ = 1, que é uma elipse. Observe que o centro é C = (1,2) no sistema de
9 4
eixos x1 e y1 .
3.4.2 Quádricas
x 2 y 2 z2
3.4.2.1 Q1 : + + =1
4 4 25
x 2 z2
o Para o plano π 2 : y = 0 , a interseção Q1 I π 2 : + = 1 é uma elipse com eixo focal
4 25
paralelo ao eixo z ;
x2 y 2
o Para o plano π 3 : z = 0 , a interseção Q1 I π 3 : + = 1 é uma circunferência de raio
4 4
2, logo a quádrica é uma superfície de revolução em torno do eixo z ;
154
Figura 13 Interseções da cônica com os planos coordenados
O nome da cônica Q1 é elipsóide circular ou elipsóide de revolução pois, nas interseções com
os planos, surgiram duas elipses e uma circunferência;
x 2 y 2 z2
3.4.2.2 Q2 : − + − =1
4 25 4
x2 y 2
o Para o plano π 3 : z = 0 , a interseção Q2 I π 3 : − + = 1 é uma hipérbole com eixo
4 25
focal paralelo ao eixo y ;
x 2 z2
o Para o plano π 2 : y = 0 , a interseção Q2 I π 2 : − − = 1 é vazia, logo devemos
4 4
escolher um plano β paralelo ao plano π 2 , de tal forma que a interseção Q2 I β seja
x 2 z2
o Para este novo plano β : y = 5 2 , a interseção Q2 I β : + = 1 é uma
4 4
circunferência de raio 2. Logo, a quádrica é uma superfície de revolução em torno do
eixo y ;
155
Figura 15 Interseções da cônica com os planos
156
Referências Bibliográficas
CAMARGO, I., BOULOS, P., Geometria Analítica um tratamento vetorial, Pearson Prentice
Hall, 3a Edição.
Murdoch, D. Geometria Analítica. Ed.LTC.
Material didático elaborado pelo Departamento de Matemática/CCEN/UFPB.
Boldrini, J. L. et all. Álgebra Linear. 3a. ed. Rio de Janeiro: Harbra. 1986.
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