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Introdução
Tratar do Marques de Pombal e a expulsão dos Jesuítas nos remete mais do que
entender o período Português e o século XVIII, nos seus aspectos social, político,
educacional e religioso, mas, sobretudo, nos possibilita compreender o contexto e
relacioná-lo com a História da Educação no Brasil. Para isso, é fundamental realizar
uma breve definição acerca do Iluminismo, corrente filosófica que direcionava, naquele
momento, vários países, principalmente europeus. Desse modo, busca-se averiguar
possíveis influências iluministas na dinâmica da sociedade, no desenvolvimento da
cultura, da educação, da ciência e da economia portuguesa. No entanto, o texto não tem
a intenção de tomar como verdade suprema as constatações realizadas sobre este
período histórico, mas, sim, de realizar uma reflexão, que busca compreender a
sociedade e o homem.
São latentes as contradições que se punham contra os inacianos nos momentos
que antecederam sua expulsão em Portugal, sabendo-se que a Companhia angariou,
devido às grandes proporções que tomou, muitos simpatizantes e também muitos
inimigos. Portanto, o presente texto trata também da situação da Companhia de Jesus no
decorrer do século XVIII, demonstrando os percalços enfrentados pela mesma na
História da Educação no referido contexto.
Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, realizou várias mudanças nos
mais diversos setores da Coroa; alterações essas que afetavam diretamente o Brasil. As
reformas tinham por objetivo organizar a administração, a fim de avançar nos
progressos industriais da Coroa, além de adaptar sua maior colônia, o Brasil, a todos os
ditames portugueses. A reforma educacional pombalina teve seu maior destaque,
especialmente, com a expulsão dos jesuítas de todo Império Lusitano. O processo
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educativo pedagógico em Portugal era governado pelos inacianos e, com a extinção dos
colégios jesuítas, emerge uma nova era, inclusive na colônia brasileira.
Inicia-se, primeiramente, em Portugal, a tentativa da construção de um sistema
público de ensino, sendo criado o cargo de Diretor Geral e as aulas régias. Porém, a
reforma brasileira não foi atrelada temporalmente à portuguesa. Somente após quase
trinta anos da expulsão da Companhia de Jesus é que o controle educacional pedagógico
é assumido na colônia pelo Estado. A educação brasileira, com esse embate, viu cair
consideravelmente seu nível qualitativo. E, com todas estas transformações, enfrenta a
dificuldade de progressão e consolidação.
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Termo utilizado para descrever as tendências do pensamento e da literatura na Europa. Intelectuais e
escritores do período, estavam convencidos de que emergiam de séculos de obscurantismo e ignorância
para uma nova era, iluminada pela razão, a ciência e o respeito à humanidade.
2
Teocentrismo é a teoria segundo a qual Deus é o centro do universo, tudo foi criado por Ele e por Ele é
dirigido, e, por consequência, o plano divino é mais valorizada que o humano.
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O despotismo foi, resumidamente, quando alguns monarcas absolutistas, mesmo governando de forma
centralizada, adotaram algumas ideias iluministas. Os déspotas, considerados esclarecidos, contribuíram
para o desenvolvimento cultural de suas nações.
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Monarca português, vigésimo quarto rei de Portugal, o seu reinado, durou de 1707 até à sua morte em
1750, foi um dos mais longos da História portuguesa.
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(2002, p. 177). No entanto, sua falha mais evidente, segundo Boxer (2002), e Martins
(1972), era sua paixão exagerada pelos serviços religiosos. Martins (1972 p. 439)
afirmou que “D. João V era balofo e carola, tinha amor às cerimônias e sabia todos os
pontos da etiqueta do paço e da Igreja, além de querer bem a todos santos”.
Segundo Cunha (1976), Portugal só tinha 122 dias de trabalho por ano e isso,
para ele, explicava a realidade decadente e inaceitável que a metrópole se encontrava,
não havia nenhuma organicidade nos processos produtivos. De acordo com Martins
(1972) a crise de Portugal se dava nos gastos fúteis e exagerados do rei: D. João V que
possuía um espírito orgulhoso e ambicioso e na ociosidade produtiva da nação. Já
Azevedo (1978) constatou que a preocupação do rei e suas aspirações se baseavam no
luxo, em seu bem estar, e em ter um bom relacionamento com a Igreja e com o Papa.
Na análise dos teóricos acima, a metrópole naquele período estava sendo má
governada, as condições de vida eram precárias, a miséria e a fome assolavam e não se
investia nem em agricultura nem em indústria. Mattoso (1998) destaca que o reino
produzia desordenadamente uva, pois as condições climáticas eram favoráveis, e a
procura inglesa por esse produto era relativamente intensa.
Entretanto, explica Mattoso (1998), logo ocorreu uma saturação no mercado
interno, que desencadeou uma brusca queda nos preços e nas vendas do produto. Para o
historiador, esse momento foi bastante complicado, ainda mais porque o reino não tinha
condições nenhuma de produzir cereais. Desse modo, Martins (1972) afirma que o povo
sequer conseguia garantir sua subsistência, o quadro financeiro, econômico e político
eram graves e suas disparidades também. Para Azevedo (1978), Portugal funcionava da
seguinte maneira de um lado a figura de um rei esplendoroso com inúmeras glórias e, de
outro, a realidade de uma agricultura, de uma indústria e de um povo que estavam
simplesmente se definhando.
Sergio (1972) explicita que em 1703, foi firmada uma aliança entre os países
Portugal e Inglaterra, que ficou conhecida como Tratado de Methuem5. Neste acordo,
estabeleceu-se que Portugal teria facilidades na compra de tecidos em terras inglesas e
também daria as mesmas facilidades à Inglaterra na compra do vinho português. O
estrangeirado D. Luis da Cunha que escrevia da Inglaterra, afirmou que os ingleses só
queriam adiantar suas manufaturas e arruinar as que começam em Portugal. Para Cunha,
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Tratado de Methuen ou tratado de Panos e Vinhos, (1703-1836), subordinava a economia portuguesa à
Inglaterra ao estipular a entrada dos produtos têxteis ingleses em Portugal, e do vinho português na
Inglaterra.
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segundo Azevedo (1978) a Inglaterra não se importava em nada com Portugal, com seu
vinho e com seu preço, para os ingleses o objetivo era fazer com que Portugal nunca
conseguisse saltar sua dívida. Porém cabe ressaltar que essa análise é uma das
possibilidades, realizada pelos críticos da monarquia lusitana.
Na leitura de Martins (1972) a Igreja Católica era poderosa, única e soberana, e
tinha o controle e o domínio de toda educação. Já para Mattoso (1998), a Igreja era um
polo político autônomo, exercia poder em setores periféricos da sociedade e também
influenciava decisões de níveis internacionais no reino lusitano. A Igreja tinha um
direito próprio que se configurava no Direito Canônico, direito respeitado e seguido por
toda metrópole lusitana.
Cunha (1976), escrevendo em 1747, descreve que nesse mesmo período a Igreja
começou a apresentar algumas contradições, e tornando-se alvo de fortes críticas. Uma
das críticas elaboradas pelos intelectuais foi sobre o fato de que, na criação da Igreja
primitiva era pecado os eclesiásticos possuírem terras e bens materiais, ter jurisdição
temporal6 sobre os leigos e servir a nação com cargos públicos na República, pois
deveria servir somente ao Senhor Jesus Cristo. Contudo, Cunha (1976) assinala que a
Igreja não se contentou apenas com a jurisdição em nível espiritual, a favor da doutrina
de Jesus Cristo, mas absorveu no século XVIII toda jurisdição política e civil, impondo
suas vontades e tendo o domínio de todos os setores do reino de Portugal inclusive
influenciava as decisões do soberano rei D. João V, que respeitava e aceitava todas suas
reivindicações.
Mattoso (1998) explica que a Igreja Católica era aquela que tinha sob seu
controle, O Tribunal do Santo Oficio da Inquisição, que era destinado a atender assuntos
voltados a atos de heresia e a defender a fé católica: vigiava, perseguia e condenava
aqueles que fossem suspeitos de praticar outras religiões. Para Cunha (1976) a
Inquisição era uma sangria que prejudicava todo Estado português.
No ano de 1750 falece Dom João V e o novo herdeiro do trono é D. José I que
reinou entre os anos de 1750 à 1777. De acordo com Boxer (2002) já no reinado de D.
José I, em 1755, Portugal sofre um terrível terremoto, sendo que a proporção da
destruição foi assustadora. E é nesse cenário que surge a figura que terá maior
protagonismo em Portugal nas duas seguintes décadas, seu nome José de Carvalho e
Melo o Marquês de Pombal.
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Jurisdição temporal é a nomenclatura utilizada na Igreja Católica Romana para consultar às
reivindicações do Papa para governar um território.
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Para Boxer (2002) José de Carvalho e Melo mais conhecido pelo titulo referido
em 1770, como Marquês de Pombal, foi o homem de confiança do rei D Jose I,
nomeado por ele para ajuda-lo a administrar o reino, ocupou um dos cargos mais
importantes da metrópole. De acordo com o historiador, Marquês de Pombal causou
marcas profundas em Portugal, a partir da segunda metade do século XVIII. Boxer
(2002) resumiu Pombal como um “misto de medico e de mostro que afetou seu país tão
profundamente tanto para o bem quando para o mal”. Na análise do autor, Pombal foi
implacável contra os jesuítas, causando bárbaras execuções aos Aristocratas de Távora7
e do tido como louco padre Malagrida 8. As reformas pombalinas abrangeram os setores
da economia, da educação e da política. Entretanto para Sergio (1972), poucas dessas
ações desencadearam-se em progresso.
Já em relação ao terremoto de 1755, Azevedo (1978) explica que o Marques de
Pombal combateu com firmeza o desanimo e a anarquia em que Lisboa se encontrava.
O autor afirma que a cidade estava destruída e desorganizada, entretanto Pombal logo se
empenhou em organiza-la e reconstruí-la e, com isso, conquistou de vez a confiança
ilimitada do rei. No entanto, segundo Falcon (1982), como o capital industrial no
governo de Pombal era quase inexistente, concentrando-se apenas no interior do reino
lusitano, o qual se encontrava em situação econômica desastrosa, os industriais
imputaram ao Marquês toda a responsabilidade. Por outro lado, Azevedo (1978)
comenta que mesmo nessas condições o povo clamava pelo primeiro ministro, a frase
aclamada pelo povo era “mal por mal antes Pombal”.
No reinado de D José I foi constituído um único tribunal, denominado Real
Mesa Censora, para substituir os Tribunais de Inquisição. Boxer (2002) explica que tal
instituição foi idealizada para abater todas as grandezas e para nivelar tudo e todos
perante o trono absoluto. Nesse contexto, foram parcialmente abolidas as distinções
entre cristãos velhos e novos e também a escravidão no reino. Segundo Falcon (1982 p.
213) ao tentar fazer uma leitura de Portugal, de Pombal e das reformas pombalinas
naquele período histórico, temos que nos atentar que essa representação tem sempre
uma posição metodológica que “sendo de essência eminentemente política, faz do herói
7
Os Távoras foram uma família poderosa e que se "misturou" com a mais profunda aristocracia
portuguesa. Ao longo dos séculos a família foi juntando patrimônio, poder e influência, e chegou ao
século XVIII como uma das mais poderosas e ricas famílias nobres portuguesas (o que despontou alguns
ódios). No reinado de D. Jose I ela foi brutalmente assassinada a mando do Marquês de Pombal que à
acusou de planejar o assassinado do rei.
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Foi um padre jesuíta italiano, missionário no Brasil e pregador em Lisboa, foi condenado como herege
no âmbito do Processo dos Távora. Foi garrotado e queimado na fogueira num auto-de-fé realizado no
Rossio de Lisboa.
7
espaços que outras ordens não foram capazes de alcançar, ainda que tivessem muito
mais tempo de fundação e funcionamento.
O crescimento da Companhia, principalmente sob a proteção e incentivo da
Coroa Portuguesa, foi deveras visível desde sua criação e em toda extensão dos séculos
XVI, XVII e XVIII. Se observada a presença jesuítica no raio das possessões
portuguesas, tais como o Oriente e o Brasil, pode-se perceber que esses padres exerciam
sua influência, religiosa e cultural, em praticamente todo o território lusitano.
Não se trata apenas de dizer que os inacianos eram maioria nas colônias lusas,
mas, observada a historiografia pertinente, compreendemos que o reino como um todo
recebia a influência da formação jesuítica. Desde os colégios, igrejas, o contato com o
povo comum, até as cortes e a realeza, os jesuítas faziam-se presentes em todos os
espaços portugueses no século XVIII, trazendo sempre consigo as marcas indiscutíveis
de seus rigorosos processos de formação e preparação.
Não se pode esquecer, para efeitos de compreensão, que Portugal foi a primeira
Coroa a oferecer auxílio e serviço à Companhia. Sendo assim, em Portugal foi criada
também, em 1546, a primeira província jesuítica (COSTA, 2011). Devido ao incentivo
dado pela Coroa, a partir de sua chegada em Portugal o número de jesuítas apenas
cresceu: “eram 400 em 1560, 620 em 1603, 662 em 1615, 639 em 1639, 770 em 1709,
861 em 1749. No ano de sua expulsão de Portugal, os jesuítas eram 1698 [...]” (idem, p.
68).
Se numericamente crescia o “pessoal” jesuítico em Portugal, no que tange às
suas possessões não há mudanças. É expressivo o número de colégios da Companhia
em Portugal. Nesses colégios, obviamente, uma grande gama de jovens eram formados,
sendo que “Em meados do século XVIII os colégios da Companhia de Jesus tinham, no
reino, em torno de vinte mil alunos, numa população estimada em três milhões de
habitantes” (COSTA, 2011, p. 68).
Os números apresentados, ainda que simples, denotam a influência não só
religiosa, mas ainda cultural que os jesuítas detinham no reino luso. No caso das
colônias, especialmente no que se refere ao Brasil, a educação e a formação cultural
portuguesa estavam quase que totalmente entregues à Companhia de Jesus.
Como se pode imaginar, tal poder e influência não passariam despercebidos por
aqueles que também os almejassem, ou, ainda, que vissem na mesma uma ameaça à
ordem e ao poder do Estado. No contexto do ideário absolutista em fortalecimento
desde o século XVII, as atividades da Companhia de Jesus passaram a ser vistas por
9
Acreditamos que uma das atividades que mais incomodava a respeito da prática
jesuítica era justamente o ensino ministrado nos colégios. Não apenas pela formação
cultural, mas sobretudo pelo poder de “doutrinação” que a educação possui, talvez esta
fosse a principal “ameaça” vista por Pombal e seus apoiadores no organograma da
Companhia.
Nesse sentido, queremos aqui reafirmar que, a despeito da influência e poderio
exercido pelos inacianos no reino luso, já em meados do século XVIII, a situação de
convivência desses com o poder monárquico se tornava deveras conflituosa. O que se
discute nesses termos, sob o contexto do século XVIII, já não é mais a eficácia ou não
dos métodos pedagógicos ou à catequese operada pela Companhia. A questão crucial
para o momento é a influência política, e não somente religiosa, emanadas pelos
inacianos. Sendo assim,
Marquês de Pombal
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escolas. É realizada ainda, a criação dos cargos de Diretores Gerais, e coloca mais tarde,
o controle do Ensino Superior mantido pela Igreja ao Estado. (COSTA, 2011, p. 71).
Com todos esses fatores expostos, fica expresso que, para Pombal, os jesuítas
tinham um plano para alienar a sociedade, criando, por meio dessas estratégias, uma
dependência dos padres. Isso pode o ter impulsionado à realizar a expulsão da
Companhia, já que representava uma ameaça ao reinando de D. José I. Para tanto, ele
“expulsou os jesuítas do Reino e de seus domínios – sob pretexto de que eles teriam
participado de alguma maneira de um suposto atentado contra o rei. Confiscou seus
bens. Muitos membros da Companhia foram deportados.” (BOTO, 2010, p. 293).
Pombal, considera o ato de a expulsão ser o melhor a fazer, pois ficaria mais fácil para
reparar os ‘estragos’ feitos pela Companhia à toda uma sociedade. Tinha então, por
objetivo, substituir o suposto atraso, e reconstruir todo o sistema educacional.
Entre vários motivos para justificar a expulsão dos jesuítas, que foi feita por
meio de decreto, foi justificado o fato de não respeitarem o Tratado dos Limites
(Portugal e Espanha); também a forma, posse e domínio com que os jesuítas tomavam e
mantinham os indígenas brasileiros. A forma com era feito o tratamento aos nativos,
colocava em dúvidas se mantinham as regras da coroa, “Pombal acusava a atuação dos
jesuítas com os indígenas do Brasil”, pois “segundo ele, os homens brancos eram
apresentados aos índios como maus, como mais interessados no ouro do que qualquer
coisa e, mais grave, prontos para atrocidades”. (COSTA, 2011. p. 75).
Dentre os inimigos que a Companhia de Jesus teve ao longo dos três primeiros
séculos de existência em Portugal, destaca-se, como estamos vendo, a figura do
Marques de Pombal9. Para o nobre, o atraso e subdesenvolvimento de Portugal e das
colônias era devido à Companhia de Jesus. Segundo Boxer (2002), toda e qualquer
dificuldade encontrada por Pombal, era atribuído como causa a Companhia de Jesus.
Desta forma, no mesmo local onde a Companhia era vista como desfrutando de mais
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Sebastião José de Carvalho e Melo – o Marquês de Pombal.
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Não se sabe ao certo o motivo e a origem desse sentimento de ódio que Carvalho
possuía em relação aos jesuítas. Boxer (2002) afirma não existir nenhuma indicação de
que essa raiva quase doentia existisse antes de 1750, entretanto, após dez anos se fez
tornar público. Ainda segundo o autor, uma das razões possíveis desta obsessão
antijesuítica de Pombal, teria sido sua concepção do absolutismo real e a determinação
em submeter a Igreja ao controle da Coroa.
No século XVIII, especificamente em dezembro do ano de 1757, é publicado o
libelo Relação Abbreviada, de autoria de Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro
Marquês de Pombal, com o objetivo de demonstrar as calúnias contra os jesuítas do
Paraguai e do Maranhão. Essa obra começou a se espalhar entre a população, com
Carvalho e Melo enviando exemplares aos príncipes, bispos, superiores de ordem, entre
outros notáveis. Para as nações estrangeiras, Pombal ordenou a impressão do libelo na
língua de cada país para que também se divulgassem suas acusações. Conforme Caeiro
(1995), após ter sido editado em Lisboa duas vezes na língua portuguesa, a posteriori
tem-se em italiano, francês, espanhol, alemão e por último em latim. 10
Segundo Caeiro (1995), quando o documento foi divulgado em Portugal,
percebeu-se a fúria com que o Marquês de Pombal se portou junto aos jesuítas do
Paraguai e do Maranhão, sendo esperado o mesmo comportamento contra os jesuítas de
Portugal.
Diante das acusações, o superior da Província de Portugal, P. João Henriques,
juntamente com Luís Centurione - Padre Geral da Companhia de Jesus - impõe o
silêncio absoluto proibindo que se escrevesse contra a Relação Abbreviada. Afirmava,
assim, o Provincial
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Foram impressos cerca de vinte mil exemplares em Lisboa, fazendo com que se lesse rapidamente por
todo Portugal. (CAEIRO, 1995, p. 11)
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Segundo Caeiro (1995, p. 13), se apoiava a inocência dos jesuítas no Maranhão, entretanto, todos eram
obrigados a se manter em silêncio. Se falassem sobre o Maranhão poderia ser pago com suas próprias
vidas, a “este silêncio consta terem alguns sido obrigados com juramento [...] a espalhar, pela gente,
louvores do Governador Mendonça e opróbrios dos jesuítas”.
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Assim, a ordem que durante duzentos anos liderou uma vasta rede de ensino em
Portugal e colônias, acaba sendo abruptamente interrompida. A Companhia de Jesus
acaba, portanto, sendo expulsa de Portugal e das colônias em 1759, pelo Marquês de
Pombal (1699-1782), e posteriormente, em 1764 e 1767, também é expulsa da França e
Espanha respectivamente.
Considerações Finais
Referências
BOTO, Carla. A dimensão iluminista da reforma pombalina dos estudos: das primeiras
letras à universidade. In: Revista Brasileira de Educação. v. 15. n. 44. 282-299. 2010.