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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR AÉREO EM CASO DE


MORTE OU INVALIDEZ.

NITERÓI

2018
O presente trabalho tem por objetivo uma breve análise acerca da
Responsabilidade Civil do transportador aéreo em caso de morte ou invalidez.
Com apoio na doutrina, lei e jurisprudência, segue a breve análise.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR AÉREO EM CASO DE


MORTE OU INVALIDEZ

O atual diploma civil contempla duas espécies de responsabilidade: a


subjetiva e a objetiva. A primeira é aquela em que tem como principal
pressuposto a culpa, considerada pelo artigo 186 do Código Civil em seu sentido
amplo, abrangendo a culpa stricto sensu (a que deriva de imprudência,
negligência ou imperícia) e o dolo. Já a subjetiva é aquela em que se baseia na
teoria do risco e está prevista no parágrafo único do artigo 927 do Código Civil,
que diz:

Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos


casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

As duas espécies de responsabilidade têm o dano como um de seus


pressupostos, vez que não havendo prejuízo não se pode falar em
responsabilidade jurídica.

Desta forma, no caso das empresas que trabalham com o transporte


aéreo de pessoas ou coisas, a responsabilidade civil é objetiva. Sendo assim,
ocorrendo um desastre aéreo, a companhia será responsabilizada,
independendo da apuração de culpa para que se configure o dever de indenizar.
Notadamente, se a companhia aérea conseguir provar a culpa após indenizar as
vítimas, terá direito de regresso contra os causadores do dano.

Como denota PAULO HENRIQUE DE SOUZA FREITAS o transportador aéreo


torna-se responsável pela vida do passageiro, inclusive nas operações de
embarque e desembarque, não sendo responsabilizado quando a morte ou
lesão for derivada do estado de saúde da vítima ou sua culpa exclusiva no
acidente.

ANDRÉ UCHÔA CAVALCANTI enfatiza que não se pode falar em


indenização, sem dano. JOSÉ DA SILVA PACHECO “alerta que o dano
resultante de morte do passageiro pode, em tese, constituir-se em: homicídio
doloso, homicídio culposo e morte acidental, sem configurar-se em delito”. No
primeiro caso, o transportador “decide e age com o intuito de causar a morte do
passageiro”, não havendo limite indenizatório estipulado pelo CBA (art. 248),
“ocorrendo o mesmo em relação ao transporte internacional” (art. 25 da
Convenção de Varsóvia). “O segundo e terceiro casos estão sujeitos, (…) aos
limites do art. 257 do CBA”.

A responsabilidade do transportador;

Em se tratando de contrato de transporte, a análise da responsabilidade


civil toma contornos diferentes, tornando-se peculiar.

A responsabilidade contratual do transportador surgiu na França em


relação às locomotivas a vapor, que foram os primeiros meios de transporte
coletivo, tendo em vista a necessidade de garantir a incolumidade dos
passageiros e dos bens transportados. A responsabilidade gerou para o
transportador a obrigação de levar o viajante e as cargas sãs e salvas ao seu
destino, devendo indenizá-lo independentemente da culpa, uma vez
descumprida essa obrigação. No Brasil, a Lei das Estradas de Ferro (Decreto nº
2.681/1912) foi a primeira a tratar da responsabilidade do transportador, que era
subjetiva com culpa presumida, nos termos de seu artigo 17.

Com o surgimento de outros meios de transporte, tais como o rodoviário


e o aéreo, a Lei das Estradas de Ferro foi perdendo sua aplicabilidade e os
contratos de transporte passaram a ser regidos pelo Código de Defesa do
Consumidor, que os considera como relação de consumo e prevê que a
responsabilidade por vício ou defeito do serviço de transporte é objetiva. O
Código Civil regulamenta o contrato de transporte a partir do art. 730. O CDC
adota a teoria objetiva por prever que, nos contratos de transporte, o consumidor
não tem qualquer controle sobre o serviço prestado, não podendo lhe ser
imputada a culpa por falhas eventuais. Desta forma, a responsabilidade do
transportador é objetiva e ilimitada, sendo nula qualquer causa excludente de
responsabilidade (art. 734, CC)

Legislação aplicável

Em se tratando da responsabilidade civil do transportador aéreo, não há


unanimidade entre os doutrinadores quanto à legislação aplicável. Pois quatro
são os possíveis diplomas aplicáveis: a Convenção de Varsóvia, o Código
Brasileiro de Aeronáutica (CBA), o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e o
Código Civil(CC). Faz-se necessária uma rápida análise sobre cada um deles.

I – A Convenção de Varsóvia:

A Convenção de Varsóvia foi elaborada na capital da Polônia, durante a


Conferência Internacional de Direito Privado Aéreo, em 1929, e promulgada pelo
Decreto nº 20.704, de 24 de novembro de 1931. A referida convenção tornou-se
o diploma normativo internacional que unifica as regras relativas ao transporte
aéreo internacional, inclusive nos casos de responsabilidade civil por acidente
decorrente do transporte internacional de pessoas, que é aquele em que o ponto
de partida e o ponto do destino, haja ou não interrupção de transporte, ou troca
dos passageiros de aeronaves, estejam situados no território de dois Países
signatários da Convenção, ou mesmo no de uma só, havendo escala prevista
em território sujeito à soberania de outro País, seja ou não signatário.

A Convenção responsabiliza o transportador aéreo pelo dano que


ocasionar morte, ferimento ou qualquer outra lesão corpórea no passageiro,
desde que o fato causador do dano haja ocorrido a bordo da aeronave ou durante
quaisquer operações de embarque ou desembarque. Se o transportador aéreo
provar que tomou, por si e por seus prepostos, todas as medidas necessárias
para que o dano não ocorresse, ou que lhes não era possível tomá-las, ou ainda
se provar que o dano foi causado por culpa exclusiva da pessoa lesada, restaria
isento de qualquer responsabilidade.

II – Código Brasileiro de Aeronáutica:

O Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565/86) prevê que o


transportador responderá pelo dano decorrente de morte ou lesão de
passageiros, tripulantes e empregados que viajarem na aeronave acidentada,
sem prejuízo de eventual indenização por acidente de trabalho (artigos 256 e
257). Assim como a Convenção de Varsóvia, o CBA também dispõe sobre
valores máximos de indenização, que são medidas em OTNs (Obrigações do
Tesouro Nacional).

III – Código de Defesa do Consumidor

O Código de Defesa do Consumidor instituiu a responsabilidade objetiva


em todos os acidentes de consumo, quer de fornecimento de produtos (art. 12)
quer de serviços (art. 14), abarcando assim o transporte aéreo, que até então
era regido pela teoria subjetiva (Convenção de Varsóvia).

O CDC considera todas as vítimas de eventos danosos como


consumidores, não importando se há ou não relação contratual com o fornecedor
do serviço. No caso do acidente aéreo, todas as vítimas do sinistro terão direito
a indenização, independente de terem firmado contrato. Se fosse exigida a
relação contratual, aqueles que tiveram seus bens atingidos pela queda de um
avião, como, por exemplo, os moradores do local da queda, não poderiam
responsabilizar a empresa aérea. Pela previsão do CDC, tanto os familiares dos
passageiros, como os daqueles que estavam nos prédios atingidos, ou dos
pedestres, além dos proprietários dos veículos e imóveis, enfim todos direta ou
indiretamente afetados (até os que tiveram os imóveis interditados) são
considerados consumidores equiparados e, portanto, podem pleitear
indenização.

Em relação aos passageiros vitimados em acidentes aéreos, trata-se de


uma relação de consumo protegida pelo Código de Defesa do Consumidor, onde
foi firmado um contrato de transporte com data, hora e local para iniciar e
terminar. Ocorrendo o sinistro, o contrato não foi cumprido, gerando um dano.

A responsabilidade prevista no CDC é objetiva, vez que seu artigo 14


estabelece que o fornecedor responde independentemente de culpa por defeito
no serviço prestado.

IV – Código Civil

O Código Civil de 2002, em seu artigo 944, dispõe que a indenização se


mede pela extensão do dano. Desta forma, o diploma civil não considera a
limitação do valor da indenização a ser paga pelo transportador prevista na
Convenção de Varsóvia e no CBA. Ocorrendo um acidente aéreo, a indenização
variará de acordo com a extensão do dano. Os valores a serem pagos a título de
indenização seriam arbitrados pelo juiz ao analisar cada caso concreto.

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