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FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO

CURSO DE DIREITO

Análise Jurisprudencial

Alunos: Sergio Medice Sperandio

UBÁ/MG

2015
Sergio Medice Sperandio

Liberdade Sindical

Trabalho apresentado ao Curso de Direito


da Faculdade Governador Ozanam
Coelho.

Professor(a): Aline Carneiro Magalhães

Ubá/MG

2015
Resumo

A presente análise se dá em Recurso Ordinário interposto tanto pelo


reclamante quanto pela reclamada, cabendo ao pedido de reforma desta a
atenção, vez que se refere ao tema Liberdade Sindical, a mim proposto e do
qual a seguir exponho:

A reclamada pretende com o recurso a revisão de sentença na qual foi


condenada a restituir ao reclamado quantia havidas pela prática de descontos
indevidos no vencimento do reclamante a título de contribuições confederativa
e assistencial, fulcrando seus argumentos na previsão em norma coletiva, bem
como, da não oposição "tempestiva" do reclamante. Contudo, a relatora
desprezou a alegação de não oposição do reclamante e negou provimento ao
recurso da reclamada com base no Precedente Normativo nº 119 e OJ nº 17,
ambos da SDC do TST e ainda na Súmula 666 do STF, onde se conclui e
ancoram na primazia do preceito constitucional da liberdade sindical e tão
somente aos seus associados a incidência de contribuições, vínculo este que
não foi comprovada pela reclamada no que tange ao reclamante.

EMENTA:CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. PREVISÃO CONVENCIONAL.


EMPREGADO NÃO FILIADO. INVALIDADE. As cláusulas convencionais que
estabelecem contribuições sindicais, obrigando trabalhadores não
sindicalizados ao seu pagamento (a título de taxa de custeio do sistema
confederativo, assistencial e outras taxas da mesma natureza), ofendem
claramente o princípio constitucional previsto no artigo 8º, V, que assegura a
liberdade de associação e sindicalização. Nesse sentido, a Súmula 666, do
Excelso Supremo Tribunal Federal e o Precedente Normativo nº 119 e OJ nº
17, ambos da SDC do TST.

INTEIRO TEOR

TRT-00940-2013-145-03-00-4 RO

RECORRENTES: (1) COTEMINAS S.A.

(2) RONALDO ANTÔNIO DE MELO

RECORRIDOS: OS MESMOS

EMENTA: CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA.PREVISÃO CONVENCIONAL.


EMPREGADO NÃO FILIADO. INVALIDADE. As cláusulas convencionais que
estabelecem contribuições sindicais, obrigando trabalhadores não
sindicalizados ao seu pagamento (a título de taxa de custeio do sistema
confederativo, assistencial e outras taxas da mesma natureza), ofendem
claramente o princípio constitucional previsto no artigo 8º, V, que assegura a
liberdade de associação e sindicalização. Nesse sentido, a Súmula 666, do
Excelso Supremo Tribunal Federal e o Precedente Normativo nº 119 e OJ nº
17, ambos da SDC do TST.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário


Interposto contra decisão proferida pelo douto Juízo da 3ª Vara do Trabalho de
Montes Claros, em que figuram, como recorrentes, COTEMINAS S.A. e
RONALDO ANTÔNIO DE MELO e, como recorridos, OS MESMOS.

RELATÓRIO

O MM. Juiz do Trabalho, Dr. João Lúcio da Silva, julgou parcialmente


procedentes os pedidos deduzidos na inicial, condenando a reclamada ao
pagamento das parcelas discriminadas no dispositivo da sentença de fls.
419/434.

Inconformada, a reclamada interpôs recurso ordinário às fls. 435/439,


pugnando pela reforma da r. sentença.

Pleiteia a absolvição da restituição de valores retidos do reclamante a título de


contribuição confederativa e do pagamento de diferenças reflexas pela
integração de parcelas salariais não computadas na base de cálculo das
verbas trabalhistas. Pugna pela exclusão da condenação ao pagamento de
adicional de periculosidade e redução do valor arbitrado para pagamento de
honorários periciais. Por fim, insurge-se contra a condenação em
complementação das parcelas do seguro desemprego.

Regular preparo às fls. 440/440 verso.

Intimado, o reclamante apresentou suas contrarrazões às fls. 452/458 e


recurso ordinário adesivo às fls. 445/450.

O reclamante pugna pela reforma da r. sentença para que seja a reclamada


condenada ao pagamento de reflexos da majoração do repouso semanal
remunerado em razão do deferimento de horas extras nas demais verbas
trabalhistas. Alega serem devidas horas extras em razão do labor excedente à
44ª hora semanal, da supressão do intervalo intrajornada e de minutos
residuais não computados à jornada de trabalho, além de diferenças de horas
extras quitadas em valor inferior ao devido e feriados não usufruídos. Aduz, por
fim, serem ilícitos os descontos referentes a compras realizadas em
supermercado.

Intimada, a reclamada apresentou contrarrazões às fls. 461/463.


Dispensada a remessa dos autos à PRT, uma vez que não se vislumbra
interesse público capaz de justificar a intervenção do Órgão no presente feito
(artigo 82, II, do RI).

É o relatório.

VOTO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Deixo de conhecer do recurso do reclamante no item "Do Repouso Semanal


Remunerado", uma vez que o recorrente, sob tal título, pugna pelo deferimento
de reflexos de horas extras "reconhecidas em sentença judicial" (fl. 445-verso)
sem que tenha sido deferido na r. sentença qualquer valor a título de horas
extras.

No tocante aos demais tópicos recursais, presentes os requisitos intrínsecos


(cabimento, legitimação para recorrer, interesse em recorrer e inexistência de
fato impeditivo ou extintivo ao poder de recorrer) e extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) de admissibilidade, conheço dos recursos
interpostos pelas partes.

Passo ao exame, em separado, dos recursos interpostos, primeiro o da


reclamada e em seguida o do reclamante.

JUÍZO DE MÉRITO

RECURSO DA RECLAMADA

CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA

A reclamada não se conforma com a decisão que considerou ilícitos os


descontos de contribuição confederativa efetuado por ela na remuneração do
reclamante até outubro/2008 e taxa assistencial a partir de julho/2010.

Alega que tais descontos e repasses ao Sindicato são previstos em norma


coletiva, sendo, portanto, legítimos e que o reclamante em momento algum
durante o pacto laboral insurgiu-se contra as retenções.

Ao exame.

Nos termos do artigo 8º, caput, da Constituição da República, é livre a


associação profissional ou sindical. Dispõe, ainda, o seu inciso V que "ninguém
será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato". Assim sendo, a
contribuição assistencial só poderá ser exigida dos empregados sindicalizados,
sob pena de ofensa ao princípio constitucional da liberdade sindical.

No mesmo sentido, dispõe o Precedente Normativo nº 119 da SDC do TST:


"CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS.INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS
CONSTITUCIONAIS. A Constituição da República, em seus arts. 5º., XX e 8º.,
V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa
modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a
título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial,
revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie,
obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que
inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores
irregularmente descontados".

Dispõe, ainda, a Orientação Jurisprudencial nº 17 da mesma SDC:

"CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS.


INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS.
(mantida) - DEJT divulgado em 25.08.2014 As cláusulas coletivas que
estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título,
obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre
associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto,
nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores
eventualmente descontados."

Por fim, a Súmula 666 do STF, analogicamente aplicável ao caso dos autos
dispõe: "A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da
Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo".

Assim sendo, diante da ausência de comprovação de associação do


reclamante ao Sindicato de sua categoria, são indevidos descontos de
contribuição assistencial confederativa e taxa assistencial, não havendo que se
falar em necessidade de oposição formal do empregado à cobrança feita, para
legitimar a devolução das quantias pagas.

Registro que a restituição efetuada pela reclamada quando do acerto rescisório


do reclamante (TRCT fl. 76/77), no importe de R$89,20, é muito inferior ao total
descontado da reclamante sob a rubrica de contribuição confederativa e taxa
assistencial, conforme se depreende de fichas financeiras de fls. 139/187.
Ademais, foi autorizada a dedução de valores pagos a idêntico título (fl. 430).

Pelo exposto, deverá ser mantida a decisão, que determinou a restituição da


quantia indevidamente descontada ao reclamante.

Nega-se provimento.

DIFERENÇAS REFLEXAS PELA INTEGRAÇÃO DE PARCELAS SALARIAIS


NÃO COMPUTADAS NA BASE DE CÁLCULO DAS VERBAS TRABALHISTAS

A reclamada não se conforma com a decisão recorrida que concedeu ao


reclamante o pagamento de reflexos em razão da não integração das parcelas
"prêmio por produção" e "abono por tempo de serviço".

Argumenta que, ao longo de todo o contrato de trabalho, computou


adequadamente o valor de tais parcelas nos cálculos de 13º salário, férias+1/3,
FGTS+40% e verbas rescisórias, não havendo que se falar em valores
remanescentes não quitados.

Ao exame.

A prova documental existente nos autos (fichas financeiras de fls. 139/187)


revela que o reclamante recebia efetivamente salário base acrescido,
mensalmente, de valores a título de abono por tempo de serviço e prêmio por
produção.

Todavia, analisando os valores pagos a título de 13º salário no ano de 2009,


verifica-se que a reclamada não procedia à inclusão de todas as verbas
salariais na base de cálculo da gratificação natalina.

De fato, o reclamante recebeu, em agosto/2009, sob a rubrica "13º salário


adiantamento", o valor de R$232,54 (fl. 152) e, em dezembro/2009, "13º salário
normal recalc.", no valor de R$465,08 e R$278,24. Ainda, a ficha financeira de
dezembro/2009 traz a dedução de R$232,54 a título de "13º salário
adiantamento" e R$410,00 a título de "13º salário pago em dezem." (fls.
156/157). Verifica-se que, ao final, o valor pago ao reclamante foi R$333,32,
valor inferior ao salário mínimo vigente à época, o que comprova que a base de
cálculo da gratificação natalina não incluiu todas as parcelas salariais que
remuneraram o autor.

Do mesmo modo, verifica-se que o pagamento de férias do período aquisitivo


2007/2008 foi realizado sem o cômputo de todas as parcelas salariais
recebidas pelo reclamante. As fichas financeiras de fls. 143/154, referentes aos
meses de outubro/2008 a setembro/2009, período concessivo de tais férias,
totalizam, após o somatório de depósitos e deduções, o montante de
R$518,65. Tendo em vista que reclamante recebia, além do salário base,
abono por tempo de serviço e prêmio produção, em valores variáveis, mas
sempre em valor superior a R$100,00 o somatório das duas verbas, constata-
se que não foi feita a integração de tais parcelas na base de cálculo das
demais verbas trabalhistas.

Desta feita, nada a reparar na decisão recorrida no tocante ao pagamento de


diferenças referentes ao 13º salário, férias+1/3 e FGTS+40%.

Nego provimento.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A recorrente não se conforma com a condenação ao pagamento de adicional


de periculosidade, em razão da exposição a inflamáveis gasosos, nos termos
da NR-16, Anexo 2, da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Afirma que a atividade exercida pelo reclamante o expunha apenas


eventualmente a pequenas quantidades de inflamáveis, assemelhando-se à
exposição do operador de veículo automotivo próprio, não se equiparando à
atividade de operadores de bomba de abastecimento em áreas de risco.
Ao exame.

A prova pericial (fls. 377/388) apurou que o reclamante, no cargo de operador


de empilhadeira, tinha como uma de suas atividades o abastecimento do
cilindro do equipamento exercido por ele próprio e, a partir de março/2011,
executado por funcionário específico, após o autor estacionar o equipamento
junto ao ponto de abastecimento (fl. 379).

Concluiu a perícia, desse modo, que, no desempenho dessas funções, o


reclamante ficava exposto a agentes periculosos, quais sejam, inflamáveis
gasosos, nos termos da NR-16, Anexo 2, da Portaria 3.214/78 do Ministério do
Trabalho e Emprego.

Conclui, ainda, a prova pericial, que, embora o autor não permanecesse toda
sua jornada em área de risco, vez que referido Anexo não define tempo de
exposição, tratando-se de situação de risco e considerando-se o potencial
perigo dos inflamáveis gasosos, configurou-se o labor em condições
periculosas, conforme art. 193 da CLT.

Ademais, a alegação da reclamada em suas razões recursais de que por


apenas 02 minutos de sua jornada diária o reclamante encontrava-se na área
de risco, sendo ínfima e irrelevante a exposição aos inflamáveis, não merece
acolhida. A exposição do reclamante aos agentes periculosos era diária e em
razão da natureza dos agentes um período de frações de segundos é suficiente
para a concretização dos danos.

Autorizado pelo art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos
autos. À míngua de comprovação em contrário por parte da ré, certo é de se
concluir, portanto, que o reclamante executava as tarefas descritas no laudo
pericial, exposto aos riscos ali constatados, situação que enseja o recebimento
de adicional de periculosidade no percentual de 30% sobre o salário base do
reclamante, nos termos da NR-16, Anexo 2, da Portaria 3.214/78 do Ministério
do Trabalho e Emprego.

Nego provimento.

HONORÁRIOS PERICIAIS

A recorrente pugna pela redução do valor arbitrado para pagamento dos


honorários periciais.

Todavia, o valor arbitrado na sentença cognitiva de mérito, no importe de


R$1.000,00, retribui adequadamente o trabalho despendido pelo expert, seu
grau de zelo, tempo e complexidade.

Nada a prover.

COMPLEMENTAÇÃO DO SEGURO DESEMPREGO


A recorrente requer a reforma da sentença para que seja absolvida da
condenação ao pagamento da complementação do seguro desemprego em
razão do deferimento do adicional de periculosidade ao reclamante.

Aduz que o cômputo do adicional de periculosidade na base de cálculo dos


recolhimentos previdenciários não acresceria qualquer valor ao seguro
desemprego do reclamante, em face da forma de aferição do valor do benefício
nos termos da Resolução do CODEFAT n. 479/06.

Todavia, diante da manutenção da decisão recorrida no tocante ao labor em


condições periculosas, resta ao reclamante o direito de receber as diferenças
de seguro desemprego.

Ademais, a Resolução invocada pela reclamada encontra-se revogada,


aplicando-se, ao cálculo do seguro desemprego devido ao reclamante a
Resolução do CODEFAT vigente à época de sua dispensa, de n. 699/12, que
considera a média aritmética do total das parcelas salariais recebidas pelo
empregado nos últimos três meses de trabalho.

Nego provimento.

RECURSO ADESIVO DO RECLAMANTE HORAS EXTRAS ALÉM DA 44ª


HORA SEMANAL

O recorrente alega que, pela análise dos cartões de ponto, constata-se que
usufruiu somente as folgas ajustadas, inexistindo a compensação ou o
pagamento das horas extras. Aduz que as horas extras eventualmente
quitadas não refletem o real direito obreiro e, por isso, entende que faz jus às
diferenças a serem apuradas em liquidação de sentença. Acrescenta que os
recibos salariais demonstram várias irregularidades no pagamento das horas
extras registradas, como, por exemplo, na base de cálculo, não foram
computadas as parcelas salariais conforme determina a Súmula 264 do TST,
citando o adicional noturno, abono por tempo de serviços e prêmio por
produção.

Ao exame.

O reclamante alega que laborou das 5h às 13h30min, no sistema 5x1. Tal


jornada foi corroborada pelos cartões de ponto juntados pela reclamada às fls.
82/138. Verifica-se que não há nos autos nenhuma prova apta a desconstituir a
validade dos cartões de ponto, que refletem o alegado pelo autor em sua
inicial.

A jornada especial em que laborou o reclamante, sistema 5X1, tem amparo em


instrumentos normativos de fls. 311/313.

Embora haja semanas em que a jornada ultrapasse o limite semanal de 44


horas, é certo que há registros nos controles de ponto de semanas em que o
reclamante teve 02 folgas (exemplificadamente fls. 86, 92, 94, 103, 106), o que
compensa o excesso antes verificado.
Verifica-se, também que a reclamada realizava o controle de horas a serem
compensadas através de banco de horas, com registros de "lançamentos
positivos" e "lançamentos negativos" nos cartões.

Tem-se como lícito o regime de compensação praticado, rejeitando-se o


pedido de horas extras, com base na jornada 5X1, praticada com autorização
do instrumento coletivo específico e também na CCT, que expressamente
autoriza o regime de compensação de horário.

Outrossim, diante da prova documental apresentada pela reclamada, o


reclamante não apontou especificamente diferença de horas extras existentes
a seu favor, levando-se em conta o tempo extraordinário de trabalho prestado
lançado para posterior compensação e o tempo de folga compensatória
usufruído, conforme consta dos cartões de ponto.

Competia ao reclamante desconstituir os cartões de ponto apresentados pela


reclamada ou apontar divergências entre os registros e valores efetivamente
pagos ou compensados, o ônus do qual não se desincumbiu.

No tocante às diferenças de valores já pagos de horas extras, o recorrente


comprovou que, no mês de abril/2008, conforme demonstrativo de pagamento
de fl. 148, a reclamada efetuou o pagamento de R$6,41 a título de 2,02 horas
extras, quando o valor correto seria R$9,83. Quanto aos demais meses,
apenas em dezembro/2012 o autor laborou em horas extras e verifica-se que o
valor de R$403,02 quitado à fl. 186 remunerou adequadamente a quantidade
de horas extras prestadas.

Desta feita, dou provimento para condenar a reclamada ao pagamento de


R$3,42 a título de diferença de horas extras prestadas no mês de abril/2008,
incidindo juros, correção monetária e contribuições fiscais de acordo com os
parâmetros fixados na sentença cognitiva de mérito.

Ante a ausência de habitualidade, não há que se falar em reflexos de horas


extras em outras parcelas.

INTERVALO INTRAJORNADA

Pugna o recorrente a reforma da decisão primeva para que seja a reclamada


condenada ao pagamento de horas extras em razão da supressão do intervalo
intrajornada.

Alega que não usufruía integralmente o intervalo intrajornada mínimo de 1h


para refeição e descanso e que a pré assinalação das horas intervalares a
partir 11/09/2006 representa afronta à OJ 342 da SDI 1 do TST.

Entretanto, não existe prova nos autos que confirme a assertiva do autor e
retire a eficácia dos cartões de ponto (fls. 82/138) que registram o intervalo
intrajornada de 01 (uma) hora.
Saliente-se que nos períodos em que não houve o registro do intervalo nos
cartões de ponto, foi realizada a pré-assinalação do horário, atendendo ao
disposto no artigo 74, parágrafo 2º, da CLT e autorizado pelo instrumento
coletivo (cláusula 5ª do ACT de fls. 322/327).

Ante o exposto, verifica-se que ao autor incumbia comprovar o labor nos


períodos pré assinalados ou a invalidade dos horários registrados nos cartões
de ponto, ônus do qual não se desincumbiu.

Desta feita, não merece reparos a decisão recorrida.

Nego provimento.

MINUTOS RESIDUAIS

O recorrente não se conforma com a decisão de primeiro grau que indeferiu


seu pleito de horas extras em razão de minutos residuais não computados em
sua jornada.

Examino.

A reclamada, quando da rescisão contratual do obreiro, procedeu à quitação de


89:02hr sob a rubrica de minutos residuais (TRCT fls. 76/77). Desta feita,
competia ao reclamante apontar eventuais diferenças de valores de minutos
residuais registrados nos controles de ponto e quitados pela reclamada em seu
acerto rescisório.

Não se desincumbindo o autor do ônus que lhe competia, não há que se falar
em reforma da sentença para deferimento de minutos residuais.

Nada a prover.

DESCONTO SUPERMERCADO

O recorrente insurge-se contra o indeferimento de restituição de valor


descontado em seu acerto rescisório em razão de gastos com supermercado.

Aduz que a norma coletiva que autoriza o desconto integral da importância


referente a compras realizadas, quando da demissão do empregado representa
prejuízo ao trabalhador, incompatível com o princípio da proteção que norteia o
Direito do Trabalho.

Ao exame.

O reclamante afirma, na exordial, que a reclamada sempre concedeu subsídio


de 20% sobre as compras realizadas em supermercados. A reclamada, por sua
vez, trouxe aos autos extratos que comprovam os gastos do reclamante em
supermercado (fl. 79) e distribuidora de gás (fl. 80) nos dois meses
antecedentes à sua dispensa, por ela subsidiados, totalizando R$669,37.
Tendo efetuado a reclamada o desconto sob a rubrica de "Supermercados" no
importe de R$505,74, verifica-se que a reclamada subsidiou valor superior aos
20% acordados, conforme alegado pelo próprio reclamante.

Assim, não há que se falar em ilicitude do desconto "Supermercados" efetuado


pela reclamada, haja vista que não houve descumprimento do pactuado com o
reclamante, nem prejuízo a este.

Nada a prover.

FERIADOS EM DOBRO

Insurge-se o recorrente contra a r. sentença que não lhe concedeu o direito ao


pagamento em dobro pelos feriados laborados e não compensados com folgas,
durante todo o período imprescrito.

A reclamada, contudo, aduz que é autorizada por lei a operar em dias feriados
e que, conforme acordo coletivo, ao final de cada ano, os colaboradores da
reclamada que laboram nos turnos A, B e C usufruem de uma semana de folga
(de 14h do dia 24/12 às 14h do dia 01/01 do ano seguinte), para fins de
compensação do trabalho eventualmente prestado nos feriados civis/religiosos.
Ressalta que o pagamento dos feriados trabalhados sem compensação foi feito
no mês de dezembro de cada ano.

De fato, o reclamante recebeu os valores de feriados não usufruídos no ano de


2009 no mês de dezembro deste ano (fl. 156) e usufruiu de uma semana de
folga compensatória de feriados em dezembro/2009 (fl. 90), dezembro/2010 (fl.
114) e dezembro/2011 (fl. 126).

Ademais, a reclamada quitou, no acerto rescisório do reclamante, valor de


feriados laborados e não compensados (TRCT 76/77).

Cabe ressaltar que não houve impugnação específica dos cartões de ponto
trazidos aos autos com relação aos feriados laborados e que o reclamante
limitou-se a afirmar que no ano de 2011 laborou nos feriados de 02/11 e 15/11
e no período de 24/12 a 01/01/2012 (fls. 362). Todavia, do cotejo dos cartões
de ponto verifica-se, à fl. 126, que em 2011 o reclamante usufruiu da semana
compensatória de feriados laborados (24/12/2011 a 01/01/2012).

Era ônus do reclamante apontar, ante a prova produzida pela reclamada,


eventuais valores remanescentes de feriados não usufruídos e não
compensados, o que não se observa nos autos.

Nego provimento.

CONCLUSÃO

Conheço dos recursos ordinários interpostos pelas partes e, no mérito, nego


provimento ao recurso da reclamada e dou provimento parcial ao recurso do
reclamante para acrescer à condenação o pagamento de R$3,42 a título de
diferença de horas extras prestadas no mês de abril/2008, incidindo juros,
correção monetária e contribuições fiscais nos termos fixados na sentença
cognitiva de mérito. Mantido o valor arbitrado à condenação.

Fundamentos pelos quais, O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira


Região, em sessão ordinária da Oitava Turma, hoje realizada, preliminarmente,
à unanimidade, conheceu dos recursos ordinários interpostos pelas partes; no
mérito, sem divergência, negou provimento ao recurso da reclamada;
unanimemente, deu provimento parcial ao recurso do reclamante para acrescer
à condenação o pagamento de R$3,42(três reais e quarenta e dois centavos) a
título de diferença de horas extras prestadas no mês de abril/2008, incidindo
juros, correção monetária e contribuições fiscais nos termos fixados na
sentença cognitiva de mérito; mantido o valor arbitrado à condenação.

Belo Horizonte, 11 de março de 2015.

ANA MARIA AMORIM REBOUÇAS

Juíza Convocada Relatora

AMAR/mf

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