Vous êtes sur la page 1sur 7

Segunda pregação do Advento do

Pe. Raniero Cantalamessa


11 de dezembro de 2015|

“BEM-AVENTURADOS OS PACIFICADORES, PORQUE ELES SERÃO


CHAMADOS FILHOS DE DEUS”.

A paz como tarefa

Depois de meditar, na primeira pregação, sobre a paz como dom de Deus, vamos refletir
agora sobre a paz como tarefa e compromisso pelo qual devemos trabalhar. Somos
chamados a imitar o exemplo de Cristo, tornando-nos canais para que a paz de Deus
chegue aos nossos irmãos. É a tarefa que Jesus dá aos seus discípulos quando proclama
“bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,
9). O termoeirenopoioi não significa “pacíficos” (estes pertencem à bem-aventurança
dos mansos, dos não violentos); significa “pacificadores”, isto é, as pessoas que
trabalham pela paz.
1. A paz de Jesus e a paz de César Augusto

Jesus não só nos exortou a ser pacificadores como também nos ensinou, pelo exemplo e
pela palavra, de que modo podemos nos tornar pacificadores. Ele diz aos discípulos:
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como a dá o mundo eu a dou a vós” (Jo 14,
27). Naquela mesma época, outro grande homem proclamava a paz ao mundo. Foi
encontrada na Ásia Menor uma cópia do famoso “Atos do Divino Augusto”, redigido
pelo próprio imperador César Augusto. Nele, entre as suas grandes conquistas, o
imperador romano também cita a de ter estabelecido no mundo a paz de Roma: uma
paz, como ele escreve, “obtida através de vitórias” (parta victoriis pax) [1].
Jesus revela que existe outro modo de realizar a paz. A dele também é uma “paz fruto de
vitórias”, mas de vitórias sobre nós mesmos, não sobre os outros; de vitórias espirituais,
não militares. Na cruz, escreve São Paulo, Jesus “destruiu em si mesmo a inimizade”
(Ef 2, 16): destruiu a inimizade, não o inimigo, e a destruiu em si mesmo, não nos
outros.

O caminho para a paz indicado pelo Evangelho não faz sentido só no âmbito da fé: ele
vale também na esfera política. Hoje vemos com clareza que o único caminho para a
paz é a destruição da inimizade, não do inimigo. Os inimigos são destruídos com armas,
a inimizade com o diálogo. Eu li que, certa vez, alguém repreendeu Abraham Lincoln
por ser cortês demais com seus adversários políticos e lhe recordou que o seu dever
como presidente era destruí-los. Ele respondeu: “Por acaso não destruo meus inimigos
quando os torno amigos?”.
É a situação do mundo que exige dramaticamente que o método de Augusto seja trocado
pelo de Cristo. O que há no fundo de certos conflitos aparentemente insolúveis se não,
precisamente, a vontade e a secreta esperança de chegar um dia a destruir o inimigo?
Infelizmente, vale também para os inimigos aquilo que Tertuliano disse dos primeiros
cristãos perseguidos: “Semen est sanguis christianorum“: o sangue dos cristãos é
semente de outros cristãos. O sangue dos inimigos também é semente de outros
inimigos: em vez de destruí-los, ele os multiplica.
“Não podemos nos resignar”, disse o papa na recente visita à Turquia, referindo-se à
situação no Oriente Médio, “com a continuação dos conflitos, como se não fosse
possível uma mudança da situação para melhor! Com a ajuda de Deus, podemos e
devemos renovar sempre a coragem da paz!”. Um modo de ser operadores da paz, e,
muitas vezes, o único que resta, é rezar pela paz. Quando não é mais possível agir sobre
as causas segundas, podemos sempre, com a oração, “agir sobre a causa primeira”. A
Igreja não se cansa de fazê-lo todos os dias na missa com aquela invocação em coro:
“Concedei, Senhor, a paz aos nossos dias”, Da pacem, Domine, in diebus nostris.
Além da paz política, o Evangelho pode contribuir com a paz social. Repete-se com
frequência a afirmação do profeta Isaías: “A paz é fruto da justiça” (Is 32,17). A
“Evangelii gaudium”, a este respeito, põe o dedo na ferida e denuncia, sem panos
quentes, a maior injustiça que obstaculiza a paz:

“A paz social não pode ser entendida como irenismo ou como mera ausência de
violência, obtida pela imposição de uma parte sobre as outras. Também seria uma paz
falsa aquela que servisse como desculpa para justificar uma organização social que
silencie ou tranquilize os mais pobres, de modo que aqueles que gozam dos maiores
benefícios possam manter o seu estilo de vida sem sobressaltos, enquanto os outros
sobrevivem como podem. As reivindicações sociais, que têm a ver com a distribuição de
renda, com a inclusão social dos pobres e com os direitos humanos, não podem ser
sufocadas com o pretexto de se construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera
para uma minoria feliz. A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão acima da
tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios”[2].

2. Paz entre as religiões


Diante dos pacificadores, abre-se hoje um campo de trabalho novo, difícil e urgente:
promover a paz entre as religiões. O parlamento mundial das religiões, na sessão de
Chicago em 1993, lançou esta proclamação: “Não há paz entre as nações sem paz entre
as religiões e não há paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões”.

O motivo de fundo que permite um diálogo leal entre as religiões é que “todos temos
um único Deus”. O papa São Gregório VII, em 1076, escreveu a um príncipe
muçulmano da África do Norte: “Acreditamos e confessamos um só Deus, embora de
modo diferente; todos os dias, nós o louvamos e veneramos como criador dos séculos e
governador deste mundo”[3]. É a verdade que serviu de ponto de partida também para
São Paulo em seu discurso no areópago de Atenas: “Nele todos vivemos, nos movemos
e somos” (cf. At 17,28).

Subjetivamente, temos ideias diversas sobre Deus. Para nós, cristãos, Deus é “o Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo”, que não conhecemos plenamente a não ser “por meio dele”;
mas, objetivamente, sabemos bem que Deus só pode haver um. Todo povo e língua tem
o seu nome e a sua teoria sobre o sol, algumas mais exatas, outras menos, mas o sol é só
um e o mesmo!
Fundamento teológico do diálogo é também a nossa fé no Espírito Santo. Como Espírito
da redenção e Espírito da graça, ele é o vínculo da paz entre os batizados das diversas
confissões cristãs; mas, como Espírito da criação, ou Espírito criador, ele é um vínculo
de paz entre os crentes de todas as religiões e, mais ainda, entre todos os homens de boa
vontade. “Toda verdade, seja dita por quem quer que seja, vem do Espírito Santo”,
escreve Santo Tomás de Aquino[4]. Como esse Espírito criador guiava para Cristo os
profetas do Antigo Testamento (1Pt 1,11), assim nós, cristãos, acreditamos que, de um
modo que só Deus conhece, ele guia para Cristo e para o seu mistério pascal as pessoas
que vivem fora da Igreja (cf. Gaudium et spes, 22).
Falando-se da paz entre as religiões, é necessário dedicar um pensamento paralelo à paz
entre Israel e a Igreja. Na “Evangelii gaudium”, o papa presta uma atenção particular a
este diálogo e conclui com estas palavras:

“Embora algumas convicções cristãs sejam inaceitáveis para o judaísmo e a Igreja não
possa deixar de anunciar Jesus como Senhor e Messias, há uma rica complementaridade
que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudar-nos mutuamente a
desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilhar muitas convicções éticas e
a preocupação comum pela justiça e pelo desenvolvimento dos povos” (EG, 249).

A paz entre judeus e gentios é, para Paulo, a primeira paz que Jesus realizou na cruz. Ele
escreve na Carta aos Efésios:

“Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de
inimizade que os separava, abolindo na própria carne a lei, os preceitos e as prescrições.
Desse modo, ele queria fazer em si mesmo dos dois povos uma única humanidade nova
pelo restabelecimento da paz e reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo
pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade” (Ef 2, 14-16).
Este texto deu lugar, na tradição cristã, a duas representações iconográficas diferentes e
opostas. Em uma, vemos duas mulheres, ambas voltadas para o crucificado. É o caso do
Crucifixo de São Damião em Assis. As duas mulheres, aos lados das mãos do
crucificado, contrariamente às explicações costumeiras, não são dois anjos (não têm
asas e são figuras femininas); elas representam, segundo a mais genuína visão da Carta
aos Efésios, uma a Sinagoga e a outra a Igreja, unidas, não separadas, pela cruz de
Cristo.

Basta, para nos convencermos, confrontar este ícone com outro mais tardio, da escola de
Dionísio (séc. XV), em que também vemos duas mulheres, mas uma, a Igreja,
conduzida por um anjo rumo à cruz, e a outra expulsa por um anjo para longe dela.

A primeira imagem representa o ideal e a intenção divina, conforme manifestada por


São Paulo; a segunda representa como as coisas aconteceram, infelizmente, na realidade
da história. Certa vez, mostrei a um amigo rabino as duas imagens. Quase comovido, ele
comentou: “Talvez a história das nossas relações tivesse sido outra se, em vez da
segunda, tivesse prevalecido a primeira visão”. A fidelidade à história nos obriga a dizer
que, se não foi assim, pelo menos no início, não foi por responsabilidade apenas dos
cristãos.

Devemos nos alegrar e agradecer a Deus porque hoje, ao menos em espírito, tendemos
todos a preferir a visão do crucifixo de São Damião e não a outra. Queremos que a cruz
de Cristo ajude a reaproximar os judeus e os cristãos, não a contrapô-los; que mesmo a
celebração da cruz da Sexta-Feira Santa favoreça, em vez de obstaculizar, este diálogo
fraterno.

3. Think globally, act locally


Um slogan em voga hoje diz: “Think globally, act locally”; pense globalmente, aja
localmente. Ele é particularmente verdadeiro para a paz. Temos que pensar na paz
mundial, mas agir pela paz em nível local. A paz não se faz como a guerra. Fazer guerra
exige longos preparativos: formar grandes exércitos, montar estratégias, estabelecer
alianças e depois passar ao ataque. Ai daqueles que começassem antes, sozinhos ou por
grupos separados; estariam condenados à derrota certa.
Fazer a paz é exatamente o contrário: começar já, antes, mesmo sozinhos, mesmo com
um simples aperto de mão. A paz é feita, disse o papa Francisco em certa ocasião
recente, “de modo artesanal”. Assim como bilhões de gotas de água suja nunca
formarão um oceano limpo, assim bilhões de pessoas e famílias sem paz jamais
formarão uma humanidade em paz.

Também nós, que estamos aqui reunidos, temos que fazer alguma coisa para ser dignos
de falar de paz. Jesus, escreve ainda o Apóstolo, veio anunciar “a paz aos que estão
longe e aos que estão perto” (cf. Ef 2, 18). A paz com “os que estão perto” é muitas
vezes mais difícil do que a paz com “os que estão longe”. Como podemos nós, cristãos,
nos dizer promotores da paz se depois brigamos entre nós? Não me refiro, neste
momento, às divisões entre católicos, ortodoxos, protestantes, pentecostais, as várias
denominações cristãs; refiro-me às divisões que muitas vezes existem entre os
pertencentes à nossa própria Igreja católica, por causa de tradições, tendências ou ritos
diferentes.
Recordemos as palavras severas do Apóstolo aos coríntios:

“Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno
acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito e
no mesmo sentimento. Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da
casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta
linguagem: Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo; eu, de Cefas; eu, de Cristo. Então
estaria Cristo dividido? É Paulo quem foi crucificado por vós? É em nome de Paulo que
fostes batizados?” (1 Cor 1, 10-13).
O tema da Jornada Mundial pela Paz deste ano é “Fraternidade, fundamento e caminho
para a paz”. Cito as primeiras palavras da mensagem:

“A fraternidade é uma dimensão essencial do homem, que é um ser relacional. A viva


consciência desta relacionalidade nos leva a ver e tratar toda pessoa como verdadeira
irmã e verdadeiro irmão; sem ela, torna-se impossível a construção de uma sociedade
justa, de uma paz sólida e duradoura”.

É na família que o texto aponta o primeiro âmbito em que se constrói e se aprende a ser
irmãos. Mas a mensagem também se aplica a outras realidades da Igreja: às famílias
religiosas, às comunidades paroquiais, ao sínodo dos bispos, à cúria romana. “Vós sois
todos irmãos!” (Mt 23, 8), disse-nos Jesus, e se esta palavra não se aplica dentro da
Igreja, ao círculo mais estreito dos seus ministros, então a quem se aplica?

Os Atos dos Apóstolos nos apresentam o modelo de uma comunidade verdadeiramente


fraterna, “concorde”, ou seja, com “um só coração e uma só alma” (At 4, 32). É claro
que nada disso pode se realizar a não ser “pelo Espírito Santo”. O mesmo aconteceu
com os apóstolos. Antes de Pentecostes, eles não eram um só coração e uma só alma;
discutiam com frequência quem era, dentre eles, o maior e mais digno de sentar-se à
direita e à esquerda de Jesus. A vinda do Espírito Santo os transformou completamente;
tirou-os do centro de si mesmos e os recentrou em Cristo.

No relato de Pentecostes, os Padres antigos e a liturgia entenderam a intenção de Lucas


de criar um paralelo entre o que aconteceu no dia de Pentecostes e o que tinha
acontecido em Babel. Nem sempre, porém, se capta a mensagem contida nesta
comparação. Por que em Babel todos falam a mesma língua e, em dado momento,
ninguém mais entende o outro, enquanto no dia de Pentecostes, mesmo falando línguas
diferentes (partas, elamitas, cretenses, árabes…), todos entendem os apóstolos?

Primeiro, um esclarecimento. Os construtores da torre de Babel não eram ateus que


queriam desafiar o céu, mas homens piedosos e religiosos que queriam construir um
daqueles templos de terraços sobrepostos, chamados zigurates, dos quais ainda restam
ruínas na Mesopotâmia. Isto os torna mais próximos de nós do que imaginamos. Onde
está, então, o seu grande pecado? Eles se põem a trabalhar dizendo entre si:

“E disseram uns aos outros: Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. Serviram-se
de tijolos em vez de pedras, e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram:
Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos
assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra”
(Gn 11, 3-4).

Querem construir um templo à divindade, mas não pela glória da divindade, e sim para
se tornarem famosos, para obter renome, não para exaltar o nome de Deus. Deus é
instrumentalizado a serviço da glória deles. Também os apóstolos, em Pentecostes,
começam a construir uma cidade e uma torre, a cidade de Deus, que é a Igreja, mas não
para tornar célebre o seu próprio nome, e sim para exaltar o de Deus: “Nós os ouvimos
proclamar nas nossas línguas as grandes obras de Deus, exclamam os presentes” (At 2,
11). Eles ficam completamente tomados pelo desejo de glorificar a Deus, esquecendo-se
de si mesmos e do próprio renome.

Santo Agostinho tirou daqui a inspiração para a sua grandiosa obra “A Cidade de Deus”.
Há, diz ele, duas cidades no mundo: a cidade de Satanás, chamada Babilônia, e a cidade
de Deus, chamada Jerusalém. Uma é construída sobre o amor por si mesmo levado até o
desprezo de Deus; a outra, sobre o amor por Deus levado até o sacrifício de si mesmo.
Estas duas cidades são dois canteiros de obras até o fim do mundo e cada um tem que
escolher em qual dos dois quer empregar a própria vida.

Qualquer iniciativa, até mesmo a mais espiritual, como, por exemplo, a da nova
evangelização, pode ser ou Babel ou Pentecostes (inclusive, é claro, esta meditação que
eu estou dando). É Babel se cada um, com ela, tenta ganhar renome; é Pentecostes, se,
apesar do sentimento natural de fazer sucesso e receber aprovação, cada um retifica
constantemente a própria intenção, colocando a glória de Deus e o bem da Igreja acima
de todos os seus desejos pessoais. Às vezes, é de valia repetirmos para nós mesmos as
palavras que Jesus disse um dia diante dos seus adversários: “Eu não busco a minha
glória” (Jo 8, 50).

O Espírito Santo não apaga as diferenças, não aplana automaticamente as divergências.


Vejamos o que acontece imediatamente após o Pentecostes. Primeiro, surge a
divergência sobre a distribuição de víveres para as viúvas; depois, outra muito mais
grave sobre receber ou não, e em quais condições, os pagãos na Igreja. Mas não vemos
formar-se entre eles partidos ou agrupamentos. Cada um expressa as próprias
convicções com respeito e liberdade; Paulo vai a Jerusalém para consultar Pedro e, em
outra ocasião, não tem receio de fazê-lo notar uma incoerência (cf. Gal 2,14). Isto lhes
permite, no final da discussão de Jerusalém, anunciar o resultado à Igreja com as
palavras: “Pareceu oportuno ao Espírito Santo e a nós…” (Atos 15, 28).

Foi traçado assim o modelo para toda assembleia da Igreja, com a diferença de que, ali,
ela está na fase embrionária, em que ainda não estão claramente delineados os vários
ministérios e ainda não se destacou (porque não houve tempo nem necessidade) o
primado dado a Pedro, pelo qual cabe a ele fazer a síntese e dar a última palavra.

Mencionei a cúria. Que presente seria para a Igreja se ela fosse um exemplo de
fraternidade! Ela já é, pelo menos muito mais do que o mundo e os seus meios de
comunicação querem fazer parecer; mas pode ser cada vez mais. A diversidade de
opiniões, como já vimos, não deve ser um obstáculo intransponível. Com a ajuda do
Espírito Santo, basta recolocar Jesus e o bem da Igreja no centro das próprias intenções
todos os dias, e não o triunfo da própria opinião. São João XXIII, na encíclica “Ad Petri
cathedram”, de 1959, usou uma frase famosa, de origem incerta, mas de atualidade
perene: “In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus vero caritas”: nas coisas
necessárias, unidade; nas coisas dúbias, liberdade; e em todas as coisas, caridade.
“Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma
comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria,
permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos.
Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a
considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus
próprios interesses, e sim os dos outros” (Fil 2, 1-4).

São palavras dirigidas por São Paulo aos seus amados fiéis filipenses, mas tenho certeza
de que elas exprimem também o desejo do Santo Padre para com os seus colaboradores
e para com todos nós.

Encerremos com a oração que a liturgia nos convida a recitar na missa votiva pela paz:
“Ó Deus, que chamais todos os vossos filhos de operadores da paz, fazei com que nós,
fiéis vossos, trabalhemos incansáveis para promover a justiça que pode garantir uma paz
autêntica e duradoura. Por Cristo, nosso Senhor. Amém”.

Vous aimerez peut-être aussi