Vous êtes sur la page 1sur 5

“A revolução agora passa pela transformação das

pessoas”.

Tokyo Sexwale1 (informação verbal, 2018)

Devo desde já adiantar que a minha comunicação será linear, o que logo
significa que não dividirei em subtemas a abordagem sobre as principais questões da
filosofia africana contemporânea remete-nos fazer um enquadramento espacio-temporal,
espacial porque falaremos sobre os problemas do continente “Berço da Humanidade”,
sobre as propostas que visam dar soluções a estes problemas tratados por pessoas de
origem africana, ou por aqueles que não sendo africanos, estão envolvidos para o
desenvolvimento de África, adiantando desde já que não chamarei “filósofos
expatriados” a estes últimos, tal como se costuma usar para distinguir aos chamados
“filósofos indígenas”, pois chamarei apenas de filósofos africanos porque tratam de
temas conotados com a cultura africana, outrossim, temporal porque limitarei numa
síntese discursiva as questões por ela tratada do período que vai desde a segunda metade
do século XIX até ao presente, ou melhor, até os nossos dias.

Feita a delimitação da minha abordagem, percebe-se logo que é afirmativa a


existência de filosofia africana que não é uma aventureira, porém é audaciosa com base
sólida e enraizada e que precisa alongar o seu caule e ser fecunda proporcionando uma
emancipação do continente e suprindo as necessidades vitais, tais como a pobreza,
doença, a fome, iliteracia e a paz, todavia é necessário que ao analisarmos as questões
africanas confrontemos com a realidade do progresso científico e tecnológico. Visto
que é indigente falar de desenvolvimento de África hoje sem destacar o papel da
industrialização e das tecnologias, com isto, estando cientes de que é necessário que
haja boa coexistência entre o tradicionalismo e o cientificismo, ou seja, que o
tradicionalismo não impeça o progresso cientifico na sua espera positiva e nem o
cientificismo discrimine os valores tradicionais.

Deste modo, importa destacar em gesto sectário o estado das Universidades ou


faculdades africanas, pois é impossível falar de progresso cientifico e tecnológico sem
investigação e a investigação faz-se com mentes criativas. Ora, para termos a mínima
ideia a melhor Universidade africana (2018) é a Universidade da Cidade de Cabo ou

1
É empresário Sul-Africano, milionário, político, foi preso em Robben Island por suas actividades
activista anti-apartheid, ao lado de figuras com Nelson Mandela.
Cape Town uma instituição pública localizada na África do Sul, pois bem, cito esta
instituição para que outras instituições a nível do nosso continente tenham como modelo
para promover mudanças positivas na sociedade. Claro que, a minha visão sobre a
filosofia africana não se baseia numa simples escolástica contemporânea, ou melhor,
naquilo que se converteu na transformação da filosofia como disciplina escolar, mas,
sobretudo na assimilação e acomodação das ideias filosóficas presentes nas tradições
africanas para elaborar uma filosofia pragmática capaz de responder as necessidades
actuais do nosso continente. Tal como afirma Keita, apud Makumba (2014, p. 132), a
filosofia africana deveria “proporcional o melhor mecanismo pelo qual o caminho
futuro da sociedade africana possa ser adequadamente analisado”. Numa perspectiva
futurológica é intenção diminuir significativamente a precariedade existente no nosso
continente daí a necessidade do pragmatismo, de argumentações fecundas ligadas a
alegria e o sofrimento do homem e da mulher da África, todavia, o carácter de uma
África forte e homogênea deve passar também na assimilação da educação cultural por
parte das academias (escolas, universidades) africanas, pois “os debates filosóficos
contemporâneos sobre a legitimação dos saberes endógenos nas escolas e universidades
ocupam em grande parte as mentes intelectuais africanos”. Mangana e Chizenga (2016
p.787). Defende-se que é uma questão fundamental que envolve uma política educativa
típica para o continente onde haja simbiose entre episteme e os saberes intersubujectivos
(tradicionais).

Segundo Nyerere, apud Makumba (2014, p. 178), “a filosofia tem de mudar as


suas instituições para que a sua nova aspiração se torne possível; o seu povo deve mudar
de atitudes e práticas de acordo com estes objectivos”. Em gesto de apoteose discursiva,
uma das grandes questões da Filosofia africana contemporânea é sobre as doutrinas
políticas do continente, pois se verifica em diversos pontos do contente a instabilidade
política de diversos géneros. Neste caso, emerge uma pergunta inquisitória, qual é a
solução ou soluções para as instabilidades políticas no continente? Grosso modo, a paz
é impulsionadora para o desenvolvimento do continente, em linhas gerais noto que a
solução filosófica da instabilidade política em África tem a sua base na cosmologia
racional, porque é indispensável compreender e analisar as categorias de espaço
(África) e tempo (contemporânea) numa vertente social e filosófica, ou seja, é
necessário coordenar visão sobre África num plano homogêneo não ignorando o aspecto
heterogêneo deste todo que corresponde o continente “Berço da Humanidade” isso
introduz um projecto político mensurável assumido pelos políticos africanos, pois isso
não se trata de um socialismo africano, contudo de uma independência política real,
inibidora da pretensão de continuar a ser uma espécie de cobaia política ou um espaço
de experimentação das doutrinas políticas de outros continentes, na verdade digo que
não pretende erigir dogmas políticos, porém critérios e meios para estabilização política
de África.

Sublinha-se que não proponho um reducionismo cultural europeu em África,


pois o diálogo cultural é fundamental desde que não enfraqueça o tradicionalismo
africano; particularmente destaco as línguas, as danças e a literatura, alterando-os ou
gerando o vácuo cultural. Esta visão cosmológica racional se traduz em parte pelo
Ubuntu que significa “eu sou o que sou porque pertenço à comunidade” ou “eu sou o
que ou através de vocês e você é você através de mim” correspondente uma
interconexão de todos com todos por isso é que deixarmos qualitativamente os ares
heterogêneos que equivale à particularização de determinados momentos e lugares
geradoras do racismo e do tribalismo para uma posição diversa, mas unida
(homogênea).

É necessário coordenar as actividades a serem feitos pelo continente, com isso os


intelectuais do continente precisam assimilar o tempo sideral e o tempo técnico numa
esfera competitiva tal como propõe Tokyo Sexwale de forma redundante “informação
tecnológica, inteligência artificial e educação está é a educação que se exige hoje”
(informação verbal, 2018).

Outra questão é a desalienação religiosa de África, ciente estamos de que a


religião tem pendores emocionais, intelectuais e culturais ligadas à vida e a experiência
humana, será que as religiões abraçadas pelos africanos têm o pendor cultural típico do
continente? Mbiti, apud Makumba (2014, p.235-236), responde dizendo que a religião
“tem dominado o pensamento dos africanos a um tal ponto, que tem configurado as
suas culturas, vida social, organizações políticas e actividades econômicas...a
religião está intimamente unida ao modo tradicional da vida africana, enquanto, ao
mesmo tempo, este modo de vida tem também configurado a religião”.

Tendo em conta que as religiões tradicionais africanas não possuem textos


escritos ou livros sagrados fica de certo modo difícil fazer passar de geração em geração
os seus conteúdos e a maneira de viver a religiosidade, a religião africana é chamada
muitas vezes de animista visando uma profunda harmonia com o universo, as suas leis
morais, ou seja, todo universo tem uma alma, com isso traduz que uma religião
ecológica e homogênea.

Portanto, a África, ou melhor, nós os africanos temos a capacidade de


estabelecer os nossos objectivos e de alcançá-los, desta feita, termino com uma fabula
africana recontada por Leonardo Boff e cujo autor intelectual chama-se James Aggrey
para despertar a educação popular:

Certa vez, um camponês encontro no campo um filhote de águia bastante


enfraquecida, tomou em suas mãos, levou-o para sua casa, e após tê-lo recuperado, o
colocou para viver junto com as galinhas em seu terreiro.

Um dia passando por ali um sábio, ao ver a ave, indagou: - Está aí junto com as
galinhas é águia, não é? O camponês respondeu: - Era, mas ela virou galinha!
Questionou o sábio: Mas ela tem dentro de si a capacidade de voar; - ela virou galinha,
disse o camponês. Então, o sábio disse: - vamos fazer a prova.

Tomaram a águia nos braços e foram para o alto de penhasco para tirar a duvida.
O sábio tomou a ave, mostro-lhe a direcção do sol e lançou para o alto. De inicio a águia
começou a cair, mas aos poucos começou a mover as assas e equilibrou-se desajeitada e
começou a subir como se quisesse beijar o sol.

Disse então o sábio: - Uma águia jamais poderá ser transformada em galinha.
Mesmo que permaneça no chão por muito tempo, ela manterá dentro de si o poder de
voar, basta apenas que descubra e desperte para isso.

Deste modo, os filósofos africanos contemporâneos, em particular e os africanos,


no sentido geral devem, ou melhor, devemos despertar a águia que está em nós de modo
a termos vontade e coragem de voar e ver o infinito.
Bibliografia

BOFF, Leonardo et al. (2000). Valores de uma prática militante. 2.ª Ed. São Paulo:
Secretária operativa da consulta popular.

MAKUMBA, M. Maurice. (2014). Uma Introdução à Filosofia Africana. São Paulo:


Paulinas.

MANGANA, Gregório, CHIZENGA, Anselmo. (2016). A Filosofia Africana e projecto


identitário: Perspectivas e desafios da educação no contexto da globalização. 3 ed.
volume II. Moçambique: Universidade Pedagógica de Moçambique.

Vous aimerez peut-être aussi