Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
FONOLOGIA
Haja visto que (1) é gramatical, como é possível que haja o movimento do PP [da Maria],
uma ilha sintática (como mostra o dado em (2))? A única resposta possível é que o PP, na
realidade, não se moveu para a periferia da sentença, mas permaneceu mesmo in situ.
No entanto, apenas afirmar que não houve movimento não resolve o problema levantado
pelas propostas cartográficas: tendo em vista a validade empírica do modelo T da arquitetura
da gramática, como é possível explicar a existência de um fenômeno que possui efeitos tanto
em LF como em PF sem apelar para uma estrutura sintática específica? Esse trabalho busca
uma proposta alternativa. Nossa hipótese é a de que, no caso da focalização in situ, o traço de
foco é valorado internamente ao DP, através de uma operação de Agree entre o núcleo D (que
possui um traço foco não-interpretável) e uma projeção de foco fP interna ao DP (com traço
foco interpretável). Em línguas de foco morfológico (como na língua chádica Gurúntum
(HARTMANN; ZIMMERMANN, 2009)), esse núcleo é realizado fonologicamente, enquanto
em português não. O movimento para CP que ocorre nas clivadas (e outras construções do tipo)
ocorre quando a projeção fP não está presente na estrutura, o que obriga o DP a se mover para
especificador de FocP na periferia esquerda para que seu núcleo possa sondar um núcleo com
traço foco interpretável (o núcleo Focº).
O problema óbvio que se levanta nessa hipótese é o de que essa operação de Agree não
respeita a Condição de Ativação (CHOMSKY, 2001). No entanto, assumimos a proposta de
Bošković (2007), que advoga pela validade da Condição de Ativação apenas para operação de
Move, propondo que essa condição não é um princípio do sistema linguístico, mas apenas uma
consequência de casos de movimento cíclico e que não se aplica a Agree.
Referências Bibliográficas
ABOH, E. O. Information structuring begins with the numeration. Iberia, v. 2.1, p. 12–42,
2010.
BELLETTI, A. Aspects of the Low IP Area. In: The Structure of IP and CP. The
Cartography of Syntactic Structures, vol. 2. New York: Oxford University Press, 2004.
BOSKOVIC, Z. On the Locality and Motivation of Move and Agree : An Even More Minimal
Theory. Linguistic Inquiry, v. 38, n. 4, p. 589–644, 2007.
RIZZI, L. The Fine-Structure of the Left Periphery. In: HAEGEMAN, L. (Ed.). Elements of
Grammar. Kluwer Academic Publishers. p. 281–337, 1997.
RIZZI, L. The structure of CP and IP: the cartography of syntactic structures, volume 2.
New York: Oxford University Press, 2004.