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A arte grega apresenta “as qualidades do povo que as criou: racionalismo, clareza,
sentido de harmonia e da proporção”.
A arte grega pode ser distribuída em três grandes épocas:
1) a Arcaica (sécs. VII e VI a.C) - a característica mais saliente é o esforço pelo
inteligível.
2) a Clássica (sécs. V e IV a.C) - salienta-se pelo sentido e superação da
materialismo, idealismo e transparência;
3) a Helenística (sécs. III-I a C.) – distingue pelo poder de observação, pelo gosto
do concreto e do real, pelo individual, pelo individual, pelo singular.
Segundo Ferreira e Morais:
A arte grega é uma das principais manifestações da pólis e aparece em função da
vida dessa cidade-estado e da sua população. Se é certo que, para os Gregos a
pólis era, acima de tudo, o concreto dos cidadãos e não propriamente o espaço –
ou, como sublinha Tucídides (7.77.7), «a pólis são os cidadãos e não as muralhas
nem os barcos viúvos de homens» –, não deixam de ter importância os edifícios
e locais onde a população habitava e se reunia, onde dirimia as suas contendas e
tomava as suas decisões políticas, onde administrava o Estado e recebia os
embaixadores e delegações estrangeiras, onde prestava culto aos seus deuses e
lhes dirigia preces, onde convivia ou realizava manifestações culturais, onde
vibrava ou competia nos jogos, onde assistia e se deliciava com o canto e a dança
(2008:9).
A pólis ou Estado tinha no povo ou dêmos a sua soberania e dava primazia às tradições e normas,
que a regiam e a que dava o nome de lei (thesmós ou nomos) e que eram exercidas e postas em
prática pelas instituições, a saber: a Assembleia, o Conselho e os Magistrados. Esta trilogia
constitucional já se encontrava constituída quando a pólis aparece. As transformações da pólis
fez-se originar sociedades diversas, com constituições e modos de vida diferentes, criando novas
instituições. O sistema da pólis espalha-se por todo o Mediterrâneo e Mar Negro, durante o
período arcaico quando se lançaram na colonização para resolver os problemas demográficos. O
comércio e a indústria artesanal que se desenvolveu em virtude da colonização, sobretudo no
fabrico de cerâmica, armas e cultivo da oliveira e vinha para produção do vinho e do azeite,
enquanto produtos competitivos originou a tática militar hoplita que baseia numa infantaria de
homens comuns e cavalaria de nobres. A introdução da moeda como inovação no comércio do
séc. VII, este permitiu a acumulação riqueza e surgimento de uma nova classe de enriquecidos,
os plutocratas em detrimento da classe dos nobres que desprezavam o trabalho manual e o
comércio. O comércio, a atividade militar produziu desigualdades sociais e acentuação da pobreza
causando o desfasamento entre detentores de poder político, militar e económico. O resultado
desse processo de transformação social são “graves lutas sociais que os Estados gregos, de modo
geral, tentam resolver pela nomeação de estadistas, os legisladores (sécs. VII-VI), que, aceites
pelas diversas fações, compõem códigos de leis e encetam reformas sociais, económicas e
políticas que quase nunca conseguem resolver os conflitos. Por isso, as cidades acabam, na
generalidade, por desembocar em regimes autocráticos, as tiranias (sécs. VII- VI a.C), que
centralizam os poderes e se mantêm duas ou três gerações. Ao desaparecerem, quase todas antes
de terminar o séc. VI a.C., qualquer que seja o regime instaurado – ora oligarquias (tenham elas
por base o nascimento, a riqueza ou os dois), ora democracias, mais ou menos evoluídas -, as
póleis que elas deixam já não são as mesmas: os poderes não estavam nas mãos dos aristocratas,
mas centralizados nas diversas instituições que passam daí em diante, quer se trate de uma
oligarquia, quer de uma democracia, a dirigir a pólis.” (FERREIRA & MORAIS, 2008:11-12).
…
A arquitetura grega segundo Ferreira & Morais, não prescinde da beleza, da proporção e da
medida e fugia dos grandes edifícios. Nos edifícios gregos privilegia-se de modo geral a
simplicidade e a harmonia. Em termos de materiais a arquitetura grega recorria a pedra, em
particular realce para o mármore, a madeira era utilizada nas estruturas que seguravam os
telhados, nas colunas e paredes dos tempos mais antigos; os adobes e o tijolo; terracota é um
material muito usado nos ornamentos (antefixas, métopas). Os blocos de pedras ou mármore eram
arrancados de pedreiras que situavam em locais elevados e depois penosamente transportados, às
vezes por mar, para distantes:
A arquitrave assentava diretamente nos capitéis das colunas que é lisa ou ligeiramente
ornamentada, ao contrário do friso que é profusamente carregado de elementos
decorativos: pode ser constituído por grupos de três colunelos (os tríglifos) e por
quadrados e retângulos esculpidos em relevo (as métopas). Nos tríglifos pendem as
gútulas. As cornijas, ora corre sobre o friso (cornija horizontal), ora dispõe-se ao longo
da franja lateral das empenas (cornija inclinada). Por baixo das cornijas havia placas ou
modilhões (os mútulos) com denticulados das régulas ou gútulas. Entre a parte superior
do friso e da cornija vem o frontão, quase decorado com uma escultura de vulto ou em
relevo.
É a utilização ou ausência destes elementos e a sua disposição que determina o estilo ou
ardem que o caracteriza:
a) A ordem dórica, a mais antiga, a coluna não tem base e pousa sobre o estilóbata,
tem arestas vivas no fuste que encimada por um capitel simples (ábaco e equino).
A arquitrave é quase sempre lisa e o friso aparece divido pela sucessão de triglifos
e de métopas esculpidas.
A utilização das duas ordens define outros tantos estilos: o dórico e o iónico que
apresentam uma distribuição geográfica, à semelhança dos dialectos. O primeiro era
usado de preferência na Grécia continental e nas colónias ocidentais; o segundo
predominava na Iónia e nas ilhas do Mar Egeu. Na Ática, em especial na Acrópole (como
veremos em «Atenas, escola da Hélade»)1, e nos grandes santuários (como Delfos,
Olímpia, Epidauro), verificou-se uma junção dos dois: o dórico no exterior e o iónico no
interior (FERREIRA & MORAIS, 2008:31).
Mútulos (cima) e regula (baixo),
alinhada pelos triglifos e pelo
capitel. Templo da Concórdia
em Agrigento
Figura 10
Cerâmica micénica (séc. XII a.C.)