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Por uma Liberdade Prudente

Por Vitor Matias

Enquanto um homem tiver o poder de pensar ou de não


pensar, de mover ou de não mover conforme a preferência
ou a escolha do seu próprio espírito, é livre.[1]

Este artigo tem o objetivo principal de compor uma pequena reflexão sobre um termo corrente
na linguagem quotidiana que se tornou tão comumente usado que seu significado esvaiu-se no
ar, e abrindo espaço para que fosse corrompido e enterrado atrás de grossa camada de
hieróglifos. Tal processo pode-se dizer, é natural dos termos que caem “na boca do povo” em
um processo semelhante à brincadeira do “telefone sem fio”, em que uma palavra é dita tantas
vezes por tantas pessoas que ao chegar ao seu destino, já não é mais o que se disse inicialmente.
É extremamente fácil utilizar essa falha na apreensão dos significados para forjar um discurso
demagógico ilusório; e nosso papel aqui, é estragar a vida de quem faz esse tipo de coisa.

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.[2]

Se houvesse um pódio onde pudéssemos colocar os conceitos mais corrompidos, com alguma
certeza veríamos “liberdade” num lugar de honra. O conceito de “liberdade” é
monstruosamente corrompido, e pode-se observar empiricamente tal afirmação fazendo uma
pequena pesquisa de rua ou colocando algumas correntes ideológicas lado a lado, observando
o que os representantes de cada uma dizem. Provavelmente teremos discussões ad nauseam e
conclusão alguma. Algumas correntes defendem que a liberdade consiste no fim da “opressão”
dos donos dos meios de produção e do sistema de classes, outros no uso irrestrito de sua
propriedade primária (o próprio corpo), outros o comportamento irrestrito dentro de uma
sociedade amoral, por exemplo libertando-se de qualquer regra que não tenha vindo de si
mesmo, entre outros. Boa parte da corrupção do conceito de liberdade deve-se ao relativismo.
Para um bom entendimento dos escritos a seguir, é importante uma boa compreensão do
conceito de “livre arbítrio, pois esta é a forma mais elementar de liberdade.

Conceitos Básicos e Liberdade Elementar

O primeiro problema de versar sobre a liberdade é encontrar um ponto arquimédico; então,


comecemos do modo mais clichê possível, pela origem etimológica. Liberdade vem da palavra
grega Ἐλευθερία (eleutheria) e aproxima-se do sentido de “movimentar-se”, ser “livre para se
movimentar”. Foi traduzida por “libertas” em latim, originando-se de “liber”, “livre”. Liberdade
seria algo como o movimento independente da vontade, em seu grau mais fundamental. Mário
Ferreira dos Santos (1907-1968) define como imunidade à necessidade[3], ativa ou passiva; na
primeira, o ser livre exerce atos diversos por si, e na segunda, exerce atos diversos por outro.
Neste sentido, pode-se dizer que, o ato da escolha é uma das formas básicas de liberdade; ora,
isto é o que chamamos livre arbítrio, pois o ato livre é aquele que pode ser ou não
executado[4], e, no sentido de liberdade ativa, que dependeria da vontade para ser exercida, o
ser livre seria movido por si mesmo. Kant (1724-1804) nos dá uma definição interessante,
dizendo que a liberdade é a faculdade da razão pura de ser por si mesma prática[5]. Pode-se
dizer que liberdade, no sentido de exercício ou movimento independente da vontade (não no
sentido de extrínseco à vontade, mas como causado pela mesma enquanto motor), é uma
propriedade da razão que demonstra sua validade de forma prática, o que pode ser dito de vários
modos; ao imaginar um círculo, ou uma forma geométrica qualquer, movimenta-se a razão e
isto pode ser extraído como prova da liberdade de uso do intelecto. Questões a respeito do livre
arbítrio, como propriedade irrefutável, foram provadas alhures; resta-nos um pequeno
comentário sobre possíveis corrupções ideológicas, e a inserção de um conceito novo no
sistema. Chamavam, os pitagóricos, de mimesis (imitação), a cópia que as coisas procediam
dos arithmoi (números), que eram as realidades essenciais e superiores, copiadas por
aquelas[6]; Chamo mimetismo ideológico o ato das ideologias se ramificarem em vertentes,
sem perder o objetivo comum; mas tal definição não se encaixa para nós. O correto seria chamar
apenas corrupção de termos aquilo que tentamos expressar, mas, para um termo assim, não
parece justo, visto que, todos associam a liberdade ao “ato de ser livre em”, o que faz acreditar
que todos que falam de liberdade, falam da mesma coisa. Chamemos tal associação de
polimorfismo acidental, uma associação inocente para com um termo corrompido.

A Liberdade Individual

Somente no contexto de um sistema social é que se pode atribuir um significado à palavra


liberdade. No sentido praxeológico, o termo liberdade refere-se à situação na qual um indivíduo
tem a possibilidade de escolher entre modos de ação alternativos. Um homem é livre na medida
em que lhe seja permitido escolher os seus fins e os meios a empregar para atingi-los. A
liberdade de um homem é rigidamente restringida pelas leis da natureza, bem como pelas leis
da praxeologia. Ele não pode pretender atingir fins incompatíveis entre si. Há prazeres que
provocam efeitos determinados no funcionamento do corpo e da mente; se quiser desfrutá-los,
terá de sofrer as consequências. Seria absurdo dizer que o homem não é livre porque não pode,
digamos drogar-se, sem sofrer as inevitáveis consequências consideradas como altamente
indesejáveis. Embora isso seja evidente para todas as pessoas de bom senso, esta evidência não
é bem percebida em situações análogas sujeitas às leis da praxeologia.[7]

É irônico começarmos pela área mais problemática da liberdade, aquela na qual quase sempre
as pessoas não concordam entre si. A liberdade individual têm sido motivo de calorosos debates
e rendido grande quantidade de verborragia num grande pacote de “coprolinguística”[8], no
qual há aqueles que defendem alguma modéstia – são chamados de “fiscais de cu”
pejorativamente – (é comum especialmente em grupos ligados ao movimento LGBT), e os que
defendem uma total amoralidade ao melhor estilo Sade[9], o que, normalmente, causa situações
constrangedoras. Aqui, tentaremos delimitar o campo onde a liberdade individual pode ser
exercida sem esse tipo de problema.

Ludwig Von Mises (1883-1973) nos dá alguma luz sobre o tema, reiterando nosso conceito
preliminar com alguns adicionais; a liberdade é restrita pela natureza (ignoraremos a
praxeologia por hora; por natureza entendemos natureza como o mundo e suas propriedades
intrínsecas, assim, é da natureza da matéria ser atraída pela gravidade, é da natureza dos animais
nascerem, etc), não podendo mover-se por efeitos contraditórios; ou seja, não há liberdade que
não cause efeitos segundo sua ação, in mundo non datur casus[10].

O homem não pode, ao mesmo tempo, pretender ter as vantagens decorrentes da cooperação
pacífica em sociedade, sob a égide da divisão do trabalho, e permitir-se uma conduta que
inevitavelmente terminará por desintegrar a sociedade. Tem necessariamente de escolher entre
o respeito a certas regras que tornam a vida em sociedade possível ou a pobreza e a insegurança,
se preferir “viver perigosamente”, num estado de guerra constante entre indivíduos
independentes. Esta é uma lei tão exata na determinação do resultado da ação humana como
um todo quanto são as leis da física.[11]

Ora, tal é nítido aos olhos; não existe ação sem consequências, não se pode agir sob a égide
do carpe diem, ignorando as consequências de nossos atos; não se pode ir à guerra na linha de
frente sem o risco de ser atingido por alguns tiros. Pode-se dizer que a liberdade individual
encontra um poderoso oponente nos limites do agente para com o mundo; assim, parece que a
primeira barreira é a natureza, pois não podemos, a título de exemplo, ignorar as leis da física
(apenas usá-la a nosso favor), e a obediência a essa barreira é intrinsecamente obrigatória. A
segunda barreira é fundamentada na primeira, que por sua vez, é baseada na lei da causalidade;
assim, como tudo possui efeito, nossas ações também. Logo, não pode haver ação alguma
inconsequente, as ações estão sempre relacionadas com a moralidade das mesmas, e, assim, a
terceira barreira é a moral.

Não diferenciamos ética de moral normalmente, entretanto é interessante que diferenciemos


agora; ética são os valores absolutos universais, que descobrimos com o passar das eras; moral
são os costumes de cada povo, o Sitten a que Kant tanto se refere[12]. Em tal sentido, a moral
costuma ser problemática, algumas vezes por seus costumes não possuírem fundamento e por
isso mesmo, serem acusadas de imorais, mesmo que sua prática seja inofensiva e até benéfica;
outras, por serem moldáveis por ideologias, ou pelo relativismo mesmo; pode-se dizer que a
moral perfeita é condizente com a ética. Os costumes normalmente derivam-se de mitos, de
uma “estrutura espiritual” da comunidade, à qual foi dado o nome de evocação por Eric
Voegelin (1901-1985); isso responde à pergunta comum sobre a disparidade de costumes de
um povo em comparação aos outros. Exemplos de costumes são a música tradicional, culinária,
etc.

Inicia-se então uma problemática áspera; pois evoca os defensores de que homem nasce livre e
as instituições o corrompem, visto que confronta a liberdade individual e os costumes. O foco
aqui é usar o conceito como restrição das ações individuais para consigo mesmo; pois grande
parte das ações que um indivíduo impõe a si afeta direta ou indiretamente, aqueles próximos de
si, e se este é uma figura pública ou influente, seu agir pode causar danos ou benefícios à
sociedade como um todo. Exemplos não faltam, como a promiscuidade de alguns artistas e a
influência que causam à seus expectadores, a corrupção dos políticos fazendo com que a
população desacredite dos mesmos, e até o uso de drogas, que ao destruir o usuário, pode
influenciar pessoas próximas a ele, como no caso de uma mulher grávida que torna o feto
intoxicado (normalmente a criança nasce viciada)[13]. O mesmo vale para as boas ações, que
são aquilo que os pais normalmente procuram, o “dar um bom exemplo”.

Há ainda correntes que defendem que o corpo é uma propriedade[14] da pessoa (conceito de
autopropriedade), e assim, pode ser usado a bel-prazer por seu “dono”; trata-se de uma
corrupção do termo “identidade”, “eu”, e “propriedade”.

Primeiro tratemos da identidade. Tal conceito deriva da ontologia, do “princípio de identidade”,


no qual todo ser é idêntico a si mesmo (identidade vem do latim identitas, “a mesma coisa”,
de idem, “o mesmo”, e de uma alteração de idem et idem, idêntico a si). O “eu”, é tradução
do ego latino, proveniente do termo grego ἐγώ, e refere-se a um sujeito idêntico a si mesmo
(autorreferência, se preferir). É interessante que procuremos mais alguns fundamentos para
resolver o problema, além dos termos iniciais. “Pessoa” possui sua origem
em πρόσωπον (prósopon), e indica a “auto manifestação” de um indivíduo. Pessoa é um
indivíduo idêntico a si mesmo, do gênero humano – nos abstemos de definir o que é um ser
humano aqui, pois o leitor sabe que somos diferentes de um hamster – mas o “eu”, refere-se à
alma humana ou ao seu corpo? A pergunta originou milhares de bizarrices na modernidade,
como a infame teoria pseudo-filo-psicológica em que o a identidade da pessoa deriva apenas
do intelecto, abrindo caminho para que alguns queiram identificar-se como um helicóptero
apache ou um gato[15]. A resolução do problema é dada por Tomás de Aquino (1225-1274):

Mas Platão afirmava, ademais, que a alma humana não só subsistiria por si, mas também
possuiria em si uma natureza específica completa. Pois dizia que toda a natureza específica
está na alma, definindo o homem não como um composto de alma e corpo, mas como uma alma
que se utiliza de um corpo; e, assim, a relação entre a alma e o corpo seria como a que e dá
entre um piloto e seu navio ou entre o que está vestido e suas vestes. Mas tal opinião não pode
ser sustentada. De fato, é manifesto que aquilo pelo qual vive o corpo é alma. Ora, viver, para
os viventes, é ser. Assim, a alma é aquilo pelo qual o corpo humano tem o ser em ato; mas tal
coisa, é forma: a alma humana é. portanto, forma do corpo. Da mesma maneira, se a alma
estivesse no corpo como o piloto no navio, não especificaria o corpo, e tampouco suas partes;
enquanto o contrário é manifesto pelo fato de que, ao retirar-se a alma, cada uma de suas
partes não conserva seu antigo nome senão equivocadamente. De fato, é equivocamente que
se chama olho ao olho de um morto, assim como ao que está pintado ou cinzelado em pedra, e
o mesmo se deve dizer das outras partes. Ademais, se a alma estivesse no copo como o piloto
no navio, seguir-se ia que a união da alma ao corpo seria acidental. Dessa forma, a morte, que
provoca sua separação, não seria uma corrupção substancial, o que é evidentemente falso.
Resta, pois, que a alma é algo concreto no sentido de que pode subsistir por si, não possuindo
em si uma espécie completa, mas perfazendo a espécie humana na medida em que é forma do
corpo. Isso pode manifestar-se pela ordem das formas das coisas naturais. Pois se encontra,
entre as formas dos corpos inferiores, que algumas são mais elevadas quanto mais se
assemelham aos princípios superiores se mais se aproximam deles: o que pode ser estabelecido
conforme as operações próprias de cada forma.

Acima dessas formas, enfim, estão as almas humanas, que se assemelham às substâncias
superiores também quanto ao gênero de seu conhecimento, porque podem conhecer as coisas
imateriais inteligindo. Elas, no entanto, são inferiores a essas substâncias por ser da natureza
da alma humana adquirir conhecimento intelectivo imaterial a partir do conhecimento das
coisas materiais, que se dá mediante os sentidos. Assim, pelo tipo de operação da alma
humana, é possível reconhecer qual é seu modo de ser. Pois, na medida em que sua operação
transcende às coisas materiais, seu ser se encontra acima do corpo e é independente dele; mas,
na medida em que por natureza tem que adquirir um conhecimento imaterial a partir do
material, é evidente que não pode estar completa sua natureza específica sem sua união ao
corpo. Porque uma coisa não pode ser especificamente completa se não possui todo o
necessário para sua própria operação específica. Portanto, se a alma humana, enquanto está
unida ao corpo como forma, tem porém seu ser elevado acima do corpo e é independente dele,
é patente que se acha estabelecida na fronteira entre os corpóreos e as substâncias
separadas.[16]

Assim, o “eu” refere-se ao homem integral – alma e corpo – e não a apenas um componente;
assim sendo, o corpo não pertence à alma ou vice versa, como o exemplo do capitão do navio
dado por Tomás. Resta-nos “propriedade”. Propriedade aparentemente deriva
de proprium, “aquilo que é de”, “aquilo que pertence à”, e é tido em termos de posse, ter,
το εχειν, do latim potere, “estar sob domínio de”. Até aqui, o argumento da propriedade é quase
evidente, pois as pessoas são donas de si mesmas no sentido de uso exclusivo mas não no
sentido de direito de uso exclusivo, visto que acabaríamos numa sub-repção medonha onde
confundimos uma discussão metafísica com uma de ordem jurídica num salto indevido entre as
esferas. Mas, propriedades são entes separados ou intrínsecos? Possuem valor? Aqui nos
deparamos com o que parece ser um paralogismo, entre propriedade enquanto objeto
pertencente e enquanto natureza intrínseca.

A propriedade enquanto natureza intrínseca deriva de natura, que, originariamente, significava


“nascimento”, e mais tarde, as qualidades intrínsecas, qualidades enquanto aquilo em virtude
do qual as coisas são de algum modo qualificadas[17], forma indicativa do estado dos
entes,[18] um acidente determinativo da substância em si mesma[19]. Nesse sentido,
propriedade de si mesmo não é “pertencer” a si, mas “ser a si”, não como propriedade no sentido
de mercadoria, por exemplo um título de posse que possa ser posto à venda, trocado, etc. A
questão morreu quando o sujeito que faz uso da propriedade (sentido de pertencente à) foi
retirado do posto de utilizador do corpo, mas ainda pode-se acrescentar o problema da posse.

A sigla “Dom” nos mosteiros indica “Dominus” no sentido de senhor de si, ou dono de si, uma
referência àquele que na hierarquia responde por si. Ora, para que alguém seja dono de algo,
este algo deve ser apropriado de alguma forma; ora, não apropria-se de si, pois de tal modo o
proprietário deveria sair de si ou ser o sujeito apropriador externo a si mesmo, o que é
impossível, a menos que numa condição de dualismo substancial, já rejeitado. Diz-se que a
argumentação pressupõe que o argumentador tenha direito exclusivo de uso do corpo que usa
para argumentar; ora, aqui não tratamos de metafísica. A autopropriedade como
responsabilidade pelo uso de seu corpo (metonímia) pode ser tido como jurídico mas não mais
do que isso.

Pode-se ainda objetar-se que a posse é constituída como a capacidade de tomada de decisões
últimas sobre algo; ora, tomar decisões sobre si mesmo nos coloca novamente num falso
dualismo onde o sujeito da ação é exterior a si; numa redução ao estilo Searle, eu não vejo a
percepção visual de uma caminhonete, eu vejo a caminhonete, e eu não tomo decisões sobre
mim, eu apenas tomo decisões. Objeta-se ainda que “uso” e “propriedade” são conceitos de
extensão que se sobrepõe; ora, isto é falso.

Propriedade consiste em um ente exterior apropriável, (ou de posse possível) por um ente
racional com meios e habilitação para tal. Pode-se chamar ainda “bem” em lugar de “ente”,
utilizando-nos da linguagem metafísica, mas não pretendemos tratar de transcendentais aqui;
considero o objeto em questão apenas no sentido de que de alguma forma, possa ser ligado a
um indivíduo racional. Digo racional, pois, quando dizemos “o copo da mesa”, não dizemos no
sentido que queremos tratar aqui, mas apenas naquele apropriado à linguagem cotidiana.

Poder-se-ia argumentar quanto à definição, que a correta seria “bem escasso”; pois nego que
tal definição nos seja útil para explicar o conceito. Escassez, neste tema é usado para indicar
que tal bem não pode ser ligado a mais de um indivíduo; mas nosso problema prefere a definição
posta pois a “escassez” não tratará da quantidade de objetos idênticos que possam ser
apropriados, mas da intencionalidade do apropriador.

Mas propriedade no sentido apontado tem um problema extra: propriedades pode ser tida ainda
como a qualidade do objeto apropriado pelo ente; então, o ente exterior apropriável, não é
dito como propriedade em sentido forte, mas apenas dúbio, visto que a rigor, um objeto não
apropriado, ou nem apropriável, pode ser dito propriedade. Então, propriedade trata-se
da qualidade aplicada pelo apropriador ao objeto em questão; essa apropriação, que liga o
proprietário ao seu bem, é o que denomino posse.

A existência da posse e de todos os conceitos acima pode ser comprovada ao se olhar uma pedra
no chão; ela é um objeto não apropriado, e quando é apropriada, agora possui dono e o elo de
posse. Mas os elos não são uma unidade analítica; um objeto pode estar de posse de um, mas
pertencer a outro; assim, pode-se estar de posse de algo sem ser proprietário, e ser proprietário
sem estar de posse da propriedade. O roubo é a apropriação da propriedade de outrem, e mantê-
la sob sua posse.

Todas as relações do tipo podem ser mantidas via contrato por escrito, ou pelo simples elo moral
de respeito pelo que é de outrem. Assim, o problema da posse é relativo à primeira posse, a
apropriação de um objeto ainda não apropriado ou apropriável.

O corpo não é apropriável e uso não tem a mesma extensão de propriedade, como fica
evidenciado. Além do mais, sendo a propriedade uma qualidade aplicada a um objeto que deve
ser reconhecida por outros perante algum meio, trata-se não de um conceito que possa fundar
uma ética, mas para horror de muitos, parece ser um conceito puramente jurídico e quiçá
jusnatural, embora não seja a base fundante do mesmo.

Talvez os defensores da contradição performática digam que negar a autopropriedade é


contraditório; ora foi visto que o conceito é errôneo. Negar a autopropriedade é tão flatus vocis
quanto afirma-la a rigor, visto que versamos sobre o nada, a menos, claro, que tratem-na no
sentido positivo apontado.

Objeta-se ainda que isso possibilita a apropriação de corpos de terceiros; ora, pessoas não são
apropriáveis, visto que, em uma argumentação bastante próxima de nossos adversários neste
tópico, não se pode obter nem o direito e nem a capacidade de manipulação do ser de outrem,
uma implicação direta do livre arbítrio; senhor só é dono do escravo em sentido dúbio.

Propriedades ainda possuem a característica de manipulação, derivada da distinção básica


de ser em si e ser por outro; ora, outro ser humano não pode ser por outro a menos no sentido
dúbio descrito; logo, humanos não podem ser apropriados no sentido exposto. Se não pode ser
apropriado, menos ainda pode ser usada como meio para um fim no sentido forte, apenas no
dúbio, visto que, ao utilizar-se de uma pessoa para algo (como pedir um copo d´água), em
última análise a ação depende da vontade dela. Assim, deve-se concordar com Kant, quando
este ao advogar a favor da dignidade humana, diz que esta nunca pode ser tratada como um
meio para um fim.

No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço,
pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima
de todo o preço, e portanto não permite equivalente, então tem ela dignidade O que se relaciona
com as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço venal; aquilo que, mesmo
sem pressupor uma necessidade, é conforme a um certo gosto, isto é a uma satisfação no jogo
livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço de afeição ou de
sentimento (Affektionspreis); aquilo porém que constitui a condição só graças à qual qualquer
coisa pode ser um fim em si mesma, não tem somente um valor relativo, isto é um preço, mas
um valor íntimo, isto é dignidade. Ora a moralidade é a única condição que pode fazer de um
ser racional um fim em si mesmo, pois só por ela lhe é possível ser membro legislador no reino
dos fins.[20]

Mas, se o corpo não é propriedade, como decidir o que fazer consigo? Uma resposta direta
seria nada que fira sua dignidade enquanto pessoa, o que poderia traduzir-se num axioma
imediato: nada fazer que possa destruir a si mesmo. Eis um ótimo argumento anti-suicídio
(automutilação incluído) ao que parece; mas tais aspectos pertencem mais ao estudo da moral
do que o tema do presente artigo. É divertido pensar que o presente estudo implode as bases do
famoso postulado feminista “meu corpo minhas regras”, a teoria de que o feto “pertence à mãe”
no sentido de ter posse da vida do mesmo, dos argumentos à favor das drogas enquanto
exercício da liberdade individual, entre outros semelhantes. O corpo não é teu, o corpo é ti, e tu
não podes utilizá-lo a bem prazer, haja vista a barreira natural, causal, e ética; muito menos
fazer uso do alheio, pelos mesmo motivos.

Mas, filosofia é uma arte na qual, quando um problema parece resolvido, aparecem milhares de
outros. Há uma questão que vem se arrastando há algum tempo, sobre a diferença entre opinião,
discurso de ódio, apologia, politicamente correto e semelhantes; até onde nossas opiniões
assumem o teor e função de violência ao próximo a ponto de ser considerada um crime? Tais
questões são muito mais sociais do que individuais, então necessitamos de um novo tópico.

A Liberdade Pública, ou Social

Adentramos espinhoso terreno, pois o campo social é dominado por todo tipo possível
de termos corrompidos, e é aqui, onde o uso do conceito de “liberdade” é largamente
hieroglífico. Deixamos a questão do “homem natural” por responder, pois façamos justiça; ou
os costumes e as instituições corrompem o homem, ou o mesmo é corrompido e as cria para
poder viver em alguma paz?

A questão praticamente, não possui razão suficiente, visto que, as duas opções além de não
serem verificáveis empiricamente são falhas e foram respondidas por Eric Weil (1904-1977).

Para lhes responder, basta observar que eles jamais foram capazes de explicar como esse ser
essencialmente bom e inocente pôde decair ao ponto de decair ao ponto em que a intervenção
deles é requerida para salvá-lo de si mesmo, nem como a realidade e o conceito do mal moral
puderam aparecer: um ser perfeito não cai.

Mas talvez seja preciso ver nessa opinião a reação contra outra opinião, oposta e
complementar, que considera o homem essencialmente mal e perverso, tese que não resiste ao
exame melhor que a primeira. Com efeito, o conceito do mal não pode ser formado senão por
um ser que possua o conceito do bem. É possível que a maioria dos homens não viva segundo
esse critério e que eles façam ordinariamente o mal; este não seria, entretanto, um mal moral
se eles fossem naturalmente incapazes de fazer o bem, e condená-los seria tão insensato quanto
emitir um juízo moral sobre a cascavel porque sua mordida é venenosa.

Se a tese da maldade essencial do homem revela-se contraditória em si mesma, entretanto, ela


é útil para relembrar ao seu crítico que o ser humano só é moral porque é, ao mesmo tempo,
imoral: ele pode ser bom porque pode ser mau, e inversamente. Isso não quer dizer que as duas
visões sejam falsas sob todos os aspectos; elas são verdadeiras, mas somente quando tomadas
juntas.[21]

Fica a dúvida: como um homem bom por si mesmo criaria um contrato para proteger-se de si?
Como um homem mau por si mesmo se preocuparia com algo do tipo? A resposta mais sensata
é a dada pelos escolásticos: o homem decaído corrompe a si mesmo confundindo os bens
superiores com os inferiores e assim se tornando melhor ou pior. O meio em que vive influi
drasticamente nele, mas nunca lhe dará a última palavra, pois caso isto fosse verdadeiro seria a
negação do livre arbítrio. Murray Rothbard (1926-1995) explica isso de forma muito
interessante:

Toda criança vem ao mundo em determinado ambiente. Este ambiente consiste de coisas
físicas, naturais e feitas pelo homem, e outros humanos com os quais se relaciona de várias
maneiras. É neste ambiente que ela exercita suas capacidades em desenvolvimento. Sua razão
forma julgamento sobre outras pessoas, sobre seus relacionamentos com elas e com o mundo
em geral; sua razão revela seus próprios desejos e suas aptidões físicas. Desta forma, a
criança em fase de crescimento, atuando em seu ambiente, cria fins e descobre meios para
alcançá-los. Seus fins são baseados em sua própria personalidade, os princípios morais que
concluiu serem os melhores, e seu gosto estético; seu conhecimento dos meios é baseado no
que aprendeu ser mais apropriado. Esta “teoria” na qual acredita foi adquirida com sua
capacidade de raciocínio, quer a partir de experiências diretas ou de outros, ou através de
dedução lógica realizada por si mesma ou por outros. Quando finalmente atinge a idade
adulta, ela desenvolveu suas faculdades o quanto pode, e adquiriu um conjunto de valores,
princípios e conhecimento científico.

[..]

Em um sentido fundamental, para dizer a verdade, todos são “autodidatas”. O ambiente de


uma pessoa, físico ou social, não pode “determinar” as ideias e conhecimentos que ela terá
quando adulto. É um fato fundamental da natureza humana que as ideias de uma pessoa são
formadas por ela mesma; outros podem influenciá-la, mas ninguém pode absolutamente
determinar as ideias e valores que o indivíduo vai adotar ou manter durante a vida.[22]

Uma boa resposta seria dizer que o homem é produto de suas escolhas. Mas nosso tema aqui
não é versar sobre isso, mas questionar a influência externa sobre a liberdade individual e suas
consequências no setor externo. Gilberto Freyre (1900-1987) nos diz que a pessoa é resultado
de processos sociais e de cultura anteriores ao aparecimento do indivíduo, e sobreviventes ao
seu desenvolvimento individual[23].

A pessoa humana, o homem social ou o socius se afirma não só conservador da herança


cultural que lhe é comunicada pela geração anterior, como assimilador de culturas de outros
grupos que entrem em contato com o seu[24].

Assim, os costumes vigentes influenciam na formação da pessoa não como uma restrição à sua
liberdade, mas necessário à formação da mesma; esta não precisa abandonar sua autonomia
para viver em seu meio pois cresceu nele e este faz parte de si. Explico: liberdade normalmente
é tido como autonomia absoluta, livre de qualquer tipo de influência, numa imparcialidade de
níveis inimagináveis, onde, o homem pure neutral é capaz de escolher vários aspectos da vida,
num racionalismo quase mecânico; o local de nascimento, a melhor cultura possível, a cor de
várias partes do corpo (cabelos, olhos) numa espécie de pré-auto concepção. Logo, se nasces
por exemplo, no campo, em família religiosa, com determinados costumes, perdeste parte de
sua liberdade. Uma frase que exprime muito bem isso são as pessoas que, nas desgraças da
vida, dizem “não pedi para nascer”. Não é preciso mais para ver que dessa síndrome de escolhas
deriva um relativismo nojento. Além disso, tal “autonomia arquetípica”, pode acabar por
confundir a autonomia da vontade (no sentido kantiano que utilizamos), como autonomia sobre
si antes da própria concepção, num sentido de liberdade irrestrita já corrompida.

Essa liberdade ilusória trata de homens abstratos criados em mundos de fantasia e tal concepção
não versa sobre a realidade; abstratismo, no jargão de Mário Ferreira.

Não que estejamos condenados a nascer e morrer num mesmo status, assim como num sistema
feudal, mas sim, que precisamos ser algo antes de querer ser outra coisa; e para ser outra coisa,
é fundamental o estudo do que ocorreu e ocorre ao redor. Foi dito certa vez, “conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”[25]; eis uma prova do dito.

Expomos a influência externa, agora resta-nos o inverso. A influência do exemplo dado no


primeiro tópico responde em partes; mas, e quando nossa liberdade influencia a do próximo?
Não vivemos isolados, então é patente que durante as relações sociais, somos afetados de várias
formas; um estudo sobre seria gigantesco, então é mais prudente responder a uma questão que
deixamos para analisar aqui: qual a diferença entre opinião, discurso de ódio, apologia,
politicamente correto e semelhantes, até onde nossas opiniões assumem o teor e função de
violência ao próximo a ponto de ser considerada um crime?

Devido ao sério risco de tropeçarmos no uso hieroglífico dos termos e cairmos no comum erro
de acusar como crime todos os dizeres com os quais não concordamos – everyone i hate is
Hitler[26] – faz-se necessário um olhar preliminar nas palavras que usamos. Opinião vem
do opinio latino, derivado do δόξα (doxa) grego, e significa conjectura, crença, juízo sobre,
normalmente hipotético. Apologia é escrito do mesmo modo em latim, e vem do
grego Απολογία (apologeisthai), e significa falar em defesa de algo. A princípio, opinião é
neutro; apologia é um sine qua non; mas apologia é uma defesa de algo, então, é uma
modalidade de opinião, onde se defende alguma posição prévia. Assim, apologia ao crime é
defender a ação criminosa. Diferentemente discurso de ódio é tido como um ataque a pessoas
ou grupo de pessoas; mas via das dúvidas, consultemos o artigo 10 da Declaração Universal
dos Direitos do Homem:

Artigo 10.º

(Liberdade de expressão)

1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão. Este direito compreende a liberdade
de opinião e a liberdade de receber ou de transmitir informações ou ideias sem que possa
haver ingerência de quaisquer autoridades públicas e sem considerações de fronteiras. O
presente artigo não impede que os Estados submetam as empresas de radiodifusão, de
cinematografia ou de televisão a um regime de autorização prévia.

2. O exercício desta liberdades, porquanto implica deveres e responsabilidades, pode ser


submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções, previstas pela lei, que
constituam providências necessárias, numa sociedade democrática, para a segurança
nacional, a integridade territorial ou a segurança pública, a defesa da ordem e a prevenção
do crime, a proteção da saúde ou da moral, a proteção da honra ou dos direitos de outrem,
para impedir a divulgação de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a
imparcialidade do poder judicial.[27]

Parece que a liberdade de propagar ideias não é lá tão absoluta assim, sendo restrita à segurança
pública, nacional, defesa da ordem e prevenção ao crime, entre outros. Parece que o discurso
de ódio tende a ser uma falácia ad hominem, na medida que ataca uma pessoa, ou um grupo de
pessoas específico por alguma característica inerente (cor, sexo, nacionalidade), e este ataque
tende a ser uma apologia, dependendo do conteúdo do discurso; tomemos o cuidado necessário
para não tomar a palavra apologia em sentido pejorativo: incitar pessoas à caridade é uma
apologia em seu bom uso. É comum no debate de ideias, atacarmos a posição intelectual alheia,
e o atacado tomar isso como um discurso de ódio; ora, trata-se claramente de uma falácia de
composição. Assim, toma-se o ataque às ideias ou posição da pessoa como se fosse um ataque
a pessoa e tudo o que a compõe, passando-se por um argumentum ad hominem.

Exemplos fáceis são, quando ao atacar o feminismo, o atacante é acusado de atacar as mulheres;
ao atacar a ideologia LGBT, o atacante é acusado de atacar os homossexuais em geral. Uma
oposição frequente ao desvelamento da falácia, é quando tentam, em vão, argumentar que tais
ideologias são inerentes ao grupo que defendem; logo ataca-la, é atacar o grupo. Ora, mas é
outra falácia de composição, visto que, nada há na natureza dos indivíduos que torne-o
automaticamente parte da ideologia. Um exemplo prático são os defensores do jusnaturalismo
jurídico; defendem iguais direitos a todos segundo os pilares da lei natural, mas não são
feministas por isso. Num trabalho posterior, demonstraremos como funciona o mimetismo
feminista em especial, que consiste em usurpar partes de teorias alheias para compor sua tese
baseada em argumentos de autoridade.

É interessante notar que, tais falácias de composição tendem a funcionar de combustíveis para
a criação de leis no mínimo toscas; como por exemplo, dar novos nomes a crimes antigos, com
o assassinato. Feminicídio é outro nome para assassinato, mas ganha significado novo quando
a vítima é mulher; trata-se de uma lei ideologizada. Chamo isso de influência positivo-
ideológica, quando se criam leis positivadas pelo bel-prazer da multidão que a apoia;
ironicamente, isso é uma falácia de apelo à multidão. Esse aspecto fabricante de leis pode ser
usada como mecanismo de repressão, acusando qualquer um que tente atacar a ideologia que a
lei protege, de discurso de ódio; assim, os divulgadores da mesma, ganham carta branca de
apologia, enquanto qualquer fala contra é fortemente reprimida. Pode-se chamar isso de
aparelho ideológico do estado. Luis Althusser (1918-1990) foi um filósofo marxista que
dedicou algum tempo a estudar os “aparelhos ideológicos do estado” (AIE); não concordamos
com tudo o que ele disse, mas devemos agradecê-lo por nos revelar o modus operandi utilizado
pela ideologia para reprimir seus opositores: o religioso, o escolar, o familiar, o jurídico, o
político, o sindical, o da informação (imprensa), e o cultural.[28] Murray Rothbard combateu
até seus últimos dias o setor escolar, afirmando que o slogan de “educação pública” era apenas
um espantalho para tirar a tutela educacional dos pais e subsumir ao estado, colocando no
programa escolar o que mais interessar a quem está no poder.

Ademais, é inevitável que o estado imponha uniformidade tutelar sobre o ensino. Não somente
a uniformidade agrada mais o temperamento burocrático e é mais fácil de aplicar, como seria
quase inevitável onde o coletivismo suplantou o individualismo. Com o estado tendo a
propriedade coletiva das crianças substituindo a propriedade individual e os direitos de
propriedade, é claro que o princípio coletivo seria também aplicado no ensino. Acima de tudo,
o que seria ensinado seria a doutrina de obediência ao próprio estado. Pois tirania não é
compatível com o espírito do homem, que exige a liberdade para o seu pleno desenvolvimento.
Portanto, técnicas de inculcar reverência ao despotismo e outros tipos de “controle de
pensamento” são obrigadas a emergir. Ao invés de espontaneidade, diversidade e homens
independentes, emergiria uma raça passiva, ovelhas seguidoras do estado. Uma vez que se
desenvolvessem incompletamente, estariam apenas semivivas.[29]

É importante dizer aqui que não defendemos a extinção do estado, mas sim o expurgo das
ideologias do aparelho estatal; e pode-se dizer que dessa forma sistemática e obrigatória, a
ideologia é a maior invasão à liberdade que pode haver, pois priva-nos do conhecimento e busca
moldar-nos ao seu ideal:

A revolução psicopedagógica é, por tanto, essencialmente totalitária. Nascida nos meios


revolucionários que, com a perestroika e a re forma estrutural, mudaram, não de objetivo, mas
de estratégia, ela pretende levar a cabo uma revolução psicológica que será seguida,
inelutavelmente, de uma revolução social. Globalista e criptocomunista, hegeliana, ela busca
submeter o indivíduo ao Estado, tanto em seu comportamento quanto em seu psiquismo e em
seu próprio ser:[30]

Outro filósofo que voltou sua atenção ao assunto foi Jurgen Habermas, que nos alertou sobre
onerar a universidade com políticas que contradizem sua função[31], e uma politização da
ciência é incompatível com as condições imanentes do progresso científico[32]. Além disso,
aponta uma consequência da formação de coletivos estudantis ideologizados, que
institucionaliza uma coerção à legitimação e autorreflexão da ciência que inclui o perigo da
subordinação a pontos de vista parciais justamente no que diz respeito a questões que não
podem e não devem estar sujeitas às decisões da maioria[33]. Quanto aos outros aparelhos, o
jurídico foi exposto na criação das leis, enquanto os outros merecem estudos extras, dada sua
vastidão; por hora, perscrutar mais esse assunto iria transformar este artigo num pequeno livro.
Os pontos a se salientar foram expostos razoavelmente.

Epílogo – Por uma Liberdade Prudente

Talvez o leitor se sinta confuso quanto à mensagem desse texto. Afinal, o que dissemos sobre
a liberdade? O conceito foi restrito ou alargado? É possível dizer que temos apenas uma
pequena análise da liberdade como imaginada e como exercida. Ser livre não é adquirir
um personalismo consigo,[34] colocando sua vontade como supremo e sacrossanto critério da
realidade, mas usá-lo conforme a reta razão e a justa lei, dentro do campo de realidade em que
vivemos. Não podemos esperar ações inconsequentes, e que os outros ignorem-nos em tais
ações, muito menos que não nos julguem; o extenso grito de “não me julguem”, normalmente
clamado pelos mais jovens, é talvez o maior exemplo de infantilidade frente ao mundo, no qual
o peso da realidade e das três barreiras da liberdade esmagam as pretensões dos mesmos. Não
dizemos que alguns costumes não possam ser questionados, mas sim que é preciso ter dose
extrema de bom senso antes de qualquer empreitada sobre; que não é porque alguns são ruins
que todos são.

A expectativa, o desejo e a pretensão de que podemos sair nus no mundo, libertos de todos os
preconceitos e preconcepções, de modo que toda situação se apresente como algo
completamente novo para nós, são em igual medida atitudes tolas, perigosas e nefastas. Essa
pretensão é nociva porque não estaremos apenas enganando os outros, mas a nós mesmos, e
desconsideraremos aquela pequena e constante voz dentro de nós. Debates estridentes e
agressões virão. O quanto mais insistirmos em público a respeito de coisas que sabemos, ou
mesmo suspeitamos, que não são verdadeiras, mais veementes e intransigentes nos tornaremos.
O quanto mais rejeitarmos o preconceito qua preconceito, mais difícil será para nós recuarmos
das posições que tomamos, e recrudesceremos a fim de provar que estamos livres de
preconceitos. Um dogmatismo ideológico será o resultado, e todos sabemos a devastação que
um dogmatismo como esse pode provocar.[35]

Não pregamos aqui também o puritanismo com o próprio corpo, abstendo-se de tudo o que seja
danoso potencialmente, como beber uma cerveja, ou assistir a uma corrida de fórmula 1 porque
muito álcool danifica o fígado ou um carro pode voar na platéia; pregamos a virtude da
prudência, que permite que assistas a corrida sem problemas, enquanto sabemos que uma
cerveja não é motivo de perigo. Não defendemos também o tipo de puritanismo que faça com
que as pessoas usem burcas ou andem peladas, mas a modéstia. Também não pregamos que se
saia praticando coprolinguística disfarçada de opinião, mas que as opiniões sejam bem
embasadas, e nunca ataquem a pessoa, mas suas ideias; assim, não se comete o erro do discurso
falacioso. Pois este parece o verdadeiro significado da liberdade de expressão, que é dizer a
verdade e isto está além de qualquer ideologia, mesmo aquelas que tentam nos impor desde a
mais tenra idade. Defendemos a existência de leis justas, estas que não podam nossa liberdade,
mas a mantêm no bom caminho; isso significa que defendemos a dura crítica a qualquer lei que
pareça ambígua. Em suma, não defendemos o que caiu no vocabulário popular como
libertinagem; não defendemos uma liberdade inconsequente, mas sim uma liberdade prudente.

APÊNDICE – A AUTOPROPRIEDADE

Bom, primeiro há de se esclarecer como foi feita a construção da análise da propriedade e seus
desdobramentos.

É comum que quando alguns tentam refutar ou corrigir um autor, atenham-se primeiramente ao
trecho em alguns casos e o texto completo em outros. Pois bem, a estrutura do “Por uma
Liberdade Prudente” e o “Da Ideologia” não segue esses trâmites, mas sim o método
decadialético; expliquemos do que se trata.

O conceito de propriedade não foi retirado de livro algum, mas foi construído segundo uma
ordem de análise; primeiro a experiência corriqueira, de que modo o homem (sujeito) vê a
propriedade (objeto) – ou o que se convencionou chamar assim – no dia a dia? Partindo disso,
foi feita a análise etimológica e por fim os desdobramentos do objeto que foi se formando para
finalmente chegamos a várias formulações do mesmo objeto – mais ou menos o que houve com
Kant ao formular o imperativo categórico em 3 variáveis. Mas não só isso: que ela era uma
gigantesca quimera, e o melhor modo de entendê-la foi separar suas formulações e seus níveis,
metafísicos, lógicos, jurídicos, etc. Boa parte dessa análise levou em conta uma extensa
“pesquisa de campo” lendo textos sobre, observando o comportamento daqueles mesmos que
tanto falam sobre propriedade e de seus autores favoritos, seguidos por seus intérpretes. Enfim,
o método se elucidará ao longo deste artigo; o importante é frisar que em nenhum momento
fiquei preso a texto algum, e preferi pautar-me pelo que o ocorre de fato.

1. Proprietários e propriedades, a pegadinha.


Há um ponto que espero ter deixado claro em “Por uma Liberdade Prudente” que consiste no
seguinte; a própria formulação do problema da propriedade, mais especificamente da
autopropriedade, seja por Hoppe ou por seus adeptos, é, inconscientemente – ou
conscientemente – uma pegadinha que necessita pressupor algumas coisas como condição de
possibilidade, quer seus correligionários aceitem ou não. Para uma elucidação disso em seus
pormenores, é preciso que retornemos à nossa análise da propriedade e da apropriação; não
reproduzirei o mesmo texto aqui, mas farei uma reexposição mais ou menos áspera.

A etimologia do termo “propriedade” implica posse; é um fato da experiência que toda


propriedade é chamada assim por seu possuidor – ou pretendente a possuidor – o que nos leva
a crer que deve haver sempre um sujeito e um objeto. Mas além dessa acepção – evidentemente
timológica – temos ainda a acepção lógica, onde propriedade pode denotar um acidente; é assim
que Aristóteles usará o termo no Órganon ao tratar de sua lógica. Mas não é no sentido lógico
que queremos tratar da propriedade, mas sim de um modo palpável, do objeto concreto.

Nesse momento da análise, observamos a atualidade e a virtualidade do conceito construído


pela amálgama da experiência e das opiniões. Quantos mais modos “propriedade” pode ter, e
quantos dele são atualizados no nosso dia a dia?

Mesmo no campo lógico, a propriedade (acidente) exige ainda – ao menos para o entendimento
humano – que haja um sujeito, a saber, a substância. No campo ontológico, chamamos as
propriedades do ser – os transcendentais – apenas analogicamente, visto que não há sentido
haver sujeito e objeto ali. De qualquer modo, a posse impõe-se à análise, o ser ‘têm’ algumas
características reconhecíveis.

Sendo propriedade um ente evidentemente apropriável, entes não apropriáveis não são
propriedades no sentido timológico. Essa premissa é um dos pontos nevrálgicos do argumento
e necessita elucidação. Propriedades são obrigatoriamente entes, pois se não fossem, nada
seriam; precisam ser exteriores sob o risco de uma circularidade, visto que exigem o apropriador
e não podem ser chamados propriedade de nenhum outro modo, visto que “propriedade” é um
termo humano. No jargão fenomenológico a propriedade é um conceito do Lebenswelt[1] – no
sentido que tratamos aqui – e não uma categoria ontológica. Eu não coloquei o problema da
autopropriedade como um problema ontológico, embora tenha passado por sua conceituação
metafísica durante a análise do objeto e suas várias faces. De qualquer forma, é curioso como
mesmo nessa formulação, a propriedade aparece ainda como uma qualidade que o objeto
adquire no momento da apropriação.

Há ainda outros modos de entender a propriedade, como do ponto de vista da intencionalidade;


com certeza há, na apropriação, uma direção de ajuste dos estados mentais[2] em direção ao
objeto específico – escasso? De qualquer modo, como com alguma certeza diria Searle, de
qualquer modo, “propriedade” é algo que só há em nossas mentes, o que de forma alguma quer
dizer que seja irreal.

Dentro desse escopo resumido, foi feita a crítica do que se convencionou chamar
autopropriedade; posse de si, ser dono de si mesmo, ter direito exclusivo do próprio corpo,
posse do próprio corpo e mais algumas formulações variadas – algumas ao gosto do freguês, o
que me faz achar que Hoppe é quase o Marx do anarcocapitalismo, visto que possui uma miríade
de deturpações.
De qualquer forma, foi elucidado que minha crítica a autopropriedade não foi acusá-la de ser
um erro ontológico. Atentemos agora a uma nova elucidação da autopropriedade, onde o
proponente diz que “toda coisa extensa é passível de ser escassa, e nessas condições é
apropriável”. Em seguida, diz-se que “ser dono do próprio corpo é apenas dizer que você tem
o direito exclusivo de uso do seu próprio corpo, i.e, não se apropria de si mesmo, mas é
proprietário no sentido jurídico”.

Ora, sendo assim, onde discordamos, senão da primeira premissa? Reproduzo aqui a conclusão
de “Por uma Liberdade prudente” quanto ao tema da autopropriedade:

“O corpo não é apropriável e uso não tem a mesma extensão de propriedade, como fica
evidenciado. Além do mais, sendo a propriedade uma qualidade aplicada a um objeto que deve
ser reconhecida por outros perante algum meio, trata-se não de um conceito que possa fundar
uma ética, mas para horror de muitos, parece ser um conceito puramente jurídico e quiçá
jusnatural, embora não seja a base fundante do mesmo.”

Concordo com a segunda premissa, mas não com a primeira; então retomemos a discussão:
Toda coisa extensa é passível de ser escassa e logo apropriável? E parece que não.

Corpos são extensos e não podem ser apropriados, como exposto. Numa nova exposição, há de
se diferenciar os corpos extensos inanimados – ou entes apropriáveis, como um cigarro – e os
corpos extensos enquanto componente de uma pessoa. Essa conclusão já estava no texto
criticado, no seguinte trecho:

“Objeta-se ainda que isso possibilita a apropriação de corpos de terceiros; ora, pessoas não
são apropriáveis, visto que, em uma argumentação bastante próxima de nossos adversários
neste tópico, não se pode obter nem o direito e nem a capacidade de manipulação do ser de
outrem, uma implicação direta do livre arbítrio; senhor só é dono do escravo em sentido
dúbio.”

Desse modo, preferi não usar a extensão como fundamento determinante dos objetos
apropriáveis. Adiciona-se ainda um problema quando escassez impede que um bem possa ter
mais de um proprietário, o que excluiria uma propriedade dividida entre duas pessoas; mais
ainda, traria à tona o problema da não-identidade entre proprietário e possuidor, entre inúmeras
outras aporias. De qualquer forma, retificando-se a primeira premissa, dissolvem-se as querelas.

2. Sub-Repção
Além de meu artigo, houve anteriormente uma crítica feita pelo amigo João Pedro Garcia à
autopropriedade, que teve como resposta um comentário do outro amigo Marcelo Nemer, que
toma o tema na seguinte clave: como base no link objetivo do indivíduo em si e sua união
indissolúvel como pressuposto da autopropriedade, diz-se que este é a condição de
possibilidade da existência do direito, pois como norma intrínseca ao ser humano, contradizer
isso é contradizer o que o ser humano é. Não se pode falar de um direito sobre si se não há esse
controle de fato.

Essa concepção é um non-sequitur grosseiro. Não sei que método foi utilizado na construção
de tal argumento, mas de qualquer modo, ele será decomposto e analisado aqui.
a) O Link Objetivo.

É um fato da experiência longamente analisado que o homem é composto de matéria e forma,


e acredito que tenha sido nesse sentido que o amigo fala de um link objetivo entre a mente e o
corpo. Lembrando que, na concepção defendida em “por uma liberdade prudente” de um
dualismo hilemórfico, nada obsta aqui.

b) A Base do direito.

Aqui se iniciam nossas diferenças, embora sejam sutis. Afirma-se que tal fato é a condição de
possibilidade do direito, visto que o dito precisa funda-se na composição do homem, e não
poderia haver a concepção de um direito sobre si e este não se manifestasse antes na realidade.

Aqui há outro caso onde concordo com a conclusão, mas não com as premissas. Salta aos olhos
que o direito precisa ser baseado na realidade e ainda ser adequado ao homem que será
submetido a suas regras. Mas não se deve derivar o direito da autopropriedade por sua
construção não poder ser inerente à estrutura humana pelos motivos expostos em “Por uma
liberdade Prudente”. Sendo a autopropriedade um conceito já jurídico, ela pressupõe um
construto da Lex anterior que lhe dê condições de ser. O direito é adequado ao homem, mas
não é fundado na autopropriedade. Logo, o argumento é circular.

Nesse sentido, a autopropriedade enquanto conceito jurídico não pode fundar nem um direito
nem uma ética, visto que para ser é necessário que haja antes um direito e antes desse uma
moral.

Do mesmo modo, não pode fundar uma meta-ética pelos mesmos motivos. A pretensa
contradição performática da negação da autopropriedade foi afastada em “Por uma Liberdade
Prudente”.

3. Autopropriedade Tomista?
Eis o último tópico a ser respondido; houve uma nova formulação do problema da
autopropriedade, feita em bases supostamente tomistas. Cabe-nos uma análise de tal concepção.

O argumento funciona assim: o homem é um substancialmente composto de matéria e forma e


a alma racional, sua parte mais nobre, não pode existir sem o corpo, visto ser substância
incompleta. Citando Aristóteles, diz que a alma tem controle despótico sobre o corpo, e utiliza
a analogia de Platão do piloto do navio. Em seguida. Diz que a alma é senhora do corpo, possui
o corpo, e é sui iuris determinadora de suas ações. Usa “posse” como controle de determinada
coisa e propriedade o direito de posse, a alma tem posse do corpo, deve haver autopropriedade.
De tal modo, a propriedade é um direito natural alicerçado na natureza humana, e ainda pela
união substancial do composto.

a) Eis mais um caso onde concordamos em partes; especificamente, concordamos que o homem
é composto de alma e corpo, e justamente por isso que devemos rejeitar essa formulação da
autopropriedade. Vejamos os pormenores.

No artigo “Por uma Liberdade Prudente” foi explicado o significado de pessoa; indivíduo
idêntico a si mesmo do gênero humano, que pode referir a si mesmo pelo vocábulo “eu”, que
denota sua identidade autorreferencial. Tratar como “substância individual de natureza
racional” também é correto, e tem a conveniência de deixar explícito a natureza da unidade do
homem num composto individual.

Assim, “pessoa” refere-se ao composto; esse composto é o sujeito das ações, visto que se assim
não fosse, teríamos uma situação de dualismo substancial, i.e, quando há duas substâncias
completas, onde uma controla a outra – tal concepção deu origem ao problema da comunicação
das substâncias, a saber uma das aporias fatais do dualismo substancial.

A alma possuir o controle do corpo pode ser tido apenas como analogia para a concepção de
que a vontade não é algo material – a admissão de uma vontade material nos levaria ao
determinismo, o que aniquila a vontade. Kant já viu isso na Crítica da Razão Prática em sua
crítica ao ceticismo. Mas a imaterialidade da vontade não é motivo para termos a alma como
uma substância completa, e aqui se iniciam as sub-repções do argumento. Ter a alma como
possuidora do corpo em sentido estrito é tê-la como substância completa e colocar a concepção
de pessoa apenas nela e não no composto completo; logo, essa concepção não pode sobreviver
num dualismo hilemórfico.

b) Já tratamos da “posse” anteriormente, mas é preciso rever a concepção: Posse foi tida nos
seguintes temos: propriedade trata-se da qualidade aplicada pelo apropriador ao objeto em
questão; essa apropriação, que liga o proprietário ao seu bem, é o que denomino posse. Diz-se
que a alma tem posse do corpo por estar ligada a ele e logo deve ter propriedade do mesmo,
mas isso não se segue. A alma é ligada ao corpo, mas não pode ter propriedade ele por dois
motivos: primeiro, ela não é o sujeito; segundo, o corpo não é apropriável. Duas coisas ligadas
uma à outra não implica que uma possua controle da outra.

c) A alma tem prioridade segundo a forma, por ser a “parte” mais nobre do composto; mas isso
não serve de fundamento a um suposto controle. Uma boa analogia é que o motor não tem o
controle do carro por ser seu princípio de movimento.

Conclusão?

E assim se encerram as respostas aos objetores. Concluímos os seguintes pontos:

1. O método utilizado leva em conta o objeto concreto.


2. A crítica da propriedade não coloca a autopropriedade como problema ontológico.
3. A autopropriedade é um conceito jurídico
4. E por isso não pode fundar um direito
5. Nem uma ética.
6. Nem uma meta-ética.
7. Autopropriedade é incompatível com dualismo hilemórfico e só pode ser usada como analogia para
explicações diversas.
[1] Lebenswelt não é um mundo separado do mundo da ciência natural, mas um mundo
diferentemente descrito – descrito com os conceitos que designam os objetos intencionais da
experiência humana. Intencionalidade implica que a minha consciência é também uma forma
de representação: a minha consciência me mostra um mundo, e também me coloca em relação
a ele. Scruton, Desejo Sexual, p.25-26
[2] Poderíamos dizer, a título de formulação preliminar, que a intencionalidade é aquela
propriedade de muitos estados mentais pela qual estes são dirigidos para, ou acerca de, objetos
e estados de coisas no mundo. Searle, Intencionalidade, p.1.

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[1] Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano p.157.

[2] Perto do coração selvagem p.50.

[3] Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais p.893.


[4] Sociologia Fundamental e Ética Fundamental p.160.

[5] Metafísica dos Costumes p.19.

[6] Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais p.160.

[7] Ação Humana p.339.

[8] Aos interessados, o famoso “falar merda”.

[9] Referência a Marquês de Sade (1740-1814), famoso por seus contos eróticos. Ver “120 Dias de Sodoma”. A
palavra “sádico” deriva de seu nome.

[10] No mundo não existe acaso

[11] Von Mises, Ludwig, op. Cit, Pág. 339

[12] Para mais informações, ver Mário Ferreira dos Santos, Sociologia Fundamental e Ética Fundamental, 2º
edição, São Paulo, Logos, 1959

[13] Ver Síndrome Alcoólica Fetal, acessado pela última vez em 17 de Julho de 2016 às 20:01.

[14] “Muito pelo contrário, a partir do axioma fundamental do direito natural de todo homem à propriedade de si
mesmo e dos recursos sem dono que ele encontra e transforma.” Ver Ética da Liberdade p.120-121.

[15]https://www.megacurioso.com.br/comportamento/90601-conheca-a-curiosa-historia-da-moca-que-pensa-
que-e-um-gato.htm

[16] Questões Disputadas Sobre a Alma p. 43-47.

[17] Órganon p.60.

[18] A Nova Lógica p. 107.

[19] Aristóteles-Das Categorias p.136.

[20] Fundamentação da Metafísica dos Costumes p. 82.

[21] Filosofia Moral p.17-18.

[22] Educação: Livre e Obrigatória p. 11-12.

[23] Sociologia p. 123.

[24] Ibidem, Pág 124.

[25] João 8:32.

[26] Expressão pejorativa originada de sucessivos ataques ideológicos, que costumam chamar de nazistas todos os
que discordam de suas ideias. Significa “todos os que odeio são Hitler”.
[27] http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhregionais/conv-tratados-04-11-950-ets-
5.html acessado pela última vez em 18 de Julho de 2016 às 19:19.

[28] Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado p. 44.

[29] Educação: Livre e Obrigatória p. 19.

[30] Maquiavel Pedagogo p153.

[31] Teoria e Práxis p. 566.

[32] Ibidem

[33] Ibidem

[34] Personalismo (do lat. persona, máscara do ator no teatro grego e romano). É a posição que considera a
personalidade como o supremo valor.

[35] Em Defesa do Preconceito p. 138.

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