No Evangelho segundo escreveu João, no capítulo 15,
versículo 20, o Senhor Jesus faz um alerta a seus discípulos: eles e todos os que porventura decidissem segui-lo seriam perseguidos.
E para essa regra Cristo não abriu exceções. Em seu
segundo tratado, Lucas relata isso se materializando dia após dia na vida dos Apóstolos e dos primeiros cristãos (At 4.1-21; 5.14-18; 25-40; 7.54-60; 8.1-3; 9.22-24 entre outros).
Paulo mais tarde corroboraria com a assertiva de Cristo.
Escrevendo ao seu fiel discípulo, o jovem pastor Timóteo, o Apóstolo dos gentios diria que “todos os que querem viver a vida cristã unidos com Cristo Jesus serão perseguidos” (II Tm 3.12). E ele dizia isso por experiência própria. Seu conhecimento no que diz respeito às perseguições era empírico.
Faltar-me-ia espaço nessas linhas para descrever tudo o
que Paulo sofreu por causa do Evangelho – se é que isso é possível – no entanto, para termos ideia do que esse grande homem de Deus passou, vale a pena lembrar ao menos o que está relatado na primeira aos Coríntios, onde ele diz: “Até agora temos passado fome e sede.
Temos nos vestido com trapos, temos recebido bofetadas e
não temos lugar certo para morar. Temos nos cansado de trabalhar para nos sustentar. Quando somos amaldiçoados, nós abençoamos. Quando somos perseguidos, aguentamos com paciência. Quando somos insultados, respondemos com palavras delicadas. Somos considerados como lixo, e até agora somos tratados como a imundície deste mundo.” (I Co 4.11-13). Evangelho e perseguição andam juntos, são inseparáveis. Foi assim desde os primórdios da cristandade. Eusébio de Cesareia, o pai da história da igreja, em sua magnum opus História Eclesiástica, relata-nos as perseguições que os primeiros cristãos sofriam: “ora dilacerados pelos flagelos até ficarem à vista as veias e artérias mais entranhadas, e visíveis as vísceras e os membros mais profundamente secretos do corpo; ora estendidos sobre conchas marinhas e pontas agudas; e depois de todas as espécies de torturas e suplícios, expostos finalmente às feras para sem devorados”.
Literalmente serviam de “espetáculo para o mundo inteiro”.
Tertuliano dizia que “o sangue dos mártires era a semente da igreja”. E não pense que essas perseguições ficaram no passado, elas estão presentes nos dias atuais.
Semana após semana, artistas e “pastores” góspeis estão
em evidencia nos programas da televisão brasileira. Por quê? Por que estão sendo perseguidos? Por que os políticos têm tramado estratagemas contra a igreja e formado uma oposição ferrenha ao Evangelho? Por que cristãos estão sendo discriminados por causa da sua fé? Por que vez ou outra, aqui ou acolá, algum cristão é assassinado ou preso por pregar as Escrituras? Definitivamente não.
Qual é o Evangelho que esses artistas e “pastores” estão
lendo, pregando e vivendo? Com certeza é o “outro evangelho” que estava sendo pregado aos crentes da província da Galácia, o qual Paulo disse que maldito seja todo aquele que o anunciar.
“Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim
procederam seus pais com os falsos profetas”. Talvez você nunca tenha lido essa advertência acima, pois, outra característica que assola a igreja brasileira hodierna é o abandono das Escrituras. Esse “ai” foi proferido por Cristo em Lucas 6.26. O que dizer diante disso? Ai de ti igreja brasileira, que tem sido louvada e elogiada por todos! Ai de ti igreja brasileira, que nega as verdades do Evangelho com o propósito de ser bem recebida e tratada. Ai de ti igreja brasileira, que vitupera o sacrifício de Cristo a fim de ser bem vista pela sociedade. Ai de ti igreja brasileira, que se finge de judeu para agradar os judeus, porém também se finge de gentio para agradar os gentios.
Vale perguntar: qual honra Cristo recebeu da sociedade
judaica, de Herodes, de Pilatos, de Anás e Caifás? Quem o aplaudiu? Quem o tratou bem? Quem o elogiou? Quem o honrou? Quais foram os prêmios de “honra ao mérito”? Quantos discos de platina recebidos? Quantos discos de ouro ganhos? Quantos grammys? Na verdade, ele foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso”. Cuspido, zombado, escarnecido, torturado, espancado, crucificado e morto.
Quanto mais o verdadeiro Evangelho for pregado e vivido,
quanto mais o Evangelho da Cruz obter êxito, quanto mais almas forem genuinamente salvas, quanto mais o Evangelho de Cristo influenciar no meio da sociedade, quanto mais impacto positivo ele causar, mais perseguições ele sofrerá, mais ele será odiado, maior será o número de hostes espirituais da maldade que irão se opor contra ele.