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OS DIREITOS HUMANOS E A GLOBALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS NO

SÉCULO XX E XXI

Affonso Henrique Soares Pazdziora1


Maísa Valentina De Conti2
Sinara Camera3

RESUMO

A delimitação temática deste trabalho focaliza os Direitos Humanos no Século


XX e XXI e a Globalização, apresentando as interferências que ocorrem entre elas e
em como se dão na prática, no período pós 2ª Guerra Mundial. Seu foco é a
realização e aplicabilidade dos Direitos Humanos e a interferência disto nas culturas
locais e na economia mundial. Questiona-se em que medida a mútua interferência
entre Direitos Humanos e a Globalização influencia a economia e a cultura mundiais.
O objetivo geral é analisar os pressupostos teóricos da literatura relacionada à
temática, a fim de responder os questionamentos da pergunta de pesquisa. Justifica-
se está investigação pelo fato de ser uma área pouco estudada e analisada, mas
que contribui para a compreensão da situação sócio-econômica mundial. A
metodologia caracteriza-se como teórica, de cunho qualitativo e com fins
explicativos. O método de abordagem para a análise e a interpretação das
informações é dedutivo, já os de procedimentos secundários são histórico e
comparativo. A contribuição do trabalho é estimular um pensamento mais crítico
acerca da atual situação do mundo. A repercussão esperada é a de que estimule, na
comunidade acadêmica mais estudos acerca dessa temática.

Palavras-chave: Direitos Humanos - Globalização - Cultura - Economia.

INTRODUÇÃO

O tema deste estudo trata Os Direitos Humanos nos Séculos XX e XXI e a


Globalização Cultural. Buscando entender os Direitos Humanos no Século XX e XXI
e a Globalização, apresentando as interferências que ocorrem entre elas e em como
se dão na prática no período pós 2ª Guerra Mundial. Seu foco é a realização e
aplicabilidade dos Direitos Humanos e a interferência disto nas culturas locais e na
economia mundial. O problema questiona em que medida a mútua interferência.
Entre Direitos Humanos e a Globalização influencia a economia e a cultura

1
Acadêmico do Curso de Direito – 4° Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis.
affonsohenriquep@gmail.com
2
Acadêmica do Curso de Direito – 4° Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis.
maisavalentina@gmail.com
3
Doutora em Direito Público pela Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS), com período
de doutoramento na Universidade de Sevilla (US - Espanha). Mestre em Integração Latino-Americana
pela Universidade Federal de Santa Maria (MILA/UFSM). Graduada em Direito pelo Instituto de
Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). sinara@fema.com.br
2

mundiais. A hipótese provável é que os Direitos Humanos e a Globalização


interfiram na economia contemporânea de maneira a pôr em evidência os conflitos
entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, assim como refletem na
aculturação de sociedades consideradas sem prestígio no cenário mundial.
O objetivo geral consiste em analisar os pressupostos teóricos da literatura
relacionada à temática, com o fim de responder à pergunta motriz da pesquisa. Os
específicos são: a) Estudar a teoria acerca das Declarações de Direitos Humanos e
sua influência no desenvolvimento das sociedades cosmopolitas; b) Pesquisar o
fenômeno da Globalização e seus efeitos na economia mundial; c) Cotejar o
imbricamento da emergência dos Direitos Humanos na sociedade com o fenômeno
da Globalização e seus reflexos na vida contemporânea dos Blocos.
A pesquisa apresenta relevante importância por abordar, de um ponto de vista
pouco estudado, acerca da problematização e aplicabilidade dos Direitos Humanos
com a ocorrência da Globalização. Dessa forma, possibilitando uma visão mais
crítica e realista da atual situação da sociedade mundial, levando em consideração
as diferentes situações de países ao redor do mundo. Apesar de haver poucos
escritores que discorrem sobre o assunto, a revisão bibliográfica se baseia em textos
de autores do ramo do direito, que, em seus livros tratam também sobre a
Globalização na aplicabilidade dos Direitos Humanos.
Com esta pesquisa espera-se que aumente o interesse da comunidade
científica em analisar os efeitos desses fenômenos nos diferentes países, não
apenas nos grandes blocos de países desenvolvidos, onde os efeitos são, de forma
geral, positivos aos governos e à população, mas também em países
subdesenvolvidos e emergentes onde muitos efeitos controversos podem ser
percebidos. Ainda, espera-se que este artigo tenha repercussão no meio acadêmico
de forma positiva, fazendo com que haja uma maior reflexão acerca desses tópicos,
desenvolvendo-se assim pesquisas sobre os objetos supracitados.
A metodologia caracteriza-se como teórica, de cunho qualitativo e com fins
explicativos. O método de abordagem para a análise e a interpretação das
informações é dedutivo, já os de procedimentos secundários são histórico,
comparativo e estático.
Para a melhor organização do artigo apresentam-se três seções, a primeira
expõe os Direitos Humanos e o desenvolvimento das sociedades cosmopolitas; a
segunda a Globalização e seus efeitos na economia mundial; a terceira a ligação
3

entre os Direitos Humanos e a Globalização e seus reflexos na realidade de diversos


países.

1 OS DIREITOS HUMANOS E O DESENVOLVIMENTO DAS SOCIEDADES


COSMOPOLITAS

No momento em que se dá a Revolução Francesa, em sua Declaração, no


art. 1°, assegura aos homens a liberdade e os direitos iguais, mas não especifica
quem seriam esses homens, o que acabou gerando o direcionamento dos direitos
apenas aos homens, brancos e com maior poder aquisitivo (DOUZINAS, 2011). Foi
assim que a Declaração de 1789 mostrou que não foi feita para o homem universal,
mas sim para o homem burguês, porque quando dizia que todos vinham de igual
lugar, negava a existência das desigualdades, defendendo princípios anti-históricos.
(BOBBIO, 2004)
Não somente a Revolução Francesa contribuiu para a afirmativa dos Direitos
Humanos, tivemos também a Revolução Parlamentar Inglesa, que foi materializada
com a Independência Americana e posteriormente internacionalizada pela
supracitada Revolução Francesa. Outro marco importante foi o fim dos Estados
Absolutistas Ocidentais em Estados de Direito, em primeiro plano aquele estruturado
por Locke, a Revolução Russa e o desenvolvimento do Welfare State. Sendo esses
os eventos do século XIX que fizeram germinar a concepção de Direitos Humanos
abordada nos séculos XX e XXI (ALVES, 1994).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada pela maior parte dos
países do mundo em 1948 (CARDOSO, 2015), reúne uma gama de direitos
considerados necessários à vida e à dignidade humana. Neste momento, essa
declaração é vista como um grande avanço do direito internacional, em função das
atrocidades registradas durante o período da Segunda Guerra Mundial. No entanto,
em longo prazo, os direitos estabelecidos mostraram ter uma caráter unificador que
é apenas superficial, não tendo aplicabilidade no cotidiano das massas.
(DOUZINAS, 2009)
No momento de sua elaboração, os Direitos Humanos trazem a promessa da
paz perpétua, fazendo com que se creia na evolução contínua e indubitável da
sociedade e dos países individualmente. Em teoria, o principal objetivo dessa
declaração é de resistência às opressões, porém seu efeito é nulo a partir do
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momento em que a missão civilizatória contemporânea (capitalismo) se coliga a ele.


Dessa forma se configurando como uma instituição neoliberal, e consequentemente,
de exclusão de classes e subordinada ao capital (DOUZINAS, 2011).
Nesse sentido, os direitos unem-se à ideologia neoliberal, trazendo assim,
junto com as garantias dos direitos, os ideias dos países ocidentais desenvolvidos.
(DOUZINAS, 2011) Assim, muitos países subdesenvolvidos são prejudicados ao
tentar integrar-se a uma realidade distinta da sua e internamente desconexa de seu
contexto social e econômico. Além de prejudicar sua economia esse processo, na
maioria dos casos, acaba por minimizar a cultura local de muitos, em favor de uma
cultura hegemônica, baseada na de países desenvolvidos, principalmente dos EUA
(Estados Unidos da América) e os países da Europa Ocidental.
A incoerência da ligação entre o capitalismo e os Direitos Humanos se dá nas
respectivas concepções onde em um é necessária a manutenção da desigualdade
social e da supressão das massas e no outro a equiparação da igualdade social e
políticas públicas de inclusão social estão entre os principais objetivos (DOUZINAS,
2011).
Os Direitos Humanos tem caráter de aplicabilidade universal e geral
(DOUZINAS, 2009), no entanto como os valores das sociedades estão ligados ao
seu contexto social, a generalidade destes acaba por, muitas vezes, suprimir as
particularidades locais da cultura. Dessa forma a generalidade dos direitos, ao invés
de garantir equidade às sociedades, gera a opressão de determinadas culturas,
exatamente o oposto da proposta inicial da Declaração dos Direitos Humanos.
Muito do problema da aplicabilidade desses direitos se dá justamente pela
incapacidade dos órgãos internacionais de fazê-lo, dependendo a efetivação desses
de Estados nacionais. A garantia de direito requer o reconhecimento da cidadania e
os Estados defendem seu cidadãos, mesmo quando tratamentos direitos que têm
lógicas de universalidade, eles são inaplicáveis sem que se reconheça a cidadania.
Isto porque os tratados internacionais precisam de estruturas que os façam sem
cumpridos, de território para tal e estrutura política e geográfica, que não consegue
ser encontrada de forma paraestatal nos dias atuais. (CAMERA; MORAIS, 2012)
Sendo dessa maneira, a concretização dos direitos precisa, depende, da
atuação do Estado, sendo ele o ente que deve chegar ao indivíduo para que o direito
de fato se concretize. Para isso, é necessário que os governos façam um processo
de internalização de direitos universais, que ganhou força a partir de 1966. Esse
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processo consiste em reconhecer, de alguma forma, a legitimidade das medidas e


acordos universais no território nacional. O Brasil, por exemplo, tem a tendência de
positivar acordos sobre Direitos Humanos como Emendas Constitucionais. Por essa
série de fatores, a evolução da efetividade dos Direitos Humanos depende também
da evolução da relação dos indivíduos com seus governos. (CAMERA; MORAIS,
2012) Governos autoritários e centralizadores tem maior tendência a serem
violadores de Direitos Humanos, enquanto governos democráticos, onde há maior
participação social, o Estado tende a efetivar e garantir direitos universais: “...para
estes sujeitos cosmopolitas…, serem efetivamente livres e iguais seria necessário
que seus direitos fossem garantidos por instituições democráticas. ” (DELMAS-
MARTY, 2003, p.149)
Costas Douzinas, em seu texto, Os Paradoxos dos Direitos Humanos,
defende a seguinte tese: “Em sociedades capitalistas avançadas os Direitos
Humanos despolitizaram a política e se tornam estratégias para a publicização e
legalização do desejo individual.” (DOUZINAS, 2011, p.9). Dessa maneira, diferente
de oprimir a cultura, como nas sociedade não desenvolvidas, nas desenvolvidas, os
Direitos Humanos legalizam o egoísmo, defendendo os ideais neoliberais acima das
garantias fundamentais a todos.
Assim, aliado aos ideais neoliberais, nos países desenvolvidos, diferente dos
países subdesenvolvidos, o que ocorre é a valorização do egoísmo e do
individualismo (SANTOS, 2001), prejudicando assim as camadas mais baixas
apenas. Dessa forma a uma valorização do poder monetário, que garante maior
acesso e qualidade de vida, assim como a realização dos anseios social, enquanto
as camadas baixas ficam imersas na chamada pobreza excludente.
Os Direitos Humanos dependem das relaçõe entre indivíduos, e dos
indivíduos com seus governo para serem efetivados, nesse sentido eles são
determinados, segundo Mireille Delmas-Marty (2003), por cinco tipos de relações:
civil, política, econômica, social e cultural, sendo todas elas interligadas, de forma
interdependente. Sendo assim, não pode-se falar em efetivação dos direitos civis
sem que se considerem os direitos econômicos, ou efetivação dos direitos
econômicos sem que se leve em consideração aspectos culturais. Esses direitos
estão interligados, e não podem ser dissociados em sua efetivação.
A partir destas informações podemos analisar os reflexos dos Direitos
Humanos nos diferentes cenários mundiais, podendo ver a utopia de seus ideais
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teóricos, que não se concretizam mesmo nos países mais ricos e estáveis. Apesar
de assegurar direitos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, suprime
culturas, promove a opressão e, aliada ao neoliberalismo, aumenta a desigualdade
social e a torna algo natural, assim como legaliza o individualismo.

2 A GLOBALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS NA ECONOMIA MUNDIAL

O fenômeno denominado Globalização teve seu início ainda no século XV,


com o processo da Grandes Navegações dos países europeus (SANTOS,2001) e
desde então vem se intensificando. Tornou-se mais aparente no cotidiano a partir da
industrialização e fortificou-se novamente no início do século XX com o advento de
diversas marcas de alcance mundial (Ford, Coca-Cola, Volkswagen...). A evolução
desse processo levou ao que conhecemos hoje como Globalização do Capital ou
Globalização Monetária.
Lacerda (1998), afirma que com a internacionalização e desregulamentação
das economias, fazendo com que os princípios econômicos tradicionais fossem
defasados, o que gerou a necessidade de uma nova organização político econômica
para evitar a intangibilidade das riquezas. Tendo a globalização e a mundialização
forte impacto nas políticas e princípios econômicos.
Neste contexto, atualmente a Globalização vive uma fase chamada de
economia de padrão do dólar (MACIEL; GRANDO, 2015), que gera ainda mais
facilidade de desenvolvimento aos Estados Unidos, dificultando o desenvolvimento
de outras nações, especialmente as mais pobres. Esse sistema gera uma
internacionalização do capital (muitas vezes não se sabe qual o país de origem do
dinheiro em circulação), unificando, de certa forma, a economia global. Esse
fenômeno se fortaleceu no período pós-Segunda Guerra e atualmente pode ser
percebido diretamente pela forte atuação de grandes multinacionais em países
subdesenvolvidos e emergentes. No entanto essa unificação da economia ao invés
de sanar as desigualdades põe mais em evidência o conflito de interesses entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Mireille Delmas-Marty (2003) defende que a economia funciona como um
motor da globalização, sendo ela o que gera força para tal fenômeno, enquanto o
direito teria a funcionalidade de uma bússola, norteando, dando direção a
globalização, estando as duas, portanto entrelaçadas, sem a economia o direito não
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teria força para universalização, sem o direito a economia abriria espaço de forma
inconsequente e sem direção. Dessa forma é necessário que se estude e
compreenda a universalização de forma a conjugar essas duas matizes da
globalização.
No entanto, a autora lembra que, os principais objetivos da Declaração dos
Direitos Humanos e dos órgãos de controle internacional é (ou ao menos deveria
ser) a concretização de direitos sociais:
superando a oposição entre teoria e prática por
uma confrontação constante do ideal imaginário
pela realidade observável, esta realidade
observável é que, malgrado as resistências, os
direitos econômicos e sociais fazem, todavia, parte
dos direitos do homem e que os direitos humanos
se tornam oponíveis a economia. (DELMAS-
MARTY, 2003, p.39)
Sendo assim, apesar de a teoria aproximar o direito e a economia
internacionais, estes estão em extremos opostos, na maior parte das vezes em que
são aplicados.
Zygmut Bauman (1999), ao analisar o caráter da privatização das funções do
Estado percebe que a privatização, em geral, acaba gerando o sedentarismo do
princípio da igualdade social. Assim torna-se inviável o processo de transformação
positiva do status quo dos indivíduos e fixa regras de manutenção da desigualdade
de classes, incentivando políticas neoliberais de livre iniciativa privada do desmonte
do Estado. Afetando com impacto maior o contexto social de países pobres e/ou em
desenvolvimento.
Com a ascensão do capitalismo e da globalização torna-se necessário e
obrigatório que os indivíduos de determinado território passem fome para que ele
esteja em estado de pobreza (BAUMAN, 1999). Com isso torna-se mais fácil simular
o crescimento dos países, pois só será considerado pobre o país que passa fome,
excluindo fatores como desestruturação familiar, analfabetismo, falta de saneamento
básico, altos índices de violência e aumento da população carcerária, fatores estes
que influenciam muito a economia local dos Estados.
Mauch (2008) afirma que com a globalização a produção dos produtos está
atrelada ao custo da mão-de-obra, em outras palavras, quanto mais barata for a
mão-de-obra de determinado país, mais empresas estrangeiras se fixaram nele para
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produzir seus produtos. Tendo apenas uma visão econômica isso parece
extremamente benéfico, porém ao analisarmos países como a China, pode-se
perceber que na prática isso apenas fomenta o trabalho análogo à escravidão e cria
uma falsa noção da necessidade de desenvolvimento de aumento do poder e de
potência estatal no contexto mundial (BAUMAN, 1999)
As forças econômicas da Globalização agem de acordo com o Estado, ou
seja, cada Estado escolhe suas políticas para auxiliar na uniformidade global.
(MAUCH,2008) Essas decisões políticas colocadas como decisões próprias de cada
país parecem extremamente boas, porém o que ocorre é que em países de terceiro
mundo as políticas devem ser extremamente liberais e com menor número de
garantias ao proletariado, fazendo com que países subdesenvolvidos massacrem
seu povo trazendo empresas de países desenvolvidos que não pagarão valores
considerados justos ao trabalho, mas sim salários extremamente baixos para
serviços de alta periculosidade e/ou insalubridade. Porém mesmo com uma
população proletária subordinada às organizações internacionais “nem todo mundo
pode ser consumidor” (BAUMAN, 1999, p.94), porque o consumismo é conjugado
juntamente com a renda e quando estes não são equivalentes, o consumidor acaba
se afundando em contas.
Bauman ainda afirma que a globalização transmite “a ausência de um centro,
de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um gabinete administrativo”
(BAUMAN, 1999, p.67) e isso acaba contribuindo para a retirada da soberania de
cada Estado, pois estarão regulados por uma uniformidade mundial que não levará
em conta aspectos específicos importantes de cada região. Não há como
uniformizar sem generalizar e a generalização é uma das formas de deslegitimar o
contexto social de toda uma população, fazendo aumentar o discurso meritocrático e
de diminuição de políticas públicas para a inclusão social.
Munidos dessas informações fica claro que a globalização beneficia
extremamente a economia dos países do norte, desenvolvidos, porém é
extremamente tóxica para as realidades sulistas dos países em desenvolvimento e
pobres. Ela gera uma competição entre países de terceiro mundo que não querem
estar de fora das relações internacionais e faz com o povo sofra as consequências.
Por isso baixando cada vez mais os custos da mão-de-obra. Ela dificulta ainda mais
o desenvolvimento dos países e traz uma ilusória imagem de melhoramento de
imagem internacional para os países de terceiro mundo, quando que na verdade são
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vistos como alvos fáceis para a ampliação de mercado e produção barata.

3 A LIGAÇÃO ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E A GLOBALIZAÇÃO E SEU


REFLEXO NA REALIDADE DOS DIVERSOS PAÍSES

A globalização acabou por relativizar a soberania territorial dos Estados, isto


porque viu-se a necessidade de regulamentar juridicamente algumas legislações
que acabaram tendo cunho supranacional. Como a interação entre os Estados vêm
aumentando, as políticas jurídicas devem ir se adaptando a essa realidade, para
evitar o abalroamento de normas internas com as externas quando se tratar de um
mesmo objeto de direito. (CAMPOS; CANAVEZES, 2007)
Atuando ao mesmo tempo ao redor do mundo, os Direitos Humanos e a
Globalização interferem um no outro de forma mútua. Essa interferência que é, em
maior parte, favorável apenas à economia e o desenvolvimento das grandes
potências, marginalizando países mais pobres e em desenvolvimento. Além disso,
mantém excluídas também as parcelas mais pobres da população nas grandes
potências.
Além disso, a forma como a globalização acontece, tanto com relação à
economia, quanto ao direito, deixa aos países apenas dois extremos a escolher: ou
estes participam do cenário internacional e (especialmente no caso de países com
menor poder econômico e representatividade) se sujeitam às normas dele, ou
voltam-se para si mesmos, interagindo muito pouco com o mercado internacional ou
mesmo com os órgãos internacionais de manutenção de direitos os de diplomacia
política. (CAMERA; MORAIS, 2012) Quando se trata de países subdesenvolvidos,
os dois casos parecem surtir efeitos negativos. Seja pela exploração industrial
desmedida e exploração de baixos índices de IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) ou pela insuficiência econômica, que leva muitos países a miséria quase
que absoluta.
Na década de 1980, com um considerável aumento na relação entre esses
fenômenos e sua associação aos pressupostos neoliberais, ocorre no mundo todo
um movimento de marginalização social das massas e a criação de uma espécie de
hierarquia entre os países (MACIEL; GRANDO, 2015). Esse movimento põe em
evidência não apenas o conflito de interesse de classes, mas o conflito entre países
em condições sócio-econômicas e culturais distintas.
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Uniformizar o mundo é torná-lo intolerante porque se torna “Facílimo temer o


outro, simplesmente por ser outro” (BAUMAN, 1999, p. 55). E ao uniformizarmos,
“Em vez da união, o evitamento e a separação tornaram-se as principais estratégias
de sobrevivência nas megalópoles contemporâneas” (BAUMAN, 1999, p.56). Essas
duas afirmações se balizam na questão de que as pessoas não querem mais se
misturar com os diferentes, criando grandes segregação sociais entre as classes e
consequentemente dividindo o mundo por classes novamente. (SANTOS, 2001)
Assim, os homens passam a ver os Direitos Humanos como próprios a sua
humanidade, mas se tornam incapazes de visualizar esse humano portador de
direitos em outros homens. Levando em consideração a Globalização, podemos
enxergar esse egoísmo em relação ao pertencimento dos direitos observando a
atual situação dos refugiados ao redor do mundo. (DOUZINAS,2011) Afinal, sem
uma nação, quem defende os direitos desses homens? Eles passam a viver sem as
garantias de uma constituição ou de um Estado Soberano, assim, seus direitos
tornam-se apenas genéricos e teóricos. Os refugiados são o maior exemplo de como
o caráter internacional da Declaração dos Direitos Humanos é apenas formal e não
real, pois precisa do Estado para ser executado e ter validade jurídica.
Outro ponto abordado pela questão da globalização é o imenso gasto com
presídios e pouco com a educação, na tentativa de mostrar estar-se tratando a
criminalidade, quando na realidade o aumento da criminalidade é uma consequência
e não a raiz do problema. (BAUMAN, 1999) Bauman (1999) ainda faz uma reflexão a
respeito do isolamento de criminosos, isto porque o “isolamento é a função essencial
da separação espacial. O isolamento reduz, diminui e comprime a visão do outro”
(BAUMAN, 1999, p.114), tornando mais difícil a reabilitação e ressocialização do
preso, que passa a ser visto como um ser menor ou desqualificado.
Milton Santos (2001) e Bauman (1999), em suas respectivas obras, “Por uma
outra Globalização” e “Globalização: consequências humanas”, já mostram um
cenário real que pode ser observado em nosso dia-a-dia, que é a despreocupação
com o outro e com os outros dos outros, fomentando ainda mais o individualismo
(herança do sistema liberal) e a manutenção dos privilégios das classes mais
abastadas. Trazendo um retrocesso enorme ao modelo Democrático de Direito.
A Globalização pode ter trazido várias melhoras significativas e facilidades a
dia-a-dia dos homens, porém o valor das consequências não compensam os
benefícios trazidos. O homem ao invés de melhorar e evoluir parece estar cada vez
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mais regredindo e trazendo preconceitos antigos ao presente, querendo segregar


cada vez mais o mundo e negar a existência de problemas sociais com ilusórios
ideias de igualdade e equidade. Somando isso ao egoísmo da posse de direitos
(principalmente Direitos Humanos) observa-se nas sociedades contemporâneas um
individualismo cada vez mais excludente, cultura e economia que só valorizam os
ricos e excluem as massas da participação, impedindo-as de ter voz.

CONCLUSÃO

Infere-se, baseando-se nas informações encontradas e aqui explicitadas, que


a Globalização e os Direitos Humanos, apesar de ter teoricamente um ideal de não
opressão e de equidade, servem, na maioria das situações, para beneficiar os
países desenvolvidos em detrimento dos países pobres. Percebe-se ainda, que
mesmo nestes países (desenvolvidos), nos quais os efeitos são mais positivos,
ainda assim há uma grande parcela de malefícios causados por esses fenômenos.
Malefícios esses que afetam apenas as regiões e classes mais pobres e com menor
representatividade social e política. Além de, tanto as organizações internacionais,
especialmente a ONU, quanto os Estados que se incluem no processo de
internacionalização, terem se mostrado, na maioria das vezes, incapazes de
concretizar direitos ou sanar conflitos.
Além desses reflexos econômicos percebemos também que a associação
desse fenômenos leva a uma aculturação dos povos. Isto porque estes levam a
cultura das grandes potências de forma exacerbada aos países pobres, fazendo
dessa forma que, muitas vezes, as culturas e tradições locais sejam desfavorecidas
para que se siga uma cultura internacionalizada e hegemônica, baseada nas
grandes potências. Esse movimento de hegemonização cultural não só faz com que
muitas tradições milenares se percam no tempo como também faz com que muitos
povos percam sua identidade no processo. Além de gerar uma alienação a própria
cultura e, portanto, a sensação de pertencimento e mesmo a consciência de
perceber ao próprio país como um país pobre e/ou desfavorecido.
Assim vemos, que de forma geral, a relação entre Direitos Humanos e
Globalização é bastante prejudicial, especialmente para a população de países
pobres. Percebemos que ela visa apenas favorecer o desenvolvimento das
potências Europeias e dos Estados Unidos, assim como garantir seu domínio
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cultural e social sobre outros países, favorecendo sua hegemonia internacional.


Gerando a exploração da economia e da população de países subdesenvolvidos.
Dessa forma o mundo permanece sobre o controle de superpotências, que
enquanto garantem a efetivação de direitos a seus cidadãos e lucram sobre a
exploração do trabalho de locais com índices de IDH que levam a população a
quase desumanização. Esse processo gera então uma manutenção ou mesmo uma
acentuação das desigualdades, fazendo com que as populações pobres, assim
como países menos desenvolvidos e menos poderosos, são cada vez mais calados
politicamente e oprimidos.

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