Vous êtes sur la page 1sur 72

PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Unidade II
5 TRABALHO PERICIAL

Segundo Sá (1997, p. 31), “[...] plano de trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente
organizada, para a execução das tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos serviços pela redução
dos riscos sobre a opinião ou resposta”.

O autor complementa:

Para conseguir tal plano é preciso seguir etapas.

Dependendo da classe de perícia a realizar, traça‑se a metodologia. Um


plano depende de:

pleno conhecimento da questão (se for judicial, pleno conhecimento do


processo);

pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa;

levantamento prévio dos recursos disponíveis para exame;

prazo ou tempo para a execução das tarefas e entrega do laudo ou parecer;

acessibilidade aos dados (se esses dependem de muitos locais, com


deslocamentos, burocracias etc.);

pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e confiabilidade de


documentação;

natureza de apoios, se necessários.

Segundo Ornelas (2000), o desenvolvimento do trabalho pericial deve obedecer algumas etapas,
como o compromisso (que, inobstante não seja mais obrigatório assumir, por força do contido na Lei nº.
8.455, de 24/08/1992, que deu nova redação ao artigo 422 do CPC). O perito deve ter alguns cuidados
e atitudes antes de assumir efetivamente a função judicial. Cabe, todavia, ressalvar que, no âmbito da
Justiça do Trabalho, persiste a obrigatoriedade do compromisso, como se depreende do artigo 827 da
CLT.

59
Unidade II

Saiba mais

Para saber mais sobre o assunto, acesse o site:

<http://www.artigonal.com/legislacao‑artigos/tecnicas‑do‑trabalho
‑pericial‑596821.html>.

5.1 Planejamento do trabalho pericial

O planejamento representa um quadro onde estão definidas todas as etapas e subetapas de uma
perícia contábil, em ordem sequencial. O objetivo do planejamento é definir as etapas que devem ser
executadas e em que ordem elas devem ocorrer.

Deve ser produzido pelo perito‑contador e sua equipe, logo após ser designado, e aceitar a
incumbência de executar da perícia, definir prazos e chegar a um acordo sobre os honorários.

O planejamento serve também para controle das etapas previstas no desenvolvimento de uma
perícia contábil. A eventual necessidade de diligência (averiguação feita fora dos domínios do local
onde ocorreu o confronto que gerou um litígio) só será considerada quando outras etapas previstas
no planejamento (legislação, documentos, registros, livros etc.) forem realizadas e ficar demonstrada a
necessidade de se fazer uma diligência, com muita convicção.

Depois de fixado, o planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer meio. O planejamento
só deve ser revisado parcialmente quando surgirem fatos novos ou muito importantes para a solução
do litígio.

O planejamento pode ou não prever a necessidade de usar a experiência do trabalho de um


especialista de outra área de atuação, quando o desenvolvimento da perícia contábil exigir.

Ressalta‑se que um planejamento bem elaborado, ou seja, produzido com critério e com um
profissional responsável como autor, competente e prudente (perito‑contador), será de muita utilidade.

Uma das utilidades do planejamento é a de permitir o acompanhamento e o controle do


desenvolvimento das etapas e subetapas de uma perícia contábil.

Segundo Ornelas (2000, p. 89),

[...] organizar e desenvolver o conteúdo do laudo pericial contábil de forma


lógica e tecnicamente correta obriga o perito a pensar criativamente como
oferecer uma peça técnica inteligível para seus leitores, com qualidades
técnicas impecáveis que permitam, por meio de sua leitura, entender os
contornos do processo, os fatos controvertidos que ensejaram o próprio
60
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

pedido ou determinação da prova técnica, assim como a certificação positiva


ou negativa desses mesmos fatos.

De posse dos autos, o perito deve analisar todas as peças do processo, com o objetivo de conhecer
a ação. A leitura começa pela peça inicial, na qual constam o pedido e o motivo que levaram a parte a
buscar o judiciário. Após isso, dá‑se início à verificação de documentos que possam acompanhá‑lo. A
seguir, procede‑se à verificação da defesa e de eventuais documentos juntados também a essa peça:
depoimentos das partes e das testemunhas, ata de audiência, despacho saneador, se houver, a sentença,
os embargos e o Acórdão.

Figura 9

Quadro 1 – Planejamento de uma perícia contábil

Etapas da perícia
01) Coleta
Informes e aspectos sobre o litígio
02) Reivindicações
Argumentos e provas das partes em litígio (litigantes)
03) Validade
Veracidades das argumentações das pelas partes
04) Avaliar
Documentos e contratos firmados entre as partes
05) Busca
Parâmetros legais sobre as argumentações
06) Metodologia
Constatação ou não de operações entre as partes
07) Diagnóstico parcial
Direcionar a sequência da perícia
08) Promover a perícia direta (direcionada)
Analise e diagnóstico dos resultados da fase 06
09) Diagnóstico final
Conclusão e elaboração do laudo pericial

Fonte: Crisóstomo, 2011.

61
Unidade II

De acordo com a NBC T 13.2 – Planejamento da perícia, temos:

13.2.1 Considerações gerais

13.2.1.1 Esta norma estabelece procedimentos para o planejamento da perícia


contábil judicial, extrajudicial e arbitral, etapa na qual o perito‑contador
e o perito‑contador assistente definem os seus planos de trabalho e o
detalhamento dos procedimentos de perícia a serem aplicados.

13.2.1.2 O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial na


qual o Perito‑Contador ou o Perito‑Contador Assistente estabelecem os
procedimentos gerais dos exames a serem executados no processo judicial,
extrajudicial ou arbitral para o qual foi nomeado, indicado ou contratado
pelas partes, elaborando‑o a partir do exame do objeto da perícia.

13.2.1.3 Enquanto o planejamento da perícia é um procedimento abrangente


que se propõe a consolidar todas as etapas da perícia, o programa de trabalho
é uma especificação de cada etapa a ser realizada o qual deve ser elaborado
com base nos quesitos e/ou no objeto da perícia.

13.2.2 Objetivos

13.2.2.1 Os objetivos do planejamento da perícia são:

conhecer o objeto da perícia, a fim de permitir a adoção de procedimentos


que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o juízo, o árbitro ou
o contratante a tomar a correta decisão a respeito da lide;

estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo


estabelecido;

identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no


andamento da perícia;

identificar fatos que possam vir a ser importantes para a solução do


problema de forma que não passem despercebidos ou não recebam a
atenção necessária ao seu devido exame;

identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;

definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a serem


realizados, em consonância com os termos constantes na proposta de
honorários;

62
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

estabelecer como se dará a divisão das tarefas entre os membros da equipe


de trabalho, sempre que o perito‑contador ou o perito‑contador assistente
necessitar de auxiliares;

facilitar a execução e a revisão dos trabalhos.

13.2.3 Desenvolvimento

13.2.3.1 Os documentos dos autos servem como base para obtenção das
informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia.

13.2.3.2 Em caso de ser identificada a necessidade de realização de diligências,


na etapa de elaboração do planejamento, devem ser considerados a legislação
aplicável, documentos, registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos
e pareceres já realizados e outras informações que forem identificadas para
determinar a natureza do trabalho a ser executado.

13.2.3.3 O planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer meio de


registro que facilite o entendimento dos procedimentos a serem adotados e
sirva de orientação adequada à execução do trabalho.

13.2.3.4 O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos


novos surjam no decorrer da perícia.

13.2.3.5 O planejamento deve ser realizado pelo perito‑contador, ainda que


o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta com o perito‑contador
assistente, podendo este orientar‑se no referido planejamento.

Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>.

5.2 Os papéis de trabalho

Para Alberto (2000, p. 134), os papéis de trabalho são um documento, que deve conter:

1. registros iniciais;

2. análises iniciais;

3. diligências;

4. análises complementares;

5. levantamento de dados;

6. análises, sistemas e programação;


63
Unidade II

7. digitação e operação;

8. redação do laudo pericial contábil;

9. impugnações;

10. resultado final.

Figura 10

A Norma Técnica de Perícia Contábil também trata os papéis de trabalho como documento de vital
importância. Está redigida conforme segue:

13.3.9 – O perito‑contador e o perito‑contador assistente devem documentar, mediante papéis


de trabalho, os elementos relevantes que serviram de suporte a conclusão formalizada no laudo
pericial contábil e no parecer pericial contábil (Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
nbc/t13.htm>).

Como descrito na organização do trabalho, todo o procedimento de leitura e verificação dos


documentos juntados aos autos são anotados nos papéis de trabalho, dando atenção especial
para os documentos, pois a verificação deles é, na maioria dos casos, de vital importância
para a elaboração da perícia, uma vez que o perito não pode emitir sua opinião sem a devida
fundamentação legal.

Também é indispensável essa verificação para determinar se há a necessidade de diligências e para


a solicitação de documentos necessários para elaboração do laudo que não tenham sido devidamente
juntados por nenhuma das partes.

64
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

5.3 Diligências

Feita a organização do trabalho e elaborados os papéis de trabalho, o perito deve verificar a


necessidade de se fazer alguma diligência.

Esse trabalho será procedido fora do escritório do perito, pois há a necessidade do deslocamento
deste para os locais onde irá buscar os elementos faltantes para o início e conclusão do trabalho
pericial.

Legalmente, a diligência está prevista no artigo 429 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973), que
traz a seguinte redação:

Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os


assistentes técnicos utilizar‑se de todos os meios necessários, ouvindo
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como
instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer
peças.

As Normas de Perícia Contábil NBC T 13, em seu item 13.3.4, determina que “[...] nas diligências,
o perito‑contador e o perito‑contador assistente devem relacionar os livros, os documentos e os
dados de que necessitam, solicitando‑os, por escrito, em termo de diligência” (Fonte: <http://www.
portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>).

Conforme Santos (1997, p. 49), “[...] verificando o perito ausência de documentos que possam
comprometer o resultado do trabalho, deve ele diligenciar ao local dos fatos e obter os documentos, ou a
comprovação de sua não existência, certificando assim nos autos a transparência de seus procedimentos.
O autor complementa: “[...] informando que, ao início das diligências, o perito deve relacionar os livros
e dados de que necessite, solicitando por escrito, sua exibição, através de termo de diligência, retendo
cópia assinada pelo representante legal da parte que o recebeu”.

As diligências devem ser executadas e documentadas com um termo de diligência, que também fará
parte dos papéis de trabalho que acompanharão o laudo pericial.

Nesse termo, o perito deve informar o número do processo, as partes envolvidas na demanda, a vara
onde está tramitando o processo, a relação dos documentos necessários, a data e a hora em que será
realizada a diligência.

A diligência pode ser efetuada em duas etapas; a primeira será a simples entrega do termo de
diligência, caso a parte solicite prazo para entrega dos documentos solicitados. Nesse caso, o perito,
observando o prazo que lhe foi dado para a entrega do laudo, determinará o prazo para que a parte
providencie os documentos. Na maioria dos casos, recomenda‑se conceder um prazo não superior a
cinco dias, pois concedido um prazo maior, poderá o perito ficar comprometido no cumprimento de seu
próprio prazo perante o juiz ou a parte que o contratou.
65
Unidade II

A segunda etapa pode ser a da retirada dos elementos solicitados, o momento em que se fará a
constatação de coisas ou que se ouvirão as pessoas.

Quanto aos documentos solicitados, o perito deve requerer que eles sejam exibidos em originais,
cópias autenticadas ou cópias simples. No caso de cópias simples, a parte deverá providenciá‑las
juntamente com os originais, para que o perito possa verificar sua autenticidade. Nesse caso, é permitida
a juntada ao laudo de documentos em cópias simples, pois o perito possui fé pública.

Exemplo de petição para diligências

Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011

Jose roberto rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe vem, respeitosamente requerer a Vossa Excelência, a intimação das
partes junto aos assistentes técnicos designados para a diligência junto a autora para
obtenção e analise de documentos necessários a elaboração do laudo pericial.

Isto posto, requer a sua a juntada desta aos autos para tornar ciente as partes interessadas
e para os devidos fins de direito.

É o que requer,

Pede deferimento.

Bagé, 15 de julho de 2011.

Jose Roberto Rodriguez


Contador CRC RS 999.999.999

De acordo com as Normas e Procedimento de Perícia Judicial para Administradores, elaboradas pelo
Conselho Federal de Administração, temos:

2. Normas e procedimentos na fase das diligências

2.1. Compromissado, o Perito Judicial deve familiarizar‑se com o processo,


obtendo os autos e examinando‑nos, colhendo os dados e demais elementos
que julgar necessários, incluindo os quesitos e estudando a matéria.

2.2. No caso de ter sido fixada pelo Juiz diligência em Cartório para a
prestação de compromisso pelo Perito Judicial e pelos Peritos Assistentes
66
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Técnicos, com eventual retirada dos autos pelo primeiro, deve este aproveitar
a oportunidade para manter contato com aqueles, planejando em conjunto
o trabalho e de modo especial, combinando a utilização dos autos e a
próxima diligência.

Não tendo sido fixada pelo Juiz diligência em Cartório, deve o Perito Judicial,
após a retirada e o exame dos autos, entrar em contato com os Peritos
Assistentes Técnicos, facultando‑lhes o acesso aos autos em seu escritório
ou em outro local que combinarem e deve ele, fixar, sempre que possível, de
comum acordo com os Peritos Assistentes Técnicos, dia, hora e local para o
início efetivo das diligências, comunicando‑lhes tais dados com a necessária
antecedência.

2.3. O Perito Judicial e os Peritos Assistentes Técnicos, para o desempenho


da sua função deve utilizar‑se de todos os meios necessários, ouvindo
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam
em poder da parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo
com plantas, desenhos e fotografias e outras quaisquer peças.

Para melhor evidenciar o seu trabalho, devem elaborar papéis de trabalho


com os elementos obtidos pelos referidos, conservando‑os no mínimo pelo
prazo de três anos contados da data da apresentação do laudo respectivo,
salvo se o processo encerrar‑se antes desse prazo, quando ficará a seu
critério conservar ou não por aquele prazo ou por mais tempo todos os
papéis de trabalho ou apenas os que considerar indispensáveis.

2.4. No início das diligências, devem o Perito Judicial e os Peritos Assistentes


Técnicos relacionar os documentos, livros e dados de que necessitem,
solicitando‑os por escrito, através de Termo de Diligência, retendo cópia de
solicitação, com o visto do representante da parte ou do responsável pela
área sob exame.

2.5. A recusa da exibição ou qualquer dificuldade oposta ao bom andamento


do trabalho pericial deve ser anotada, quando viável, comprovada e, sempre
que necessário, comunicada ao Juiz mediante petição.

2.6. O trabalho pericial deve ser planejado e organizado, convindo que o Perito
Judicial e os Peritos Assistentes Técnicos mantenham controle do tempo
despendido, registrando as horas trabalhadas, locais e datas das diligências,
nome das pessoas que os atenderam, documentos examinados, dados e
particularidades de interesse para a perícia, rubricando eventualmente e
quando julgar necessário, os documentos examinados.

67
Unidade II

2.7. Admite‑se assessoramento no trabalho pericial, desde que sob controle,


revisão e responsabilidade do Perito Judicial ou dos Peritos Assistentes
Técnicos, sendo indispensável sua participação em diligências e na
preparação das respostas aos quesitos.

2.8. O Perito Judicial e os Peritos Assistentes Técnicos inserem no seu


laudo os fatos e atos examinados e estudados, não fundados em simples
suposições ou probabilidades, devendo apresentar suas conclusões com
toda a objetividade, mantendo sempre isenção e imparcialidade.

Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/19458630/Apostila-Pericia-Contabil>.

Figura 11

5.4 Quesitos

Conforme o CPC (BRASIL, 1973):

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos


suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à
parte contrária.

Art. 426. Compete ao juiz:

I ‑ indeferir quesitos impertinentes;

II ‑ formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Segundo Ornelas (2000, p. 78), “[...] pode‑se entender por questionário básico os quesitos formulados,
seja pelo magistrado, seja pelas partes, antes do início das diligências, isto é, antes do desenvolvimento
da produção da prova pericial contábil e entrega da peça técnica”.

68
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

O autor complementa: “[...] são perguntas de natureza técnica ou científica a serem respondidas pelo
perito. São, em geral, apreciadas pelo magistrado e pelas partes a fim de evitar indagações impertinentes”.

As indagações e esclarecimentos realizados nos autos quando há a necessidade da realização de


uma perícia são, quase sempre, ou, na maioria das vezes, mal elaborados, levando o perito, em muitas
ocasiões, a ter uma direção errônea sobre o objeto da perícia; portanto, é necessário que quem pergunte
ou afirme tenha a certeza do que deseja alcançar nos autos, qual o propósito a ser dirimido quanto à
lide. Normalmente, os juízes são claros, enquanto as partes, por meio de questões constantes dos autos,
tentam confundir ou redirecionar as questões.

Uma característica das perícias nos processos trabalhistas é que, em grande parte dos casos, há a
falta de apresentação de quesitos por parte do juiz e também pelas partes, seja a perícia determinada
na fase de instrução ou na fase de execução do processo.

Os quesitos apresentados pelo juiz para a perícia nos processos trabalhistas se dão, na maioria das
vezes, no processo em fase de instrução.

Já os quesitos apresentados à perícia nos processos trabalhistas na fase de execução normalmente


são feitos pelas partes, com predominância da reclamada, pois o reclamante nem sempre os apresenta.

Como o objetivo dos quesitos é direcionar o perito ao objeto a ser periciado, eles devem ser
pertinentes ao objeto.

O perito deve sempre ficar atento a quesitos que fogem do objeto da perícia, pois, em alguns casos,
existem quesitos que visam buscar outras provas que não são pertinentes e que já tiveram seu prazo de
produção esgotado. Nesse caso, deve ter a seguinte resposta “não faz parte do objeto da perícia”.

As Normas Brasileiras De Contabilidade NBC T 13 – Anexo B trazem a forma que devem ser tratados e
respondidos os quesitos apresentados pelo juiz e pelas partes em seus itens 13.5.1.1, 13.5.1.2 e 13.5.1.3,
com a seguinte redação:

13.5.1.1 – Havendo quesitos, estes são transcritos e respondidos, primeiro


os oficiais a na sequência os das partes, na ordem em que forem juntados
aos autos.

13.5.1.2 – As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, não sendo


aceitas aquelas como “sim” ou “não”, ressalvando‑se os que contemplam
especificamente este tipo de resposta.

13.5.1.3 – Não havendo quesitos, a perícia será orientada pelo objeto da


matéria, se assim decidir quem a determinou.

Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>.

69
Unidade II

Baseando‑se nos aspectos da norma, é necessário colocar novamente as observações sobre a perícia
no processo trabalhista.

Deve‑se observar, quando o perito contábil estiver atuando nesse tipo de processo, se há a falta de
apresentação de quesitos. Sendo assim, o perito deve orientar‑se, quando a perícia for determinada
em processo na fase de instrução, no despacho que determinou a perícia e em processos na fase de
execução, na sentença, nos embargos e nos acórdãos.

É, portanto, necessário que o perito esteja atento a essas situações, pois ocorrem com muita frequência,
ficando o profissional preocupado em auxiliar a justiça, mas com a situação que foi colocada nos autos
com o intuito de desviá‑lo do objeto principal; para se obter uma conclusão justa e em tempo hábil
para atender a celeridade processual, faz‑se necessário uma mudança no trabalho do perito, gerando
certa dificuldade no desempenho profissional e tempo necessário para resolver a questão através dos
quesitos.

5.5 Laudo pericial

Segundo Sá (1997, p. 43), “a manifestação literal do perito sobre os fatos patrimoniais devidamente
circunstanciados gera a peça tecnológica denominada Laudo Pericial Contábil”.

Ainda segundo o autor, de qualquer forma, o laudo traz a opinião ou o conjunto delas e é preciso
que tenha requisitos de qualidade.

Ele considera como requisitos de um laudo:

1. identificação completa do caso (Processo nº, de tal lugar, data, partes


envolvidas etc.);

2. identificação do perito;

3. identificação da autoridade a que se destina;

4. se for o caso, qual a metodologia adotada;

5. identificação de quesito por quesito ou do caso sobre o qual se opina;

6. resposta a cada um dos quesitos;

7. conclusões precisas sobre os quesitos;

8. anexos que comprovem os casos que merecem análises;

9. data e assinatura do perito (SÁ, 1997, p. 23).

70
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Como resultado do trabalho pericial, o laudo deve obedecer, no mínimo, aos requisitos básicos que
identifiquem o laudo e seu objetivo, finalizando com a apuração do objeto periciado de forma clara,
para que os envolvidos tenham esse documento como prova do que se buscou no processo.

Portanto, é o julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos que tem o profissional


da contabilidade em face de eventos ou fatos que são submetidos à sua apreciação.

Laudo é uma palavra que provém da expressão verbal latina substantivada laudare (laudare, laudare),
no sentido de pronunciar.

Sá (1997, p. 43) traz o seguinte conceito de laudo: “o laudo é, de fato, um pronunciamento ou


manifestação de um especialista, ou seja, o que entende ele sobre uma questão ou várias, que se
submetem à sua apreciação”.

Segundo Ornelas (2000, p. 86), o laudo pericial contábil pode ser entendido sob dois aspectos:

• é a materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito; e

• é a própria prova pericial.

Segundo Neves (2000, p. 32),

[...] podemos conceituar laudo pericial como a prova escrita, através da qual
o perito‑contador ou perito do juiz expõe, de forma objetiva e sequenciada,
o resultado do estudo, evidenciando o fato litigioso, com esclarecimentos e
opiniões técnicas, dirimindo dúvidas e levando informações aos usuários, ou
seja, às partes interessadas.

Segundo Santos (1997, p. 51), “[..] o laudo pericial é o registro escrito pelo perito dos fatos observados,
estudados, analisados e concluídos, de acordo com as condições dos fatos”.

Segundo Magalhães et al. (2001, p. 38), “[...] é o laudo que consubstancia o trabalho pericial nos
aspectos de exposição e documentação, principalmente no propósito de expressar a opinião do perito
sobre questões formuladas nos quesitos”.

Segundo Zarzuela et al. (2000, p. 36):

[...] em nossa concepção, LAUDO PERICIAL consiste na exposição minuciosa,


circunstanciada, fundamentada e ordenada das apreciações e interpretações
realizadas pelos Peritos, com a pormenorizada enumeração e caracterização
dos elementos materiais encontrados no local do fato, no instrumento do
crime, na peça de exame e na pessoa física, viva ou morta.

71
Unidade II

Segundo Junior et al. (2000, p. 30):

[...] do ponto de vista prático, o laudo é o resultado da perícia, expresso


em conclusões escritas e fundamentadas, devendo conter fiel exposição
das operações e ocorrências das diligências, concluindo com o parecer
justificado sobre a matéria submetida a exame do especialista e repostas
objetivas aos quesitos formulados pelas partes e não impugnados pelo juízo.

As Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 13 – trazem o seguinte conceito de laudo:

13.5.1 – O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o perito‑contador expressa, de forma
circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que
realizou, as diligências realizadas, os critérios adotados e os resultados fundamentados e as suas
conclusões (Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>).

Segundo Sá (1997, p. 46), para que um laudo possa classificar‑se como de boa qualidade, precisa
atender aos seguintes requisitos mínimos:

• objetividade;

• rigor tecnológico;

• concisão;

• argumentação;

• exatidão;

• clareza.

O autor esclarece que:

A objetividade é um princípio que se estriba no preceito acolhido pelas


ciências, ou seja, a exclusão do julgamento em bases “pessoais”, ou
“subjetivas”.

O rigor tecnológico já expulsa, por si, o “subjetivo”. Em Contabilidade, há


um número expressivo de doutrinas e de normas em que o perito pode
basear‑se para emitir suas opiniões.

A concisão exige que as respostas evitem o prolixo. Ela, todavia, não deve
chegar ao absurdo da exclusão de argumentos.

72
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

No que tange à argumentação, deve o perito alegar por que concluiu ou em


que se baseia para apresentar sua opinião.

No que tange à exatidão, ela é condição essencial de um laudo. A exatidão


de um laudo só pode ser conseguida se as provas que conduzem à opinião
são consistentes e obtidas por critérios eminentemente contábeis.

No que tange à clareza, ela é importantíssima porque o perito deve entender


que o laudo é feito para terceiros que não são especialistas e, por isso não
têm obrigação de entender a terminologia tecnológica e científica da
Contabilidade (SÁ, 1997, p. 46).

Segundo Ornelas (2000, p. 92):

A estética do laudo pericial contábil envolve dois aspectos a serem


considerados pelo perito. O primeiro deles deve ter sempre presente
que seu trabalho não será apreciado apenas pelo que nele consta, mas
também pela forma gráfica que adotou; deve ser um trabalho bonito
de ver, atrativo para seus leitores. O segundo deles refere‑se a que o
perito deve oferecer o laudo pericial contábil de forma a possibilitar uma
leitura fácil e, nesse sentido, é necessário levar alguns aspectos gráficos
em conta.

O perito, durante a elaboração do laudo pericial, deve estar consciente de que está preparando algo
para terceiros que, em sua grande maioria, não são pessoas conhecedoras de contabilidade e de cálculos.
Por esse motivo, o laudo tem de ser peça clara, fácil de ler e interpretar, mesmo para leigos.

A peça final e fundamental de todo o trabalho do perito é o laudo pericial. É essa peça técnica que
expõe, de forma circunstanciada, todos os passos necessários à consecução da perícia e as conclusões
técnicas do perito‑contador.

Exemplo de petição encaminhando o laudo pericial

Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011

Jose Roberto Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos
do processo em epígrafe vem, respeitosamente apresentar a Vossa Excelência, no prazo
estipulado, o laudo pericial contábil, consubstanciado com as determinações

73
Unidade II

Isto posto, requer a sua a juntada desta aos autos para tornar ciente as partes interessadas
e para os devidos fins de direito.

É o que requer,

Pede deferimento.

Bagé, 15 de abril de 2011.

Jose Roberto Rodriguez


Contador CRC RS 999.999.999

Saiba mais

Para se aprofundar no assunto, acesse o site:

<http://www.peritoscontabeis.com.br/trabalhos/elab_laudo_crcrj.pdf>.

O laudo pericial deve conter todas as provas e evidências, ser efetuado através de análise dos dados,
provas e responder aos quesitos formulados pelo juiz e as partes.

A elaboração do laudo pericial, como qualquer outro tipo de relatório, deve obedecer a princípios
técnicos fundamentais:

• uso de linguagem clara e objetiva;

• uso correto do vernáculo;

• o laudo deve ser o mais abrangente possível, com visão generalizada de toda a matéria examinada;

• se não houver quesitos a responder, o perito deve empregar todos os seus conhecimentos técnicos
de forma criteriosa, especificando no laudo quais os procedimentos e critérios adotados;

• o laudo pericial deve ser conclusivo.

O perito jamais deve olvidar que seu trabalho, quando em juízo, deve ser entregue por intermédio
de uma petição (requerimento), onde consta a identificação da junta ou vara por onde tramita a ação,
identificação da ação, identificação do perito e espécie de perícia a que se refere o laudo.

Fora esses princípios básicos, são recomendáveis outros cuidados no que se refere à estética do laudo
pericial, haja vista que, em muitas varas ou juntas, são exigidas certas normas de apresentação, quais
sejam:
74
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Apresentação/valorização do laudo

A estética do laudo contábil envolve dois aspectos a serem considerados pelo perito contábil.

O primeiro deles é que o seu trabalho não será apreciado apenas pelo que nele consta, mas também
pela forma gráfica que adotou; deve ser um trabalho atrativo para seus leitores.

O segundo deles se refere ao que o perito contábil deve oferecer no laudo contábil, de forma a
possibilitar uma leitura fácil e, nesse sentido, alguns aspectos gráficos devem ser levados em conta.

Afinal, o laudo contábil é a materialização de todo o esforço técnico desenvolvido pelo perito
contábil, portanto, o perito deve valorizá‑lo, oferecendo‑o de forma bem apresentada. Não basta o
conteúdo estar correto, é importante cuidar de sua apresentação.

Margens do laudo

O texto deve ser disposto considerando uma margem esquerda de no mínimo 3,0 centímetros,
de 1,5 centímetros de margem direita e margens superiores e inferiores de 2,5 centímetros cada
uma. Especial atenção para a margem esquerda, pois o laudo pericial, quando juntado aos autos
sem essa margem, sem espaço conveniente, tem sua leitura prejudicada, já que parte do texto
ficará encoberta.

Exemplo de laudo pericial simples

Ex.mo (a) Sr. (a) Dr.(a) Juiz (a) de direito da ___ a vara cível da circunscrição
judiciária de Uberlândia/MG
Processo nº.
Requerente: Megalópole Venda de Serviços Ltda.
Requerido: Pantanal do Brasil – Indústria e Comércio de Computadores S/A.

Laudo pericial

Rodrigo dos Santos Pinheiro, brasileiro, solteiro, contador, estabelecido a Av. Santana,
bairro Centro, CEP 68.925‑000, Santana/AP. Perito judicial nomeado nos autos do processo
supramencionado, tendo encerrado seu trabalho pericial, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência.

Apresentar seu Laudo pericial.


6 de junho de 2011.

Síntese do objetivo da péricia

O presente Laudo pericial tem como objetivo apresentar o resultado da perícia contábil
realizada em face do litígio existente entre Megalópole venda de serviços Ltda. (Autor) e
75
Unidade II

Pantanal do Brasil – Ind. E Com. De Computadores S/A (Ré), com fins de apurar o valor
devido pelo réu face à ação de indenização por danos morais, por perdas e danos materiais.

Respostas dos quesitos

Na realização do trabalho, o planejamento envolveu o estudo prévio do processo tomado


de ciência do conteúdo e das abordagens dadas pelos quesitos das partes, permitindo e
facilitando o exame dos documentos necessários. Dado o estudo do processo que envolver
indenização por danos morais, por perda e danos matérias a autora foi nomeada pela
requerente como agente Pantanal para comercialização de máquinas e ou serviços em
caráter de exclusividade, com prazo de vigência até o final de 2005. Diz a autora que tal
contrato não lhe auferia lucros, atendo‑se precariamente.

Diz a autora que logo após, foi celebrado outro contrato, quando estabeleceram outra
forma de remuneração levando vantagem somente a parte ré.

Dentre os quesitos apresentados pela autora está em relacionar as comissões registradas


no livro diário e devidas pala ré a autora, mês a mês, no período de janeiro a dezembro de
1999. Desta forma excelência, para que possamos mensurar as comissões precisamos dos
livros diários da autora matéria solicitados no termo de diligencia.

Conclusão

Pois como a prova pericial destina‑se a verificar fatos relacionados com o objetivo da
lide e seu resultado fica impossibilitado de determinar e responder os quesitos apresentados,
pois não há documentos em que podemos analisar e procedermos as respostas dos quesitos,
salientando que as respostas do termo de diligência não foi apresentado a este perito, sabemos
que as respostas dos quesitos precisa ser exato e preciso. Até este momento me encontro a
disposição da lide em questão para solucionar o caso. Aguardo decisão de vossa excelência.

Macapá‑AP, 6 de junho de 2011.

Rodrigo dos Santos Pinheiro


Contador – CRC/AP n. 000000/O – 0

Fonte: <http://www.pinheirocontabil.com.br/2011/06/modelo‑de‑laudo‑pericial‑contabil.html>.

Respostas aos quesitos

Quando o laudo pericial for constituído de quesitos e respostas, é pertinente transcrever o quesito e sua
resposta em folha específica, apresentando a pergunta em destaque e, em seguida, a resposta oferecida.

O fato de se oferecer um quesito e a resposta em folhas individuais permite melhor ordenamento


do próprio ato de ler.
76
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Espaçamento

Ainda para facilitar a leitura, o texto deve ser datilografado ou digitado em espaço dois. Referido
espaço permite a leitura na horizontal, enquanto o texto com linhas muito próximas umas das outras
provoca, às vezes, leitura na forma oblíqua, obrigando o leitor a retornar ao início do texto.

Tamanho de letra

O tamanho de letra utilizada no texto é outro aspecto a ser considerado dentro das preocupações
com o leitor. É recomendado para o texto normal o tamanho 12 e para os títulos de cada capítulo o
tamanho 14.

Todas as recomendações são voltadas à permissão de uma boa estética ao trabalho pericial,
transformando o ato de ler num momento agradável.

5.6 Prazos

Os prazos para entrega do laudo pericial, no caso da perícia judicial, são determinados pelo juiz no
momento da nomeação do perito, como determina o artigo 421 do Código de Processo Civil, com a
seguinte redação: Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo
(BRASIL, 1973).

Figura 12

No caso de atuação em processos trabalhistas, o prazo está estabelecido no artigo 3º da Lei 5.584, de
26 de junho de 1970, com a seguinte redação: “Art. 3º. Os exames periciais serão realizados por perito
único designado pelo Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo” (BRASIL, 1970).

Esse prazo poderá ser prorrogado por mais uma vez, desde que solicitado por escrito pelo perito, nos
termos do artigo 432 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973), com a seguinte redação:
77
Unidade II

Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo
dentro do prazo, o juiz conceder‑lhe‑á, por uma vez a prorrogação, segundo
o seu prudente arbítrio.

No caso do parecer dos assistentes técnicos, os prazos estão fixados no


parágrafo único do artigo 433 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973),
com a seguinte redação:

Art. 433. Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no


prazo comum de dez dias após a apresentação do laudo, independentemente
de intimação.

Com o advento da Lei 10.358, de 27 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001),


a redação do parágrafo único artigo 433 do Código de Processo Civil foi
modificada e passou a ter a seguinte redação:

Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10


(dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.

Na atuação como assistente técnico na Justiça do Trabalho, o perito deverá observar o prazo estabelecido
no Parágrafo único da Lei 5.584 de 26 de junho de 1970 (BRASIL, 1970), com a seguinte redação:

Art. 3º. Parágrafo único. Permitir‑se‑á a cada parte a indicação de um


assistente, cujo laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado
para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos.

Portanto, deverá ser observado, na atuação como perito assistente na Justiça do Trabalho, o mesmo
prazo dado ao perito judicial nomeado pelo juiz para entrega de seu parecer técnico que, no caso da Lei,
é chamado também de laudo.

Essa observação é importantíssima, pois a Lei determina que o não cumprimento desse prazo leva
o laudo do assistente técnico a ser desentranhado dos autos, o que causaria prejuízo para a defesa da
parte que o contratou, na apresentação de eventual impugnação ao laudo do perito judicial.

O perito, ao atuar em perícia extrajudicial ou arbitral, deverá observar o prazo estipulado em contrato e
protocolizar seu laudo ou parecer por qualquer meio, no caso de perícia extrajudicial, ou por petição, no caso
de perícia arbitral, como descrito na NBC T 13 – Da perícia contábil – Anexo B, com a seguinte redação:

13.5.4 O laudo pericial contábil deve sempre ser encaminhado por petição
protocolada, quando judicial ou arbitral. Quando extrajudicial, por qualquer
meio que comprove sua entrega.

A comprovação da entrega do laudo pericial e do parecer do assistente técnico tem a mesma


importância no cumprimento dos prazos estabelecidos, seja pelo juiz, pelas partes que contrataram o
assistente, ou pelo juiz arbitral.
78
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

5.7 Honorários

Os honorários periciais são a remuneração do perito pelo serviço prestado na perícia judicial,
extrajudicial ou arbitral, como trazem as Normas Profissionais Do Perito NBC P 2, em seu item 2.5.1:

2.5.1 – O perito‑contador e o perito‑contador assistente devem


estabelecer previamente seus honorários, mediante avaliação dos serviços,
considerando‑se entre outros os seguintes fatores:

a relevância, o vulto, o risco e a complexidade dos serviços a executar;

as horas estimadas para a realização de cada fase do trabalho;

a qualificação do pessoal técnico que irá participar da execução dos serviços;

o prazo fixado, quando indicado ou escolhido e o prazo médio habitual de


liquidação, se nomeado pelo juiz;

a forma de reajuste e de parcelamento, se houver;

os laudos interprofissionais e outros inerentes ao trabalho; e

no caso do perito‑contador assistente, o resultado que, para o contratante,


advirá com o serviço prestado, se houver.

Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/p2.htm>.

O artigo 33 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973) estabelece a responsabilidade pelo pagamento
dos honorários periciais, com a seguinte redação:

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver
indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame,
ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de
ofício pelo juiz.

Conforme Ornelas (2000, p. 103), “[...] sendo o perito nomeado pelo magistrado, portanto, na
função judicial, compete àquele fixar sua remuneração. Esse ato processual praticado pelo magistrado
é conhecido por arbitramento”.

De acordo com Sá (1997, p. 70):

Aceita a perícia, o profissional deve requerer seus honorários (fazem parte das
custas e quem pede a perícia é quem deve fazer o depósito. Tal fixação prévia
pode, todavia, ser reajustada se o prazo da perícia assim o exigir e nos casos de
inflação. Em caso de aumento de carga horária de trabalho do perito, mesmo

79
Unidade II

ele tendo fixado previamente seus honorários, se teve a cautela de precaver‑se


contra aumento de tal carga, pode pedir reajuste. A proposta de honorários
deve, pois, ser bem feita. Portanto: fazer a proposta e pleitear o depósito são
coisas que o perito pode fazer concomitantemente, mas com zelo suficiente
para não cometer erros contra si, nem contra a parte.

O autor complementa: “[...] nada mais justa que esta medida, em certos casos, pois muitas perícias,
pelo seu vulto, exigem tempo dilatado e investimentos em pagamentos de auxiliares e de meios para
conseguir os elementos necessários” (SÁ, 1997, p. 72). Esse procedimento se refere aos honorários
prévios, solicitados nos processos que tramitam nas varas civis e federais, pois nas varas do trabalho
normalmente não se concede honorários prévios.

Exemplo de petição simples de fixação dos honorários

Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011

Jose Roberto Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe vem, respeitosamente requere a Vossa Excelência a fixação dos
honorarios periciais em R$ 4.000,00 (quatro mil reais)

Dessa forma, solicita o depósito do valor em pauta, a título de verba honorária, no


montante arbitrado por Vossa Excelência, objetivando o início dos trabalhos periciais.

É o que requer,

Pede deferimento.

Bagé, 15 de agosto de 2011.

Jose Roberto Rodriguez


Contador CRC RS 999.999.999

Os honorários periciais não se restringem apenas aos honorários prévios. O perito, com base em
seus papéis de trabalho, deve manter anotação dos custos envolvidos na realização da perícia, pois, na
entrega do laudo pericial, deve‑se verificar se os honorários depositados previamente são suficientes
para a remuneração do trabalho realizado. Em caso contrário, o perito deverá solicitar honorários
definitivos, indicando os custos do trabalho e o total das horas envolvidas. Esse demonstrativo deve ser
realizado de forma muito clara, pois poderá haver impugnação das partes sobre o valor solicitado.

Os valores solicitados de honorários periciais têm causado alguns problemas para os peritos e também
para os magistrados, como se verifica em Cleto (2001), que traz a seguinte colocação: “[...] a falta de
80
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

apresentação de um planejamento detalhado do trabalho pericial, incluindo planilha de custos justificada,


é uma das dificuldades enfrentadas pelos juízes no arbitramento de honorários de peritos judiciais.”

O problema que ocorre na fixação dos honorários periciais se relaciona aos valores solicitados pelos
peritos e o arbitramento feito pelo juiz, pois ele, sem parâmetro, arbitra o valor solicitado com redução
de até 60% e esses honorários, reduzidos, em muitos casos sequer pagam os custos que o perito teve
na elaboração do laudo. Por outro lado, os juízes argumentam que os peritos não demonstram de forma
clara os custos que tiveram com a elaboração do laudo pericial, pois, como se trata de um trabalho feito
pelo perito fora da visão do juiz, este não tem como saber o que foi envolvido na perícia.

Como os juízes, em alguns casos, argumentam que não há parâmetros para fixar os honorários periciais
e as partes, por sua vez, não concordam com os valores pleiteados, segue um modelo de estimativa de
honorários de perícia contábil, elaborado pela Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo.

Trata‑se de um modelo padrão, que não impede o perito de criar um modelo próprio que demonstre
o valor pleiteado por seus honorários, de forma detalhada, com base sempre na clareza dos gastos
efetuados com a perícia e com as horas gastas em suas várias fases. Vale lembrar que a justa remuneração
pelo trabalho realizado irá quase sempre depender de tal demonstrativo, como no quadro a seguir:

Quadro 2

Demonstração do custo/orçamento dos trabalhos periciais


Área contábil
Processo nº.
Cartório
Partes requerente(s):
Requerido(s):

Custos
a. Horas técnicas/itens Horas estimadas Vlr/hora R$ Totais em R$
Estimativa/carga
Análise autos/docs./relatórios
Diligências
Levantamento de dados

Cálculos e elaboração de anexos


Redação do laudo

Digitação
Reuniões com assistentes técnicos
Montagem laudo
Revisão/assinatura/entrega do laudo
Total item horas técnicas

81
Unidade II

b. Material direto aplicado Qtde. un Vlr/Unit. R$ Totais em R$


Papéis de trabalho
Disquetes 3 ½””
Papéis laudo e cópias (2)
Total item material direto aplicado

Resumo R$
Item horas técnicas
Item material direto aplicado
Total dos honorários

Fonte: Ornelas (2000, p. 122).

Os problemas verificados na quantificação e recebimento dos honorários periciais não ocorrem


quando o perito atua como assistente técnico, pois a estimativa de honorários é aceita pela parte,
normalmente, antes de ser realizada a perícia. Portanto, não há questionamento sobre seu pagamento.

Pelos motivos apresentados, grande parte dos peritos que atuavam quase que exclusivamente como
peritos judiciais estão preferindo trabalhar como assistentes técnicos ou em perícias extrajudiciais, por
terem mais garantias no recebimento de seus honorários nas bases em que foram contratados. No
entanto, é imprescindível a existência de um contrato de prestação de serviços.

Exemplo de solicitação dos honorários periciais

Excelentíssima Senhora Doutora Juliana Gusmão


Juiza da 1ª Vara Cível da Comarca de Maceió/AL
Processo nº: 00001 – 2012
Ação: Prestação de contas
Autor/requerente: ABC – Indústria e Comércio Ltda.
Réu/requerido: Metalsup s/a
Perito: Bonifácio Ferreira Colatino

Bonifácio Ferreira Colatino, perito contador, habilitado nos termos do artigo 145 do
código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho Regional de Contabilidade do
Estado de Alagoas, cópia anexa, estabelecido na Rua Arapiraca, 23A, Cruz das Almas, Maceió –– AL,
tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado, vem à presença de Vossa Excelência
apresentar proposta de honorários para a execução dos trabalhos periciais na forma que
segue.

Para a elaboração desta proposta, foram considerados: a relevância, o vulto, o risco e a


complexidade de serviços a executar, nas horas estimadas para a realização de cada fase do
trabalho; a qualificação do pessoal técnico que irá participar da execução dos serviços e o
prazo fixado.

82
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Quadro 3 – Petição de honorários periciais contábeis/honorários periciais

Especificação do trabalho Horas R$/Hora Total (R$)


Retirada e entrega dos autos 1 100,00 100,00
Leitura e interpretação do processo 2 100,00 200,00
Elaboração de petições e/ou correspondências para solicitar 1 100,00 100,00
informações
Pesquisa e exame de livros e documentos técnicos 5 100,00 500,00
Realização dos cálculos e análise dos resultados, como também 7 100,00 700,00
resposta aos quesitos
Reuniões com perito‑contadores assistentes (Laudo em conjunto) 10 100,00 1.000,00
Redação do laudo 2 100,00 200,00
Revisão final 2 100,00 200,00
Total 30 3.000,00

Os honorários propostos para a realização da perícia em consideração ao valor


da hora sugerido pela Associação dos Peritos Judiciais do Estado de Alagoas, que
é de R$100,00 (cem reais), por hora trabalhada, totalizando R$ 3.000,00 (três mil
reais).

É importante comunicar que, do valor acima, haverá ainda a responsabilidade do perito


quanto ao pagamento dos impostos e dos encargos referentes ao quantum dos honorários
periciais.

O valor desta proposta de honorários não remunera o perito para responder quesitos
suplementares (artigo 425 do Código de Processo Civil), fato que, ocorrendo, garante ao
profissional oferecer nova proposta de honorários na forma deste documento.

Por último, requer de Vossa Excelência a aprovação da presente proposta de honorários


e na forma dos artigos 19 e 33 do Código de Processo Civil, determinação do depósito
prévio, para início da prova pericial.

Termos em que pede deferimento,

Maceió, 18 de abril de 2012.

Bonifácio Ferreira Colatino


Perito Contador CRC 00001/AL

Fonte:<https://doc‑0s‑7g‑docsviewer.googleusercontent.com/viewer/securedownload/dsn1aovipa7l846lsfcf94nedj8q2p4u/5gab25gtt
376ou4gsacjrgnepp7rh52v/1355426100000/c2l0ZX>. Acesso em 8 jan. 2013.

83
Unidade II

Exemplo de petição para liberação dos honorários periciais

Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011

Jose Roberto Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe vem, respeitosamente requere a Vossa Excelência a liberação dos
honorariospericiais fixados em R$ 4.000,00 (quatro mil reais)

Isto posto, requer a expedição de mandado de pagamento em favor do ora requerido

É o que requer,

Pede deferimento.

Bagé, 15 de dezembro de 2011.

Jose Roberto Rodriguez


Contador CRC RS 999.999.999

Saiba mais

Para saber mais sobre o assunto, acesse o site:

< h t t p : / / w w w. p o r t a l d e c o n t a b i l i d a d e . c o m . b r / t e m a t i c a s /
honorariospericiais.htm>.

5.8 Desenvolvimento do trabalho

Após o recebimento da notificação da nomeação, ou da contratação para efetuar perícia, o perito


deve observar alguns procedimentos para a elaboração do trabalho assumido.

Segundo Magalhães et al. (2000, p. 37), “a operacionalização da perícia contábil judicial e sua
processualística compreendem dois momentos distintos, que podemos classificar como atos preparatórios
e atos de execução”.

Aponta como atos preparatórios os seguintes:

• nomeação de ofício – realizada pelo Juiz de Direito;


84
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

• nomeação requerida – ocorre quando uma das partes deseja


orientação técnica ou científica;

• indicação – ocorre quando uma das partes ou ambas, desejando mais


esclarecimentos, indica assistente técnico;

• intimação – feita a nomeação, o juiz manda intimar o perito;

• declínio – quando existem motivos de ordem legal, técnica ou


científica, o perito pode recusar a nomeação.

Como atos de execução, traz os seguintes:

• o primeiro ato de execução é a formulação de quesitos pelo juiz, ou


pelos advogados das partes quando lhes interessa;

• as diligências para obtenção de provas constituirão atos de execução


subsequentes.

Chegando, finalmente, à entrega do laudo pericial.

5.9 As técnicas utilizadas na elaboração do laudo pericial

Segundo Alberto (2000, p. 119), as técnicas utilizadas são:

• definir o objeto da perícia, equivale dizer que o perito, estudando o


processo ou os elementos da consulta que lhe foi formulada, deve
procurar estabelecer e circunscrever o objeto pericial. Isto porque
nem sempre tal objeto estará claro para o próprio usuário do serviço
pericial, muitas vezes o solicitante não consegue situar corretamente
o que deseja ser examinado pela perícia;

• estabelecer, com base no objeto e nos demais elementos disponíveis,


qual o objetivo da perícia, ou seja, qual a finalidade para a qual aquela
está sendo instada a examinar determinada matéria; esta finalidade
da perícia, também, na maioria das vezes não estará claramente
estabelecida pelo usuário (as partes, terceiros ou o judiciário); é
importante assim proceder para, dependendo da finalidade da perícia,
estabelecer para si mesmo a metodologia que empregará, ou em suma,
as técnicas de abordagem que adotará no caso concreto; trata‑se,
aqui, da diligência em sentido lato sensu, ou seja, de diligenciar junto
aos próprios autos ou conjunto de elementos que lhe são submetidos;

85
Unidade II

• se o objeto e os autos tornarem necessária a pesquisa ou verificação


de campo (a diligência propriamente dita, no sentido estrito),
o profissional deverá comparecer no local onde será efetuada
a verificação ou a pesquisa, ou ainda, onde serão solicitados
os documentos, ouvidas pessoas ou efetuadas as medições ou
reproduções da coisa, situação ou fato de qualquer espécie. É
aconselhável que tal técnica seja empregada com os cuidados
apropriados, lavrando o perito termo circunstanciado da solicitação,
pesquisa ou verificação efetuadas.

Para Sá (1997), o método da perícia é basicamente o analítico, não se dispensando detalhes, sempre
que necessários.

É preciso, pois:

1. identificar bem o objetivo;

2. planejar competentemente o trabalho;

3. executar o trabalho baseado em evidências inequívocas, plenas e totalmente confiáveis;

4. ter muita cautela na conclusão e só emiti‑la quando estiver absolutamente seguro sobre os
resultados;

5. concluir de forma clara, precisa e inequívoca.

Em todas as atividades profissionais o planejamento é fundamental, visando a atingir o objetivo


fixado. As etapas a serem desenvolvidas e a sequências devem ser previstas, determinando prazos e
responsáveis pela execução.

Na fase do planejamento, o perito contador deve prever as etapas e o desenvolvimento das atividades,
além de definir os honorários pela execução do laudo pericial. Caso não haja determinação do juiz, deve
ser cumprido o prazo fixado no Código do Processo Civil.

Portanto, as técnicas devem buscar uma conclusão de forma clara, precisa e inequívoca, atendendo
aos requisitos exigidos pela perícia.

Lembrete

O planejamento apresenta, entre suas utilidades, a de permitir o


acompanhamento e o controle do desenvolvimento das etapas e subetapas
de uma perícia contábil.

86
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

O perito deve analisar primeiramente o objeto da perícia, proceder ao


planejamento do trabalho, verificar se toda a documentação necessária
para execução do laudo está juntada no processo e se há necessidade de
efetuar alguma diligência.

Tendo toda a documentação em mãos, o perito deve executar seu


trabalho, concluindo‑o de forma clara e considerando que ele será lido por
terceiros.

6 FASES DO PROCESSO JUDICIAL

As fases do processo judicial servem para entender em quais momentos o perito judicial intervém,
de acordo com o juiz e as partes – autor ou reclamante, reclamada ou réu.

6.1 Fase de instrução

A fase inicial do processo é denominada fase de instrução. Nela é que as partes produzirão provas
para que o juiz possa julgar a ação proposta. Assim, a perícia, nessa fase processual, será elemento de
prova.

Quando houver a necessidade de técnico para a verificação das alegações das partes como prova
para o juiz proceder ao julgamento da ação proposta, haverá a nomeação de perito de sua confiança,
para fornecer elementos necessários a esse julgamento. Essa perícia poderá ser contábil, médica, de
engenharia, segurança do trabalho ou outras, dependendo do objeto a ser periciado.

A perícia judicial, na fase de instrução do processo, dar‑se‑á de acordo com o andamento processual.
Para dar o impulso ao processo, há uma petição inicial, na qual o reclamante ou autor irá demonstrar as
justificativas da necessidade de perícia contábil.

A reclamada ou réu, por sua vez, também irá demonstrar de forma fundamentada, em sua defesa,
que nada é devido ao reclamante ou autor.

De posse das duas peças, defesa e contestação, o juiz irá verificar se tem todos os elementos
para o seu julgamento. Caso não os possua, determinará perícia, nomeando seu perito de confiança
e determinando que as partes, se quiserem, apresentem seus quesitos e indiquem seus assistentes
técnicos.

Realizada a perícia, será aberto prazo para que as partes se manifestem sobre o laudo. Após essa
manifestação, ocorrendo a impugnação do laudo por uma ou por ambas as partes, o perito procederá
aos devidos esclarecimentos.

Efetivados os esclarecimentos e colhidas outras provas, o juiz realizará audiência de instrução e


julgamento, finalizando essa fase processual com a sentença de primeiro grau ou 1ª instância.

87
Unidade II

6.2 Perícia na fase de execução

A fase final do processo, denominada fase de execução, é aquela que busca a liquidação do processo,
transformando a condenação imposta em pecúnia.

Após a fase de instrução, como já mencionado, poderá haver perícia. O juiz proferirá a sentença
em primeira instância, que poderá ser totalmente procedente, procedente em parte ou improcedente.
Isso não significa que irá, de imediato, iniciar‑se o processo de execução, pois a parte que se sentir
prejudicada no julgamento poderá impetrar embargos de declaração e, posteriormente, recurso ordinário
para a segunda instância ou recurso de revista para a terceira. Cabe esclarecer alguns termos utilizados
anteriormente, por tratar‑se de matéria jurídica.

Os tribunais de justiça existem em três instâncias:

• primeira instância: na justiça, em primeira instância, há a Vara do Trabalho, onde se inicia e


termina o processo trabalhista;

• segunda instância: nos Tribunais de Justiça, sendo um em cada unidade da federação. Neles, as
partes irão buscar uma nova análise da matéria, podendo a sentença de primeira instância ser
mantida ou modificada;

• terceira instância: Tribunal Superior, localizado em Brasília; tem limitação quanto à matéria a ser
analisada, pois só pode buscar a sua análise se as partes provarem que houve, nos julgamentos de
primeira e segunda instância, a violação de algum dispositivo constitucional.

As sentenças proferidas pela Justiça podem ser:

• totalmente procedente: nesse tipo de sentença, o reclamante prova que a reclamada nada
contraditou das alegações feitas na ação movida. Assim, será condenada em todos os pedidos
formulados;

• parcialmente procedente: ocorre quando apenas parte das alegações foi provada e a reclamada
foi condenada em parte dos pedidos formulados;

• totalmente improcedente: ocorre quando o reclamante não conseguir provar nada das alegações
efetuadas. Nesse caso, a reclamada ficará isenta de condenação e o reclamante será condenado
nas custas processuais e, se o resultado da perícia, na fase de instrução, foi negativo, também será
condenado ao pagamento dos honorários periciais.

Os valores serão definidos por meio das seguintes situações:

• liquidação por cálculos: será efetuada quando a apuração do montante depender de simples
operações aritméticas;

88
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

• liquidação por arbitramento: o arbitramento é a determinação de valores ou solução de


controvérsia por critério técnico;

• liquidação por artigos: a liquidação por artigos será procedida quando houver necessidade de
alegar e provar fato novo, para efeito de determinar o valor da condenação.

Restando dúvidas após os esclarecimentos, haverá prazo para as partes apresentarem sua impugnação
fundamentada, com indicação dos itens e valores objetos da discordância.

A impugnação fundamentada refere‑se à verificação da condenação, ou seja, se foram extrapolados


os limites da condenação, a indicação dos itens e valores objetos da discordância. Esses itens devem ser
enumerados e referenciados no cálculo da outra parte, bem como seus respectivos valores.

Quando a outra parte indica os itens que entende incorretos e também apresenta os cálculos que
entende devidos, muitas vezes são elaborados da mesma forma do cálculo que está sendo impugnado.

Nesse momento, caberá ao juiz analisar as duas contas apresentadas, para proceder à homologação
daquela que cumpriu a condenação nos limites da sentença prolatada. Desse modo, fica o juiz
impossibilitado de ter segurança na homologação de uma das contas, porque ambas não estão
claramente demonstradas.

Havendo a impossibilidade de uma homologação com segurança e verificando que as partes


continuam apurando verbas não condenadas ou suprimindo as que foram condenadas ou, ainda, por
uma grande diferença de valores entre as contas apresentadas, poderá o juiz determinar que uma das
partes reapresente sua conta, determinando a inclusão ou exclusão de valores ou, então, determinará
perícia contábil.

Nomeado o perito, seguem‑se alguns procedimentos para a elaboração do encargo assumido como
o prescrito:

Nos termos do parágrafo único do artigo 3º da Lei 5.584/70, notificará as partes para que apresentem
seus quesitos e indiquem seus assistentes técnicos se quiserem, pois esse procedimento não é obrigatório.

Se as partes apresentarem seus quesitos e indicarem seus assistentes técnicos, ou, se vencido o
prazo e nenhuma das partes apresentarem quesitos e indicar assistente, o perito nomeado pelo juiz será
intimado a prestar compromisso e retirar o processo para elaboração do laudo pericial.

Compromisso é um termo de responsabilidade preenchido de próprio punho pelo perito nomeado,


no qual se compromete a cumprir o encargo assumido com ética, imparcialidade e no prazo determinado
pelo juiz.

Para elaboração do laudo pericial, o perito nomeado segue alguns procedimentos:

1. após elaborado e assinado o termo de compromisso, procederá à retirada do processo em carga;


89
Unidade II

2. iniciará seu trabalho, primeiramente, lendo a sentença de primeiro grau, embargos (se houver) e
acórdãos proferidos pelos Tribunais (também se houver); esse procedimento tem como objetivo
verificar o objeto a ser periciado, bem como proceder à liquidação por cálculo, artigo ou arbitramento;

3. procederá à análise da documentação juntada no processo, com o objetivo de verificar se todos


os elementos necessários para elaboração do laudo constam do processo; caso esteja faltando
algum, proceder às diligências, normalmente na sede da reclamada, para solicitar os documentos
faltantes. Se houver assistentes das partes, esses devem acompanhar o perito do juízo;

4. de posse de todos os elementos necessários, o perito irá proceder à elaboração das planilhas de
cálculo das verbas deferidas, que devem ser efetuadas de forma clara e analítica;

5. elaboradas as planilhas de cálculos, procederá à resposta aos quesitos, se houver;

6. resta então a parte de texto do laudo pericial, como a introdução, a identificação do objeto, a
especificação e objetivo de cada quadro analítico, a conclusão, o encerramento e o pedido dos
honorários pretendidos;

7. finalizado o laudo pericial, deverá submetê‑lo à apreciação dos assistentes técnicos das partes,
caso tenham sido indicados. Esse procedimento recebe o nome de conferência reservada. Nesse
caso, poderá haver entendimentos distintos entre o perito e os assistentes e, sendo procedentes,
haverá modificação do laudo ou, se não concordar em modificá‑lo, o assistente que discordar deve
elaborar um parecer divergente e, havendo concordância, todos assinam o laudo em conjunto;

8. submetido aos assistentes, o laudo será protocolado no setor de protocolos das secretarias e será
remetido à vara onde está tramitando.

Esses procedimentos devem ser seguidos para as três formas de liquidação, por cálculos, por artigos
ou por arbitramento.

Portanto, a perícia judicial, na fase de execução do processo trabalhista, inicia‑se com a divergência
dos cálculos das partes, com a determinação da perícia e consequente nomeação do perito de confiança
do juiz, que despachará, dando prazo para que as partes, se quiserem, apresentem quesitos e indiquem
assistente técnico.

Realizada a perícia, será aberto prazo para as partes se manifestarem sobre o laudo. Caso haja
impugnação, o perito procederá aos devidos esclarecimentos ou alteração do laudo, se forem procedentes
as impugnações. Após esses esclarecimentos, o juiz poderá homologar o laudo e fixar o crédito do
reclamante e os honorários do perito.

Após a fixação do crédito, o juiz fixará prazo para que a reclamada efetue o pagamento do crédito
do autor e determinará qual das partes pagará os honorários periciais, pois a parte que for perdedora no
objeto da perícia arcará com os honorários periciais.

90
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

6.3 A impugnação das partes

Entregue o laudo pericial, o juiz abrirá prazo para as partes se manifestarem e essa manifestação
poderá vir da seguinte forma:

1. concordância de ambas as partes;

2. concordância de uma das partes;

3. discordância de ambas as partes;

4. concordância parcial.

Caso haja concordância de ambas as partes, o laudo pericial será homologado, havendo também
nessa homologação a fixação dos honorários periciais e a determinação da parte que ficará responsável
pelo seu pagamento.

6.4 Esclarecimento às partes

Caso uma ou ambas as partes discordem dos valores apurados no laudo pericial, oferecerá impugnação ao
mesmo, sendo que essa impugnação deverá ser fundamentada e os itens e valores da discordância especificados.

Recebida a impugnação pela vara, o juiz intimará o perito para que proceda ao esclarecimento dos
pontos que foram impugnados.

Recebida a intimação, o perito retira o processo em carga e verifica os termos das impugnações. Se
forem procedentes, ou seja, se o perito cometeu algum equívoco na apuração de alguma verba, procederá
à correção do mesmo e reapresentará o laudo com as devidas correções. Se forem improcedentes,
responderá às impugnações justificando os procedimentos adotados, dentro dos limites do objeto
periciado, mantendo, na íntegra, o laudo já apresentado.

Realizados os esclarecimentos do perito, o juiz poderá homologar o laudo pericial, ou solicitar que
as partes se manifestem sobre esses esclarecimentos.

7 AVALIAÇÃO

A avaliação compreende uma gama de situações, desde o valor dos bens patrimoniais até o valor do
patrimônio empresarial.

Fazer uma análise de tudo que possui e colocar o resultado em números num papel é uma preocupação
que muitas empresas deveriam ter antes mesmo de abrir suas portas para o mercado consumidor, a fim
de possuir uma melhor noção do valor do bem ou dos bens que possui e, consequentemente, conseguir
administrar melhor o espaço e a disposição deles, sem se deixar enganar. Conhecer o valor do patrimônio
requer destreza e conhecimento técnico.
91
Unidade II

O valor patrimonial de uma empresa pode ser determinado, em um primeiro momento, por meio do
balanço patrimonial, pois no grupo do patrimônio líquido é fixado o valor da empresa contabilmente,
porém, sabe‑se que esse valor é histórico, não refletindo o valor de mercado, ou dos proprietários;
nesse momento, temos a seguinte situação: valor e preço, pois os montantes são fixados por quem
tem interesse na avaliação, ou seja, vendedor, comprador, acionistas, público em geral, consumidores e
outros.

A diferenciação entre valor e preço é de vital importância para a compreensão do processo de


avaliação de empresas.

No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (num
dado tempo e espaço) da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva).

Portanto, é o grau de utilidade de um bem dentro de uma escala de preferência do consumidor


que determina o seu valor. Assim, como preferência dos seres humanos e grau de utilidade de um bem
não são fatores claramente definidos e mensuráveis, não se consegue fugir de certa subjetividade na
determinação de valores de ativos.

De acordo com os objetivos da avaliação e as informações disponíveis, é possível calcular vários


“valores” diferentes, numérica e conceitualmente, para as empresas, conforme os métodos de avaliação,
que serão apresentados a seguir. São exemplos:

• valor contábil;

• valor de mercado da empresa em bolsa de valores;

• valor econômico da empresa, entre outros.

Enquanto o valor é relativo e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos, o preço é único,
exato e preciso e reflete fielmente a mensuração financeira de uma transação de compra e venda de
determinada empresa. Todavia, o preço apenas será definido como conclusão do processo de negociação
entre o desejo dos compradores e as expectativas dos vendedores, que utilizarão suas mensurações de
valor como referencial para a tomada de decisão, em um processo onde, sem uma ideia mais coerente
desse valor da empresa, passam a preponderar fatores de ordem emocional e interesses especulativos.

O processo de avaliação de uma empresa é complexo, envolvendo variáveis subjetivas e ferramental


técnico, onde a qualidade das informações utilizadas é condição necessária para a eficiência do produto
final. Assim sendo, antes de se determinar os métodos de avaliação que serão aplicados, é fundamental
a elaboração preliminar de um diagnóstico preciso da empresa avaliada, o contexto macroeconômico no
qual ela está inserida, seu setor de atuação, seu mercado consumidor, seu desempenho passado e atual,
seus aspectos econômicos e financeiros, sociais, jurídicos, fiscais, comerciais, tecnológicos e técnicos. A
profundidade dessas análises depende das peculiaridades de cada caso, do tamanho do negócio avaliado
e da disponibilidade de informações.

92
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Oficial de justiça é o primeiro a avaliar bens

Por Jomar Martins

O oficial de justiça está habilitado legalmente para proceder à avaliação dos bens
penhorados. A atuação do perito só será necessária se o oficial encontrar dificuldade ou
precisar de esclarecimentos sobre os bens avaliados. Com base nesta disposição do artigo
680, do Código de Processo Civil (CPC), a 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul negou sequência a Agravo de Instrumento contra sentença que indeferiu a
impugnação à nomeação do oficial de justiça como avaliador num processo de execução.

O relator do Agravo, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, afirmou que a regra
é muito clara nesse sentido: ‘‘Somente em casos excepcionais, que necessitem conhecimento
técnico e ou especializado, é que o juiz nomeará um avaliador’’, frisou.

“Além do mais, sequer foi feita a avaliação, a justificar, de pronto, a nomeação de um


engenheiro agrônomo, como quer o agravante”, ponderou o desembargador. Assim, o simples
fato de se tratar de avaliação de bem imóvel não indica, por si só, que seja necessário algum
conhecimento especializado, conforme reconhece, também, a jurisprudência. A decisão é
do dia 4 de maio.

O caso

A penhora está sendo executada para pagar honorários advocatícios devidos pelo autor
à Associação dos Advogados do Banco do Brasil S/A, num processo que tramita na Comarca
de Tupanciretã, a 391 km de Porto Alegre.

Ao interpor o agravo, o autor justificou que o oficial de justiça não estaria habilitado
a avaliar três áreas rurais penhoradas. Por não ser engenheiro agrônomo, não teria o
conhecimento técnico ou especializado para a incumbência. Destacou, ainda, a importância
da avaliação dos imóveis em questão, não apenas por mero levantamento do valor do
hectare da região. Na sua visão, deviam ser observados elementos concretos, como
quantidade e preços dos componentes utilizados, mão de obra e materiais empregados,
além de considerar que os imóveis penhorados estão dentro de área maior, necessitando de
serviço de medição e de mapas.

Conforme informações do acórdão, as três frações de terra estão localizadas dentro de


uma área maior no município, com matrículas no registro de imóveis local. A primeira área
é de 6,5 hectares; a segunda, de quatro hectares e a terceira, de cinco hectares.

Embora reconheça que seja necessário mapear a localização das terras, o desembargador
defendeu, em primeiro lugar, o trabalho do oficial de justiça ‘‘Depois de realizada a avaliação,
o agravante/executado ainda tem a possibilidade de impugná‑la. Nesse caso, será verificada
a necessidade de uma nova avaliação, se implementados os requisitos do artigo 683 do
93
Unidade II

CPC. Assim, somente se verificada significativa divergência ou discrepância entre o valor


atribuído pelo oficial de justiça aos imóveis penhorados e a realidade comercial da região,
com específica impugnação da parte, é que se cogitaria de nomeação de um profissional
especializado’’, afirmou.

Fonte: <http://www.conjur.com.br/2012‑jun‑09/oficial‑justica‑prioridade‑avaliar‑bens‑penhorados‑tj‑rs>.

Nenhum modelo de avaliação é capaz de fornecer um valor preciso, único e inquestionável para uma
empresa, mas sim uma estimativa, pois, apesar de tais modelos serem essencialmente quantitativos, o
processo de avaliação contempla também aspectos subjetivos.

Quadro 4 – Principais usos da avaliação de empresas em perícias contábeis

Situação Finalidade
Avaliar a capacidade econômica do cônjuge que
Em ações de alimentos responderá pela prestação pecuniária, para que o juízo
possa fixar os valores dos alimentos devidos.
Mensurar o patrimônio do inventariado, para que a cada
Em ações de inventário herdeiro possa ser atribuída a parte que lhe cabe na
herança.
Apurar os haveres dos sócios ou do sócio que se retira,
Em dissoluções de sociedades para que a cada um se dê o que a si pertence.
Apurar o chamado ‘fundo de comércio’ da entidade, para
fins de avaliação em diversas situações, como a venda da
Fundo de comércio empresa, fusões, cisões, penhora de cotas, leilões, dentre
outros.

Adaptado de: Montandon (2006).

Saiba mais

Conheça mais sobre o assunto em:

<http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v6_n2/08_
Aderbal.pdf>.

7.1 Modelos de avaliação de empresas

Vários são os modelos de avaliação de empresas existentes na literatura de finanças, os quais podem
ser utilizados em conjunto ou separadamente. Sua escolha deve considerar o propósito da avaliação e
as características próprias do negócio a ser avaliado.

A avaliação de uma empresa pode partir de dois pressupostos: a sua continuidade ou a sua
descontinuidade.

94
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Figura 13

7.2 Modelos patrimoniais de avaliação

Os modelos patrimoniais de avaliação são utilizados em situações específicas, quando se tem


interesse nos ativos da empresa e não no potencial de geração de resultados futuros que estes ativos
representam, por exemplo, para determinar o valor de liquidação de uma organização em falência ou
em concordata.

Para apurar o valor da empresa, os modelos patrimoniais de avaliação partem das demonstrações
financeiras, as quais, geralmente, são incapazes de refletir o valor econômico de um empreendimento.

Os modelos que utilizam a abordagem patrimonial pressupõem que o valor de uma empresa pode
ser estimado pelo valor de seu patrimônio líquido ou pelo valor de mercado de seus itens específicos.

7.3 Modelo de avaliação patrimonial contábil

O modelo de avaliação patrimonial contábil é baseado na diferença entre os ativos e os passivos


exigíveis, mensurados conforme os princípios contábeis tradicionais. Sua equação pode ser representada
da seguinte forma:

Valor da empresa = ativos contábeis – passivos exigíveis contábeis = patrimônio líquido

A principal vantagem desta abordagem é a de ser simples e fácil de ser aplicada, visto que o valor
do patrimônio líquido de uma empresa é conhecido, necessitando apenas ser identificado nos registros
contábeis.

Diversos fatores dificultam a utilização deste método como indicador efetivo do valor econômico
da empresa:

• os ativos normalmente estão avaliados aos custos históricos e não aos seus valores correntes
(registro a valores de entrada e não de saída);

95
Unidade II

• a contabilização de acordo com o regime de competência, associada com os conceitos da


realização de receitas e da confrontação de despesas, torna a contabilidade desbalanceada com
relação a alguns direcionadores de valor, como o conceito do valor do dinheiro no tempo e do
risco associado;

• existem operações que não são registradas nas demonstrações contábeis tradicionais, as quais são
muito relevantes para apuração do valor econômico de uma empresa, tais como: operações de
arrendamento mercantil, derivativos, garantias, goodwill, dentre outras.

7.4 Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado

Nessa abordagem, os ativos e passivos exigíveis são mensurados com base no valor de mercado de
seus itens. Sua equação pode ser escrita da seguinte forma:

Valor da empresa = ativos ajustados – passivos exigíveis ajustados

Embora este modelo seja válido para um número maior de situações que o modelo de avaliação
patrimonial contábil – pois, por considerar valores de saída, se aproxima mais do valor econômico de
mercado – também desconsidera o valor do goodwill da empresa, bem como os benefícios futuros que
o conjunto dos ativos e passivos seria capaz de gerar.

7.5 Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros

Esse método pressupõe que o valor de uma empresa pode ser estimado em função dos múltiplos de
outras empresas que apresentem características semelhantes.

É possível avaliar uma empresa encontrando outra empresa semelhante que tenha sido negociada
recentemente, ou mediante a comparação com os valores de mercado das empresas de capital aberto.

É útil quando o avaliador possui apenas alguns dados básicos da empresa, como lucro ou faturamento
– dados estes que, geralmente, são fáceis de ser obtidos por meios públicos, como jornais ou internet.
Para realizar a avaliação por este método, somente serão necessários mais dois dados: um indicando o
valor da empresa semelhante e outro indicando um valor de referência, por exemplo, lucro, patrimônio
líquido ou vendas.

Além da necessidade de poucas informações, destaca‑se outra vantagem desse método em relação
aos outros: a simplicidade e a rapidez na precificação de novas informações. As desvantagens do método:
não considera a diferença nos fundamentos das empresas comparáveis; é impactado pela qualidade
limitada das informações; não considera as especificidades de cada transação; é afetado quando o setor
inteiro está super ou subavaliado.

Devido às suas limitações, diversos autores consideram esse método útil quando utilizado como
complementar a outras abordagens.

96
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

O modelo baseia‑se na relação entre o preço e o lucro por ação da entidade semelhante que,
multiplicado pelo lucro da avaliada, resulta no suposto valor do empreendimento, ou seja:

P/L = preço/LPA → Preço = P/L X LPA

7.6 Avaliação por fluxo de caixa descontado

O método da avaliação por fluxo de caixa descontado tem sua fundamentação no conceito de
finanças de valor presente: o valor atual de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa.

O valor de qualquer ativo pode ser obtido pelo valor presente dos fluxos de caixa futuros dele
esperados. Sua equação pode ser representada por:
t = n CF t
Valor = ∑
t=1(1+r)t

Onde:

n= vida útil do bem.


CF t = fluxo de caixa do período.
r = taxa de desconto refletindo o risco inerente aos fluxos de caixas estimados.

A taxa de desconto será uma função do grau de risco inerente aos fluxos de caixa estimados e irá
variar de ativo para ativo, com taxas maiores para os ativos de maior risco e menores para os de menor
risco.

Assim, de acordo com essa abordagem, o valor da empresa pode ser determinado pelo fluxo de caixa
projetado, descontado por uma taxa que reflita o risco associado ao investimento.

As cinco principais variáveis para a avaliação de empresas por esse modelo são:

• fluxo relevante de caixa: uma empresa vale aquilo que consegue gerar de caixa no futuro;

• período de projeção: o fluxo de caixa deve ser projetado para um espaço de tempo que permita
sua previsão com razoável confiança;

• valor da perpetuidade ou residual: os fluxos de caixa não cobertos pelo período de projeção
devem ser quantificados;

• condições de endividamento financeiro;

• taxa de desconto: a taxa de juros usada para descontar fluxos de caixa ao seu valor presente deve
ser aquela que melhor reflita o custo de oportunidade e os riscos.

97
Unidade II

As metodologias de avaliação do patrimônio vão desde o valor contábil até o fluxo de caixa descontado,
porém, há outros métodos utilizados pelos analistas e peritos, de acordo com seus interesses e objetivos.

Observação

Avaliação de pontos comerciais, avaliação de bens herdados e avaliação


do valor patrimonial justo são exemplos de formas de avaliações elaborados
pelos peritos contadores. Visam auxiliar as partes na avaliação dos bens.

8 ARBITRAGEM

A arbitragem é uma forma alternativa de composição de litígio entre partes. Nessa técnica o litígio
pode ser solucionado por meio da intervenção de terceiro ou terceiros, indicado pelas partes, gozando
da confiança de ambas. Com a assinatura da cláusula compromissória ou do compromisso arbitral, a
arbitragem assume o caráter obrigatório e a sentença tem força judicial.

O que são mediação e arbitragem

Uma nova forma de Justiça vem sendo aplicada no Brasil há algum tempo. Em países
do Primeiro Mundo, ela é chamada comunitária e cada vez mais por aqui vem dando
resultado. No País, a Lei 9.307 de setembro de 1996 autorizou a utilização da arbitragem
para o julgamento de litígios envolvendo bens patrimoniais disponíveis. Eles são aqueles
direitos nos quais as partes podem transacionar – contratos em geral, como civis, comerciais
e trabalhistas. Com isso, passaram a existir os tribunais especializados nessas causas, que
funcionam como meios alternativos de resolução de litígios.

Como funciona

Existe uma distinção entre os tratamentos dados a cada processo; logo que uma pessoa
procura o tribunal, é oferecida a conciliação entre as partes envolvidas. Nesse primeiro
momento, os conciliadores sugerem aos interessados propostas para a resolução dos
problemas. Logo depois, vem a mediação, que consiste em um diálogo entre duas ou mais
partes em conflito. Elas são acompanhadas por um mediador, para que possam chegar a
um acordo satisfatório para ambas. Na mediação prevalece sempre a vontade das partes. O
mediador não impõe soluções, apenas aproxima as partes para que negociem diretamente
e reconheçam o conflito para buscar algum tipo de solução que contemple e satisfaça
razoavelmente os interesses de todas.

Existe também a arbitragem. Nesse caso, o juiz arbitral decide a pendência pela confiança
que foi nele depositada pela eleição prévia em cláusula compromissória. As sentenças
proferidas pelos tribunais arbitrais têm a mesma eficácia da sentença judicial. A principal
diferença é o prazo máximo de seis meses para a solução dos conflitos. Somente é iniciado
um processo no tribunal quando há um consenso entre as partes.
98
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Aceitação

Pode‑se dizer que a maioria dos casos é resolvida por mediação. Apenas uma pequena
faixa tem de ser realizada pelo método de arbitragem. Somente em poucos casos não se
consegue iniciar o processo. Desde que esse tipo de justiça foi implantado, vem dando
ótimos resultados em diversos municípios. Acredita‑se que a procura ainda não é tão grande
por falta de conhecimento de grande parte da população.

Essa maneira de resolver os problemas, antes atribuídos à Justiça comum, é mais


vantajosa. Como funciona, relativamente, há pouco tempo no Brasil, as entidades existentes
ainda não estão operando com um grande número de processos. Umas das vantagens
apontadas por alguns árbitros é o fato de que atuam nos tribunais diversos profissionais
especializados em várias áreas. Trabalham nos tribunais contadores, médicos, engenheiros,
economistas, corretores de imóveis, advogados, dentre outros.

Casos

Uma grande variedade de casos pode ser tratada pelos tribunais. Qualquer tipo de
controvérsia de origem civil, comercial e trabalhista que envolva bens patrimoniais disponíveis,
ocorrida entre pessoas jurídicas ou físicas capazes de contratar, ganha resolução rápida nas
entidades. Os mais comuns são os relacionados ao comércio. Em alguns tribunais, cerca 25%
dos processos envolvem cheques devolvidos por falta de fundos. Noutros, estão as escolas
e cursos, com 23%. Nesses casos estão pessoas e instituições que tiveram qualquer tipo de
problema de descontentamento com o serviço ou até mesmo quebra de contrato, no caso
dos alunos. Ainda há os casos do setor imobiliário. Casos de compra e venda de imóveis,
aluguéis atrasados, inadimplência de taxas, entre outros. Chama a atenção a possibilidade
de solução, pelos árbitros e mediadores, para os danos morais e materiais e ocorrências
envolvendo o consumidor, como compra de produtos com defeitos em municípios em que
não há órgãos de defesa do consumidor.

Benefícios

Os benefícios da mediação e arbitragem começam pelo tempo de cada processo. Ele


não pode ultrapassar o período de seis meses, porém, na maioria dos casos, pode não levar
mais que 20 dias. Alguns conflitos, quando submetidos à Justiça comum, são decididos ao
final de prolongadas práticas de prova pericial técnica; no tribunal tudo é bem mais rápido.
O custo/benefício entra justamente nessa questão. Em alguns tribunais, para se dar início a
um processo é necessária a quantia de R$ 30,00 (trinta reais), não incluindo os honorários
dos árbitros. Estes são cobrados no decorrer do processo.

Fonte: <http://www.manualdepericias.com.br/MediacaoArbitragemOqueeh.asp>.

99
Unidade II

Figura 14

A arbitragem, há décadas utilizada nos países desenvolvidos, é regulamentada no Brasil pela Lei
9.307/96 (BRASIL, 1996), a chamada Lei da Arbitragem e vem sendo reconhecida como o método mais
eficiente de resolução de conflitos, contribuindo para o descongestionamento do poder judiciário.

Art. 1° As pessoas capazes de contratar poderão valer‑se da arbitragem para


dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

Art. 2° A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das


partes.

§ 1° Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão


aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e
à ordem pública.

§ 2° Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize


com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio.

Na arbitragem impera a autonomia da vontade das partes envolvidas, manifestada na medida em


que são elas que definem os procedimentos que disciplinarão esse processo, que estipulam o prazo final
para sua condução, que indicam os árbitros que avaliarão e decidirão a controvérsia instaurada.

Resumidamente, é como se fossem criadas regras particulares e de comum acordo entre os


interessados. Isso garante além de uma boa solução para o caso, sigilo, economia, a certeza de que
o julgamento do problema será realizado por pessoas com profundo conhecimento do assunto em
questão e, além de tudo, rapidez, já que a arbitragem deve ser concluída no prazo máximo legal de 180
dias, se outro prazo não for acertado pelas próprias partes.

Vantagens de recorrer ao Tribunal Arbitral:

1. celeridade: dada a própria natureza do procedimento arbitral, bem como a flexibilidade dos prazos
que o caracterizam, os processos submetidos a decisões de um Tribunal Arbitral são concluídos

100
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

de forma muito mais célere do que os processos que correm nos termos dos Tribunais Judiciais.
Medeiam, em regra, cerca de três meses entre a submissão do processo e a decisão final. Porém,
os árbitros respondem pelos danos causados por decisões não contempladas;

2. economia: a maior celeridade na resolução do litígio é obviamente, um fator de grande economia


para as partes. Além disso, as partes não necessitam suportar as custas com defensores e estão
sujeitas a uma tabela de custas arbitrais pré‑definida, onde os montantes por ação são claramente
inferiores aos despendidos em processo judicial;

3. confidencialidade: no procedimento arbitral, as decisões e todos os passos do processo não são


públicos e apenas as partes interessadas têm acesso ao seu conteúdo;

4. liberdade na seleção de árbitros: no centro de arbitragem, ao contrário do que se sucede nos


tribunais judiciais, as partes em litígio poderão escolher os árbitros a designá‑los com todas as
vantagens dai decorrentes, nomeadamente a da especialização;

5. decisão definitiva: às decisões proferidas em sede de arbitragem, não cabe recurso, evitando‑se
a espera, que por vezes dura vários anos, pela decisão que dê o caso como julgado.

8.1 Árbitros1

O árbitro é um profissional formado em Ciências Contábeis ou outras especializações que deverá


ter conhecimento, discernimento e capacidade de julgamento imparcial para solucionar questões
conflitantes de caráter contábil.

Conforme o site do CRC SP, “[...] árbitro é qualquer pessoa capaz que pode ser escolhida pelas
partes para dirimir controvérsias entre elas e investida da autoridade que lhe confere a lei para prolatar
sentença de mérito idêntico à da Justiça Comum”.

A figura do árbitro ou árbitros é definida no artigo 13 da Lei de Arbitragem:

Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.

Para Teixeira e Andreatta (1997, p. 182), “[...] árbitro é toda pessoa capaz que tendo confiança das
partes é nomeada para prolatar uma decisão da Justiça Arbitral”.

Palombo et al. (1992), em trabalho no qual analisam aspectos psicológicos, éticos e técnicos que
compõem o perfil do profissional perito e do árbitro, ressaltam como diferença entre árbitro e arbitrador
que o primeiro realiza julgamentos e o segundo faz perícias.

No entanto, buscam a convergência entre ambos pela atividade desempenhada, afirmando que “[....]
a perícia sempre procura trazer junto aos autos ou às partes a verdade de fato; a arbitragem, para ser
equânime, também procurará a verdade para julgar com segurança a matéria que lhe for submetida”.
1
Texto adaptado do site: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/arbitragem/14.htm>.
101
Unidade II

Infere‑se que, por serem as funções semelhantes entre si, ou mesmo iguais, existe o que é denominado
de convergência psíquica entre peritos e árbitros, ou seja, eles “afluem do mesmo modo o conjunto de
processos mentais conscientes ou inconscientes do indivíduo”.

O árbitro é um profissional competente e designado por órgão regulador, não podendo ser “conhecido”
ou ter ligações de amizade ou laços familiares com os envolvidos.

A aceitação para desempenhar a função de árbitro não é obrigatória e a recusa não necessita de
resposta e tampouco ser fundamentada, como é exigido na perícia judicial.

A aceitação ficará expressa em documento ou compromisso e a investidura do árbitro ocorrerá no


momento em que ele declarar formalmente que está apto e sem impedimentos para processar e julgar
determinada causa.

Nada impede que um mesmo árbitro atue em vários processos, mas o compromisso arbitral deve ser
individualizado em cada processo.

O número de árbitros indicados pelas partes deverá ser ímpar sempre que possível. Quando forem
nomeados números pares de árbitros, eles deverão nomear mais um árbitro e, em caso de controvérsia,
este será escolhido na Justiça Comum.

A lei ainda permite que instituições arbitrais ou entidades especializadas atuem em arbitragem de
tal forma que as partes possam, em comum acordo, estabelecer a escolha dos árbitros ou deixar que
estas assim o façam.

8.2 Requisitos para ser árbitro2

O árbitro é um profissional com amplos conhecimentos da área contábil em todo seu espectro,
capacidade de justiça, imparcialidade e bom discernimento.

Deve ser um profissional de nível superior, pois, mesmo que isso não seja uma exigência legal, é
conveniente para que não haja dúvida de seus conhecimentos.

Em sua atividade, o árbitro deverá fazer o papel de juiz de direito e de fato e a sentença que proferir
será com força de título executório.

Muito embora a lei não faça exigências quanto aos conhecimentos técnicos e científicos do árbitro,
ela disciplina procedimentos comportamentais no desempenho desta função:

“Art. 13.

§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com


imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

2
Texto adaptado do site: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/arbitragem/14.htm>.
102
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Supõe‑se que a não exigência de escolaridade de nível superior pretenda


tornar o processo de arbitragem simplificado, mas, quando a lei ressalta a
competência, subentende‑se que é aconselhável a atuação de experts no
julgamento da matéria. Não será bom, nem para o árbitro ou instituição que
o acolhe, nem mesmo para as partes em disputa sobre questões contábeis de
todo tipo, que outros profissionais opinem, até mesmo porque determinadas
matérias só podem ser julgadas por profissional tecnicamente habilitado.
Segundo Lapp, (apud Palombo et al., 1992), “a matéria a ser submetida ao
árbitro se tornará ela própria exigência de profundo conhecedor”.

Se, por um lado, a lei não exige que o árbitro tenha títulos, os órgãos
institucionais de arbitragem têm defendido a ideia e exigido de seus
participantes estes quesitos, como forma de salvaguardar o bom nome da
instituição.

A independência do árbitro refere‑se a que este não tenha com as partes


ligações que possam torná‑lo inseguro ou dependente em relação a sua
forma de examinar a questão arbitrada.

O bom árbitro deve ser zeloso e diligente, não esquecendo os pormenores


de cada questão examinada e possíveis implicações de seu julgamento. Ele
deve estar atento às consequências de sua sentença.

Se, no caso da justiça estatal, salvo segredos de justiça, os atos são


públicos, a arbitragem tem como um de seus méritos a não‑publicidade,
salvaguardando informações confidenciais sobre pessoas físicas ou jurídicas.
Encontramos na discrição similaridade com as exigências comportamentais
da atividade de perito, que, assim como o árbitro, deverá deixar todos os
comentários para os autos do processo.

A imparcialidade também é requisito disciplinado em lei, e, embora possa


ser nomeado por uma parte, o árbitro deve estar consciente de que seu
compromisso é com a verdade e não com amizades.

As exigências feitas pela lei, em seu artigo 13, encontram‑se


disciplinadas na Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 857,
de 21 de outubro de 1999, que aprovou a NBC P 2, referente às normas
profissionais do Perito.

O árbitro‑contador deve, além de seguir todos os ditames que a função


exigir, ser um conhecedor da ciência e da técnica contábil, das normas
brasileiras e internacionais de Contabilidade, bem como dos preceitos éticos
pertinentes à sua profissão.

103
Unidade II

8.3 Impedimento e suspeição3

O árbitro deve ter o bom senso de verificar antecipadamente as situações em que pode ocorrer o seu
impedimento, de tal sorte que não suscite suspeição na fase da arbitragem.

A possibilidade de impedimento e suspeição do árbitro é decorrente, principalmente, das ligações


sociais, de amizade e familiares com as partes envolvidas. Também deve ocorrer o impedimento
caso a matéria a não seja de conhecimento do árbitro, ou se for verificado que o julgamento requer
conhecimentos mais profundos que os que ele detém.

As situações que caracterizam impedimento e suspeição do árbitro são de extrema importância,


pois poderão ser razões posteriores para anulação da arbitragem. Pela Lei de Arbitragem, árbitros são
igualados a juízes em atividade e as responsabilidades e deveres destes estão previstas no Código de
Processo Civil.

8.3.1 Impedimento

As normas legais – Código do Processo Civil – e as normas de procedimento – NBC – disciplinam os


aspectos do impedimento.

Todas as possibilidades que impedem a atuação do profissional como árbitro são previstas nessas
normas, cada qual envolvendo uma situação específica.

O impedimento é a restrição mais séria ao trabalho do árbitro e encontra‑se disciplinado no trabalho


pericial contábil, nas normas NBC P 2.

Segundo o artigo 134 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973), são causas do impedimento do
árbitro, portanto, circunstâncias impeditivas de sua participação no processo de arbitragem:

I – de que for parte;

II – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,


funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como
testemunha;

III – que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo‑lhe proferido


sentença ou decisão;

IV – quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge


ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha
colateral, até o segundo grau;

3
Texto adaptado do site: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/arbitragem/14.htm>.
104
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

V – quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes,


em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;

VI – quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica,


parte na causa.

Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o


advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

Teixeira e Andreatta (1997, p. 196) consideram essa matéria de suma importância e dissecam‑na, item
por item, tecendo comentários que julgam importantes. A seguir, um resumo dos pontos julgados relevantes:

Parte do processo

O árbitro não pode ter direitos próprios que estejam envolvidos diretamente na decisão.

Esse envolvimento pode ser social, familiar, profissional ou como interessado no resultado; caso se
verifique este aspecto, mesmo após o julgamento as partes podem requerer a nulidade do arbitramento.

Mandatário, perito, testemunha, membro do Ministério Público

Estes casos de impedimento, segundo Teixeira e Andreatta (1997), estão mais relacionados a
compromissos arbitrais judiciais, nos casos em que processos que estavam tramitando na justiça estatal
foram retirados para serem julgados pela justiça arbitral.

Essa exigência da lei aplica‑se nos casos de perícia contábil judicial em que o contador atuou como
perito, ficando, portanto, impedido de atuar como árbitro.

Segundo os mesmos autores, “[...] se alguém atuou no processo, poderá levar em consideração e
dar mais validade a aspectos probatórios produzidos, por ser trabalho pessoal em detrimento de outros
valores existentes nos autos”.

Não se concorda com a posição dos autores, pois eles põem sob suspeita a imparcialidade do perito
ou juiz na realização de seus trabalhos.

O profissional que participa do processo judicial conhece muitos aspectos relacionados à disputa,
portanto, como árbitro, pode utilizar‑se de informações privilegiadas que não fazem parte do processo,
decidindo de forma parcial.

Atuação anterior no processo

Esse impedimento aplica‑se às situações em que o árbitro já tenha atuado examinando o objeto da
arbitragem em fase anterior à do processo arbitral.
105
Unidade II

Semelhante à situação anterior, o árbitro tem conhecimento da matéria em disputa, não sendo imparcial.

Parente e cônjuge de advogado

Segundo os autores citados, este parágrafo deve ter sido redigido incorretamente e sugerem que o
verdadeiro sentido seja o seguinte:

Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se dará enquanto o advogado estiver exercendo
o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar impedimento
do juiz.

Assim, se advogados tiverem cônjuges ou parentes como árbitros, será causa de impedimento a
atuação de ambos nos mesmos autos.

As tabelas a seguir esclarecem dúvidas que poderão surgir sobre esse assunto (TEIXEIRA; ANDREATTA,
1997, p. 200):

Quadro 5 – Parentesco em linha reta

Ascendentes Descendentes
Em 1º Grau Pais Filhos
Em 2º Grau Avós Netos
Em 3º Grau Bisavós Bisnetos
Em 4º Grau Trisavós Trinetos

Quadro 6 – Parentesco em linha colateral

Em 2º Grau Irmãos, cunhados


Em 3º Grau Sobrinhos e tios
Em 4º Grau Sobrinhos‑netos (filhos de sobrinhos)
Tios‑avós (irmãos dos avós)
Primos‑irmãos (filhos de irmãos dos pais)

Havendo laço familiar o árbitro não deve participar da arbitragem, pois essa relação pode influenciar
na sua imparcialidade.

As normas que regulam a arbitragem estipulam o grau de parentesco, para que não haja duvida
sobre os impedimentos.

Participantes da empresa

O Código de Processo Civil impede o árbitro de atuar no processo se ele fizer parte da direção ou
administração da empresa, porque isso seria o mesmo que julgar em causa própria.

106
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Mesmo que não haja interesse em jogo, a parte que não tem laço profissional com o árbitro poderá
questionar a lisura e a imparcialidade do julgamento.

8.3.2 Suspeição

A suspeição ocorre quando há indícios ou tendências no julgamento, além dos casos de impedimentos
– nos quais os árbitros são impedidos de participar da arbitragem. A suspeição ocorre quando uma das
partes se sente prejudicada por atos executados pelo árbitro que favoreçam a outra parte.

Estes sinais são visíveis para a parte prejudicada, que deverá questionar a suspeição do árbitro.

Os conceitos de suspeição se parecem com os de impedimento.

Segundo Teixeira e Andreatta (1997, p. 202):

[...] a diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos


que estão voltados para situações de cunho subjetivo e perante os quais a
consciência do árbitro terá função preponderante para sua presença ou não
no processo.

A suspeição de parcialidade do juiz está regulada nos artigos. 135, 136 e 137 do Código de Processo
Civil (BRASIL, 1973):

Art. 135. Reputa‑se fundada a suspeição de parcialidade do juiz quando:

I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II – alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de


parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;

III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar


alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para
atender às despesas do litígio;

V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar‑se suspeito por motivo íntimo.

Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins,
em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer
da causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em
que o segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.
107
Unidade II

Art. 137. Aplicam‑se os motivos de impedimento e suspeição aos


juízes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção,
ou não se declarar suspeito, poderá ser recusado por qualquer das
partes.

A Lei da Arbitragem determina, no caput do artigo 14, que se apliquem aos árbitros, no que
couber, os mesmos deveres e responsabilidades do juiz de direito, caso este se deixe afastar do
processo por quaisquer dos motivos enumerados como caracterizadores do impedimento ou
suspeição. Conforme asseveram Teixeira e Andreatta, o árbitro deverá obedecer em seu trabalho,
no processo de arbitragem, aos preceitos instituídos nos incisos I a IV do artigo 125 do Código de
Processo Civil (BRASIL, 1973):

I – assegurar às partes igualdade de tratamento;

II – velar pela rápida solução do litígio;

III – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça;

IV – tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

É importante observar que a lei determina a equiparação dos árbitros aos funcionários públicos, para
efeitos da legislação penal. A responsabilidade do árbitro tem início no momento em que a função de
arbitrar é aceita e findará quando o último ato processual for praticado.

Segundo o Código de Processo Civil, os árbitros podem incorrer no exercício de suas funções, em
crimes, com penas determinadas para a condição de funcionário público.

Dentre os crimes previstos nesse código, três poderão, se cometidos, vir a motivar anulação da
arbitragem. São eles: concussão, prevaricação e corrupção passiva. Estes crimes são definidos no Código
Penal.

Concussão

De acordo com o Código Penal:

Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de assumi‑la, mas em razão dela, vantagem
indevida. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa.

Portanto, caso o árbitro “leve vantagem” no processo arbitral, estará cometendo um crime passível
de prisão pelo período de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa.

A parte lesada deve fazer a denúncia às autoridades criminais, que efetuarão investigação e, caso a
acusação seja verdadeira, devem acionar as autoridades judiciais.
108
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Prevaricação

Também de acordo com o Código Penal:

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou


praticá‑lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Corrupção passiva

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi‑la, mas em razão dela,
vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena – reclusão,
de 1(um) a 8 (oito) anos e multa.

O terceiro ato criminal praticado pelo árbitro é o recebimento ou solicitação de vantagens diretas ou
indiretas – pecuniárias ou materiais – a fim de favorecer uma das partes.

Por último, cabe lembrar que, investido em suas funções, o árbitro prolata sentença irrecorrível,
porém passível de anulação, dentro dos casos previstos em Lei (artigo 1.4.4 – Honorários do árbitro).

A Lei 9.307‑96 faculta o direito de adiantamento de verbas para pagamentos de diligências e


despesas com arbitragem, incluindo‑se os honorários dos árbitros.

A nossa Lei de Arbitragem, em seu artigo 27, estabelece que, no compromisso arbitral, deverá constar
a quem caberá a responsabilidade dos pagamentos, de acordo com a convenção de arbitragem.

Instituições de mediação e arbitragem possuem, em seus repositórios de normas e procedimentos de


arbitragem, tabelas de custas e honorários dos árbitros (preço por hora de trabalho), taxas referentes à
administração e registro do processo arbitral e demais despesas.

Em arbitragens ad hoc, a exemplo da perícia contábil, sugere‑se o estabelecimento de percentual


sobre o valor da demanda ou orçamento sobre as atividades a serem desenvolvidas.

A quantia a ser avaliada pelo árbitro, para seus honorários, poderá incluir itens como: complexidade
da matéria, tempo estimado de envolvimento no processo de arbitragem (reuniões, visitas, elaboração
de relatórios, vistorias, entrevistas com testemunhas, deslocamentos, elaboração de laudo arbitral e
outros), o montante em litígio e demais aspectos pertinentes ao caso.

O árbitro poderá ser incumbido de determinar a responsabilidade do pagamento de peritos


contratados para a arbitragem, de empresas contratadas para avaliação e despesas com registros em
cartórios.

109
Unidade II

Observação

O árbitro é um profissional da contabilidade com alto grau de


discernimento, imparcial, tecnicamente competente e com experiência na
matéria em disputa. Como todo perito, deve ter curso superior em Ciências
Contábeis.

8.4 Procedimentos arbitrais

Caberá à parte que requerer a arbitragem escolher o tipo de procedimento arbitral a ser
adotado. A parte requerida poderá, entretanto, solicitar a conversão do procedimento. A Câmara
de Arbitragem do Mercado oferece três tipos de procedimento arbitral, confira os tipos e os
fluxogramas do processo:

8.4.1 Ordinário

É o procedimento arbitral mais completo, recomendável para questões de maior


complexidade. Requer três árbitros.

110
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

Petição inicial do requerente

Secretário geral verifica requisitos formais e


determina a citação do requerido

Resposta do requerido

Secretário geral abre vista para réplica e determina as


providências adicionais cabíveis

1ª audiência: terntativa de conciliação

Conciliação: elaboração de termo com Indicação de árbitro pelas partes


efeito de sentença arbitral

Formação do tribunal arbitral:


termo de independência

Termo de arbitragem

Produção de provas

Alegação de provas

Sentença arbitral

Figura 15

8.4.2 Sumário

É um procedimento arbitral simplificado e, portanto, mais rápido e econômico em


comparação ao procedimento ordinário. Em princípio, mostra‑se recomendável para
questões de menor complexidade. Somente um árbitro é necessário.
111
Unidade II

Petição inicial

Sorteio do árbitro

Assinatura pelo árbitro do termo de


independência

Citação do requerido

Audiência de conciliação e julgamento:


assinatura do termo de arbitragem

Conciliação: elaboração de termo com Produção de provas, razões de defesa e


efeito de sentença arbitral alegações finais

Sentença arbitral

Figura 16

8.4.3 Ad hoc

Nesse tipo de arbitragem, se as partes desejarem e estiverem de acordo, poderão também escolher
árbitros externos à Câmara de Arbitragem do Mercado ou, ainda, escolher outra Câmara ou Centro de
Arbitragem para proceder à análise e à solução do conflito.

Significa dizer que, para uma pessoa utilizar essas técnicas, ela optará por resolver seus litígios por
métodos alternativos ao invés de recorrer ao Poder Judiciário Estatal.

A mediação é uma técnica consensual que se utiliza de métodos psicológicos para que um terceiro,
neutro, denominado mediador, venha intervir na comunicação de duas partes em litígio e ajudá‑los a
analisar o real interesse que está originando o litígio e a impossibilidade de acordo entre elas. O mediador
não oferece soluções, mas atua como um facilitador da comunicação das partes, uma vez que essa
comunicação foi interrompida pelo surgimento de uma desavença contratual. As partes são auxiliadas
pelo mediador a encontrarem opções de acordo diferentes e mais amplas do que as apresentadas por
elas no início da tentativa de negociação e, portanto, há uma nova oportunidade de alcançarem uma
solução de ganho–ganho, mantendo o poder decisório sobre a questão em suas próprias mãos.

No caso da arbitragem, há uma grande diferença. A arbitragem se assemelha a um processo judicial,


só que a grande diferença é que, ao invés de ela ser administrada pelo Estado, a questão conflitual é
administrada por uma Câmara de Arbitragem, que atua como um Poder Judiciário, como um fórum
112
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

privado. Além disso, na arbitragem, por força da legislação sobre o tema, promulgada em 1996, a
sentença arbitral é equiparada à sentença extrajudicial e pode ser executada como título executivo
extrajudicial.

O árbitro representa e faz o papel do juiz, só que com uma enorme vantagem: ele é escolhido de
comum acordo pelas partes em conflito e pode ser um técnico com grande conhecimento na área. Pela
lei, pode ser qualquer pessoa detentora de confiança das partes.

A sentença arbitral é também irrecorrível e essa é uma de suas grandes vantagens, porque uma vez
obtido o julgamento pelo árbitro, não há como recorrer da decisão. O sigilo é exigido e, portanto, as
partes não têm seu litígio exposto para toda sociedade, de forma comercialmente negativa.

8.5 Sentença arbitral

A decisão arbitral é expressa pela sentença arbitral, também denominada por outros autores de
laudo arbitral. A lei da arbitragem utiliza estes termos como sinônimos, mas alguns autores preferem
empregar sentença arbitral, por entenderem que o laudo arbitral se constitui na sentença da jurisdição
estatal.

A sentença é o resultado do procedimento arbitral e produz, entre as partes e seus sucessores, os


mesmos efeitos de uma sentença judicial.

As regras referentes ao momento em que se considera prolatada a sentença arbitral normalmente


estão expressas nos ordenamentos jurídicos estatais, mas as partes também poderão convencioná‑las.

A sentença só pode ser proferida após deliberação e votação, o que não ocorre, evidentemente, se
for apenas um árbitro. O julgamento só será feito em conjunto e não ocorrerá transferência de poderes a
terceiros. No caso de ser nomeado um árbitro com assistência de perito, ele não terá poderes para julgar.

Sentença arbitral de acordo com a Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996 (BRASIL, 1996):

Art. 23° A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes.
Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é
de 6 (seis) meses, contados da instituição da arbitragem ou da substituição
do árbitro.

Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar


o prazo estipulado.
Art. 24° A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento
escrito.

§ 1° Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se


não houver acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do tribunal
arbitral.
113
Unidade II

§ 2° O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto


em separado.

Art. 25° Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos


indisponíveis e verificando‑se que de sua existência, ou não, dependerá o
julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade
competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral.

Parágrafo único. Resolvida a questão prejudicial e juntada aos autos a


sentença ou acórdão transitado em julgado, terá normal seguimento a
arbitragem.

Art. 26° São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:

I – o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;

II – os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato


e de direito, mencionando‑se, expressamente, se os árbitros julgaram por
equidade;

III – o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem


submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for
o caso;

IV – a data e o lugar em que foi proferida.

Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos
os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou
alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar
tal fato.

Art. 27° A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes


acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba
decorrente de litigância de má‑fé, se for o caso, respeitadas as disposições
da convenção de arbitragem, se houver.

Art. 28° Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto


ao litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar
tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do artigo 26
desta lei.

Art. 29° Proferida a sentença arbitral, dá‑se por finda a arbitragem, devendo
o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às
114
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

partes, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante
comprovação de recebimento, ou, ainda, entregando‑a diretamente às
partes, mediante recibo.

Art. 30° No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da notificação


ou da ciência pessoal da sentença arbitral, a parte interessada, mediante
comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral
que:

I – corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

II – esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença


arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do, qual devia
manifestar‑se a decisão.

Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de 10


(dez) dias, aditando a sentença arbitral e notificando as partes na forma do
artigo 29.

Art. 31° A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os


mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e,
sendo condenatória, constitui titulo executivo.

Art. 32° É nula a sentença arbitral se:

I – for nulo o compromisso;

II – emanou de quem não podia ser árbitro;

III – não contiver os requisitos do artigo 26 desta lei;

IV – for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;

V – não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;

VI – comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção


passiva;

VII – proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III,
desta lei;

VIII – forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, § 2°, desta
lei.

115
Unidade II

Art. 33° A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente
a decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei.

§ 1° A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá


o procedimento comum, previsto no Código de Processo Civil e deverá
ser proposta no prazo de até 90 (noventa) dias após o recebimento da
notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.

§ 2° A sentença que julgar procedente o pedido:

I – decretará a nulidade da sentença arbitral. nos casos do artigo 32, incisos


I, II, VI, VII e VIII;

II – determinar que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas


demais hipóteses.

§ 3° A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser


arguida mediante ação de embargos do devedor, conforme o artigo 741 e
seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial.

Lembrete

Atividades de perícia, avaliação e arbitragem são atividades onde o


profissional contador precisa utilizar todos seus conhecimentos técnicos,
práticos e teóricos.

A avaliação é uma atividade cuja predominância prática é utilizada


para avaliar os bens patrimoniais das pessoas físicas e jurídicas, enquanto
o arbitramento é o julgamento, do ponto de vista contábil, entre as lides
das pessoas; todo o conhecimento deve ser empregado de forma justa e
coerente, não devendo favorecer quaisquer das partes envolvidas.

Resumo

Todas as atividades profissionais devem partir de um planejamento


adequado, prevendo todas as etapas e as atividades a serem desenvolvidas
para obter êxito.

O planejamento representa um quadro onde estão definidas todas as


etapas e subetapas de uma perícia contábil, em ordem sequencial. O objetivo
do planejamento é a definição das etapas que devem ser executadas e a
ordem em que elas devem ocorrer.
116
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

O planejamento deve ser produzido pelo perito‑contador e sua equipe,


logo após ser aceito e aceitar a incumbência de executar da perícia, definir
prazos e chegar a um acordo sobre os honorários.

Estabelecido o planejamento e conhecido o objetivo da perícia, o


contador deve iniciar os trabalhos.

Havendo necessidade de informações e dados, o perito deve efetuar


diligências para colher os dados complementares.

No desenvolvimento da perícia, o contador deve observar rigorosamente


as normas reguladoras legais emanadas pelos Códigos e pelos órgãos
regulamentadores da classe contadora.

As questões levantadas pelo juízo e pelas partes devem ser respondidas


na amplitude das Ciências Contábeis, não devendo o perito inferir ou opinar
sobre matéria alheia.

Esse profissional deve redigir de forma clara e concisa o laudo pericial,


desenvolvendo por meio de linguagem técnica compreensível para o
magistrado e os advogados envolvidos. Ser objetivo e direto.

No desenvolvimento da atividade pericial, o perito contador deve


observar os prazos fixados nas normas e na determinação do juízo.

O bom senso deve prevalecer na fixação dos honorários, contemplando


a real atividade desenvolvida.

A técnica de avaliação como atividade desenvolvida pelo perito


contador envolve conhecimentos específicos, pois a avaliação envolve o
valor dos bens móveis e imóveis, dos bens tangíveis e intangíveis.
Modelos de avaliação consignados são utilizados pelo perito contador
para fixar o valor dos bens e serviços patrimoniais.

Arbitragem é outra técnica utilizada pelo perito contador na solução das


disputas existentes entre as pessoas físicas e jurídicas. Difere da perícia e
avaliação, nas quais perito contador atua diretamente na disputa existente.
Deve haver confiança das partes junto ao árbitro.

Perícia, avaliação e arbitragem são técnicas utilizadas pelos contadores


para esclarecer, definir direitos e auxiliar nas disputas necessárias para
definir o valor patrimonial em disputa. É fundamental que o profissional
seja habilitado para tal fim.

117
Unidade II

Exercícios

Questão 1. Mauro Uorque foi indicado como perito judicial em uma ação trabalhista movida
por Pedro Marcio Neiro contra a Construtora Imóvel Firme S/A. Pedro Marcio reclama várias verbas
trabalhistas que não foram pagas, entre elas, horas extras, insalubridade e periculosidade. Nos quesitos
apresentados pela Construtora, ela pergunta se o perito leu documentos que haviam sido juntados
ao processo e pergunta como ele interpreta esses documentos. Pedro, na qualidade de perito judicial,
responde a essas perguntas com um simples “não faz parte do objeto da perícia”. A construtora, por
intermédio de seu advogado, critica o perito pela resposta e pede sua substituição, sob alegação de que
a resposta foi indelicada e impertinente. Você como juiz:

A) Substitui o perito imediatamente por conduta indecorosa na ação judicial.

B) Substitui o perito imediatamente e veta seu nome para outras designações como perito.

C) Mantém o perito, mas determina que ele peça desculpas para a parte em razão da resposta.

D) Mantém o perito, mas faz uma reprimenda por escrito no processo, determinando que ele não dê
mais respostas dessa natureza.

E) Mantém o perito, não faz nenhuma reprimenda e determina que os documentos sejam retirados
do processo porque haviam sido juntados fora do prazo processual previsto na lei.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a resposta do perito não se caracteriza como atitude indecorosa, porque indecoroso
é o que fere as regras do decoro, ou seja, o que é indigno, obsceno ou que agride a moral. A resposta
“não faz parte do objeto da perícia” não atenta contra a moral, exprime apenas uma posição técnica do
perito, que não identificou no quesito uma relação com a controvérsia do processo judicial.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o magistrado não tem fundamentos legais para substituir o perito e nem para vetar
designações para outros processos.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o magistrado não tem fundamentos legais para determinar que o perito peça desculpas
à parte, porque a resposta do perito foi correta.

118
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o magistrado não tem fundamentos legais para proceder a uma reprimenda por escrito,
porque a atitude do perito está correta.

E) Alternativa correta.
Justificativa: nos processos judiciais, as partes não atuam livremente, ao contrário, elas devem cumprir
rigorosamente a lei processual que determina prazos e formas para que as partes atuem nos processos.
Assim, as provas documentais deverão ser anexadas aos processos em um momento específico, diferente
para o autor e para o réu. Se eles deixam de cumprir os prazos legais perdem o direito de anexar documentos
e, se por acaso fizerem a juntada fora do prazo, esses documentos poderão ser desentranhados dos autos,
ou seja, retirados. Os advogados da Construtora juntaram documentos no processo fora do prazo legal
e, cientes de que eles poderiam ser retirados por ordem judicial, tentaram fazer com que o perito se
manifestasse sobre esses documentos nas respostas aos quesitos formulados. Se tivessem conseguido seu
intento, os documentos poderiam até ser retirados por ordem judicial, porque a opinião do perito no laudo
seria uma prova em substituição aos documentos. Mas como o perito estava atento para o fato de que a
perícia deve ficar restrita ao objeto determinado para análise, e não a qualquer aspecto ou dimensão do
processo, ele acertou ao responder que a análise dos documentos não fazia parte do objeto da pesquisa,
e com isso não permitiu que a parte obtivesse êxito em sua tentativa de utilizar indevidamente a perícia.

Questão 2. Uma empresa fabricante de vacinas para cavalos comprou de um fornecedor produtos químicos
necessários para a produção das vacinas. Após receberem a vacina, alguns animais morreram. Eram exemplares
de grande qualidade e custavam milhões de reais, o que causou enorme prejuízo a seus proprietários. A empresa
fabricante de vacinas foi procurada por vários proprietários de cavalos mortos que querem indenizações; por
isso, realizou perícia química nas vacinas e constatou que parte do problema pode ser decorrente dos produtos
químicos adquiridos. A questão envolve milhões de reais em indenização e grande complexidade para definir o
grau de culpabilidade de cada empresa, em razão dos estudos químicos que terão que ser feitos com as vacinas
remanescentes. Além disso, os proprietários dos animais mortos e o próprio laboratório fabricante das vacinas
têm pressa, porque precisam recompor seus prejuízos e voltar a fabricar o produto para atender o mercado.
Querem também que o assunto fique restrito às partes interessadas, ou seja, que não seja explorado pela
mídia para não trazer ainda maiores prejuízos para as partes. Nessas condições, a melhor forma para resolver o
problema é adotar a arbitragem, porque:

A) É um procedimento mais conhecido entre os criadores de animais.


B) É um procedimento mais adequado a situações complexas, para as quais se deseja celeridade e
confidencialidade.
C) É um procedimento adequado para casos que envolvem a indústria química.
D) É um procedimento adequado para situações que envolvem grande número de partes interessadas.
E) É um procedimento adequado para peritos atuarem.

Resolução desta questão na plataforma.


119
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

FILE0001882885044.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/g/gracey/


preview/fldr_2005_06_10/file0001882885044.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 2

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 2005.

Figura 3

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 2005.

Figura 4

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 2005.

Figura 5

29050V.JPG. Disponível em: <http://lcweb2.loc.gov/service/pnp/hec/29000/29050v.jpg>. Acesso em: 11


nov. 2012.

Figura 6

FILE0001679856317.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/o/


o0o0xmods0o0o/preview/fldr_2008_11_28/file0001679856317.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 7

033007‑TEACHER‑FULL.JPG. Disponível em: <http://www.nationalguard.mil/news/archives/2007/03/


images/033007‑Teacher‑full.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 8

FILE8311263247582.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/


mconnors/preview/fldr_2010_01_11/file8311263247582.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 9

FILE4411249348440.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/


alvimann/preview/fldr_2009_08_03/file4411249348440.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

120
Figura 10

FILE000110311704.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/


mconnors/preview/fldr_2003_02_01/file000110311704.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 11

FILE0001810786833.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/c/clarita/


preview/fldr_2004_12_05/file0001810786833.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 12

FILE000786402730.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/ppdigital/


preview/fldr_2003_11_10/file000786402730.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 13

FILE3261289699750.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/g/


gladtobeout/preview/fldr_2010_11_13/file3261289699750.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 14

FILE5601297827370.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/


mconnors/preview/fldr_2011_02_15/file5601297827370.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2012.

Figura 15

IMG_FLUXOARBITRAGEMORDINARIA.GIF. Disponível em: <http://www.camaradomercado.com.br/


arbitragemordinaria.asp>. Acesso em: 19 dez. 2012.

Figura 16

IMG_FLUXOARBITRAGEMSUMARIA.GIF. Disponível em: <http://www.camaradomercado.com.br/


arbitragemsumaria.asp>. Acesso em: 19 dez. 2012.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

AS OPERAÇÕES da Polícia Federal. Veja, São Paulo, abr. 2007. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/
idade/exclusivo/perguntas_respostas/operacoes_pf/index.shtml>.

BARROSO, C. E. F. M. Processo civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. São Paulo:
Saraiva, 2000, p. 04 (Coleção Sinopses Jurídicas, v. 11).
121
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 1 nov. 2012.

___. Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/decreto-lei/del9295.htm>. Acesso em: 1 nov. 2012.

___. Lei nº 5.584, de 26 de junho de 1970. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/


L5584.htm>. Acesso em: 1 nov. 2012.

___. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


leis/L9307.htm>. Acesso em: 1 nov. 2012.

___. Lei nº 10.358, de 27 de dezembro de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


leis/LEIS_2001/L10358.htm>. Acesso em: 1 nov. 2012.

___. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

___. Código Civil (2002). Câmara dos Deputados. Brasília: Coordenação de Publicações, 2002.

___. Código do Processo Civil (1973). Câmara dos Deputados. Brasília: Coordenação de Publicações,
1973.

CLETO, N. Honorários de perícia: juízes sem parâmetros. Revista Fenacon em Serviços, São Paulo, 63,
maio 2001. Disponível em: <http://www.fenacon.org.br/usuarios/arquivos%5Crevistas%5Cedicao63.
pdf>. Acesso em: 20 dez. 2012.

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Arbitragem: a contabilidade como


instrumento de decisão. Porto Alegre: Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul,1999.

CRISÓSTOMO, F. R. Perícia contábil. Material de aula, 2011.

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 2005.

HOOG, W. A. Z. Diferença entre auditoria e perícia contábil. [s.d.]. Disponível em: <http://www.
clubedoscontadores.com.br/_artigos_olha.php?art=216&mod=1>. Acesso em: 17 dez. 2012.

JUNIOR, J. R. M. et al. A pericia judicial. São Paulo. PINI, 2000.

MAGALHÃES, A. D. F.; LUNKES, I. C. Perícia contábil nos processos civis e trabalhistas: o valor
informacional da contabilidade para o sistema judiciário. São Paulo: Atlas, 2008.

___. et al. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal, processual e operacional. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2001.

122
MONTANDON, M. M. Avaliação de empresas em perícias judiciais contábeis: um estudo de casos.
Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.

NETO, C. E. O.; MERCANDALE, I. Roteiro prático de perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000.

NEVES, A. G. Curso básico de perícia contábil. São Paulo: LTR, 2000.

ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

PONT, J. V. Teoria e prática de cálculos no processo trabalhista. São Paulo: LTR, 1998.

SÁ, A. L. Perícia contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

SCHMIDH, P.; SANTOS, J. L.; GOMES, J. M. M. Fundamentos de perícia contábil. 1. ed. São Paulo: Atlas,
2006.

SILVA, J. L. Perícia contábil na justiça do trabalho. Dissertação (Mestrado). São Paulo: FECAP, 2002.

SILVA, D. P. Vocabulário jurídico. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

ZARZUELA, J. L. et al. Laudo pericial: aspectos técnicos e jurídicos. Revista dos Tribunais. São Paulo:
Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, 2000.

Sites

<http://www.artigonal.com/legislacao‑artigos/tecnicas‑do‑trabalho‑pericial‑596821.html>.

<http://www.camaradomercado.com.br/procedimentos.asp>.

<http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/arbitragem/14.htm>.

<https://doc‑0s‑7g‑docsviewer.googleusercontent.com/viewer/securedownload/dsn1aovipa7l846lsfcf
94nedj8q2p4u/5gab25gtt376ou4gsacjrgnepp7rh52v/1355426100000/c2l0ZX>.

<http://www.facape.br/socrates/Trabalhos/A_Importancia_da_Pericia_Contabil.htm>.

<http://www.facape.br/socrates/Trabalhos/A_responsabilidade_social_e_etica_do_Perito.htm>.

<http://gilbertomelo.com.br/artigos/167‑o‑papel‑do‑perito‑assistente‑tecnico>.

<http://www.inesul.edu.br/revista/arquivos/arq‑idvol_5_1247865610.pdf>.

<http://www.inpecon.com.br/index.php/caminhos‑da‑pericia‑judicial/>.

123
<www.ipecon.com.br/artigos/ETICA NA PERICIA JUDICIAL.com>.

<http://www.manualdepericias.com.br/Servicos_peritos_contadores.asp>.

<http://www.peritoscontabeis.com.br/normas/art_cpc_pericia.htm>.

<http://www.peritoscontabeis.com.br/trabalhos/elab_laudo_crcrj.pdf>.

<http://www.pinheirocontabil.com.br/2011/06/modelo‑de‑laudo‑pericial‑contabil.html>.

<http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/p2.htm>.

<http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>.

<http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vVn01/t005.pdf>.

124
125
126
127
128
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

Vous aimerez peut-être aussi