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Unidade II
5 RELAÇÕES CUSTO/VOLUME/LUCRO
A gestão empresarial depende dos relatórios preparados pelos departamentos e daqueles vindos
(principalmente) da área contábil. Entretanto, todos eles precisam estar voltados para a excelência
empresarial, ou seja, a busca pelo lucro e a sua maneira adequada de investimento que permita a
continuidade da organização.
A relação custo/volume/lucro é uma das análises que muito contribui para o alcance do lucro
almejado pela alta direção, pois identifica o volume necessário de produção e venda e, ainda, mostra que
a relação entre volume e lucro não é direta; por exemplo, o aumento de 10% no volume de produção e
vendas não representa o mesmo aumento no lucro, uma vez que para aumentar a produção aumenta-se
também o custo de produção.
Padovese (2000) explica que os conceitos de custos fixos e variáveis permitem uma expansão das
possibilidades de análise dos gastos da empresa em relação aos volumes produzidos ou vendidos,
determinando pontos importantes para fundamentar futuras decisões de aumento ou diminuição dos
volumes de produção, corte ou manutenção de produtos existentes, mudanças no mix de produção,
incorporação de novos produtos ou quantidades adicionais etc.
Considerando essa atenção sobre os custos fixos e variáveis da produção, que aqui completam-se
com as despesas fixas e variáveis (em termos gerais, enquanto os custos estão voltados para a produção,
as despesas relacionam-se às vendas), Iudícibus (2008, p. 141) ilustra com as seguintes definições:
• custos e despesa variáveis: os que variam na mesma proporção das variações ocorridas no volume
de produção (custos) ou no de vendas (despesas). Exemplos de custos variáveis, matéria-prima; e
de despesas variáveis, as comissões sobre vendas;
• custos e despesas fixos: são os gastos que não oscilam mesmo que haja uma alteração no volume
de produção e/ou vendas. Exemplos de custo fixo, o aluguel da fábrica; de despesas fixas, os
salários dos mensalistas.
A margem de contribuição significa o quanto cada produto (ou linha de produto) contribui
para amortizar os gastos fixos da empresa (custos e despesas fixas), uma vez que estes ocorrem
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CONTABILIDADE GERENCIAL
A margem de contribuição considera, na sua formação, somente itens variáveis que acompanham
volume de produção e/ou de venda. No caso do volume de produção, são os custos variáveis; para o
volume de venda, consideram-se as despesas variáveis.
• Custos variáveis:
• Despesas variáveis:
Resolução
Vendas:
O ponto de equilíbrio (ou ponto de ruptura), segundo Iudícibus (2008), mostra o momento em que as
receitas de vendas cobrem os custos e despesas totais da empresa, obtendo-se, a partir daí, a formação
do lucro. Contudo, caso as vendas não sejam suficientes para cobrir a estrutura empresarial (custos e
despesas totais), o prejuízo será fato.
O ponto de equilíbrio tanto poderá ser apresentado em quantidade de itens necessários para o
alcance da receita quanto em valor; em termos quantitativos, informa o volume que a empresa precisa
produzir e vender de um determinado produto para que consiga cobrir todos os custos e despesas do
período, tanto os variáveis quanto os fixos.
No ponto de equilíbrio, tanto em quantidade quanto em valor, não há lucro ou prejuízo; logo, a
empresa só obterá lucro se vender acima do ponto e, no caso de vender abaixo deste mesmo ponto, terá
prejuízo.
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Saiba mais
Fórmulas:
Onde:
Margem de contribuição unitária = preço de venda unitário – custos variáveis e despesas variáveis
Onde:
Para melhor compreensão, utilizaremos dos mesmos dados do exemplo para formação do ponto de
equilíbrio.
•
Preço de venda unitário $1.700,00
•
Custos variáveis $696,00
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Unidade II
•
Despesas variáveis $204,00
• Total dos custos e despesas variáveis por unidade $900,00
• Custos e despesas fixas do período $560.000,00
Resolução
Vendas:
Com o uso da demonstração de resultado, comprova-se que no PE a empresa não terá lucro ou
prejuízo; contudo, se vender abaixo de 700 unidades, o prejuízo é inevitável, pois mostra que uma
quantidade vendida abaixo de 700 não é suficiente para cobrir a estrutura da empresa. Com vendas
acima dessa mesma quantidade, começa-se a formar o lucro do período.
É possível, dentro desta premissa (ferramenta de decisão empresarial), criar diversas variantes para o
ponto de equilíbrio por meio de inclusões e/ou exclusões de dados que compõem a fórmula original do
ponto de equilíbrio. Conforme aponta Martins (2003, p. 261), temos:
As variantes do ponto de equilíbrio também podem ser expressas tanto em quantidade quanto em
valor.
Lembrete
Denominamos ponto de equilíbrio operacional a quantidade de vendas que deve ser efetuada para
cobrir todos os custos e despesas fixas, deixando de lado os aspectos financeiros e não operacionais.
Portanto, o ponto de equilíbrio operacional considera somente os gastos que envolvem a atividade
operacional da empresa, representado pelos seguintes dados:
• receita de vendas;
• custos variáveis;
• despesas variáveis;
• custos fixos;
• despesas fixas.
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Unidade II
Fórmulas:
Exemplo
Utilizando os mesmos dados para o produto A, considerando que todos os gastos (custo e despesas)
são operacionais, temos o PE em quantidade:
Vendas:
Para formação do ponto de equilíbrio econômico, incluiremos as despesas financeiras excluídas das
receitas financeiras e ainda um lucro desejado. Sabemos que as despesas financeiras estão relacionadas
a juros sobre empréstimo obtido e até mesmo sobre pagamentos em atraso, o que significa dizer que não
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Assim, obteremos uma quantidade de unidades a ser produzida e vendida (ou o valor da receita de
vendas), que permita que a empresa cubra todos os gastos operacionais e financeiros e obtenha o lucro
esperado.
Fórmulas:
Ponto de equilíbrio em quantidade = Custos fixos totais + Desp. financeiras líquidas + Lucro esperado
Margem de contribuição unitária em valor
Exemplo
Utilizando os mesmos dados para o produto A e considerando que, além dos gastos operacionais, a
empresa apresenta as despesas e receitas financeiras e o lucro desejado, temos outro PE em quantidade:
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Unidade II
Vendas:
A finalidade do ponto de equilíbrio financeiro é demonstrar qual é a quantia (em dinheiro) necessária
para a empresa efetivamente pagar sua estrutura, qual é o volume de “caixa” de que a organização
necessita no período.
Sendo assim, a formação do ponto de equilíbrio financeiro poderá partir do ponto de equilíbrio
operacional ou do econômico, uma vez que, ao excluir os itens sem desembolso financeiro da fórmula
(por exemplo, a depreciação), o resultado obtido, independentemente de ser em quantidade ou em
valor de receitas, será menor em relação aos outros pontos justamente por desconsiderar os itens sem
desembolso em sua apuração.
Vale lembrar que a conjugação de variantes para formar o ponto de equilíbrio deverá atender às
necessidades empresarias.
Fórmulas:
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Ponto de equilíbrio em quantidade = (Custos fixos totais + Desp. financeiras líquidas + Lucro esperado) – Itens sem desembolso
Margem de contribuição unitária em valor
Exemplo
Utilizando os mesmos dados para o produto A e considerando que, além dos gastos operacionais, a
empresa apresenta as despesas e receitas financeiras, o lucro desejado e, ainda, o valor da depreciação
que faz parte dos custos e despesas fixas, temos agora outro PE em quantidade:
Vendas:
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Unidade II
A empresa não alcançou o lucro desejado de $95.00,00, mas sim um prejuízo. Como explicar? A
diferença entre o lucro desejado e a depreciação refere-se ao prejuízo do período:
7 ALAVANCAGEM OPERACIONAL
Alavancar significa um aumento sobre algo, por exemplo, a empresa precisa alavancar seu número
de clientes, ou houve uma alavancagem das despesas administrativas em relação ao trimestre anterior.
Conforme aponta Padovese (2000), a alavancagem operacional é mais uma ferramenta para a
decisão empresarial, no momento em que leva em consideração custo-lucro, evidenciado que não
há uma relação direta no aumento do volume de vendas no que diz respeito ao lucro obtido, pois o
envolvimento dos custos na operação precisa ser analisado cuidadosamente. Por um lado, temos os
custos e despesas fixos que não se alteram com o volume produzido e vendido; por outro, temos os
custos e despesas variáveis que oscilam de acordo com o volume produzido e vendidos.
Alavancagem operacional é, portanto, uma medida de extensão que mostra o quanto uma alteração
no nível de vendas representa no acréscimo do lucro, denominada de Grau de Alavancagem Operacional
(GAO).
A partir da apuração do GAO, os gestores terão como saber, rapidamente, qual o impacto no lucro
em relação a um determinado aumento no volume produzido e vendido.
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Fórmulas:
Exemplo
Para melhor entendimento, tomaremos os dados apresentados para formação do ponto de equilíbrio
estudado anteriormente, partindo de um lucro obtido com o produto A, ao nível de 1000 unidades:
Observação
I − Apurar por meio da demonstração de resultado o lucro obtido para um nível de 1000 unidades.
II − Apurar o GAO.
III − Com um acréscimo em 10% sobre as vendas, qual será o percentual de acréscimo no lucro?
Resolução
I − Apurar por meio da demonstração de resultado o lucro obtido para um nível de 1000 unidades.
Vendas:
II − Apurar o GAO:
III − Com um acréscimo em 10% no volume de vendas, qual será o percentual de acréscimo no lucro?
Tabela 19
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Todos os componentes das fórmulas poderão ser trabalhados de forma a alavancar o resultado
líquido da empresa. Cada um deles permite ao controller um estudo aprofundado e políticas estruturadas
ou aplicações momentâneas, possibilitando alterações de forma a aumentar o lucro da companhia,
conforme aponta Padovese (2000).
Assim, podemos entender que quaisquer alterações nos itens que compõem a margem de contribuição
influenciarão na alavancagem operacional. Os itens são:
• quantidade produzida/vendida;
Alterações em quaisquer desses fatores provocarão variações no resultado líquido da empresa, para
mais ou para menos. Vejamos alguns exemplos, tomando sempre como base as informações iniciais para
o Produto A (exemplos não serão sucessivos). Apresentaremos a demonstração de resultado para cada
hipótese a fim de melhor entendimento sobre o assunto:
Para melhor entendimento, faremos uma simulação no preço de venda unitário, mantendo os outros
componentes constantes:
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Unidade II
Tabela 20
Vendas Vendas
1.000 un. x $1.734,00 $1.734.000,00 1.000 un. x $1.700,00 $1.700.000,00
• há constância nos outros componentes: tanto na quantidade (1.000 unidades) quanto nos valores
dos custos e despesas variáveis, bem como nos custos e despesas fixas;
As decisões empresariais ocorrem o tempo todo, mas devem ser pautadas em relatórios úteis e
precisos, elaborados, na sua maioria, pelo departamento de contabilidade (ou para as organizações de
grande porte, pela controladoria) e sempre voltados às necessidades de cada usuário das informações
contábeis.
Logo, podemos buscar em diversas ferramentas as informações que melhor atendam a tais
necessidades; a margem de contribuição é uma delas, pois, por apresentar a potencialidade de
cada produto (ou linha de produto), tanto para cobrir a estrutura da empresa (custos e despesas
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CONTABILIDADE GERENCIAL
fixas) quanto para a formação do lucro do período, mostra-se uma ferramenta indispensável para
a gestão de qualquer organização pequena, média ou grande.
Nessa linha de raciocínio, podemos buscar na margem de contribuição informações quanto aos
fatores escassos que limitam a produção e, consequentemente, o lucro do período; por exemplo, redução
na compra de matérias-primas por motivo financeiro, de espaço para armazenamento ou mesmo de
retratação da economia.
A partir do exemplo elaborado por Martins (2003, p. 187), passo a passo apresentaremos
a margem de contribuição sem fatores limitantes e, em seguida, apontaremos uma das mais
diversas limitações da capacidade de produção e a utilização da margem de contribuição no
processo decisório.
Certa empresa fabricante de barracas para camping produz quatro modelos diferentes: A, B, C e D.
Tabela 21
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Unidade II
Tabela 22
Total $100.000
Critério de rateio adotado para a alocação dos custos indiretos fixos aos produtos, à base da mão de
obra direta.
Tabela 23
A 80 60 20
B 72 50 22
C 140 116 24
D 48 40 8
O produto C é o que apresenta maior margem de contribuição; logo, ele contribuirá mais para a
amortização dos gastos fixos (custos e despesas) da empresa, devendo, assim, ter uma atenção especial
para o incremento nas vendas da “barraca de camping modelo C”.
O exemplo nos mostrou que o modelo C da barraca de camping é o produto que apresenta a
maior margem de contribuição ($24 por un.) e maior potencialidade para cobrir a estrutura da
organização. Contudo, estamos fazendo uma análise sem qualquer tipo de fator de restrição,
ou seja, considerando o volume de produção programado para os quatro modelos de barraca,
bem como todo o custo de produção. Entretanto, no momento em que a empresa se vê numa
situação de reduzir o volume de produção, quer pela diminuição da demanda em relação ao
mercado atuante, por insuficiência financeira para adquirir matérias-primas, por exemplo, ou por
quaisquer outros motivos, estamos diante de um fator de restrição.
Quando a empresa se depara com um fator de restrição, terá que reduzir seu volume de
produção (e, consequentemente, a sua venda e o lucro do período). Mas como escolher o
produto que terá sua produção reduzida? Deveríamos escolher aquele que oferece menor
margem de contribuição? No caso, seria o produto D, que tem uma mc de $8; está correta
nossa decisão?
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Resposta
Antes de tomarmos esta decisão, precisamos de mais informações, além da margem de contribuição
por produto; por exemplo, qual é a previsão de demanda de cada produto? Qual é nosso nível de
capacidade produtiva?
Vamos aos dados: de acordo com uma pesquisa de mercado, a demanda de cada modelo de barraca
de camping é a seguinte:
Tabela 24
Modelo Demanda
A 3.300 un.
B 2.800 un.
C 3.600 un.
D 2.000 un.
Tabela 25
Vamos analisar duas hipóteses: a primeira seria reduzir o volume da produção do modelo D
por apresentar a menor margem de contribuição; a segunda hipótese seria reduzir o volume do
modelo C, pois é o modelo do qual se leva mais tempo para produzir uma unidade, ou seja, 11,00
horas-máquinas.
6.150 h = 1.757* un. Ou seja: da demanda de 2.000 – 1.757 = produção de 243 un. 3,5 h/un.
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Unidade II
6.150 h = 559* un. Ou seja: da demanda de 3.600 – 559 = produção de 3.041 un. 11,00 h/ un.
(*) Aproximadamente.
A decisão só será possível quando se apurar a margem de contribuição total e sua amortização em
relação aos gastos fixos (custos e despesas), chegando-se, portanto, ao lucro total do período.
Tabela 26
Margem Margem de
Modelo Quantidade contribuição contribuição
por un. total
A 3.300 $20 $ 66.000
B 2.800 22 61.600
C 3.600 24 84.600
D 243 8 1.944
Tabela 27
Margem Margem de
Modelo Quantidade contribuição contribuição
por un. total
A 3.300 $20 $ 66.000
B 2.800 22 61.600
C 3.041 24 72.984
D 2.000 8 16.000
Resposta: reduzir a produção do modelo C, por garantir um maior lucro em relação ao modelo D.
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Estaria correta a nossa resposta? Apurar o lucro total para todos os modelos não seria mais viável?
E se tivéssemos muitos modelos de barraca de camping em nossa produção, quanto tempo levaríamos
para obter essa resposta?
Podemos entender que essa não é a melhor maneira de chegarmos à solução rápida e confiável;
sendo assim, devemos utilizar a ferramenta chamada “margem de contribuição pelo fator limitante”:
significa dizer que, independentemente do tipo de limitação (redução da matéria-prima, redução de
pessoal, de máquinas etc.), a forma de apurarmos o produto que terá reduzida sua fabricação e ao
mesmo tempo obter a maximização do lucro dependerá da margem de contribuição em relação ao fator
limitante.
Vamos aos cálculos: para o exemplo exposto, o fator limitante é o número de horas-
máquinas, por exceder a capacidade produtiva da empresa, ou seja, a demanda dos quatro modelos
de barraca de camping equivale a 103.150 horas-máquinas, enquanto a empresa disponibiliza
somente 97.000 horas-máquinas, apresentando o excedente de 6.150 horas-máquinas. Assim,
teremos:
Análise: o produto que apresentar a menor margem de contribuição após o fator limitante é que
deverá ter sua produção reduzida.
Tabela 28
Margem
Modelo contribuição Tempo de fabricação Margem de contribuição
horas por un. por hora-máquina
por un.
Observação
Resposta sobre qual modelo de barraca deverá ter sua produção reduzida: o modelo A, por
apresentar a menor margem de contribuição pelo fator limitante: R$2,11 por unidade.
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Unidade II
6.150 h = 647* un. Ou seja: da demanda de 3.300 – 647 = produção de 2.653 und. 9,50 h/un.
(*) Aproximadamente.
Tabela 29
A 25.200
9,50 2.653 25.200
B 9,00 2.800
C 39.600
11,00 3.600 7.000
D 3,50 2.000 97.000
8.1.3 Decisões táticas: comprar x produzir, investir x alugar, decisão sobre substituição
de equipamentos
As decisões táticas do tipo comprar ou produzir, investir ou alugar e sobre o momento de substituir
os equipamentos da produção devem buscar respostas na área de custos, mas não serão as únicas.
No caso de comprar ou produzir, além da análise sobre a formação do custo de produção e o preço
de adquirir o produto pronto, itens como qualidade, durabilidade e garantias devem ser considerados
no momento da decisão. Uma vez que teremos um produto similar ao nosso, portanto, desconhecendo
todo o processo produtivo, a confiabilidade que o cliente depositou em nossa empresa não poderá ser
comprometida (no caso de revendermos um produto similar ao nosso).
Podemos analisar o exemplo apontado por Iudícibus (2008, p. 257-258): certa empresa vende seu
produto a $469,12 e tem uma demanda garantida de 5009 unidades/mês. Está em dúvida se deve
continuar a produzi-lo ou comprar a peça e revender a seu cliente; a opinião do contador neste momento
deverá ser ouvida, e assim teremos os seguintes dados para a decisão:
Tabela 30
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Caso optássemos pela aquisição das peças, teríamos uma redução de $87.960 equivalente à
depreciação e aos seguros dos equipamentos não utilizados para fabricação de tais peças. A princípio, a
decisão de adquirir as peças é mais atrativa, mas (conforme já citado) teríamos que avaliar:
Sobre a decisão no momento mais adequado para a substituição dos equipamentos, além da análise
financeira sobre uma aquisição à vista ou a prazo, análises sobre a aceitação do nosso produto no
mercado seriam importantes. Também teríamos que nos preocupar com a manutenção preventiva,
com o seguro, com o treinamento para os funcionários, enfim, uma gama de análises deverá ser feita,
respeitando as necessidades de cada empresa/segmento e tendo sempre em foco a maximização do
lucro da organização. Portanto, a análise do possível retorno sobre esse investimento é imprescindível
para a decisão.
O exemplo apresentado por Iudícíbus (2003, p. 260-263) nos mostra dois métodos que auxiliarão na
tomada de decisão sobre substituir um equipamento. São eles:
1ª metodologia da taxa de retorno ajustada no tempo: é a taxa que iguala o valor investido ao
valor atual das economias de despesas de desembolso:
• utiliza tabelas de valor atual e computa a taxa de retorno ajustada pelo tempo por tentativa e erro
(interpolação);
• se a taxa assim calculada igualar-se à ou exceder a taxa mínima de retorno desejado, aceitamos
a alternativa; caso contrário, não.
2ª metodologia do valor atual líquido: a partir de uma taxa mínima desejada de retorno, compara-
se com a taxa de retorno ajustada no tempo:
• calculamos o valor atual líquido dos fluxos futuros utilizando, como taxa de desconto, a taxa
mínima de retorno desejada;
• se o valor atual líquido for zero ou positivo, poderemos aceitar o projeto; caso contrário, não.
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Unidade II
Exemplo
Logo, a verdadeira taxa ajustada está entre 6% e 8%, e a diferença entre 11,470 e 9,818 é de 1,652,
que equivale a 2%. Por interpolação, corresponde a:
Esta taxa de 7,36% a.a. deve ser comparada com a taxa de juros sobre os recursos tomados
emprestados. Sendo a captação de recursos inferior a ela, o projeto será lucrativo; caso contrário, não.
Tomando-se os mesmos dados anteriores, iremos apenas substituir o valor de $300.000,00 por uma
incógnita, e o x% será substituído pela taxa desejada de retorno escolhida, de 6% a.a.
60
CONTABILIDADE GERENCIAL
Assim temos:
Logo, o projeto é favorável, pois o valor atual computado é superior ao custo de investimento.
Observação
É notória a importância de uma contabilidade gerencial para a decisão empresarial, mas abordar
todos os assuntos seria uma tarefa de impossível alcance, uma vez que as necessidades empresariais são
típicas a cada momento. Mesmo assim, um assunto (embora de maneira não aprofundada) não poderia
ficar de lado: a perda do poder aquisitivo.
Não importa o índice inflacionário escolhido, a representação dessa perda precisa ser considerada
ao analisarmos a formação do resultado empresarial. Assim, a contabilidade de custos torna-se limitada
caso não agregue em sua apuração a inflação medida, tanto pelo índice escolhido pela alta direção
ou mesmo aquele que mais reflita a perda inflacionária, quando considera-se a atividade em questão
(talvez seja esta a maneira mais adequada de analisar a redução do valor empresarial pela inflação).
Tomamos como exemplo uma simples operação de compra e venda de mercadorias para analisarmos
os efeitos inflacionários, considerando os custos originais, os custos originais corrigidos e o custo de
reposição (o valor que a empresa precisa ter para repor aquele estoque que foi vendido e assim dar
continuidade às suas operações).
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Unidade II
Ativo Passivo
Circulante Patrimônio líquido
Mercadorias 100.000,00 Capital social 100.000,00
1º trimestre: 31.03.x1
2º trimestre: 30.06.x1
Vendas $105.000,00
( - ) CMV 60.000,00
( = ) Lucro 45.000,00
Ativo Passivo
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Vendas $105.000,00
( - ) CMV 69.600,00 (*)
( = ) Lucro 35.400,00
(*) Aquisição das mercadorias foi em 31.12.X0 a $100.000,00, e o índice geral de preços era de $100
em 30.06.X1, data da venda. Portanto, apuração do CMV, o IGP passou para $116: $60.000,00/100 x 116
= $69.600,00 → CMV corrigido.
Observação
1º trimestre: 31.03.x1
O custo de reposição está em $112.000,00; logo temos um ganho de $12.000,00 nos estoques
(compramos as mercadorias por $100.000,00 e agora estão valendo $112.000,00).
2º trimestre: 30.06.x1
63
Unidade II
Passivo 100.000,00
Patrimônio líquido
Capital social
Lucros 100.000,00 100.000,00
.................... 12.000,00 55.000,00
Total do passivo 100.000,00 112.000,00 155.000,00
64
CONTABILIDADE GERENCIAL
(1) Ganho não realizado = o custo histórico dos estoques de $100.000,00 em 31.12.X0 a 31.03.X1
tem um custo de reposição de $112.000,00.
Este, por sua vez, deverá ser representado, em 30.06.X1 (data da venda das mercadorias):
$112.000,00/107 x 116 = $121.420,56.
Comparando com $100.000,00 também trazido a valor presente em 30.06.x1, temos: 100.000,00/100
x 116 = $116.000,00; assim, $121.420,56 - $116.000,00 = $5.420,56.
(2) Diminuição do ganho não realizado = o valor remanescente do estoque, a preço de reposição,
era de $50.000,00 (40% de $125.000,00 de 31.03.X1 a 30.06.X1); este é um valor já ajustado ao nível de
30.06.X1, pois é o preço de reposição.
Assim, entre 31.03.X1 e 30.06.X1, houve um decréscimo desta conta de $5.420,56 para $3.600,00,
ou seja, de $1.820,56.
(3) Economia do custo significa a diferença entre o custo das vendas a preços de reposição e
custo histórico. Os $75.000,00 já estão corrigidos, pois representam 60% do custo de reposição
($125.000,00). Falta corrigir os $60.000,00, ou seja, 60% de $100.000,00 (este foi formado em
31.12.X0); assim, temos: $60.000,00 / 100 x 116 = $ 69.600,00; logo $75.000,00 - $69.600,00 =
$5.400,00.
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Unidade II
A B C D
Histórico Hist. x Infl. Reposição Rep. X Infl.
Lucro operacional 45.000,00 35.400,00 30.000,00 30.000,00
Lucro realizado 45.000,00 35.400,00 45.000,00 35.400,00
Lucro líquido 45.000,00 35.400,00 55.000,00 39.000,00
Lucro não realizado - - 10.000,00 3.600,00
Pelo exemplo, vimos o quanto é importante o contador gerencial ou controller conhecer e acompanhar
tanto os efeitos inflacionários quanto as alterações provocadas pelo mercado em relação aos preços dos
estoques, um dos principais investimentos da empresa. Ou seja, é importante perceber quando se perde
ou ganha em manter estoques (preço de reposição) e ainda, em termos de novos investimentos, em
qual resultado o gestor deverá se apoiar para dar continuidade às operações empresariais, buscando a
maximização do lucro.
Segundo Iudícibus (2003), o conceito apresentado no item B para formação do lucro é o mais
razoável, principalmente pela sua aplicabilidade; mas quando comparado com o D, vemos quantas
informações deixamos de ter; logo, é o conceito D que melhor deve atender às necessidades do tomador
de decisão neste momento.
Entendemos que a correção dos balanços não perdeu seu espaço, mesmo com a aplicação da Lei nº
11.638/07, que colocou o Brasil no cenário econômico mundial em termos de investimentos no mercado
acionário, com a Nova Lei Contábil (como assim ficou chamada) alterando toda a forma de avaliar as
operações contábeis e, consequentemente, trazendo uma nova roupagem para a contabilidade financeira
ao exigir que os Pronunciamentos Contábeis (CPCs, como estão sendo conhecidos) sejam considerados
para a elaboração das demonstrações contábeis, atendendo, portanto, às Normas Internacionais de
Contabilidade (NICs). Por menor que seja a perda do poder aquisitivo (inflação), ela deverá ser incorporada
à formação do resultado empresarial.
Saiba mais
Há diversas empresas no Brasil que mantêm programas de visitas e suas fábricas
ficam abertas ao público. Se possível, inscreva-se em uma dessas visitas. Um bom
exemplo é o programa de visitas da Volkswagen. Informe-se em:
COMO faço para visitar a fábrica Volkswagen. Volkswagen. [s.d.]. Disponível
em: <http://www.vw.com.br/pt/fale_conosco/perguntas_e_respostas/
informacoes_duvidas/como_faco_para_visitarafabricavolkswagen.html>.
Acesso em: 20 jan. 2015.
66
CONTABILIDADE GERENCIAL
Resumo
É muito importante saber que nem sempre será você, como contador(a),
que fará essas análises, mas sim os gestores. É claro que eles poderão pedir
também para que você faça as análises e as apresente, mas em ambos os
casos observe que é um bom hábito se antecipar aos fatos. Faça sempre
a seguinte pergunta: “o que esse pessoal está realmente precisando”? E
desenvolva as análises nesse sentido.
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Unidade II
Exercícios
III – Foca nos fatores que afetam uma mudança nos componentes de lucro.
IV – Aborda problemas como o número de unidades que precisam ser vendidas para atingir o ponto
de equilíbrio.
B) IV.
C) I, III e IV.
D) II e III.
E) I, II e III.
I – Alternativa correta.
II – Alternativa correta.
Justificativa: uma vez que se trata de um instrumento utilizado para projetar o lucro que seria obtido
por diferentes níveis possíveis de produção e vendas, bem como para analisar o impacto sobre o lucro
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CONTABILIDADE GERENCIAL
Justificativa: apresenta os fatores que impactam no lucro, uma vez que o lucro é o parâmetro de
resultado da empresa, por meio da projeção dos diferentes níveis possíveis de produção e vendas, bem
como em função de modificações no preço de venda, nos custos ou em ambos.
IV – Alternativa correta.
Sabendo-se que o custo da mão de obra aumentou de 20% e que os demais custos e a quantidade
produzida não foram alterados, pode-se afirmar que a empresa, para manter a mesma margem de lucro
praticada antes do aumento salarial terá que vender cada unidade produzida por:
A) R$ 2,10.
B) R$ 2,12.
C) R$ 2,15.
D) R$ 2,20.
E) R$ 2,40.
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REFERÊNCIAS
COMO faço para visitar a fábrica Volkswagen. Volkswagen. [s.d.]. Disponível em: <http://www.vw.com.br/pt/
fale_conosco/perguntas_e_respostas/informacoes_duvidas/como_faco_para_visitarafabricavolkswagen.
html>. Acesso em: 20 jan. 2015.
CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, E.; ROCHA, W. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados sob diferentes
perspectivas. São Paulo: Atlas, 2010.
PINHEIRO, P. R.; SCHMIDH, P.; SANTOS, J. L. dos. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas,
2007.
Exercícios
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cargos de Administrador Hospitalar 2018. Questão 47. Disponível em: <https://www.qconcursos.
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Unidade II – Questão 1: GRUPO MAKIYAMA. Auditor Jr. 2012. Questão 38. Disponível em:
<https://www.qconcursos.com/arquivos/prova/arquivo_prova/31579/makiyama-2012-cptm-
auditor-junior-prova.pdf>. Acesso em: 5 out. 2018.
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Unidade II – Questão 2: FUNDAÇÃO CEPERJ/SEFAZ. Analista de Controle Interno 2013. Questão
78. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/files-s3.iesde.com.br/resolucaoq/prova/prova/28743.
pdf>. Acesso em: 5 out. 2018.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000