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COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER À

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 287-A, DE 2016, DO PODER


EXECUTIVO, QUE "ALTERA OS ARTS. 37, 40, 42, 149, 167, 195, 201 E 203 DA
CONSTITUIÇÃO, PARA DISPOR SOBRE A SEGURIDADE SOCIAL,
ESTABELECE REGRAS DE TRANSIÇÃO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS"
Altera os arts. 37, 40, 109, 149, 167, 195, 201 e 203 da Constituição, para dispor sobre a
seguridade social, estabelece regras de transição e dá outras providências.

AUTOR: Poder Executivo.

RELATOR: Deputado Arthur Oliveira Maia.

VOTO EM SEPARADO

BANCADA DO PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA


(PSDB)

I - RELATÓRIO

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) sempre se mostrou


inteiramente compromissado com as reformas estruturais que tornem a nossa economia
mais competitiva e proporcionem mais bem-estar para todos os brasileiros. Em todos os
momentos da vida brasileira, desde a redemocratização até aqui, tivemos postura de
protagonismo, sem jamais assumir posições que muitas vezes pudessem ser contestadas
por grupos de poder e corporações muito poderosas.

Criamos o Plano Real, que sob a parceria de Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso debelou definitivamente a inflação e foi capaz de dar pela primeira vez na
história do Brasil, a tão sonhada estabilidade econômica. Todavia, o Plano Real era
apenas o começo de toda uma série de mudanças estruturantes que deveriam e ainda
precisam ser feitas no Brasil, a exemplo de reformas estruturais no nosso sistema de
tributos e, sobretudo, no regime de pensões e aposentadorias.

No governo Fernando Henrique Cardoso, tivemos a coragem de enfrentar as


grandes corporações e demos o primeiro passo para a solução do gravíssimo déficit da
Previdência, ao instituir um novo regime de cálculo sobre as aposentadorias. Também
tivemos um papel importante no gravíssimo problema do déficit da Previdência, ao criar
em 1999, a Lei de Responsabilidade Fiscal, disciplinando em seu art. 24, que nenhum
benefício ou serviço relativo a seguridade social - colocando os benefícios ou serviço
de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores
públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas – poderá ser criado, majorado
ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total.
Sabemos que a Reforma da Previdência é de difícil discussão e que,
independentemente da orientação político-ideológica, qualquer partido que ascenda ao
poder, sabe da necessidade de sua efetivação. O governo Lula e o PT, que hoje critica
tão ferozmente a Reforma, não hesitou em expulsar seus próprios colegas de partido,
para aprovar a taxação de 11% dos servidores inativos e ao fixar uma idade mínima para
aposentadoria dos servidores públicos.

Cabe lembrar ainda que, durante 13 anos, os governos do PT não seguiram a rota
trilhada pelo nosso projeto, não colocando em pauta nenhuma proposta que colocasse
como prioridade a melhoria das pensões e aposentadorias em equilíbrio com o bom uso
do dinheiro provindo do Orçamento Público. Pelo contrário, Lula e Dilma não fizeram
as reformas estruturais que este país tanto necessitava, jogaram o Brasil na mais grave
crise econômica do regime republicano e deixaram a irônica marca de 13 milhões de
desempregados. Isso sem falar na deterioração cada vez maior do sistema de
pensões e aposentadorias, com o agravamento do déficit da Previdência.

Nesse sentido, não se pode falar em pagamento integral da seguridade social


sem um regime de equilíbrio fiscal fortalecido que combata a inflação, promova o
crescimento econômico, garanta a geração de novos empregos e especialmente, dê
segurança que aposentados e pensionistas receberão seus benefícios com dignidade.

Tendo em vista esse panorama, em relação a PEC N° 287/2016 e dado o nosso


compromisso histórico com as reformas e com a modernização do modelo de
aposentadoria do Brasil, o PSDB defende uma Reforma da Previdência que seja capaz
de mitigar os efeitos do déficit fiscal no Brasil, bem como, dê condições para que o
governo possa pagar as aposentadorias das pessoas no futuro.

Nesse sentido, em decorrência de alterações na conjuntura social do Brasil nas


ultimas décadas, analisa-se o fato de que a Previdência registra rombo bilionário e
crescente: gastos saltaram de 0,3% do PIB, em 1997, para projetados 2,7%, em 2017.
Em 2016, o déficit do INSS chega aos R$ 149,2 bilhões (2,3% do PIB) e em 2017,
somou em R$ 182,4 bilhões. O rombo é o maior desde o início da série histórica, em
1995. Assim, as despesas com o pagamento de benefícios previdenciários têm
aumentado em ritmo muito superior ao do aumento das receitas, o que faz com que,
nesse cenário, a conta não feche e o déficit da Previdência seja maior a cada ano.

A fim de explanar tamanho aumento considerando a mudança no quadro


demográfico brasileiro, tem-se que a despesa do Governo Federal com Previdência do
Regime Geral e do Regime de Servidores Públicos em 1997, equivalia, em valores
atuais, a R$ 216 bilhões e passou para R$ 619 bilhões em 2016, um crescimento de
5,7% acima da inflação a cada ano, ou de 186% no período. No âmbito da despesa
primária – ou seja, de tudo o que o Governo Federal gasta, exceto juros –,
aposentadorias, pensões e BPC (Benefício de Prestação Continuada) representaram, em
2016, 54%.
A questão é que os brasileiros estão vivendo mais, a população tende a ter mais
idosos, e os jovens, que sustentam o regime, estão diminuindo, de modo a se fazer
indispensável uma mudança de paradigmas para evitar a falência do sistema. Estima-se
que, sem mudar as regras atuais, o gasto federal com aposentadorias, pensões e BPC em
2026, em valores atuais, será R$ 113 bilhões maior. Mesmo que não houvesse teto de
gastos, e a despesa primária pudesse subir livremente, previdência e BPC passariam a
representar 64% do gasto total não financeiro, comprimindo todas as demais despesas.

Ademais, tendo em vista o gasto total do Brasil com aposentadorias e pensões,


incluindo Estados e municípios, a despesa equivale a 13% do Produto Interno Bruto
(PIB). Levando em conta as projeções de população do IBGE, este gasto em 2060
poderá atingir 23% de tudo o que o país produz em um ano (PIB) – valor muito superior
ao padrão internacional.

Destarte, a reforma visa diminuir a pressão da Previdência no orçamento federal


e com o equilíbrio das contas, o Governo terá mais recursos para investir em outras
ações e a dívida pública irá diminuir. Ficará estabelecido um ambiente que possibilitará
a queda das taxas de juros e maior disponibilidade de recursos para que as empresas
ampliem seus investimentos e as famílias tomem crédito para financiar a compra da
casa própria ou de bens duráveis, elevando o investimento total e promovendo o
crescimento da economia nos próximos anos. Nesse viés, a reforma é essencial para
evitar que os governos federal e estaduais quebrem e o Brasil volte a crescer e gerar
empregos e renda.

2. VOTO

O projeto vindo do Executivo atende em diversos aspectos, o entendimento do


PSDB sobre a Reforma da Previdência. Entretanto, não concordamos com o caráter
fiscalista de tal propositura. Esta Reforma deve sim se preocupar com a
responsabilidade fiscal e com o equilíbrio das finanças públicas, mas não pode deixar de
priorizar os menos favorecidos, os servidores públicos que desempenham atividades
insalubres a exemplo dos policiais e dos profissionais de saúde e, sobretudo, a transição
para o novo regime de pensões e aposentadorias deve respeitar um período de tempo
que seja compatível para aqueles que planejam se aposentar mais precocemente.

Nesse sentido, em adendo a proposta do Governo Federal sobre um novo regime


de seguridade social atinente ao equilíbrio fiscal e a preservação dos direitos sociais dos
brasileiros, o PSDB possui algumas propostas que venham a complementar o texto do
Relatório Final:

a) Continuidade do pagamento do benefício integral na aposentadoria por


invalidez, independentemente do lugar onde o problema ocorreu;
b) Possibilidade de que os beneficiários possam acumular benefícios como
pensão e aposentadoria até o teto do INSS;
c) Regra de transição especial (com pagamento de pedágio) para que os
servidores que ingressaram no sistema até 2003 possam ter integralidade e
paridade, mesmo reajuste salarial dos ativos, sem ter que cumprir idade
mínima de 65 anos para homem e 62 anos para mulher
d) Acrescenta § 4º-B à redação atribuída pela PEC ao art. 40 da Constituição,
para determinar que a lei defina regras de cálculo, idade, contribuição e
reajustes para aposentadoria de servidores que exercem atividades de risco,
"além dos servidores integrantes dos órgãos constantes no art. 144, cujo risco
é inerente à atividade que exercem";
e) Altera a redação atribuída pela PEC ao § 1º do art. 201 da Constituição, para
determinar que também em favor de segurados do regime geral de
previdência social que exerçam atividades de risco seja deferida
aposentadoria com critérios diferenciados;
f) Altera o inciso II do § 4º do art. 40 da Constituição, revogado pela PEC, com
o intuito de estabelecer aposentadoria com critérios diferenciados para as
categorias de segurança pública, previstas no art. 144 da Constituição, os
agentes penitenciários e os servidores das Assembleias Legislativas, da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal dedicados a atividades policiais,
em decorrência dos riscos inerentes à atividade.

Por conseguinte, a proposta de “reforma” do governo, aprofundada pelo relator


nesta Comissão, está focalizada na manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial dos
regimes da previdência no longo prazo. Está plenamente verificada o atendimento aos
princípios, direitos e garantias fundamentais, que liberam o prosseguimento da
deliberação sobre a presente proposta de emenda à Constituição 287/2016, para a
constitucionalidade da mesma.

Sala da Comissão de Constituição e Justiça, 08 de agosto de 2018

Renan Rodrigues Pessoa – PSDB-RN

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