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CDD-700.7
Créditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organização: Instituto Arte na Escola
Coordenação: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação
MAPA RIZOMÁTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola
Concepção: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Concepção gráfica: Bia Fioretti
Ficha técnica
Gênero: Documentário.
Palavras-chave: Pintura; coleção; museu; concepções de ensino
de arte; história do Brasil; artistas viajantes; academia; heranças
culturais; cultura brasileira.
Foco: Conexões Transdisciplinares
Tema: A história da arte a partir do acervo da coleção da família
Fadel.
Personalidades abordadas: Rugendas, Debret, Pedro Américo,
Victor Meirelles, Baptista da Costa, Estêvão da Silva, Georg
Grimm, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, entre outros.
Indicação: A partir do 6º ano do Ensino Fundamental.
Nº da categoria: CT-B-18
Direção: Zelito Viana.
Realização/Produção: Mapa Filmes, Rio de Janeiro.
Ano de produção: 2004.
Duração: 21’.
Coleção/Série: Arte para todos.
Sinopse
O século XIX tem como marca uma produção artística brasilei-
ra com forte influência estrangeira. Porém, há também nessa
época artistas que buscam uma interpretação própria da arte.
Essas reflexões fazem parte deste documentário que conta a
história da arte brasileira a partir do enfoque dado pela coleção
de Hecilda e Sérgio Fadel. A formação das academias de belas
artes e as influências das políticas coloniais na formação cultural
do nosso país são comentadas também por críticos de arte e
historiadores.
O passeio da câmera
A definição da arte do século XIX para o crítico de arte Italo
Campofiorito e para o restaurador Cláudio Valério inicia o
documentário. São eles que comentam obras e artistas neste
documentário, que apresenta também a professora de História da
Arte Maria Beatriz de Mello e Souza e Marta Fadel, advogada e
filha dos colecionadores Hecilda e Sérgio Fadel, que conta sobre
o início da coleção e o interesse de seus pais pela arte brasileira,
sobretudo pelos artistas viajantes do século XIX.
D. João VI e a vinda da Família Real ao Brasil são ressignificados
neste documentário que mostra o Jardim Botânico do Rio de
Janeiro e os empreendimentos de D. João VI no Brasil, como
a vinda da Missão Artística Francesa patrocinada pelo monarca
que gerou a criação da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba).
Comentários são feitos sobre as obras de Debret, Victor Mei-
relles, Pedro Américo, além dos pintores negros do século XIX,
focalizando Estêvão da Silva, pintor de frutas, que protagonizou
à época o primeiro happening da arte brasileira, colocando frutas
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Os olhos da Arte
Academia. Com esta palavra, o crítico de arte Italo Campofiorito
define a arte do século XIX. A forma acadêmica baseada na
imitação da natureza vinda com a Missão Artística Francesa em
1816 modificou a estrutura do ensino artístico no Brasil, com
forte inspiração neoclássica.
Até o início do século XIX o ensino de arte no Brasil ocorria de
modo informal e artesanal em oficinas de artistas. As academias
inicialmente surgidas na Itália e depois na França exerceram
influência em toda a Europa, desenvolvendo um conceito de
ortodoxia estética no ensino. Nikolaus Pevsner (2005, p. 334)
nos mostra que elas “nasceram em Florença no momento em que
surgiam o absolutismo e o maneirismo, um estilo caracterizado
pela rigidez de suas composições [...] se difundiram pela Europa
na segunda metade do século XVIII, quando por toda a parte os
príncipes imitavam as instituições francesas e as novas regras
do movimento neoclássico se impuseram na arte”.
Lilia Moritz Schwarcz, na introdução à edição brasileira do referido livro
de Pevsner (2005, p. 9) informa que no final do século XVIII, uma típica
academia de artes deveria ter um acervo de pinturas, gravuras e:
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meios
aprender com os mestres, tradicionais
aprender com outros artistas,
referências culturais aprendiz de arte artes
visuais
qual FOCO? Formação: Processos
de Ensinar e Aprender
qual CONTEÚDO?
o que PESQUISAR? Linguagens
Artísticas
Saberes
bens simbólicos
Estéticos e
Culturais
bens patrimoniais materiais, academia, arte brasileira,
museu missões artísticas e científicas no Brasil;
artistas viajantes
história da arte
Conexões
Transdisciplinares prêmios, bolsa de estudo
política cultural
Zarpando
arte e ciências
humanas
história do Brasil
criação. Os registros podem se tornar ensaios fotográficos
ou se transformar em desenhos, pinturas, colagens...
A forma e o conteúdo são aspectos a serem explorados
na experimentação poética. A forma acadêmica prescindia
do modelo, da imitação da natureza, exigindo estudo de
observação e um apuro técnico primordialmente na linguagem
do desenho, considerado pela academia mais importante
que a cor. A proposição seria organizar no espaço da sala
de aula um ateliê. No centro podem ser colocados objetos,
frutas, modelos vivos para serem observados por todos
que se posicionarão em volta. Como as poéticas pessoais
se revelam nesse tipo de trabalho? Há preocupação com o
desenho realista? Que outras ações expressivas podem ser
imaginadas a partir desses modelos?
Ampliando o olhar
O crítico de arte Italo Campofiorito menciona em um dos
depoimentos o embate acadêmico entre Pedro Américo e
Victor Meirelles a partir das obras Batalha do Avahy (hoje
Avaí) e Batalha dos Guararapes. Para Italo, os dois artistas são
grandes mestres da pintura no século XIX, porém a crítica aca-
dêmica considera Pedro Américo melhor que Victor Meirelles.
Segundo Italo, isso se deve ao fato de que a forma de Pedro
Américo chegou mais perto do modelo formal francês. Uma
leitura das imagens das obras mencionadas poderia ajudar na
ampliação do conceito de forma acadêmica no século XIX.
O pintor negro de naturezas-mortas Estêvão da Silva prota-
gonizou, segundo Italo Campofiorito, o primeiro happening na
arte brasileira ao colocar atrás de seus quadros pinturas de
frutas, maracujás e abacaxis verdadeiros que exalavam seu
perfume durante uma exposição. Para Italo, Estêvão era um
cidadão curiosíssimo que, certa ocasião, recebeu em uma
concorrência estabelecida por D. Pedro II a premiação com o
segundo lugar. Porém, não satisfeito, foi reclamar com o impe-
12 rador, pois não era escravo, mas pintor e aluno da Academia
Valorizando a processualidade
O processo vivenciado com a forma acadêmica na arte do século
XIX pode desencadear reflexões sobre o conhecimento apropriado
por alunos e professores. Questionar em grande grupo sobre os
momentos significativos dessa experiência pode revelar o que
aprenderam nos trajetos pedagógicos percorridos com o docu-
mentário. Perceber os avanços no conhecimento sobre academia,
arte acadêmica, rigor formal na representação, a história do Brasil e
a Missão Artística Francesa proporciona intersecções importantes
na compreensão das influências estéticas daquele período que
podem ser comentadas e valorizadas nesse processo. Houve nas
conversas avanços na compreensão sobre a forma acadêmica
do século XIX apresentada no documentário? A experimentação
com a linguagem do desenho e da fotografia ampliou olhares
para o foco saberes estéticos e culturais? Como foram perce-
bidos os comentários no documentário? Eles reverberaram nos
comentários sobre os trabalhos, visuais e textuais, produzidos
pelos seus alunos? Quais os sentidos despertados com a arte do
século XIX? Como organizaram suas produções no caderno de
trajetos e no livro de artista? Quais critérios foram adotados para
essa organização? O diário de bordo do professor pode contribuir
com outras questões para essa avaliação. Destacar os sentidos
adquiridos ao longo do processo vivenciado e perceber o que os
alunos aprenderam nos trajetos percorridos com as proposições
e o documentário são questões importantes nessa avaliação.
Personalidades abordadas
Estêvão Roberto da Silva (Rio de Janeiro/RJ, ca.1844-1891) – Pintor e professor.
Foi o primeiro pintor negro formado pela Academia Imperial de Belas Artes (Aiba).
Em 1880, na 25ª Exposição Geral de Belas Artes da Aiba, Silva protestou, na
presença do imperador D. Pedro II, por discordar da premiação que lhe fora des-
16 tinada: o segundo lugar. Uma comissão avaliou sua atitude como insubordinação
Glossário
Academia – Com a academia, a pintura deixa de ser um ofício ensinado
pelo mestre ao aprendiz. Converte-se numa disciplina como a Filosofia a ser
ensinada em academias. A palavra academia deriva do nome da residência
onde o filosofo grego Platão ensinava a seus discípulos e foi gradualmente
aplicada a reuniões de homens eruditos em busca de sabedoria. Os artistas
italianos do século XVI chamaram primeiramente seus locais de reunião de
“academias” para sublinhar aquela igualdade com os humanistas que eles
tinham em alto apreço, mas somente no século XVIII essas academias assu-
miram gradualmente a função de ensinar arte a estudantes. Assim, os antigos
métodos, pelos quais os grandes mestres do passado tinham aprendido seu
ofício, triturando cores e ajudando os mais velhos, entraram em declínio. Fonte:
GOMBRICH, Ernst H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999, p. 379.
Artistas viajantes – Artistas cuja produção se encontra ligada ao ato de viajar.
Os desenhos e pinturas têm um caráter documental, acompanhando deslo-
camentos no espaço, descobertas de paisagens e tipos humanos. De modo
geral, esses artistas integraram expedições artísticas e científicas que, nas
Américas, desde sua descoberta, no século XVI, atravessaram territórios com
a finalidade de registrar a flora, a fauna e o povo. No Brasil desde a chegada dos
portugueses no século XVI até o século XIX, os relatos e registros dos artistas
viajantes descrevem as novas paisagens projetando imagens variadas da terra
e do homem. Espécimes naturais desconhecidos, animais estranhos e homens
“primitivos” compõem o imaginário europeu acerca do Novo Mundo, descrito
ora como “inferno”, ora como “paraíso terreal”. A riqueza da produção dos
artistas viajantes, seja pelo seu valor artístico, seja por conta de seus pontos de
vista e suas descrições acerca das novas terras e gentes, desperta a atenção
de analistas de diversas áreas: geógrafos, antropólogos, historiadores da arte
e da cultura. Fonte: BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes:
um lugar no universo. São Paulo: Metalivros, 1994. v.2.
Belas Artes (beaux arts) – Expressão registrada em 1752, um século depois
da fundação da Academia. Formada a partir do seu modelo, o sintagma
Belas letras (belles lettres) é uma expressão em uso desde o século XVI
referindo-se a eloquência, gramática e poesia, reconhecidas como arte
liberal no sistema medieval de organização dos conhecimentos, envolvendo
arquitetura, gravura, pintura e escultura. Fonte: MELLO, Celina Maria Moreira
de. A literatura francesa e a pintura: ensaios críticos. Rio de Janeiro: Ed. 7
18 Letras: Faculdade de Letras da UFRJ, 2004.
Bibliografia
AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no
imaginário das elites: século XIX. 3.ed. São Paulo: Annablume, 2004.
BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes: um lugar no
universo. São Paulo: Metalivros, 1994. v.2.
BUENO, Alexei. Arte e história do Brasil na coleção Fadel. Rio de Janeiro:
Instituto Cultural Sérgio Fadel, 2008.
______. O Brasil do século XIX na coleção Fadel. Rio de Janeiro: Instituto
Cultural Sérgio Fadel, 2004.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2002.
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio
de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
COLI, Jorge. Como estudar a arte brasileira do século XIX?. São Paulo:
Senac São Paulo, 2005.
FRANZ, Teresinha Sueli. Educação para uma compreensão crítica da arte.
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KOSSOY, Boris; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O olhar europeu: o negro
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MELLO, Celina Maria Moreira de. A literatura francesa e a pintura: ensaios
críticos. Rio de Janeiro: Ed. 7 Letras: Faculdade de Letras da UFRJ, 2004.
NAVES, Rodrigo. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo:
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PEDROSA, Mário. Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. Org.
Otília Beatriz Fiori Arantes. São Paulo: Edusp, 1998. 19
Webgrafia
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BRASIL Império - Gastronomia e Cultura. Disponível em: <http://www.
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ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.
itaucultural.org.br/enciclopedia>.
EXPEDIÇÃO de Langsdorff. Disponível em: <www.brasil.discovery.com/
features/000914langsdorff/langsdorffhome.html>.
HISTÓRIA - imagem e narrativas. Disponível em: <http://www.historiaima-
gem.com.br/bancodeimagens/outrosacessos.php>.
MUSEU da Escola de Belas Artes D. João VI. Disponível em: <http://acd.
ufrj.br/museu>.
MUSEU Imperial. Disponível em: <http://www.museuimperial.gov.br>.
MUSEU Nacional de Belas Artes. Disponível em: <http://www.mnba.gov.br>.
PRANCHAS de Debret. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/
imagens/pranchas_de_debret>.
Filmografia
A ARTE no auge do Império. Dir. Denoy de Oliveira. São Paulo: Instituto Itaú
Cultural, 1989. 1 DVD (14 min.). (Panorama histórico brasileiro). Acompanha
material educativo para professor-propositor. DVDteca Arte na Escola.
INDEPENDÊNCIA. Dir. João Batista de Andrade. São Paulo: Instituto Itaú
Cultural, 1991. 1 DVD (18 min.). (Panorama histórico brasileiro). Acompanha
material educativo para professor-propositor. DVDteca Arte na Escola.
MODERNISMO: os anos 20. Dir. Roberto Moreira. São Paulo: Instituto Itaú
Cultural, 1992. 1 DVD (19 min.). (Panorama histórico brasileiro). Acompanha
material educativo para professor-propositor. DVDteca Arte na Escola.
RUGENDAS: o ilustrador de mundos. Dir. Walter Silveira e Estela Padovan.
São Paulo: Módulos, 1999. 1 DVD (30 min.). Acompanha material educativo
para professor-propositor. DVDteca Arte na Escola.
TRAJETÓRIA da luz na arte brasileira por Paulo Herkenhoff. Dir. Alex Gabas-
si. São Paulo: Instituto Itaú Cultural, 2001. 1 DVD (56 min.). (Aspectos da
cultura brasileira). Acompanha material educativo para professor-propositor.
DVDteca Arte na Escola.
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SÉCULO XIX:
COLEÇÃO SÉRGIO FADEL