Atualmente há uma grande preocupação, de caráter econômico,
provocada pela crise imobiliária norte-americana. Esse evento perturbador inquietou os mercados de capitais mundo afora, sobretudo na no Sudeste Asiático e na Austrália, embora a Europa também tenha sofrido com a instabilidade das suas bolsas de valores também. Essa crise ocorreu pela incapacidade do cidadão médio dos EUA em quitar as hipotecas dos imóveis adquiridos através de financiamentos. Tal fenômeno tornou evidente que as linhas de créditos neste segmento eram excessivas. Elas foram geradas através do endividamento de indivíduos e instituições financeiras intermediárias que renegociavam essas pendências financeiras. Esses agentes obtinham grandes lucros na compra e venda de imóveis, gerando uma falsa idéia de que havia dinheiro disponível (“bolha de capitais“) quando, na verdade, o risco dessas operações era muito alto. Apesar das fortes relações comerciais com os EUA, o Brasil apresenta maior robustez da sua economia em comparação a outros períodos de crise, como em 1998. Isso nos torna menos vulneráveis a essa turbulência. No entanto, se essa crise for longa, ainda que suave, as taxas de crescimento econômico previstas para este ano deverão ser recalculadas, bem como as projeções sobre a inflação, gerando desaceleração do nosso desenvolvimento. Tal cenário poderia forçar o BC a aumentar as taxas de juros, restringindo o acesso ao crédito financiado.
Eleições Nos EUA
O cenário político norte-americano está marcado pela desastrosa
política externa do Presidente George W. Bush e por um cenário econômico interno que aponta para uma recessão prolongada. Este governo é considerado como um dos piores da história americana, dado o desgaste provocado pelo fracasso da “luta” contra o terror. Fatores como a desordem e o caos gerados no Iraque após a fracassada invasão dos EUA, a reorganização das milícias do Talibã no Afeganistão e a instabilidade política no Paquistão, corroboram esta avaliação. Pior ainda fica esta avaliação se considerarmos um equivocado plano (não concretizado ainda) de ataque ao Irã e a articulação de um bloco antiamericano na América Latina, liderados pela Venezuela de Hugo Chávez Portanto, o panorama político-econômico, juntamente com aspectos sociais internos apontam para um certo cansaço da sociedade americana do neoconservadorismo. Com inspiração religiosa e fundamentalista, os chamados “falcões” se tornaram hegemônicos no Partido Republicano desde 2000. Com essa conjuntura, vislumbra-se uma possível vitória da oposição (Partido Democrata) nas eleições presidenciais norte-americanas no final de 2008. Todavia, como sempre advertiram os cientistas políticos, não existe eleição ganha de véspera. Uma demora na definição do candidato democrata pode favorecer o Partido Republicano a vencer a disputa. De qualquer maneira, certamente teremos algumas mudanças na forma como os EUA exercem a sua hegemonia política. A política externa do novo presidente americano certamente terá maior preocupação com a América Latina, tradicionalmente uma área de influência (a principal) e de exercício da hegemonia dos EUA. Nesse sentido, poderíamos esperar uma mudança nas relações bilaterais com o Brasil, com maiores taxações em cima de produtos brasileiros como a laranja e o etanol. É possível supor também um aumento das hostilidades entre o novo governo e os países da Alba – Aliança Bolivariana das Américas (Venezuela, Cuba, Equador e Bolívia). Entretanto, com a renúncia de Fidel Castro ao comando do regime socialista cubano, a possibilidade de uma flexibilização do embargo econômico contra Havana e o início de um diálogo entre os dois Estados não podem ser mais considerados uma possibilidade longínqua.