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Responsabilidade

Social
Responsabilidade
Social
Autoria
Rosângela Araújo de Castro
EXPEDIENTE
Reitor: Ficha Técnica
Prof. Cláudio Ferreira Bastos Autoria:
Pró-reitor administrativo financeiro: Rosângela Araújo de Castro
Prof. Rafael Rabelo Bastos Designer instrucional:
Pró-reitor de relações institucionais: Emanoela de Araújo
Prof. Cláudio Rabelo Bastos Projeto gráfico e diagramação:
Pró-reitor acadêmico: Miguel José de Andrade Carvalho /
Prof. Valdir Alves de Godoy Francisco Cleuson do Nascimento Alves
Coordenação Pedagógica: Capa:
Profa. Maria Alice Duarte G. Soares Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Coordenação NEAD: Tratamento de imagens:
Profa. Luciana R. Ramos Duarte Miguel José de Andrade Carvalho
Supervisão de produção NEAD: Revisão Textual:
Francisco Cleuson do Nascimento Alves Claudiene Braga da Silva

FICHA CATALOGRÁFICA
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU

CASTRO, Rosângela Araújo de. Responsabilidade Social. / Rosângela Araújo de Castro –


Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2018.
152 p.
ISBN:

1. Responsabilidade Social. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Indicadores Ethos. 4. Cer-


tificação ambiental. Centro Universitário Ateneu.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer
métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor
da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo,
deverão ser dirigidos à Reitoria.
Seja bem-vindo!
Caro estudante, é com grande prazer que lhe apresento o material didático
da disciplina de Responsabilidade Social.

A obra está dividida em quatro unidades: responsabilidade social; desen-


volvimento sustentável; certificações ambientais; e indicadores Ethos. Os temas
envolvem ciências como Administração, Economia, Direito e Sociologia. Sempre
que possível será realizado um breve resgate histórico do tema analisado, uma vez
que a contextualização se faz necessária à compreensão do assunto abordado.

Vale ressaltar que a apostila foi elaborada com os tópicos mais importantes
sobre as temáticas abordadas. No entanto, é sempre dever do aluno procurar apro-
fundar o seu conhecimento através de outras bibliografias

Bons estudos!
Sumário
UNIDADE 01

RESPONSABILIDADE SOCIAL

1. Resgate histórico da responsabilidade social.....................................................8


2. Conceito de responsabilidade social.................................................................14
3. Modelos de Carroll sobre responsabilidade social............................................26
4. Responsabilidade social no Brasil.....................................................................28
4.1. Resgate histórico da ação social das empresas no Brasil ...........................32
5. Marketing social.................................................................................................39
6. Benefícios da responsabilidade social..............................................................39
7. Críticas em relação ao papel das empresas na responsabilidade social..........41
8. Ética e transparência.........................................................................................42

Referências ..........................................................................................................50

UNIDADE 02

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS EMPRESAS

1. Desenvolvimento sustentável............................................................................54
2. Sustentabilidade empresarial............................................................................76
2.1. Importância da sustentabilidade empresarial.................................................83
2.2. Práticas sustentáveis nas empresas..............................................................83
3. Políticas públicas de sustentabilidade...............................................................85

Referências ..........................................................................................................93
UNIDADE 03

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

1. Certificações ambientais: nacionais e internacionais........................................98


2. Princípios norteadores da responsabilidade social.........................................102
3. Relações entre a organização, as partes interessadas e a sociedade...........110
4. Benefícios da responsabilidade social segundo a NBR ISO 26000/2010.......113

Referências.........................................................................................................126

UNIDADE 04

OS TEMAS CENTRAIS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

1. Os sete temas centrais da responsabilidade social........................................128


2. Passos necessários à implementação de um programa de responsabilidade
social...................................................................................................................132
3. Indicadores Ethos para negócios sustentáveis e responsáveis......................142

Referências.........................................................................................................148
Uni

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS EMPRESAS

Apresentação

Caro estudante, esta unidade visa inicialmente explicar a definição de sus-

tentabilidade e desenvolvimento sustentável sob a ótica da Administração, da So-

ciologia e de outras ciências correlacionadas com o tema. Também abrange um

breve resgate histórico do termo sustentabilidade.

Esta unidade também visa trabalhar a sustentabilidade empresarial, apresen-

tando as suas práticas e a importância delas. Também discorre sobre os princípios

da sustentabilidade e sobre a questão das políticas públicas a respeito do tema.


• Conhecer o conceito de sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável à luz
de diferentes perspectivas;
• Conhecer o desenvolvimento histórico da sustentabilidade;
• Analisar a definição do termo sustentabilidade empresarial e a importância dele;
• Analisar os princípios da sustentabilidade;
• Verificar se existem e como funcionam as políticas públicas de sustentabilidade.

1. Desenvolvimento sustentável
A humanidade vivencia, na atualidade, crescentes transformações ambien-
tais, seja por emissão de gases poluentes, seja por desmatar florestas, seja por
poluir rios, seja por extinguir espécies tanto da fauna quanto da flora. Tudo isso é
impulsionado por uma demanda por novas tecnologias, interesses e necessidades
de outros produtos. Pode-se questionar, também, que esta demanda surge através
de necessidades consumistas falaciosas. As pessoas acreditam que precisam de
um celular mais moderno, um carro mais confortável, dentre outras necessidades
criadas.

O posicionamento voltado para uma consciência ambiental surgiu nas dé-


cadas de 1960 e 1970, quando a proteção ao meio ambiente se tornou um princípio
fundamental à vida das pessoas. Neste período, ainda existiam empresas que se
limitavam apenas em cumprir normas antipoluição oriundas de órgãos regulado-
res governamentais e em evitar acidentes. A estratégia empresarial vigente era a
da maximização do lucro com o menor custo possível. Então, a preocupação com
equipamentos que diminuíssem a poluição não existia.

Mas foi a partir da década de 1970 que a preocupação com o meio am-
biente ganhou um maior destaque no cenário mundial. O abuso indiscriminado
dos recursos naturais trouxe o questionamento sobre o futuro da humanidade.
54 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Esperava-se que o homem, avançando na tecnologia, não fosse atingir de forma
tão perversa os recursos naturais ao ponto de extinguir a sobrevivência no planeta.
Este temor foi um impulso para estudos relacionados à temática da sustentabili-
dade e estratégias de desenvolvimento sustentável.

Em 1972, foi realizada a Conferência de Estocolmo, que foi a primeira gran-


de discussão acerca do tema desenvolvimento sustentável. Desta discussão con-
cluiu-se que o homem precisava reaprender a conviver com o ecossistema.

Na década de 1980, houve a crise do petróleo, o que resultou em inova-


ções tecnológicas que economizassem energia e matéria-prima. Desse modo, aos
poucos vem surgindo uma nova perspectiva socioambiental, na qual as empresas
estão se tornando mais responsáveis com a questão da preservação ambiental
e, com isso, a sobrevivência da população.

Foi na década de 1980 que houve uma maior difusão do termo desen-
volvimento sustentável e também uma definição mais ampla e contemporânea.
Contudo, o conceito do termo foi definido em 1987 pela Comissão de Brundtland.
O relatório elaborado por esta comissão procurou estabelecer uma convivência
harmoniosa entre o homem e o meio ambiente. Ainda estabelece que a pobreza
é incompatível com o desenvolvimento sustentável, e que a prática de uma po-
lítica ambiental deve ser parte integrante do desenvolvimento como um todo. O
relatório de Brundtland fala de preocupações que devem ser comuns a todos os
países, por exemplo, o papel da economia internacional, os desafios em comum
como a energia, indústria, urbanismo, espécies, ecossistema, segurança alimentar
e aumento populacional e os esforços comuns a todas as nações como paz, segu-
rança, desenvolvimento, administração de áreas comuns, propostas de mudança
institucional e meio ambiente.

Conforme Correia e Pitombeira (2014, p. 174), o relatório feito pela Comis-


são de Brundtland deixa claro “que o desenvolvimento econômico, social, científico
e cultural das sociedades pode e deve garantir mais saúde, conforto e conheci-
mento sem, contudo, extinguir os recursos naturais do planeta”.

Todavia, o desenvolvimento sustentável somente se tornou uma questão


fundamental de política ambiental na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro. O relatório
Nosso Futuro Comum, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU)
RESPONSABILIDADE SOCIAL 55
e publicado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
em 1987 afirmou que o conceito de desenvolvimento sustentável “é aquele que
busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de atender suas próprias necessidades”.

Como o conceito foi interpretado de uma forma muita ampla, passou a ser
utilizado erroneamente para justificar qualquer atividade, desde que a mesma
reservasse recursos naturais para a população do futuro. Entretanto, o que se
pretendia era que todas as atividades que se utilizassem de recursos naturais,
passassem por uma avaliação mais rigorosa e aprofundada com o intuito de diag-
nosticar os seus efeitos no meio ambiente.

De acordo com Correia e Pitombeira (2014), o desenvolvimento susten-


tável foi incorporado de forma definitiva como um princípio na Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra de
1992 – ECO 92, no Rio de Janeiro. O princípio de desenvolvimento sustentável
serviu para a elaboração da Agenda 21, que delimitou um conjunto de metas para
a criação de um mundo equilibrado, e que teve o comprometimento de 170 países.
A Agenda 21, por meio do Projeto de Implementação Internacional (PII), elencou
os principais elementos para se atingir o desenvolvimento sustentável:

• Sociedade, representada pelas instituições sociais devido ao papel destas


na transformação e no desenvolvimento;

• Ambiente, demonstrava a fragilidade dos recursos naturais oriundos do


ecossistema e as consequências das atividades do homem perante este;

• Economia, que definia os limites e o potencial do crescimento econômico


e seu impacto na população e no meio ambiente. Também avalia os níveis
de consumo da sociedade;

• Cultura, que representa os valores, a diversidade, o conhecimento, as


línguas, os padrões de comportamento ou visões de mundo. É a base da
educação para o desenvolvimento sustentável.

Bessa (2010) enumerou as iniciativas e instrumentos sobre a responsa-


bilidade social, elaborados no Relatório sobre Responsabilidade das Empresas
apresentado à Assembleia Geral das Nações Unidas, que eram:
56 RESPONSABILIDADE SOCIAL
• O balanço social é um importante instrumento para a realização dos propó-
sitos elencados na Agenda 21;

• Cautela na prestação de contas voluntárias, já que as informações são


fornecidas de forma diversificada para não comprometer a clareza das
informações;

• Definição das obrigações das empresas perante as localidades em que


estão instaladas e a definição das normas jurídicas que viabilizam as práticas
socialmente responsáveis;

• Institucionalização do direito à informação;

• Discussão dos critérios para a destinação de fundos públicos, uma vez que
o Estado dá subsídios e isenção fiscal.

A autora fala ainda que a área temática referente às cidades sustentáveis


possui forte relação com a responsabilidade social empresarial (no total, eram
seis áreas temáticas). As premissas enquadradas na temática de cidades susten-
táveis são: crescimento sem destruição e mudança do enfoque das políticas de de-
senvolvimento e preservação ambiental. Sendo que a premissa crescimento sem
destruição diz respeito ao fortalecimento de fatores que permitam a sustentabilida-
de e a redução dos impactos prejudiciais. Já a segunda premissa está relacionada
à valorização de incentivos e autorregulação dos agentes sociais e econômicos,
assim como incentivo à informação para a tomada de decisões.

Por conseguinte, tem-se a estratégia de sustentabilidade urbana, que


busca promover mudanças no padrão de consumo e de produção nas cidades,
com o intuito de diminuir custos e estimular o desenvolvimento de tecnologias
sustentáveis. Outra estratégia é a que procura desenvolver e fomentar a apli-
cação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais,
buscando a sustentabilidade urbana.

Portanto, pode-se concluir que tais estratégias, em conjunto com as pre-


missas da área temática, propõem maneiras de permitir uma maior transparên-
cia em relação às atividades empresariais que causam impactos ambientais,
sociais e econômicos, e que podem ser observadas por meio da publicação de
balanços sociais. A elaboração de balanços socioambientais viabiliza a criação
de indicadores de desempenho como a quantidade de energia e de água utilizada
RESPONSABILIDADE SOCIAL 57
nas atividades produtivas da empresa. Isso permite a comparação entre empresas
que atuam no mesmo setor. Além disso, as informações pode ser utilizadas pelo
Estado como forma de incentivo. O Estado pode inclusive adquirir produtos feitos
de forma sustentável, como maneira de incentivo.

A Agenda 21 da Conferência Rio-92, no seu capítulo quarto, fala da degra-


dação do meio ambiente da seguinte forma:
[...] as principais causas da deterioração ininterrupta do meio am-
biente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e pro-
dução, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria
preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o
agravamento da pobreza e dos desequilíbrios (ONU, 1992).

O meio ambiente é um direito constitucional para toda a população, com


previsão expressa no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que diz o seguin-
te: “Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (BRA-
SIL, 1988).

Em 2002, a Cúpula Mundial realizada em Joanesburgo elaborou um novo


conceito de desenvolvimento sustentável, que foi o seguinte: “O desenvolvimen-
to sustentável procura a melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes
do mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade da Ter-
ra”. Sendo assim, na Declaração Política da Organização das Nações Unidas, em
2002, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foram elencados três
pilares de sustentação mútua para se chegar ao desenvolvimento sustentável, que
foram: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.

O termo desenvolvimento sustentável passou a ser utilizado desde então


por várias entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU), World Wide
Fund for Nature (WWF) e demais organizações ambientalistas.
58 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Portanto, este conceito definiu de maneira mais concreta o significado de
desenvolvimento e também o limitou com o intuito de não extinguir as futuras ge-
rações. Mas vale ressaltar que o desenvolvimento sustentável requer ações
diferentes nos mais variados pontos do planeta, ou seja, cada local tem suas ne-
cessidades próprias. Com isso, percebe-se que o desenvolvimento sustentável
busca tanto a justiça social e o desenvolvimento humano como a utilização e
distribuição equilibrada dos recursos naturais.

Daher apud Almeida (2002, p. 104) afirma o seguinte sobre a base do de-
senvolvimento sustentável:
[...] a base do desenvolvimento sustentável é um sistema de mer-
cados competitivos e abertos, em que os preços refletem com
transparência os custos, incluindo os ambientais. Se os preços são
fixados adequadamente, sem estar mascarados por subsídios pro-
tecionistas, a competição estimula os produtores a usar um mínimo
de recursos, reduzindo o avanço sobre os sistemas naturais e mini-
mizando a poluição ambiental. A corporação que pretende ser sus-
tentável considera, em seus objetivos e ações, o cuidado para com
o meio ambiente, o bem-estar dos stakeholders, a transparência de
seus atos e a constante melhoria de sua reputação, pois é notório
que as parcerias e a responsabilidade compartilhada substituem
as relações tradicionais nos negócios. A sustentabilidade propugna
pela eliminação da miséria e pela inserção de centenas de milhares
de trabalhadores nas economias de mercado.

Por conseguinte, conclui-se que a sustentabilidade está pautada nos pila-


res econômicos, ambientais e sociais. Ou seja, mexe com estruturas de poder ao
exigir o equilíbrio entre tais pilares e, ainda, a harmonia entre governos, empresas
e organizações da sociedade civil.

Mikhailova (2004) menciona que a sustentabilidade significa capacidade de


se sustentar, de se manter. Uma atividade sustentável pode existir para sempre.
Portanto, uma atividade que utiliza recursos naturais de maneira sustentável pode
perdurar de forma infinita sem esgotar estes recursos. Quando uma população se
torna sustentável, ela não põe em risco o ecossistema. Dessa forma, o desenvolvi-
mento sustentável consiste naquele que melhora a qualidade de vida das pessoas
e também protege o meio ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIAL 59
Ainda conforme a autora supracitada, para se construir um estilo de vida
sustentável, faz-se necessária a interligação de ações em três áreas, que são:

I. Crescimento e equidade econômica;

II. Conservação de recursos naturais e do meio ambiente; e

III. Desenvolvimento social.

O primeiro significa que é importante formular visões, atividades e tarefas


gerenciais a serem desenvolvidas que pensem na equidade entre os indivíduos,
pois as economias globais precisam desenvolver um crescimento responsável.

O segundo diz respeito à criação de técnicas econômicas que objetivem


a redução no consumo de recursos naturais, a não poluição e a conservação do
meio ambiente.

O terceiro está relacionado à preservação da diversidade cultural e social,


bem como ao respeito quanto aos direitos trabalhistas.

Mikhailova (2004, p. 28) conceitua sustentabilidade da seguinte forma:


Sustentabilidade se relaciona à quantidade do consumo que pode
continuar indefinidamente sem degradar os estoques de capital to-
tal, que é representada pela soma de capital material (manufatura-
do, feito pelo homem), capital humano e capital natural. Porém de
todas as partes do capital total somente uma não pode ser repro-
duzida pelas gerações futuras. Isto é o capital natural, o patrimônio
natural da humanidade.

O capital natural ou capital ecológico ganhou mais ênfase em pesquisas


recentes. Mas seu conceito ainda está em construção, já que o próprio significado
do termo e os métodos para a sua mensuração financeira não estão definidos. No
entanto, o autor Constanza (1994) definiu o capital natural como sendo o aglome-
rado de todos os recursos naturais junto aos elementos do meio ambiente, como
solo, rios e mares, atmosfera, plantas e animais. Estes elementos ambientais não
60 RESPONSABILIDADE SOCIAL
podem ser substituídos por outros elementos artificiais criados pelo homem. Desse
modo, a sustentabilidade tem como o objetivo primaz manter o capital natural pre-
servado em toda a sua complexidade. No desenvolvimento sustentável, é neces-
sário fazer a avaliação do capital natural, para com isso, verificar o quanto desse
capital natural já foi degradado, o quanto ainda se encontra disponível e o quanto
está ameaçado de degradação. Dentro do capital natural tem-se os recursos reno-
váveis e os exauríveis ou não renováveis.

Daher (2006) menciona que para minimizar os impactos ambientais causa-


dos pelo uso indiscriminado dos recursos naturais, surgiu a gestão socioambien-
tal, como uma maneira de elaborar novas práticas de gerenciamento empresarial
para se conseguir um desenvolvimento sustentável. Portanto, um desenvolvimen-
to alicerçado na preocupação com o meio ambiente também está comprometido
com o social. Os problemas ambientais são considerados de difícil e complexa
solução. O que exige das empresas um grande empenho, posicionamento, plane-
jamento e estratégias nas suas decisões.

O autor ainda fala que entre as empresas consideradas sustentáveis, surgiu


o conceito de excelência ambiental, que consiste em avaliar não apenas o de-
sempenho econômico-produtivo da empresa, mas também a sua parcela de con-
tribuição para a preservação do ecossistema. E quando uma empresa consegue
atingir este patamar de produção de bens e/ou serviços com a preservação do
meio ambiente, isto possibilita novas oportunidades de negócios e de crescentes
ganhos, pois a sociedade está preocupada com as questões ambientais. Por con-
seguinte, ver-se que a sociedade tem exigido das empresas um posicionamento
mais responsável e claro em relação à preservação ambiental.

Segundo Alledi Filho e Marques (2012), a comissão tinha como objetivo


analisar e propor uma agenda global com diretrizes para que a população mundial
pudesse enfrentar os problemas ambientais, além de possibilitar o progresso da
civilização, mas sem extinguir os recursos naturais.

Diante deste cenário, Almeida (2002) afirma que o desenvolvimento sus-


tentável somente seria possível se houvesse o equilíbrio entre o poder do gover-
no; o poder das empresas; e o poder da sociedade.
RESPONSABILIDADE SOCIAL 61
Nesse aspecto, as normas propõem um maior controle em relação aos
riscos ambientais, podem ser utilizadas como instrumento de sustentabilidade,
representam a existência ou não de danos ambientais e promovem a cultura de
preservação ambiental. De acordo com a norma ISO 26000 de responsabilidade
social, o desenvolvimento sustentável tem como objetivo atingir um estado de
sustentabilidade. Já a Norma Brasileira de Responsabilidade Social, NBR 16001,
tem como meta promover o desenvolvimento sustentável e a transparência nas
atividades empresariais.

Portanto, a sustentabilidade é o resultado de um desenvolvimento sus-


tentável nas esferas ambiental, econômica e social. Por conseguinte, a susten-
tabilidade está alicerçada na tríade de pilares criada por John Elkington, em 1994,
que devem estar interligados. Tais pilares são a dimensão econômica, a dimensão
social e a dimensão ambiental.

Sabe-se que os problemas ambientais ocorrem em nível global e que nor-


malmente estão interligados e possuem diversas singularidades, o que os tornam
difíceis de serem delimitados.

Segundo Alledi Filho e Marques (2012), as empresas precisam se adequar


a um novo modelo de gestão que inclui:

• Ecologia e meio ambiente;

• Saúde e bem-estar;

• Diversidade e direitos humanos; e

• Comunidades.

Cada uma destas questões irá influenciar nas decisões empresariais e na


responsabilidade da empresa.

Vale ressaltar que em uma economia mais estável, o comportamento dos


consumidores e dos investidores passa a ser mais crítico, ou seja, passa a ter uma
maior consciência em relação à responsabilidade social e ambiental nas empre-
sas. Então, elas precisam ter uma gestão de negócios mais proativa, que introduza
a questão socioambiental na sua estratégia empresarial.
62 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Vale ressaltar que é importante conhecer um pouco sobre as medidas e os índices
de desenvolvimento sustentável. Portanto, conforme Mikhailova (2004), para se verificar
os indicadores de sustentabilidade, foi criado um único indicador macro que permitiu ava-
liar o bem-estar social. Um exemplo deste indicador foi a elaboração, em 1989, por H.
Daly e J. Cobb, do Índice de Bem-estar Econômico Sustentável, onde este índice não fica
atrelado ao PIB per capta. Também, neste percurso de criação de medidas de desenvolvi-
mento sustentável, foram elaborados outros índices, tais como o Intensidade Material por
Unidades de Serviço Prestado, a Pegada Ecológica e o Currículo de Desenvolvimento
Sustentável, mas que não foram eficazes como medidas de sustentabilidade.

Conforme Farina (2013, p. 2), desenvolvimento sustentável é o modelo


desenvolvimentista baseado na obtenção de uma taxa mínima de crescimento,
combinada com a aplicação de estratégias para a proteção do meio ambiente e
do desenvolvimento sustentado, implicando no emprego de tecnologias e proces-
sos produtivos eficientes e ambientalmente seguros e exigindo, principalmente dos
países do Terceiro Mundo, consciência ecológica, decisão política, recursos finan-
ceiros e transferência de tecnologia. Trata-se de um modelo de desenvolvimento
capaz de se sustentar por meio do convívio harmônico do homem com o meio e
com os recursos da biosfera.

Segundo Ignacy Sachs (1993) apud Farina (2013), todo planejamento de


desenvolvimento precisa levar em conta, simultaneamente, as cinco dimensões de
sustentabilidade, a ver (Sachs, 1993 apud Farina, 2013, p. 10): sustentabilidade
social; sustentabilidade econômica; sustentabilidade ecológica; sustentabilidade
espacial e sustentabilidade cultural.

Veja a seguir, amiúde, os devidos conceitos:

• Sustentabilidade social: que se estende com a criação de um processo


de desenvolvimento sustentado pela visão de uma sociedade boa. Civili-
zação com maior equidade na distribuição de renda e de bens, reduzindo
o abismo entre os padrões de vida dos ricos e pobres;
RESPONSABILIDADE SOCIAL 63
• Sustentabilidade econômica: que deve se tornar possível através da
alocação e do gerenciamento mais eficientes dos recursos e de um fluxo
constante de investimentos públicos e privados;

• Sustentabilidade ecológica: ampliar a capacidade dos recursos da Terra


através da criatividade e do uso da tecnologia; limitar o consumo de com-
bustíveis fósseis, recursos renováveis e não renováveis; reduzir o volume
de resíduos e poluição, através da conservação de energia, de recursos
e da política 3R (reduzir, reutilizar, reciclar); promover a autolimitação no
consumo de materiais por parte dos países ricos e pobres; intensificar
a pesquisa para a obtenção de tecnologias de baixo teor de resíduos
e eficientes no uso de recursos para o desenvolvimento urbano, rural e
industrial; definir normas para uma adequada proteção ambiental;

• Sustentabilidade espacial: reduzir a concentração excessiva nas áreas


metropolitanas; frear a destruição de ecossistemas frágeis; promover
a agricultura e a exploração agrícola das florestas através de técnicas
modernas e regenerativas feitas por pequenos agricultores; explorar o
potencial da industrialização descentralizada, acoplada à nova geração
de tecnologias limpas; criar uma rede de reservas naturais e de biosfera
para proteger a biodiversidade;

• Sustentabilidade cultural: incluir a procura de raízes endógenas de pro-


cessos de modernização e de sistemas agrícolas integrados. Processos
que busquem mudanças dentro da continuidade cultural e que traduzam
o conceito normativo de ecodesenvolvimento em um conjunto de soluções
específicas para o local, o ecossistema e a área.

Conforme Rattner (1993) apud Farina (2013), para a formulação de estra-


tégias e diretrizes de desenvolvimento sustentável, faz-se necessário possuir:

• Multidisciplinaridade: pensar em escala global; preocupar-se com a


criação de novos empregos; distanciar-se da perspectiva econômica;
rejeitar a estratégia de “inovação-produtividade-competitividade”, que
induz políticas convencionais recessivas; investir em estudos no campo
das ciências sociais, da tecnologia, da educação superior, do planejamento
64 RESPONSABILIDADE SOCIAL
etc.; conferir maior peso ao desenvolvimento e à implementação de tec-
nologias sociais, organizações comunitárias e ONGs; discutir e definir o
significado do desenvolvimento e da democracia entendidos como vias
para a emancipação da humanidade e para a realização pessoal de cada
indivíduo.

O Brasil sofreu grandes mudanças ao longo do século XX. Os centros urba-


nos das regiões Sul e Sudeste e das capitais do Nordeste cresceram em demasia,
sem ter o devido acompanhamento e crescimento proporcional de sua infraestru-
tura urbana. Em termos econômicos, o país industrializou-se em detrimento da
agricultura. A construção de rodovias na Amazônia e o desmatamento excessivo
modificaram e potencializaram fluxos migratórios internos com crescimentos eleva-
dos de áreas desocupadas geradas pela evasão no Pará, Mato Grosso, Rondônia
e Maranhão. As modificações socioeconômicas ao longo dos últimos 50 anos trou-
xeram vários problemas ambientais, tais como a poluição de recursos hídricos,
da atmosfera e do solo, causada pelo desenvolvimento industrial urbano; impactos
ecológicos decorrentes de represamentos de usinas hidrelétricas; impactos ecoló-
gicos causados pelas minerações; desmatamento da Amazônia; extinção de parte
dos cerrados decorrentes de atividades agrícolas; anomalias climáticas; e incên-
dios.

No contexto internacional, podemos apresentar algumas propostas e ten-


tativas de conscientização ambiental e ecológica efetivadas no Brasil que teve
repercussão internacional, por exemplo, a Conferência Rio-92, na qual a grande
preocupação se centrou nos problemas ambientais globais e nas questões do
desenvolvimento sustentável. Nessa conferência, em relação à educação am-
biental, destacam-se dois documentos produzidos. No Tratado de Educação Am-
biental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, elaborado pelo
fórum das ONGs, explicita-se o compromisso da sociedade civil para a construção
de um modelo mais humano e harmônico de desenvolvimento, no qual se reconhe-
cem os direitos humanos da terceira geração, a perspectiva de gênero, o direito e
a importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma ética biocêntrica
e amorosa. O outro documento foi a Carta Brasileira de Educação Ambiental, ela-
borada pela Coordenação de Educação Ambiental no Brasil, que estabelece as
recomendações para a capacitação de recursos humanos.
RESPONSABILIDADE SOCIAL 65
A Conferência Rio-92 estabeleceu uma proposta de ação a médio e longo
prazo que vem se efetivando no decorrer dos anos, muitas vezes, apenas par-
cialmente, denominada Agenda 21. Esse documento procura assegurar o acesso
universal ao ensino básico, conforme recomendações da Conferência de Educa-
ção Ambiental (Tbilisi, Geórgia 1977) e da Conferência Mundial sobre Ensino para
Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailân-
dia, 1990).

De acordo com os preceitos da Agenda 21, deve-se promover, com a cola-


boração apropriada das organizações não governamentais, inclusive as organiza-
ções de mulheres e de populações indígenas, todo tipo de programa de educação
de adultos para incentivar a educação permanente sobre meio ambiente e de-
senvolvimento, centrando-se nos problemas locais. As indústrias devem estimular
as escolas técnicas a incluírem o desenvolvimento sustentável em seus programas
de ensino e treinamento. Nas universidades, os programas de pós-graduação de-
vem contemplar cursos especialmente concebidos para capacitar os responsáveis
pelas decisões que visem ao desenvolvimento sustentável.

Em cumprimento às recomendações da Agenda 21 e aos preceitos cons-


titucionais, é aprovado, no Brasil, o Programa Nacional de Educação Ambiental
(PRONEA), que prevê ações nos âmbitos de Educação Ambiental formal e não
formal.

Na década de 1990, o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Meio


Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) desenvolvem diversas ações para consolidar a educação
ambiental no Brasil. No MEC, são aprovados os novos “Parâmetros Curriculares”
que incluem a educação ambiental como tema transversal em todas as discipli-
nas. Desenvolve-se, também, um programa de capitação de multiplicadores em
educação ambiental em todo o país. O MMA cria a Coordenação de Educação
Ambiental, que se prepara para desenvolver políticas nessa área no país e para
sistematizar as ações existentes. O IBAMA cria, consolida e capacita os Núcleos
de Educação Ambiental (NEAs) nos estados, o que permite desenvolver progra-
mas integrados de educação ambiental para a gestão.

Várias Organizações Estaduais do Meio Ambiente (OEMAs) implantam pro-


gramas de educação ambiental, e os municípios criam as secretarias municipais
de meio ambiente, as quais, entre outras funções, desenvolvem atividades de edu-
66 RESPONSABILIDADE SOCIAL
cação ambiental. Paralelamente, as ONGs têm desempenhado importante papel
no processo de aprofundamento e expansão das ações de educação ambiental
que se completam e, muitas vezes, impulsionam iniciativas governamentais.

Podemos afirmar, hoje, que as relações entre sociedades civis organizadas


e instituições governamentais responsáveis pela educação ambiental caminham
juntas para a construção de uma cidadania ambiental sustentável, baseada na
participação, justiça social e democracia conscientes.

É evidente que o aprofundamento de processos educativos ambientais


se apresenta como uma condição para construir uma nova racionalidade ambiental
que possibilite modalidades de relação entre a sociedade e a natureza e entre o
conhecimento científico e as intervenções técnicas mundiais nas relações entre
os grupos sociais diversos e entre os diferentes países em um novo modelo ético,
centrado no respeito e no direito à vida em todos os aspectos.

A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a com-


plexidade das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às organi-
zações induzem um novo posicionamento por parte destas diante de tais questões.
Tal posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais preparados para
fazer frente a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as questões am-
bientais com os objetivos econômicos das organizações.

Fica evidente que a formação de profissionais de recursos humanos, dentre


eles a do generalista ou especializado, ambos graduados por escolas de adminis-
tração, é requerida em todas as direções e níveis, nos quais se processa o novo
padrão da gestão ambiental em suas dimensões de conteúdo, forma e sustenta-
ção.

A formação de profissionais qualificados deve ser tratada com altíssima


prioridade porque além de possibilitar que os órgãos governamentais e empresas
contem com pessoal qualificado para sua respectiva missão, também tem o papel
de deflagrar uma nova mentalidade que proporcione mudanças, inclusive das pró-
prias instituições formadoras de recursos humanos.

A empresa não é uma questão separada do meio ambiente. Ela é a questão


central do meio ambiente. O modo como fazemos negócios reflete naquilo em que
acreditamos e no que valorizamos. A empresa é também a força contemporânea
RESPONSABILIDADE SOCIAL 67
mais poderosa de que dispomos para estabelecer o curso dos eventos da huma-
nidade.

Quanto antes as organizações enxergarem a questão ambiental como


oportunidade competitiva, maior será sua probabilidade de sobreviver e lucrar. É
pela ênfase da questão ambiental como uma oportunidade de lucro que podere-
mos controlar melhor os prejuízos que temos causados ao meio ambiente.

Muitas pressões econômicas e sociais estão forçando as organizações a


responder ao desafio ambiental. Senão, vejamos:

• Observância da lei: a quantidade e o rigor crescentes de leis e regula-


mentos;

• Multas e custos punitivos: as multas por não observância e os custos


associados às respostas aos acidentes e desastres aumentam em número
e frequência;

• Culpabilidade pessoal e prisão: os indivíduos estão sendo multados e


ameaçados de prisão por violar as leis ambientais, e tais leis estão cada
vez mais sendo votadas e regulamentadas;

• Organizações ativistas ambientais: tem havido uma proliferação desses


grupos e de suas agendas reformadoras, em nível internacional, nacional,
estadual e local;

• Cidadania despertada: os cidadãos estão ficando mais informados por


meio da mídia e de fontes mais substanciais e estão buscando uma série
de canais pelos quais possam expressar seus desejos ao mundo empre-
sarial;

• Sociedades, coalizões e associações: associações de classe, asso-


ciações de comércio e várias coalizões estão fazendo pronunciamentos,
dando início a programas que possam influenciar um comportamento
empresarial voltado ao meio ambiente;

• Códigos internacionais pelo desempenho ambiental: são muitas


pressões globais para o desempenho ambiental responsável;
68 RESPONSABILIDADE SOCIAL
• Investidores ambientalmente conscientes: as organizações estão
reconhecendo que seu desempenho ambiental e seus potenciais riscos
financeiros decorrentes de um desempenho fraco (multas, custos de
despoluição e custas de processo) determinarão quão atraentes serão
suas ações para os investidores;

• Preferência do consumidor: os consumidores estão buscando práticas


ecológicas e produtos verdes, e a resposta das organizações deve ir além
de puras campanhas maciças de propaganda verde;

• Mercados globais: a concorrência internacional existe no contexto de


uma enorme gama de leis ambientais que não mais permitirão que em-
presas de países desenvolvidos exportem sua poluição para países em
desenvolvimento;

• Concorrência: a pressão que se coloca provém daquelas empresas que


estão adotando o desempenho sustentável e melhorando suas posições
competitivas;

• Outras pressões: primeiro, o pessoal qualificado vai cada vez mais preferir
trabalhar em organizações com bons históricos ambientais. Segundo, no
futuro, a determinação do “preço de custo total” vai requerer que as em-
presas reflitam sobre os preços dos produtos e serviços levando em conta
não apenas os custos de produção e entrega, como também os custos
totais da degradação ambiental associada àqueles produtos e serviços.

Os líderes precisam entender as muitas pressões que forçam as empresas


a responderem ao desafio ambiental.

Nos últimos 50 anos, a partir do melhor entendimento da cadeia de geração


de resíduos, as políticas de controle da poluição evoluíram dos métodos conheci-
dos como “Fim-de-Tubo”, para as tendências mais recentes, baseadas no princípio
de prevenção, que modificou a abordagem convencional de “O que fazer com os
resíduos?” para “O que fazer para não gerar resíduos?”. Sobre este último princí-
pio, fundamenta-se a “Produção mais Limpa”.

Esta nova abordagem sobre a questão dos resíduos levou a uma mudança
de paradigma. O resíduo, que antes era visto apenas como um problema a ser re-
solvido, passou a ser encarado também como uma oportunidade de melhoria. Isto
RESPONSABILIDADE SOCIAL 69
só foi possível após a percepção de que o resíduo não era inerente ao processo,
pelo contrário, era um claro indicativo da ineficiência deste. Portanto, é a identifi-
cação e análise do resíduo que dará início à atividade de avaliação de Produção
mais Limpa.

A Produção mais Limpa considera a variável ambiental em todos os níveis


da empresa, por exemplo, a compra de matérias-primas, a engenharia de produ-
to, o design e o pós-venda, relacionando as questões ambientais com os ganhos
econômicos para a empresa. A Produção mais Limpa caracteriza-se por ações que
são implementadas dentro da empresa com o objetivo de tornar o processo mais
eficiente no emprego de seus insumos, gerando mais produtos e menos resíduos.
Por meio da implementação de um programa de Produção mais Limpa, a atividade
produtiva identifica as tecnologias limpas mais adequadas para o seu processo
produtivo. Também age positivamente sobre a saúde ocupacional. As ações de
Produção mais Limpa levam a um melhor ambiente de trabalho.

A abordagem das ações de Fim-de-Tubo é diferente daquela apresentada


pela Produção mais Limpa. Enquanto a primeira dedica-se à solução do problema,
sem questioná-lo. Na segunda, é feito um estudo direcionado para as causas da
geração do resíduo e o entendimento das mesmas.

Fim-de-Tubo é a prática de tratar substâncias poluidoras ao fim do processo


produtivo, quando todos os produtos e serviços foram feitos e os resíduos estão
sendo dispostos. A forma tradicional, que atua somente na solução da geração de
resíduos é simplista e acaba geralmente resultando no aumento dos custos asso-
ciados ao gerenciamento ambiental. Na abordagem tradicional, as primeiras ações
estão geralmente à disposição dos resíduos ou de seu tratamento, representando
um potencial menor para a solução do problema ambiental, além de serem mais
caras no longo prazo, por apenas agregarem novos custos ao processo produtivo.

70 RESPONSABILIDADE SOCIAL
A implementação de um Programa de Produção mais Limpa possibilita à em-
presa o melhor conhecimento do seu processo industrial através do monitoramento
constante para a manutenção e o desenvolvimento de um sistema ecoeficiente de
produção com a geração de indicadores ambientais e processuais. Tal monitoramento
permitirá à empresa identificar necessidades de pesquisa aplicada, informação tecno-
lógica e programas de capacitação. Além disso, o Programa de Produção mais Limpa
irá integrar-se aos sistemas de qualidade, gestão ambiental e de segurança e saúde
ocupacional, proporcionando o completo entendimento do sistema de gerenciamento
da empresa. Tal programa traz para as empresas benefícios ambientais e econômicos
que resultam da:
• Eficiência global do processo produtivo por meio da eliminação dos desperdí-
cios;
• Minimização ou eliminação de matérias-primas e outros insumos impactantes
para o meio ambiente;
• Redução dos resíduos e emissões; redução dos custos de gerenciamento dos
resíduos;
• Minimização dos passivos ambientais; e
• Incremento na saúde e segurança no trabalho.
• E ainda melhora a imagem da empresa;
• Aumenta a produtividade;
• Conscientiza os funcionários;
• Reduz os gastos com multas e outras penalidades.

Processos produtivos ideais, de acordo com o conceito de Produção mais Lim-


pa, ocorrem em um circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os
recursos naturais com a máxima eficiência possível.

A Produção mais Limpa requer os mais altos níveis de eficiência energética na


produção de bens e serviços. A eficiência energética é determinada pela maior razão
possível entre energia consumida e produto final gerado.

A Produção mais Limpa procura sempre minimizar os riscos para os trabalha-


dores através de um ambiente de trabalho mais limpo, seguro e saudável. O produto
RESPONSABILIDADE SOCIAL 71
final e todos os subprodutos comercialmente viáveis devem ser tão ambientalmente
adequados quanto possível. Fatores relacionados à saúde e ao meio ambiente devem
ser priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto e devem ser conside-
rados ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, ou seja, da produção à disposição,
passando pelo uso.

A embalagem do produto deve ser eliminada ou minimizada sempre que possí-


vel. Quando a embalagem é necessária para proteger, vender ou facilitar o consumo do
produto, esta deve ter o menor impacto ambiental possível. Portanto, fica claro que o
principal objetivo da Produção mais Limpa é eliminar ou reduzir a emissão de poluentes
para o meio ambiente, ao mesmo tempo que busca otimizar o uso de matérias-primas,
água e energia. Dessa forma, além de um efeito de proteção ambiental de curto prazo,
a Produção mais Limpa incrementa a eficiência no uso de recursos naturais, gerando
melhorias sustentáveis de longo prazo.

Como em qualquer tipo de projeto, a decisão de investir em Produção mais


Limpa depende da relação custo-benefício que o investimento terá. Na prática, frente
às restrições de capital e às pressões dos órgãos ambientais e das ONGs, opta-se
pela adoção de estratégias ambientais corretivas (tratamento da poluição ao final
do processo: Técnicas de Fim-de-Tubo) no lugar de estratégias preventivas, como é o
caso da Produção mais Limpa.

Comparando as mudanças que ocorrem na estrutura de custos de uma empre-


sa em duas situações possíveis, quando não há e quando há investimento em Produ-
ção mais Limpa, verifica-se que neste último caso os custos decrescem significativa-
mente com o tempo, resultado dos benefícios gerados a partir do aumento da eficiência
dos processos, do uso eficiente de matérias-primas, água e energia, e da redução de
resíduos e emissões gerados.

O primeiro passo antes da implementação de um programa de Produção mais


Limpa é a pré-sensibilização do público-alvo (empresários e gerentes) através de uma
visita técnica, fazendo a exposição de casos bem sucedidos, ressaltando seus benefí-
cios econômicos e ambientais. Além disso, devem ser também salientados o reconhe-
cimento da prevenção como etapa anterior às ações de Fim-de-Tubo; as pressões do
órgão ambiental para o cumprimento dos padrões ambientais; o custo na aquisição e
manutenção de equipamento de Fim-de-Tubo; outros fatores relevantes para que o
público-alvo visualize os benefícios da abordagem de Produção mais Limpa.
72 RESPONSABILIDADE SOCIAL
É enfatizada, durante a pré-sensibilização, a necessidade de comprometi-
mento gerencial da empresa, sem o qual não é possível desenvolver o Programa
de Produção mais Limpa.

Os passos necessários para enfrentar o desafio ambiental na Produção


mais Limpa seguem as seguintes etapas:
• Desenvolva e publique uma política ambiental;
• Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos;
• Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das
áreas e do pessoal administrativo (linha ou assessoria);
• Divulgue interna e externamente a política, os objetivos, as metas e as
responsabilidades;
• Obtenha recursos adequados;
• Eduque e treine seu pessoal, informe os consumidores e a comunidade;
• Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios;
• Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental;
• Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em
estudos e pesquisas aplicados à área ambiental;
• Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envol-
vidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc.;
• Aceite primeiro o desafio ambiental antes que seus concorrentes o façam;
• Seja responsável em relação ao meio ambiente e torne isso conhecido.
Demonstre aos clientes, fornecedores, governo e comunidade que a
empresa leva as questões ambientais a sério e que desenvolve práticas
ambientais de forma eficiente;
• Utilize formas de prevenir a poluição. Ser considerada uma empresa
amigável ao ambiente, especialmente se ela supera as regulamentações
exigidas, propicia vantagens na imagem em relação aos concorrentes,
consumidores, comunidade e órgãos governamentais;
RESPONSABILIDADE SOCIAL 73
• Ganhe o comprometimento do pessoal. Com o crescimento da preocu-
pação ambiental, as pessoas não querem trabalhar em organizações
consideradas como poluidoras do meio ambiente. Ter empregados inte-
ressados, dedicados e comprometidos depende também de uma imagem
institucional positiva.

Os benefícios da gestão ambiental são os seguintes:

• Benefícios econômicos devido à redução do consumo de água, energia


e outros insumos, por meio da reciclagem, venda e aproveitamento de
resíduos. Redução de multas e penalidades por poluição;

• Incremento de receitas com o aumento da contribuição marginal de “pro-


dutos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos. Aumento
da participação no mercado devido à inovação de produtos e menos
concorrência. Linha de novos produtos para novos mercados. Aumento
da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição;

• Benefícios estratégicos com a melhoria da imagem institucional, renovação


de produtos, aumento da produtividade, alto comprometimento do pessoal,
melhoria nas relações de trabalho, melhoria e criatividade para novos
desafios, melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade
e grupos ambientalistas, acesso assegurado ao mercado externo, melhor
adequação aos padrões ambientais.

O desempenho ambiental consiste nos “resultados obtidos com a gestão


dos aspectos ambientais da empresa”. Ou seja, resultados obtidos na gestão das
atividades, produtos e serviços da empresa que podem interagir com o meio am-
biente.

A política de meio ambiente da empresa é o seu “termo de compromisso


ambiental”. Este compromisso está condicionado às metas globais da empresa, de
acordo com seu porte, com as tendências ambientais do mercado em que atua,
além das características peculiares à sua região de entorno.

Os objetivos e as metas ambientais da empresa serão estabelecidos a


partir da identificação das atividades, produtos e serviços da empresa que podem
74 RESPONSABILIDADE SOCIAL
interagir com o meio ambiente, e dos respectivos impactos ambientais significati-
vos associados.

A implementação de planos de ação e de programas de gestão específicos,


associados ao treinamento e à conscientização dos empregados, possibilitam à
empresa a conquista de objetivos e metas ambientais.

A realização de avaliações ambientais periódicas permitirá o acompanha-


mento sistemático dos resultados relativos a ações implementadas, assim como a
correção dos eventuais desvios detectados, com o contínuo aperfeiçoamento de
desempenho ambiental da empresa.

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser definido como um conjunto


de normas técnicas que se refere a métodos e análises que possibilitam certificar
que determinado produto, por exemplo, seu carro, seu inseticida, o papel que você
usa, entre outros, quando da sua produção, distribuição e descarte, e/ou a orga-
nização que o produziu, utilizando um processo gerencial técnico, que possuam
determinados elementos, tais como:

• Não proporcionam ou reduzem ao mínimo os danos ambientais;

• Estejam de acordo com a legislação ambiental;

• A instituição normatizadora do país ou outra por ela delegada emite um


certificado sobre o processo de produção ou o rótulo sobre o produto - o
Selo Verde.

Os princípios e elementos de um sistema de gestão ambiental são os


seguintes:
• Uma organização deve focalizar naquilo que precisa ser feito, deve asse-
gurar comprometimento ao SGA e definir sua política;
• Uma organização deve formular um plano para cumprir a sua política
ambiental;
• Para uma efetiva implantação, uma organização deve desenvolver as
capacidades e apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas
políticas, objetivos e metas;
RESPONSABILIDADE SOCIAL 75
• Uma organização deve medir, monitorar e avaliar sua performance am-
biental;
• Uma organização deve rever e continuamente aperfeiçoar seu sistema de
gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar sua performance ambiental
geral.

Com isso, o sistema de gestão ambiental é mais observado como uma es-
trutura de organização, a ser continuamente monitorada e renovada, visando for-
necer orientação efetiva para as atividades ambientais de uma organização, em
resposta a fatores internos e externos em alteração. Todos os membros de uma
organização devem assumir a responsabilidade pela melhoria ambiental. Este
conjunto de normas, ora em estudos, tem abrangência internacional e, segundo os
que o propõe, permitirá saber quais as condições de análise a que foram submeti-
dos os produtos e processos em países como Brasil, Egito ou Coreia, etc. ou quais
desses países conseguiram emitir certificados de qualidade ambiental.

2. Sustentabilidade empresarial
Segundo Correia e Pitombeira (2014), o conceito de desenvolvimento
econômico de poucos anos atrás era baseado nos princípios elencados nos ma-
nuais tradicionais de economia clássica. Existiu até bem pouco tempo a crença na
possibilidade de um crescimento econômico ilimitado, que embasou a sociedade
industrial ocidental após a Segunda Guerra Mundial. Desse modo, na década de
1940, as populações dos países fortemente afetados pela guerra estavam preocu-
padas em reconstruir suas nações. Havia uma grande diferença entre os países,
pois alguns eram urbanizados e industrializados e outros estavam em contexto de
pouca industrialização e com uma economia mais rural. E o modelo de evolução a
ser seguido era o da industrialização, como forma de superar a pobreza e o atraso.

Os países menos industrializados tinham como modelo a economia dos


Estados Unidos da América (EUA), que disseminava a cultura de consumo. Os
países que não se enquadravam neste modelo, eram vistos como politicamente
e economicamente atrasados. Mas os países que escolheram o desenvolvimento
econômico indiscriminado, sem a preocupação com a sociedade e o meio am-
76 RESPONSABILIDADE SOCIAL
biente, não conseguiram melhorar a qualidade de vida da sua população, e sim
obtiveram o aumento da pobreza e da concentração de renda nas mãos de poucos.

De acordo com o Simpósio das Nações Unidas, realizado em 1979, sobre


Inter-relações de Recursos, Meio Ambiente e Desenvolvimento, os países ricos ou
desenvolvidos estavam mais preocupados em elevar o padrão de vida da popula-
ção, e os países em desenvolvimento ainda estavam tentando alcançar um padrão
de vida mediano para a sua população. Entre estes países, desenvolvidos e em
desenvolvimento, existiam aspectos conflituosos, tais como:

• A relação entre os recursos naturais e a população. Os países em desen-


volvimento se utilizaram de forma demasiada dos recursos naturais;

• A diferença entre as sociedades. Os países em desenvolvimento apresen-


taram divisões em sua sociedade;

• Está relacionado ao acesso, à distribuição e à pertença da industrialização.


Nos países em desenvolvimento, houve uma concentração das classes
privilegiadas.

Pode-se concluir, então que, se o mundo continuasse com o estilo de de-


senvolvimento baseado no uso indiscriminado dos recursos naturais não renová-
veis e a poluição desenfreada do meio ambiente, a economia mundial entraria
em colapso.

Os movimentos que passaram a questionar este modelo de sociedade in-


dustrial norteada por um desenvolvimento econômico desequilibrado surgiram na
década de 1960. Então o conceito de desenvolvimento deixou de ser sinônimo de
crescimento econômico para focar na qualidade de vida da sociedade.

No entanto, ainda pode ser visto nas empresas que o desenvolvimento


sustentável é contraditório ao crescimento financeiro. Muitas ainda priorizam o
menor custo, sem a preocupação com o meio ambiente.

Correia e Pitombeira apud Dias (2011, p. 178) argumentam o seguinte so-


bre o desenvolvimento sustentável:
A penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio
empresarial pauta-se mais como um modo de empresas assumi-
rem formas de administração mais eficientes, como práticas identi-
RESPONSABILIDADE SOCIAL 77
ficadas com a ecoeficiência e a produção mais limpa, do que uma
elevação do nível de consciência do empresariado em torno da
perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável.
Embora haja um crescimento perceptível da mobilização em tor-
no da sustentabilidade, ela ainda está mais focada no ambiente
interno das organizações voltada prioritariamente para processos
e produtos.

O modelo atual de desenvolvimento sustentável deve focar nos aspec-


tos sociais, econômicos e ambientais. O desenvolvimento de produtos ou serviços
com baixo custo e com qualidade e agilidade tem como foco as relações entre
sustentabilidade econômica, social e ambiental corporativa. A empresa tem
como objetivo de suas atividades a obtenção de lucro, mas precisa se envolver
em questões sociais e ambientais através da responsabilidade social corporativa
como instrumento de gestão e operações. Portanto, a sustentabilidade empresa-
rial não é apenas uma preocupação com a preservação ambiental, mas também
uma forma de melhorar a imagem da empresa diante o mercado e a população em
geral. Ou seja, a prática constante da sustentabilidade permite a funcionalidade da
empresa durante os anos, bem como aumenta seus lucros, alcança um melhor re-
conhecimento no mercado, melhora a sua legitimidade e a percepção de qualidade
de seus produtos e/ou serviços.

Na atualidade, um dos maiores desafios mundiais é adequar as práticas


de mercado com a qualidade do meio ambiente, com o auxílio de instrumentos
econômicos. A preservação do meio ambiente ganhou grande vulto a partir dos
anos de 1990 e início dos anos 2000. De acordo com Tachizawa (2011), o novo
contexto econômico possui clientes que desejam interagir com as empresas que
mantenham uma postura ética e que desenvolvam suas atividades empresariais
preocupadas com a preservação ambiental. Portanto, uma postura ecologica-
mente responsável ganhou contornos definitivos no cenário empresarial com a pre-
ocupação global e crescente do movimento ambientalista. Os consumidores estão
inclusive dispostos a pagarem mais por um produto desde que este tenha sido
fabricado de forma ambientalmente responsável. Por conseguinte, as entidades
corporativas precisam nortear suas decisões estratégicas em sintonia com a pre-
servação ambiental para conseguirem inclusive vantagens competitivas, redução
de custos com energia, água e matéria-prima e aumento de lucro.
78 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Portanto, a gestão ambiental e a responsabilidade social são aspec-
tos imprescindíveis na gestão de negócios, porque conseguem capacitar e dar
condições mais competitivas às empresas de qualquer setor (siderúrgica, auto-
mobilística, química, petroquímica, dentre outras). A prova disto é que, segundo
uma pesquisa realizada pelo SEBRAE e BNDES, metade das empresas brasileiras
investiram em atividades geridas pela preservação ambiental. E as empresas rea-
lizaram estes investimentos porque apostaram no aumento da qualidade de seus
produtos, aumento de exportações e competitividade, atender os anseios dos con-
sumidores e a sociedade em geral, melhorar a imagem da empresa diante a socie-
dade e atender à pressão das organizações não governamentais ambientalistas.

Também algumas empresas de grande porte estão auxiliando seus forne-


cedores de matérias-primas a melhorar suas práticas de gestão ambiental. De
acordo com Tachizawa (2011), algumas medidas preventivas de gestão ambien-
tal são as seguintes:

• Investigação sistemática dos programas de controle ambiental na empresa;

• Identificação de situações de potenciais problemas ambientais futuros; e

• Verificação sobre se as atividades da empresa estão de acordo com as


normas legais e com os padrões estipulados pela empresa.

Atualmente, no Brasil, as empresas vêm utilizando bastante medidas de


gestão ambiental. Pode-se elencar como exemplo de responsabilidade social e
ambiental o fato de várias empresas brasileiras criarem um grupo de compradores
de madeiras certificadas com a adoção de selo de procedência ambiental e social.
Tal certificação define as medidas ambientais preventivas e de monitoramento do
crescimento das florestas e verifica a proteção de áreas de conservação e espé-
cies ameaçadas de extinção.

É importante esclarecer que um novo modelo de gestão responsável so-


cialmente e ambientalmente, depende principalmente de uma nova postura dos
dirigentes das empresas. Exige uma estrutura corporativa que inclua uma exce-
lente equipe técnica e um sistema gerencial especializado para conseguir com
que a empresa realize um trabalho de comunicação social consciente em todos os
seus setores. Portanto, todos os colaboradores e funcionários precisam estar en-
volvidos no processo de gestão. Os gestores devem ter a capacidade de dialogar
RESPONSABILIDADE SOCIAL 79
com diversas áreas de conhecimento, liderar equipes de profissionais multidiscipli-
nares e manter parceria com várias outras organizações empresariais, ou seja, o
empresário precisa ter uma conduta inovadora com uma capacidade de análise e
interpretação bastante abrangente, que consiga avaliar, de forma realista, os diver-
sos cenários sociais, os percalços políticos e econômicos, o ambiente de mercado
competitivo, os padrões culturais dos grupos sociais, os setores de negócios e a
integração das economias atuais.

A chamada empresa verde é considerada por alguns autores como o futuro


das corporações devido ter um modelo de negócio inovador ou empreendedor,
longíquo e lucrativo. Pois a nova postura do público consumidor verde requer,
cada vez mais, uma gestão ambiental por parte das empresas. A sociedade está
a cada dia mais preocupada com a sua qualidade de vida e com a qualidade de
vida das próximas gerações. Deve existir uma relação harmônica entre desenvol-
vimento econômico e proteção ambiental.

Vale ressaltar que existe uma diferença entre crescimento econômico e


desenvolvimento econômico. O primeiro pode ser definido como um crescimen-
to constante do produto nacional ao longo dos anos em relação ao crescimento dos
produtos mundiais. Já o segundo consiste em avaliar não somente o crescimento
dos produtos nacionais, mas também a forma como este crescimento é distribuído
socialmente.

Tachizawa (2011, p. 10) menciona a necessidade premente das empresas


em aderir a uma gestão ambiental, que em suas palavras “envolve a passagem
do pensamento mecanicista para o pensamento sistêmico, no qual um aspecto
essencial dessa mudança é que a percepção do mundo como máquina cede lugar
à percepção do mundo como sistema vivo”. Dessa forma, seria uma forma de ad-
ministração denominada como sistêmica.

Por conseguinte, a empresa deve ser entendida como um sistema vivo que
não pode ser vista apenas no cenário econômico. A gestão ambiental exige uma
postura ética que está tanto em consonância com as leis como preocupada com o
bem-estar das futuras gerações. O ambientalismo verdadeiro substitui a ideologia
do crescimento econômico pela ideia da sustentabilidade ambiental. Mas cabe
aos gestores das empresas harmonizar o crescimento econômico com a preserva-
ção ambiental. Eles devem ter uma liderança que consiga envolver todas as partes
interessadas da empresa.
80 RESPONSABILIDADE SOCIAL
O autor ainda fala o seguinte sobre gestão ambiental e responsabilidade
social:
[...] a mensagem-chave do novo padrão de gestão ambiental e de
responsabilidade social consiste em contextualizar as empresas
em termos ambientais e ecológicos, propiciar ações reguladoras e
legislativas ágeis e racionais por parte do Governo e manter pos-
tura ambientalista compatível com objetivos econômicos/empresa-
riais, isso induz a uma situação em que a formação de recursos
humanos para a gestão ambiental implica um conjunto de ações,
de amplo alcance, que vai afetar os sistemas atuais de formação
nas diferentes áreas de conhecimento. (TACHIZAWA, 2011, p. 11)

Portanto, para que a gestão ambiental e a responsabilidade social tenham


um desenvolvimento que seja sustentável econômico, social e ambientalmente, é
necessária uma gerência nas empresas que abrace a ideia de uma tecnologia de
produção mais eficaz e um planejamento de atividades bem estruturado.

Para que você tenha uma melhor compreensão sobre sustentabilidade,


assista o vídeo Os três pilares da sustentabilidade, acessando o seguinte link:
<https://bit.ly/2PHbyar>.

Mas as empresas ou instituições que desejam ser sustentáveis precisam ir


além dos resultados financeiros e ter o apoio da sociedade do local onde desenvol-
vem suas atividades. Para se tornarem sustentáveis, as empresas precisam in-
troduzir no seu processo produtivo, assim como nas suas decisões, um modelo de
gestão empresarial incorporado a uma gestão ambiental que objetive uma redução
paulatina do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais.

Segundo Bessa (2010), a responsabilidade socioambiental das empre-


sas traz vários questionamentos que anteriormente eram apenas direcionados
para o Estado, uma vez que o poder econômico interfere na vida da sociedade ao

RESPONSABILIDADE SOCIAL 81
ter influência na paz social, na possibilidade de sobrevivência de micro e pequenas
empresas, na degradação ambiental, dentre outros aspectos. A responsabilidade
social das empresas tem como foco a gestão e preocupa-se com a relação entre o
poder econômico e a função social da propriedade e dos meios de produção. Pois
vive-se numa sociedade com uma complexa divisão de trabalho, cujos produtos
essenciais à sobrevivência das pessoas dependem do fornecimento por parte de
alguma organização. Desse modo, as pessoas têm direito a informações relativas
à composição e ao modo como são feitos os produtos, uma vez que as relações
de consumo estão permeadas pela preocupação com a saúde e a preservação da
vida.

Por conseguinte, ver-se a necessidade da democracia econômica, ou seja,


a sociedade, os fornecedores e o Poder Público devem repudiar produtos feitos
através de processos nocivos à população, à economia e ao meio ambiente. O
Estado tem um papel fundamental neste processo ao adotar medidas que desesti-
mulem a produção de produtos feita por meio de atividades empresariais nocivas,
fortalecendo a concorrência por meio de práticas socioambientais, como o uso de
tecnologia limpa e a promoção da redução de desigualdades sociais (previsão
na Constituição Federal de 1988, artigo 170, incisos IV, VI e VII). As desigualdades
sociais podem ser dirimidas através da qualificação da mão de obra, tratamento
igualitário nas questões de gênero, etnia, portadores de necessidades especiais e
inclusão de práticas comerciais justas. Vale ressaltar que a Constituição Federal
de 1988 estabelece nos seus fundamentos o valor social do trabalho e da livre
iniciativa, no seu artigo 1o, inciso IV, que também associa a atividade empresarial
à efetivação dos direitos humanos.

O artigo 170 da Constituição Federal de 1988 traz a seguinte redação:


A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;

82 RESPONSABILIDADE SOCIAL
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte.

2.1. Importância da sustentabilidade empresarial


A maior importância da sustentabilidade empresarial com certeza é a
perpetuação das atividades da empresa, já que sem recursos naturais, a grande
maioria não teria como funcionar.

Daher (2006) fala da importância que a preservação do meio ambiente


traz para a empresa, pois consiste na possibilidade de que ela consiga vantagens
competitivas através da chancela do público consumidor, além disso, também
pode obter uma economia de custos ou rendimentos adicionais e, principalmente,
evitar a degradação ambiental por meio de seu processo produtivo. Portanto, a
sustentabilidade é um requisito fundamental para garantir a manutenção, o cres-
cimento estável e a competividade da empresa, ou seja, deve existir a harmonia
entre as questões financeiras, ambientais e sociais.

Por conseguinte, verifica-se que a preservação do meio ambiente deve ser


adotada como o alicerce de uma gestão empresarial de alto padrão. As empresas,
ao desenvolver produtos renováveis, mantêm uma conduta ética diante de seus
sócios, clientes, fornecedores, funcionários, instituições civis e o Estado. Configu-
rando, assim, uma postura de empresa-cidadã que se pauta na justiça social.

2.2. Práticas sustentáveis nas empresas


As empresas estão a cada dia mais preocupadas com uma gestão pauta-
da nas práticas sustentáveis. Elas têm buscado manter o seu desenvolvimento
econômico em sintonia com a proteção dos recursos naturais, que, por sua vez,

RESPONSABILIDADE SOCIAL 83
também é uma forma de preocupação social. Afinal, todo indivíduo tem direito de
usufruir de um meio ambiente equilibrado. As empresas estão investindo na
economia de energia, de água e de outras matérias-primas. Também utilizam a
reciclagem de produtos.

Correia e Pitombeira (2014) mencionam que as empresas devem ter ecoe-


ficiência. Uma atividade empresarial para ser considerada sustentável precisa de-
monstrar um desempenho econômico e ecológico. Portanto, a ecoeficiência con-
siste na integração entre o desempenho econômico e o desempenho ecológico,
ou seja, os gastos com as ações ambientais devem trazer benefícios econômicos
e financeiros para as empresas. Desse modo, as empresas produzem bens e ou
serviços úteis à sociedade ao mesmo tempo que reduzem os impactos ambientais,
os seus custos e o consumo de recursos naturais (ou matéria-prima). Por fim, a
ecoeficiência complementa o desenvolvimento sustentável no âmbito corporativo.
Significa que o aumento da eficiência é oriundo da preservação ambiental. Mas
vale ressaltar, que a busca pela ecoeficiência não é somente responsabilidade da
classe empresária, pelo contrário, também deve haver a cooperação da sociedade
e do governo.

Figura 01 : Motivações e causas para a Ecoeficiência.

Produtos Exigência do
Cliente por Produtos
mais limpos

Melhores
Redução de empregados e
custos e maior
vantagem produtividade
competitiva

Ecoeficiência

Menor custo
Inovação e de capital
Novas oportunidades e de seguro

Benefícios sociais
significáveis que levam
a uma imagem
melhorada

Fonte: Adaptado de CORREIA; PITOMBEIRA, 2014, p. 179.

84 RESPONSABILIDADE SOCIAL
3. Políticas públicas de sustentabilidade
Diante de um cenário de desigualdade econômica e social, é necessário
que exista uma harmonização entre as instituições econômicas e políticas. Em pro-
cessos competitivos, o conhecimento é um fator fundamental de desenvolvimen-
to. Neste contexto, as instituições desempenham papel principal ao viabilizarem o
processo cognitivo. Deve existir uma proximidade cultural e institucional entre as
pessoas. Existindo uma interação, a criação de tecnologia pelas empresas pode
ser repassada à população. Mas também o fato de as empresas estarem inseridas
numa determinada localidade permite o compartilhamento das mesmas normas,
convenções, valores e expectativas originadas a partir de uma convivência comum.

Na década de 1990, houve um esgotamento do modelo industrial no Bra-


sil, baseado predominantemente em setores industriais específicos. Desde então,
tem-se buscado uma política direcionada ao aumento da competitividade e das
exportações. Nesse aspecto, surgiram os arranjos produtivos locais como instru-
mentos de crescimento regional, havendo uma descentralização de políticas pú-
blicas vistas no Brasil e no mundo. A adoção de políticas públicas de apoio ao
desenvolvimento de arranjos produtivos locais no Brasil é oriunda de experiências
positivas no cenário internacional.

As políticas públicas de sustentabilidade podem ser viabilizadas por


meio da criação do Arranjo Produtivo Local (APL), que consiste no agrupamento
das micros, pequenas e médias empresas, ou seja, é a aglomeração de empresas
em um mesmo território. Ela procura o desenvolvimento de uma localidade através
da relação entre os agentes do setor produtivo local. Possui singularidade produti-
va e mantém um vínculo entre governo, associações empresariais, instituições de
crédito, ensino e pesquisa. O Arranjo Produtivo Local tem uma natureza relacional
dotada de cooperação, interação e aprendizagem entre a população local, com o
intuito de desenvolver um sistema produtivo inovador. A troca de informações, de
conhecimento e de aprendizado favorece o crescimento coletivo. Tal relação tem
como objetivo gerar inovação na produção com o intuito de permitir a competitivi-
dade das empresas e sustentar o desenvolvimento da localidade. O processo de
inovação é realizado através do conhecimento dos potenciais produtivos do local.
Este conhecimento será então transmitido para a coletividade.

RESPONSABILIDADE SOCIAL 85
Para Pinheiro, Carvalho e Kroeff (2005), é preciso um trabalho contínuo e
de longo prazo para que haja a estruturação de políticas de sustentabilidade e a
consolidação dos arranjos produtivos locais como formadores de um desenvolvi-
mento regional. Faz-se necessário o conhecimento das singularidades sociais e
culturais, infraestrutura educacional, qualificação de mão de obra, tecnologia e ser-
viços de informação, como também de políticas públicas que promovam a inclusão
na sociedade do conhecimento.

Vale ressaltar que é importante conhecer as características e fazer uma


análise dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), em conformidade com o seu con-
texto social e cultural, pois eles colaboram para a construção da identidade das lo-
calidades e fornecem elementos para que as políticas públicas sejam direcionadas
ao seu desenvolvimento e sustentabilidade.

As atividades produtivas são realizadas a partir do conhecimento adquiri-


do no cotidiano, que é transferido e assimilado de maneira informal e acrescido
pela criatividade. Por meio da criatividade ou capacidade inovadora, surgem novos
produtos em novas formas de produção. O processo de aprendizado emerge das
práticas ligadas às ações que identificam as pessoas.

Pinheiro, Carvalho e Kroeff (2005, p. 319) falam o seguinte sobre o surgi-


mento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs):
Geralmente, o surgimento dos APLs vincula-se a trajetórias histó-
ricas de construção de identidades, de ocupação de territórios e
de compreensão de um recorte do espaço geográfico que agrupa
aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais. A
compreensão do sucesso ou insucesso deve ser entendida den-
tro do contexto que o originou e que mantêm. A proximidade física
sempre foi característica marcante, seja pela matéria-prima, pelo
mercado consumidor ou comprador, pela característica do lugar,
pelo conhecimento ou outros recursos ali existentes.

Outros termos utilizados como sinônimo para Arranjos Produtivos Locais


(APLs) são: cluster, distrito industrial, polos, parques científicos e tecnológicos e
ambiente inovador. Os APLs podem ser classificados como:

• Informais;

86 RESPONSABILIDADE SOCIAL
• Organizados; e

• Inovativos.

Nos arranjos informais não existe uma liderança. Também não são sig-
nificativos os aspectos ligados à inovação, à cooperação e à confiança. Pode ser
caracterizada por uma maioria de pequenas e médias empresas competindo entre
si, trabalhadores não qualificados, baixo nível de exportação e pouco variedade de
produtos.

Nos arranjos organizados, as pequenas e médias empresas possuem


laços de cooperação e uma maior capacidade tecnológica. Os funcionários são
mais qualificados, as atividades gerenciais e tecnológicas são melhores, mas as
empresas ainda desenvolvem uma reduzida quantidade de atividades inovadoras.

Já nos arranjos inovativos, as empresas inovadoras possuem trabalhado-


res qualificados e uma estrutura de elos de cooperação entre as empresas.

Outra classificação dada aos APLs que está mais alinhada às característi-
cas do Brasil deve ser baseada nos seguintes elementos:

• Graus de territorialização (alta, média e baixa);

• Forma de governança (hierárquica ou rede); e

• Mercado de destino da produção (local, regional, nacional e internacional).

A territorialização diz respeito à capacitação necessária para a elaboração


de atividades inovadoras.

A governança busca analisar as relações locais entre as empresas e as


instituições.

Já o mercado de destino da produção é identificado em razão do forneci-


mento de insumos ou de produtos finais.

De acordo com Pinheiro, Carvalho e Kroeff (2005), tem-se como exemplo


de políticas públicas o Plano Plurianual 2004-2007 do Governo Federal que busca-
va a inclusão social; a redução de desigualdades sociais; o crescimento com gera-
ção de trabalho, emprego e renda, ambiente sustentável; promoção e aumento da

RESPONSABILIDADE SOCIAL 87
cidadania; e fortalecimento da democracia. Identificou-se, com isso, a necessidade
de participação das políticas públicas no apoio aos centros de educação profissio-
nal e tecnológica, leis reguladoras, articulação com órgãos e entidades de traba-
lho e emprego, melhoria da educação, política industrial voltada para a eficiência
e expansão das exportações. Houve uma preocupação em inovação tecnológica
em arranjos produtivos locais relacionados aos semicondutores, software, bens de
capital, produtos farmacêuticos e medicamentos, biotecnologia, nanotecnologia e
biomassa.

O Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Programa de Plataformas


Tecnológicas, buscou o desenvolvimento regional. Tentou unir planejamento e
ação através do processo de envolvimento entre o setor produtivo, os governos es-
taduais, as agências do Ministério, as universidades e centros de pesquisas como
Sebrae, SENAI, Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Embrapa. O Ministério da Ciência e
Tecnologia desenvolveu um serviço por meio da internet que oferecia informações
acerca dos arranjos produtivos locais existentes em vários estados, bem como
informações científicas, tecnológicas, industriais, comerciais e financeiras.

O Ministério da Integração Nacional deu apoio aos arranjos produtivos lo-


cais através da Secretaria de Programas Regionais. Fomentou questões relativas
à tecnologia, infraestrutura, cooperação e empreendedorismo, recursos humanos,
mercado e financiamento.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior definiu a


atuação dos arranjos produtivos locais como uma forma de promoção do desen-
volvimento econômico e social. Propôs uma gestão compartilhada entre os outros
ministérios, bancos oficiais e instituições públicas e privadas.

Já o Sebrae tem como objetivo promover a competitividade e a sustentabi-


lidade de micro e pequenas empresas nos arranjos produtivos locais, buscando o
desenvolvimento local.

Desse modo, pode-se observar que tem ocorrido investimento em políticas


públicas, através de programas governamentais voltados para os arranjos produ-
tivos locais, na tentativa de alavancar um desenvolvimento regional e um investi-
mento por parte de instituições privadas e organizações da sociedade civil.

88 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Conforme Pinheiro, Carvalho e Kroeff (2005), pode-se elencar os progra-
mas de políticas públicas no Brasil da seguinte forma:

• As políticas públicas voltadas para a indústria, ciência, tecnologia e edu-


cação compreendem os Arranjos Produtivos Locais (APLs) como uma
maneira de se alcançar o desenvolvimento;

• O Poder Público tem preferido investir em APLs maiores e melhores es-


truturados, o que vai no caminho inverso do discurso de inclusão social;

• Não se investe na inclusão digital. Os investimentos ficam na seara da


infraestrutura de informação, em especial na da tecnologia de informação
e de telecomunicação;

• O modelo considerado ideal é aquele no qual existe uma empresa matriz


com forte elo externo, mas que não garante a sustentabilidade;

• APLs criados sem a preocupação do conhecimento do potencial produ-


tivo local e sem verificar a identidade da comunidade, como os valores
socioculturais, estão fadados ao fracasso após o término de investimentos
públicos.

Por conseguinte, apenas investimentos em tecnologias informacionais não


são suficientes para uma inclusão social efetiva. Os investimentos aplicados em
educação e em tecnologia revelam impactos diferentes na economia e no desen-
volvimento da sociedade. Desse modo, tecnologias em máquinas voltadas para a
produção terminam sendo limitantes, pois as pessoas as utilizam em conformidade
com sua capacidade de aprendizado e com seus padrões culturais. Já os inves-
timentos em educação caracterizam-se como um processo contínuo realizado a
longo prazo.

Desse modo, o desenvolvimento de um Arranjo Produtivo Local (APL) está


embasado em uma esperança de crescimento e sustentabilidade. Mas é preciso
que haja investimento numa estrutura educacional para criar condições locais para
a criação de novos conhecimentos chegando ao estágio do desenvolvimento e da
sustentabilidade.

RESPONSABILIDADE SOCIAL 89
1. Disserte sobre a sua compreensão em relação ao tema desenvolvimento sus-
tentável.

2. Fale sobre a conceituação de sustentabilidade.

3. Escolha uma empresa brasileira (pode ser multinacional, mas precisa ter sede
no Brasil) que possua práticas sustentáveis e discorra sobre ela.

90 RESPONSABILIDADE SOCIAL
4. Comente sobre as políticas públicas de sustentabilidade.

5. Dê sua opinião a respeito de como deve ser a postura dos gestores das empre-
sas para conseguir alcançar uma gestão pautada na sustentabilidade.

6. Fale sobre a função da ecoeficiência nas empresas.

RESPONSABILIDADE SOCIAL 91
7. Comente sobre os benefícios da gestão ambiental.

8. Comente sobre as medidas preventivas da gestão ambiental.

Nesta unidade, conhecemos o conceito de desenvolvimento sustentável e


vimos que ele deve focar nos aspectos sociais, econômicos e ambientais. A cria-
ção de produtos ou serviços com baixo custo, com qualidade e agilidade tem como
foco as relações entre sustentabilidade econômica, social e ambiental corporativa.
A prática constante da sustentabilidade permite a funcionalidade da empresa du-
rante os anos, aumenta seus lucros, alcança um melhor reconhecimento no mer-
cado, melhora a sua legitimidade e a percepção de qualidade de seus produtos e
ou serviços.

92 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Também vimos que para uma atividade empresarial ser considerada sus-
tentável, precisa demonstrar um desempenho econômico e ecológico. É nesse
ponto que entra a ecoeficiência, que consiste na integração entre o desempenho
econômico e o desempenho ecológico, ou seja, os gastos com as ações am-
bientais devem trazer benefícios econômicos e financeiros para as empresas. A
ecoeficiência complementa o desenvolvimento sustentável no âmbito corporativo.
Significa que o aumento da eficiência é oriundo da preservação ambiental. Mas a
busca pela ecoeficiência não é somente responsabilidade da classe empresária,
pois também deve haver a cooperação da sociedade e do governo.
Por fim, vimos que políticas públicas de sustentabilidade podem ser via-
bilizadas por meio da criação do Arranjo Produtivo Local (APL), que consiste no
agrupamento das micros, pequenas e médias empresas, ou seja, é a aglomeração
de empresas em um mesmo território. Ele procura o desenvolvimento de uma loca-
lidade através da relação entre os agentes do setor produtivo local. Possui singu-
laridade produtiva e mantém um vínculo entre governo, associações empresariais,
instituições de crédito, ensino e pesquisa. O Arranjo Produtivo Local (APL) tem
uma natureza de relações dotadas de cooperação, interação e aprendizagem entre
a população local, com o intuito de desenvolver um sistema produtivo inovador. A
troca de informações, de conhecimento e de aprendizado favorecem o crescimento
coletivo.

Referências

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bens. Brasil: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2001. Disponível em: <http://
bittarpericias.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Avaliacao-Bens-Procedimentos-Ge-
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Estratégias de Negócios Focadas na Realidade Brasileira. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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