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Nº 105
Data (páginas internas): 16 de abril de 1998.
ÍNDICE DE ASSUNTOS
ADEPOL: Ilegitimidade Ativa
Anulação da Sentença e Decreto de Prisão
Aposentadoria de Rurícola
Competência Originária do STF: "letra n"
Correição Parcial: Natureza Administrativa
Crime Falimentar e Prescrição
Desistência do Direito de Recorrer e Assistência
Dupla Intimação e Nulidade
Error in Judicando e Anulação Ex Officio
Estabilidade Financeira
Extradição e Prisão Perpétua
Finsocial: Definição do Contribuinte
Gratuidade de Certidão
HC: Conhecimento
Lei 9.099/95 e Desclassificação do Crime
Princípio Tantum Devolutum
Representação Processual da União
Revisão de Benefícios Previdenciários
Seqüestro e Roubo: Concurso Material
Suspensão do Processo: Caráter Personalíssimo
Técnicos do Tesouro Nacional e Aposentadoria
Tipificação da Conduta e Reexame de Prova
PLENÁRIO
Correição Parcial: Natureza Administrativa
Concluído o julgamento de habeas corpus (v.
Informativo 92) contra decisão do STM que deferiu
correição parcial, nos termos do art. 498 do CPPM, por
considerar inaplicável à Justiça Militar a Lei dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais e, em conseqüência, anulou a
composição civil celebrada entre a vítima e o paciente —
acusado de lesão corporal culposa — de acordo com o artigo
74 da Lei 9.099/95 (“A composição dos danos civis será
reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado
no juízo civil competente.”). Em face de questão prejudicial
suscitada pelo Min. Sepúlveda Pertence no sentido de que o
STM não poderia ter cassado, mediante correição parcial,
decisão jurisdicional de caráter definitivo, o Tribunal, por
unanimidade, deferiu a ordem de ofício. HC 74.581-CE, rel.
Min. Nelson Jobim, 1º.4.98.
Estabilidade Financeira
Iniciado o julgamento de recurso extraordinário do
Estado de Santa Catarina contra acórdão do Tribunal de
Justiça local que, fundado no princípio da intangibilidade do
direito adquirido e no da isonomia, determinou a
observância, no reajuste da parcela remuneratória
incorporada por servidor em razão do anterior exercício de
cargo em comissão (estabilidade financeira), dos mesmos
critérios aplicáveis ao reajuste dos vencimentos dos atuais
ocupantes daqueles cargos. O Min. Moreira Alves, relator,
considerando que o referido Tribunal de Justiça não poderia
ter estendido a aplicação da Lei 9.875/95 — resultante da
conversão da Medida Provisória estadual nº 61/95, que
instituiu a “gratificação complementar de vencimento”
apenas aos servidores ocupantes de cargos comissionados —
àqueles servidores em atividade que, embora beneficiados
pelo instituto da estabilidade financeira, não mais ocupavam
os referidos cargos, votou pelo provimento do recurso
extraordinário para denegar a segurança concedida, tendo em
vista a orientação da jurisprudência do STF no sentido de
que não há direito adquirido a regime jurídico. Após, o
julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Min.
Marco Aurélio. RE 222.480-SC e RE 223.425-SC, rel. Min.
Moreira Alves, 2.4.98.
Gratuidade de Certidão
Por maioria, o Tribunal indeferiu medida cautelar
em ação direta ajuizada pela Associação dos Notários e
Registradores do Brasil - ANOREG-BR, contra os arts 1º, 3º
e 5º da Lei nº 9.534/97, que prevêem a gratuidade do registro
civil de nascimento, do assento de óbito, bem como da
primeira certidão respectiva. Considerou-se não
caracterizada a relevância jurídica da tese de ofensa ao art.
5º, LXXVI, da CF ("são gratuitos para os reconhecidamente
pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b)
a certidão de óbito;") uma vez que este dispositivo
constitucional reflete o mínimo a ser observado pela lei, não
impedindo que esta garantia seja ampliada, indistintamente.
Considerou-se, também, que a União Federal poderia ter
isentado a cobrança de emolumentos sobre os mencionados
serviços uma vez que se trata de um serviço público, ainda
que prestado pelos cartórios mediante delegação. Vencidos
os Ministros Maurício Corrêa e Marco Aurélio, que deferiam
a cautelar, por entenderem configurada a violação do
princípio da razoabilidade ao fundamento de que as normas
impugnadas inviabilizariam o funcionamento dos cartórios
de notas e registros civis. ADInMC 1.800-UF, rel. Min.
Nelson Jobim, 6.4.98.
Aposentadoria de Rurícola
Em virtude da existência de dissídio entre as
Turmas, o Tribunal julgou embargos de divergência em
recurso extraordinário — reiterando a decisão proferida no
julgamento dos embargos de divergência no recurso
extraordinário nº 163.332-RS (DJU de 20.2.98) —,
prevalecendo o entendimento de que o art. 202, I, da CF,
não é auto-aplicável [“É assegurada aposentadoria, nos
termos da lei, (...) e obedecidas as seguintes condições: I -
aos sessenta e cinco anos de idade, para homem e aos
sessenta, para mulher, reduzido em cinco anos o limite de
idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e
para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal;”]. Vencidos os Ministros
Marco Aurélio, Carlos Velloso e Néri da Silveira, que os
rejeitavam. RE (EDv)148.511-SP, rel. Min. Octavio Gallotti,
6.4.98.
PRIMEIRA TURMA
Anulação da Sentença e Decreto de Prisão
É ilegal o constrangimento decorrente de acórdão
que, ao anular decisão absolutória proferida pelo tribunal do
júri a fim de submeter o acusado a novo julgamento,
determina a prisão preventiva do réu pelo simples fato de ter
sido decretada a custódia preventiva do mesmo quando da
sentença de pronúncia. Exige-se, em tais circunstâncias,
novo decreto de prisão preventiva, devidamente
fundamentado. Precedentes citados: HC 66.087-MG (DJU de
2.12.88); HC 68.881-RJ (RTJ 138/554). HC 76.140-PE, rel.
Min. Octavio Gallotti, 31.3.98.
SEGUNDA TURMA
Suspensão do Processo: Caráter Personalíssimo
Tendo sido afastada a suspensão condicional do
processo (Lei 9.099/95, art. 89) com relação a um dos réus
pelo tribunal de justiça estadual, não poderia a referida
decisão atingir os demais co-réus que aceitaram as condições
estabelecidas na suspensão, tendo em vista o caráter
personalíssimo desta aceitação. Com base nesse
entendimento a Turma deferiu habeas corpus para
restabelecer a suspensão condicional do processo
relativamente aos pacientes. HC 75.924-MG, rel. Min.
Marco Aurélio, 30.3.98.
CLIPPING DO DJ
3 de abril de 1998
ADIn N. 1.585
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Despesas de pessoal: limite de fixação delegada pela
Constituição à lei complementar (CF, art. 169), o que reduz sua
eventual superação à questão de ilegalidade e só mediata ou
reflexamente de inconstitucionalidade, a cuja verificação não se
presta a ação direta; existência, ademais, no ponto, de controvérsia
de fato para cujo deslinde igualmente é inadequada a via do controle
abstrato de constitucionalidade.
II. Despesas de pessoal: aumento subordinado à existência de
dotação orçamentária suficiente e de autorização específica na lei de
diretrizes orçamentárias (CF, art. 169, parág. único, I e II): além de a
sua verificação em concreto depender da solução de controvérsia de
fato sobre a suficiência da dotação orçamentária e da interpretação
da LDO, inclina-se a jurisprudência no STF no sentido de que a
inobservância por determinada lei das mencionadas restrições
constitucionais não induz à sua inconstitucionalidade, impedindo
apenas a sua execução no exercício financeiro respectivo:
precedentes.
* noticiado no Informativo 97
ADIn N 1.710
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E
PREVIDENCIÁRIO.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 560, DE 26.07.1994,
SUCESSIVAMENTE REEDIDATA, NO PRAZO, E NÃO
REJEITADA PELO CONGRESSO NACIONAL: EFICÁCIA DE
LEI. ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO AO PLANO DE
SEGURIDADE SOCIAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA RESOLUÇÃO Nº 12.943, DE
02.09.1997, DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO
ESTADO DE ALAGOAS, QUE REDUZIU A ALÍQUOTA, DE
12% PARA 6%, E DETERMINOU A RESTITUIÇÃO DAS
DIFERENÇAS RECOLHIDAS A MAIS, A PARTIR DE
01.07.1994. MEDIDA CAUTELAR.
1. Em face dos termos da Resolução e da extensão de seus efeitos a
todos os servidores vinculados ao Tribunal Regional Eleitoral de
Alagoas, assume ela o caráter de ato normativo, podendo, pois, ser
impugnada em Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do
art. 102, I, "a", da Constituição Federal, conforme reiterados
pronunciamentos da Corte.
2. Em situação assemelhada o Plenário do Supremo Tribunal Federal
considerou em vigor a M.P. 560, de 26.07.1994, sucessivamente
reeditada, sem rejeição pelo Congresso Nacional, como ocorre até
agora, e suspendeu, com eficácia "ex tunc", a Resolução tomada, no
Processo 01813/97, pelo Conselho da Administração do Superior
Tribunal de Justiça, que igualmente reduzira a alíquota de
contribuição, para o PSSS, de 12% para 6%, e determinara a
restituição das diferenças recolhidas a mais, a partir de 01.07.1994
(ADIMC 1.610, D.J. 21.11.1997).
3. Presentes os pressupostos da plausibilidade jurídica da Ação
("fumus boni iuris") e do "periculum in mora", ou da alta
conveniência da Administração Pública, a medida cautelar também
aqui é deferida, para se suspender, com eficácia "ex tunc", a
Resolução nº 12.943, de 02.09.1997, do Tribunal Regional Eleitoral
de Alagoas, até o julgamento final.
ADIn N. 1.771
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Ilegitimidade para
propô-la.
- Como se vê dos estatutos da requerente - o que, aliás, é revelado
por sua própria denominação -, a requerente é uma associação de
associações, uma vez que, segundo o artigo 3º desses estatutos, é ela
"constituída pelas entidades representativas da categoria de
Engenheiros Agrônomos, de âmbito estadual, limitada esta
representação a uma entidade para cada Estado, Território e Distrito
Federal" (fls. 11).
Ora, esta Corte, ainda recentemente, em 18.09.97 e em 01.10.97,
não conheceu das ADINs 1.621 e 1.676, reafirmando o
entendimento, firmado em várias outras ADINs anteriores (assim, a
título exemplificativo, as de nºs 57, 353, 511, 79, 108, 591, 128, 433,
1.479, 914, como salientado pelo Ministro OCTAVIO GALLOTTI
na ADIN 1.676), de que associação de associações não constitui a
entidade de classe a que se refere o art. 103, IX, parte final, da
Constituição.
- Por outro lado, além de ser associação de associações, a ora
requerente só representa um segmento de uma categoria profissional
- a dos engenheiros -, não podendo, assim, também por essa razão,
ser considerada entidade de classe para ter legitimidade para propor
ação direta de inconstitucionalidade.
Ação não conhecida, ficando prejudicado o exame do pedido de
liminar.
* noticiado no Informativo 99
ADIn N. 1.787
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Argüição de
inconstitucionalidade da resolução tomada, pelo Tribunal Regional
Eleitoral do Estado de Pernambuco, no processo nº 8.756/97, a qual
reconheceu a existência do direito ao reajuste de 11,98%, a partir de
março de 1994, aos servidores da Justiça Eleitoral daquele Estado,
resultado da conversão, em URV na data do efetivo pagamento, dos
vencimentos dos meses de novembro e dezembro de 1993 e janeiro e
fevereiro de 1994. Pedido de liminar.
Resolução que se caracteriza como ato normativo.
- Ocorrência do "fumus boni iuris" e do "periculum in mora".
Precedente do Plenário: ADIN 1.781 (pedido de cautelar).
Pedido de liminar deferido, para suspender, "ex tunc" e até o final
julgamento da ação, a eficácia da resolução em causa.
HC N. 74.751
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Habeas-corpus: cabimento na pendência de indulto
condicional (D. 1.860/96).
II. Princípio do contraditório e provas irrepetíveis. O dogma
derivado do princípio constitucional do contraditório de que a força
dos elementos informativos colhidos no inquérito policial se esgota
com a formulação da denúncia tem exceções inafastáveis nas provas
- a começar do exame de corpo de delito, quando efêmero o seu
objeto, que, produzidas no curso do inquérito, são irrepetíveis na
instrução do processo: porque assim verdadeiramente definitivas, a
produção de tais provas, no inquérito policial, há de observar com
rigor as formalidades legais tendentes a emprestar-lhe maior
segurança, sob pena de completa desqualificação de sua idoneidade
probatória.
III. Reconhecimento fotográfico. O reconhecimento fotográfico à
base da exibição da testemunha da foto do suspeito é meio
extremamente precário de informação, ao qual a jurisprudência só
confere valor ancilar de um conjunto de provas juridicamente
idôneas no mesmo sentido: não basta para servir de base substancial
exclusiva de decisão condenatória.
HC N. 75.219
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - 1. Ações penais em curso, uma perante o Órgão
Especial do Tribunal de Justiça (por ser Promotor de Justiça um dos
acusados), outra em Vara da Justiça Federal.
2. Diversidade dos fatos irrogados aos denunciados, em cada um dos
processos.
3. Conexão afastada por ser meramente circunstancial a ligação
entre as duas séries de infrações, a traduzir simples critério de
utilidade forense, suprível pela extração de cópias.
4. Pedido indeferido, por unanimidade, após a retificação do
primitivo voto do Relator.
* noticiado no Informativo 79
HC N. 75.628
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL DECORRENTE DE
DESPACHO DE RELATOR QUE NÃO CONHECEU DE
AGRAVO NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
Impetração que visa desconstituir decisão que não conheceu de
agravo de instrumento porque fora interposto diretamente no
Superior Tribunal de Justiça e as peças que o instruíram não se
encontravam autenticadas.
Fundamentos impugnados.
Ainda que se pudesse propugnar por um tratamento benevolente,
dispensando-se a autenticação das peças que instruem o agravo de
instrumento, subsistiria o outro fundamento apontado na decisão
impetrada de per se suficiente para a negativa de seguimento do
agravo que a impetração quer reverter. É que a interposição de
agravo de instrumento para o Superior Tribunal de Justiça deve ser
feita mediante petição dirigida ao Presidente do Tribunal de origem
e não diretamente na Corte a que compete apreciar o recurso,
consoante dispõe a Resolução nº 1, de 31 de janeiro de 1996, do
Presidente do STJ.
Habeas corpus conhecido, mas indeferido.
* noticiado no Informativo 85
HC N. 75.690
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus". Substituição de fotografia em
documento público de identidade. Tipificação.
- Sendo a alteração de documento público verdadeiro uma das duas
condutas típicas do crime de falsificação de documento público
(artigo 297 do Código Penal), a substituição da fotografia em
documento de identidade dessa natureza caracteriza a alteração dele,
que não se cinge apenas ao seu teor escrito, mas que alcança essa
modalidade de modificação que, indiscutivelmente, compromete a
materialidade e a individualização desse documento verdadeiro, até
porque a fotografia constitui parte juridicamente relevante dele.
"Habeas corpus" indeferido.
* noticiado no Informativo 102
HC N. 75.797
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. PACIENTE RESPONSÁVEL
PELA IMPORTAÇÃO DE ARMAMENTO DE USO PRIVATIVO
DAS FORÇAS ARMADAS, SEM AUTORIZAÇÃO DA
AUTORIDADE COMPETENTE. RECURSO ORDINÁRIO.
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO.
Configuração do ilícito do art. 12 da Lei nº 7.170/83 (que define os
crimes contra a segurança nacional).
Competência do Juiz Federal para julgamento da ação, em primeiro
grau, com recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. Art.
109, IV, c/c o art. 102, I, i, e II, b, da Constituição Federal.
Improcedência da alegação de prejuízo à defesa por não ter o
paciente sido intimado da decisão declinatória de foro, tendo em
vista que consta da folha de registro automatizado de andamento
processual, que vieram aos autos com as informações, que o
defensor constituído esteve presente à sessão de julgamento, tendo
feito, inclusive, defesa oral.
Habeas corpus indeferido.
HC N. 75.908
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PENAL E
PROCESSUAL PENAL. PREFEITO MUNICIPAL. CRIME DE
DESVIO DE BENS OU RENDAS PÚBLICAS (ART. 1º, INCISO I,
DO DECRETO-LEI Nº 201, DE 27.02.1967).
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16 DO CÓDIGO
PENAL). REDUÇÃO DA PENA.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA: ARTIGOS 109, V, E
117, I E IV, DO CÓDIGO PENAL.
1. A Escola em questão foi construída na gestão do paciente, antes
do recebimento da denúncia, embora depois de constatada sua falta
pelo Tribunal de Contas do Estado. Sendo assim, a condenação à
pena de três anos de reclusão, imposta no acórdão proferido na Ação
Penal, haveria de ser reduzida, no mínimo, de um terço, nos termos
do artigo 16 do Código Penal.
2. E com essa redução da pena, para dois anos, é de se reconhecer,
em favor do paciente, "ex officio", como demonstrou o segundo
parecer do Ministério Público, a extinção da punibilidade, pela
prescrição da pretensão punitiva, em face do tempo decorrido entre a
data do recebimento da denúncia e a da condenação. Tudo diante do
que dispõem os artigos 117, incisos I e IV, e 109, inciso V, do
Código Penal.
3. "H.C." deferido, para se declarar a extinção da punibilidade pela
prescrição da pretensão punitiva, determinando-se a expedição de
contra-mandado de prisão.
HC N. 75.965
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.
REINCIDÊNCIA: EXTINÇÃO DOS EFEITOS. MAUS
ANTECEDENTES. ARTIGOS 64, I, E 59 DO CÓDIGO PENAL.
PENA PELA REINCIDÊNCIA E PELA CIRCUNSTÂNCIA
JUDICIAL. ALEGAÇÃO DE "BIS IN IDEM". "HABEAS
CORPUS".
1. Não procede a alegação de que, na fixação da pena, a condenação
anterior foi levada em consideração para elevação da pena-base,
como circunstância judicial desfavorável (mau antecedente - art. 59
do C.P.) e, ao depois, como agravante (reincidência - art. 61, I). É
que, para isso, não foram considerados os mesmos fatos, não se
caracterizando, assim, o alegado "bis in idem".
2. Ademais, a extinção dos efeitos da reincidência, como tal, por
força do disposto no inc. I do art. 64 do C. Penal, não elimina o mau
antecedente representado pelo delito praticado e que justificou a
condenação.
3. Precedentes.
4. "H.C." indeferido.
* noticiado no Informativo 99
HC N. 76.390
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Reformatio in pejus: processo por concurso material de
crimes: no julgamento de recurso exclusivamente da defesa, não
pode a imputação de um crime autônomo (L. 6.368/76, art. 14), da
qual então se absolveu o réu, converter-se em causa especial de
aumento da pena aplicada a outro delito (L. 6.368/76, art. 18, III),
em relação à qual não houve recurso de acusação.
MS 22.321
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO
E PROCESSUAL CIVIL. FUNÇÃO DE CONFIANÇA. FUNÇÃO
GRATIFICADA: GRATIFICACÃO DE REPRESENTAÇÃO DE
GABINETE NO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA
16A. REGIÃO (ART. 4º DA LEI Nº 7.819, DE 15.09.1989. ART. 37,
V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MANDADO DE
SEGURANÇA.
1 É de se aplicar ao caso o disposto no inciso V do art. 37 da
Constituição Federal, segundo o qual "os cargos em comissão e as
funções de confiança serão exercidos, preferencialmente, por
servidores ocupantes de cargo de carreira técnica ou profissional,
nos casos e condições previstos em lei", sendo certo, porém, que tal
Lei ainda não foi aprovada pelo Congresso Nacional. Ou seja, uma
Lei específica reguladora de tais casos e condições.
2. O Mandado de Segurança, portanto, é de ser deferido, para
anulação das Decisões nºs 531/94, 085/95 e 241/95 do Tribunal de
Contas da União, na parte em que determinaram ao Tribunal
Regional do Trabalho da 16ª Região, ora impetrante, "que destine as
funções gratificadas, criadas pela Lei nº 7.819, de 15.09.89, tão-
somente a servidores de cargos de provimento efetivo de seu Quadro
Permanente de Pessoal".
3. O deferimento, porém, há de ser parcial, já que as demais
deliberações contidas nas referidas decisões, aqui não impugnadas,
não podem ser desconstituídas.
4. Ademais, nada impede que o Tribunal de Contas da União, uma
vez cassadas as referidas decisões, apenas no ponto referido,
prossiga, eventualmente, na verificação de outras eventuais
irregularidades, completando, se assim lhe parecer, o exame da
denúncia que lhe foi apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores
do Poder Judiciário Federal no Estado do Maranhão -
SINTRAJUFE.
5. Mandado de Segurança, deferido, em parte, nos termos do voto do
Relator.
6. Plenário. Decisão unânime.
* noticiado no Informativo 101
MS N. 22.498
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Juízes classistas da Justiça do Trabalho. Pretensão de
aplicação a eles da vantagem a que se refere o inciso I do artigo 192
da Lei 8.112/90.
- A aposentadoria dos juízes temporários da União se dá nos termos
da Lei 6.903/81, e essa Lei não lhes confere a vantagem prevista no
inciso I do artigo 192 da Lei 8.112/90. Esses juízes só fazem jus a
benefícios e vantagens que lhes tenham sido expressamente
outorgados em legislação específica (MS 21.468).
- Ademais, ainda que assim não fosse, e se aplicasse a Lei 8.112/90
aos juízes classistas da Justiça do Trabalho, o inciso I do artigo 192
desse Diploma Legal ("O servidor que contar tempo de serviço para
aposentadoria com provento integral será aposentado: I - com a
remuneração do padrão da classe imediatamente superior àquela em
que se encontra posicionado") não se aplicaria a eles, até porque o
conceito de classes graduadas está vinculado ao de cargo que admita
promoção de uma para outra, o que é incompatível com a natureza
do cargo isolado.
Mandado de segurança indeferido.
* noticiado no Informativo 98
RE N. 148.095
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
CONCURSO PÚBLICO - AGENTE DE POLÍCIA - ALTURA
MÍNIMA - VIABILIDADE. Em se tratando de concurso público
para agente de polícia, mostra-se razoável a exigência de que o
candidato tenha altura mínima de 1,60m. Previsto o requisito não só
na lei de regência, como também no edital de concurso, não
concorre a primeira condição do mandado de segurança, que é a
existência de direito líquido e certo.
* noticiado no Informativo 98
RE N. 210.243
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Não ofende a garantia constitucional da ampla defesa a
exigência do depósito do valor da multa, como condição de
admissibilidade do recurso na esfera administrativa (RE 210.246,
Jobim, 12.11.97).
RE N. 210.912
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I - É inadmissível pelo fundamento da letra b do art. 102,
III, CF, recurso extraordinário interposto contra acórdão que julga
não recebido pela Constituição preceito legal editado antes do início
de sua vigência. Ausência, no caso, de declaração de
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
II - Recurso extraordinário que, pela letra a, assenta em
argumentação contrária ao entendimento adotado pelo STF a
propósito da chamada "quota de contribuição" devida pelos
exportadores de café ao extinto IBC (Dl. 2295/86). Hipótese de não
conhecimento.
RE N. 219.146
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Medida cautelar em ação direta de
inconstitucionalidade: indeferida - ao contrário do que sucede na
hipótese de concessão (cf. RE 168.277 (QO), Galvão, 4.2.98) - não
se suspende, em princípio, o julgamento dos processos em que
incidentemente se haja de decidir a mesma questão de
inconstitucionalidade.
II. Correção monetária de vencimentos pagos com atraso: imposição
por Constituição Estadual: validade: inexistência de usurpação da
competência privativa da União para legislar sobre o sistema
monetário; ociosidade, de qualquer modo, da discussão.
A preexistência, no sistema monetário delineado pela própria
Constituição, do instituto da correção faz descer a previsão de sua
incidência para a atualização do valor nominal de créditos ou débitos
do Estado-membro à alçada de norma sobre sua administração
financeira, induvidosamente incluída no âmbito da autonomia local.
Last but not least, a indagação da validade formal da norma estadual
questionada tem, no caso concreto, indisfarçável sabor acadêmico,
na medida em que, há tempos, já é firme na jurisprudência do STF -
não obstante a ausência de norma federal ou estadual explícita -, ser
devida a correção monetária no pagamento com atraso de
vencimentos do servidor público (v.g., RE 107.974, 1ª T., 22.4.86,
Gallotti, RTJ 117/133; RE 134.430, Velloso, 11.6.91, RTJ 136/1.351;
Ag(AgRg) 135.101, Galvão, 26.5.92, RTJ 142/942; RE 135.313,
Gallotti, 26.11.91, RTJ 156/214; Ag(AgRg) 132.379, Galvão, RTJ
143/287; AgRE 146.660, M. Aurélio, 20.4.93, DJ 7.5.93; Ag(AgRg)
138.974, Moreira, 2.5.95; Ag(AgRg) 163.936, Gallotti, 15.9.95, RTJ
158/320): essa jurisprudência reduz o alcance da regra local
questionada ao de norma meramente expletiva de um corolário de
princípios gerais, a cuja incidência, com ela ou sem ela, não seria
dado ao Estado-membro subtrair-se.
* noticiado no Informativo 102
HC (AgRg-EInf) N. 72.664
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS
INFRINGENTES. HABEAS CORPUS.
I. - Os embargos infringentes, em matéria penal - CPP, art. 609,
parág. único - são cabíveis de decisão majoritária de Tribunais de 2º
grau e somente são utilizáveis pela defesa. São eles admissíveis na
apelação e no recurso em sentido estrito.
II. - Não cabimento de embargos infringentes em habeas corpus.
III. - Disciplina dos embargos infringentes no STF: RI/STF, art. 333
e seu parág. único.
IV. - Agravo não provido.