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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Redação Oficial, Revisão


Gramatical e o Novo
Acordo Ortográfico.
SUMÁRIO

1. A comunicação: noções de língua, linguagem, leitura e texto.


1.1. A comunicação e intencionalidade discursiva: elementos da comunicação, funções da
linguagem.
1.2. Linguagem: oral e escrita.
1.3. Variação linguística: língua padrão, língua não-padrão, graus de formalismo.

2. Recepção de textos:

2.1. Condições de produção do texto: o sujeito (autor/ leitor) o contexto


(imediato/histórico) o sentido (interação/explicação).
2.2. Estruturação - organização do período e do parágrafo. Qualidades textuais.
2.3. Discurso, texto e enunciado: textualidade e coesão; coerência textual; polifonia;
intertextualidade.

3. Produção de texto: as comunicações oficiais.

3.1 O Padrão Ofício: Partes do documento no Padrão Ofício, Forma de diagramação.


3.2. Aviso e Ofício: Definição e Finalidade, Forma e Estrutura.
3.3. Memorando: Definição e Finalidade, Forma e Estrutura.
3.4. Exposição de Motivos: Definição e Finalidade, Forma e Estrutura.
3.5. Fax: Definição e Finalidade, Forma e Estrutura.
3.6. Correio Eletrônico: Definição e finalidade, Forma e Estrutura, Valor documental.
3.7. Principais documentos oficiais utilizados no âmbito da PMPE.

4. Pronomes de Tratamento
4.1. Concordância com os Pronomes de Tratamento
4.2. Emprego dos Pronomes de Tratamento
4.3. Fechos para Comunicações
4.4. Identificação do Signatário

5. Breve revisão dos elementos de ortografia e gramática


5.1. Ortografia
5.2. Acentuação gráfica
5.3. Uso de sinais de pontuação
5.4. Abreviaturas e siglas
5.5 Aspectos gerais sobre o Novo Acordo Ortográfico

2
1. COMUNICAÇÃO: NOÇÃO DE LÍNGUA, LINGUAGEM, LEITURA E TEXTO

1.1 Comunicação e intencionalidade discursiva

Concepções de língua - Para iniciarmos nosso estudo sobre a Comunicação, é fundamental


entendermos a concepção de língua que orienta nosso trabalho. Embora existam outras
maneiras de conceber a língua, por questões didáticas, discutiremos aqui apenas três:

 linguagem como expressão do pensamento — essa é a noção de língua que


orienta os argumentos dos gramáticos tradicionais, como por exemplo, Napoleão
Mendes de Almeida. Nessa noção de língua, qualquer desvio da norma culta é
tomado como uma falha do pensamento. O grande problema aqui é o risco de
considerar que quem não fala, não pensa, o que é um verdadeiro absurdo. Pensem
nos mudos, será que eles não pensam?
 linguagem como instrumento de comunicação — nos séculos XVIII e XIX, a
concepção de língua que predominou nos estudos da linguagem, foi a noção de
língua como instrumento de comunicação. A ideia de que era necessário preparar
as pessoas para o mercado de trabalho conferiu à linguagem uma função utilitária.
O problema, nessa noção, é tomar uma das partes do processo de comunicação
como passiva (estamos falando do Receptor);
 linguagem como atividade sócio-interativa — a noção de língua mais atual,
entende a linguagem como um processo dinâmico em que os interlocutores
interagem socialmente. Aqui os sujeitos são ativos e promovem ações sociais por
meio da linguagem. Nessa perspectiva, ao produzir determinado texto, o
autor/escritor tem em mente os objetivos, o público alvo e lança mão de
estratégias lingüísticas específicas para se fazer compreender.

Explicamos que todas essas concepções estão ainda em vigor. O surgimento de outra
noção de língua, não elimina a anterior. Todavia, os estudos mais recentes tendem a se basear
na terceira concepção e é nesta que situamos nosso trabalho, já que a língua só tem
existência em situações concretas de interação. Estudá-la é então detectar os compromissos
criados através da fala/escrita e as condições a serem preenchidas por um falante/escritor
numa dada situação de comunicação.
Vale salientar que a língua não é absolutamente explícita (ambiguidade, polissemia,
ironias). Assim, a inferência assume papel central na compreensão de texto. Observe o
exemplo: Renew, a marca que apaga todas as outras. (Avon)

Vamos pensar: A palavras outras se refere a quê? _____________________________

Logo, verificamos que não há clareza nesse uso da língua.

Noções de leitura

a) Em um texto, o significado de uma parte não é autônomo;


b) O significado global de um texto não é o resultado de mera soma de suas partes, mas de
certa combinação geradora de sentidos;
Em síntese, no texto, o sentido de cada parte é definido pela relação que mantém com as
demais constituintes do todo.

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Podemos dizer que um texto é, pois, um todo organizado de sentido, delimitado e
produzido por um sujeito num dado espaço e tempo. As conclusões que podemos tirar dessa
noção são:

a) uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto; já que o significado das
partes é determinado pelo todo em que estão encaixadas;
b) uma leitura, por um lado, não pode levar em conta o que não está no interior do texto e, de
outro, deve levar em consideração a relação, assinalada, de uma forma ou de outra, por marcas
textuais, que um texto estabelece com outros.

Noção de texto

A concepção de texto aqui adotada é consequência da compreensão de língua como


atividade sócio-interacionista.
Texto é a unidade verbal cujos significados são construídos por meio da interação
entre autortextoleitor tomando por base aspectos sintáticos e semânticos e também
fatores da situação comunicativa.
Essa ideia abriga também a compreensão de texto como uma proposta de sentido que
só se completa com a participação do leitor/ouvinte. Vejamos o exemplo a seguir:

Um amigo meu veio para o Brasil, para aqui abrir um negócio. O país foi descoberto
por Pedro Álvares Cabral. Ele apresenta uma enorme desigualdade social. Também o
Peru apresenta desigualdades geográficas.
(In: PLATÃO e FIORIN, 1996:383)
Estamos diante de um texto? ______________________________________________
_____________________________________________________________________

É importante deixarmos claro que nos comunicamos por meio de textos (gêneros: carta,
telefonema, e-mail, música, ofício, solicitação) e não por meio de frases soltas, como se
verifica no caso acima.
Ao assumir o estudo da linguagem em funcionamento, estar-se obrigado a tomar uma
posição quanto às variedades linguísticas no ensino de língua materna. Isso porque a
democratização (preferimos chamar de expansão) da escola trouxe um outro público à sala de
aula e esse trouxe consigo diferentes formas de usar a língua.

Revisão de elementos da comunicação

 emissor / remetente /locutor – elemento que emite, codifica a mensagem, aquele que
diz algo a alguém;
 receptor / destinatário /interlocutor- recebe, decodifica a mensagem, com quem o
locutor se comunica;
 mensagem (texto)- conteúdo que perpassa entre emissor e receptor;
 código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem. Ex: língua
portuguesa.
 Referente (assunto) – o assunto da mensagem, a situação que envolve o emissor e o
receptor e o contexto lingüístico;
 canal (ou contato)– meio físico pelo qual circula a mensagem e a conexão
psicológica. Ex: TV, rádio, carta, palestra, cordas vocais, etc.
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Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência
sobre a comunicação.

Analisando os elementos da comunicação:

• O locutor (o emissor) é a mãe de Mafalda: aquele que diz algo a alguém.


• O interlocutor (ou receptor): Mafalda , Filipe e Manolito: aquele com quem o locutor
se comunica.
• A mensagem é o texto, (“Do que vocês estão brincando?”): o que foi transmitido entre
os interlocutores.
• O código é a língua portuguesa: a convenção social que permite ao interlocutor
compreender a mensagem.
• O canal (ou contato) é a língua oral (som e ar): o meio físico que conduz a mensagem
ao receptor.
• O referente (ou contexto) é a política (sátira)

Funções da Linguagem

Após revisarmos os elementos da comunicação, fica mais simples compreendermos as


funções da linguagem.
O uso da linguagem não se dá de forma automática. A intenção do locutor molda a
organização da linguagem. Esta desempenha determinada função de acordo com a ênfase que
se queira dar a cada um dos componentes do ato de comunicação. Sendo assim, temos as

FUNÇÕES DA LINGUAGEM:

Função Intrínseca Elemento de Destaque


Emotiva Emissor
Conativa Receptor
Referencial Referente
Metalingüística Código
Fática Canal
Poética Mensagem
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 Função Referencial - Ocorre quando o referente é posto em destaque, ou seja, o
objetivo do locutor é simplesmente o de informar o seu interlocutor. A ênfase é dada ao
conteúdo, às informações veiculadas pela mensagem. Os textos desta linguagem são
dotados de objetividade, uma vez que procuram traduzir ou retratar a realidade, clareza nas
idéias: textos jornalísticos, científicos, textos didáticos, mapas, gráficos, legendas, recursos
representativos.
 Função Conativa (ou Apelativa) - Neste caso, o interlocutor é posto em destaque, ou
seja, a linguagem se organiza no sentido de convencer o interlocutor. Neste tipo de função
é comum o emprego de verbos no imperativo e verbos e pronomes na 2° ou na 3° pessoas,
emprego da ambigüidade: textos de publicidade e propaganda.
 Função Metalinguística - Ocorre quando o código é posto em destaque, ou seja,
usa-se o código lingüístico para transmitir aos receptores reflexões sobre o próprio código
lingüístico. Também ocorre metalinguagem quando o poeta, num texto qualquer, reflete
sobre a criação poética; quando um cineasta cria um filme tematizando o próprio cinema;
quando um programa de televisão enfoca o papel da televisão no grupo social; quando um
desenhista de quadrinhos elabora quadrinhos sobre o próprio meio de comunicação, etc.
Em todas as situações citadas, percebe-se o uso do código: aulas de línguas, gramáticas e o
dicionário.
 Função Emotiva (ou Expressiva) - O locutor é posto em destaque, ou seja, a
mensagem está centrada na expressão dos sentimentos do locutor. É um texto pessoal,
subjetivo. É comum o uso de verbos e pronomes em 1° pessoa e também o uso de pontos
de exclamação e interjeições, expressão de estados de alma do emissor (subjetividade e
pessoalidade): textos líricos, autobiografias, depoimentos, memórias, cartas de amor.
 Função Fática - Ocorre quando o canal é posto em destaque. O interesse do locutor ao
comunicar a mensagem é apenas testar o canal, o que tem o mesmo valor de um aceno com
a mão, com a cabeça ou com os olhos, como: "alô", "pronto", "oi", "tudo bem?" "boa
tarde", "sentem-se", etc.
 Função Poética - Ocorre quando a própria mensagem é posta em destaque, ou seja,
chama-se a atenção para o modo como foi organizada a mensagem. Centralizada na
mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva,
conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações: provérbios e
letras de música, textos escritos em prosa, em slogans, ditos populares. Logo, não se trata
de uma função exclusivamente encontrada em poesias.

Observação: É importante ressaltar que, em um mesmo texto,


podemos encontrar (normalmente, encontramos) mais de uma função
da linguagem. Isso depende da intenção do locutor.

• Intencionalidade Discursiva - São as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na


linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa.

Atividade: analisar os elementos comunicativos dos textos seguintes.

O sujeito está jantando e a comida é tão ruim que ele não aguenta:
─ Por favor, garçom, eu não consigo engolir esta comida. Chama o gerente.
─ Não adianta. Ele também não vai conseguir.
(Ziraldo, Anedotinhas do Bichinho da Maçã. São Paulo: Melhoramentos, 1988. p. 20)

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• RESPONDA:

• 1- Com que finalidade o cliente pede ao garçom que chame o gerente?


• 2- Pela resposta do garçom, como ele deve ter entendido o pedido do cliente?
• 3- Pela resposta do garçom, é possível supor que ele já tivesse uma opinião sobre a
comida? Por quê?
• Essa anedota é um exemplo de como os interlocutores, quando interagem pela
linguagem, têm intenções comunicativas próprias. O cliente, por exemplo, ao dizer
“Chama o gerente”, pretendia reclamar da qualidade da comida. Seu pedido, portanto,
apresentava intencionalidade que não foi captada pelo garçom, o qual supôs que a
intenção do cliente era fazer o gerente comer a comida.
• Nessa incompatibilidade de intenções entre o locutor e o locutário é que está o humor
da piada, finalidade desse tipo de texto.
• Para falar/escrever ou ouvir/ler bem os textos produzidos numa língua, é necessário
não apenas entender o que é dito, mas também perceber a intenção de quem fala,
notando o que está implícito no que é dito ou na situação de comunicação.

ATIVIDADES

1. Imagine a seguinte situação: um casal vai receber convidados para um almoço no


domingo. Por isso compram frutas e preparam alguns doces para a sobremesa. Depois
do almoço, a mulher diz para o marido:
— Valter, tem fruta e sobremesa na geladeira.
• Considerando os interlocutores e a situação em que esse enunciado é produzido,
responda:
A) Qual a verdadeira intenção da mulher ao dizer ao marido esse enunciado?
B) De que outro modo ela poderia fazer o pedido ao marido, tornando explícita sua
intenção?
2. Num ônibus cheio, um homem pisa no pé de uma moça. Compare duas maneiras pelas
quais ela pode se expressar nessa situação:
— O senhor está pisando no meu pé!
— Tire o seu pé de cima do meu!

RESPONDA:
A) Os dois enunciados transmitem um pedido da moça? Justifique sua resposta.
B) Qual dos enunciados você considera mais educado ou menos agressivo? Por quê?

1.2 Linguagem: oral e escrita

Tipos de Linguagem - Quando nos comunicamos com alguém, utilizamos dois tipos de
linguagem: a verbal e a não verbal. Quando há a junção das duas, temos uma linguagem mista
(multimodal).

• Verbal - Ocorre quando nos comunicamos por meio da palavra, ou seja, da linguagem
oral ou escrita. O código utilizado é a palavra e está presente quando falamos com
alguém, quando lemos, quando escrevemos. Forma de comunicação mais presente no

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nosso cotidiano. Com a palavra escrita ou falada, expomos aos outros nossas ideias,
nossos pensamentos, desejos...

• Linguagem não verbal - Não utilizamos a palavra para efetivar a comunicação.


Fazemos uso de outros códigos (o desenho, os gestos, a dança, os sons, a expressão
fisionômica, as cores) para transmitir a mensagem.

A RELAÇÃO ENTRE A ORALIDADE E A ESCRITA

Língua Oral ou Falada

É uma das modalidades de uso da língua, não devendo ser entendida como violação da
escrita, ou como superior a esta por ter surgido primeiro.
Mantém uma profunda vinculação com as situações em que é usada. A comunicação
oral, normalmente, se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é
direto: na maioria dos casos eles estão em presença um do outro.
É mais alusiva, apresenta gêneros textuais menos formais, traços gramaticais
específicos (frases onomatopéicas e exclamativas, formas contraídas e frases cortadas,
comparações e expressões populares), recursos expressivos (acentuação, entonação, pausas),
significados não-verbais (expressão fisionômica, gestos, postura corporal).

Língua Escrita

A modalidade escrita da língua também não deve ser vista como representação gráfica
da fala, ou como superior a esta por ser “correta”.
Contudo, cada modalidade de uso da língua apresenta suas particularidades, embora
não devam ser estudadas de forma oposta.
A elaboração do texto escrito requer uma linguagem mais precisa, uma vez que os
interlocutores não estão face-a-face.
A língua escrita demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas,
descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de
representação de diálogos.
É menos econômica, evidentemente, que nos gêneros de texto mais formais. Logo,
também apresenta traços gramaticais próprios (frases perifrásticas e assertivas, formas e frases
inteiras). Um recurso importante é a pontuação.

1.3 Variedades Linguísticas

É preciso que fique claro que a língua não é uniforme, ou seja, não apresenta uma
única forma (observe-se o padrão e não padrão); não é homogênea, isto é, suas diferentes
formas não se unem integralmente de maneira a deixá-la com aparência de apenas uma. Na
verdade, buscou-se durante muito tempo, e alguns ainda buscam essa homogeneidade, mas
isso é impossível se entendermos que a língua também não é invariável, ou seja, muda,
apresenta diferentes registros de acordo com o tempo, o espaço e o contexto em que se realize
a comunicação.
A língua, na realidade, é formada por diferentes modalidades linguísticas que a tornam
diversificada. Nessas modalidades, devemos atentar para os aspectos verbais e não verbais,

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bem como para os graus de formalismo1 que aqui também só apresentamos três, que são
suficientes para o entendimento dessa dimensão/modalidade da língua.

• Formal: é a linguagem cuidada, na variedade culta e padrão, conforme o estilo escrito.


É o caso da escrita dos bons jornais e revistas, por exemplo, cuidadosamente editada e
elaborada.
• Coloquial: aparece no diálogo entre duas pessoas. Sem planejamento prévio, ocorre
de modo contínuo, caracteriza-se por construções gramaticais soltas, repetições
frequentes, frases bem curtas e conectivos simples, léxico constituído de palavras
usuais.
• Informal: é o caso de correspondência entre membros de uma família ou amigos
íntimos; caracteriza-se pelo uso de formas abreviadas, abreviações padronizadas,
ortografia simplificada, construções simples, sentenças fragmentadas.

Assim, as variedades lingüísticas correspondem às diferentes formas de usar a língua. A


variedade padrão, também chamada de língua padrão ou norma culta, é a variedade de maior
prestígio social por ter sido convencionado socialmente que é a forma da boa fala e da boa
escrita, o modelo de linguagem a ser seguido. Já as variedades não padrão são todas as
demais variedades da língua. Normalmente, essas variedades são desprestigiadas e sofrem
uma série de preconceitos sociais. Aspecto esse que nosso trabalho pretende superar por
compreender a língua como as águas de um rio que estão sempre se renovando2.

A citação da obra de Marcos Bagno, ilustra a situação de preconceito linguístico que


vivenciamos:

"É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala
nordestina é retratada nas novelas de televisão, principalmente da Rede Globo. Todo
personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado
para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador. No
plano lingüístico, atores não-nordestinos expressam-se num arremedo de língua que não é
falada em lugar nenhum no Brasil, muito menos no Nordeste. Costumo dizer que aquela deve
ser a língua do Nordeste de Marte! Mas nós sabemos muito bem que essa atitude representa
uma forma de marginalização e exclusão." (BAGNO, p. 44)

Tipos de variedades linguísticas:

Nesse tópico, apresentamos algumas variedades da língua que podem coincidir em


determinados aspectos, como veremos adiante:

 Variedade histórica (temporal) — a língua muda com o passar do tempo. Pense: você
não utiliza a mesma linguagem que o seu avô utilizava quando ele era jovem, por
exemplo.
 Variedade geográfica (regional ou espacial) — a língua varia de acordo com a região. O
nordestino apresenta, em determinados casos, um vocabulário distinto de um sulista, ainda
que ambos estejam falando Português.

1
Adaptado de Luiz Carlos Travaglia. Gramática e interação. São Paulo: Cortez, 1996, p. 55.
2
Essa metáfora foi utilizada por Marcos Bagno no livro “Preconceito lingüístico: o que é e como se faz”. São
Paulo: Edições Loyola, 1999.
9
 Variedade sócio-cultural — a linguagem varia de acordo com o nível econômico e com
o grau de escolaridade do falante/escritor. Vejamos os usos de Cráudia, chicrete, mio,
mulé...
 Variedade etária — essa variedade coincide com a histórica (temporal). A linguagem de
um jovem tende a ser diferente da utilizada por uma pessoa mais velha.
 Variedade contextual — o contexto envolve todo o entorno em que determinado texto
foi produzido. Para falar com um amigo, não se utiliza a mesma linguagem que usa para
se dirigir ao chefe, por exemplo.

Nessas discussões iniciais, esperamos deixar claro que aqui não cabe a ideia de
erro, quando não se utiliza a norma padrão, mas de adequação ou não à variedade
pedida. Contudo, não se pode perder de vista a certeza de que, aqui, o nosso trabalho vai
privilegiar a norma culta da língua porque essa é a variedade, como já dissemos, de
maior prestígio social, e como tal, a variedade predominante na cultura escrita de nossa
sociedade, particularmente, em documentos oficiais.

2. RECEPÇÃO DE TEXTOS

2.1 Condições de Produção do texto

A linguagem que utilizamos não transmite apenas nossas ideias, mas também um
conjunto de informações sobre nós mesmos. Certas palavras e construções que empregamos
acabam denunciando quem somos socialmente: por exemplo, em que região do país
nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores,
círculo de amizades e hobbies.
O uso da língua também pode informar sobre nossa timidez, nossa capacidade de nos
adaptarmos a situações novas, nossa insegurança etc. Assim, a língua é um poderoso
instrumento de ação social. Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento
com as pessoas e com a sociedade em geral. Nesse processo, é imprescindível observarmos as
condições de produção do texto: o sujeito (escritor/leitor/ouvinte — quem produz? Para
quem? Por quê?), o contexto (imediato/histórico) e o sentido (processado na interação). A
seguir, elencamos algumas dessas condições.

2.2 Estruturação e organização do período e do parágrafo

Frase, parágrafo e texto

Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A frase é uma palavra
ou conjunto de palavras que constitui um enunciado de sentido completo. A frase não vem
necessariamente acompanhada por um sujeito, verbo ou predicado. Por exemplo: «Cuidado!»
é uma frase, pois transmite uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - mas não há
verbo, sujeito ou predicado.

Já a oração é todo enunciado linguístico que tem o nucleo como o verbo,


apresentando, desta maneira e na maioria das vezes, "termos essenciais da oração, sujeito e
10
predicado". Ex.: «O menino sujou seu uniforme.» O que caracteriza a oração é o verbo, não
importando que a oração tenha sentido ou não sem ele.

O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser: Simples: Quando
constituído de uma só oração. Ex.: João ofereceu um livro a Joana. Ou Composto: Quando é
constituído de duas ou mais orações. Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa, pois a
última obviamente não o foi.

Parágrafo

Parágrafo (do grego: paragraphos, "escrever ao lado" ou "escrito ao lado") é uma


unidade auto-suficiente de um discurso, na escrita, que lida com um ponto de vista ou ideia
particular. O início de um parágrafo é indicado iniciando-se numa nova linha.

Um parágrafo consiste tipicamente de uma ideia, pensamento ou ponto principal que o


unifica, acompanhado por detalhes que o complementam. Um parágrafo de não-ficção
costuma se iniciar com algo mais geral e avança rumo aos específicos, de maneira a propor
um argumento ou ponto de vista. Cada parágrafo constrói sobre o que veio antes, e prepara
para o que vem adiante, e pode consistir de uma ou mais orações. Quando o diálogo é citado
em obras de ficção, um novo parágrafo é usado cada vez que há uma mudança da pessoa que
está sendo citada.

Os textos em prosa (narrativos, descritivos ou dissertativos), são formados,


geralmente, por uma ou mais unidades menores chamadas de parágrafo. Indica-se o parágrafo
em um texto, seja ele impresso ou manuscrito, por um pequeno recuo de sua primeira linha
em relação à margem esquerda da folha. Inicia-se com letra maiúscula e com o espaçamento
em branco entre o anterior e o seguinte.

Do ponto de vista linguístico o parágrafo deve conter uma ideia central (chamada de
tópico frasal), as quais se agregam outras, secundárias, ligadas entre si e relacionadas à ideia
central:

=> Vida é dor, e acordo com dor de dentes. O dia é belíssimo, um sol de verão invade o
barraco; quanto a mim, choro de dor.
=> A vida é combate. De nada adianta ficar deitado. Levanto-me e começo a fazer
ginástica. (Moacir Scliar)

A Estrutura do Parágrafo

A estrutura da maioria dos parágrafos (denominado parágrafo-padrão) organiza-se em


três partes: introdução, desenvolvimento e, mais raramente, conclusão. Cabe lembrar que
não há um modo rígido para a construção de um parágrafo. Tudo depende da natureza do
assunto, do tipo de composição e, principalmente, das preferências de quem escreve. Portanto,
o parágrafo na prática não tem regras inflexíveis de aplicação. Mas não há dúvida de que a
maioria é assim estruturado, pois é o método mais adequado para assegurar a unidade e
coerência do parágrafo.

11
a) A Introdução é constituída de um ou dois períodos, quase sempre breves, que
encerram a ideia central ou a ideia-núcleo, definindo o seu objetivo. A essa ideia-núcleo dá-se
o nome de tópico frasal, que pode, não raro, ele mesmo representar sozinho todo o parágrafo.
b) O Desenvolvimento consiste na explanação da ideia-núcleo, ou seja, no
desenvolvimento de ideias secundárias que fundamentam ou no esclarecimento do tópico
frasal.

c) A Conclusão nem sempre está presente no parágrafo, especialmente nos mais


curtos ou naqueles em que a ideia central não apresenta maior complexidade. A conclusão
retoma a ideia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados no
desenvolvimento.
2.3 Discurso, texto e enunciado

Fatores de textualidade - Faz-se necessário, primeiro, saber o que vem a ser textualidade.
Alguns autores entendem a textualidade como o conjunto de características que fazem com
que um texto seja considerado um texto e não, uma sequência de frases. Vejamos o quadro
que segue:

Fatores de textualidade

Formal Coesão
Linguísticos
Semântico Coerência
Intencionalidade
Usuários
Aceitabilidade
Pragmáticos
Situacionalidade
Situação Informatividade
Intertextualidade

1. Coesão - É o processo responsável pela estruturação da sequência (superficial) do


texto. Pode ser realizada através de recursos conectivos (coesão sequencial) ou de
aspectos mais especificamente semânticos (coesão referencial).
A coesão referencial é aquela em que um componente da superfície do texto faz
remissão a outro elemento do universo textual. Pode ser estabelecido por: sinônimos,
hiperônimos, grupos nominais definidos, artigos, pronomes, numerais, advérbios, etc.
Já a coesão sequencial funda-se mais especialmente no estudo dos conectivos. Pode
ser realizada através de: repetição lexical, paralelismos, paráfrases, recorrência de tempo
verbal, encadeamento por justaposição, encadeamentos por conexões.
2. Coerência - Trata-se da continuidade baseada no sentido. A coerência é resultado de uma
série de atos enunciativos (atos de linguagem) que se encadeiam sucessivamente e que
formam um conjunto compreensível como um todo.
3. Intencionalidade - Diz respeito ao empenho do produtor em construir um discurso
coerente, coeso e capaz de satisfazer suas intenções numa determinada situação
comunicativa. Esse critério concerne ao que o produtor do texto pretendia, tinha em mente
quando fez aquilo.

12
4. Aceitabilidade - Já esse fator de textualidade centra-se no receptor do texto, na
expectativa dele em que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto
coerente, coeso, útil e relevante.

5. Situacionalidade - Está relacionada aos elementos responsáveis pela pertinência e


relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre e a adequação do texto em relação à
situação sociocomunicativa. Trata-se da relação entre o evento textual e a situação (social,
cultural, ambiente, etc.).
6. Informatividade - Diz respeito ao grau de expectativa ou falta de expectativa, de
conhecimento ou desconhecimento e mesmo de incerteza do texto oferecido. Um texto é
mais informativo quando recepção, embora mais trabalhosa, resulta mais envolvente.
7. Intertextualidade - Refere-se aos fatores que fazem a utilização de um texto dependente
do conhecimento de outros.

Devemos considerar ainda:

O Contexto - Refere-se ao conjunto de todas as propriedades da situação social que são


importantes para a produção, compreensão ou funcionamento do discurso e de suas estruturas.

A Progressão textual - Concerne aos “procedimentos linguísticos por meio dos quais se
estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos),
diversos tipos de relações semânticas e pragmático-discursivas, à medida que se faz o texto
progredir.”
Essa é uma breve exposição dos fatores de textualidade. Vale salientar,
teórico.
porém, que tais aspectos não são princípios de boa-formação textual. É
importante, muito mais, observá-los como critérios de acesso ao sentido
1. PRODUÇÃO DE TEXTO: AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
do texto. Para uma melhor compreensão faz-se necessário um
aprofundamento

A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que
dela se faça. Os textos oficiais por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com
o máximo de clareza e concisão, requerem o uso do padrão culto da língua. Pode-se concluir,
então, que não existe propriamente um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
padrão culto nos atos e comunicações oficiais.
É a comunicação que se estabelece oficialmente entre EXPEDIDOR e RECEPTOR
que representem, ou pelo menos um deles, algum órgão da Administração Pública.
A Correspondência Oficial obedece a normas regedoras das comunicações escritas,
internas ou externas, das repartições públicas; sua redação é, portanto, padronizada, alterando-
se apenas, naturalmente, o conteúdo específico de cada comunicação.
Em uma frase, pode-se dizer que a redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público
redige atos normativos e comunicações.
Quanto ao seu trânsito a Correspondência Oficial pode ser Interna – a que se estabelece
entre si, diversas autoridades, bem como seus respectivos subordinados no âmbito de
determinado órgão da administração pública, sobre qualquer assunto de serviço - externa, ou
seja, a correspondência que efetua entre a autoridade geral e outra autoridade da
administração local e as demais autoridades, fora do âmbito de sua atuação, bem como a
particular.

13
Dos Princípios Constitucionais - A escrita das comunicações oficiais e atos normativos deve
atender a dois princípios constitucionais aplicáveis às atividades da Administração Pública: a
Impessoalidade e a Publicidade.

Essa Exigência é evidenciada logo nas primeiras páginas do Manual de Redação da


Presidência da República (Brasília: Presidência da República, 2002.p.4), publicação muito
utilizada pelos órgãos do Poder Executivo. Diz o Manual de Redação da Presidência da
República:

A redação oficial deve caracterizar-se pela


impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza,
concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente
esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo
37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional,
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade
princípios fundamentais de toda administração pública, claro
está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
comunicações oficiais.

A publicidade de uma comunicação oficial extrapola a divulgação pura e simples por


qualquer meio. Ao próprio administrador e/ ou ao particular deve ser dado conhecer o
conteúdo do texto, a sua mensagem efetiva. Nisso reside à verdadeira publicidade.
A impessoalidade não consiste em deixar de utilizar a primeira pessoa gramatical.
Há quem considere o uso do plural (como que) de modéstia como indicador de
impessoalidade (Encaminhamos a V.Sa. as informações...). É um expediente equivocado.
Um memorando, ainda que em terceira pessoa, que demonstre impertinência,
arrogância, sarcasmo, é um documento que não possui o atributo da impessoalidade.
A redação oficial deve preocupar-se acima de tudo com a eficácia e a exatidão das
informações.
Podemos definir Redação Oficial como a adequação da linguagem escrita entre
diferentes setores do governo e entre o governo e a sociedade, representada de diversas
formas. Então além da troca da comunicação, a redação oficial apresenta, em diferentes
setores, a organização do órgão.
Os atos normativos devem ser transparentes e permitir uma interpretação única. Assim as
comunicações oficiais são uniformes, pois há sempre um único comunicador – O Serviço
Público – e o receptor das comunicações ou é o próprio Serviço Público ou a sociedade –
representada pelos cidadãos ou instituições.

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Quem comunica Com quem se comunica

Serviço Público

Serviço Público

Comunidade

Quanto aos tipos de documentos existentes eles podem ser, no contexto comercial,
utilizados com o objetivo empresarial e oficial, sendo os seguintes: Ata, Circular, Contrato,
Memorando ou Comunicação Interna – CI, Procuração, Recibo, Texto de Registro, Relatório,
Currículo, Ofício, entre outros.
Mas ao escrever um documento oficial, sempre se estará se reportando a uma
autoridade. E, para tal, é necessário saber usar os pronomes de tratamento adequados. Para
padronizar àquele, a Polícia Militar do Distrito Federal criou um manual de procedimentos a
serem adotados na confecção de documentos oficiais, sendo a portaria.

A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais

Ao redigir atos e comunicações oficiais é necessário obedecer de certa forma aos


mesmos princípios de organização de qualquer outro tipo de texto – para alcançar clareza na
exposição, e assim, comunicação eficaz.

Diz o Manual de Redação da Presidência da República:

“A necessidade de empregar determinado nível de


linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado,
do próprio caráter público desses atos e comunicações; de
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outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como
atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a
conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for
empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os
expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar
com clareza e objetividade.”

A linguagem dos atos e comunicações oficiais, portanto, deve zelar pelo uso do padrão
culto da língua, pelo emprego da simplicidade na estrutura da frase e no vocabulário, pela
objetividade, pela concisão pela clareza, características essenciais a um texto inteligível.

CARACTERÍSTICAS:

IMPESSOALIDADE (OBJETIVIDADE) – decorre da ausência de impressões


individuais de quem comunica; da impessoalidade de quem recebe a comunicação; do caráter
impessoal do próprio assunto tratado.

PADRÃO DE LINGUAGEM/CORREÇÃO - a necessidade de empregar determinado nível


de linguagem formal nos atos e comunicações oficiais decorre, de um lado, do próprio
caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.

FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO - as comunicações oficiais devem ser formais, isto


é, obedecem a certas regras de forma, além das já mencionadas exigências, é imperativa,
ainda, exige certa formalidade de tratamento (uso adequado dos pronomes, polidez, civilidade
no próprio enfoque dado ao assunto, uniformidade das comunicações, clareza datilográfica, o
uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto são
indispensáveis à padronização).

CONCISÃO – é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o
texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras.
Contudo, não se sacrificam as ideias importantes nem se eliminam as considerações
pertinentes, destaca-se o essencial e o necessário.

CLAREZA - deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, portanto, pode-se definir como
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
é algo que se atinja por si só: depende estritamente das demais características da redação
oficial.

PRECISÃO - se, na linguagem literária, há certa liberdade quanto ao uso de sinônimos, isso
não se dá na mesma medida, na redação técnica, onde as palavras têm, geralmente, opções
inconfundíveis e diferenciadoras, com a finalidade de não permitir duplicidade de
interpretação.

Revisão de vícios de linguagem

Correção - Consiste em falar e escrever bem uma língua para usá-la com “asseio gramatical”,
sem os famosos “vícios de linguagem”: barbarismos, solecismos:

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Solecismo – É o erro de sintaxe (que abrange a concordância, a regência, a colocação
e a má estruturação dos termos da oração). Observe-se: Eu lhe abracei (por o), A gente vamos
(por vai), Aluga-se casas (por alugam-se).

Barbarismo – É o erro no emprego de uma palavra, em oposição ao solecismo, que o é


em referência à construção ou combinação de palavra: Inclui o erro de pronúncia (ortoepia) de
ortografia, de flexões, de formação irregular. Veja: gratuíto por gratuito, rúbrica por rubrica,
cidadões por cidadãos.

NORMAS DA CORRESPONDÊNCIA OFICIAL

Formas de Cortesia - São expressões utilizadas para o encerramento de uma correspondência


dirigida a uma autoridade. Sua finalidade é a de saudar o destinatário e marcar o fim do texto.
As formas de cortesia atualmente em vigor foram reguladas

Fecho das Comunicações Oficiais - A Portaria nº 1 do Ministério da Justiça regulou cerca de


quinze padrões diferentes de fechos, em julho de 1937. Mas em março de 1992, com o intuito
de simplificá-los e uniformizá-los, a Instrução Normativa nº 4/92 da Secretaria da
Administração Federal estabeleceu o emprego de somente dois fechos para todas as
modalidades de comunicação oficial. São eles:

Respeitosamente, — Para as altas autoridades, inclusive o Presidente da República.

Atenciosamente, — Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior

Expressões de Tratamento - Pronome ou locução de que se serve uma pessoa para falar ou
escrever a outra.

Vocativo - É a expressão pela qual se chama a atenção da pessoa a quem se escreve ou o


qualificativo que indica a expressão de tratamento a ser empregada no texto do expediente.
Vocativos mais usuais: Para Excelência – Excelentíssimo Senhor (seguido do cargo) / Para
Senhoria – Senhor (seguido do cargo)

Destinatário/ Endereçamento - No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas


às autoridades obedece aos seguintes padrões:

Para as autoridades tratadas por Excelência:

Ex:. A Sua Excelência o Senhor


Professor Epaminondas Silva
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível
Rua ABC, nº 123
70100-000 – São Paulo – SP

Para as demais autoridades e particulares:


Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua Benfica, nº 230
70.123 – Recife - PE
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Identificação do Signatário - Todas as comunicações oficiais, excluídas as assinadas pelo
Presidente da República, devem trazer digitado o nome e o cargo da autoridade que as expede,
logo abaixo do local da sua assinatura. A forma de identificação deve ser a seguinte:

(Espaço para assinatura)


Belo Nascimento
Secretário de Defesa Social

CONSIDERAÇÕES ORTOGRÁFICAS

Datas - As datas devem ser escritas, sem que o algarismo referente ao dia do mês seja
precedido de zero. Ex.: 2 de junho de 2006. / O primeiro dia do mês será indicado pelo
algarismo 1 seguido de símbolo de número ordinal º. / Ex.: 1º de junho de 2006.

Remissão a Texto Legal - Quando for necessária a remissão a texto legal, a primeira
referência deve indicar o número da norma, seguido da data, sem abreviação de mês e ano.
Exemplo: Lei 4.860, de 26 de novembro de 1965. Nas subsequentes indicar apenas o número
e o ano. Exemplo: Lei 4.860, de 1965; ou Lei nº 4.860/65.

Numerais - Os numerais devem ser escritos por extenso quando constituírem uma única
palavra. Exemplo: quinze, trezentos, mil. Quando constituírem mais de uma deverão ser
grafados em algarismo. Exemplo: 142, 25, 56.

OBS.: Os numerais que indicam porcentagem seguem a mesma regra.

Valores Monetários - Os valores monetários devem ser expressos em algarismos, seguidos


da indicação, por extenso, entre parênteses. Exemplo: R$ 1.000,00 (mil reais)

Folhas de Continuação - Em qualquer ato oficial administrativo, as folhas de continuação


deverão conter, no mínimo, as seguintes informações entre parênteses: número respectivo da
folha sequencial, tipo do ato e sua numeração institucional e data. Ex.: (Fls. 2 do Ofício nº
305/ GRH, de 15.06.2008)

O QUE DEVE SER EVITADO NA REDAÇÃO OFICIAL:

 Repetir palavras;
 Usar palavras cognatas (“designação” e “designado”, “compete” e
“competente”);
 Utilizar expressão ou palavra de duplo sentido ou expressões locais ou
regionais;
 Utilizar palavra ou expressão de língua estrangeira, exceto quando
indispensável. Nesse caso, deve ser grafada em itálico ou entre aspas. Ex.: Ad
referendum, ou “ ad referendum”
 Evite-se dividir as palavras. Caso seja inevitável a divisão silábica,
seguir as recomendações de:
1. Nunca dividir grupos vocálicos: ai, ui, ão, etc.;
2. Não deixar letra isolada em uma linha, o que é esteticamente
desastroso e dificulta a legibilidade;
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3. Não deixar sílabas às quais se possa atribuir outro sentido;
4. Nos casos de palavras compostas, não repetir o hífen na linha
seguinte;
5. Evitar a separação de hiatos e nomes próprios;
6. Evitar a separação de palavras de língua estrangeira;
7. Números não devem ser separados;
8. No caso de cifras, pode-se colocar o cifrão numa linha e o
número da cifra em outra.

3.1 O Padrão Ofício

É a modalidade de comunicação oficial comum aos órgãos que compõem a


Administração Federal. Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
do que pela forma: a exposição de motivos, o aviso e o ofício. Para uniformizá-los a Instrução
Normativa nº 4, de 6 de março de 1992, da Secretaria de Administração Federal, adotou uma
diagramação única denominada “padrão ofício”, contendo as seguintes partes:

Tipo e Número do Expediente

O tipo e o número de expediente devem ser seguidos da sigla do órgão que o expede

Exemplo:

EM nº 141/DGP
Aviso nº 106/ SG
Ofício nº 142/MEFP

Local e Data

O local e data em que o expediente foi assinado devem ser grafados por extenso, com
alinhamento à direita do texto.

Vocativo

O vocativo que invoca o destinatário deve ser seguido de vírgula:

Exemplo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,


Senhor Chefe,

Texto - Nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente
deve apresentar em sua estrutura: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

Numeração de Parágrafos - No Texto à exceção do primeiro parágrafo e do fecho, todos os


demais parágrafos devem ser numerados.

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Fecho - O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade de marcar o final do
texto, a de saudar o destinatário. São elas: Respeitosamente ou Atenciosamente, para todas
as modalidades de Comunicação Oficial.

3.2. AVISO / OFÍCIO

A - É um tipo de correspondência cujas características são amplas e variáveis.

É usado na correspondência particular, oficial e empresarial. Quando Oficial sua


principal finalidade é a solicitação de providências ou comunicação de ordens ou decisões e
agradecimentos.

Estrutura:

• Título – (pode ser complementado pela indicação do seu objeto)


• Texto
• Local e data.
• Assinatura (nome e cargo)

O - Correspondência Oficial usada pelas autoridades públicas para tratar de assuntos


de serviço ou de interesse da administração

Estrutura

• OFÍCIO
• Número do expediente e sigla do órgão expedidor
• Local e data
• Assunto
• Destinatário e endereço
• Vocativo
• O texto (Exposição do assunto)
• Fecho.
• Assinatura e identificação do signatário

Importante!

Embora a Instrução Normativa nº 04, de 06/03/92 (Diário Oficial de 09/03/92)


regulamente que o AVISO e o OFICIO são modalidades praticamente idênticas e que a única
diferença entre os dois é ser o aviso expedido exclusivamente por Ministro de Estado,
Secretário/Geral da Presidência da República, Consultor-Geral da República, Chefe do Estado
Maior das Forças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República para
autoridades da mesma hierarquia, e o ofício ser expedido pelas demais autoridades para
órgãos públicos ou particulares; com relação ao primeiro, não é isso que se tem observado na
imprensa diária.

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3.3. MEMORANDO

Correspondência interna utilizada entre unidades administrativas de um mesmo órgão,


que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente, na qual se expõe
qualquer assunto referente à atividade administrativa.

Estrutura

• IDENTIFICAÇAO: (nome do documento, seguido dos números que o


identifica)
• Data
• Destinatário
• Assunto – Resumo do teor da comunicação.
• Texto – Exposição do assunto.
• Fecho – “Atenciosamente” ou “Respeitosamente”.
• Assinatura – Nome e cargo do emitente.

3.4. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

É ato de Correspondência por meio do qual o titular do Ministério ou Secretaria de


Estado ou órgão equivalente dirige-se ao chefe do Executivo propondo a adoção de medida ou
justificando a necessidade de edição de determinado ato normativo.

Estrutura:

• E.M. – nome do ato abreviado


• Número, órgão expedidor e data.
• Texto – Desenvolvimento do assunto tratado.
• Fecho – “Respeitosamente”.
• Assinatura – Nome e cargo do emitente.

3.5. FAX

É um meio, um instrumento de transmissão de mensagens. Seria, assim, mais


adequado considerá-lo uma modalidade de comunicação caracterizada pela agilidade. É
utilizado principalmente para a transmissão e o recebimento de assuntos de urgência.

Estrutura TÍTULO – FAX

• Destinatário e Fax
• Data
• Número de páginas
• Telefone para contato
• Mensagem
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3.6. CORREIO ELETRÔNICO (e-mail)

Um número cada vez maior de instituições públicas e privadas vem utilizando o


correio eletrônico (e-mail) para comunicar-se mais agilmente e sem burocracia. Nessas
instituições, grande parte da Correspondência interna e mesmo algumas das comunicações
externas podem se r substituídas por mensagens enviadas por correio eletrônico.

Estrutura - O modo como um e-mail é estruturado pode melhorar a legibilidade e o impacto


do texto. Utilize linhas em branco entre a saudação, os parágrafos e assinatura. Utilize
também caixa alta e caixa baixa, ou seja, não escreva textos só em maiúsculas. A mensagem
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.

Valor documental - Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
eletrônico tenha valor documental, e, para que possa ser aceita como documento original, é
necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma
estabelecida em lei.

2. PRONOMES DE TRATAMENTO

Breve História dos Pronomes de Tratamento

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua


portuguesa. Após serem incorporados ao português os pronomes latinos “tu” e “vós”, “como
tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar,
como expediente linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tratamento de pessoas de hierarquia superior.
Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria.
Assim, aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa
senhoria; usou-se, também, o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram-se na
hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já estava em voga
também para os ocupantes de certos cargos públicos.
“Vossa mercê” evoluiu para “vosmecê”, e depois para o coloquial “você”. E o pronome
“vós”, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de
pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, militares
e eclesiásticas.

Concordância com os Pronomes de Tratamento

As expressões de tratamento são, teoricamente, da segunda pessoa gramatical – a


pessoa com quem se fala – porém a concordância do verbo será feita na terceira pessoa.
Exemplo: “Vossa Excelência conhece nosso trabalho...”

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Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são
sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa...
Vosso...”).

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir
com o sexo da pessoa a que se refere. Exemplo: “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se
for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”

Nas leis, decretos, resoluções, portarias, a autoridade é indicada na 3ª pessoa.


Exemplo: “O Presidente da República decreta...” e “O Secretário de Defesa Social
resolve...”

Emprego dos Pronomes de Tratamento

As formas de Tratamento mais usuais são:

 Você (v.) – usa-se para pessoas familiares ou com quem se tem


intimidade.
 Senhor (Sr.) – Senhora (Srª ou Sra.) – para pessoas com quem se tem
um certo distanciamento respeitoso.
 Vossa Senhoria (V. S.ª ou V.Sa.) – para pessoas de cerimônia em
correspondências comerciais e oficiais.
 Vossa Excelência (V. Exª ou V.Exa.) – para altas autoridades.
 Vossa Eminência (V. Emª ou V. Ema.) – para cardeais.
 Vossa Alteza (V.A.) –– para príncipes e duques.
 Vossa Santidade (V.S.) – para o Papa.
 Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exª Rver.ma ou V.Exa.Revma.)
para arcebispos e bispos
 Vossa Reverendíssima (V. Rev.ma ou V.Revma) – para monsenhores,
cônegos e superiores religiosos.
 Vossa Reverência (V. Revª ou V. Reva.) para sacerdotes pastores e
religiosos em geral.
 Vossa Paternidde (V.P.) - para superiores de ordem religiosas.
 Vossa Magnificência (V.Mag.ª ou V.Maga.) –– para reitores de
universidades.
 Vossa Majestade (V.M.) – para reis e rainhas.

IMPORTANTE!
Vossa Excelência – Sua Excelência – é a forma de tratamento mais elevada, aplica-se
às altas autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Aos três Chefes dos respectivos Poderes (Presidente da República, Presidente do
Congresso Nacional e Presidente do Supremo Tribunal Federal) não se deve usar as
abreviaturas V.Exa. e S. Exa).

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As expressões de tratamento são, teoricamente, da segunda pessoa gramatical – a
pessoa com quem se fala – porém a Os títulos Dr. (Doutor) e Professor são sempre pessoais e,
por isso, não podem referir-se a um cargo ou a uma função determinados.

Assim, não se pode dizer ou escrever: Dr. Superintendente ou Professor Reitor.

O certo será dizer:

Doutor Fulano, Superintendente da...; Professor Beltrano, Magnífico Reitor da...

A forma de tratamento mais usualmente empregada e mais aconselhável por se adaptar


a todas as autoridades, quando se desconhece a sua posição hierárquica, é “Senhor”.

Exemplo: Senhor Presidente, Senhor Diretor, Senhor Chefe.

Conforme o Manual de Redação da Presidência da República, de 2002 e a Instrução


Normativa nº 4/92 da Secretaria de Administração Federal:

Fica abolido o uso dos tratamentos:

Digníssimo (DD.) e Ilustríssimo (Ilmo.), sendo desnecessária a sua evocação.

“Doutor” não é forma de tratamento e sim título acadêmico, não devendo ser utilizado
indiscriminadamente.

Iniciais maiúsculas ou minúsculas

Algumas gramáticas do português brasileiro sugerem, para pronomes de tratamento


mais usuais — tais como senhor, senhora, doutor, dona, dom, senhorita, professor, você
—, empregar letras minúsculas quando por extenso e inicial maiúscula nas formas
abreviadas.

Existe uma forte tendência na escrita moderna de se adotar minúsculas, em ambas as


situações. Atualmente, embora muitos textos jornalísticos adotem somente as minúsculas, nas
repartições públicas a praxe é o emprego das maiúsculas.

Mas ao escrever um documento oficial, sempre se estará se reportando a uma


autoridade. E, para tal, é necessário saber usar os pronomes de tratamento adequados. Para
padronizar àquele, a Polícia Militar do Distrito Federal criou um manual de procedimentos a
serem adotados na confecção de documentos oficiais, sendo a portaria.
A portaria, por tratar de padronizar os documentos de comunicação da instituição
Polícia Militar do Distrito Federal e este órgão estar estritamente relacionado às áreas
militares e de segurança pública, preocupou-se em abordar de forma detalhada o tratamento
correto dirigido às autoridades de tais áreas.

24
3. BREVE REVISÃO DE QUESTÕES DE GRAMÁTICA

A Reforma Ortográfica

Mudanças no Alfabeto - O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w


e y. Passa a ser A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z

5.1 Ortografia

A palavra ortografia é formada por dois elementos gregos: orthós(correta) + grafia


(escrita). A ortografia tem por função definir normas segundo as quais as palavras devem ser
escritas para que sejam consideradas corretas.

1. Os substantivos abstratos, formados a partir de adjetivos são sempre escritos com a


letra Z. Ex.: Aquele senhor é sensato – aquele senhor tem sensatez.
2. As palavras cuja última sílaba possui ja dão origem a palavras escritas com a letra j:
laranja  laranjeira – laranjinha
3. Todas as formas verbais dos verbos terminados em jar são escritos com a letra j:
ultrajar – ultraje, ultrajemos.
4. Todas as formas verbais dos verbos querer e pôr são escritas com s: querer : quiser,
quiseram, quisessem; pôr: pus, puseram, pusessem.
5. Os adjetivos que indicam origem, procedência são sempre escritos com a letra S: o
feminino de inglês – inglesa.
6. Quando uma palavra possui uma forma para o masculino e outra correspondente para
o feminino, o feminino é sempre escrito com a letra s: esposa do marquês é –
7. Se a palavra primitiva apresentar a letra S no fim do radical então o verbo será escrito
com a letra S. Se a palavra primitiva não apresentar S no final do radical, então o
verbo será escrito com Z: análise – analisar e canal – canalizar.
8. Em geral, depois de ditongo usa-se a letra X. Cuidado, há exceções: a) cai X a, b) frou
___ o/ c) sei__o/ d) rou ___inol.
9. Depois da sílaba inicial en , usa-se a letra X . Cuidado, há exceções: a) enXame b)
enXaqueca c) enXuto d) enXovia e) enXoval

5.2 Mudanças nas Regras de Acentuação Gráfica

 Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas
(palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). Ex.: alcalóide/
alcalóide, alcatéia/ alcateia.
Atenção

Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, oxítonas terminadas em éis, éu,
éus, ói, óis.
Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

 Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem
depois de um ditongo. Ex.: baiúca/ baiuca, bocaiúva/ bocaiuva.

25
Atenção!

Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento
permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

 Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Ex.: Abençôo/
abençoo, crêem (verbo crer)/ creem.
 Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s),
pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Atenção!

Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder


(pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do
indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, MS hoje ele pode.

 Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.


Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
 Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir,
assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
 Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui,(eles)
arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
 Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como
aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos
admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente
do subjuntivo e também do imperativo. Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos: • verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam, enxágue,
enxágues, enxáguem. • verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,
delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as
outras): • verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,
enxaguem. • verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas,
delinquam.

Atenção!

No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

26
3.3 Uso de sinais de pontuação

Aspas - Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença que se acha entre
aspas, coloca-se o competente final de pontuação depois delas, se encerram apenas uma parte
da proposição; quando, porém, as aspas abrangem todo o período, sentença, frase ou
expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino.
“Mas quem as há de segurar? Ninguém.” (Rui Barbosa)

Parênteses – Quando uma pausa coincide com o início da construção parentética, o


respectivo sinal de pontuação deve ficar depois dos parênteses, mas estando a proposição ou a
frase inteira encerrada pelos parênteses, dentro deles se põe a competente notação: “Não,
filhos meus (deixai experimentar, uma vez que seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o
coração não é tão frívolo, tão exterior, tão carnal, quando se cuida.” (Rui Barbosa)

Travessão – Emprega-se o travessão para ligar palavras ou grupo de palavras que formam
uma cadeia na frase:

Ponto Final – Quando o período, oração ou frase termina por abreviatura, não se coloca o
ponto final adiante do ponto abreviativo, pois este, quando coincide com aquele, tem dupla
serventia.

Vírgula - indica uma pausa de curta duração, que não marca o fim do enunciado. Ela é
empregada nos seguintes casos: a) para separar termos da mesma função sintática. Ex.: A sala
era enorme, vazia, escura. b) para isolar o aposto, o vocativo e o adjunto adverbial deslocado
(neste caso a vírgula não é obrigatória, mas aconselhável). Exs.: João, filho de Luís, era
estudioso. Maria, por que não vens? Durante a peça teatral, não se ouviu um ruído. c) para
marcar a supressão do verbo. Ex.: Eu fui de ônibus e ela, de avião. Nós tivemos alegrias; eles,
só tristezas.

Abreviaturas e siglas

Abreviaturas
As abreviaturas são formas reduzidas de apresentação de palavras. Ao contrário
do que muitos pensam, o uso de abreviaturas segue a uma organização que merece ser
observada. Na maior parte das vezes, as abreviaturas são apresentadas com letras maiúsculas,
mas isso não ocorre sempre.

Eis alguns pontos importantes:


As abreviaturas são finalizadas com ponto final:
Exemplo: p. (página)
pp. (páginas)
Exmo. (Excelentíssimo)

No geral, abreviamos as palavras, retirando a sílaba inicial e a primeira letra da


segunda sílaba:
Exemplo: dic. (dicionário)
lit. (Liturgia)
27
Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, escrevem-se as duas.
Exemplos: carr. (carroceria)
Restr. (restrição)

No plural, as letras maiúsculas de pronomes de tratamento se dobram:


Exemplo: VV. SS. (Vossas Senhorias)
SS. MM. (Suas Majestades)

Maiúsculas dobradas indicam também o superlativo dos pronomes de tratamento:


Exemplo: DD (Digníssimo)
MM (Meritíssimo)

Os acentos e hífens são mantidos quando são usadas as sílabas em que estão na
abreviatura:
Exemplo: Clín. (Clínica)
m.-q.-perf.(Mais-que-perfeito)

Símbolos científicos dispensam o ponto final e não admitem s indicativo de plural,


pois não são considerados abreviaturas:
Exemplo: C (Carbono)
h (hora ou horas)

Importante!
Em documentos oficiais, não se abrevia quando se dirige ao Presidente da República.
Os nomes geográficos de estados e países não vêm acompanhados por ponto e trazem todas as
letras maiúsculas.
Os nomes dos meses são abreviados com as três letras iniciais, à exceção de maio que não é
abreviado.
Para saber mais consulte:
Veja em:
http://www.revisoeserevisoes.pro.br/lng/pt/gramatica_abreviaturas.php
Siglas
Sigla é a abreviatura formada de iniciais ou primeiras sílabas de expressões que representam
instituição, órgão, departamento, setor, associações, etc.
Muitas siglas são tão usadas no cotidiano que substituem de fato o próprio nome da
instituição que representam:

Exemplos:
STF (Supremo Tribunal Federal)
OIT (Organização Internacional do Trabalho)
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)

No tocante à incorporação da sigla ao cotidiano comunicativo, é curioso observar que já são


tratadas como palavra capaz de sofrer flexões de número e grau (na linguagem popular), bem
como permite o surgimento de palavras novas, delas derivadas. Veja:

Exemplos:
APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais): APAES (plural)
28
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito): CPIzinha (diminutivo pejorativo)
PT (Partido dos trabalhadores): petista (palavra derivada).

Importante!
Em geral, ao utilizar uma sigla em um texto qualquer, inclusive no gênero epistolar, como a
redação oficial que você estudou aqui, escreve-se inicialmente a expressão por inteiro e, entre
parênteses, apresentamos a sigla. A partir da apresentação desta ao leitor do texto, pode-se
utilizar, neste mesmo texto, apenas a sigla.

Deve-se observar ainda como se grafam as siglas:

Com todas as letras maiúsculas, siglas que têm até quatro letras:
Exemplos:
CES (Conselho Estadual de Saúde)
MJ (Ministério da Justiça)
UCB (Universidade Católica de Brasília)
Com apenas a letra inicial maiúscula, siglas com cinco ou mais letras:
Exemplos: Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
Unicamp (Universidade de Campinas)

Você sabe o que significam as siglas abaixo?

Dirigi-me ao CNPq para declarar meu apoio ao candidato que o Ibope indicou como possível
vencedor na disputa proposta pela Unesco e que definiria o responsável por pesquisas em
educação no Brasil.
Se não souber, não se preocupe! Há inúmeros dicionários disponíveis para pesquisa de Siglas,
tamanha é sua utilidade na comunicação atual.

Eis um exemplo: http://www.siglas.com.br/?t=s&s

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA


O Novo Acordo Ortográfico foi elaborado para uniformizar a grafia das palavras dos
países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial. Ele entrou em vigor em
janeiro de 2016.
Os brasileiros tiveram quatro anos para se adequar às novas regras. Durante esse
tempo, tanto a grafia anterior como a nova foram aceitas oficialmente. A partir de 1º de
janeiro de 2016, a grafia correta da língua portuguesa é a prevista no Novo Acordo.
As mudanças são poucas em relação ao número de palavras que a língua portuguesa
tem, porém são significativas e importantes.
Basicamente o que nos atinge mais fortemente no dia a dia é o uso dos acentos e do hífen.

29
Alfabeto
• Nova Regra: O alfabeto agora é formado por 26 letras
Regra Antiga: O 'k', 'w' e 'y' não eram consideradas letras do nosso alfabeto.

Trema
• Nova Regra: Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes
próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano
Como Será: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência,
eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça.

Acentuação
• Nova Regra: Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas
Como Será: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia,
paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico

Observações:
• nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói,
papéis.
• o acento no ditongo aberto 'eu' continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.
• Nova Regra: O hiato 'oo' não é mais acentuado
Como Será: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo

• Nova Regra: O hiato 'ee' não é mais acentuado


Como Será: creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem

• Nova Regra: Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas


Como Será: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo),
pera (substantivo), polo (substantivo)

Observação:
• o acento diferencial ainda permanece no verbo 'poder' (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do
Indicativo - 'pôde') e no verbo 'pôr' para diferenciar da preposição 'por'

30
• Nova Regra: Não se acentua mais a letra 'u' nas formas verbais rizotônicas, quando
precedido de 'g' ou 'q' e antes de 'e' ou 'i' (gue, que, gui, qui)
Como Será: argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique

• Nova Regra: Não se acentua mais 'i' e 'u' tônicos em paroxítonas quando precedidos de
ditongo
Como Será: baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume

Hífen
• Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos
prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por 'r' ou 's', sendo que essas devem ser
dobradas
Como Será: antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, contrassenha,
ultrassonografia, suprarrenal.
Observação:
• em prefixos terminados por 'r', permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela
mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial,

• Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos
prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal
Como Será: autoafirmação, autoajuda, autoescola, contraindicação, infraestrutura,

Observações:
• esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo,
antiamericano, socioeconômico etc.
• esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por 'h': anti-herói, anti-higiênico

• Nova Regra: Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso
prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.
Como Será: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, micro-ondas,

31
• Nova Regra: Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de
composição
Como Será: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque,
paravento
Observação:
• o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e
constitui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas
que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-
gotas, guarda-chuva, erva-doce.

O uso do hífen permanece


• Em palavras formadas por prefixos 'ex', 'vice', 'soto': ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
• Em palavras formadas por prefixos 'circum' e 'pan' + palavras iniciadas em vogal, M ou N:
pan-americano, circum-navegação
• Em palavras formadas com prefixos 'pré', 'pró' e 'pós' + palavras que tem significado
próprio: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação
• Em palavras formadas pelas palavras 'além', 'aquém', 'recém', 'sem': além-mar, além-
fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto

Não existe mais hífen


• Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite,
• Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-
deus-dará, à queima-roupa.

32
Exemplo de Ofício

33
34
Exemplo de Memorando

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECHARA, E. Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade? 11ª Edição, São Paulo, Editora
Ática, 2005.
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República / Gilmar
Ferreira Mendes e Nestor José Forster Júnior. – 2. ed. rev. e atual. – Brasília : Presidência da
República, 2002.CITELLI, A. Linguagem e Persuasão. 15ª Edição, São Paulo, Editora Ática.
2002
FARACCO & MOURA. Gramática. 18ª Edição, São Paulo, Ed. Ática. 1999.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1997.
GARCEZ, L.H.C. Técnica de redação. São Paulo, Martins Fontes. 2002
GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2002.
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. São Paulo: Scipione, 1998.
KOCH, Ingendore G. Villaça & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo:
Cortez, 1989.
KOCH, Ingendore G. Villaça. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Lingüística de texto. Material elaborado para o I Curso de
Especialização em Leitura, Produção e Avaliação Textual. UFPE, 2005.
PEIXOTO, F, B. Redação na vida profissional. São Paulo, Martins Fontes. 2001.
PLATÃO, Francisco & FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1996.
ROCHA, Lima e Raimundo Barbadinho Neto. Manual de Redação, 5ª ed., FAE, Brasília,
1994.
ZANOTTO, N. Correspondência e redação técnica. Caxias do Sul, EDUCS. 2002

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