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Análise literária
Tendência e recursos literários na obra do autor J. M.
Beraldo
1. INTRODUÇÃO
O cenário literário brasileiro tem passado por mudanças significativas em sua estrutura
e funcionamento, os principais fatores que corroboram para essas mudanças são marcados por
mudanças no quadro político, econômico, social e tecnológico do Brasil. Essas mudanças
levam os autores a produzir literatura que atenda o público ao qual ela se destina e as editoras,
considerando o contexto cultural atual que está sob forte influência das novas tecnologias, dos
novos meios de comunicação e mídias sociais. O mercado nacional é, hoje, sustentado por um
público majoritariamente jovem, surgindo assim novos segmentos dentro da Literatura que
propõe interação com o leitor despertando assim a curiosidade pela obra. Além do mais, no
quadro contemporâneo, a mediação entre livro e leitor é efetuada por todos os artifícios
permitidos pelo casamento entre a mídia e o mercado. Um segmento que vem crescendo é a “
ficção especulativa” ( ficção alternativa) entende-se por esse termo algo que abrange um gênero
de ficção que especula sobre mundos que diferem do mundo real de várias e importantes
maneiras. Neste gênero, são geralmente incluídas a ficção científica, a fantasia e o horror.
Ainda que não reivindique status enquanto gênero, nem particularidades enquanto
movimento, a ficção especulativa tem ganhado cada vez mais adeptos nos últimos anos, a ponto
de alguns estudiosos lhe sugerirem um nome próprio: Fantasismo. Esse estilo, bastante popular
entre os jovens (por jovens, entende-se aqui o público Infanto-juvenil), ainda sofre demérito por
parte da Academia Brasileira de Letras (ABL), que possui ressalvas em reconhecer o estilo
como literatura “de verdade”. Esse receio, entretanto, é justificável pelo histórico literário
brasileiro, bastante influenciado pelas escolas francesas que privilegiam o drama cotidiano.
Apesar das controvérsias quanto à legitimidade do movimento, é visível que seu apelo entre os
mais jovens esteja ganhando cada vez mais espaço, a ponto de que, como citado anteriormente,
o mercado se veja obrigado a readequar-se para atingir seus novos consumidores.
Todas essas mudanças, entretanto, são acompanhadas também pelo surgimento de uma
nova geração de escritores. Estes escritores possuem uma conexão e proximidade com seu
público, muito maior que a geração clássica (Machado de Assis, Clarice Lispector, dentre
outros), e isso se deve a revolução gerada pelo surgimento de novas tecnologias, como as redes
sociais, que permitem que escritores e leitores se comuniquem direta e instantaneamente. Não é
mais necessário escrever cartas e esperar que sejam respondidas, o escritor pode agora se
conectar pelo bate-papo de seu perfil em sua rede social diretamente com seus leitores,
promover encontros e eventos aberto ao público, postar vídeos e se comunicar por canais de
comunicação na internet.. Muitos autores são adeptos a utilização destes recursos, como por
exemplo: Thalita Rebouças, Laurentino Gomes, Bernardo Kucinski, Antônio Torres, Luisa
Geisler, Raphael Montes, Clarice Freire.
Essas novas ferramentas tecnológicas geram também novos hábitos de leitura. Com o
surgimento de ferramentas como o “Kindle” (aparelho que permite carregar os livros
digitalmente em sua memória), tem-se acesso a uma enorme quantidade de títulos, que ocupam
pouquíssimo espaço virtualmente.
É nesse contexto que surgem nomes como João Marcelo Beraldo (J. M. Beraldo). O
autor que, além de escritor, é designer de jogos, ocupa um nicho ainda mais específico, o da alta
fantasia de base não-europeia. Ao buscar inspirações em mitologias pouco exploradas, como a
africana, árabe e asiática, o autor acaba por criar uma assinatura própria, diferente do fantasismo
europeu dominante.
Portanto, o objetivo geral deste artigo é refletir as tendências atuais da literatura Infanto-
juvenil a partir de uma analise da obra “O Império de Diamante” do autor J. M. Beraldo.
Considerando os recursos estruturais, Para tanto, os estudos de Nelly Novaes Coelho, sobre a
estrutura dos contos maravilhosos, serão utilizados como aporte teórico ("Características
estilísticas...", página 122-132 e 138-144. COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil:
história, teoria, análise. 3. ed. São Paulo: Quíron, 1984) . Na composição da matéria narrativa,
entram dez fatores estruturantes:
2. Revisão bibliográfica
1. Mitologia greco-romana
2. Mitologia nórdica
3. Mitologia celta
4. Relatos bíblicos
5. Contato ocidente-oriente
3. Metodologia
Uma vez decidido o método pelo qual a obra em questão será analisada (estudo de
caso), foram estabelecidas quais características receberiam maior atenção. Uma vez que
a análise tem como um de seus autores, a autora Coelho, consideramos que os aspectos
mais imediatamente importantes eram relativos a construção de personagens, e a
formação do ambiente em que a história da obra se desenvolve. Dado o número de
personagens relevantes que o livro em questão possui, foi deliberado também, que os
personagens analisados ficariam restritos a aqueles tidos como principais pelo autor.
Coelho também faz um estudo sobre a composição do mundo na literatura
infantojuvenil, sendo esse um elemento importante na construção de uma história, ficou
evidente de que deveria ser abordado com igual profundidade no texto desse artigo.
Durante o processo de escrita de uma narrativa fictícia, ou seja, a qual não se atribui
historicidade, a construção dos personagens figura como um recurso crítico a transmissão de
conceitos como valores e comportamentos. Essa construção acaba por se valer de certas
maneiras para construir os personagens, a esses maneirismos, dá-se o nome de arquétipos,
que segundo Paiva são:
Paiva diz ainda no parágrafo seguinte, que o que determina a universalização desses
arquétipos, é a sua proximidade com a camada do consciente:
A justificativa do autor, para que não fossem utilizados antigos arquétipos em sua
obra, pode ser subentendida em sua escolha de retratar uma cultura não muito
referenciada.