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Edição electrónica
URL: http://journals.openedition.org/terrabrasilis/3281
ISSN: 2316-7793
Editora:
Laboratório de Geografia Política - Universidade de São Paulo, Rede Brasileira de História da Geografia
e Geografia Histórica
Refêrencia eletrónica
Guilherme Ribeiro, « Alexander von Humboldt no século XXI », Terra Brasilis (Nova Série) [Online],
10 | 2018, posto online no dia 26 dezembro 2018, consultado o 04 janeiro 2019. URL : http://
journals.openedition.org/terrabrasilis/3281
REFERÊNCIA
Wulf, Andrea. A invenção da natureza. A vida e as descobertas de Alexander von Humboldt. São
Paulo: Planeta, 2016 (2015). 587 p. Tradução: Renato Marques. [ISBN 0788542207552].
NOTA DO AUTOR
Trabalho realizado no âmbito do projeto de iniciação científica História da geografia no
Brasil: o papel da tradução na circulação do pensamento geográfico (1939-2017) como
parte das atividades do Laboratório Política, Epistemologia e História da Geografia na
UFRRJ. E-mail: <lapehge@gmail.com>.
Literária (UESB) dois anos antes, trata-se da introdução ao Cosmos. Ao lê-la, percebemos de
imediato sua complexidade e originalidade. Mutatis mutandis, assemelha-se a uma aula
inaugural do Collège de France: como se antecipasse todo um programa de método que
fertilizaria geógrafos dos mais variados matizes, Humboldt aborda tópicos como a
conexão entre os fenômenos reconhecendo parte e todo, particular e geral, diversidade e
unidade, bem como reclama a necessária fruição estético-sensível da natureza, a busca de
leis em oposição ao empirismo e a relação entre pensamento e linguagem. Como se não
bastasse, aponta ainda a disputa entre as nações pelos recursos naturais, pois “deve
ocorrer necessariamente a redução parcial e, finalmente, a aniquilação das riquezas
nacionais” (ibidem: 147-148). Esta observação está diretamente ligada às considerações
assaz interessantes feitas por Andrea Wulf sobre Humboldt como um crítico atroz da
escravidão e da relação predatória operada pelo colonialismo em termos ambientais e
sociais, conforme o capítulo Política e Natureza. Thomas Jefferson e Humboldt (Wulf, 2016:
147-167 [2015]).
13 Em 2010 Floema ainda traduziria dois pequenos textos do prussiano: os prefácios às três
edições de Visões da Natureza, vertidos por Carlos Alberto Gomes dos Santos e Lucia
Ricotta. Esta, por sua vez, também publicara em 2003 o livro Natureza, Ciência e Estética em
Alexander von Humboldt (Ricotta, 2003). Dois anos mais tarde, nova tradução: O Cosmos de
Humboldt. Alexander von Humboldt e a viagem à América Latina que mudou a forma como vemos
o mundo, de Gerard Helferich, por Adalgisa Campos da Silva (Helferich, 2005 [2004]).
14 Enfim, a investigação de Andrea Wulf consegue apresentar o pensamento de Humboldt
em sua totalidade — algo difícil e que artigos curtos e lidos apressadamente são incapazes
de realizar. Ao grifar sua sensibilidade estética e textual, Wulf mostrou o quanto jovens
investigadores precisam estar atentos para a questão da linguagem lato sensu tal como
Humboldt o fizera. Ao sublinhar sua invenção da natureza, ela transportou o legado de
Alexander von Humboldt para os dilemas ambientais (que são, inútil esclarecer, sociais)
do século XXI.
BIBLIOGRAFIA
Brotton, Jerry (2014 [2012]). Uma história do mundo em doze mapas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Darby, Henry C. (1962). “The problem of geographical description”. Transactions and papers
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Ferretti, Federico (2013 [2012]). “‘Eles têm o direito de expulsar-nos’: a Nova Geografia Universal de
Élisée Reclus”. Espaço e Economia. Revista Brasileira de Geografia Econômica, ano II, n. 3.
Humboldt, Alexander von (1965 [1808]) Quadros da Natureza. Vol. 1. São Paulo: Jackson.
Latour, Bruno (2000 [1998]). Ciência em ação. Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São
Paulo: Unesp.
Morin, Edgar (1996 [1990]). Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Ricotta, Lúcia (2003). Natureza, Ciência e Estética em Alexander von Humboldt. Rio de Janeiro: Mauad.
Rucinque, Héctor; Jiménez, Wellington (2002). “El papel de Humboldt en el origen y desarrollo de
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Vidal De La Blache, Paul (1896). “Le principe de la géographie générale”. Annales de Géographie,
ano Vultos, n. 20, pp. 129-142.
Wulf, Andrea (2016 [2015]). A invenção da natureza. A vida e as descobertas de Alexander von Humboldt.
São Paulo: Planeta.
AUTORES
GUILHERME RIBEIRO
Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense, com estágio doutoral pela
Universidade de Paris-Sorbonne (Paris IV). Pós-Doutor em Geografia pela Universidade Federal
de Minas Gerais. Professor Associado I do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.