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ASSUNTO DE HISTOLOGIA
MAMA
A divisão da glândula mamária em duas grandes porções (ductos maiores e UTDL) tem grande
importância em Patologia, porque algumas lesões afetam predominante ou exclusivamente
certas regiões (Quadro 20.1). Papiloma, ectasia ductal e abscesso subareolar são exemplos de
lesões próprias dos grandes ductos, enquanto doença cística, hiperplasias epiteliais e a maioria
dos carcinomas originam-se na UTDL.
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Ectasia ductal
progressiva. Com a evolução, a fibrose pode causar retração do mamilo e da pele. Reação
granulomatosa pode formar-se em torno de cristais de colesterol. A ectasia ductal pode ser
diferenciada de alterações fibrocísticas por afetar ductos subareolares da região central,
enquanto os cistos surgem nos lóbulos, a partir da dilatação dos ácinos e sem componente
inflamatório ou acúmulo de secreção. Microcalcificações tubulares ou anulares em ductos
dilatados podem produzir um aspecto característico à mamografia.
Lobulite linfocítica
O gel de silicone pode ser transportado pelos vasos linfáticos para os linfonodos axilares. Mais
tarde, pode haver calcificação em torno das áreas de fibrose e inflamação, dificultando o
exame mamográfico e impedindo a visualização de tumores malignos pequenos. No entanto,
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Galactocele caracteriza-se por cisto único contendo secreção espessa e pastosa na região
central. O cisto tem parede fibrosa revestida por epitélio achatado, sendo preenchido por
secreção amorfa rica em macrófagos espumosos e cristais de colesterol.
Toda alteração mamária que ocorre na lactação deve ser investigada, porque nesse período
podem surgir carcinomas.
estimulação hormonal cíclica e involução senil. A divisão entre alteração fisiológica e doença
clínica depende da intensidade e da persistência das alterações. Lesões de natureza
proliferativa não são incluídas na designação de alterações fibrocísticas e serão discutidas em
separado, por estarem relacionadas com aumento do risco de evoluir para carcinoma invasor.
As alterações histológicas não proliferativas mais comuns são cistos, metaplasia apócrina e
alterações estromais, como fibrose e elastose. Os cistos formam-se nas unidades lobulares por
dilatação dos ácinos. A maioria dos cistos é pequena, microscópica, mas a lesão pode coalescer
e formar macrocistos visíveis aos exames de imagem e macroscópico. Os cistos são revestidos
por epitélio atrófico, plano, ou por células de metaplasia apócrina, e contêm secreção fluida
azulada ou translúcida. Microcalcificações associadas a cistos são comuns e podem ser vistas à
mamografia; quando presentes no interior de cistos maiores, formam imagem semilunar
revestindo a base do cisto, que recebe a denominação radiológica de leite de cálcio.
Adenose
A adenose tem importância clínica considerável, pois pode estar associada a microcalcificações
e ser detectada à mamografia.
Adenose apócrina é uma forma de adenose cujas células sofrem metaplasia apócrina do
epitélio ductular. Quando atipias evidentes estão associadas, o diagnóstico diferencial com
carcinoma ductal in situ do tipo apócrino é difícil.
Adenose microglandular, uma forma especial e rara de adenose, é formada por dúctulos
pequenos e redondos, revestidos por células com citoplasma vacuolado e claro, com
frequência sem células mioepiteliais; os ductos dispõem-se de forma desordenada, difusa,
infiltrando-se no estroma e no tecido adiposo, padrão que simula carcinoma tubular invasor.
No carcinoma tubular, no entanto, as estruturas tubulares são mais irregulares e anguladas, e
com frequência há associação com um componente de carcinoma ductal in situ. O estroma dos
carcinomas tubulares em geral é mais denso e desmoplásico.
As adenoses simples, apócrina e de ductos rombos não estão associadas a risco aumentado de
evoluir para carcinoma. A adenose esclerosante implica risco relativo discretamente
aumentado.
Hiperplasias epiteliais
as hiperplasias epiteliais são divididas em ductais ou lobulares, sem que isso signifique que
tenham origem ou localização em ductos ou lóbulos.
Hiperplasia ductal consiste em proliferação de células epiteliais (três ou mais camadas) acima
da membrana basal dos ductos. A lesão não engloba, portanto, aumento do número de
unidades ductulolobulares terminais ou ácinos, que é definido como adenose. As hiperplasias
ductais são divididas em dois grupos: sem atipias (ou usuais) e atípicas. Admite-se que as
hiperplasias evoluam como um espectro de lesões que vão desde um padrão proliferativo e
arquitetural mais simples até lesões mais complexas com atipias, podendo, não
obrigatoriamente, evoluir para carcinoma ductal in situ e invasor.
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Hiperplasia ductal discreta (Figura 20.14) é a forma mais branda de hiperplasia, sendo
caracterizada pela presença de três ou quatro camadas de células acima da membrana basal.
Trata-se de lesão muito frequente, mas que não tem risco aumentado de desenvolver câncer
da mama, não tendo, por isso, significado clínico, podendo ser omitida nos laudos
anatomopatológicos.
As hiperplasias usuais, portanto, são marcadores de risco, mas não precursores diretos do
câncer da mama.
Hiperplasia ductal com atipias (HDA). Sua definição é feita em comparação com o carcinoma
ductal in situ de baixo grau. A lesão é caracterizada pela proliferação de células monomórficas
e com distribuição regular que formam luzes secundárias regulares, arredondadas e uniformes.
As lesões são pequenas, medem menos de 2 mm, e as células envolvem parcialmente dois
ductos. Trata-se de diagnóstico de exclusão que deve ser feito quando elementos que definem
cito e histologicamente carcinoma ductal in situ (CDIS) de baixo grau estão presentes, mas
incompletamente.
Para o diagnóstico de HDA, as lesões devem conter um dos dois primeiros critérios, ou ter
ambos, porém sem envolver completamente dois ductos e medir menos de 2 mm. O terceiro
critério (hipercromasia) contribui para o diagnóstico, mas não é específico e nem suficiente.
Os padrões arquiteturais da HDA são semelhantes aos do CDIS de baixo grau: cribriforme,
micropapilar, sólido e misto . As células monomórficas da HDA são negativas para ceratinas de
alto peso molecular (como a CK 5/6) e são difusamente positivas para receptores de
estrógeno, diferentemente do padrão em mosaico observado nas hiperplasias ductais usuais.
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Hiperplasia lobular atípica (HLA). A HLA caracteriza-se pela proliferação de células pequenas,
sem coesão, arrendondadas ou cuboides, com citoplasma claro, que preenchem e expandem
menos de 50% das unidades lobulares, mas mantêm a arquitetura lobular (Figura 20.17).
Diferentemente da hiperplasia ductal atípica, que é segmentar, a HLA e o CLIS tendem a ser
multicêntricos (em até 85% dos casos) e bilaterais (30 a 67% das pacientes). As células da HLA
podem se estender pelos ductos (crescimento pagetoide), proliferando abaixo da camada
epitelial (envolvimento ductal por células da HLA). O diagnóstico diferencial de HLA deve ser
feito com carcinoma lobular in situ (CLIS), que tem o mesmo padrão citológico, porém exibe
maior proliferação celular, além de preencher e distender mais de 50% das unidades lobulares.
Devido à dificuldade no diagnóstico diferencial entre HLA e carcinoma lobular in situ (CLIS) e à
evolução lenta (e não obrigatória para carcinoma invasor) do CLIS, a Organização Mundial da
Saúde adotou em 2012 a expressão neoplasia lobular (Figura 20.18) para englobar as duas
lesões lobulares (HLA e CLIS), evitando-se o termo carcinoma.
HLA e CLIS apresentam perfil molecular e alterações genômicas semelhantes, variando apenas
quanto à frequência. As hiperplasias/neoplasias lobulares são, em geral, positivas para
receptores de estrógeno e de progesterona e negativas para Ecaderina, CK5/6, p53 e
HER2/neu. Análises moleculares mostram que as neoplasias lobulares são proliferações
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Trata-se de lesões de tamanho variado constituídas por centro fibroelastótico circundado por
estruturas epiteliais (dúctulos ou túbulos), com aspecto estrelado ou irradiado. Cicatriz radial
aplica-se às lesões que medem 1 a 9 mm, enquanto lesão esclerosante complexa refere-se às
maiores que 10 mm. Ambas as lesões são assintomáticas. Aspectos morfológicos